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Avaliação nutricional e das atividades anticolinesterásica, antifúngica e antioxidante de produtos obtidos de pescados marinhos do Estado do Ceará.

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Academic year: 2021

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

SÉFURA MARIA ASSIS MOURA

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E DAS ATIVIDADES ANTICOLINESTERÁSICA, ANTIFÚNGICA E ANTIOXIDANTE DE PRODUTOS OBTIDOS DE PESCADOS

MARINHOS DO ESTADO DO CEARÁ

FORTALEZA 2019

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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E DAS ATIVIDADES ANTICOLINESTERÁSICA, ANTIFÚNGICA E ANTIOXIDANTE DE PRODUTOS OBTIDOS DE PESCADOS

MARINHOS DO ESTADO DO CEARÁ

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Biotecnologia. Área de concentração: Biotecnologia Industrial. Orientador: Prof. Dr. José Osvaldo Beserra Carioca.

Coorientadora: Profa. Dra. Selene Maia de Morais.

FORTALEZA 2019

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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E DAS ATIVIDADES ANTICOLINESTERÁSICA, ANTIFÚNGICA E ANTIOXIDANTE DE PRODUTOS OBTIDOS DE PESCADOS

MARINHOS DO ESTADO DO CEARÁ

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Biotecnologia da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Biotecnologia. Área de concentração: Biotecnologia Industrial.

Aprovada em: 28/ 01/ 2019.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________ Prof. Dr. José Osvaldo Beserra

Carioca (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_______________________________ Prof. Dr. André Luis Coelho da Silva Universidade Federal do Ceará (UFC)

_______________________________ Prof. Dr. Gandhi Rádis Baptista Universidade Federal do Ceará (UFC)

_______________________________ Profa. Dra. Selene Maia de Morais

(Co-orientadora)

Universidade Estadual do Ceará (UECE)

_______________________________ Profa. Dr. Ícaro Gusmão Pinto Vieira

Universidade Estadual do Ceará (UECE)

_______________________________ Profa. Dra. Sandra Maria Lopes dos

Santos

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

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À Deus.

Aos meus pais, Zita e Jesu. Ao meu esposo Aureliano.

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À Deus e à Nossa Mãe, Maria Santíssima, por tantas graças e bênçãos alcançadas em minha vida.

Ao Professor Dr. José Osvaldo Beserra Carioca, pela orientação, confiança, compreensão e por colocar-se sempre a disposição.

À Professora Dra. Selene Maia de Morais, pelos ensinamentos, orientação com competência e dedicação. Pela forma acolhedora e humana que trata seus orientandos.

Aos membros da banca, Prof. Dr. André Luis Coelho da Silva, Prof. Dr. Gandhi Rádis Baptista, Prof. Dr. Ícaro Gusmão Pinto Vieira e a Profa. Dra. Sandra Maria Lopes dos Santos, pela contribuição na análise da tese e valiosas considerações.

À Renorbio, UFC, UECE, IFCE, CNPq e CAPES.

À equipe do Laboratório de Química de Produtos Naturais - LQPN, que trabalham com tanta dedicação, empenho e disponibilidade a ajudar sempre.

Aos “anjos”, em forma de pessoas, que Deus colocou na hora certa, e nos momentos certos, me ajudando, me dando força e contribuindo para que tudo se realizasse conforme a Sua vontade (foram muitos).

Aos meus amigos, alunos, colegas de trabalho, familiares e a todas as pessoas que me incentivaram e ajudaram de alguma forma.

Aos meus pais Jesu e Zita, e às minhas irmãs Débora e Sara, meu primeiro núcleo familiar, onde aprendi o verdadeiro significado das palavras amor e determinação. Ao meu esposo Aureliano que não mediu esforços, sempre que necessário, para que tudo se concretizasse. Obrigado pelo companheirismo, incentivo e paciência. E aos meus filhos, Samuel e Rebeca, minha fonte de alegria, de inspiração e de amor.

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“O Senhor é meu pastor, nada me faltará.” (Salmo 23:1)

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O peixe, além de ser uma alternativa alimentar de alto valor nutritivo, é considerado um alimento funcional, principalmente devido a presença de ácidos graxos poli-insaturados. Há uma grande variedade de peixes na costa marítima cearense. Alguns são comercialmente importantes, porém, outros são desvalorizados do ponto de vista comercial e principalmente nutricional. Dessa forma, objetivou-se com este trabalho realizar o estudo de doze espécies de peixes marinhos capturados na costa cearense, avaliando o valor nutricional dos peixes e o potencial biotecnológico de seus subprodutos. As espécies estudadas foram: Balistes capriscus (cangulo),

Cephalopholis fulva (piraúna), Ginglymostoma cirratum (tubarão lixa), Haemulon aurolineatum (sapuruna), Haemulon plumieri (biquara), Haemulon parrai (cambuba), Lutjanus synagris (ariacó), Malacanthus plumieri (pirá), Myripristis jacobus (mariquita), Scomberomorus cavalla (cavala), Scomberomorus brasiliensis (serra) e Sparisoma chrysopterum (bodião). Realizou-se a determinação da composição centesimal e valor

calórico dos filés dos peixes, prosseguindo com a determinação da composição mineral dos filés e das cabeças, através da Espectrometria de Absorção Atômica. Os óleos obtidos da carne dos pescados foram transmetilados, caracterizados por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massa e avaliados quanto a atividade anticolinesterásica. A gelatina da pele de B. capriscus foi extraída, caracterizada por Espectroscopia de Infravermelho e Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio e avaliada quanto as atividades anticolinesterásica, antifúngica e antioxidante. Todas as espécies analisadas demonstraram importante valor nutricional e conteúdos de Ca, P, Fe e Zn, especialmente nas cabeças. Os óleos de

H. plumieri, L. synagris e S. cavalla apresentaram porcentuais expressivos de ácidos

graxos poli-insaturados, assim como as mais potentes atividades anticolinesterásicas, podendo contribuir para o tratamento ou prevenção da doença de Alzheimer. A gelatina da pele de B. capriscus, com porcentual de proteínas de 61%, demonstrou atividades anticolinesterásica, antifúngica e antioxidante.

Palavras-chave: Peixes marinhos. Valor nutricional. Ácidos graxos poli-insaturados. Doença de Alzheimer. Gelatina da pele.

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Fish should be considered as a functional food, in addition to being a high nutritional value alternative, mainly due to the presence of polyunsaturated fatty acids. Ceará State has a vast coastline with a great variety of fish. Some species are commercially important; however, others are devalued from a commercial and mainly nutritional point of view. Thus, the objective of this work was to study twelve species of marine fish caught on the coast of Ceará, evaluating the nutritional value of the fish and the biotechnological potential of its by-products. The species studied were: Balistes

capriscus (grey triggerfish), Cephalopholis fulva (coney), Ginglymostoma cirratum

(nurse shark), Haemulon aurolineatum (tomtate grunt), Haemulon parrai (chere-chere grunt), Haemulon plumieri (white grunt), Lutjanus synagris (lane snapper),

Malacanthus plumieri (sand tilefish), Myrispristes jacobus (blackbar soldierfish), Scomberomorus brasiliensis (serra Spanish mackerel), Scomberomorus cavalla (king

mackerel) and Sparisoma chrysopterum (gray Parrotfish). The determination of the centesimal composition and calorific value of the fish fillets was carried out, followed by determination of the mineral composition of the fillets and heads, through Atomic Absorption Spectrometry.The oils were extracted, transmethylated, characterized by Gas Chromatography coupled to Mass Spectrometer and evaluation of anticholinesterase activity. And the gelatin of B. capriscus skin was extracted, characterized by Infrared Spectroscopy and Nuclear Magnetic Resonance of Hydrogen and evaluated for anticholinesterase, antifungal and antioxidant activities. All the analyzed species showed high Ca, P, Fe and Zn contents, especially in the heads. The oils of H. plumieri, L. synagris and S. cavalla presented expressive percentages of polyunsaturated fatty acids, as well as the most potent anticholinesterase activities, which may contribute to the prevention or treatment of Alzheimer's disease. And the gelatine of B. capriscus obtained from the skin showed a protein percentage of 61%, with anticholinesterasic, antifungical and antioxidant activities.

Keywords: Marine fish. Nutritional value. Polyunsaturated fatty acids. Alzheimer's disease. Gelatin skin.

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Figura 1 - Representação das estruturas dos ácidos graxos poli-insaturados EPA e DHA... 22 Figura 2 - Biossíntese dos ácidos graxos poli-insaturados... 24 Figura 3 - Representação da estrutura da acetilcolina... 27 Figura 4 - Representação das estruturas dos fármacos utilizados no

tratamento da doença de Alzheimer... 28 Figura 5 - Representação esquemática da estrutura da molécula do

colágeno tipo I... 30

Figura 6 - Representação das estruturas dos

glicosaminoglicanos... 31 Figura 7 - Fotografia do Cangulo (Balistes capriscus) em seu habitat natural

(A) e após captura (B)... 33 Figura 8 - Fotografia do Piraúna (C. fulva) em seu habitat natural (A) e após

captura (B)... 35 Figura 9 - Fotografia do Tubarão lixa (G. cirratum) em seu habitat natural (A)

e após captura (B) ... 36 Figura 10 - Fotografia do Sapuruna (H. aurolineatum) em seu habitat natural

(A) e após captura (B) ... 38 Figura 11 - Fotografia do Cambuba (H. parrai) em seu habitat natural (A) e

após captura (B)... 40 Figura 12 - Fotografia do Biquara (H. plumieri) em seu habitat natural (A) e

após captura (B)... 41 Figura 13 - Fotografia do Ariacó (L. synagris) em seu habitat natural (A) e após

captura (B)... 42 Figura 14 - Fotografia do Pirá (M. plumieri) em seu habitat natural (A) e após

captura (B)... 43 Figura 15 - Fotografia do Mariquita (M. jacobus) em seu habitat natural (A) e

após captura (B)... 44 Figura 16 - Fotografia do Serra (S. brasiliensis) em seu habitat natural (A) e

após captura (B)... 45 Figura 17 - Fotografia do Cavala (S. cavalla) em seu habitat natural (A) e

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e após captura (B)... 47 Figura 19 - Perfil eletroforético (SDS-PAGE) da gelatina extraída da pele de B.

capriscus... 100 Figura 20 - Espectro de Infravermelho da gelatina extraída da pele de B.

capriscus... 102 Figura 21 - Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio da

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Tabela 1 - Composição e valor energético total em 100g do tecido muscular de peixes do Nordeste do Brasil... 63 Tabela 2 - Composição de macrominerais da carne de peixes consumidos no

Ceará, Nordeste do

Brasil... 66 Tabela 3 - Composição de macrominerais da cabeça de peixes consumidos

no Ceará, Nordeste do

Brasil... 67 Tabela 4 - Composição de microminerais da carne de peixes consumidos no

Ceará, Nordeste do

Brasil... 70 Tabela 5 - Composição de microminerais da cabeça de peixes consumidos

no Ceará, Nordeste do

Brasil... 71 Tabela 6 - Teor lipídico de diferentes espécies de peixes do estado do

Ceará/Brasil... 82 Tabela 7 - Composição dos ácidos graxos, expressos como porcentagens,

dos óleos dos filés de peixes do estado do Ceará/Brasil... 83 Tabela 8 - Composição dos ácidos graxos, expressos como porcentagens,

do óleo de peixe industrializado... 86 Tabela 9 - Atividade inibidora da acetilcolinesterase dos óleos dos filés de

peixes do estado do Ceará/Brasil... 87 Tabela10 - Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Fungicida

Mínima (CFM) da gelatina obtida da pele de B. capriscus contra fungos Candida spp... 104

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AA Ácido alfa-linolênico

ACh Acetilcolina

AChE AGI

Acetilcolinesterase

Ácidos graxos insaturados AGMI Ácidos graxos monoinsaturados AGPI

Ala Arg Asp

Ácidos graxos poli-insaturados Alanina

Arginina

Ácido aspártico

BSA Albumina de soro bovino AGS Ácidos graxos saturados

CG/MS Cromatografia gasosa/Espectrometria de Massa

DA Doença de Alzheimer

DHA Ácido Docosahexaenóico EPA Ácido Eicosapentaenóico ERO’S Espécies reativas de oxigênio

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations FDA Food and Drug Administration

GAG’s Gly Hyp Glicosaminoglicanos Glicina Hidroxiprolina IAChE Ile Inibidores da acetilcolinesterase Isoleucina IV KI Leu Lys Phe Pro Infravermelho Índice Kovats Leucina Lisina Fenilalanina Prolina RMN1H Thr

Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio Treonina

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1 INTRODUÇÃO GERAL... 15

2 OBJETIVOS... 17

3 REVISÃO DE LITERATURA... 18

4 VALOR NUTRICIONAL DE ESPÉCIES DE PEIXES DA COSTA DO ESTADO DO CEARÁ, NORDESTE DO BRASIL... 58

5 PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS E ATIVIDADE ANTICOLINESTERÁSICA DE ÓLEOS DE PEIXES DO NORDESTE DO BRASIL... 76

6 EXTRAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTICOLINESTERÁSICA, ANTIFÚNGICA E ANTIOXIDANTE DA GELATINA DA PELE DO PEIXE B. CAPRISCUS... 93

7 CONCLUSÕES... 110

8 PERSPECTIVAS... 111

REFERÊNCIAS... 112

APÊNDICE A - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Balistes capriscus... 128

APÊNDICE B - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Cephalopholis fulva... 129

APÊNDICE C - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Ginglymostoma cirratum... 130

APÊNDICE D - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Haemulon aurolineatum... 131

APÊNDICE E - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Haemulon plumieri... 132

APÊNDICE F - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Lutjanus synagris... 133

APÊNDICE G - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Malachantus plumieri... 134 APÊNDICE H - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Myrispristes jacobus 135

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APÊNDICE J - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Scomberomorus

cavalla... 137 APÊNDICE K - CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE Sparisoma

axiliare... 138 APÊNDICE L CROMATOGRAMA DO ÓLEO DE PEIXE INDUSTRIALIZADO... 139 ANEXO A – CÓPIA DO E-MAIL DE SUBMISSÃO DO ARTIGO “VALOR NUTRICIONAL DE ESPÉCIES DE PEIXES DA COSTA DO ESTADO DO CEARÁ”... 140 ANEXO B - CÓPIA DO E-MAIL DE SUBMISSÃO DO ARTIGO “PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS E ATIVIDADE ANTICOLINESTERÁSICA DE ÓLEOS

DE PEIXES DO NORDESTE DO

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1 INTRODUÇÃO

Do ponto de vista nutricional, o peixe é considerado um importante alimento na dieta humana, apresentando as mesmas proporções de proteínas que as carnes bovinas, suínas e de aves, porém de qualidade superior, e altamente digerível (VIANA et al., 2013). É uma fonte valiosa de cálcio e fósforo, apresentando ainda quantidades razoáveis de outros minerais como sódio, potássio, ferro, zinco, manganês, magnésio, cobre, cobalto e iodo (BOGARD et al., 2015; CONTRERAS-GUZMÁN, 1994).

O valor nutricional dos peixes e a divulgação de estudos que associa a melhorias a saúde têm causado um aumento de interesse por esse alimento. Segundo Mohanty et al. (2017), nos países em desenvolvimento a dependência do peixe como importante reserva protéica na nutrição humana é ainda maior, tendo em vista que tem uma vantagem sobre outros produtos animais e vegetais: ocorre em grande número de espécies, e variam significativamente em seu preço, sendo acessível a todos os grupos de pessoas. Além de ser uma rica fonte de óleos benéficos para a saúde, contendo ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) e micronutrientes.

Diversos estudos comprovam a presença dos AGPI, especialmente os ácidos eicosapentaenóico (EPA-C20:5) e docosahexaenóico (DHA-C22:6) da série ômega 3 (ω-3) nos peixes marinhos, e relacionam o consumo dos peixes ou dos óleos dos peixes a numerosos benefícios à saúde humana, especialmente à prevenção e ao tratamento de doenças cardiovasculares, hipertensão, câncer, inflamações e demência em idosos (CALDER; YAGOOB, 2009; CARMO; CORREIA, 2009; COCKBAIN et al., 2012; VIANA et al., 2016; NISHIHIRA et al., 2016; SUSHCHIK et al., 2017).

Uma menor incidência da doença de Alzheimer é associada ao consumo regular de peixes em estudos observacionais de idosos (BARBERGER-GATEAU et. al., 2007, MORRIS et al., 2003).

A composição do peixe varia em função de numerosos fatores: espécie a que pertence, meio em que vive, tipo de alimentação, época de captura, peso, entre outros. A fração lipídica é a que mais oscila, inclusive ao longo do ciclo de vida em uma mesma espécie (ANDRADE et al., 2009, SARTORI; AMANCIO, 2012).

Popularmente, algumas partes do peixe, como a pele ou a espinha, também são utilizadas para o tratamento de doenças como reumatismo, câncer, inflamações, bronquite, asma e outras (BARBOZA et al., 2014; ALVES; ALVES, 2011).

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A gelatina extraída da pele de peixes é considerada um importante biopolímero que tem uma aplicação muito ampla na indústria de alimentos e farmacêutica, como filmes para a produção de embalagens biodegradáveis, material de parede na produção de cápsulas e micropartículas, e para novas aplicações, como alimentos funcionais (GÓMEZ-GUILLÉN et al., 2002; KARIM; BHAT, 2009; ZHOU; REGENSTEIN, 2007)

Assim, além da parte mais nobre do peixe, o filé, as outras partes que são comumente descartadas, como a cabeça e a pele devem ser investigadas, pois além do valor nutricional, os peixes podem ser fontes promissoras de substâncias para a indústria alimentícia e farmacêutica (COSTA-LOTUFO et al., 2009; NJINKOUE et al., 2016).

Alguns pescados regionais são mais comercializados e consumidos pela população, como a cavala (Scomberomorus cavalla), serra (Scomberomorus

brasiliensis), ariacó (Lutjanus synagris), biquara (Haemulon plumieri), etc. Porém,

outros, por serem menores, conterem mais espinhas, gordura, possuir formato diferenciado, sabor intenso ou por outros motivos diversos, são desvalorizados. E segundo Martins e Oetterer (2010), em geral, o valor comercial está mais relacionado a questões mercadológicas, culturais e sensoriais do que a sua qualidade nutricional. O nordeste brasileiro possui uma grande variedade biológica, e por ser uma região banhada pelo oceano Atlântico, organismos marinhos como as algas, invertebrados e os peixes, são uma grande riqueza da região.

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2 OBJETIVOS

Objetivo Geral

Avaliar o valor nutricional e realizar o estudo químico e identificar atividades biológicas de produtos extraídos de peixes capturados na costa cearense, analisando o potencial biotecnológico das espécies.

Objetivos Específicos

● Determinar a composição centesimal (umidade, proteínas, lipídeos, carboidratos e cinzas) em base úmida, e valor calórico da carne dos peixes.

● Analisar o conteúdo de macro e microminerais dos filés e das cabeças das espécies. ● Determinar o perfil de ácidos graxos dos óleos extraídos dos peixes.

● Verificar a atividade inibidora da enzima acetilcolinesterase dos óleos.

● Comparar o perfil dos óleos e a atividade de inibição da enzima com óleo de peixe comercial.

● Extrair a gelatina da pele de B. capriscus e realizar a caracterização química; ● Determinar as atividades anticolinesterásica, antifúngica e antioxidante da gelatina da pele de B. capriscus.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

A produção do pescado no mundo, no Brasil e no Nordeste

Segundo o 1º. Anuário Brasileiro da Pesca e Aquicultura (ACEB, 2014), o Brasil apresenta ótimas condições para o desenvolvimento da pesca extrativista marinha e da aquicultura, pois possui uma costa litorânea de 7,4 mil quilômetros, 5,5 milhões de hectares de reservatórios de água doce, clima favorável, terras disponíveis e crescente mercado interno.

A aquicultura brasileira atingiu, em 2016, uma produção de 507 mil toneladas de peixes, representando 70,9% do total de animais marinhos, incluindo as criações de camarões, alevinos, ostras e outros, com um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior (IBGE, 2016). E em 2014, o Brasil esteve entre os 25 maiores criadores mundiais de animais aquáticos, produzindo principalmente peixes e totalizando 561 mil toneladas destes organismos (FAO, 2016).

Em relação a pesca marinha de captura, a China é o maior produtor mundial, seguido da Indonésia e dos Estados Unidos. A Dinamarca, com uma produção de 670 mil toneladas de pescados ocupa a 25ª posição. Na produção de captura de águas internas, o Brasil se destaca como um dos 15 países de maior produção, com 225 mil toneladas de pescados (FAO, 2018).

De acordo com o Estado Mundial da Pesca e Aquicultura 2018, relatório da Food and Agriculture Organization (FAO, 2018), foi estimado um crescimento de 46,6% na produção da pesca e aquicultura em 2030 para o Brasil. Segundo o estudo, o aumento na produção brasileira será o maior registrado na América Latina e Caribe, seguido do Chile (44,6%) e do México (15,1%) durante a próxima década.

Em relação ao Nordeste do Brasil, no ano de 2015 a região respondeu por 17,4% da produção nacional de peixes, valor que certamente diminuiu nos últimos anos, devido a crise hídrica que atingiu a região, prejudicando a piscicultura nordestina, que contribui significativamente para a produção nacional e é desenvolvida nos reservatórios, em tanques rede ou gaiolas, em sistema intensivo de produção (VIDAL, 2016).

Das espécies de peixes de água doce cultivadas no Nordeste, a tilápia representa 63,0% da produção de peixes da região, cujo estado do Ceará é o principal produtor. Em segundo lugar está o tambaqui (24,5%), produzido principalmente no

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Maranhão e no Piauí, seguido pelo tambacu (8,9%), espécie produzida principalmente no estado do Maranhão (IBGE, 2016).

O Ceará possui uma costa litorânea de 573 Km, correspondendo a 7,8% do litoral brasileiro e representando o 7o..maior litoral do Brasil (MORAIS et al., 2006).

Em relação a pesca de peixes marinhos com linha e rede no estado do Ceará, Bezerra (2013) constatou que a cavala (18,36%), guaiúba (18,26%) e pargo (8,21%) são as espécies mais abundantes em biomassa, e a sardinha (32,36%), biquara (18,94%) e guaiúba (18,49%), em número.

No oceano Atlântico e nos mares adjacentes, as capturas de espécies do gênero Scomberomorus spp. foi duplicada de 2009 para 2016, ficando na 16ª.posição entre os 25 principais tipos de pescados de captura marinha mundial, com uma produção de 918 mil toneladas (FAO, 2018).

Valor nutricional de peixes marinhos

A composição química do pescado pode possuir diferenças causadas por variações sazonais, espécie, idade, sexo, estado fisiológico, entre outras. Assim, variações na composição química das espécies são frequentes e aceitas, desde que haja uma boa amostragem, para que não ocorram erros maiores que as flutuações naturais (GONÇALVES, 2011).

A água é o principal componente do pescado, chegando a constituir, em média, até 80% da porção comestível (60% a 85%) e em relação a composição protéica da carne de peixe, o músculo geralmente contém cerca de 20% de proteína (OGAWA; MAIA, 1999). Segundo Gonçalves (2011), em comparação a outras carnes, como a de gado e frango, a carne de peixe apresenta aproximadamente a mesma quantidade de proteínas, porém, qualitativamente, a proteína do peixe apresenta todos os aminoácidos essenciais, com elevado teor em lisina, e em geral, é uma boa fonte de vitaminas do complexo B, cujo conteúdo é comparável ao encontrado em carnes de mamíferos, e também de vitaminas A e D, no caso de peixes, como a sardinha, salmão e cavala, considerados mais gordurosos (SARTORI; AMÂNCIO, 2012).

O conteúdo de lipídeos do pescado sofre variações muito significativas, inclusive entre indivíduos da mesma espécie. Além disso, a gordura não se distribui por igual em todo o corpo do animal, e varia também entre tecidos e órgãos (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994; OGAWA, 1999).

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Em estudos sobre a análise da composição centesimal do tecido muscular de peixes marinhos capturados na costa nordestina, são detectadas as seguintes variações (em g/100g): 71,13 a 79,1 de umidade, 18,10 a 23,67 de proteínas, 1,05 a 9,03 de lipídeos totais e 1,03 a 1,7 de cinzas (FERNANDES et al., 2014; MENEZES et al., 2009).

Espécies com porcentagem de gordura abaixo de 5,0% podem ser classificadas como peixes magros (PENFIELD; CAMPBELL, 1990).

Ao coletar mensalmente amostras de espécies muito relevantes economicamente para o estado da Bahia, Viana et al. (2013) observaram variações do teor dos parâmetros umidade, proteínas e lipídeos ao longo dos doze meses estudados para todas as espécies. A umidade variou de 73,0 a 79,9% no músculo dos peixes investigados, e todas as espécies indicaram alto teor de proteínas (17,0 a 23,2%) e baixos teores de lipídeos (0,4 a 2,9%), podendo ser consideradas fontes protéicas relevantes. A sardinha-laje (Opisthonema oglinum) apresentou o teor mais elevado em cinzas indicando maior conteúdo em minerais.

Os elementos minerais representam 1,5% da composição química bruta, sendo mais expressiva em peixes marinhos, e são influenciados pela alimentação e qualidade da água. Pode-se considerar que a maioria dos átomos metálicos está contida no músculo do peixe. Normalmente, Na, K, Ca, Mg, P, Cl e S são majoritários; Cu, Fe, Mn, Co, Al, Ni, Zn, I e Br apresentam níveis menores. Dentre esses elementos, Na, K, Ca e Cl encontram-se em estado inorgânico enquanto os demais (P, S, I, Fe, Cu e Co), na sua maioria, encontram-se no estado orgânico, ligados a proteínas, lipídeos e açúcares (GONÇALVES, 2011).

De acordo com Bogard et al. (2015), o conhecimento do conteúdo nutricional dos peixes nativos de cada região torna-se efetivamente importante nas regiões carentes do mundo, como localidades da Ásia, África, e outras, visto que tais informações podem contribuir para diminuir a desnutrição.

As espécies Pseudotolithus typus e Pseudotolithus elongatus, comercialmente importantes na África, têm como minerais mais abundantes em sua composição, o potássio nas partes comestíveis (1,39%) e o cálcio nos ossos (18,26%), e dos microminerais os mais abundantes são Zn e Fe nas partes comestíveis e nos ossos (NJINKOUE et al., 2016).

Segundo Ramos Filho et al. (2008), a constatação epidemiológica de que alimentar-se regularmente de peixes reduz o risco de doenças coronarianas, situa o

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consumo do pescado nos países em desenvolvimento, como o Brasil, não apenas como alternativa alimentar de alto valor nutritivo, mas de consumo de um alimento funcional abundante.

Porém, apesar da grande produção do pescado na América Latina, o consumo de peixes por pessoa, de acordo com a FAO (2016), ainda é baixo, de apenas dez quilos por ano, a metade da média global.

Uma iniciativa da FAO para reverter o baixo consumo anual do pescado na América Latina é o incentivo a programas de compras públicas de peixes, visando abastecer os programas de alimentação escolar, aumentando o consumo pela população, e consequentemente melhorando a qualidade da alimentação (FAO, 2016).

Composição lipídica de peixes marinhos

Os ácidos graxos e seus derivados são os exemplos mais conhecidos de lipídeos (RAMALHO; SUAREZ, 2013). Diferem entre si pelo número de carbonos da cadeia e pelo número de insaturações, e constituem os principais componentes dos óleos de peixes. São hidrofóbicos, devido a presença de longas cadeias carbônicas.

Em muitas espécies de pescado, os lipídeos são usualmente o segundo maior componente bioquímico após a proteína (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994).

A composição do conteúdo lipídico e de ácidos graxos no pescado depende de vários fatores: varia de uma espécie para outra, e dentro de uma mesma espécie, depende da época do ano, do tipo e quantidade de alimento disponível, do estágio de maturação sexual, da idade, da parte do corpo analisada, dentre outros fatores (DEVADASON; JAYASINGHE et al., 2017; LUZIA et al., 2003; VISENTAINER, 2000).

Embora os diferentes estudos indiquem variações nas composições de ácidos graxos, os peixes do Mar Mediterrâneo podem ser caracterizados por altos teores de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI), em especial os ácidos eicosapentaenóico, EPA e docosaheptaenóico, DHA (Figura 1). Concentrações de 4,71% a 11,7% de EPA e de 7,69% a 36,9% de DHA são observadas, com predominância de um ou do outro ácido. Os ácidos palmítico (C16:0) e oléico (C18:1) são frequentemente citados como principais ácidos graxos saturado e monoinsaturado, respectivamente, numa grande variedade de peixes. E em relação aos porcentuais totais de ácidos graxos saturados (AGS), monoinsaturados (AGMI) e poli-insaturados (AGPI), concentrações entre

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25,5-49,8%, 13,2-32,4% e 24,8-48,2%, respectivamente, são divulgadas nos estudos relacionados (OZOGUL; OZOGUL, 2007; OZOGUL; OZOGUL; ALAGOZ, 2007; PRATO; BIANTOLINO, 2012).

Figura 1: Representação das estruturas dos ácidos graxos poli-insaturados EPA e DHA O O H CH3 EPA O O H CH3 DHA Fonte: Próprio autor

Tanakol et al. (1999) ao estudar a composição em ácidos graxos de 19 espécies de peixes capturadas do Mar Negro e do Mar de Mármara, na Turquia, os quais têm sistemas biológicos e ecológicos únicos, bem como eutrofização e poluição, verificaram que o conteúdo de EPA e DHA nos peixes marinhos variaram de 4,2 a 13,3% do total de ácidos graxos. Os autores apontam que o diferencial deste estudo de outros, sobre peixes oceânicos, foram as tendências a maiores porcentagens de ácido palmítico e de DHA.

Estudos com peixes capturados no Brasil, e mais especificamente no Norte e Nordeste brasileiro também relatam a predominância do ácido palmítico entre os AGS de espécies marinhas, seguido pelo ácido esteárico, e do ácido oléico predominante entre os AGMI, enquanto que o DHA prevalece entre a classe poli-insaturada (ANDRADE et al., 2009; ALMEIDA; SILVA, 2016).

A correlação entre baixo teor de gordura e baixos níveis de AGPI em peixes é relatada por Coperman e Parrish (2004), no entanto, alguns estudos demonstram uma relação inversa a essa afirmação (ALMEIDA; SILVA, 2016; PRATO; BIANTOLINO, 2012).

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Scomberomorus cavalla e Lutjanus synagris, capturados no Nordeste do Brasil,

considerados peixes magros, podem possuir em suas constituições concentrações elevadas de AGPI, chegando a porcentuais de 40,89% e de 36,46%, respectivamente, como descrito em análises de seus óleos (ALMEIDA; SILVA, 2016; ANDRADE et al., 2009; FERNANDES et al., 2014; MENEZES et al., 2009).

O ácido palmítico é um dos AGS mais comumente encontrados em animais e plantas, e em gorduras e ceras, incluindo azeite de oliva, óleo de palma e lipídeos corporais (HMDB, 2018). Segundo Carta et al. (2017), é retratado negativamente por seus efeitos prejudiciais à saúde, o que encobre suas múltiplas atividades fisiológicas cruciais ao organisno humano, como garantir as propriedades físicas da membrana. A ingestão excessiva de carboidratos e o sedentarismo são os principais fatores que interrompem o metabolismo que mantém um estado estacionário de concentração do ácido palmítico no organismo humano, levando a um acúmulo excessivo nos tecidos, resultando em dislipidemia, hiperglicemia, e outros.

Dey et al. (1993) afirmam que os AGS e AGMI são classes de compostos tipicamente abundantes em peixes de clima quente ou temperado, enquanto os AGPI estão presentes em níveis elevados em peixes de regiões frias, porém, diversos estudos demonstram boas concentrações de AGPI em peixes de águas quentes (FERNANDES et al., 2014; MISIR et al., 2014; VISENTAINER et al., 2000).

O peixe como alimento funcional

Os alimentos funcionais contêm em sua composição alguma substância biologicamente ativa, que ao ser adicionada a uma dieta usual desencadeia processos metabólicos ou fisiológicos, resultando em manutenção da saúde e redução do risco de doenças. As substâncias biologicamente ativas encontradas nos alimentos funcionais podem ser classificadas em grupos tais como: probióticos e prebióticos, alimentos sulfurados e nitrogenados, pigmentos e vitaminas, compostos fenólicos, fibras e AGPI (ANJO, 2004; MORAES; COLLA, 2006).

Assim, algumas espécies de peixes, especialmente os mais oleosos, são citados como importantes reservas de AGPI, destacando-se as séries ômega 3 (-3), principalmente aqueles encontrados em águas frias, como o salmão (ELTWERI et al., 2017; PRATO; BIANTOLINO, 2012; SANTOS et al, 2003; SARTORI; AMÂNCIO, 2012;).

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No organismo, o ácido graxo alfa-linolênico (AA) (-3), que tem como fontes principais sementes de linhaça, chia e nozes, é convertido em EPA e DHA, porém, a taxa de conversão é muito baixa em humanos e diminui ainda mais à medida que a quantidade de ácidos graxos ômega 6 (-6) aumenta, encontrados principalmente nos óleos vegetais (soja, milho, canola), pois os dois substratos competem pelo mesmo sistema enzimático, podendo acentuar um estado de deficiência de -3, como demonstrado na Figura 2 (MORI, 2017; SUÁREZ-MAHECHA et al, 2002).

Figura 2: Biossíntese dos ácidos graxos poli-insaturados

Fonte: Garófolo e Petrilli, 2006

Assim, as fontes de -3 obtidas através da ingestão de alimentos são muito importantes.

Diversos estudos associam o consumo de peixes ou de óleos de peixes, ricos em AGPI, a benefícios relacionados à saúde humana, como a prevenção e o tratamento de doenças cardiovasculares, hipertensão, inflamações em geral, câncer

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e melhoria da habilidade cognitiva, que em idosos é prejudicada principalmente devido a doença de Alzheimer (DA) (WENDEL; HELLER, 2009; XU; QIAN, 2014).

Na prevenção de doenças cardiovasculares, é relacionado a redução dos níveis de triglicerídeos e colesterol sanguíneo, aumentando a fluidez sanguínea e reduzindo a pressão arterial (HOLUB; HOLUB, 2004; ETHERTON et al., 2003; KRIS-ETHERTON et al., 2002; NESTEL, 2000; STONE, 1996;).

Na prevenção e tratamento do câncer, os ácidos graxos -3 demonstram atenuar o crescimento e induzir a apoptose em uma variedade de linhagens celulares de câncer humano derivadas de câncer de cólon, pâncreas, próstata, mama e gastrointestinal. Além disso, descobertas indicam que os ácidos graxos -3 atuam sinergicamente com o tratamento quimioterápico, podendo ser usado para melhorar a radiosensibilidade do tumor (D’ELISEO et al., 2012; ELTWERI et al., 2017; WENDEL; HELLER, 2009; SPENCER et al., 2009; XU; QIAN, 2014)

Ácidos graxos -3 na prevenção e no tratamento da doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa, com progressão lenta e contínua, que atinge principalmente a população idosa do mundo. É uma das principais causas de demência em idosos, com idade superior a 65 anos, correspondendo de 60% a 80% dos casos, e que se torna cada vez mais preocupante, tendo em vista o aumento da expectativa de vida da população (DIAS et al., 2013; HERRERA Jr. et al., 2002).

A demência é decorrente de danos nas células nervosas do cérebro, e é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas que se expressam por dificuldades de memória, transtornos de linguagem, alterações comportamentais e prejuízos nas atividades da vida diária. Por ser uma doença progressiva e ainda irreversível, estudos envolvendo prevenção e tratamento são importantes (ALZHEIMER’S ASSOCIATION, 2018).

Estudos epidemiológicos observacionais descrevem benefícios do consumo de peixes, ricos em -3, nas fases iniciais da DA (BARBERGER-GATEAU et al., 2007, HUANG et al., 2005, MORRIS et al., 2009, WU et al., 2015).

No estudo Three-Citycohorte, 8085 idosos saudáveis, com idade igual ou superior a 65 anos, foram acompanhados durante quatro anos. O consumo semanal

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de peixe foi associado como protetor no risco do desenvolvimento de demências e da DA (BARBERGER-GATEAU et al., 2007).

No Chicago Health and Aging Project, 815 participantes com idades entre 65 e 94 anos, sem aparente quadro de demência, foram acompanhados por 3,9 anos. O consumo de peixe por uma ou mais vezes por semana foi associado a uma menor incidência da DA em 60%, quando comparados com idosos que não comiam peixe ou raramente o faziam (MORRIS et al., 2009).

Outros estudos abordam a suplementação com ácidos graxos -3 como possibilidade de prevenção ou desaceleração das deficiências cognitivas, em condições moderadas da DA (BELKOUCH et al., 2016; CALVIELLO et al., 2008; FRAGA et al., 2017, SONG et al., 2016).

Resultados pré-clínicos demonstram que os tratamentos com -3 fornecem neuroproteção, influenciam a função neuronal e reduzem a neuroinflamação, tendo em vista que um processo neuroinflamatório persistente e não resolvido é relatado em estudos sobre a doença (DZOYEM; ELOFF, 2015; FRAGA et al., 2017; KERDILES et al., 2017; MESQUITA et al., 2011; SONG et al., 2016).

Nishihira et al. (2016) descreve a relação entre maiores níveis séricos de EPA e DHA e melhores funções cognitivas entre idosos de 80 anos de idade ou mais.

O DHA, mais especificamente, tem despertado crescente interesse, por ser altamente concentrado no cérebro, desempenhando um papel essencial no funcionamento do mesmo. Seu papel crítico foi ainda mais evidenciado por seus níveis reduzidos no cérebro de pacientes com DA, concordando com o potencial papel de DHA na memória, aprendizagem e processos cognitivos (BELKOUCH et al., 2016; CALVIELLO et al., 2008).

Inibidores da acetilcolinesterase (AChE) no tratamento da doença de Alzheimer

Diversos fatores podem estar relacionados as alterações cerebrais que levam ao desenvolvimento da DA. No entanto, o acúmulo da proteína β-amilóide com consequente formação de placas endurecidas e de emaranhados neurofibrilares de proteína tau dentro dos neurônios são apontados como os principais marcos da patofisiologia do Alzheimer, que podem ocasionar a morte celular (ALZHEIMER’S ASSOCIATION, 2018).

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Segundo Whollen (2010), cérebros com Alzheimer possuem níveis diminuídos do neurotransmissor acetilcolina (ACh) (Figura 3), que podem ser reflexo direto do acúmulo da proteína β-amilóide. A interrupção na habilidade da ACh de efetuar a transmissão sináptica pode iniciar um processo inflamatório que produz espécies reativas de oxigênio (EROs).

Figura 3: Representação da estrutura química da acetilcolina.

Fonte: Próprio autor.

A ACh é um dos principais compostos pelos quais, os impulsos elétricos são conduzidos por células nervosas, transmitidos para outras células nervosas ou para músculos voluntários e involuntários. O tratamento é sintomático e consiste basicamente na tentativa de restauração da função colinérgica, sendo amplamente utilizados para este fim os inibidores da enzima acetilcolinesterase (IAChE) (ELUFIOYE et al., 2010; PERRY, 1986; SOUZA et al., 2012).

Depois de ser sintetizada, no neurônio pré-sináptico, a ACh é armazenada em vesículas, onde fica depositada até que haja um estímulo que resulte em sua liberação na fenda sináptica (ARAÚJO; SANTOS; GONSALVES, 2016).

A AChE é responsável por degradar a ACh em ácido acético e colina na fenda sináptica.

A fisostigmina, um alcalóide obtido do Physostigma venenosum L., foi o primeiro IAChE descoberto. Atualmente, este fármaco é aplicado no tratamento do glaucoma e em casos de overdose por compostos anticolinérgicos e antidepressivos tricíclicos. A neostigmina e a piridostigmina (Figura 4) são análogos simplificados da

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fisostigmina, ambos empregados no tratamento de miastenia gravis (doença autoimune da porção pós-sináptica da junção neuromuscular caracterizada por fraqueza flutuante que melhora com o repouso e piora com o exercício, infecções, menstruação, ansiedade, estresse emocional e gravidez), revertendo os efeitos de bloqueadores neuromusculares (ARAÚJO; SANTOS; GONSALVES, 2016; BRASIL, 2015).

Apenas três IAChE, rivastigmina, donepezil e galantamina (Figura 4) foram aprovados pelo FDA (Food and Drug Administration), dos EUA, para o tratamento da DA (ARAÚJO; SANTOS; GONSALVES, 2016).

Figura 4: Representação das estruturas dos fármacos utilizados no tratamento da doença de Alzheimer.

donepezil rivastigmina galantamina

Fonte: Próprio autor

Diversos estudos sobre a atividade inibidora da AChE de diversos produtos naturais têm sido realizados, utilizando extratos e substâncias isoladas de plantas, de algas e outros organismos marinhos (ALCÂNTARA et al., 2010; BENABDALLAH et al., 2018; BIANCO et al., 2015; DZOYEM; ELOFF, 2015; PENIDO et al., 2017; SEEKA et al., 2016; SOUZA et al., 2012;).

Resultados que variam de moderado a potente em relação ao porcentual de inibição da enzima são encontrados em alguns estudos sobre óleos de sementes e polpas de plantas, com altos porcentuais de AGI, com destaque para os ácidos oléico

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e linoléico. (ITRIAGO et al., 2017; FERNANDEZ et al., 2016; SANTOS et al., 2015; VINUTHA et al., 2007).

Testes com o óleo das sementes de Theobroma grandiflorum, o cupuaçu, árvore frutífera nativa da Amazônia, demonstrou uma inibição moderada da AChE de 40,48% (YANES et al., 2017). Os óleos das polpas de Inga cinnamomea, fruta conhecida popularmente como ingá-açu ou ingá-chinela, nativa da Amazônia e muito apreciada pela população, e inajá (Maximiliana maripa), palma que também ocorre na Amazônia, apresentaram potente inibição da enzima, correspondendo a 54,81% e 63,76%, respectivamente (ABREU et al., 2018; FERNÁNDEZ et al., 2016). E, ao analisar o óleo das sementes de Annona hypoglauca, planta presente em regiões tropicais, como o Brasil, Santos et al. (2015), detectaram uma potente inibição da AChE, com porcentual de 79,55%. De acordo com Vinutha et al. (2007), valores maiores que 50% da inibição são considerados potentes, valores de inibição entre 30-50% são classificados como moderados.

A utilização da pele do peixe para fins medicinais e alimentícios

As peles dos peixes são resíduos da aquicultura que têm sido investigados sob diferentes aspectos. Além da possibilidade do uso para o curtimento, que pode representar uma fonte de renda para o piscicultor ou para a indústria de filetagem, são diversas as pesquisas sobre a utilização da pele de peixes para fins alimentícios e medicinais (FRANCO et al., 2013; LIMA-JÚNIOR et al., 2017; SILA et al., 2018; SOUZA et al., 1999).

A pele do peixe é formada principalmente por uma massa elástica, composta de proteínas de alto peso molecular, com uma alta concentração de proteínas do tecido conjuntivo, o colágeno (JAYATHILAKAN et al., 2012). A forma mais abundante é o colágeno tipo I (Figura 5), utilizado na forma de filmes para cicatrização de feridas.

O colágeno tipo I possui tripla estrutura helicoidal contendo três cadeias α de cerca de 1000 resíduos de aminoácidos. Cada cadeia α é composta por seqüência tripla repetida (Gly-X-Y)n, onde X e Y são freqüentemente prolina (Pro) e hidroxiprolina (Hyp) (ARUMUGAM et al., 2018; CHO et al., 2014).

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Figura 5: Representação esquemática da estrutura da molécula do colágeno tipo I Glicina Prolina Hidroxiprolina Glicina Prolina Hidroxiprolina Glicina

Fonte: Instituto Schulman de Investigação Científica (ISIC), 2018.

Em estudo recente, a utilização da pele da tilápia do Nilo para o tratamento de queimaduras, tem demonstrado resultados satisfatórios, apresentando-se como um potencial curativo biológico para o tratamento dos ferimentos. Em teste realizado na pele de ratos machos, adultos e jovens da linhagem Wistar (Rattus norvegicus), a pele da tilápia apresentou boa aderência no leito das feridas induzidas por queimaduras, interferindo positivamente no processo de cicatrização (LIMA-JÚNIOR et al., 2017).

A extração e caracterização da gelatina da pele de diversas espécies de peixes, visando sua utilização como biofilmes, na produção de embalagens biodegradáveis, material de parede na produção de cápsulas e micropartículas, e ainda para novas aplicações, como alimentos funcionais, é avaliada em diversos estudos. É considerada um material seguro, quando comparada a de bovinos ou suínos (GÓMEZ-GUILLÉN et al., 2002; KARIM; BHAT, 2009; ZHOU; REGENSTEIN, 2007). Atributos específicos como atividade antimicrobiana e atividade antioxidante também são adicionados a gelatina do peixe, incorporando-se óleos essenciais, flavonóides, vitamina C, ácido gálico e outros (ARFAT et al. 2014; BUENO et al., 2011; TONGNUANCHAN; BENJAKUL; PRODPRAN, 2012).

A adição de glicosaminoglicanos (GAGs), isolados da pele de peixes, a materiais compostos de colágeno e de colágeno/quitosana, têm demonstrado aumentar a biocompatibilidade de biomateriais, com o aumento da viabilidade celular (KACZMAREK et al., 2017a, KACZMAREK et al., 2017b).

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Os GAGs (Figura 6) são polímeros lineares longos, não flexíveis e com cadeias não ramificadas, que têm como base unidades dissacarídicas não repetidas. Podem ser isolados de fontes naturais, representando também um dos elementos básicos da pele. São representados pelo sulfato de condroitina, dermatan sulfato, queratan sulfato, heparan sulfato e ácido hialurônico.

Sila et al. (2018), determinaram boa atividade anticoagulante de GAGs sulfatados isolados da pele de Anguilla anguilla, espécie economicamente importante no norte da África e da Europa.

Figura 6: Representação das estruturas dos glicosaminoglicanos

sulfato de condroitina

dermatan sulfato

queratan sulfato

heparan sulfato

ácido hialurônico

Fonte: Megías, Molist e Pombal (2014).

A espécie B. capriscus, conhecida como peixe-cangulo na região Norte do Brasil, ou ainda como peixe-porco, no Sul do país, é caracterizada por uma pele bastante rígida. É uma espécie citada pelo uso popular, em ambas as regiões, para

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o tratamento da asma brônquica, pelo efeito vaso-dilatador do chá da sua pele (ALVES; ALVES, 2011; BARBOZA et al., 2014; BASTOS et al., 2006a; BASTOS et al., 2006b). Ao submeter cobaias acometidas de crise asmática induzida ao extrato da pele torrada de B. capriscus, Cavalli et al. (2003) demonstrou que o quadro foi revertido pela aspiração do vapor (BASTOS et al., 2006b).

Estudos sobre a extração da gelatina da pele de B. capriscus para utilização em materiais alimentícios, farmacêuticos e cosméticos são realizados, demonstrando altas porcentagens de colágeno e de dissacarídeos dissulfatados (GAGs) (JELLOULI et al., 2011; KRICHEN et al., 2017; MOURAD et al., 2018; SOUISS et al., 2017).

Peixes marinhos da costa do Ceará utilizados no estudo

Em relação a pesca artesanal na costa cearense, Silva (2004) constata que a comunidade de peixes do estado é representada por 14 ordens, 50 famílias (com predominância de Carangidae, Haemulidae e Sciaenidae) e 124 espécies, dentre as quais apenas nove são consideradas como dominantes, confirmando a existência de grande diversidade da biocenose e, por consequência, pequena produção individual. Espécies como o ariacó (Lutjanus synagris), biquara (Haemulon plumieri), cavala (Scomberomorus cavalla), guaiúba (Ocyrus chrysurus), sardinha (Opisthonema

oglinum) e serra (Scomberomorus brasiliensis) são consideradas as mais frequentes

da costa cearense.

No presente estudo, doze espécies de peixes foram selecionadas entre os pescados comercializados mais comumente no Mercado do Peixe, ou por pescadores artesanais, próximos ao Mercado, na Av. Beira Mar, Fortaleza-Ce.

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Balistes capriscus - cangulo

Figura 7: Fotografia do cangulo (B. capriscus) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

Este gênero é da família Balistidae. Apresenta coloração azulada a cinza-oliváceo, com manchas retangulares, escuras e verticais, visíveis especialmente na parte superior do corpo; na margem superior do olho possui mancha azul brilhante. Tem comprimento médio de 40 cm e máximo de 60 cm. Geralmente solitário ou em pequenos grupos, são carnívoros e alimentam-se de invertebrados bentônicos como moluscos e crustáceos. São ovíparos. Apesar de não ter muita importância comercial, a carne é de excelente qualidade. Possui uma pele grossa, com aspecto de couraça. É resistente a captura e compete por comida com outras espécies. Prefere águas tropicais com fundos rochosos até 50m. É encontrado principalmente no Atlântico Oriental: Mediterrâneo para Moçâmedes, Angola. Atlântico Ocidental: Nova Escócia

A

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(Canadá), Bermudas e norte do Golfo do México até a Argentina (FISHBASE, 2018; LESSA; NÓBREGA, 2000; LIESKE; MYERS, 1994).

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Cephalopholis fulva Linnaeus, 1758 - piraúna

Figura 8: Fotografia do piraúna (C. fulva) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

Peixe da família Serranidae. Possui comprimento máximo de 48 cm e médio de 25 cm e alimenta-se principalmente de pequenos peixes e crustáceos. As fêmeas maduras se transformam em machos com um comprimento de cerca de 20 cm. O peixe desova pouco antes do pôr do sol ao longo de vários dias, e um macho irá desovar diariamente com cada uma das várias fêmeas que o acompanha. É comum entre 1 e 40 m de profundidade em meio de rochas e corais. É uma espécie de baixa importância comercial, porém está sendo exportada por empresas de pesca da região de Recife (PE). Pode ser encontrado no Atlântico Ocidental: Carolina do Sul, EUA e Bermudas para o sul do Brasil (FISHBASE, 2018; LESSA; NÓBREGA, 2000).

B

A

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Ginglymostoma cirratum Bonnaterre, 1783 - tubarão lixa

Figura 9: Fotografia do tubarão lixa (G. cirratum) em seu habitat natural (A) e após captura (B) e (C).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B) e (C).

Pertence a família Ginglymostomatidae.Noturno, alimenta-se de invertebrados inferiores, como lagostas, camarões, caranguejos, ouriços do mar, lulas, polvos, caracóis e peixes. É ovovivíparo, com 21 a 28 jovens em uma ninhada. Pode atacar humanos se forem molestados ou pisados acidentalmente. Apesar de comestível, é valorizado principalmente pela sua pele, cujas características permitem que o tubarão nade com a mínima resistência, e criem uma superfície instável para que os parasitas não se alojem. É uma espécie costeira e comum em todo o nordeste. Tem tamanho médio de 203 cm. Solitário e lento, é encontrado frequentemente deitado no fundo do

C

A

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mar, no Oceano Atlântico (FISHBASE, 2018; FRIMODT, 1995; LESSA; NÓBREGA, 2000).

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Haemulon aurolineatum Cuvier, 1830 - sapuruna

Figura 10 – Fotografia do sapuruna (H. aurolineatum) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

Este é um gênero da família Haemulidae. O comprimento médio é de 19,0 cm e apresenta coloração branco-prateado, com uma faixa amarelo-dourado, que vai da ponta do focinho à base da cauda, passando pelo olho, e outra mais estreita no dorso, acima da linha lateral; apresenta mancha redonda e escura na base da cauda. É ovíparo e alimenta-se de pequenos crustáceos, moluscos, outros invertebrados bentônicos, plâncton e algas. São encontrados no Atlântico Ocidental, e é o membro mais abundante do gênero Haemulon ao longo da costa leste da Flórida: Massachusetts, EUA e Bermudas através do Golfo do México para o Brasil. Pode ser capturado em substratos rochosos e coralinos, em até 35 metros de profundidade.

A

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Apresentam baixo valor econômico e são encontrados no comércio devido a sua abundância (FISHBASE, 2018; LESSA; NÓBREGA, 2000; SMITH, 1997).

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Haemulon parrai Desmarest, 1823 - cambuba

Figura 11 – Fotografia do cambuba (H. parrai) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

Da família Haemulidae este peixe pode chegar ao comprimento máximo de 31 cm e médio de 24 cm. Apresenta corpo prateado, boca grande e não possui faixas amarelas pelo corpo como a maioria das outras espécies do gênero. Possui peitoral densamente escamada e escamas com pontos escuros no centro. Alimenta-se à noite de moluscos e pequenos peixes. É encontrado em substratos rochosos e coralinos, em até 35m de profundidade. Abundante na região Nordeste, é encontrado com frequência no comércio, mas apresenta baixo valor econômico. É achado no Atlântico Ocidental: Bahamas, Flórida (EUA) e norte do Golfo do México para o Brasil (FISHBASE, 2018; LESSA; NÓBREGA, 2000).

B

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Haemulon plumieri Lacépède, 1801 - biquara

Figura 12 – Fotografia do biquara (H. plumieri) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

Pertencente a família Haemulidae, o biquara apresenta comprimento médio de 30 cm. Apresenta boca grande, cor azul-prateado a amarelo claro, com linhas azuis na cabeça. Têm escamas do corpo com manchas azuladas no centro. Alimenta-se de crustáceos, pequenos moluscos e pequenos peixes. Ocorre em fundos rochosos e coralinos, mas também é encontrado em fundos de areia e águas rasas com menos de 10 metros de profundidade. Distribui-se pelo Atlântico Ocidental: Baía de Chesapeake, através do Golfo do México, e do Caribe para o sul do Brasil, incluindo as Antilhas (FISHBASE, 2018; LESSA; NÓBREGA, 2000).

B

A

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Lutjanus synagris Linnaeus, 1758 - ariacó

Figura 13: Fotografia do ariacó (L. synagris) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

Peixe da família Lutjanidae, pode medir no máximo 40 cm de comprimento, com uma média de 25 cm. Possui coloração vermelha com linhas amarelas evidentes ao longo de todo o corpo; mancha negra acima da linha lateral. Geralmente forma grandes agregações, especialmente durante a época de reprodução. Alimenta-se à noite de pequenos peixes, caranguejos, camarões, vermes, gastrópodes e cefalópodes. É uma espécie muito costeira e muito abundante em profundidades de até 30 metros. É encontrado no Atlântico Ocidental: Bermudas e Carolina do Norte (EUA), para o sudeste do Brasil, incluindo o golfo do México e o mar do Caribe. Mais abundante em torno das Antilhas, no Banco Campeche, ao largo do Panamá e na costa norte da América do Sul (CERVIGÓN, 1993; FISHBASE, 2018; LESSA; NÓBREGA, 2000).

A

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Malacanthus plumieri Bloch, 1786 - pirá

Figura 14: Fotografia do pirá (M. plumieri) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

Da família Malacanthidae, tem comprimento máximo de 46 cm e médio de 36 cm. Possui escamas sobre a linha lateral, corpo longo, cilíndrico; tem focinho longo, cerca da metade do tamanho da cabeça, com lábios espessos e dentes caninos moderados. Alimenta-se principalmente de crustáceos, peixes, ouriços-do-mar, estrelas do mar e tende a morder quando manuseado. É um peixe costeiro, encontrado em fundos de areia próximos a ilhas e recifes, em águas claras entre 2 e 20 m. Não apresenta valor econômico e sua carne não tem sabor agradável. É encontrado no Atlântico Ocidental: Carolina do Norte (EUA), Golfo do México e todo o Caribe até o Rio de la Plata, no Uruguai. No sudeste do Atlântico: Ilha da Ascensão (FISHBASE, 2018; LESSA; NÓBREGA, 2000)

A

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Myripristis jacobus Cuvier, 1829 - mariquita

Figura 15: Fotografia do mariquita (M. jacobus) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

Pertence a família Holocentridae. Tem comprimento máximo de 20 cm e médio de 16 cm. É vermelho, com dorso mais escuro, flancos e ventre pálidos e apresenta diâmetro do olho grande. Alimenta-se principalmente de organismos planctônicos. É um peixe costeiro, habitante de fundos rochosos e coralinos. Apresenta baixo valor econômico para fins de consumo humano, porém é muito apreciado por aquaristas. É encontrado no Atlântico Ocidental: Carolina do Norte (EUA), Bahamas e norte do Golfo do México para o Brasil; em todas as Índias Ocidentais e no Mar do Caribe e no Atlântico Oriental: rochas de St Paul, Cabo Verde, Príncipe, Ascensão e ilhas de Santa Helena (FISHBASE, 2018; LESSA e NÓBREGA, 2000).

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Scomberomorus brasiliensis Collette, Russo e Zavala-Camin, 1978 - serra

Figura 16: Fotografia do serra (S. brasiliensis) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

Da família Scombridae, é uma espécie costeira. Tem comprimento máximo de 96 cm e médio de 49 cm. Alimenta-se principalmente de peixes, e em quantidades menores de camarões peneídeos e cefalópodes loliginídeos (lulas). Capturado até 40 metros de profundidade, habita águas mais superficiais que Scomberomus cavalla. Distribui-se pelo Atlântico Ocidental, ao longo das costas do Caribe e do Atlântico da América Central e do Sul, de Belize ao Rio Grande do Sul, Brasil (FISHBASE, 2018; FRIMODT, 1995; LESSA; NÓBREGA, 2000)

A

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Scomberomorus cavalla Cuvier, 1829 - cavala

Figura 17: Fotografia da cavala (S. cavalla) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

É um peixe da família Scombridae. Possui comprimento máximo de 153 cm e médio de 70 cm. É azul escuro no dorso e branco no ventre; linha lateral abrupta para baixo sob a origem da segunda dorsal; as vezes apresenta manchas pelo corpo. Alimenta-se principalmente de peixes e em menor quantidade de camarões e lulas. É capturado da superfície a cerca de 80 metros de profundidade e considerado uma espécie pelágica. Juntamente com S. brasiliensis é uma espécie muito encontrada no mares da região Nordeste e possui grande valor comercial. Distribui-se pelo Atlântico Ocidental: Canadá para Massachusetts, EUA para São Paulo, Brasil (FISHBASE, 2018; LESSA; NÓBREGA, 2000; LUBBOCK; EDWARDS, 1981).

A

(49)

Sparisoma chrysopterum Bloch e Schneider, 1801 - bodião

Figura 18: Fotografia do bodião (S. crhysopterum) em seu habitat natural (A) e após captura (B).

Fonte: Fishbase, 2018 (A) e próprio autor (B).

É um peixe da família Scaridae. Fêmeas e machos são pequenos e rosados a vermelhos escuros. Alimenta-se de algas bentônicas e ervas marinhas. Possui comprimento máximo de 32 cm e médio de 20,5 cm. É encontrado em fundos rochosos e coralinos, entre bancos de algas, mais comum entre 5 e 40 metros de profundidade. A distribuição da espécie se dá no Atlântico Ocidental, principalmente no mar do Caribe (FISHBASE, 2018; LESSA; NÓBREGA, 2000; SMITH, 1997)

A

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