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Descrição não-convencional de fractais generalizados de Cantor e de sequências cromossômicas do DNA humano no Formalismo de Kaniadakis

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

NYLADIH THEODORY CLEMENTE MATTOS DE SOUZA

Descri¸

ao N˜

ao-convencional de Fractais

Generalizados de Cantor e de Sequˆ

encias

Cromossˆ

omicas do DNA Humano no Formalismo de

Kaniadakis

Dezembro/2016

Natal-RN

(2)

NYLADIH THEODORY CLEMENTE MATTOS DE SOUZA

Descri¸

ao N˜

ao-convencional de Fractais

Generalizados de Cantor e de Sequˆ

encias

Cromossˆ

omicas do DNA Humano no Formalismo de

Kaniadakis

Tese apresentada ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em F´ısica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito obrigat´orio para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em F´ısica.

Orientador: Profo Dr. Dory H´elio Aires de Lima Anselmo

Dezembro/2016

Natal-RN

(3)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede Souza, Nyladih Theodory Clemente Mattos de.

Descrição não-convencional de fractais generalizados de Cantor e de sequências cromossômicas do DNA humano no Formalismo de Kaniadakis / Nyladih Theodory Clemente Mattos de Souza. - 2016.

117 f. : il.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Física. Natal, RN, 2017.

Orientador: Prof. Dr. Dory Hélio Aires de Lima Anselmo.

1. Entropia generalizada - Tese. 2. Teoria de informação - Tese. 3. Conjunto de Cantor - Tese. 4. DNA - Tese. 5. Formalismo de Kaniadakis – Tese. I. Anselmo, Dory Hélio Aires de Lima. II. Título.

(4)

A comiss˜ao examinadora, abaixo assinada, aprova a tese:

Descri¸c˜ao nao-convencional de Fractais Generalizados de Cantor e de Sequˆencias Cromossˆomicas do DNA Humano no Formalismo de Kaniadakis

Elaborada por:

Nyladih Theodory Clemente Mattos de Souza Como requisito para obten¸c˜ao do t´ıtulo de

DOUTOR EM F´ISICA Comiss˜ao Examinadora

(5)

Dedicat´

oria

`

A (tia)

Maria Nair de Souza (in memoriam).

(6)

Agradecimentos

A elabora¸c˜ao de uma tese engloba dedica¸c˜ao, priva¸c˜ao, paciˆencia e tenacidade daquele que aspira o t´ıtulo condizente com sua conclus˜ao. Mas, tal processo n˜ao ´e, e nunca ser´a, produto unicamente do esfor¸co individual, ele ´e fomentado atrav´es de um conjunto maior de indiv´ıduos que, sob o nome de uma institui¸c˜ao e/ou individualmente, desempenharam ao longo do processo os mais variados e valiosos papeis. Todavia, desde j´a, pe¸co desculpas antecipadas se esqueci de mencionar um ou outro nome que contribui de alguma forma para que esse trabalho se tornar-se realidade.

Inicialmente, agrade¸co `a Coordena¸c˜ao de Aperfei¸coamento de Pessoal de N´ıvel Superior (Capes) pelo investimento concedido a este e por fomentar, a mais de 65 anos, a pesquisa em todo o territ´orio nacional.

Agrade¸co a todos os professores e professoras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), em especial `aqueles que comp˜oem o Departamento de F´ısica, que contribu´ıram para minha forma¸c˜ao acadˆemica `a n´ıvel de gradua¸c˜ao.

Na mesma dire¸c˜ao, agrade¸co ao corpo docente que comp˜oe o Programa de P´ os-Gradua¸c˜ao em F´ısica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), agentes respons´aveis por aprimorar e ampliar o horizonte de conhecimentos deste.

Agrade¸co ao Professor Dr. Dory H´elio Aires de Lima Anselmo (orientador) pela disponibilidade e aten¸c˜ao despendido `a realiza¸c˜ao deste laborioso trabalho. O professor contribui em demasia com ideias, apoio t´ecnico, sugest˜oes valios´ıssimas e, acima de tudo, proporcionou sempre uma atmosfera de motiva¸c˜ao que, para mim, foi essencial `a conclus˜ao desta tese.

Agrade¸co ao professor Dr. Raimundo Silva Junior pelo auxilio, ideias e sugest˜oes, sempre objetivas e diretas que , posteriormente, se concretizaram em dois trabalhos in-ternacionais que sintetizam os resultados desta obra.

Gostaria de agradecer tamb´em ao professor Dr. Vamberto Dias de Mello pela forma¸c˜ao de base (inicia¸c˜ao cient´ıfica) e pela colabora¸c˜ao cient´ıfica (mestrado e doutorado) que contribu´ıram, parcial ou integral, na realiza¸c˜ao do presente documento.

(7)

Aos colegas (e hoje amigos) que compuseram a sala Jayme Tiomno durante o per´ıodo em que estendeu a confec¸c˜ao deste manuscrito, em particular, aos senhores Trarc´ısyo S´a e Sousa Duarte e Cristov˜ao Prociano do Nascimento J´unior, que durante os v´arios caf´es, promoviam conversas acalorados sobre os mais variados temas cient´ıficos (na maioria das vezes n˜ao o eram): particularmente, utilizo a teoria de perturba¸c˜ao para explicar a gama de rea¸c˜oes ali manifestada.

Aos meus irm˜aos, Hidalyn Theodory Clemente Mattos de Souza e Izabel Ma-ria Matos de Souza, assim como minha cunhada Eliˆangela Paulino Bento, pelos conselhos oferecidos atrav´es de fortalecedoras conversas que se estenderam durante toda a minha vida acadˆemica e, principalmente, durante, at´e agora, minha estada nesta espera. Finalmente, agrade¸co aos meus pais Sr. Manoel de Souza e Sra. Marimilia Matos de Souza, meus primeiros educadores, a gˆenese de tudo o que fui, sou e serei.

(8)

Ep´ıgrafe

´

E um fato infeliz, que devido a ganˆancia, preconceitos, vaidades, arrogˆancia, passividade e aliena¸c˜ao de poucos, muitas pessoas sejam submetidas e condicionadas a viver na total infelicidade, n˜ao desfrutando dos benef´ıcios que o conhecimento bem empregado poderia lhes proporcionar. Assim, qualquer realiza¸c˜ao que se diz cient´ıfica ou baseada na ciˆencia, deveria ser imbu´ıda de mecanismos que catalisassem a extirpa¸c˜ao daquelas for¸cas demon´ıacas do car´acter humano que tanto permeiam e desestruturam (em essˆencia) as sociedades atuais. Autor anˆonimo

(9)

RESUMO

No presente trabalho, apresentamos uma an´alise, via teoria de informa¸c˜ao no contexto da estat´ıstica generalizada de Kaniadakis, de conjuntos generalizados de Cantor (tipo d-(m, r)), e do cromossomo Y do DNA humano. Os objetivos de nosso estudo s˜ao deter-minar, atrav´es da κ -entropia (que ´e adequada para sistemas com correla¸c˜oes de longo alcance), as leis de escala e dimens˜oes fractais caracter´ısticas desses dois sistemas: um determin´ıstico, e outro encontrado na natureza. Para o conjunto generalizado de Cantor, determinamos anal´ıtica e numericamente os valores de κ (o parˆametro de deforma¸c˜ao) que tornam a entropia linear com o tamanho do sistema, obtendo uma rela¸c˜ao entre κ, a dimens˜ao fractal (df) e a dimens˜ao de suporte (d). Usando o conceito de blocos,

mos-tramos que para intervalos arbitr´arios de L (tamanho do sistema), e s (tamanho do bloco de informa¸c˜ao) a κ-entropia apresenta comportamento auto-similar, bem como um com-portamento tipo lei de potˆencia com respeito a s. Na an´alise entr´opica do cromossomo Y observamos que, independentemente do valor de κ , a entropia de Kaniadakis, quando apresentada em fun¸c˜ao do tamanho do sistema, apresenta em geral (mas n˜ao sempre) trˆes regimes: um oscilat´orio, um monotonicamente linear, e outro de satura¸c˜ao. Este ´

ultimo ´e resultado do fato de que a entropia ´e extensiva, e o sistema ´e finito. O segundo regime, por sua vez, denota uma ordem interna aparente. No entanto, n˜ao foi poss´ıvel observar um comportamento auto-similar. Nossa an´alise restringiu-se `a parte codificante do cromossomo Y, onde desprezamos os trechos n˜ao-codificantes.

Palavras-chave: Entropia generalizada, teoria da informa¸c˜ao, conjunto de Cantor, DNA.

(10)

ABSTRACT

In the present work, we present a statistical analysis, via theory of information in the context of the Kaniadakis generalized statistics, of generalized Cantor sets (type d-(m, r)) and the Y chromosome of human DNA. The objectives of our study are to determine, through κ-entropy (which is suitable for systems with long-range correlations), the laws of scale, self-similar behaviors and characteristical fractal dimensions of these two systems: one deterministic, and the other found in nature. For the generalized Cantor set, we determine analytically and numerically the values of κ that make the entropy linear with the system size, obtaining a relation between κ (the deformation parameter), the fractal dimension (df) and the support dimension (d). Using the concept of blocks, we show

that for arbitrary intervals of L (system size), and s (size of the information block), the κ-entropy exhibits self-similar behavior, as well as a power law-like behavior with respect to s. In the entropy analysis of the Y chromosome we observed that, regardless of the value of κ, the Kaniadakis entropy, when presented as a function of the size of the system, presents in general (but not always) three regimes: one oscillatory, one monotonically linear, and another of saturation. The latter is a result of the fact that the entropy is extensive, and the system is finite. The second regime, in turn, denotes an apparent internal order. However, in this case it was not possible to observe a self-similar behavior. Our analysis was restricted to the coding part of the Y chromosome, where we have neglected the noncoding parts.

(11)

Lista de Figuras

2.1 Fun¸c˜oes de distribui¸c˜oes associadas `a densidade de entropia ln{κ}(αf ), com a condi¸c˜ao de α = Z{κ} e U = mv22. Para κ = 0, f representa a fun¸c˜ao de

distribui¸c˜ao de velocidades (v) para part´ıculas brownianas. . . 21

3.1 Constru¸c˜ao do conjunto (2, 3)-Cantor por dizima¸c˜ao . . . 27

3.2 Constru¸c˜ao do conjunto (2, 3)-Cantor por regras de itera¸c˜ao . . . 28

3.3 Gr´afico anal´ıtico das express˜oes em (3.3) e (3.4) . . . 33

3.4 S{κ} em fun¸c˜ao de p1; (0 ≤ p1 ≤ 1) para um sistema de dois n´ıveis . . . 34

3.5 Comportamento de S{κ} mediante crescimento de L para a configura¸c˜ao m = 2, r = 3 e s = 9. . . 36

3.6 Comportamento anal´ıtico e computacional de κ em rela¸c˜ao a dimens˜ao fractal para conjuntos tipo Cantor unidimensionais. . . 38

3.7 Gr´afico log S{κ}em fun¸c˜ao de log s−1para uma sequˆencia contendo L = 1210 elementos. . . 40

3.8 Gr´aficos de κ contra df para dimens˜ao topol´ogica d = 1, 2, 3. . . 41

3.9 κ-Entropia de um conjunto tipo (2, 3)-Cantor incluindo valores de L6= 3N . 43 3.10 Comportamento de S{κ} em rela¸c˜ao ao tamanho do sistema L para um conjunto tipo (2, 3)-Cantor com κ = 3, 90. . . 44

3.11 Comportamento de S{κ} em rela¸c˜ao ao tamanho do sistema L para um conjunto tipo (2, 3)-Cantor com κ = 3, 50. . . 45

(12)

xii

4.1 A esquerda, o composto furano; `` a direita, a desoxirribose. . . 49 4.2 As quatro bases nitrogenadas contidas no DNA. . . 50 4.3 Conforma¸c˜ao molecular da desoxitimidina 50 - monofosfato. . . 51 4.4 Segmento de sequˆencia polinucleot´ıdica de uma fita de DNA. Para um

cromossomo qualquer, o tamanho dessa sequˆencia, estrutura prim´ario do DNA, ´e da ordem de 108 bN . Por motivos de ordem, designaremos a sequˆencia acima com sendo formada de cima para baixo, e sempre de um t´ermino 30 para um t´ermino 50 (simbolicamente, 30 → 50). . . 51 4.5 Representa¸c˜ao esquem´atica de um segmento da mol´ecula de DNA: sequˆencia

prim´aria `a esquerda (de baixo para cima 30 → 50) e sua sequˆencia comple-mentar `a direita. As regras de Changarff operam no interior da estrutura: retˆangulo em cinza (figura retirada e adaptada de [36]). . . 52 4.6 Representa¸c˜ao esquem´atica da mol´ecula de DNA semelhante `a apresentada

por Watson e Crick em 1953 (lembrar que 1 nm = 10 ˚A). Essa estrutura ´

e uma das trˆes conforma¸c˜oes de h´elice que o DNA pode apresentar e ´e denominada de modelo B−DNA. Os outros dois modelos s˜ao denominadas de A− DNA [39] e Z − DNA [40] . . . 54 4.7 . . . 54 4.8 Devido `a presen¸ca dos ´ıons fosfato, o DNA apresenta car´ater negativo.

Para neutralizar essa carga, o DNA encontra-se enrolado em ´ıons positivos conhecidos como as prote´ınas da h´ıstona (figura retirada e adaptada de [53]). 58

4.9 Normalmente, um ser humano possui exatamente 23 pares de cromossomos: 23 herdados do pai e 23 herdados da m˜ae (figura retirada de [54]). . . 58 4.10 Segmento de DNA com fun¸c˜ao heredit´aria ´e denominado de Gene. Um

gene cont´em a instru¸c˜ao para criar (codificar) um outro tipo de mol´ecula essencial ao funcionamento de um organismo vivo: as prote´ınas. Podemos dividir ainda um gene em duas partes: introns e exons. Os introns s˜ao segmentos de um Gene (e portanto, ´e composto de DNA), que n˜ao se atribui nenhuma fun¸c˜ao (DNA n˜ao codificante). J´a os exons, contˆem as instru¸c˜oes para codificar (criar) prote´ınas (figura retirada e adaptada de [55]). 59

(13)

xiii

5.1 Conjunto de todos os blocos (permuta¸c˜oes) poss´ıveis de tamanho 4 que podemos formar com as quatro bases nitrogenadas A, T, C e G. . . 65 5.2 Comportamento das quatro componentes da fun¸c˜ao de probabilidade p(s =

1, L) com o tamanho L da sequˆencia polinucleot´ıdica contida no cromos-somo Y da esp´ecie Homo sapiens. . . 67 5.3 Comportamento das componentes da func˜ao de distribui¸c˜ao de

probabili-dades para L < 8, 0× 106 bN com s = 1. . . 68 5.4 Comportamento das 16 componentes da fun¸c˜ao de probabilidade com L

para um tamanho de blocos = 2. . . 70 5.5 Comportamento das componentes da fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de

probabili-dades com o comprimento L para uma sequˆencia polinucleot´ıdica contida no cromossomo Y varrida com um bloco de tamanho s = 2, mas num regi˜ao onde L est´a compreendido entre 1 e 3, 0× 106 bases nitrogenedas. . . 71 5.6 Comportamento das componentes da fun¸c˜ao de probabilidade pij para uma

varredura em blocos de tamanho s = 2 de uma sequˆencia nucleot´ıdica contida no cromossomo Y. . . 73 5.7 Comportamento das componentes da fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de

probabili-dades com o comprimento L para uma sequˆencia polinucleot´ıdica contida no cromossomo Y varrida com um bloco de tamanho s = 2 numa regi˜ao onde L est´a compreendido entre 1 e 3, 0× 106 bases nitrogenedas. . . 74 5.8 Componentes da fun¸c˜ao de probabilidade para s = 2 com ij = ji e ij6= ji. 75 5.9 Gr´afico da entropia de informa¸c˜ao de uma sequˆencia de nucleot´ıdeos

con-tidas no cromossomo Y com s = 1 e κ = 4, 0. . . 77 5.10 Gr´afico da entropia de informa¸c˜ao contra L para κ = 4, 0 (corresponde

ao gr´afico da figura 5.9 com o valor inicial de S{κ} contido no intervalor 5, 1− 6, 6). . . 78 5.11 κ-entropia de informa¸c˜ao contra tamanho L de um sequˆencia varridas com

um bloco s = 1 para κ = 3, 8, 3, 9, 4, 0, 4, 1 e 4, 2. Observe da figura que a mudan¸ca de κ provoca um deslocamento vertical (pra cima, a medida que κ aumenta) numa curva, mas mantem perfil geral. . . 79

(14)

xiv

5.12 Para s = 2 e κ = 3.4, o comportamento da entropia com o tamanho L da sequˆencia nucleot´ıdica ´e divido em trˆes fases . . . 80 5.13 Para s = 2, o comportamento da entropia com o tamanho L da sequˆencia

nucleot´ıdica ´e divido em trˆes fases: (i) comportamento oscilat´orio, (ii) cres-cimento monotˆonico e (iii) regi˜ao de satura¸c˜ao. . . 81 5.14 Para s = 4, o comportamento da entropia com o tamanho L da sequˆencia

nucleot´ıdica para valores de κ compreendidos entre 4, 1 e 4, 9. . . 83 5.15 Entropia de informa¸c˜ao contra L, tamanho da sequˆencia, para s = 4 e

κ = 4, 6. . . 84 5.16 Entropia de informa¸c˜ao contra L, com s = 4 e κ = 4, 6 numa regi˜ao

compreendida entre 1 < L < 1, 0 × 106 nB. A regi˜ao mostrada nessas figuras correspondem `aquela antes da entropia crescer suavemente com L (figura 5.15). . . 84

(15)

Sum´

ario

1 Introdu¸c˜ao 1

2 Formalismo de Kaniadakis e κ- ´Algebra 4

2.1 Descri¸c˜ao de dois sistemas f´ısicos . . . 6

2.2 Princ´ıpio de intera¸c˜ao cin´etico . . . 7

2.3 Abordagens cl´assica e quˆantica atrav´es do KIP . . . 9

2.4 O teorema H e o KIP . . . 12

2.5 Fundamentos b´asicos da κ-´algebra . . . 17

2.6 κ-estat´ıstica deformada . . . 19

2.7 Conclus˜oes . . . 22

3 An´alise de conjuntos fractais tipo d − (m, r) − Cantor no ˆambito da κ-entropia de bloco 23 3.1 Fractais: conjuntos tipo (m, r)-Cantor . . . 25

3.1.1 Fun¸c˜ao de probabilidade para conjuntos tipo d-(m, r)-Cantor . . . . 26

3.1.2 Fun¸c˜ao de probabilidade para conjuntos tipo (m,r)-Cantor . . . 29

3.2 κ-Entropia de bloco no contexto da Teoria de Informa¸c˜ao . . . 31

3.3 κ-an´alise de bloco para sequˆencias fractais tipo (m,r)-Cantor . . . 33

3.4 κ-Entropia de conjunto tipo (2, 3)-Cantor para L6= 3N. . . . 42

3.5 Conclus˜oes . . . 46 xv

(16)

xvi

4 Acido desoxirribonucleico´ 47

4.1 Estrutura prim´aria do DNA e as regras de Chargaff . . . 49

4.2 Estrutura secund´aria do DNA: o modelo de Watson-Crick . . . 53

4.3 Energia de estabiliza¸c˜ao . . . 53

4.3.1 Ponte de hidrogˆenio . . . 53

4.3.2 Intera¸c˜ao devido ao empilhamento . . . 55

4.4 Projeto Genoma Humano . . . 56

5 Blocos e probabilidades associadas a uma sequˆencia polinucleot´ıdica do cromossomo Y 61 5.1 Sobre o cromossomo Y . . . 62

5.2 Varredura de uma sequˆencia polinucleot´ıdica em blocos de tamanho s = 2n 63 5.3 Probabilidades em sequˆencias polinucleot´ıdicas relativas a blocos de tama-nho s = 2n . . . 64

5.3.1 Probabilidades correspondentes a blocos de tamanho s = 2 . . . 69

5.4 κ-entropia de bloco para sequˆencias nucleot´ıdicas contidas no cromossomo Y 76 5.4.1 κ-Entropia de bloco para s = 1 . . . 76

5.4.2 κ-Entropia de bloco para s = 2 . . . 78

5.4.3 κ-Entropia de bloco para s = 4 . . . 82

5.5 Conclus˜oes . . . 85

6 Conclus˜oes e Pesperctivas 88 A Fundamentos da κ-´algebra 90 A.1 Fun¸c˜ao Geradora . . . 90

A.2 Regras de grupo para o produto e potˆencia deformadas . . . 95

B Artigos 99

(17)

CAP´ITULO

1

Introdu¸c˜

ao

O cerne deste trabalho est´a concentrado na an´alise de dois sistemas de sequˆencias de s´ımbolos: um baseado em sequˆencias de s´ımbolos modelados por regras de itera¸c˜ao fractais tipo d-(m, r)-Cantor e outra baseada na sequˆencia de nucleot´ıdeos do cromossomo Y da esp´ecie homo sapiens. Os motivos que nos impulsionaram a pesquisar essas sequˆencias est˜ao concentrados em parte nos conceitos e modelos trazidos pela mecˆanica estat´ıstica para tratar uma diversidade de fenˆomenos f´ısicos (e interdisciplinares a ela), como tamb´em do interesse e esfor¸co empregado pelos pesquisadores do mundo, desde do final do s´eculo XIX com a descoberta do DNA, intensificado no come¸co dos anos 90 pelo projeto genoma humano at´e o presente, em ampliar e desmistificar os segredos cerrados na mol´ecula da vida (o DNA). Consideramos isso uma tarefa de dimens˜oes colossais e temos a consciˆencia de que esse ´e um trabalho que pode contribuir em ambos os campos.

De maneira elementar, a gˆenese desse trabalho encontra-se assentada nos denominados formalismos generalizados e n˜ao-convencionais da mecˆanica estat´ıstica, uma das ´areas da f´ısica que concentra bastante interesse por tratar dos chamados sistemas anˆomalos. Uma dessas vertentes ´e a denominada estat´ıstica κ-deformada, introduzida pelo italiano Geogio Kaniadakis [1] no primeiro ano do s´eculo atual. Baseado na descri¸c˜ao cin´etica das colis˜oes

(18)

2

que ocorrem no interior de um sistema de N componentes∗, Kaniadakis postula que as in-tera¸c˜oes entre os componentes de um sistemas s˜ao governadas pelo Princ´ıpio de Intera¸c˜ao Cin´etico. O formalismo decorrente desse princ´ıpio nos proporciona um ferramental f´ısico-matem´atico t˜ao abrangente, que nos permite investigar uma quantidade demasiadamente grande de fenˆomenos f´ısicos, al´em de alcan¸car naturalmente ´area interdisciplinares, como a Teoria de Informa¸c˜ao.

Estudar fractais generalizados de Cantor dentro do contexto da teoria de informa¸c˜ao, apoiada matematicamente num formalismo generalizado, foi academicamente motivado por um trabalho de Provata [2]. Este estudou os fractais mencionados, usando como base te´orica um outro formalismo generalizado supracitado como q-estat´ıstica, proposta pelo grego radicado brasileiro Constantino Tsallis [3]. Seguindo os conceitos apresentados pelo primeiro desses autores, realizamos estudo an´alogo dentro da estrutura matem´atica do formalismo de Kaniadakis (cap´ıtulo 2). Consideramos as ideias e resultados contidos nesses trabalhos muito importantes, pois nos permitem comparar e extrapolar os resul-tados apresenresul-tados na dire¸c˜ao da total descri¸c˜ao desses fractais com tamb´em forneceram suporte conceitual que nos permitiram estudar e tirar conclus˜oes demasiado interessantes das sequˆencias polinucleot´ıdicas contidas no DNA.

Os objetivos gerais dessa tese consistem em (i) investigar e ampliar nossa descri¸c˜ao de sequˆencias fractais generalizadas tipo d-(m, r) - Cantor, (ii) descrever a distribui¸c˜ao de grupos espec´ıficos de nucleot´ıdeos numa sequˆencia polinucleot´ıdica do cromossomo Y, (iii) seguindo, investigar o grau de desordem nessa sequˆencia atrav´es da medida da entropia informacional embebida do formalismo de Kaniadakis, (iv) estabelecer os crit´erios que nos permitem identificar essa sequˆencia de forma ´unica para diferentes configura¸c˜oes condizentes com os parˆametros geom´etricos dessas sequˆencias.

De acordo com esses objetivos, essa tese encontra-se organizada em cap´ıtulos enre-dados da seguinte maneira: o cap´ıtulo 2 trata do formalismo estat´ıstico generalizado de Kaniadakis que sustenta conceitual e matematicamente nossas descri¸c˜oes, an´alises e re-sultados; fractais generalizados de Cantor embebidos no espa¸co topol´ogico de dimens˜ao d = 1, 2, 3 s˜ao investigados e analisados no cap´ıtulo 3. O cap´ıtulo 4 consiste numa apresenta¸c˜ao concisa `a composi¸c˜ao qu´ımica e dos processos de forma¸c˜ao do ´acido

(19)

3

ribonucleico (DNA). Expomos tamb´em nesse cap´ıtulo aspectos conceituais concernentes aos pap´eis gen´eticos do DNA. No cap´ıtulo 5, tratamos da modelagem, descri¸c˜ao e an´alise da sequˆencia nucleot´ıdica cerrada no cromossomo Y . Por fim, finalizamos nosso trabalho com algumas considera¸c˜oes e perspectivas gerais (cap´ıtulo 6) provenientes deste trabalho.

(20)

CAP´ITULO

2

Formalismo de Kaniadakis e κ-´

Algebra

Na inexistˆencia de gradientes de press˜ao, temperatura e part´ıculas, um sistema t´ermico ´e dito estar em equil´ıbrio termodinˆamico. Nesse equil´ıbrio, o estado de tal sistema ´e definido, por exemplo, atrav´es do conhecimento da press˜ao P , temperatura T e volume V . Para um mesmo sistema termodinˆamico existem uma quantidade grande de tais estados. Eventualmente, este sistema pode passar de um estado de equil´ıbrio para outro atrav´es de um processo t´ermico. Num abordagem macrosc´opica, se esse sistema for composto de N part´ıculas, aprisionadas num volume V e em contato com um reservat´orio de calor, desde que a quantidade de part´ıculas N e o volume V n˜ao se alterem com o tempo, o sistema pode passar por sucessivos estados de equil´ıbrio (que implica nesse caso que somente a temperatura e a press˜ao mudar˜ao), at´e atingir um novo estado de equil´ıbrio caracterizado por coordenadas termodinˆamicas da forma (T, P ). Nesse caso, o processo ´e denominado de isovolum´etrico e est´a condicionado a um aquecimento (resfriamento) mediante ganho (perda) de calor. As vari´aveis temodinˆamicas press˜ao, temperatura e volume est˜ao conectadas atrav´es de uma equa¸c˜ao de estado da forma f (T, P, V ) = 0 [5,6]. Do ponto de vista microsc´opico (cl´assico, por exemplo), dizemos que durante um tal processo, o sistema acima poderia estar em quaisquer de seus microestados acess´ıveis. Nesse ˆambito, a mecˆanica estat´ıstica nos fornece as ferramentas b´asicas para determinar

(21)

5

a quantidade desses estados e/ou a probabilidade desse sistema vir a assumir um deles. Por exemplo, numa vers˜ao discreta e canˆonica da Teoria de Ensembles (uma das ferramen-tas da mecˆanica estat´ıstica) a probabilidade de um sistema assumir um certo microestado, caracterizado por uma energia εi, pode ser determinada atrav´es de [7, 8]

pi =

exp (−βεi)

Z ,

com Z = X

i

exp (−βεi) sendo a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao. Deste modo, a energia E e a

entropia S do sistema s˜ao determinadas respectivamente atrav´es de E = Piεipi e S =

−kB

P

ipiln (pi) . Com o uso dessas ´ultimas e da primeira lei da termodinˆamica, podemos

encontrar uma equa¸c˜ao de estado que relaciona as vari´aveis macrosc´opicas T , P e V e, consequentemente, descrever os processos de equil´ıbrio que ocorrem no sistema. Do ponto de vista probabil´ıstico, pi ´e denominada de fun¸c˜ao de probabilidade ∗.

Todavia, um simples processo de difus˜ao, como colocar uma gota de leite numa x´ıcara de caf´e, n˜ao pode ser descrito pelas rela¸c˜oes termonˆamicas geradas a partir de tal equa¸c˜ao. Obviamente, isso ocorre devido a essa fun¸c˜ao descrever somente processos que envolvam uma sucess˜ao de estados de equil´ıbrio. Portanto, deve haver algo de especial na fun¸c˜ao de probabilidade ou mesmo na maneira de obtˆe-la que restringe, como mencionado, os fenˆomenos t´ermicos abarcados por ela `a referida classe de fenˆomenos.

´

E nessa dire¸c˜ao que o formalismo apresentado neste cap´ıtulo se volta. Na se¸c˜ao 2.1, descrevemos dois sistemas f´ısicos b´asicos no ˆambito de uma intera¸c˜ao bin´aria, conjunta-mente com alguns postulados importantes que servir˜ao de experimento para a constru¸c˜ao desse novo formalismo generalizado, proposto pelo italiano Giorgio Kaniadakis. Seguindo, na se¸c˜ao 2.2, introduziremos o princ´ıpio fundamental que sustenta esse formalismo: o Princ´ıpio de Intera¸c˜ao Cin´etico ou, abreviadamente, KIP†. Mostraremos tamb´em como este novo formalismo incorpora as j´a consagradas estat´ıstica cl´assica e quˆantica (se¸c˜ao 2.3). Na se¸c˜ao 2.4, faremos uma importante conex˜ao entre o KIP e o famoso teorema H de Boltzmann. Finalmente, na se¸c˜ao 2.5, apresentamos uma nova estat´ıstica, a

κ-∗Existe uma vers˜ao cont´ınua de p

i, representada aqui por f , denominada de fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de

part´ıculas ou ainda fun¸c˜ao densidade de part´ıculas.

(22)

2.1 Descri¸c˜ao de dois sistemas f´ısicos 6

estat´ıstica, emergente do KIP como uma nova ferramenta que nos auxiliar´a na descri¸c˜ao de v´arios sistemas de interesses. Listamos e sintetizamos tamb´em nessa se¸c˜ao alguns resultados importantes provenientes do estabelecimento dessa nova estat´ıstica. Por fim, apontamos algumas conclus˜oes gerais e relevantes de todo o presente cap´ıtulo na se¸c˜ao 2.6.

2.1

Descri¸

ao de dois sistemas f´ısicos

Considere um sistema f´ısico composto por N part´ıculas. Se limitarmos esse sistema a um regime de baixas densidade e, adicionalmente, considerarmos que ele ´e isolado, a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao das part´ıculas desse sistema corresponder´a a uma fun¸c˜ao de dis-tribui¸c˜ao de uma part´ıcula. Em outras palavras, a quantidade de part´ıculas f (r, v, t)d3r, encontrada no intante t, localizadas no elemento de volume d3r, no ponto r, ´e igual a unidade. Eventualmente, os componentes do sistema poder˜ao interagir entre si; todavia, se isso ocorre, consideraremos que essa intera¸c˜ao se dar´a dentro do contexto de uma co-lis˜ao bin´aria. Assim, se num determinado instante de tempo t, precisamente na iminˆencia de uma colis˜ao, duas part´ıculas desse sistema possuem as coordenadas no espa¸co de fase r1 = (x1, v1) e r2 = (x2, v2) respectivamente, com fun¸c˜oes de densidade de part´ıculas

f1(t, r1) e f2(t, r2) associadas, como consequˆencia de uma colis˜ao, essas part´ıculas

as-sumir˜ao novas coordenadas, designadas aqui como r01 = (x01, v01) e r02 = (x02, v20), com respectivas fun¸c˜oes densidade f10(t, r01) e f20(t, r02). Kaniadakis [1] postula que a probabili-dade π de duas part´ıculas sofrer uma transi¸c˜ao no espa¸co de fase devido a colis˜ao ´e

π(t, r1 → r 0 1, r2 → r 0 2) = T (t, r1, r 0 1, r2, r 0 2)γ(f1, f 0 1)γ(f2, f 0 2). (2.1) Na equa¸c˜ao (2.1), T (t, r1, r 0 1, r2, r 0

2) ´e denominada de taxa de transi¸c˜ao e depende da

natureza da intera¸c˜ao, assim como da se¸c˜ao de choque que envolve as part´ıculas nos respectivos s´ıtios. Ainda na mesma equa¸c˜ao, γ ´e uma fun¸c˜ao arbitr´aria que desempenha papel importante no presente formalismo e ser´a apresentada em mais detalhes na pr´oxima se¸c˜ao. N˜ao obstante, no sistema isolado descrito acima, γ(f1, f

0

1) ´e idˆentica a γ(f2, f 0 2).

(23)

2.2 Princ´ıpio de intera¸c˜ao cin´etico 7

r1, portanto, n˜ao pode haver transi¸c˜ao e, logo, π = 0. No entanto, quando f10 = 0,

γ(f1, f 0

1) 6= 0. A partir disso, conclu´ımos que, dependendo da fun¸c˜ao f0, a transi¸c˜ao

descrita por (2.1) pode ser inibida ou n˜ao. Quando γ(f, f0) = f , recuperamos a transi¸c˜ao cl´assica: π(t, r1 → r 0 1, r2 → r 0 2) = T (t, r1, r 0 1, r2, r 0 2)× f1× f2.

Considere agora o contexto de um sistema de part´ıculas em contato com um banho t´ermico, onde o s´ıtio r1 corresponde a uma part´ıcula do nosso sistema e r2 corresponde a

uma part´ıcula pertencente ao banho t´ermico. Devido a esse novo contexto, o postulado em (2.1) ´e modificado, sendo expresso agora como

π(t, r1 → r01) = W (t, r1, r 0

1)γ(f, f0). (2.2)

A fun¸c˜ao W (t, r, r0) possui a mesma interpreta¸c˜ao de T (t, r1, r 0 1, r2, r

0

2) , ou seja, ela

representa a taxa de transi¸c˜ao associada as part´ıculas do referido sistema que, num espa¸co de fase 2n-dimensional, ´e expressa como

W (t, r1, r 0 1) = Z d2nr2d2nr 0 2T (t, r1, r 0 1, r2, r 0 2)eγ(f1, f 0 1). (2.3) Em(2.3), eγ(f2, f 0

2) est´a relacionada unicamente `a natureza do banho t´ermico.

Toda-via, W (t, r1, r 0

1) depende tanto do banho quanto da natureza da intera¸c˜ao entre este e o

sistema.

2.2

Princ´ıpio de intera¸

ao cin´

etico

A proposta de generaliza¸c˜ao apresentada por Kaniadakis [1] est´a fortemente embasada na fun¸c˜ao γ (como tamb´emeγ) contida na equa¸c˜ao (2.2). Matematicamente, γ pertence a uma classe de fun¸c˜oes especiais governadas pela rela¸c˜ao

γ(f, f0) γ(f0, f ) =

κ(f )

κ(f0). (2.4)

De maneira mais conveniente, reescrevemos (2.4) como

γ(f, f0) κ(f ) =

γ(f0, f )

(24)

2.2 Princ´ıpio de intera¸c˜ao cin´etico 8

Notoriamente, a express˜ao em (2.5) estabelece que as raz˜oes em ambos lados dessa equa¸c˜ao s˜ao sim´etricas em rela¸c˜ao a mudan¸ca f → f0. Por outro lado, e agora do ponto de vista f´ısico, a fun¸c˜ao γ carrega a informa¸c˜ao da natureza da intera¸c˜ao entre os com-ponentes de um sistema consigo mesmos ou com o ambiente. Assim, e atrav´es da escolha particular de γ(f, f0), estamos informando a forma da integral colisional envolvendo as intera¸c˜oes fundamentais num sistema. Mais importante ainda, no ˆambito do formalismo de Kaniadakis, a afirma¸c˜ao de que para cada sistema f´ısico existe um γ(f, f0) que des-creve adequadamente as intera¸c˜oes desse sistema, seja este isolado ou em contato com um banho t´ermico, ´e denominado de Principio de Intera¸c˜ao Cin´etico.

Para mostrar esse poder generalizador proposto pelo KIP, assumamos que a forma mais geral de se expressar γ(f, f0) seja

γ(f, f0) = a(f )b(f0)c(f, f0), (2.6) com a(f ), b(f ) e c(f, f0) fun¸c˜oes arbitr´arias. Por conveniˆencia, as fun¸c˜oes a(f ) e b(f ) est˜ao conectadas atrav´es de

κ(f ) = a(f ) b(f ). Assim,          γ(f,f0) κ(f ) = b (f ) b (f0) c (f, f0) γ(f0,f) κ(f0) = b (f0) b (f ) c (f0, f )

que implica obviamente que c(f, f0) = c(f0, f ). Mencionamos anteriormente que quando f = 0, a equa¸c˜ao (2.1) nos conduziria ao fato de que γ(0, f0) = 0. Na ´otica da equa¸c˜ao (2.5), a condi¸c˜ao anterior (γ(0, f0) = 0) ser´a satisfeita se a(f = 0) = 0. Por outro lado, quando f0 = 0, γ(f, 0) 6= 0: nesse caso, escreveremos que b(f0 = 0) = 1. A fun¸c˜ao b(f0) possui um papel fundamental na transi¸c˜ao entre os s´ıtios final e inicial: visto que se f 6= 0, ent˜ao a escolha de b(f0) pode ou n˜ao inibir a trasi¸c˜ao r→ r0.

(25)

2.3 Abordagens cl´assica e quˆantica atrav´es do KIP 9

2.3

Abordagens cl´

assica e quˆ

antica atrav´

es do KIP

O KIP ´e uma proposta de generaliza¸c˜ao dentro do ˆambito da mecˆanica estat´ıstica. Isso significa por exemplo que o KIP incorpora dentro da sua estrutura f´ısico-matem´atica as descri¸c˜oes cl´assica e quˆantica associadas a estas abordagens estat´ısticas. Para compre-ender esse ponto com mais clareza, vamos estudar aqui a evolu¸c˜ao temporal da fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao f que aparece nas equa¸c˜oes (2.1) e (2.2) em conjunto com a express˜ao principal do KIP, equa¸c˜ao (2.5).

Como um primeiro caso, vamos abordar o sistema isolado descrito anteriormente na se¸c˜ao 2.1. Por simplicidade, consideraremos que o ´unico efeito da colis˜ao bin´aria ser´a alterar a velocidade das part´ıculas envolvidas na colis˜ao. Nesta situa¸c˜ao, f = f (t, x, v1)

muda para f0 = f0(t, x, v01) e f = f (t, x, v2) muda f0 = f0(t, x, v02) depois da colis˜ao. A taxa de transi¸c˜ao T toma ent˜ao a forma geral

T = T (t, x, v1, v01, v2, v20) .

A taxa de mudan¸ca da fun¸c˜ao distribui¸c˜ao com o tempo - equa¸c˜ao de evolu¸c˜ao - ser´a determinada atrav´es de df dt = Z dnv10dnv2dnv 0 2 h π  t, x, v01 → v1, v 0 2 → v2  − πt, x, v1 → v 0 1, v2 → v 0 2 i . (2.7) Usando agora a equa¸c˜ao (2.1), a equa¸c˜ao (2.7) torna-se

df dt = Z dnv10dnv2dnv 0 2[T  t, x, v01, v1, v 0 2, v2  γf10, f1  γf20, f2  − T (t, x, v1, v01, v2, v02) γ  f1, f 0 1  γ (f2, f20)]. (2.8)

(26)

2.3 Abordagens cl´assica e quˆantica atrav´es do KIP 10

Como T ´e uma fun¸c˜ao sim´etrica, ou seja, T (t, x, v01, v1, v02, v2) = T (t, x, v1, v01, v2, v02),

vemos imediatamente que

df dt = Z dnv01dnv2dnv 0 2T (t, x, v1, v01, v2, v02) × [γ (f10, f1) γ (f20, f2)− γ (f1, f10) γ (f2, f20)] . (2.9)

Considerando ainda que o KIP - equa¸c˜ao (2.5) - em conjunto com a forma geral em (2.6) e com a (f ) = f e b (f0) = 1, tornando γ (f0, f ) = f c (f, f0) ent˜ao, a taxa de mun-dan¸ca de f adquire agora a forma

df dt = Z dnv10dnv2dnv20T (t, x, v1, v01, v2, v20) × [f10f20c (f10, f1) c (f20, f2)− f1f2c (f1, f10) c (f2, f20)] , ou ainda df dt = Z dnv10dnv2dnv 0 2T (t, x, v1, v10, v2, v02) c (f10, f1) c (f20, f2) [f10f20 − f1f2] , (2.10)

pois, como consequˆencia do KIP, c (f, f0) = c (f0, f ). Se adicionalmente, considerarmos que c (f, f0) = 1 , esta ´ultima equa¸c˜ao torna-se

df dt = Z dnv10dnv2dnv 0 2T (t, x, v1, v10, v2, v02) [f10f20 − f1f2] . (2.11)

As escolhas particulares que fizemos para as fun¸c˜oes a(f ), (b0) e c(f, f0) s˜ao, desde que observem o KIP, completamente arbitr´arias. Infelizmente, com o atual status do forma-lismo em quest˜ao, n˜ao podemos atribuir um significado f´ısico mais apurado dessas fun¸c˜oes no que tange os pap´eis espec´ıficos que cada uma delas desempenha. Por isso, aceitaremos que as escolhas que fazemos para essas fun¸c˜oes tem como efeito num primeiro momento obter resultados esperados. Assim, considerando as escolhas realizadas, a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao integro-deferencial em (2.11) tem como solu¸c˜ao f (v) = exp

h

−βmv2

2 − µ

i , ou seja, a distribui¸c˜ao cl´assica de Maxwell-Boltzmann.

(27)

2.3 Abordagens cl´assica e quˆantica atrav´es do KIP 11

Por outro lado, se adotarmos que a (f ) = f , b (f0) = 1 + ηf0, mas com c (f, f0) ainda igual a 1, temos que a equa¸c˜ao (2.9) torna-se

df dt =

Z

dnv10dnv2dnv20T (t, x, v1, v01, v2, v20)

× [f10(1 + ηf1) f20(1 + ηf2)− f1(1 + ηf10) f2(1 + ηf20)] , (2.12)

pois, nesse caso, para as condi¸c˜oes mencionadas a equa¸c˜ao (2.6) retornar´a γ (f, f0) = f (1 + ηf ) . A equa¸c˜ao integro-diferencial (2.12) admite como solu¸c˜ao

f (v) = 1

exp(ε)− η. (2.13)

A constante η desempenha um papel crucial nessa ´ultima express˜ao. Da mecˆanica estat´ıstica quˆantica, sabemos que quando η = −1, estamos na presen¸ca de um sistema que atende as demandas da estat´ıstica de Fermi-Dirac. Por outro lado, quando η = 1, estamos no ˆambito da estat´ıstica quˆantica de Bose-Einstein. Assim, e de maneira um tanto elegante, pecebemos que atrav´es do KIP podemos descrever sistemas f´ısicos que s˜ao governados por princ´ıpios tais como aquele da exclus˜ao de Pauli que, nesse caso, governa a estat´ıstica fermiˆonica sintentizada na equa¸c˜ao (2.13).

Como mais um exemplo, ´e poss´ıvel tamb´em incorporar atrav´es do KIP, a estat´ıstica n˜ao-extensiva introduziada por Tsallis [3], considerando que ln k(f ) = (f1−q−1)/(1−q) = lnqf , onde q ´e um parˆametro real. Nesse caso, a equa¸c˜ao (2.10) torna-se

df dt = R dnv0 1dnv2dnv 0 2T (t, x, v1, v10, v2, v02) c (f1, f10) c (f2, f20) b (f1) b (f2) b (f10) b (f20)× [exp (lnqf10 + lnqf20)− exp (lnqf1+ lnqf2)] . (2.14)

A maneira como abordarmos a evolu¸c˜ao da fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao f , atrav´es da equa¸c˜ao (2.7), ´e referida como o formalismo de Boltzmann. Outra aproxima¸c˜ao que pode ser utilizada para obter os resultados apresentados aqui, ´e aquela contida no denominado formalismo de Fokker-Planck [9]. Em todo caso, os resultados obtidos utilizando este

(28)

2.4 O teorema H e o KIP 12

´

ultimo, em conjunto com a equa¸c˜ao (2.2), ser˜ao idˆenticos aos apresenados nesta se¸c˜ao. Na tabela 2.1, resumimos todos os resultados obtidos at´e agora, tanto via formalismos de Boltzmann quanto de Fokker-Planck, para a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao f que descreve os v´arios sistemas mencionados.

2.4

O teorema H e o KIP

Vamos tratar agora de algo um tanto especial incorporado pelo formalismo de Kania-dakis que est´a relacionado a entropia de um sistema f´ısico. Para fazer isso, vamos partir novamente da equa¸c˜ao (2.1), s´o que reescrita da seguinte forma

df dt = Z dnv0dnv1dnv10T × Q × γ (f, f0) γ (f1, f10) , (2.15) com Q = Q (f, f0, f1, f10) = 1− γ(f,f0(f 1,f10) γ(f0,f)γ(f0 1,f1). Lembrado que γ(f,f0) γ(f0,f) ≥ 0, temos que 1 γ (f, f 0) γ (f 1, f10) γ (f0, f ) γ (f0 1, f1) ≤ 1.

Do KIP, vemos que a fun¸c˜aoQ ainda pode ser expressa como

Q (f, f0, f1, f10) = 1−

κ (f ) κ (f1)

κ (f0) κ (f0 1)

. (2.16)

Para um sistema em equil´ıbrio termodinˆamico, dfdt = 0. Essa afirmativa equivale a fazer Q = 0 em 2.15. Fazendo isso, vemos que

0 = 1 κ (fs) κ (fs1) κ (f0

s) κ (fs10 )

,

pois quando o sistema encontra-se no equil´ıbrio, a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao permanece imut´avel, ou seja, estacion´aria: simbolicamente, representamos esse estado de equil´ıbrio escrevendo que f = fs . Podemos ainda, expressar essa condi¸c˜ao como

(29)

2.4 O teorema H e o KIP 13

Estat´ıstica KIP Equa¸c˜ao Equa¸c˜ao de Fun¸c˜ao de

de Boltzmanndfdt = Fokker-Planckdfdt = Distribui¸c˜ao (f =)

Maxwell-Boltzmann γ(f, f0) = f RRdnv0dnv 1dnv 0 1T c(f, f0)× ∂v∂ h Dc(f )βmvf + ∂f∂vi exp(−ε) ×c(f1, f 0 1)(f0f10 − ff1) Bosˆonica κ(f ) = f /(1 + f ) RRdnv0dnv 1dnv 0 1T c(f, f0)c(f1, f 0 1)× ∂v∂ h Dβmvf + Dη ∂v∂ln(1 + ηf )i exp(ε)−11 ×[f0(1 + ηf )f10(1 + ηf1)+ −f(1 + ηf0)f1(1 + ηf 0 1)] Fermiˆonica κ(f ) = f /(1− f) RRdnv0dnv 1dnv 0 1T c(f, f0)c(f1, f 0 1)× ∂v∂ h Dβmvf + D η ∂ ∂vln(1 + ηf ) i 1 exp(ε)+1 ×[f0(1 + ηf )f10(1 + ηf1)+ −f(1 + ηf0)f1(1 + ηf 0 1)] Tsallis lnκ(f ) = lnq(f ) R Rdnv0dnv1dnv 0 1v 0 1T c(f1, f 0 1) ∂v∂  Df βmv + f−q ∂∂v f = expq[−ε]/Zq ×b(f)b(f1)b(f0)b(f 0 1)[exp(lnqf0+ +lnqf 0 1− exp(lnqf + lnqf1))]

Tabela 2.1: Resumo das rela¸c˜oes de recorrˆencia, a partir do formalismo de

Kani-adakis, para algumas estat´ısticas convencionais e Tsallis, obtidas atrav´es da

(30)

2.4 O teorema H e o KIP 14

Fisicamente, a express˜ao (2.17) nos diz que a quantidade ln κ (fs) ´e colisionalmente

invariante. Essa constata¸c˜ao ´e demasiadamente importante, pois nos permite associar o KIP com grandezas f´ısicas que se mant´em constantes durante quaisquer processos que um sistema f´ısico venha a ser submetido. Nesse ponto, ´e t´acito que uma nova estat´ıstica, quando estabelecida, incorpore na sua estrutura f´ısico-matem´atica o j´a consagrado jarg˜ao disseminado na literatura atual de que ela ´e uma estat´ıstica generalizada. Se uma es-tat´ıstica se diz generalizada, ela deve englobar em seu arcabou¸co te´orico e matem´atico as estat´ısticas padr˜oes como casos particulares (tabela 2.1 ); complementarmente, ela o deve fazer seguindo os imut´aveis preceitos da f´ısica. Assim, mediante as condi¸c˜oes apresenta-das anteriormente nessa se¸c˜ao, o presente formalismo, cerrado no Princ´ıpio de Intera¸c˜ao Cin´etico, o KIP, incorpora esses preceitos mediante a imposi¸c˜ao de que ln(kf) est´a

intima-mente ligado `as energias associadas ao sistema, pois estas com certeza s˜ao colisonalmente invariantes tamb´em. Assim, no ˆambito do formalismo de Kaniadakis, se far´a a conex˜ao entre o KIP e a energia total de um sistema f´ısico atrav´es da express˜ao

ln k (fs) = β  1 2mkvk 2 + V (x)− µ  . (2.18)

Observe que essa express˜ao abrange n˜ao s´o sistemas isolados como tamb´em aqueles imer-sos numa regi˜ao contendo um potencial externo V (x), assim como para sistemas contendo diferentes concentra¸c˜oes (qu´ımicas), representados aqui por µ. Incorporando a equa¸c˜ao (2.18) na equa¸c˜ao (2.16), temos ainda que

Q (f, f0, f 1, f10) = 1− exp  ln κ (f ) κ (fs) + ln κ (f1) κ (fs1) − ln κ (f0) κ (f0 s) − ln κ (f10) κ (fs10 )  . (2.19)

Prosseguindo, seja agora o funcional K definido por

K= Z dnxdnv Z df ln κ (f ) κ (fs) .

(31)

2.4 O teorema H e o KIP 15 Q (f, f0, f1, f10) = 1− exp  −δK [f ] δf − δK [f1] δf1 + δK [f 0] δf0 + δK [f10] δf10  . Assim, a equa¸c˜ao de evolu¸c˜ao, adquire o seguinte novo aspecto

df dt = Z dnv0dnv1dnv10T γ (f0, f ) γ (f10, f1) ×  1− exp  −δK [f ] δf − δK [f1] δf1 + δK [f 0] δf0 + δK [f10] δf10  .

No equil´ıbrio, f = fs e a condi¸c˜ao dfdt = 0 equivale a codi¸c˜ao δK[f ]δf = 0. Portanto,

dK dt =− Z dnxdnv ln κ (f ) κ (fs) df dt = Z dnxdnvdnv0dnv1dnv01ln κ (f ) κ (fs) T × [γ (f0, f ) γ (f0 1, f1)− γ (f, f0) γ (f1, f10)] .

Rearranjando essa ´ultima, temos ainda que

dK dt =− Z dnxdnvdnv0dnv1dnv01ln κ (f ) κ (fs) T × [γ (f0, f ) γ (f10, f1)− γ (f, f0) γ (f1, f10)] = Z dnxdnvdnv0dnv1dnv01ln κ (f ) κ (fs) T × [γ (f0, f ) γ (f10, f1)− γ (f, f0) γ (f1, f10)] . (2.20)

(32)

2.4 O teorema H e o KIP 16

Devido `a simetria do integrando em (2.20), podemos reescrever essa ´ultima express˜ao como dK dt =− Z dnxdnvdnv0dnv1dnv10T × 1 4  ln κ (f ) κ (fs) + ln κ (f1) κ (fs1) − ln κ (f0) κ (f0 s) − ln κ (f10) κ (fs10 )  × [γ (f0, f ) γ (f10, f1)− γ (f, f0) γ (f1, f10)] ,

ou ainda, usando a equa¸c˜ao (2.16), podemos escrever

dK dt =− Z dnxdnvdnv0dnv1dnv10T × 1 4[−Q ln (1 − Q)] γ (f 0, f ) γ (f0 1, f1) .

Como Q ≤ 0, a quantidade −Q ln (1 − Q) ≥ 0, implicando que dKdt ≥ 0. Assim, para um tempo infinitamente grande K (t) ≤ K (∞) . Se definirmos a entropia S e a energia total do sistema E respectivamente como

S = Z dnxdnv Z df ln κ (f ) (2.21) e E = Z dnxdnv [V (x) + U (v)] f, (2.22) reescreveremos K como K=S− β (E − µN) . (2.23)

Portanto, K tem car´ater de entropia. Isso ´e totalmente esperado, pois dKdt ≥ 0. Essa ´

(33)

2.5 Fundamentos b´asicos da κ-´algebra 17

2.5

Fundamentos b´

asicos da κ-´

algebra

O Princ´ıpio de Intera¸c˜ao Cin´etico al´em de incorporar no seu ˆambito as estat´ısticas convencionais, como as estat´ısticas cl´assica e quˆanticas (mostradas na se¸c˜ao 2.3), ele pode ser usado tamb´em para propor novos formalismos. Seguindo nessa dire¸c˜ao, vamos apre-sentar a seguir as bases matem´aticas que nos permitir˜ao, na se¸c˜ao 2.6, analisar uma dessas propostas. Primeiramente, consideremos a fun¸c˜ao f (x) que observa a seguinte proprie-dade de simetria

f (x) f (−x) = 1. (2.24)

Da matem´atica, sabemos que toda fun¸c˜ao real pode ser escrita como uma soma de uma fun¸c˜ao par e outra ´ımpar. Usando esse fato, reescreveremos a fun¸c˜ao f (x) como f (x) = P (x) + I(x). Portanto, usando a condi¸c˜ao acima, temos

[P (x) + I(x)] [P (−x) + I(−x)] = 1 [P (x) + I(x)] [P (x)− I(x)] = 1 [P (x)]2 − [I (x)]2 = 1, ou ainda, que P (x) = q 1 + [I (x)]2. Assim, f (x) = q

1 + [I (x)]2+ I(x). Existem v´arias maneiras de definir f (x) obedecendo essa express˜ao. Aceitaremos que uma dessas manei-ras ´e

f (x) = q

(34)

2.5 Fundamentos b´asicos da κ-´algebra 18

ou, de uma maneira mais ´util aos prop´ositos posteriores 

exp{κ}(x)κ = q

1 + [gκ(x)]2+ gκ(x) . (2.25)

Na equa¸c˜ao (2.25), κ ´e um n´umero real que desempenhar´a, mais adiante neste traba-lho, um papel muito importante: por estar associada diretamente com o formalismo de Kaniadakis, denominaremos ele de κ-parˆametro. A fun¸c˜ao real gκ(x) ´e qualquer fun¸c˜ao

arbitr´aria que observa as seguite propriedades (i) gκ(x)∈ R;

(ii) gκ(−x) = −gκ(x);

(iii) dxd [gκ(x)] > 0;

(iv) gκ(±∞) = ±∞

(v) g(x)≈ x quando x → 0. De (2.25), vemos ainda que

exp{κ}(x) = q 1 + [gκ(x)]2+ gκ(x) 1 κ = exp  1 κln q 1 + [gκ(x)]2+ gκ(x)  = exp  1 κsinh −1[g κ(x)]  .

Se gκ(x) = κx, portanto, seguindo todas as propriedades acima, vemos que

exp{κ}(x) = exp  1 κsinh −1[κx]  . (2.26)

(35)

2.6 κ-estat´ıstica deformada 19

A fun¸c˜ao expκ(x) possui propriedades um tanto interessantes: ela obedece a equa¸c˜ao (2.24) e quando κ → 0, lim

κ→0exp{κ}(x) → exp (x). Ela observa tamb´em a seguinte regra

de deriva¸c˜ao modificada (para mais detalhes, veja apˆendice A) d exp{κ}(x)

dx{κ} = exp{κ}(x) . (2.27)

´

E tamb´em oportuno e importante definir a fun¸c˜ao inversa de exp{κ}(x) atrav´es de

ln{κ}(x) = gκ−1  xκ− x−κ 2  , (2.28)

com gκ−1(x) sendo a fun¸c˜ao inversa de gκ(x) . Para gκ(x) = kx, ´e f´acil ver que gκ−1(x) = xk

e, portanto,

ln{κ}(x) = x

κ− x−κ

2κ . (2.29)

Obviamente, quando κ→ 0, ent˜ao lim

κ→0ln{κ}(x) = ln x. As fun¸c˜oes exp{κ}(x) e ln{κ}(x)

s˜ao denominadas de fun¸c˜oes exponencial e logar´ıtmica κ-deformadas.

2.6

κ-estat´ıstica deformada

Embasada na ´algebra e propriedades das fun¸c˜oes exponencial e logar´ıtmica deforma-das, a chamada κ-estat´ıstica ´e definida considerando que a densidade de entropia σκ(f )

de um sistema f´ısico ´e tal que

σκ(f ) =−

Z

df ln{κ}(αf ) , (2.30)

com α uma constante real positiva. A conex˜ao com o KIP ´e realizada observando que ln κ (f ) = ln{κ}(αf ) . Usando a defini¸c˜ao (2.21), temos que a entropia de um sistema f´ısico no ˆambito da estat´ıstica deformada ´e expressa como

S{κ} = Z

(36)

2.6 κ-estat´ıstica deformada 20

Lembrado que R dxndvnf (t, x, v) = N, a varia¸c˜ao do funcional K em (2.23),

δ [Sκ+ β (E− µN)] = 0 δ  − Z dxndvn Z df ln{κ}(αf ) + β Z dxndvn[U − µ] f  = 0 nos conduz a − ln{κ}(αf ) + β (µ− U) = 0. Portanto, f = 1 αexp{κ}(−ε) ,

onde ε = β (µ− U) . Quando α = 1 e κ → 0, vemos que f = exp (−ε): que ´e a distri-bui¸c˜ao estat´ıstica cl´assica. Adicionalmente, quando α = Z{κ} =R dvnexp

{κ}(−βU), ent˜ao

f = 1

Z{κ}exp{κ}(−βU) , (2.32)

onde, por analogia com a teoria cl´assica, Z{κ} ´e denomina de fun¸c˜ao de parti¸c˜ao κ-deformada. Ainda para o caso onde U = mv2/2, a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao em (2.32) toma a forma f =  βm|κ| π n 2  1 + 1 2n|κ|  Γ (1/2|κ| + n/4) Γ (1/2|κ| − n/4)exp{κ}  −β 2mv 2  , (2.33)

e constitui a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao generalizada para part´ıculas brownianas (veja figura 2.1).

(37)

2.6 κ-estat´ıstica deformada 21 0.45 0.30 0.15 0.0 2.5 5.0

f(v)

v

k = 0.0

k = 0.7

k = 1.0

Figura 2.1: Fun¸c˜oes de distribui¸c˜oes associadas `a densidade de entropia ln{κ}(αf ), com a

condi¸c˜ao de α = Z{κ} e U = mv22. Para κ = 0, f representa a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de

velocidades (v) para part´ıculas brownianas.

Um outro caso interessante decorrente da defini¸c˜ao (2.31), surge quando escolhemos ln (κ) = ln{κ}



1 1+ηf



. Quando isso ´e feito, a densidade de entropia σ (f ) se torna

σκ(f ) =− Z df ln{κ}  1 1 + ηf  .

A varia¸c˜ao do funcional K nos conduz, ent˜ao, ao seguinte resultado

f = 1

exp{κ}(ε)− η,

que, como demonstrado, cont´em como caso especial as distribui¸c˜oes de Bose-Einstein (η = +1) e de Fermi-Dirac (η =−1).

(38)

2.7 Conclus˜oes 22

2.7

Conclus˜

oes

A κ-estat´ıstica foi introduzida de maneira estruturada em 2001 pelo italiano George Kaniadakis [9]. Como mencionado no presente cap´ıtulo, ela constitui numa proposta de generaliza¸c˜ao para a mecˆanica estat´ıstica. Nesse cap´ıtulo, apresentamos de maneira b´asica, mas suficiente, as bases conceituais f´ısico-matem´aticas que fundamentam a cha-mada κ-estat´ıstica, essenciais no desenvolvimento deste trabalho. Complementando, e apesar da abordagem realizada (ponto de vista de uma colis˜ao bin´aria), esse novo forma-lismo generalizado pode tamb´em ser utilizado para abranger naturalmente sistemas f´ısicos dentro do contexto da relatividade especial [4]. Contudo, nesse trabalho vamos nos utilizar das ferramentas apresentadas aqui dentro de um contexto da teoria de informa¸c˜ao, mas numa abordagem de bloco [2] aplicada ao estudo da sequˆencia de nucleot´ıdeos associada a um determinado cromossomo da esp´ecie humana.

(39)

CAP´ITULO

3

An´

alise de conjuntos fractais tipo d

− (m, r) − Cantor no ˆambito

da κ-entropia de bloco

Dois dos objetivos deste trabalho s˜ao investigar e analisar sequˆencias polinucleot´ıdicas cromossˆomicas contidas no DNA humano atrav´es do conceito de entropia de informa¸c˜ao, mas no ˆambito de uma estat´ıstica n˜ao-convencional (cap´ıtulo 2). Tipicamente, o estudo da informa¸c˜ao (sua defini¸c˜ao e mensura¸c˜ao) pertence aos conte´udos da teoria de proba-bilidade. Todavia, a gˆenese dessa teoria est´a conectada `a f´ısica encerrada na estrutura estoc´astica dos equipamentos el´etricos de comunica¸c˜ao [10]. Quando no ˆambito da teoria de informa¸c˜ao, duas perguntas s˜ao pertinentes: o que ´e a informa¸c˜ao e como mensur´a-la? As respostas dessas perguntas podem ser obtidas de diversas maneiras, a depender da ´

area de pesquisa [11–15].

No intuito de responder essas quest˜oes, e por raz˜oes t´acitas, vamos recorrer a uma das disciplinas que incorpora naturalmente os conceitos dessa teoria: a f´ısica. Portanto, considere um sistema termodinˆamico (um daqueles tratados no cap´ıtulo 2) composto de N part´ıculas, cada uma delas podendo assumir valores discretos de energia tais como i, com

i = 1, 2, 3, .... Obviamente, a soma da energia total E do nosso sistema deve corresponder `a soma de todas as energias associadas `as part´ıculas do nosso sistema. Acontece que podem existir part´ıculas do nosso sistema que estejam associadas `a energia 1 ou 2, ou ainda 3,

(40)

24

enfim, as part´ıculas podem admitir quaisquer valores dentre os i’s. Designaremos por ni,

o n´umero de part´ıculas do nosso sistema que possuem energia i. Portanto, um estado

(microestado) do nosso sistema seria totalmente determinado se, al´em de informarmos os i’s, inform´assemos tamb´em quantas das N part´ıculas possuem energia 1, quantas

possuem energia 2, quantas possuem energia 3, e assim por diante.

Na pr´atica, tal realiza¸c˜ao ´e imposs´ıvel, para n˜ao dizer sup´erfluo: estamos tratando com um sistema termodinˆamico que por natureza possui um n´umero da ordem de 1023 ou 1024 part´ıculas. Devido `a impossibilidade de determinar o estado termodinˆamico a partir do estado dinˆamico das part´ıculas, a mecˆanica estat´ıstica, utilizando da vers´atil teoria de ensembles, nos fornece uma solu¸c˜ao brilhante para esse problema: em vez de tentar determinar em qual microestado est´a o sistema mencionado, vamos contar todos os microestados condizentes com N e E e, a partir disso, estabelecer regras que nos digam como determinar o estado termodinˆamico do sistema atrav´es do montante cor-respondente `a soma de todos os microestados acess´ıveis ao sistema. Rigorosamente, e a n´ıvel macrosc´opico, o sistema deve assumir um de seus estados acess´ıveis num instante de tempo t, no entanto, a impossibilidade de afirmarmos qual ´e esse estado, nos conduz a afirmar frequentemente que o sistema est´a simultaneamente em todos eles. Ent˜ao, um macroestado desse conjunto seria perfeitamente determinado se consegu´ıssemos informar todos os i e ni para esse conjunto de sistemas.

Na verdade, existem v´arias maneiras de distribuir os i’s entre os sistemas

menciona-dos: cada uma dessas possibilidades ´e denominada de microestado. A n´ıvel macrosc´opico, o sistema deve assumir um desses microestados; por´em, devido `a impossibilidade de de-termin´a-lo, supomos que o sistema pode ser encontrado simultaneamente em todos eles.

Contar o n´umero de microestados acess´ıveis a um sistema ´e deveras vi´avel. Todavia, uma vez de posse desse montante, a quest˜ao primordial segue: como determinar o estado macrosc´opico de um sistema atrav´es desse total? Boltzmann [16], postulou que isso ´e realiz´avel atrav´es da quantidade f´ısica entropia, definida matematicamente aqui como

S = kBln Ω,

com Ω o n´umero total de microestados acess´ıveis ao sistema. Para sistemas em equil´ıbrio termodinˆamico, Boltzmann ainda nos diz que S deve admitir o seu maior valor condizente

(41)

3.1 Fractais: conjuntos tipo (m, r)-Cantor 25

com seus v´ınculos: isto ´e chamado de postulado da m´axima entropia.∗

No jarg˜ao da teoria de informa¸c˜ao, a entropia pode ser interpretada como uma medida do qu˜ao grande ´e nossa ignorˆancia em rela¸c˜ao a qual dos microestados corresponde o estado macrosc´opico do sistema. Isso acontece devido ao fato de conhecermos apenas as chances (as probabilidades) de encontrar o sistema num ou outro estado micosc´opico. Ainda, se supormos que exista uma quantidade (f´ısica e/ou matem´atica) que se conserva, composta pela soma da “informa¸c˜ao” mais a “desinforma¸c˜ao”, a entropia representaria esta ´ultima (poss´ıvel defini¸c˜ao de informa¸c˜ao).

De uma maneira ainda mais simples, considere o exemplo das chances de chover num determinado dia. Se a probabilidade de precipita¸c˜ao aumenta `a medida que o tempo passa, significa que cada vez mais temos `a certeza de que “vai chover”, frente a certeza de que “n˜ao vai chover”. Nesse caso, `a medida que o tempo passa a perda de informa¸c˜ao vai se tornado cada ver mais branda, pois, o nosso sistema, composto de dois estados acess´ıveis (chover e n˜ao chover), cada vez mais vai se confirmando como estando no estado “vai chover”: em outras palavras, a entropia vai diminuindo e a informa¸c˜ao vai aumentando. O mesmo ocorrer´a se a probabilidade de “n˜ao chover” for aumentando durante o passar do tempo. Por outro lado, quando as probabilidades correspondentes aos dois eventos acess´ıveis ao sistema v˜ao se equiparando (igualdade `a priori), a entropia vai aumentando at´e atingir o seu m´aximo. Nesse m´aximo, a informa¸c˜ao que podemos tirar do sistema - a respeito de qual dos seus microestados ´e mais prov´avel - ´e a m´ınima poss´ıvel.

Inteirados dessas ideias, abordaremos nas se¸c˜oes seguintes estruturas fractais do tipo d-(m, r)-Cantor. Muitos dos procedimentos adotados ao longo das pr´oximas se¸c˜oes deste cap´ıtulo, ser˜ao utilizados em cap´ıtos posteriores quando do tratamento de sequˆencias polinucleot´ıdicas.

3.1

Fractais: conjuntos tipo (m, r)-Cantor

Fractais s˜ao formas geom´etricas que possuem propriedades sim´etricas associadas a invariˆancia sob dilata¸c˜ao ou contra¸c˜ao. Suas principais caracter´ısticas s˜ao

autosimilari-∗Adicionalmente, devemos supor tamb´em, ainda de acordo com Boltzmann, que o sistema possui as

(42)

3.1 Fractais: conjuntos tipo (m, r)-Cantor 26

dade, autoafinidade e, principalmente, dimens˜ao n˜ao inteira. Segundo o pai do formalismo fractal, B. B. Mandelbrot, um dos principais objetivos dos fractais ´e descrever formas geom´etricas n˜ao euclidianas [17, 18]. Todavia, como todo formalismo bem alicer¸cado, os fractais logo extrapolaram as fronteiras que continham seus objetos iniciais de estudo, e logo se tornaram mat´eria interdisciplinar, abrangendo todos os principais ramos das ciˆencias. Como a aplicabilidade dos fractais ´e bastante abrangente na atualidade, bas-tando uma simples pesquisa na literatura para provar isso, nos restringimos a mencionar apenas alguns trabalhos relevantes como: os de Stanley e Meakin [19], que conecta o fenˆomeno multifractal com a mecˆanica estat´ıstica; o de Halsey [20], na ´area de fenˆomeno cr´ıticos; e o de Tsallis, que fundamenta seu formalismo estat´ıstico generalizado beseado nessa nova geometria [21].

As se¸c˜oes subsequentes deste cap´ıtulo s˜ao baseadas, ent˜ao, no formalismo empregado no estudo dos fractais com ˆenfase nos chamados fractais de Cantor. Num primeiro mo-mento, faremos isso de forma intuitiva, depois, a um n´ıvel de rigor suficiente de modo a dar suporte `as an´alises e resultados obtidos neste.

3.1.1

Fun¸

ao de probabilidade para conjuntos tipo d-(m, r)-Cantor

Se tomarmos uma barra de comprimento unit´ario l = 1, e a dividimos em trˆes partes iguais, cada um dos peda¸cos ter´a comprimento igual a 1/3 do comprimento original. Se retirarmos uma dessas partes do conjunto, o peda¸co do meio por exemplo, sobrar´a 2/3 do tamanho da barra original. Aplicando esse mesmo procedimento a cada 1/3 dos 2/3 de barra restante, constataremos que sobrar˜ao somente 4/9 da barra original. Poder´ıamos continuar com esse procedimento indefinidamente: todavia, ao processo de dividirmos a barra em trˆes, ou um dos peda¸cos em trˆes, e depois retirarmos a parte central, denominamos de dizima¸c˜ao.

Para indicar que procedemos uma ´unica vez com o processo de dizima¸c˜ao, e assim gerando os 2/3 de barra inicial, diremos que geramos a primeira gera¸c˜ao, N = 1: o com-primento de cada segmento nessa gera¸c˜ao ´e l = (1/3)1 = 1/3. De maneira semelhante, para indicar que procedemos uma segunda vez com o processo de dizima¸c˜ao nos 2/3 de barra restante, diremos que estamos no ˆambito da segunda gera¸c˜ao N = 2, sendo o com-primento de cada peda¸co igual a l = (1/3)2. Em geral, se procedermos N vezes com o

(43)

3.1 Fractais: conjuntos tipo (m, r)-Cantor 27

processo de dizima¸c˜ao, geraremos a N -´esima gera¸c˜ao, cujo comprimento de cada segmento de barra ser´a determinado atrav´es de l = (1/3)N (veja figura 3.1).

Região dizimada 0 L = 2 1 L = 2 2 L = 2 N = 0 N = 1 N = 2 0 1/9 2/9 3/9 6/9 7/9 8/9 1 0 l =( 1/3) 1 l =( 1/3) 2 l =( 1/3)

Figura 3.1: Constru¸c˜ao do conjunto (2, 3)-Cantor por dizima¸c˜ao. Para N = 0, n˜ao h´a

di-zima¸c˜ao, portanto, a barra possui seu comprimento original aqui. Quando N = 1, o processo

de dizima¸c˜ao opera dividindo a barra (em N = 0) em trˆes peda¸cos iguais e, em seguida, dizima

a terceira parte central indicada nesta figura com N = 1. Para N = 2, enfatiza-se o processo de dizima¸c˜ao que resulta na segunda gera¸c˜ao (retˆangulo tracejado). Os n´umeros que aparecem

logo abaixo das barras, 0, 1/9, 2/9, 3/9, 6/9, 7/9, 8/9 e 1, correspondem `as coordenadas das

extremidades das barras em cada gera¸c˜ao. Indicamos na figura tamb´em parˆametros importantes

que ser˜ao utilizados mais adiante como: o comprimento l de cada segmento de barra (`a direita

da figura) e L, o n´umero total de segmentos de barra que restam ap´os processo de dizima¸c˜ao (`a esquerda) referentes a cada gera¸c˜ao N .

Para uma determinada gera¸c˜ao, se atribuirmos coordenadas `as extremidades de cada segmento de barra, podemos de maneira arbitr´aria dizer que as coordenadas das extremi-dades da barra na gera¸c˜ao zero (N = 0) s˜ao 0 e 1; na primeira gera¸c˜ao (N=1), as barras possuem coordenadas 0, 1/3 2/3 e 1; seguindo, na segunda gera¸c˜ao, essas coordenadas ser˜ao 0, 1/9, 2/9, 3/9, 6/9, 7/9, 8/9 e 1; o mesmo racioc´ınio pode ser empregado para as outras gera¸c˜oes. Para N → ∞, a barra ter´a sofrido um n´umero t˜ao grande de di-zima¸c˜oes que seu aspecto se assemelhar´a a um p´o: a poeira de Cantor. Nesse limite, a poeira de Cantor corresponde a um fractal com dimens˜ao fractal df exatamente igual a

ln 2/ ln 3 [22].

Outra maneira de construir conjuntos de Cantor, mais ´util para os nossos prop´ositos, ´e atrav´es das regras de itera¸c˜ao. Assim, por exemplo, considere a primeira gera¸c˜ao (N = 1) como exibido na figura 3.2. Vamos associar o algarismo 1 a cada uma das barras n˜ao

(44)

3.1 Fractais: conjuntos tipo (m, r)-Cantor 28

dizimadas e 0 a cada uma daquelas dizimadas: portanto, se fˆossemos representar essa gera¸c˜ao atrav´es dos algarismos indicados, ter´ıamos que a primeira gera¸c˜ao poderia ser representada atrav´es da sequˆencia (1 0 1); a segunda gera¸c˜ao seria representada por (1 0 1 0 0 0 1 0 1); e assim por diante. Uma maneira simples de reproduzir a gera¸c˜ao seguinte atrav´es de uma da gera¸c˜ao, ´e trocar 1 por 101 e 0 por 000: simbolicamente, 1→ 101 e 0 → 000. Essa regras s˜ao denominadas de regras de itera¸c˜ao para um conjunto tipo (2,3)-Cantor.†. N = 0 N = 1 N = 2 1 1 0 1 1 0 1 0 0 0 1 0 1 N = 3 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 1 0 1

Figura 3.2: Constru¸c˜ao do conjunto (2, 3)-Cantor por regras de itera¸c˜ao. Partindo

da gera¸c˜ao zero, onde a barra de comprimento unit´ario est´a associada ao n´umero 1, a regra de itera¸c˜ao sugere que primeira gera¸c˜ao vai ser gerada atrav´es da substitui¸c˜ao 1→ 101; partindo da primeira gera¸c˜ao, a segunda gera¸c˜ao ser´a gerada quando cada algarismo 1 for trocado por 101 e

o algarismo 0 por 000; a aquisi¸c˜ao da terceira gera¸c˜ao segue o mesmo esquema. O conjunto de

regras 1→ 101 e 0 → 000 s˜ao denominadas de regras de itera¸c˜ao e est˜ao, neste caso, associadas

unicamente ao conjunto (2, 3)-Cantor.

Simbolicamente, quando nos referimos `as regras de itera¸c˜ao mencionadas at´e agora para fractais de Cantor, escrevemos (2, 3)-Cantor, onde o parˆametro m = 2 est´a asso-ciado ao n´umero de segmentos que sobram quando um determinado segmento de barra ´e submetido ao processo de dizima¸c˜ao, ou a quantidade de algarismos 1 resultante da itera¸c˜ao 1 → 101 e, complementado, r = 3 est´a relacionado `a maneira de como devemos dividir um determinado segmento (no caso, em trˆes partes iguais) de barra antes de pro-ceder com a dizima¸c˜ao. Outras regras de itera¸c˜ao podem ser sugeridas, mas sempre com a mesma l´ogica: portanto, estudaremos aqui conjuntos generalizados (m, r)-Cantor (mais

Para esse mesmo conjunto, podemos utilizar as regras 1 → 110 e 0 → 000; obviamente, do ponto

vista de um processo de dizima¸c˜ao, estamos dividindo as barras em cada gera¸c˜ao por trˆes e eliminando a mais `a direita

(45)

3.1 Fractais: conjuntos tipo (m, r)-Cantor 29

tarde, d-(m, r)-Cantor, onde d = 1, 2, 3 ´e a dimens˜ao topol´ogica [23]), onde tomaremos uma barra unit´aria, dividiremos ela em r partes, e subtrairemos r− m partes. Tamb´em, no limite onde N → ∞, obtemos conjuntos (m, r)-Cantor, cuja dimens˜ao fractal vale df = ln mln r [22].

3.1.2

Fun¸

ao de probabilidade para conjuntos tipo (m,r)-Cantor

Considere que a transmiss˜ao de uma informa¸c˜ao seja codificada atrav´es de uma fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de probabilidade associada `as seguintes medidas: 1 0 1 0 0 0 1 0 1; portanto, baseado num conjunto (2, 3)-Cantor. Se essa informa¸c˜ao for transmitida de forma a enviar um d´ıgito por vez (s = 1), a probabilidade do algarismo 1 ser transmitido ´e p1(s = 1) = 49;

consequentemente, a probabilidade do algarismo 0 ser transmitido ´e p0(s = 1) = 59. Por

outro lado, se tivermos a inten¸c˜ao de enviar uma informa¸c˜ao em pacotes de trˆes algarismos (s = 3), de tal modo que esse pacote seja composto por [1 0 1] ou por [0 0 0], retirados do conjunto de medidas anteriores, vemos que p1(s = 3) = 23 e p0(s = 3) = 13, associadas

(as probabilidades) aos pacotes [1 0 1] e [0 0 0] respectivamente. Podemos ainda ter a possibilidade de que essa informa¸c˜ao seja transmitida em pacotes (blocos) contendo s = 9 algarismos: nesse caso, obviamente, temos que p1(s = 9) = 1, sendo essa probabilidade

associada ao bloco [1 0 1 0 0 0 1 0 1]. ´

E importante observar que a transmiss˜ao da informa¸c˜ao pode ser realizada de trˆes maneiras distintas: envio de um algarismo por vez (s = 1), de trˆes algarismos por vez (s = 3) e de nove algarismo por vez (s = 9)‡. Quando isso acontece, dizemos que a informa¸c˜ao ´e enviada atrav´es de blocos [24] de tamanho s = 1, s = 3 ou s = 9. Observe que todos os valores que s admite s˜ao potˆencia de base trˆes, ou mais geral, potˆencias de base r. Ent˜ao, dessa maneira, podermos associar probabilidades aos parˆametros de um conjunto (m,r)-Cantor. §.

Como veremos, a depender da gera¸c˜ao que consideramos, existem outras maneiras (pacotes) de enviar

a informa¸c˜ao

§A informa¸c˜ao poderia ter sido enviada tamb´em em blocos de tamanho s = 2, s = 4, s = 7, etc.

Obviamente, fazendo isso da maneira como apresentada, em blocos de tamanho s = rσ, sendo σ um

(46)

3.1 Fractais: conjuntos tipo (m, r)-Cantor 30

De maneira geral, para uma determinada gera¸c˜ao N , associada a um conjunto fractal (m, r)-Cantor, a probabilidade p1[s] de enviarmos um conjunto de dados com as

especi-fica¸c˜oes mencionadas anteriormente, ´e dada por

p1[s] = hm r iN−σ , (3.1) e p0[s] = 1− hm r iN−σ , (3.2)

com s = rσ e L = rN, sendo σ = 0, 1, 2, 3, ..., N . No caso em que m = 2, r = 3, com

s = 1 e N = 0, devemos observar que p1 est´a associado `a probabilidade de envio do bloco

[1], que nesse caso ´e igual p1 = 1. Tamb´em, temos que observar que nesse caso n˜ao faz sentido determinar p1 quando s > 1, uma vez que na referida gera¸c˜ao o ´unico tamanho

de bloco permitido ´e s = 1. Seguindo, quando N = 1 e s = 1 (com r = 3 e m = 2 ainda), p1 na express˜ao (3.1) se refere `a probabilidade de enviarmos o bloco [1], que nesse

caso ´e p1 = 2/3; por´em, nessa gera¸c˜ao existe tamb´em a probabilidade de enviarmos o bloco [0] que, de acordo com a express˜ao (3.2), ´e p0 = 1/3. Diferentemente da gera¸c˜ao

zero, para N = 1 podemos especular `a respeito do envio da informa¸c˜ao em blocos de tamanho s = 3. Nesse caso p1[3] = 1, pois nessa gera¸c˜ao s´o haver´a a ocorrˆencia de um

´

unico bloco compat´ıvel com s = 3, a saber, o bloco [101]: todavia, para N = 1, n˜ao faz sentido ponderar `a respeito do envio da informa¸c˜ao em pacotes de tamanho maior que 3, visto que essa gera¸c˜ao possui um total de L = 3 d´ıgitos. Utilizando essa l´ogica, e f´acil ver que para N = 2, a equa¸c˜ao (3.1) descrever´a a probabilidade de envio informa¸c˜ao em blocos de tamanho s = 1, 3, 9. Nesse caso, ´e importante mencionar que quando s = 3, a informa¸c˜ao pode ser enviada em atrav´es dos blocos [101] e [000], descritos pelas proba-bilidades p1[s = 3] = 2/3 e p0[s = 3] = 1/3 respectivamente. E no caso em que s = 9,

p1[s = 9] = 1, que est´a obviamente relacionada ao envio do bloco [101000101]. Nesse

sen-tido, podemos afirmar que, para uma da gera¸c˜ao N , a quantidade m´axima de algarismos que podemos enviar numa determinada sequˆencia, ocorre quando s = L e a quantidade m´ınima quando s = 1.

Referências

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