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4. Realização da Prática Profissional

4.6 Estratégias utilizadas para o sucesso dos alunos

O sucesso pode ser definido à custa de várias vertentes, o que para uns pode ser motivo de sucesso, para outros pode ser motivo de uma aprendizagem normal ou pouco relevante. A minha própria definição deste conceito neste contexto decorre das classificações obtidas pelos alunos, mas também pela constante apreciação durante as aulas. É a resposta do quotidiano dos alunos à constante exigência que fomos colocando aula após aula, ou então no cumprimento das regras definidas no início do ano letivo. É portanto, partindo desta perspetiva, que irei abordar este tema.

Analisando o sucesso por estas vertentes, os critérios que eu considerei para verificar se os alunos alcançaram o sucesso à custa das suas aprendizagens foram os seguintes:

I. A classificação, como não poderia deixar de ser, os alunos devem ser diferenciados uns dos outros e devem ver as suas prestações retribuídas aula após aula (a nível do desempenho motor).

II. O teste escrito, para determinar o nível de conhecimentos do aluno, adquiridos ao longo das aulas mas, também por pequenos dossiers que facultávamos.

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III. A avaliação atitudinal3, ou seja, o aluno que se empenha, cumpre horários, coopera com o Professor e colegas na manutenção de um clima ótimo de aprendizagem, deve ser recompensado.

IV. O cumprimento das regras básicas, onde os alunos devem aprender a respeitar para serem respeitados sabendo estar e agir nos mais diversos contextos quer na aula, quer na sociedade. A definição das regras, na aula de apresentação foi uma boa aposta de minha parte, já que as fiz cumprir, durante todo o ano, e consegui por exemplo, que os alunos raramente se atrasassem, as faltas de material também foram insignificantes (apenas duas). Quanto às dispensas, foram o aspeto que deixei mais em aberto, ou seja, aceitava as dispensas desde que houvesse um compromisso de honra por parte do aluno, na justificação que me fornecia.

De um modo geral, posso afirmar que correu bem, no entanto, sinto que tive um aluno que por diversos momentos, não fez aula, abusando de esse estatuto. Penso que talvez devesse ter agido de outra maneira com esse aluno, em vez de estar a consciencializá-lo, deveria ter-lhe aplicado uma medida coerente para que se sentisse responsabilizado. No entanto, foi penalizado na avaliação atitudinal. De uma forma geral, penso que houve sucesso no estabelecimento das regras uma vez que os alunos sentiram a necessidade de cumprir as regras por forma a preservar o clima ótimo da sessão.

Com respeito à avaliação atitudinal, foram grandes as dúvidas levantadas por nós ao Professor Cooperante. Sobre esta medida, penso que obtivemos igualmente o sucesso. Não obstante senti que muitas vezes os alunos diziam a nota por dizer, sem refletirem no comportamento que tiveram ao longo da aula. Ao início ainda decidi intervir, modificando algumas notas, mas, pouco a pouco, responsabilizei-os, afirmando que era uma tarefa que lhes competia, visto ser uma auto e hétero avaliação. Penso que esta medida foi excelente no sentido de eles se comprometerem com as aulas principalmente

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Esta avaliação sugerida pelo Professor Cooperante era realizada na parte final de cada aula, onde os alunos realizavam uma auto e hétero avaliação, numa escala de 1 até 5 valores. O resultado no final do período era aplicado a classificação final do aluno, com um peso de 30%.

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para o Professor se defender da habitual pergunta de um aluno que não gosta da nota, alegando que se empenhou, à qual respondia, sim, mas isso entra na avaliação atitudinal, aqui esta a ser avaliado o desempenho motor.

Em relação à classificação final, penso não ser só nesses momentos que devemos olhar para o sucesso, mas sim durante todo o ano, em pormenores que estão intimamente relacionados com a aprendizagem. Por exemplo, por vários momentos ouvi os alunos a dizer: “- finalmente conseguimos jogar voleibol sem a bola estar sempre no chão” ou então “- até que enfim que aprendi a lançar”, reforçando, “- agora sei o que é o pé eixo”. Igualmente percebemos se houve sucesso na aprendizagem dos alunos, se estes executaram bem um elemento gímnico que parecia difícil de executar, por retirar o medo da execução do que quer que seja ao aluno que se “esconde” por entre os colegas para não executar. Também, no aluno que encaminhei para um clube de atletismo por lhe ter visto potencialidades para o salto em altura, assim como, com outro aluno, para o salto em comprimento.

Por outro lado, no início do ano letivo, alguns alunos não conseguiam dar sequência a uma jogada, ou seja, passar de uma abordagem dos conteúdos da componente técnica para os conteúdos táticos no jogo. Consegui desta forma resolver os conteúdos técnicos através de problemas táticos, à semelhança do modelo de ensino dos jogos para a compreensão (Rosado & Mesquita, 2011).

Por muito boas que as estratégias adotadas sejam, para que surtam efeito, dependem da relação do Professor Aluno. Neste sentido, Galvão (2002) elucida que o Professor bem-sucedido mantém um clima respeitoso, agradável e amigável, através do desenvolvimento de um laço afetivo forte com os alunos, evitando um ambiente propício às denominações de Professor permissivo.

Sobre este aspeto, penso que a minha relação com os alunos foi excelente. Sempre houve respeito de parte a parte, espaços para brincadeiras e desafios recíprocos, momentos de alegria e tristeza, partilhada por todos e

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entre todos. Nem nos meus melhores sonhos, no primeiro ano deste ciclo de ensino, pensava que iria ter uma relação como a que tive este ano. Esta relação, não se “prendia” somente ao espaço de aula, mas sim nos corredores e espaços externos adjacentes à escola, onde aproveitava para os conhecer melhor, ter aquelas conversas informais onde os alunos se desinibem e onde aproveitava para transmitir alguns conselhos. Por exemplo, foram inúmeras as vezes que os alunos me convidaram para os seus jantares de turma, as vezes em que me pediam cinco minutos da aula para fazerem as suas brincadeiras, como por exemplo o “Harlem Shake”.

Após todos estes capítulos, estamos já em condições de perceber realmente o que é Ser Professor? No capítulo um pouco mais à frente, procuro responder a esta questão.

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