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Relatório de Estágio Profissional - "O professor como Educador e Promotor de Saúde - Um Partilhar de Reflexões na Primeira Pessoa"

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O Professor como Educador e Promotor de

Saúde - Um Partilhar de Reflexões na

Primeira Pessoa

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e do Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro.

Orientador FADEUP: Professor Doutor Ramiro Rolim Professor Cooperante: Arnaldino Ferreira

Fernando Matos Ferreira Fernandes Porto, julho de 2013

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Ficha de Catalogação

Fernandes, F. (2013). O Professor como educador e promotor de saúde - Um partilhar de reflexões na primeira pessoa: relatório de Estágio Profissional. Porto: Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-Chave: Educação Física, Escola, Estágio Profissional, Professor, Reflexão.

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Agradecimentos

É com profundo reconhecimento que agradeço:

À minha família, mãe, pai e irmão, por…tudo. Assim como a compreensão, paciência, carinho, encorajamento, auxílio e uma educação repleta de bons valores.

À minha namorada, por todo o apoio, compreensão, e força, mesmo quando tudo parecia querer desmoronar-se. Pelas partilhas de momentos de alegria e tristeza e acima de tudo, por todos os momentos de “ausência” que, pacientemente, compreendeste, estando sempre ao meu lado.

Ao meu Professor Cooperante, ao Dino, que deste o primeiro momento nos tratou de igual para igual, com uma abertura própria de um amigo. Quero agradecer-lhe pela presença, pelo apoio constante e pelas indicações sempre críticas, refletidas e construtivas. Pela autonomia e emancipação, ao longo de uma orientação atenta e assertiva, bem como pela confiança, conselhos especializados e reforços positivos, com que me distinguiu, que se revelaram essenciais no meu crescimento enquanto aluno, professor e pessoa que sou.

Ao meu Orientador Professor Ramiro Rolim, a atitude de apoio, versus desafio, pela sua disponibilidade conselhos e críticas oportunas, bem como a transmissão dos seus profundos conhecimentos que me marcaram fortemente.

Ao Professor Nuno Corte-Real, pela ajuda e apoio na elaboração do estudo. Sempre disponível, até fora de horas. Um sincero Obrigado.

Ao meu grupo da faculdade, seus b…..b…., vocês sabem o nome, por todas as partilhas, por todos os cafezinhos, por todo o stress, transformado em brincadeira e acima de tudo, por estarem sempre disponíveis e ao meu lado, quando necessitei. Uns verdadeiros Amigos! Obrigado.

Agradeço à ESAS, e FADEUP, às direções, Professores, Funcionários e Alunos, sempre presentes. A todos o meu Obrigado.

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Índice Geral

Agradecimentos ... iii

Índice Geral ... v

Índice de Tabelas ... vii

Resumo ... ix

Abstract ... xi

1. Introdução ... 1

2. Dimensão Pessoal ... 3

2.1 Expetativas ... 7

3. Enquadramento da Prática Profissional ... 11

3.1 Meio geográfico da escola ... 11

3.2 Escola Secundária Alberto Sampaio ... 13

3.3 A População Alvo ... 15

3.4 Caraterização da Turma ... 17

4. Realização da Prática Profissional ... 19

4.1 Conceção ... 19

4.2 Planeamento ... 21

4.3 Realização ... 28

4.4 Momentos desafiantes ... 45

4.5 Aprendizagens Pessoais e Profissionais ... 50

4.5.1 Cooperação com o Diretor de Turma ... 52

4.6 Estratégias utilizadas para o sucesso dos alunos ... 53

5. Estudo ... 57 Resumo ... 58 1. Introdução ... 59 2. Material e Métodos ... 61 2.1. Amostra ... 61 2.2. Instrumentos e Procedimentos ... 61 2.3. Resultados ... 62

2.4. Discussão dos Resultados ... 71

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5. Referências Bibliográficas ... 77

6. Ser Professor ... 81

7. Reflexões Finais e Perspetivas para o Futuro ... 83

8. Referências Bibliográficas ... 85

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Prática desportiva fora do contexto escolar ... 62

Tabela 2. Frequência semanal dos praticantes ... 63

Tabela 3. Praticantes por modalidades ... 63

Tabela 4. Atividade Física - Caminhar ... 64

Tabela 5. Atividade Física - Andar; Correr; Saltar... 64

Tabela 6. Motivos ... 65

Tabela 7. Barreiras ... 66

Tabela 8. Registos diários do pedómetro de uma aluna ... 67

Tabela 9. Conclusões da entrevista ... 68

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Resumo

Os objetivos / finalidade do Estágio Profissional vão no sentido de que o Estudante-Estagiário adquira competências e vivencie experiências, que lhe permita colocar em contexto real, toda uma panóplia de recursos teóricos aprendidos, em toda a sua formação académica.

O meu Estágio Profissional decorreu na Escola Secundária Alberto Sampaio, em Braga, entre setembro 2012 e junho de 2013. A supervisão deste Estágio esteve ao cargo do Professor Orientador e do Professor Cooperante. Fiz parte de um núcleo de estágio, o qual era composto por mais dois elementos e de um grupo de Educação Física. Advindo da junção de todos estes elementos surgiram partilha de conhecimentos, opiniões, bem como se constituiu no suporte fundamental para o meu desenvolvimento profissional

O presente relatório encontra-se dividido em seis capítulos. No primeiro capítulo, “Dimensão Pessoal”, realizei uma reflexão autobiográfica baseada na minha experiência e formação pessoal e profissional, bem como as expetativas, confrontadas com a realidade. No capítulo seguinte “Enquadramento da prática Profissional” realizo uma caraterização do meio interno e externo da escola onde se inseriu este estágio. Após esta caraterização, tento responder, através da “Realização da Prática Profissional” a todo um conjunto de problemáticas em torno do processo ensino aprendizagem, relação professor – aluno, estratégias aplicadas, momentos marcantes entre outros. No próximo capítulo “Elaboração de um Estudo”, ilustra a missão de um Professor em ser um promotor de hábitos desportivos que contribuam para uma melhor saúde dos alunos. O estudo apresentou como objetivo conhecer os hábitos desportivos dos alunos, fora do contexto escolar, resultando numa intervenção particular a uma aluna com excesso de peso.

No penúltimo capítulo, tento expressar, o que é “Ser Professor” e por fim, no último apresento as “ Conclusões e Perspetivas para o Futuro”.

Palavras-Chave: Educação Física, Escola, Estágio Profissional, Professor, Reflexão.

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Abstract

The objectives / purpose of the Internship will towards the student-trainee acquire skills and competences and experiences, enabling him to put in a real context, a whole range of theoretical resources learned throughout their academic training.

My Internship in Secondary School took Alberto Sampaio, in Braga, between September 2012 and June 2013. The supervision of this stage was the post of Professor and Advisor of the Cooperating Teacher. I was part of a training group, which was composed of two elements and a group of physical education. Arising from the combination of all these elements arose sharing knowledge, opinions, and thus constitutes a fundamental support for my professional development

This report is divided into six chapters. In the first chapter, "Personal Dimension", I intend to give me to know, through my experience, personal and professional training, as well as expectations, confronted with reality. In the next chapter "A Framework for Professional Practice" work a characterization of the environment and off the school where this internship took place. After this characterization, in the "Realization of Professional Practice” I try to answer to a whole set of issues around the learning process, the teacher - student, applied strategies, among other important moments. The chapter "Developing a Study," which appears immediately below illustrates the mission of a teacher in being a promoter of sporting habits that contribute to student’s better health. The study aimed to know the sporting habits of students outside the school environment, resulting in an intervention to a particular overweight student.

In the penultimate chapter I try to express what is "Being a Teacher" and finally in the last one, I present the "Conclusions and Prospects for the Future".

Keywords: Physical Education; School Placement; Internship; Teacher; Reflection

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1. Introdução

O presente Relatório foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular “Estágio Profissional”, conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). O Estágio Profissional foi realizado na Escola Secundária de Alberto Sampaio, em Braga, onde me concederam a oportunidade de durante todo um ano letivo, lecionar uma das turmas do meu Professor Cooperante. Desta forma, fiquei incumbido de assumir todas as tarefas e funções inerentes ao cargo.

Os documentos que regem e orientam o Estágio Profissional (Matos, 2012), nas quais assenta a redação deste relatório, têm como base uma integração do Estudante-Estagiário no exercício da vida profissional, de forma progressiva e orientada. Pretende-se desta forma que o estudante-estagiário “trabalhe as suas competências profissionais”, assentes num constante espírito crítico, para que no futuro, possa atuar com independência.

As páginas que se seguem, são o culminar de todo um ano de trabalho, na concretização de Ser Professor. Têm por objetivo a realização de uma reflexão consciente e subjacente ao processo de ensino e aprendizagem durante o percurso letivo. O Estágio Profissional pode ser entendido como mais uma etapa no longo e inacabado processo de Formação Individual revestindo-se, no entanto, de uma especificidade que o torna num momento marcante. No fundo, proporciona o tão desejado “confronto das bases teóricas com a prática”, onde cada um de nós tem a oportunidade de conduzir o seu processo ensino aprendizagem da Educação Física, para o qual, temos a necessidade de recrutar todo um leque de conhecimentos acumulados ao longo dos anos e fazer a sua aplicação em contexto real.

Este documento está organizado de acordo com as normas do Estágio Profissional e em áreas de interesse. O primeiro capítulo diz respeito ao enquadramento pessoal, onde retrato o meu percurso pessoal e desportivo, ao

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longo da vida, bem como as expetativas para o Estágio Profissional. O capítulo seguinte diz respeito ao enquadramento da prática profissional, onde caraterizo o meio interno e externo à escola, onde realizei o estágio.

O próximo capítulo, talvez o mais extenso, mas também um dos mais importantes, diz respeito à realização da prática profissional. Nele estão condensadas as informações e reflexões alusivas ao desenvolvimento de todo o processo de ensino aprendizagem. Este capítulo está dividido em outros subcapítulos, tais como, a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino, entre outros. Além disso, retrato, quais os momentos marcantes, quais as tarefas que realizei na escola, quais as estratégias que utilizei, bem como a terminologia usada durante as aulas.

Os capítulos seguintes dizem respeito, primeiro, à elaboração de um estudo e posteriormente, ao meu entendimento do Ser Professor. Por fim, o último capítulo é dedicado às conclusões, recordando em revista tudo o que foi mencionado e perspetivando o futuro.

Pretendo assim, sintetizar de forma real e coerente todo o trabalho realizado ao longo deste ano, no estabelecimento de ensino onde efetuei esta etapa final da formação inicial. Tentarei que tudo o que sinto, ou senti, ao longo do estágio, fique aqui refletido. Espero, que este documento corresponda e satisfaça todas as exigências definidas para a sua realização. Citando Alberto Sampaio, um dos patronos e que dá o nome à escola onde exerci o estágio:

“ Nunca se perde tempo com aquilo que amamos”.

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2. Dimensão Pessoal

O meu nome é Fernando Matos Ferreira Fernandes, nasci em Braga ao primeiro dia do mês de março de 1984. Dizem que sou comunicativo, atencioso, brincalhão, muito responsável e simpático, tenho noção dos meus defeitos, teimoso é um deles. Sou um ser impulsivo, emotivo e bastante empenhado.

Pertenço a uma família humilde com raízes no norte do nosso Portugal, vinculadas ao trabalho. Ao longo destes 29 anos, fui acumulando experiências, aprendizagens mas muitas dúvidas e incertezas. A única certeza que tenho é que não me arrependo do rumo que proporcionei à minha vida, um rumo dirigido para o desporto e para a docência.

Será que foi tudo assim tão linear?

Que etapas na minha vida, fizeram com que escolhesse esta vertente? A primeira pergunta que toda a gente me faz prende-se com o facto de ter 29 anos e só agora estar a acabar o Mestrado, quando amigos, conhecidos com esta idade, já trabalham e possuem descendentes. Pois bem, tudo começou na minha infância onde o jogar ocupava a maior parte do meu tempo. Desde pequenino que a prática de qualquer atividade, indoor ou outdoor se tornou habitual no meu quotidiano. Inevitavelmente, na escola a Educação Física sempre foi um espaço no qual me senti como que “em casa”. No entanto, aos 12 anos de idade, surgiu um dos convites mais importantes da minha vida: integrar a equipa de andebol do desporto escolar na Escola Secundária de Maximinos. Este convite veio a revelar-se fundamental em futuras escolhas académicas e profissionais.

Comecei por adquirir o gosto pela modalidade, pelo desporto regulamentado e pelos valores que me foram transmitidos, associados a amizades que ainda hoje perduram. A partir desse momento, todas as minhas escolhas relacionadas com a educação escolar como de cursos superior, foram condicionadas por aquela longínqua mas “bela” decisão. Frequentei o antigo

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curso de Desporto na Escola Secundária Alberto Sampaio, que saudades da prática das 8 horas semanais, das diversas modalidades desportivas. Nesse tempo tive um professor na Escola Secundária Alberto Sampaio que marcou a minha forma de praticar, de estar e de pensar, pela sua dedicação, rigor, empenho e o sentimento de compromisso que transmitia em todas as aulas. Nas introspeções, “navegava” na possibilidade de poder vir a ocupar aquele cargo, inevitavelmente, um reflexo súbito, levava-me a esboçar um sorriso de satisfação.

Naqueles tempos da adolescência conciliava a minha vida académica com a de jogador federado e com a minha profissão, técnico de informática. Foi aos 16 anos de idade que necessitei de ir trabalhar para ajudar a minha família, mas nunca consegui deixar de jogar nem perder a minha segunda família, o ABC de Braga e a minha formação académica.

Como consegui conciliar tudo isto?

Lembro-me, como se fosse hoje, das rotinas daqueles tempos. Acordar às 7h30, frequentar a escola até às 13h30, caminhar e almoçar. Num ápice, às 14h estava pronto para trabalhar na loja de informática. Às 19h, finalizado o trabalho, havia a necessidade de trocar os livros da mochila, pelas sapatilhas e equipamento de treino, para repetir a tarefa de forma inversa às 23h quando, após chegar a casa, preparava o dia seguinte.

No momento em que atingi o expoente máximo no desporto federado, campeão nacional de juniores em andebol, percebi que tinha pago a fatura por ter conciliado tudo o que descrevi anteriormente. Neste sentido, sem possibilidade de dar continuidade à minha formação, optei por privilegiar a vertente laboral, dedicando-me a tempo inteiro. Preteri a prática do andebol uma vez que, quando cheguei a atleta sénior fiquei “sem espaço” na equipa principal do ABC. Quanto à minha formação, foi sempre um objetivo concluir o 12º ano de escolaridade. Desta forma, inscrevi-me no antigo ensino recorrente. Em 2006, após 3 anos, a conciliar estudos e trabalho a tempo inteiro, consegui terminar a minha formação no ensino secundário (12º ano).

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Desse tempo, recordo-me do dinheiro que tinha no bolso, aprendi a dar-lhe valor mas, também do meu sentimento de tristeza, por estar fechado entre 4 paredes durante 8h e de não poder partilhar e disfrutar das histórias que os meus colegas do andebol me contavam.

Decidi, imprimir uma mudança de 180 graus na minha vida, arriscar e ser feliz. Como tal, abdiquei do trabalho, levantei todo o meu “pé-de-meia” e em 2007 concorri a licenciatura do Desporto em Espanha, onde o apoio financeiro (bolsa de estudo) era substancialmente superior ao que se verificava em Portugal.

Após dois anos na Galiza, onde acumulei um número infindável de histórias, aprendizagens, amizades e consequências positivas para a minha vida, verifiquei que as condições financeiras, por força da crise europeia que ainda hoje perdura, foram-me retiradas. Nesse sentido em 2009, apareceu uma “lufada de ar fresco” na minha vida, a FADEUP.

Porquê esta minha escolha?

Por ser a mais prestigiada Faculdade do país e por ser a minha referência (pré-requisitos) nos tempos da Escola Secundária Alberto Sampaio, no curso de desporto. Aqui, a minha vida ganhou novo alento, além das amizades que hoje duram e o conjunto de ferramentas que a faculdade me providenciou, fazem com que hoje esteja a escrever este relatório palmilhando o passado com uma nova forma de pensar, alicerçada numa diferente capacidade de escrita. Nesta Faculdade tive a oportunidade de me licenciar, a de me iniciar como treinador (treinador dos iniciados de andebol do ABC de Braga) e também, a oportunidade de voltar ao meu andebol como atleta universitário. Por tudo isto, devo muito à FADEUP, por me orientar na vida, apesar das incertezas do futuro. Por me formar enquanto pessoa e homem que sou mas, também como um Ser Professor, um Educador, uma referência para os meus alunos e atletas.

Mas perguntam vocês, porque te consideras uma referência para os teus alunos e atletas?

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Segundo Nóvoa (s.d), durante muito tempo, procuraram-se os atributos ou as características que definiam o bom Professor. Esta abordagem conduziu, já na segunda metade do século XX, à consolidação de uma trilogia que teve grande sucesso: saber (conhecimentos), saber-fazer (capacidades) e saber-ser (atitudes).

Revendo-me nestas palavras considero que possuo algumas características referidas. Desde muito cedo, fui adquirindo conhecimentos, capacidades e atitudes que me permitiram encarar com otimismo, este ano de Estágio. Fruto da minha experiência em conjugar a vida escolar com o emprego e o Desporto, aprendi a organizar-me, a estabelecer prioridades e a lidar com as mais diferentes pessoas dos mais diversificados estratos sociais, nos mais diversos e variados contextos.

A vida em torno do Desporto, nomeadamente do andebol, um desporto coletivo que me fez adquirir experiência através do acumular das mais diversas posturas e atitudes, perante o contexto onde estamos inseridos. Fruto da competição, experienciei a vitória e a derrota, aprendi a controlar as emoções, a respeitar e a ser respeitado, mesmo quando as adversidades parecem não acabar, mesmo quando desejamos que o relógio pare ou até mesmo avance de forma célere.

No que respeita aos conhecimentos, sinto-me privilegiado por ter tido a oportunidade de frequentar a FADEUP e a Universidade de Vigo. Fui instruído por bons professores (boas referências) e acima de tudo por ter sido emancipado pelas duas faculdades, tanto na procura e aquisição dos mais diversificados conhecimentos como na sua aplicação às mais diversas idades. Experimentei e apliquei, diferentes metodologias em realidades culturais semelhantes mas não iguais.

Concluindo, à minha personalidade que considero forte e, pela passagem nos contextos percorridos, acrescentei caraterísticas que me aportam ferramentas importantes e necessárias para lecionar um integrado e progressivo leque de conteúdos e objetivos, adaptados à realidade onde estou e estarei inserido.

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7 2.1 Expetativas

O contexto social e profissional da vida de um docente em Portugal é complicada, como todos nós sabemos. Todos os dias, acordamos com notícias de cortes na educação, despedimentos, desemprego, reformas adiadas, entre outros. Se tivesse entrado para a faculdade como um aluno que percorreu os 12 anos de escolaridade de forma normal, mais os 5 anos de faculdade, estaria licenciado desde 2007. Nessa altura as dificuldades eram algumas embora houvesse mais esperança e mais oportunidades ao longo do nosso território. Inclusive, tenho amigos licenciados dessa data que estão colocados, quer em escolas primárias quer em escolas básicas e ou secundárias.

Então para quando uma oportunidade para mim?

Neste sentido, respondendo à pergunta que deixei em suspenso no capítulo anterior irei confrontar as minhas expetativas iniciais, no remoto mês de Setembro, com as reflexões que realizei ao longo deste ano de estágio. Partirei de uma análise mais global, para uma análise mais detalhada.

Pressenti que iria ser um ano de grande realização pessoal, influenciada pelo facto de querer ser um professor que marcasse, de forma positiva, a juventude destes alunos, assim como alguns dos meus professores marcaram a minha mas, também, por ter a oportunidade de promover o desporto e a saúde. Perante este cenário e retrocedendo no tempo, considero que, quanto à primeira expetativa não consegui obter respostas embora ouvisse dos alunos:

“- Para o ano vamos pedir, com assinaturas, para o professor, ficar com a nossa turma outra vez”.

Do desejo manifesto de ficar para o próximo ano com eles até ao marcar uma geração, vai um longo percurso. No entanto, penso que ao ouvir determinadas frases, julgo que os alunos ficaram satisfeitos por me ter enquanto professor.

Quanto à promoção da saúde, faz parte das missões do professor e da escola promover a saúde e o desporto, junto dos seus alunos. Os professores

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devem ser preparados para discutir questões de saúde, higiene, alimentação, de maneira crítica e contextualizada, vinculando saúde às condições de vida e direitos do cidadão. Desenvolver o senso crítico, formar o cidadão de amanhã é tarefa da educação e dos Professores (Collares e Moisés, 1989).

Neste aspeto, tentei transmitir durante as conversas informais, mesmo nas conversas realizadas na reflexão de final de aula a necessidade de serem ativos, de adquirirem bons hábitos alimentares e desportivos. Elaborei um estudo, que o colocarei na íntegra neste relatório, sobre este mesmo tema.

De certa forma, sinto-me algo realizado e recompensado, pois fui capaz de chegar aos alunos, consciencializá-los, intervir em situações de excesso de peso e até encaminhá-los para a prática desportiva federada, como foi um caso de um aluno, que começou a praticar salto em altura no S. C. Braga, por minha indicação. Segundo Mota e Sallis (cit. Mendes, 2009 p.37):

“A função dos professores é preponderante para levar os alunos a terem experiências positivas, a procurarem e a desejarem a obtenção de sucesso, a ajudarem na consciencialização e decisão na escolha autónoma de estilos de vida ativos”.

Em relação aos alunos as minhas expetativas eram altas, visto estar habituado ao treino desportivo, à responsabilidade e ao compromisso dos atletas face ao treino. Posso, agora dizer que notei alguma diferença, isto é, os alunos federados fora do contexto escolar apresentaram a mesma dinâmica que esperava, no entanto, deparei-me com uma minoria 2-3 alunos que, basicamente pareciam não gostar das aulas de Educação Física.

Com respeito ao Professor Cooperante, já tinha boas referências por parte de colegas que haviam realizado o estágio em anos anteriores. No entanto, esperava que fosse um facilitador do meu trabalho, me ajudasse a perceber algumas rotinas e dinâmicas de funcionamento da turma. Corrigisse os meus erros de forma pronta, simples e eficaz e acima de tudo, que confiasse em mim e no meu trabalho. No Professor Cooperante, encontrei mais que um professor, um amigo, um moderador da minha impulsividade, um

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facilitador com um discurso frontal e sincero. Divergimos em alguns pontos, mas convergimos em quase todos. Nunca me deu uma resposta concreta, “obrigou-me” sempre a pensar, a encontrar através de pistas, as respostas que ansiava, levando-me muitas vezes à quase exaustão psicológica. Descomplicou-me conceitos teóricos e auxiliou-me na sua aplicação prática. Garantiu-me autonomia em todas as decisões sobre a turma sem nunca pôr em causa a minha autoridade. Responsabilizava-me e corrigia-me por qualquer ato que tomasse. Lembro-me de algumas palavras que o Professor Cooperante me disse no início do estágio, não deixes de ser quem tu és, mostra o teu lado natural aos alunos, não sejas artificial, embora por vezes necessites de o ser.

O grupo de estágio era formado por mais duas colegas. Também as conhecendo bem, visto terem sido minhas colegas na licenciatura, bem como no 1º ano deste ciclo. Calculava que iriamos passar imenso tempo juntos, partilhar opiniões, dificuldades, alegrias, tristezas entre outros aspetos. A organização das datas de reunião, o imenso trabalho, as dúvidas infinitas, o aproximar do contacto com os alunos, foram questões que conseguimos superar, apoiando-nos uns nos outros e constatei o espirito de compromisso e entreajuda existente. Porém, hoje em dia, é comum, conciliar os estudos com um part-time. As minhas colegas e eu, não fugimos à regra, este facto, foi preponderante, porque nos retirou algum tempo de contato na escola. Reunimos uma vez por semana com o nosso professor cooperante, sempre que fosse necessário, mas nunca foi necessário agendar uma reunião semanal, tal como o nosso professor cooperante destacou no início.

Com respeito às aulas, partilhamos imensas em conjunto, tanto a observar como a lecionar. “Cozinhamos” aulas, com os ingredientes de cada um. Costumava dizer que se nós nos unificássemos numa só pessoa, dávamos um professor perfeito, se é que ele existe. Portanto, comparando as expetativas com a realidade vivenciada, penso que coincidiram, no entanto, não podemos esquecer que foi necessário dar-me a conhecer, para as conhecer melhor a elas e obviamente, demorou o seu tempo.

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Relativamente ao meu Professor Orientador, também conhecendo bem a pessoa que é, e estando consciente do seu nível de exigência, dos seus métodos de trabalho e das suas áreas de estudo, tinha as minhas expetativas elevadas. Foi uma pessoa que me obrigou a batalhar intelectualmente, é exigente e um comunicador de excelência. Admiro os extensos mas ricos textos que redige. Às vezes perco-me na leitura, pois a sua escrita, leva-nos a divagar numa introspeção profunda, na busca de significados, resultados, conclusões, entre outros. Tem sempre uma palavra amiga e solução para todos os nossos problemas, adapta-se ao meio e ao contexto como ninguém. Ajudou na minha emancipação. Não me defraudou enquanto Orientador, professor e amigo que é.

Em suma, penso que entre todos, conseguimos criar um clima harmónico, de partilha de conhecimentos, estratégias, dúvidas, dificuldades, alegrias, tristezas, um clima onde reinou a solidariedade, o espírito de trabalho.

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3. Enquadramento da Prática Profissional

Aproveitando as evidências referidas no capítulo anterior, sobre a necessidade de manter um clima ótimo entre todos os agentes envolvidos, no processo de ensino aprendizagem, no desenrolar da nossa prática profissional, que papel desempenha o envolvimento do estágio?

Será que o meio onde está inserido condiciona o papel do estudante-estagiário?

Segundo Torres (2008), não podemos verdadeiramente compreender a importância das especificidades culturais de uma dada organização sem primeiro identificarmos os tempos, os lugares e os espaços em que elas ocorrem. A mesma autora indica-nos que a escola de hoje está carregada de diversidades culturais. Enquanto agência desta mediação, a escola assemelha-se metaforicamente a um entreposto cultural, a um posto dinâmico entre culturas (Torres, 2008). Ainda, segundo Kröeber (1993, cit. por Garcia, 2010), que refere a importância da cultura, a qual se pode traduzir como constituindo as interferências do meio envolvente, na construção do Homem.

Neste sentido sinto a necessidade de enquadrar o meu Estágio Profissional no meio onde se integrou, nomeadamente com respeito à cidade, à escola, aos alunos e à turma.

3.1 Meio geográfico da escola

Segundo dados retirados da Câmara Municipal de Braga (2013), Braga, fica situada na região do Minho. Geograficamente localiza-se no vale do Cávado, na região Noroeste de Portugal Continental. Com uma área de 184 Km2 confronta a Norte com os concelhos de Vila Verde e Amares, a Nordeste e Este com Póvoa de Lanhoso, a Sul e Sudeste com Guimarães e Vila Nova de Famalicão e a Oeste com o concelho de Barcelos. O relevo do concelho é caracterizado por uma relativa irregularidade com áreas de vale que se espalham por todo o território, que se contrapõem amiúde com pequenas formações montanhosas, dispostas segundo alinhamentos paralelos aos rios

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principais. Limitado a norte pelo rio Cávado, a sul pelo conjunto de elevações que formam a Serra dos Picos (566m) e a nascente pela Serra dos Carvalhos (479m), o concelho de Braga, abre-se a poente para os concelhos de Famalicão e Barcelos. O território desenvolve-se de nordeste para sudoeste, acompanhando os vales dos dois rios que o atravessam, os quais, juntamente com os outros cursos de menores dimensões, geraram duas plataformas. Predominam as zonas de vale, que não atingem altitudes elevadas, variando os seus valores entre os 20 e os 570 metros, pelo que a exposição solar, é de um modo geral boa em quase todo o território.

Administrativamente, o concelho de Braga é a capital do distrito de Braga e abrange a totalidade de 62 freguesias, atingindo a população total residente um valor de 164 192 habitantes, em 2001. Sendo um concelho predominantemente urbano, principalmente em torno da cidade. O clima de Braga é favorecido pela influência Atlântica, devido aos ventos de Oeste que são canalizados ao longo dos principais vales, transportando grandes massas de ar húmido, assim pode considerar-se que o clima da região é ameno e com as quatro estações bem definidas. Com efeito, essas massas, de ar mantêm a humidade relativa em valores que rondam os 80%, permitindo a manutenção dos valores médios da temperatura anual entre os 12.5º C e 17.5ºC. No

entanto, devido ao acentuado arrefecimento noturno, geram-se

frequentemente geadas, cuja época dura de três a quatro meses, cerca de trinta dias de geada por ano.

A precipitação anual ronda os 1659 mm, com maior intensidade nas épocas de Outono, Inverno e Primavera. Os Invernos são bastante pluviosos e frios, e geralmente com ventos moderados de Sudoeste. Em anos muito frios pode ocorrer a queda de neve. As Primaveras são tipicamente frescas, as brisas matinais ocorrem com maior frequência, principalmente nas maiores altitudes. De salientar o mês de Maio que é bastante propício às trovoadas, devido ao aquecimento do ar húmido com a chegada do Verão. Os Verões são quentes e solarengos com ventos suaves de Este. Nos dias mais frescos, podem ocorrer espontaneamente chuvas de curta duração, bastante

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importantes para as culturas agrícolas, tornando a região rica em vegetação durante o ano inteiro, sendo conhecida como Verde Minho. Os Outonos são amenos e pluviosos, geralmente com ventos moderados. Enquanto a temperatura desce, aumenta a pluviosidade até atingir os valores mais altos do ano. Existe uma maior frequência de nevoeiros, principalmente no Vale do Rio Cávado onde ocorrem nevoeiros matinais bastante densos.

3.2 Escola Secundária Alberto Sampaio

Caraterizada a cidade onde a escola se insere e tendo por base o projeto educativo, da Escola Secundária Alberto Sampaio (2011-2013), esta localiza-se no setor nascente da freguesia de S. Lázaro da cidade de Braga e foi construída na parte sul do plano fluvial do rio Este. A freguesia (a segunda, do concelho e cidade em número de habitantes) ocupa atualmente a zona sudeste da cidade de Braga.

Relativamente à comunidade educativa, a Escola Secundária Alberto Sampaio capta uma população estudantil muito diversificada, servindo, fundamentalmente, a zona centro e sul da cidade, onde pontuam famílias de diferentes estratos sociais. Contudo, nos últimos anos, tem-se acentuado a tendência para uma maior diversificação, integrando a escola alunos provenientes de todas as freguesias da cidade. Assim, na tentativa de corresponder às necessidades específicas de cada aluno, a escola transforma o seu espaço educativo, numa superfície de oportunidades para todos. Há um funcionamento contínuo entre as 8h30 e as 24h00, dos diferentes espaços de apoio aos alunos, tais como a biblioteca/centro de recursos, a sala de estudo com professores sempre presentes, entre outros espaços. Assim, a diversidade continua a constituir o pano de fundo a partir do qual a escola trabalha. O caráter heterogéneo do perfil global desta instituição, com a integração de alunos provenientes dos mais diversos meios sociais, económicos, culturais e com diversas experiências de vida, tem sido encarado como um desafio permanente e uma mais-valia a sustentar. Na realidade, esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inúmeros projetos e um ambiente educativo

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que consideramos adequado ao desenvolvimento das aprendizagens e da formação dos nossos alunos.

As atividades desenvolvidas pelo grupo de educação física, bem como as atividades do desporto escolar, com especial destaque para o Troféu e o Sarau Escola Secundária Alberto Sampaio. Estes dois eventos marcantes da escola, envolvem taxas de participação média na ordem dos 500 alunos, no caso do primeiro, e um público de cerca de 3000 pessoas na segunda organização, enchendo repetidamente todos os anos o maior auditório da cidade. O projeto educativo de escola, nos capítulos dedicados à “Ação Estratégica da Escola” contém os 3 princípios basilares de funcionamento da escola:

 Trabalho colaborativo e cooperativo em toda a preparação, realização e avaliação do ensino;

 Articulação curricular, assumindo que em conjunto se trabalha melhor, sem preconceitos, hierarquias e com humildade assumimos que não somos omniscientes e em conjunto discutimos de forma transversal o ensino e avaliámo-nos mutuamente;

 Autoavaliação. Para podermos melhorar temos de perceber os resultados do nosso trabalho, sendo necessário monitorizá-lo.

A Escola Secundária Alberto Sampaio, tal qual a conheci, já não existe fisicamente. Inserida no projeto da parque escolar, entre o ano letivo 2009/2010 e 2010/2011 a escola foi requalificada e modernizada. Os espaços e infraestruturas foram modificados e reestruturados de uma forma que faz da escola, atualmente, um espaço de educação com condições de excelência. Cada um dos edifícios integra salas de aula normais e salas específicas, com apetrechamento técnico adequado. A escola ficou ligada como um todo, sendo possível percorrê-la de um lado a outro pelo interior (à exceção do pavilhão gimnodesportivo). Com esta requalificação ficou dividida em 7 grandes blocos pelos quais se distribuem todas as salas normais e específicas, biblioteca, cantina, serviços administrativos, direção e auditórios que têm para nós algum interesse. As instalações desportivas dispõem de um pavilhão gimnodesportivo

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(40x30m), duas salas de ginástica, campos exteriores de andebol, futebol, basquetebol e voleibol, caixa de areia, pista de atletismo de 200m.

Concluindo, excetuando o espaço físico, obviamente, superior ao tempo em que era aluno, tudo o resto se mantêm, a empatia que se regista nos corredores, as dinâmicas de ensino, as caras que nos reconhecem de outro tempo, até a nossa funcionária do pavilhão gimnodesportivo, que ainda hoje me chama de filho, são também razões pelas quais optei por ter vindo realizar a minha Prática de Ensino Supervisionado (PES) nesta escola.

3.3 A População Alvo

Em relação à turma, antes de a caraterizarmos, é fundamental conhecer as características comuns associadas às idades que vamos lecionar.

Após uma revisão bibliográfica sobre o trabalho de alguns autores de referência (Haywood, 1993; Gallahue & Ozmun, 1997; Eckert, 1993) que desenvolveram os seus estudos, na área do desenvolvimento motor irei salientar algumas características próprias desta etapa da adolescência. A nível do desenvolvimento motor, este, é um período de grandes transformações corporais. Além deste aspeto, ocorre a maturação do sistema nervoso e a coordenação neuromuscular apura-se. Como consequência do descrito anteriormente, a turma encontrava-se num patamar superior de maturação, coincidente com o enunciado.

Por outro lado, referindo os autores anteriormente mencionados, em termos de desenvolvimento psicológico, a turma apresentou algumas formas de afirmação pessoal através do exibicionismo perante o sexo aposto, através de ações, comentários e gestos. Estes fenómenos ocorriam de forma geral, no grupo dos rapazes, embora em contexto mais formal de competição. Ainda sobre o termo psicológico, os autores relatam que os jovens menos desembaraçados fisicamente podem opor-se/desistir da prática desportiva quando confrontados com a realidade competitiva. Desde o início do ano,

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atendendo à heterogeneidade, de género, e de nível de desempenho, decidi, numa etapa inicial, criar equipas, por forma a evitar que os alunos menos hábeis fossem os últimos a ser escolhidos. No entanto, com o decorrer do tempo, passei a deixar os alunos construírem autonomamente as equipas, só intervindo se necessário para as equilibrar, nunca apontando/indicando um aluno menos hábil que mudasse de equipa, mas sim o mais hábil. Tomando assim consciência deste fenómeno, procurei desde o início do ano letivo criar equipas fixas e equilibradas, compostas por alunos de ambos os sexos por forma a evitar um desequilíbrio competitivo, que prejudicasse a aprendizagem e respetiva evolução dos alunos.

Por último, mas não menos importante, o fator comportamental. O Professor deve realizar o controlo da turma de forma equilibrada e discreta, evitando reações de oposição. A minha instrução e controlo da turma foram realizados através das minhas ações naturais, ou seja, raras foram as situações que necessitei de modificar a minha postura para garantir o controlo da turma.

Como referi nos pontos anteriores, inicialmente, tinha a ideia de entrar com um controlo apertado com os alunos, por forma a evitar constrangimentos no bom funcionamento da aula. No entanto, o meu Professor Cooperante alertou-me para este facto, o de não agir ou apresentar uma postura artificial, que não correspondesse à minha verdadeira personalidade. A partir desse momento agi equilibradamente, antecipando possíveis situações de conflito por forma a evitá-las. Também houve momentos em que tive impor algumas regras de funcionamento, por exemplo nos atrasos, onde o meu controlo era mais evidente. Por exemplo, se um aluno chegasse tarde, não lhe marcava falta, no entanto, teria que ser dos primeiros na próxima aula, caso não acontecesse teria falta. Em relação às raparigas, teriam que ter o cabelo sempre apanhado, não poderiam realizar a aula com pulseiras, brincos entre outros acessórios. Apesar de ter que relembrar as raparigas durante muitas aulas, a verdade é que as mesmas, mal se apercebiam, pediam imediatamente desculpa e retiravam o objeto.

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Em suma, é importante que o Docente, de antemão, se familiarize com determinados tipos de comportamentos para, desta forma, poder atuar antecipadamente, evitando aplicar estratégias de remediação.

3.4 Caraterização da Turma

Com o começo do ano letivo, uma das prioridades a considerar foi conhecer detalhadamente a turma que iria lecionar. É sabido que a tarefa de ser professor, também passa pela elaboração de um planeamento. Este é particular a cada professor, mas, como refere Vickers (1990), na sua proposta de modelo de planeamento, é necessário adequar a prática ao contexto. Desta forma, para que o professor possa dar o seu efetivo contributo à turma, necessita de obter dados e conhecer a turma, no sentido global, e cada um dos seus alunos, em particular. Para dar resposta a esta exigência, foi elaborada uma ficha de caracterização individual dos alunos. Através do estudo destas fichas de caracterização individual, o professor deverá conhecer não só o nome e a idade do aluno, como também deverá ter informações suficientes acerca do seu ambiente familiar e sociocultural. Desta forma, o professor pode, a partir destes dados, concretizar um planeamento, mais individualizado e personalizado, respeitando sempre o ritmo de aprendizagem de cada aluno.

Após o Professor Cooperante, nos facultar os horários escolares, talvez por alguma intuição e sem o conseguir justificar, escolhi a turma D do 10º ano de escolaridade. Esta turma era constituída por vinte e oito alunos, onze do sexo feminino e os restantes dezassete do sexo masculino. A média de idades é de quinze anos, sendo a idade mínima catorze e a máxima dezasseis. Em relação à preferência manual, à exceção de dois casos de preferência manual esquerda (sinistrómanos), todos os alunos são de preferência manual direita (destrímanos). Com respeito ao agregado familiar, o número de elementos por agregado em média é quatro, oscilando entre os seis e os dois elementos. A grande maioria dos alunos tem apenas um irmão, havendo no entanto, oito alunos sem irmãos e três alunos com dois, três e cinco irmãos, respetivamente. Com respeito às idades dos pais, na grande maioria o pai tem entre quarenta e

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cinquenta anos e a mãe entre os trinta e seis e os quarenta e cinco anos de idade. No que diz respeito às habilitações académicas, o pai revela maior diversidade, onde 30% detém um grau de licenciado ou mestre, no entanto, há uma grande percentagem com uma escolaridade inferior ao 9º ano de escolaridade obrigatória. Em relação à mãe, a grande maioria detém o 12º ano de escolaridade, e uma grande percentagem, quase equivalente ao pai detém o grau de licenciado ou mestre. Em relação ao vínculo laboral, constatamos que e de forma maioritária, os pais eram efetivos no seu local de trabalho, no entanto, cinco pessoas estavam desempregadas, no momento da recolha de dados. Com respeito à vida escolar, todos os alunos não frequentaram esta escola no ano anterior, sendo este um bom indicador para nós professores compreendermos eventuais dificuldades de adaptação dos alunos à escola. No que concerne à internet, a totalidade dos alunos, afirmou possuir na sua residência, um computador com acesso à dita tecnologia, o que possibilitou a integração destes, no grupo da turma no facebook, no qual estive inserido. Em termos de saúde, quatro alunos apresentaram doenças crónicas, renite e asma, uma aluna apresentou alopecia. Também encontramos cinco alunos com problemas visuais, que após uma análise, constatei que o grau de acuidade visual não era impeditivo da normal prática de atividade desportiva. No que às horas de repouso diz respeito, verifiquei que a maioria dorme entre 7 e 9 horas, sendo as 00h como hora média de ir para a cama. Em relação às modalidades desportivas, num país cultural e intrinsecamente ligado ao futebol, esta foi a modalidade que mais preferência reuniu pela turma, seguida do basquetebol, andebol, voleibol, atletismo e ginástica.

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4. Realização da Prática Profissional

Uma vez finalizada a PES (Prática de Ensino Supervisionada), urge a necessidade de completar o balanço que tenho vindo a realizar ao longo do ano, refletindo e analisando todo o processo, desde o início do ano letivo até à presente data.

O Projeto de Formação Individual foi um documento elaborado no início do presente ano letivo, com o intuito de traçarmos objetivos, definir estratégias, antecipar problemas e em suma, serviu como uma linha orientadora para a edificação deste relatório de estágio. Hoje, considero a elaboração deste documento como sendo vantajosa, pois permitiu estabelecer um balanço referenciado entre o projeto e a realização da PES.

4.1 Conceção

No capítulo anterior fiz referência a Vickers (1990), na necessidade de adaptarmos a prática ao contexto. Da mesma forma, devem partir de um nível macro (programas nacionais) para um nível micro (turma).

Uma das primeiras tarefas, de caráter prioritário, com que nos deparamos neste estágio é a leitura atenta dos Programas Nacionais de Educação Física, estes serviram de base à construção do nosso planeamento. Bento (1987) diz-nos que o ensino é criado duas vezes: primeiro na conceção e depois na realidade. A leitura e interpretação dos Programas Nacionais de Educação Física, não era um processo completamente novo para mim, já que no 1º ano deste ciclo de ensino, na disciplina de desenvolvimento curricular, analisámos os Programas Nacionais, para os diferentes ciclos de ensino. Nessa mesma altura, comentávamos entre nós sobre como seria possível lecionar e atingir as metas e objetivos que os ditos programas propõem. Os programas são demasiados extensos para se ensinar com qualidade, contemplando inúmeros objetivos, onde prevalece a quantidade, em detrimento da qualidade.

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Este ano, rapidamente constatei a discrepância entre os conteúdos programáticos e a realidade encontrada em ambiente escolar. Considerando que os programas nacionais de Educação Física (EF) constituem a referência para o desenvolvimento curricular da EF, a sua exequibilidade depende da capacidade de mobilização do departamento de EF em torno dos objetivos da disciplina, desenvolvendo estratégias que possibilitem a sua consecução (PNEF, 2001). No mesmo sentido, Brás & Monteiro, (1998) afirmam que a grande transformação que urge despoletar, deve ocorrer a partir do local onde cada um exerce a sua atividade.

Na Escola Secundária Alberto Sampaio tudo o que referi anteriormente faz sentido. Ou seja, o Grupo de EF da Escola, partindo da análise dos diferentes Programas Nacionais para os diversos níveis de ensino, elaborou referenciais orientadores para os diferentes anos de escolaridade. Estes referenciais pretendem adaptar/simplificar os Programas Nacionais à realidade da escola, estabelecendo objetivos / metas comuns, para que se obtenha uma aprendizagem harmoniosa. Para mim o acesso a estes referenciais foi uma preciosa ajuda na elaboração do meu planeamento. Se não vejamos, para perceber a quantidade de estímulos que seriam necessários para a aprendizagem e evolução do aluno, recorri aos Programas Nacionais, bem como à consulta dos ditos referenciais, nomeadamente para adaptar os meus critérios avaliativos.

Deste modo, penso ser importante uma profunda restruturação dos programas, nomeadamente com respeito aos seus conteúdos, objetivos e metas, por forma a simplificar o processo de aprendizagem, para que os alunos, aprendam com qualidade e que essa aprendizagem, possibilitando uma aprendizagem de maior qualidade mais consequente.

A conceção do meu planeamento deveu-se portanto, ao que fui referindo nos capítulos anteriores, nomeadamente a análise à turma, à faixa etária, ao contexto onde a escola está inserida e aos referenciais. Tudo isto permitiu-me criar condições de aprendizagem para a elaboração do próximo capítulo.

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21 4.2 Planeamento

Após a verificação da conceção, passo importantíssimo, que antecede o desenvolvimento da projeção do planeamento, irei aqui descrever e refletir todo este processo.

Planear ajudou-me simplificar o processo da minha atuação, serviu-me como uma linha orientadora ao longo do ano na atividade docente. Como refere Vickers (1990), consoante avançamos de nível, o grau de especificação e de especialização vai aumentando, tornando o planeamento cada vez mais específico. Baffi (2002) por sua vez, afirma que planear, parece ser a compreensão de conceitos e o uso adequado dos mesmos. Elucida ainda, para o facto de que, planear é uma atividade que está dentro da educação, que permite evitar a improvisação, estabelece caminhos. Deste modo, o professor decide a extensão e sequência das matérias atendendo a uma articulação lógica e sequenciada dos conteúdos, bem como dos objetivos.

Seguindo uma lógica de articulação vertical, com tudo o que afirmei anteriormente, o planeamento deve ainda, obedecer a uma série de indicadores, tais como, o nível de desempenho dos alunos, os materiais disponíveis, os espaços onde decorrem as aulas entre outros (roulement). A escola tem como prioridade utilizar todos os espaços, salvaguardando uma alternativa para as cinco turmas que realizavam aula em simultâneo. Ou seja, em caso das condições atmosféricas não permitirem a realização da aula no espaço exterior, todas as turmas tinham alternativa. O roulement foi fundamental para que começasse a delinear o meu projeto anual (planeamento), como iremos ver mais à frente.

Outro dos aspetos importantes é perceber quanto tempo e quais as matérias a lecionar. Verifiquei, que por semana, teria quatro blocos de quarenta e cinco minutos, estando estes blocos organizados em duas sessões de aulas, de noventa minutos. Este tempo, não corresponde à realidade da prática, ou seja, ao seu tempo útil. Considero tempo útil de uma aula, o intervalo de tempo entre a entrada e a saída dos alunos do espaço de aula, e considero o tempo

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efetivo de atividade. Deste modo, a aula de noventa minutos apresenta setenta minutos de tempo útil para atividades letivas.

Definido o tempo de aula, decorre saber quais as matérias a abordar, determinadas pelo Programa Nacional de EF para o décimo ano de escolaridade. A eleição das matérias que abordei foi da inteira responsabilidade do Grupo de EF.

Mediante os aspetos anteriormente referidos, os próximos passos de construção deste projeto a longo prazo são da minha inteira responsabilidade, com a supervisão do meu Professor Cooperante. Assim, recordo-me como se fosse hoje, fiquei apavorado com a quantidade de variáveis que teria que ter em conta, para colocar todo o ano letivo, “num pedaço de papel”. Pensei que era uma missão impossível, foram muitas as dúvidas e as dificuldades surgidas. Tive que recorrer ao Professor Cooperante e à sua experiência que se revelou fundamental para que conseguisse ganhar coragem para organizar e esquematizar, ideias e conceitos e, assim, estar em condições de projetar o ano letivo. A atitude do Professor Cooperante renovou a minha confiança, dando-me a segurança de nunca desprezar as minhas crenças, porque nós temos conhecimento, um passado, experiência e conhecimento desportivo. De acordo com o Professor Cooperante, nos últimos tempos, os Estudantes-Estagiários têm experimentado um diferente tipo de planeamento, assente em estímulos que passarei a explicar.

Um planeamento para um ano letivo completo, atendendo ao período de tempo em causa, chega a ser quase incoerente, uma vez que, o grau de incerteza é enorme. Contudo, o principal objetivo deste planeamento, tendo em conta as variáveis mais estáveis, é realizar uma distribuição das matérias de ensino ao longo do ano de forma mais rentável possível.

Como anteriormente referi, os Programas Nacionais de EF estão na base de decisão das matérias de ensino. Um outro princípio foram as linhas orientadoras desses mesmos Programas Nacionais, que defendem que o ensino de EF deverá ser tão disperso quanto possível e tão concentrado

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quanto necessário. Isto é, o planeamento vai contrariar as abordagens massificadas por blocos. Ao contrário, privilegia várias oportunidades de aprendizagem de tempo variável, ao longo do ano. Deste modo, decidimos planear estímulos, ou seja, em cada aula, poderá haver mais do que uma modalidade, e cada parte dessa aula englobará um, dois ou até mesmos três estímulos diferentes, correspondentes a três modalidades distintas.

Os estímulos como vantagem permitem um contacto contínuo com quase todas as modalidades ao longo do ano, evitando por exemplo, que um aluno que tenha andebol no 1º período, no 10º ano, e andebol no 3º período do 11º ano, fique mais de um ano sem contato com a modalidade. Havendo um equilíbrio e uma diversidade das matérias lecionadas ao longo do ano, torna-se motivador, para os alunos e para o Professor. Também, e sabendo que os alunos têm preferência nas modalidades abordadas, estes estão em prática com as modalidades preferidas durante todo o ano. A única desvantagem que considero que este tipo de planeamento tem, prende-se com o facto de não se obter uma evolução imediata do nível de desempenho dos alunos. Ou seja, como os estímulos são lecionados espaçadamente, a evolução do nível de desempenho aluno não acontece a curto, mas sim a longo prazo.

A extensão de cada matéria de ensino e respetiva distribuição de estímulos foram influenciadas em primeiro lugar, pelas potencialidades e necessidades dos alunos nas diferentes modalidades, em segundo lugar, pelo roulement e em terceiro lugar, pelas condições climatéricas. A avaliação da aptidão física, contemplada nos programas de EF, através da Bateria de testes Fitnessgram foi também calendarizada, com uma base transversal a todo o planeamento, estando presente em todas as aulas a sua preparação. Importa realçar que em todas as aulas, estiveram presentes pelo menos dois estímulos de duas modalidades distintas. Este facto ocorreu atendendo à enorme

quantidade de estímulos necessários, para atingir os objetivos

comportamentais, anteriormente referidos.

Com respeito à avaliação das modalidades, da aptidão física e dos conhecimentos, ocorreria no final do período. No entanto, como exceção e de

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acordo com o meu Professor Cooperante, as matérias como por exemplo o salto em altura, que têm uma pequena quantidade de estímulos, foram lecionadas de forma concentrada. Como tal, não tinha sentido avaliar no final do período, mas sim no final da aprendizagem do conjunto de estímulos. Mais à frente neste relatório, irei colocar um exemplo do planeamento das matérias por estímulos.

Após esta explicação de como se procedeu a elaboração do planeamento para a minha turma, gostaria de o confrontar com a realidade vivida. É certo que tive imensas dificuldades em elaborar o planeamento. O meu grande “utensílio” na sua elaboração foi a borracha, tantas foram as vezes que tive que apagar, refazer e ajustar.

Nas primeiras aulas de avaliação diagnóstica, projetei-as, seguindo este modelo. Rapidamente percebi que não conseguia avaliar os alunos. Talvez por não estar familiarizado com vinte e oito alunos em prática ao mesmo tempo, ou por demasiada dispersão de estímulos. Neste sentido, apresento aqui a reflexão que realizei nesse mesmo momento:

“Senti enormes dificuldades em observar e registar comportamentos, pelo facto de necessitar de intervir quer em questões de gestão, quer de aprendizagem. Penso que nas próximas aulas, terei ou de simplificar a lista dos critérios a observar, ou então optar claramente por me dedicar à avaliação diagnóstica de apenas uma matéria de ensino por aula.” (Reflexão nº2).

Nesta fase, ainda pensei em abdicar deste formato e optar pelo tradicional. Porém, o meu Professor Cooperante encorajou-me a experimentá-lo nas aulas seguintes deixando-me, no entanto, realizar as avaliações diagnósticas pela forma tradicional.

Um dos primeiros desafios que tive foi saber, como devia conciliar os estímulos?

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Quando os espaços permitirem leciono diferentes estímulos ao mesmo tempo?

Tudo isto foi experimentado por mim este ano e a situação com a qual me dei melhor e obtive melhores resultados foi a de dividir a aula com duas partes de igual tempo e lecionar um estímulo de cada vez. Isto porque as dificuldades a nível de gestão, de controlo ou até de ensino aprendizagem aumentavam drasticamente quando lecionava dois estímulos, o que pressupunha, diferentes tipos de exemplos, de emissão de feedbacks, de organização e distribuição do material entre outros. No entanto, nas aulas com espaço reduzido e nos momentos de espera, diferentes estímulos eram dados ao mesmo tempo. Com o tempo, aprendi a periodizar e estabelecer objetivos principais, por forma a poder controlar melhor a situação.

Em relação à congruência de estímulos, consegui perceber que andebol e basquetebol, pela divergência nos apoios, não podiam ser dados ao mesmo tempo, tudo o resto foi lecionado em conjunto com outros estímulos diferentes. Após considerar o anteriormente descrito defini atendendo à avaliação diagnóstica que, as modalidades com maior número de estímulos a lecionar seriam andebol, voleibol e ginástica. Estas foram lecionadas equitativamente pelos três períodos, inclusive ao mesmo tempo em diferentes espaços quando verifiquei que, a responsabilidade e autonomia dos alunos o permitia. Modalidades como dança e a disciplina de saltos em atletismo iriam ser abordados a partir do segundo período. Com respeito à dança pelo facto de ser uma modalidade que cria algumas dificuldades aos alunos deste modo, optei por prepará-la ao longo do primeiro período. Fomentei o espírito de grupo a cooperação e a entreajuda que, resultaram numa maior desinibição dos alunos para a aprendizagem da matéria. Em relação à disciplina de saltos em atletismo as condições climatéricas foram um fator preponderante que tive de ter em conta uma vez que, a generalidade das aulas iriam ser lecionadas no exterior. No que respeita às modalidades coletivas o princípio foi valorizar o jogo, assente num modelo do topo para a base, pretendi que os alunos, participando ativamente, ficassem com a noção de como se desenrola o jogo.

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No entanto, não abdiquei de realizar exercícios analíticos como complemento, sempre que fosse necessário fomentar as habilidades técnicas.

No nível intermédio do planeamento, deparámo-nos com as unidades temáticas, sendo este mais específico que o planeamento anual. Em conformidade com o que acontece nos níveis de planeamento anteriores, partimos de global para o específico. A Unidade Temática expressa, também, um plano para lecionar as mais variadas técnicas e táticas, englobando conceitos fisiológicos e psicossociais bem como a cultura desportiva.

Em quase todas as unidades temáticas, as primeiras aulas foram dedicadas à avaliação diagnóstico. De acordo com o Professor Cooperante e de modo excecional, nas matérias como dança e atletismo não se realizaram as avaliações diagnósticas. Isto, porque iriamos lecionar todas as etapas independentemente do nível de desempenho dos alunos. No entanto, nas demais modalidades, senti a necessidade de o fazer, para uma correta adaptação dos conteúdos, de acordo com o nível de desempenho dos alunos.

Uma vez definido o ponto de partida, podemos prever o ponto de chegada e, assim, percorrer de forma consciente o restante caminho.

Os diferentes conteúdos da Unidade Temática foram sendo introduzidos, com a consciência de que na aula seguinte ocorreria um reforço na exercitação do conteúdo anteriormente abordado. Desta forma, esperava que na semana seguinte outro, ou outros conteúdos, fossem novamente motivo de destaque. Em suma, como seria de esperar, no final de cada Unidade Temática a função didática a privilegiar era a avaliação sumativa dos conteúdos.

Descendo mais um nível, nesta etapa do planeamento, encontramos o plano de aula. Este é o culminar dos anteriores, onde devemos refletir todos os pensamentos e ações. Deve estar pensado, estruturado, por forma a haver sempre espaço para um “plano B”, quando as condições de prática não permitissem que houvesse uma harmonia entre aquilo que foi projetado e a realidade encontrada.

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Um plano de aula, formalmente deve englobar a data, número de sessão, unidade temática a que pertence o plano, função didática, objetivos, pontos-chave, entre outros. O plano de aula baseia-se no entendimento daquilo que o Professor considera que os alunos possam atingir.

Schmidt e Wrisberg (2008) apresentam a existência de vários tipos de metas que Professor deverá ter em conta, no momento da elaboração do plano de aula. Estas dão aos alunos um objetivo realizável a atingir, aumentando a sua qualidade na experiência de aprendizagem. Sobre metas de resultado, afirmam que focam apenas o resultado final da atividade, pressupondo comparações com a performance de outros alunos. As metas de performance são metas para expressar melhorias quantitativas na eficácia de execução de uma qualquer habilidade por parte de um aluno. As metas de processo focam-se sobre a qualidade da produção de movimento na execução da habilidade motora, ou seja, destacam uma característica particular da execução de uma determinada habilidade.

Foi uma prioridade minha estabelecer um equilíbrio entre aquilo que os alunos gostam e aquilo que os alunos necessitam, no momento da elaboração do plano de aula.

As minhas aulas caraterizavam-se por apresentar um período inicial de tempo para a ativação geral dos alunos, seguindo-se a parte fundamental e, por último, a parte final, com o retorno à calma e respetiva reflexão, produzida em conjunto com os alunos, sobre os conteúdos da sessão.

O plano de aula reproduz todo um trabalho de preparação e reflexão que antecipadamente projetei para cada aula. Encarei-o como um guia na prática, um recordatório de tudo o que havia projetado. Se numa fase prematura deste estágio, seguia-o à risca, com o decorrer do tempo percebi que, atendendo às inúmeras variáveis inesperadas, seria um desafio quase impossível.

Numa primeira fase, posso confessar que era quase interminável o tempo que dedicava à construção dos exercícios adaptados ao contexto. Foram riscos em cima de sarrabiscos, esquemas em cima de esquemas,

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faltando sempre qualquer coisa. Aula após aula, conselhos após conselhos e partilhas de experiências com o Professor Cooperante, consegui progredir e elaborar com mais eficiência e num período mais curto de tempo, os planos das diferentes aulas.

Em suma, construir um planeamento, partindo do nível macro (planeamento anual) até ao micro (plano de aula), é aliciante, desafiador mas, possível de se concretizar. Desta forma, projetei o desejável, mas será que o consegui realizar?

4.3 Realização

Neste capítulo, e de acordo com Matos, (2012) seguindo as normas orientadoras deste Estágio Profissional, esta é uma etapa onde se deseja conduzir com eficácia a realização da aula. Ou seja, pretende-se que o Estudante-Estagiário atue de acordo com as tarefas didáticas, tendo em conta as diferentes dimensões da intervenção pedagógica, isto é, o Estudante-Estagiário deve ser capaz de:

I. Promover aprendizagens significativas; II. Usar terminologia específica da disciplina;

III. Envolver os alunos de forma ativa no processo de ensino; IV. Otimizar o tempo potencial de aprendizagem;

V. Otimizar a instrução, o feedback pedagógico, o clima, a gestão e a disciplina da aula.

Para que se denomine processo de ensino aprendizagem, tendo em conta todas as diferentes dimensões pedagógicas, em cima retratadas, é necessário uma interação de saberes entre o Professor (que ensina) e o aluno (que aprende). Esta interação deverá ser o objetivo primordial da educação, com o fim de os alunos aprenderem.

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De acordo com o que acabei de referir, durante todo este ano letivo, tentei funcionar como uma ponte de transmissão dos conhecimentos, em consonância com os objetivos que propus para a turma e a sua consolidação, por parte dos alunos.

Respeitando, obviamente, todas as dimensões da intervenção pedagógica, o uso de palavras-chaves durante a instrução e o feedback foram, assim, um atalho na obtenção desses objetivos. Não obstante, deviam ser limitados a uma ou duas palavras-chaves por cada conteúdo em cada plano de aula, evitando uma sobrecarga de informação que levariam a que os alunos desviassem a atenção do que realmente era importante.

Por outro lado, além de estimular a aprendizagem das diversas habilidades motoras específicas a cada modalidade, pretendi que os alunos cooperassem com os colegas e com o professor. Neste sentido, urge a necessidade de adotar uma terminologia específica da disciplina. Numa primeira fase, existe a necessidade de explicar aos alunos o significado das palavras mas, pouco e pouco, são eles que as aplicam. Por exemplo, nos jogos desportivos coletivos, em termos defensivos, utilizava a palavra dissuadir. Após aplicar o termo esperava alguns segundos até que algum aluno se pronunciasse, caso contrário, questionava-os sobre o seu significado e elucidava-os. Além disso aplicava alguns conceitos transdisciplinares com preferência para a anatomia, nas denominações das diferentes partes do corpo e músculos. A título de exemplo, os alunos desconheciam o termo supinação e pronação, quando os empreguei na manchete em voleibol. Também, alguns alunos desconheciam que o braço era composto por duas partes (braço e antebraço), e que a perna era composta por três partes (coxa, perna e pé). Neste aspeto é curioso, observar como os alunos captam a mensagem, ficando um pouco incrédulos pela nossa sabedoria, mas também pelos “palavrões” próprios de anatomia.

Nesta fase da adolescência, revelou-se no meu entendimento, preponderante o uso deste vocabulário, pois, além de captar naturalmente a atenção do aluno e evitar repetir as mesmas palavras que chegam a um certo

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