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AULA DE

DIREITO CONSTITUCIONAL I

Profª Lúcia Luz Meyer

atualizado em 03.2010

PONTO 06 –

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Roteiro de Aula (13 fls)

SUMÁRIO:

6.1. Conceito e conteúdo. 6.2. Princípios constitucionais no Estado brasileiro.

6.3. Princípios fundamentais e princípios gerais. 6.4. Preâmbulo da Constituição.

6.5. Formas de Governo. 6.5.1. Monarquia. 6.5.2. República.

6.6. Formas de Estado. 6.6.1. Simples ou Unitários. 6.6.2. Composto ou Complexo.

6.7. Sistema de Governo. 6.7.1. Presidencialismo. 6.7.2. Parlamentarismo. 6.7.3. Diretorialismo.

6.8. Regimes Políticos. 6.8.1. Democráticos. 6.8.2. Não Democráticos.

6.1. CONCEITO E CONTEÚDO:

De início vale esclarecer que princípios constitucionais é o gênero do qual os princípios

fundamentais são uma espécie.

O Título I da CF/88 é dedicado aos “Princípios Fundamentais”. A tendência de valorizar

esses princípios tem sido uma regra nas constituições modernas:

TÍTULO I

Dos Princípios Fundamentais Art. 1° - (…).

De fato, os quatro primeiros artigos da Constituição de 1988 tratam dos “princípios

fundamentais” e, ao lado do preâmbulo, constituem o embasamento de toda a ordem jurídica

brasileira, conforme veremos adiante.

6.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO ESTADO BRASILEIRO:

De acordo com

CELSO RIBEIRO BASTOS

(Curso de Direito Constitucional, São Paulo:

Celso Bastos Editora, 2002, p. 241):

(2)

A nova Constituição traz, em seu primeiro Título, os Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil. (...)

Os princípios constitucionais são aqueles que guardam valores fundamentais da ordem jurídica. Isto só é possível na medida em que estes não objetivam regular situações específicas, mas sim desejam lançar a sua força sobre todo o mundo jurídico. Alcançam os princípios esta meta à proporção que perdem o seu caráter de precisão de conteúdo, isto é, conforme vão perdendo densidade semântica, eles ascendem a uma posição que lhes permite sobressair, pairando sobre uma área muito mais ampla do que uma norma estabelecedora de preceitos. Portanto, o que o princípio perde em carga normativa ganha em força valorativa a espraiar-se por cima de um sem-número de outras normas. O reflexo mais imediato disto é o caráter de sistemas que os princípios impõem à Constituição. Sem eles a Constituição se pareceria mais com um aglomerado de normas que só teriam em comum o fato de estarem juntas no mesmo diploma jurídico, do que com um todo sistemático e congruente. Desta forma, por mais que certas normas demonstrem estar em contradição, esta aparente contradição deve ser minimizada pela força catalisadora dos princípios.

Os princípios constitucionais servem como critério de interpretação das normas

constitucionais. Como princípios constitucionais temos, conforme anteriormente mencionado, os

princípios fundamentais e os princípios gerais.

Ou seja, os princípios constitucionais se encontram hierarquizadas dentro da Constituição. Ao

lado dos princípios fundamentais, temos, por exemplo, os princípios gerais, hierarquicamente

inferiores àqueles e voltados para determinado subsistema ou subsetor do ordenamento constitucional.

São princípios fundamentais do Estado brasileiro (hierarquicamente superiores a todas as

normas constitucionais e infraconstitucionais):

Art. 1º (que fixa os fundamentos primeiros do ordenamento jurídico constitucional

brasileiro):

Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania; II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e a livre iniciativa; V – o pluralismo político.

Parágrafo Único – Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Nos artigos seguintes do Título I da CF/88 temos outros princípios fundamentais:

Art. 2º – fixa a separação de poderes:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

(3)

Art. 3º

-

fixa as diretrizes fundamentais da República brasileira: liberdade, justiça social e

solidariedade, desenvolvimento nacional, erradicação da pobreza e da marginalização e

redução das desigualdades sociais e regionais, promover o bem de todos (igualdade):

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4º – dispõe sobre a independência nacional, prevalência dos direitos humanos,

autodeterminação dos povos, não-intervenção, igualdade entre os Estados, defesa da paz,

solução pacífica dos conflitos, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade,

concessão de asilo político’, etc:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Art. 60, § 4º - princípios que estão protegidos e afastados do Poder de Reforma (são as

chamadas cláusulas pétreas):

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: […].

(4)

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

[…].

Nas palavras de

VLADIMIR DA ROCHA FRANÇA

, em artigo intitulado “Questões sobre a

hierarquia entre as normas constitucionais na CF/88”, pp. 3-4 (disponível em: <

http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=135

> TEXTO Nº 0019),

Temos então como princípios fundamentais do nosso ordenamento jurídico o princípio federativo (art. 1º, caput, da Constituição) e os princípios elencados entre os ‘direitos e garantias fundamentais’ (Título II da Constituição). O caráter de princípio fundamental não se restringe, todavia, aos direitos individuais de cunho liberal, mas também aos dispositivos que estabelecem direitos e garantias sociais, políticas e econômicas do indivíduo.

Alguns consideram que a República Federativa do Brasil adota, como Estado Democrático de

Direito, oito princípios fundamentais:

a) princípio da constitucionalidade - o Estado se funda numa constituição emanada do

povo;

b) princípio democrático – democracia representativa e participativa;

c) sistemas de direitos fundamentais;

d) princípio da justiça social;

e) princípio da igualdade;

f) princípio da divisão de poderes;

g) princípio da legalidade;

h) princípio da segurança pública.

(5)

São Paulo: Malheiros, 9.2002, p. 19):

O Título I da Constituição contém os princípios fundamentais do sistema constitucional brasileiro: os princípios federalista, republicano, democrático, da divisão de poderes, da organização da sociedade e orientadores das relações internacionais (independência, autodeterminação dos povos, igualdade entre os Estados, etc.). Princípios fundamentais são regras básicas do ordenamento constitucional. Constituem a síntese de todas as demais normas da Constituição. Aqueles são matrizes destas, e estas revelam-se como desdobramento daqueles. Os princípios fundamentais se irradiam e imantam o sistema de normas da Constituição, núcleos que condensam os valores constitucionais.

Nas palavras de

RODRIGO CÉSAR REBELLO PINHO

(Teoria Geral da Constituição e

Direitos Fundamentais – Sinopses Jurídicas, 17, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 56):

Princípios fundamentais são as regras informadoras de todo um sistema de normas, as diretrizes básicas

do ordenamento constitucional brasileiro. Sobre essas proposições foi elaborada a Constituição brasileira. São regras que contêm os mais importantes valores que informam a elaboração da Constituição da República Federativa do Brasil. Os princípios são dotados de normatividade, ou seja, possuem efeito vinculante e constituem regras jurídicas efetivas. Existe uma tendência moderna no direito constitucional denominada pós-positivismo, adotada por Paulo Bonavides e Ruy Spíndola, em que há valorização jurídica e política dos princípios enunciados nos textos legais.

VLADIMIR DA ROCHA FRANCA

no citado artigo“Questões sobre a hierarquia entre as

normas constitucionais na CF/88”, pp. 3-4) leciona ainda que:

Identificamos uma distinção entre fundamentos e diretrizes constitucionais. Constitui fundamento

constitucional todo aquele valor social considerado imprescindível para a sociedade num dado momento

histórico, cuja complexidade demanda um tratamento jurídico diferenciado. As diretrizes

constitucionais fixam metas para o Estado e para a sociedade, que deverão ser alcançadas por

instrumentos jurídicos. Sua concretização depende da adequação entre a realidade social e o fim preestabelecido na Constituição. Tanto os fundamentos como as diretrizes constitucionais constituem opções político-ideológicas que prevalecem no Poder Constituinte e que reclamam uma sistematização e instrumentalização jurídicas, devido a importância assumida por aqueles na preservação da ordem social. A Constituição de 1988 estabelece uma hierarquia entre os fundamentos e diretrizes constitucionais, ao nosso ver intitulando-os como ‘princípios fundamentais’. Houve a intenção do constituinte em destacar esses fundamentos e diretrizes constitucionais, possuindo formalmente um caráter vinculativo maior e mais poderoso quando comparado aos demais. (…). Cabe à norma constitucional viabilizar a concreção jurídica dos fundamentos e diretrizes constitucionais, fazendo-a sob a forma de princípios e regras

constitucionais. Tanto um como o outro podem contar fundamentos e/ou diretrizes constitucionais. É

através da norma constitucional que o fundamento e/o diretriz constitucionais ganham a imperatividade que somente a norma jurídica pode lhes conceder.Os princípios constitucionais são expressões normativas consolidadas a partir dos valores (fundamentos) ou fins (diretrizes) predeterminados constitucionalmente, que se destinam a dar o máximo de coerência, univocidade e concreção ao ordenamento jurídico fundado numa dada Constituição. São eles que delimitam a margem de interpretação e apreciação do texto constitucional pelo operador jurídico.

6.2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E PRINCÍPIOS GERAIS:

JOSÉ AFONSO DA SILVA

(Curso de Direito Constitucional Positivo, 23ª ed. São Paulo:

Malheiros, 01.2004, p. 87) observa com habitual precisão que:

(6)

Temos que distinguir entre princípios constitucionais fundamentais e princípios gerais do Direito Constitucional. Vimos já que os primeiros integram o Direito Constitucional positivo, traduzindo-se em normas fundamentais, normas-síntese ou normas-matriz, ‘que explicitam as valorações políticas fundamentais do legislador constituinte’, normas que contêm as decisões políticas fundamentais que o constituinte acolheu no documento constitucional. Os princípios gerais formam temas de uma teoria geral do Direito Constitucional, por envolver conceitos gerais, relações, objetos, que podem ter seu estudo destacado da dogmática jurídico-constitucional.

VLADIMIR DA ROCHA FRANÇA

no citado artigo “Questões sobre a hierarquia entre as

normas constitucionais na CF/88”, p. 6 (TEXTO Nº 0019) assinala ainda que:

Os princípios constitucionais, tal como as demais normas constitucionais, encontram-se hierarquizados dentro da própria Constituição. Pois ‘seria incompreensível, em primeiro lugar, uma Constituição como um simples conglomerado desconexo de normas, às quais arbitrariamente se atribuiu o caráter de lei por excelência ‘(Reale, 1993: p.11). (...) Do mesmo modo, Luís Roberto Barroso: ‘(... os princípios

constitucionais são, precisamente, a síntese dos valores principais da ordem jurídica. A Constituição, (...)

é um sistema de normas jurídicas. Ela não é um simples agrupamento de regras que se justapõem. A idéia de sistema funda-se na harmonia, de parte que convivem sem atritos. Em toda ordem jurídica existem valores superiores e diretrizes fundamentais que ‘costuram’ suas diferentes partes. Os princípios constitucionais consubstanciam as premissas básicas de uma dada norma jurídica, irradiando-se por todo o sistema. Eles indicam o ponto de partida e os caminhos a serem percorridos’.

LUÍS ROBERTO BARROSO

identifica três espécies hierarquizadas de princípios

constitucionais:

a) princípios fundamentais – que contêm as decisões políticas estruturais do Estado;

b) princípios constitucionais gerais – constituindo especificações dos anteriores (os

fundamentais);

c) princípios setoriais ou especiais – destinados a presidir um conjunto específico de

normas constitucionais, representando, por sua vez, uma especificação dos princípios

constitucionais gerais.

Diz o retro-citado autor no artigo “O começo da história. A nova interpretação constitucional

e o papel dos princípios no Direito Brasileiro”, p. 16 (disponível em:

http://www.buscalegis.ufsc.br/

revistas/files/journals/2/articles/31274/submission/review/31274-34847-1-RV.pdf

- TEXTO 0152):

II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS MATERIAIS: UMA CLASSIFICAÇÃO

Uma classificação que tem se mostrado útil e parece ter resistido ao teste do tempo é a que procura singularizar os princípios – princípios materiais, note-se, e não mais instrumentais – de acordo com o seu destaque no âmbito do sistema e a sua abrangência[69]. Os princípios, ao expressar valores ou indicar fins a serem alcançados pelo Estado e pela sociedade, irradiam-se pelo sistema, interagem entre si e pautam a atuação dos órgãos de poder, inclusive a do Judiciário na determinação do sentido das normas. Nem todos os princípios, todavia, possuem o mesmo raio de ação. Eles variam na amplitude de seus efeitos e mesmo no seu grau de influência. Por essa razão, podem ser agrupados em três categorias diversas, que identificam os princípios como fundamentais, gerais e setoriais.

II.1. Princípios fundamentais

Os princípios fundamentais expressam as principais decisões políticas no âmbito do Estado, aquelas que vão determinar sua estrutura essencial. Veiculam, assim, a forma, o regime e o sistema de governo, bem como a forma de Estado. De tais opções resultará a configuração básica da organização do poder

(7)

político[70]. Também se incluem nessa categoria os objetivos indicados pela Constituição como fundamentais à República[71]e os princípios que a regem em suas relações internacionais[72]. Por fim, merece destaque em todas as relações públicas e privadas o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1°, III), que se tornou o centro axiológico da concepção de Estado democrático de direito e de uma ordem mundial idealmente pautada pelos direitos fundamentais.

II.2. Princípios gerais

Os princípios constitucionais gerais, embora não integrem o núcleo das decisões políticas que conformam o Estado, são importantes especificações dos princípios fundamentais. Têm eles menor grau de abstração, sendo mais facilmente determinável o núcleo em que operam como regras. Por tal razão, prestam-se de modo corrente à tutela direta e imediata das situações jurídicas que contemplam. Por serem desdobramentos dos princípios fundamentais, irradiam-se eles por toda a ordem jurídica[73]. A maior parte dos princípios gerais concentra-se no art. 5° da Constituição, dedicado aos direitos e deveres individuais e coletivos, o que apenas ratifica a equiparação doutrinária que se costuma fazer entre direitos fundamentais e princípios[74].

II.3. Princípios setoriais

Princípios setoriais ou especiais são aqueles que presidem um específico conjunto de normas afetas a determinado tema, capítulo ou título da Constituição. Eles se irradiam limitadamente, mas no seu âmbito de atuação são supremos. Por vezes, são mero detalhamento dos princípios gerais, como os princípios da legalidade tributária ou da reserva legal em matéria penal. Outras vezes são autônomos, como o princípio da anterioridade em matéria tributária ou o do concurso público para provimento de cargos na administração pública. Há princípios especiais em domínios diversos, como os da Administração Pública[75], organização dos Poderes[76], tributação e orçamento[77], ordem econômica[78] e ordem social[79].

Ainda, segundo

VLADIMIR DA ROCHA FRANÇA

(vide TEXTO Nº 0019, p. 6 –

grifamos) os

… princípios fundamentais são aqueles protegidos e afastados do Poder de Reforma constitucional. A Constituição vigente, em seu artigo 60, § 4º, estabelece que a forma federativa de Estado, o voto

direto, secreto, universal e periódico, a separação dos Poderes e os direitos e garantias individuais

não podem ser objeto de emenda à constituição tendente a aboli-los, que são usualmente denominados de

cláusulas pétreas.

De acordo com

PAULO BONAVIDES,

os princípios têm três funções de extrema relevância:

a) função fundamentadora – estabelecendo as regras básicas, as diretrizes do sistema

de normas constitucionais; eles possuem eficácia derrogatória e diretiva;

b) função interpretativa – permitem o alcance da verdadeira finalidade da lei no

momento de sua aplicação;

c) função supletiva – realizam a tarefa de integração do ordenamento jurídico (art.

4º/CC).

6.3. PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO:

ALEXANDRE DE MORAES

(Constituição do Brasil Interpretada – e legislação

constitucional, São Paulo: Atlas, 2002, p. 119) falando sobre o preâmbulo de uma Constituição, diz

que o mesmo

(8)

... pode ser definido como documento de intenções do diploma, e consiste em uma certidão de origem e legitimidade do novo texto e uma proclamação de princípios que demonstra a ruptura com o ordenamento constitucional anterior e o surgimento jurídico de um novo Estado. É de tradição em nosso Direito Constitucional e nele devem constar os antecedentes e enquadramento histórico da Constituição, bem como suas justificativas e seus grandes objetivos e finalidades. Embora não faça parte do texto constitucional propriamente dito e, conseqüentemente, não contenha normas constitucionais de valor jurídico autônomo, o preâmbulo não é juridicamente irrelevante, uma vez que deve ser observado como elemento de interpretação e integração dos diversos artigos que lhe seguem. (...) O preâmbulo constitui, portanto, um breve prólogo da Constituição e apresenta dois objetivos básicos: explicitar o fundamento da legitimidade da nova ordem constitucional e explicitar as grandes finalidades da nova Constituição.

De fato, o preâmbulo - ou parte introdutória - é o texto que, emanado do Poder Constituinte

originário, precede aos dispositivos constitucionais. Ele faz parte da Constituição, dispondo sobre:

a) quem fez a Constituição;

b) com qual autoridade;

c) quais princípios fundamentais que influenciaram sua elaboração.

Alguns entendem que o preâmbulo tem força vinculante, normativa (como Pinto Ferreira),

outros entendem que ele é apenas elemento de interpretação do texto constitucional (tais como José

Celso de Melo Filho) e, finalmente, outros consideram que, apesar de fazer parte da constituição, seu

conteúdo não tem força de norma constitucional (nesta linha cita-se Jorge Miranda).

Mister registrar que todas as Constituições brasileiras tiveram um ‘preâmbulo’, sendo que só as

de 1891 e de 1937 não invocaram o nome e a proteção de Deus e só a atual expressamente prevê a

nomenclatura PREÂMBULO.

6.5. FORMAS DE GOVERNO:

De acordo com a organização política, consideram-se as seguintes formas de governo:

a) Monarquia;

b) República:

6.5.1. Monarquia:

A monarquia é o governo de um só, caracteriza-se pela vitaliciedade, hereditariedade e

irresponsabilidade do Chefe de Estado. Ela pode ser:

(9)

forma ilimitada;

b) limitada

ou

constitucional

– o poder é exercido por uma só pessoa, mas esta o

exerce limitado por uma Constituição. Ex. Brasil-Império, Reino Unido da

Grã-Bretanha, Espanha e Japão.

6.5.2. República

:

Na República ‘o povo governa para o povo’. Ela se caracteriza pela eletividade das

autoridades governamentais, pela temporariedade da investidura e pela responsabilidade do Chefe

de Estado (o Chefe de Estado presta contas a quem o elegeu).

No Brasil, o sistema republicano prevalece desde a Constituição de 1889, prevendo-se eleições

periódicas pela vontade popular de cargos nos Poderes Executivo e Legislativo.

6.6. FORMAS DE ESTADO:

De acordo com sua estrutura, podem os Estados ser classificados em:

a) simples

ou

unitário

;

b) composto

ou

complexo

.

6.6.1. Simples ou Unitário:

A forma de Estado simples – ou Estado unitário - é formado por um único Estado, um único

poder político. Pode ser:

a) centralizado – uma única esfera de poder político;

b) descentralizado ou regional - que admite um certo grau de descentralização política

ou administrativa em regiões ou províncias. Ex. Brasil-Império, Itália, França e

Portugal.

6.6.2. Composto ou Complexo:

O Estado composto – ou complexo – é o formado por mais de um Estado, com pluralidade de

poderes políticos internos:

(10)

a) União pessoal – dois ou mais Estados sob o governo de um só rei (somente em

Estados Monárquicos). Ex. Portugal e Espanha no período de 1580 a 164;

b) União real – dois ou mais Estados sob o governo de um só rei, mas guardando sua

organização interna. Ex. Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, de 1815 a 1822;

c) Confederação – união permanente de Estados, para defesa externa, paz interna e

outras finalidades. Os Estados Confederados guardam a soberania. Ex. CEI

(Comunidade dos Estados Independentes, resultante da dissolução da antiga URSS);

d) Federação – união de dois ou mais Estados para formar um novo, para quem é

transferida a soberania; os Estados-membros conservam a autonomia política; pode ser

por agregação (EUA) ou por desagregação (Brasil).

O nome do Estado brasileiro é REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:

- forma de governo: República.

- forma de Estado: Federativo;

- nome do país = Brasil;

Compreende a União, os Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal (e mais as

entidades da Administração Indireta: Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades

de Economia Mista).

6.7. SISTEMA DE GOVERNO:

De acordo com o grau de relacionamento entre os Poderes Executivo e Legislativo, existem 3

sistemas de governo:

a) Presidencialismo;

b) Parlamentarismo;

c) Diretorialismo.

6.7.1. Presidencialismo:

(11)

independentes, com algumas características básicas:

a) forma monocrática de poder: o Presidente é chefe de governo e Chefe de Estado;

b) o Presidente é eleito pelo povo, de forma direta ou indireta;

c) mandato fixo;

d) participação do Poder Executivo no processo legislativo;

e) separação entre os Poderes

6.7.2. Parlamentarismo:

Já o parlamentarismo é o sistema de governo em que os Poderes Executivo e Legislativo são

interdependentes, com as seguintes características básicas:

a) chefia de governo (condução das políticas do Estado, atribuída ao

Primeiro-Ministro) e chefia de Estado (representação externa e interna – Presidente da República

ou rei) atribuídos a pessoas diferentes;

b) chefia de governo com responsabilidade política (o Primeiro-Ministro não tem

mandato, permanecendo no cargo enquanto tiver apoio da maioria dos parlamentares);

c) possibilidade de dissolução do Parlamento pelo Chefe de Estado, convocando-se

novas eleições gerais.

6.7.3. Diretorialismo:

Finalmente, o diretorialismo caracteriza-se pela concentração do poder político do Estado no

Parlamento; há absoluta subordinação do Executivo ao Legislativo. P. ex, Suíça e ex-URSS.

6.8. REGIMES POLÍTICOS:

Os regimes políticos dizem respeito à vontade do povo nas decisões estatais. Eles podem ser:

a) Democráticos;

(12)

6.8.1. Democráticos:

Diz-se democratico o regime político em que todo poder emana do povo. Vige o “Princípio da

Soberania Popular”. É um processo de afirmação do povo e da garantia dos direitos fundamentais que

conquistou. Pode ser:

a) democracia direta – decisões tomadas pelo próprio povo, em Assembléias, fazendo

as leis, administrando e julgando;

b) democracia indireta

ou

representativa

– as decisões são tomadas por representantes

livremente escolhidos pelo povo, que é a fonte do poder, mas outorga as funções de

governo a representantes que elege periodicamente;

c) democracia semi-direta – combinando os dois critérios, é a democracia

representativa, com alguns instrumentos de participação direta do povo na formação da

vontade nacional (plebiscito, referendo e iniciativa popular – art. 14, I, II e III/CF).

O Brasil fundamenta-se no regime democrático destinado a assegurar o exercício dos Direitos

Sociais e Individuais, a liberdade, a igualdade, a segurança, o bem estar, etc.

6.8.2. Não Democráticos:

O regime político não democrático não prevalece a vontade popular na formação do governo.

Podem ser regimes autoritários, ditatoriais e totalitários.

DOUTRINA CITADA:

BASTOS, Celso Ribeiro - “Curso de Direito Constitucional”, São Paulo: Celso Bastos

Editora, 2002.

MORAES, Alexandre - “Constituição do Brasil Interpretada – e legislação constitucional”,

São Paulo: Atlas, 2002,

PINHO, Rodrigo César Rebello

-

“Teoria Geral da Constituição e Direitos Fundamentais –

Sinopses Jurídicas, 17”, 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

(13)

TEXTOS RECOMENDADOS COMO LEITURA COMPLEMENTAR:

BARROSO, Luiz Roberto - “O começo da história. A nova interpretação constitucional e o

papel dos princípios no Direito Brasileiro”,

p. 16 (disponível em:

http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/journals/2/articles/31274/submission/review/312

74-34847-1-RV.pdf

- TEXTO 0152).

FRANCA, Vladimir da Rocha - “Questões sobre a hierarquia entre as normas

constitucionais na CF/88”, (disponível em: -

http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?

id=135

) - TEXTO Nº 0019.

ZIMMERMANN, Augusto – “Princípios Fundamentais e Interpretação Constitucional”,

(disponível em: –

http://www.achegas.net/numero/nove/augusto_zimmermann_09.htm

) -

TEXTO Nº 0066.

Osnabrück, Niedersachsen - Deutschland, atualizado em 12 de março de 2010

Profª LUCIA LUZ MEYER

meyer.lucia@gmail.com

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