LUZMARINA
ROCESSKI
O
STRESS
NO
AMBIENTE
DE
TRABALHO
FLORIANÓPOLIS
2004
O
STRESS
NO
AMBIENTE DE
TRABALHO
Trabalho de Conclusão de Estágio apresentada à disciplina
Estágio Supervisionado
-
CAD
5236,como
requisito parcialpara obtenção
do
grau de Bacharelem
Administraçãoda
Universidade Federal de Santa Catarina, área de concentraçãoem
RecursosHumanos.
Professor Orientador: Gérson Rizzatti
FLoR1ANÓPoL1s
2004
O
STRESS
NO
AMBIENTE
DE TRABALHO
Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado
adequado
e aprovadoem
suaforma
final pela Coordenadoria de Estágiosdo Departamento
de Ciências da Administraçãoda
Universidade Federal de Santa Catarina,em
(06/02/2004).Prof. Sinésio Stefano Dubiela Ostroski
Coordenador
de EstágiosApresentada à
Banca Examinadora
inte elos professores:'
/
Í.: érs Í
ll
.¢' .
arc `s
Dal
au, Dr.Membro
e ~A ônio Melo, Dr.
embro
Finalmente acabou!
Depois de
longos seteanos na
Universidade Federalde Santa
Catarina, consegui concluir
uma
etapaque
julgavamuito
distante.Em
meio
a tantasdificuldades,
problemas
e acasos,me
despeço,não
para sempre,mas
deste primeirodegrau
na
escadado conhecimento.
E
quando
falode conhecimento,
não
me
refiroapenas
ao saber das salasde
aulas,mas
a intensa variedadede
aprendizadoque
recebi desta instituição.Julgo-'me privilegiada
por poder
estar aqui,por poder
usufruir dessemundo
de
oportunidades e desafios.Por
ter encontrado tantas pessoas diferentes, por teraprimorado
minha
consciência ejulgamento
de
estarem
uma
sociedade.Nesta
universidade,fiz
amizades
verdadeiras, aprendique
a vida é feita demomentos,
que
como
este,podem
chegar
aum
fim,mas que
ficarãoguardados
parasempre
na
memória
eno
coração.Por tudo
isso... agradeço aDeus
pelavida
e as oportunidadesque
ela oferece.Ao
Prof.Gerson
Rizzatti pela atenção, orientação ecompreensão,
dádivasde
tão importante profissão.Aos meus
pais, Jacinto e Lorici, referencialde
educação, por terme
tornado apessoa que
sou hoje.Às
minhas
irmãs Juliana e Jéssicapor todo
amor
e carinho.Agradeço
aindapor
ter encontradouma
pessoa tão especial neste final de curso,você,
Renato
Augusto
Fortunato,por
compartilhar estemomento
tão importante, e portodo
incentivo,
amor
e alegriaque você
trouxe para aminha
vida.Agradeço
ainda, a todos osmeus
amigos, pessoasque de
uma
fomia ou de
outra,colaboraram
para a realização deste trabalho eme
acompanharam
nesta difíciljomada.
Em
especial aos
amigos Rodrigo
(Bulão),Femanda,
Juliana,Leomara,
Prímula,Paulo
eJosé
Henrique.dizer que,
por
admirável
reação, elafascina a
própria
natureza, eo
misteriosomundo
que
nos
cerca retribuia contemplação de
que é objeto,fazendo dos próprios contempladores
objetode
sua contemplação”.
ROCESSKI,
Luzmarina.
O
STRESS
no
Ambiente
de
Trabalho. Florianópolis,2004.
Trabalhode Conclusão
de Estágio(Graduação
em
Administração).Curso de
Administração, Universidade Federalde
Santa Catarina, Florianópolis.A
elaboraçãodo
presente trabalho visou desenvolveruma
pesquisa bibliográficacom
o
objetivode
estudar osproblemas
do
stress e sua influênciano
ambiente
de
trabalho.A
abordagem do
problema do
presente estudo, caracterizou-se poruma
pesquisaexploratória e bibliográfica seguindo padrões técnicos e científicos, utilizando
métodos
qualitativos
de
pesquisa, partindoda
coletade dados
secundários,onde
foram
consultados livros, artigos, revistas, e publicaçõesna
intemet sobreo tema
em
questão.O
stress éconsiderado
o
mal
do final do
séculoXX. Embora
não
seja consideradocomo
uma
doença,o
stresspode
se transformarem uma
patologiaquando
a contingência vira rotina. Administrar as pressões e obrigaçõesdo
cotidiano geramuita
tensão.O
conflito entre aestruturação e os objetivos
da
empresa
e as necessidades individuaistambém
são grandes agentes estressores.O
stress representaum
alto custo para as empresasz- geraqueda da
produtividade, horas
de
trabalho perdidas, faltas constantes, custoscom
assistência médica,entre outras.
No
entanto, asempresas
podem
contribuir para amelhoria
da
qualidadede
vida dos funcionários e a reduçãodo
stress,no
momento
que
oproblema
passar a serde
ambos, empresa
eempregado.
Palavras-chave: Stress, Indivíduo, Trabalho.
\
Figura
1: Cenário Atual ... ..Figura
2:Esquema
do
Stress ... ... . . . › . . . .U
. . . . z . . . .U
Figura
3: 'Processode
avaliaçãodo
stress ... ..Figura
4: Pressão versusdesempenho no
trabalho ... .. . . › z . . . ..Figura
5:Aspectos
básicosque
caracterizam asíndrome
deburnout
... ..... ..-38
... ..
67
... ..
68
... ..
79
Quadro
1: Diferenças nas relações de trabalho ...42
Quadro
2: Pessoascomo
recursos ecomo
parceiros da organização ... ..52
Quadro
3: Características estressantesdo
trabalho ... ..92
Quadro
4:Como
reduziro
Stress ... ..97
1
INTRODUÇAO
... .. 1.1Tema
eproblema
... .. 1.2 Objetivos ... .. 1.2.1 Objetivo geral ... .. 1.2.2 Objetivos especificos ... .. 1.3 Justificativa ... .. 2METODOLOGIA
... .. 2.1Caracterização
dapesquisa
... .. 2.1.]Abordagem
do problema
... .. 2.1.2Tipo
dePesquisa
... .. 2.1.3 Coleta deDados
... ..2.1.4 Análise
dos
Dados
... ..3
RELAÇOES NA
SOCIEDADE
DO
TRABALHO
... ..3.1
A
Sociedade
... ..3.2
O
individuona
sociedade ... ..3.3
O
trabalhona
sociedade ... ..3. 3. I
O
ambiente externo nas relações de trabalho ... ..3.3.2
O
ambiente interno nas relações de trabalho ... ..3.4
As
novas
relaçõesde
trabalho ... ... ... ..3,4. I
Motivação
e necessidades ... ._3.5
Recursos
Humanos
eGestao
de
Pessoas ... ..4
O
STRESS
NO MEIO
AMBIENTE
DE
TRABALHO
4.1O
que
é Stress? ... ..4. 1.1
O
Stresscomo
um
problema
... ..4.1.2
Agentes
estressores ... ..4.1.3
Fatores
que influencíam no processo do
stress 4.2 Stress Profissional ... ..4.2.]
Os
custosdo
stress nas organizações ... ..4.2.2
O
Conceitode Burnout
... ..3.2.3
Sintomas
do
stress ... ..4.3
O
Combate
ao
Stress ... ..4.3. J
O
combate
ao
stressno
trabalho ... ..5
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... ._1.1
Tema
eproblema
Os
sistemas administrativos sãomarcados
pelaevolução
constante depensamentos
e teorias desenvolvidos
com
o
passardos
tempos.Na
verdadetodo
sistema possuiuma
baseadministrativa,/por
mais
simplesque
seja.O
processoda evolução
teórica da-Administraçãoé constante e contínuo,
assim
como
aevolução humana.
É
naturalque
apercepção
organizacional se transforme decorrente desta evolução. Entretanto, a
base
do processo sesolidificou
compondo-se
de
alguns aspectosde cada
Escola: Tarefas, Estrutura, Pessoas,Ambiente
e Tecnologia,sendo
que, atualmenteo maior desafio
dasempresas
é consolidarcom
equilíbrio estes aspectos.Viver
em
uma
sociedadecomplexa,
num mundo
globalizado e turbulento,onde
asmudanças
acontecem
em
tempo
real ecada
vez mais
rapidamente, é realmente dificil.O
isolamento do? individuoem
meio
a tantas transformações, e a sua própria evolução, seriauma
abstração.As
pessoas estão destinadas auma
interação constantecom
outras pessoas,decorrente de sua condiçao
de
“estarem
um
meio
social”.E
nestemesmo
meio, a sobrevivência exigeum
modo
de serque
mantenha
seu bem-estar,tendo
como
grandedesafio
vencer osinúmeros
estímulos estressantes decorrentes deste processo evolutivo.Neste
panorama
instável, as relaçõesde
trabalho,vão
setomando
cadavez mais
complexas,
inoperantes e conflitantes.As
novas
tecnologias, a globalização, as infindáveisteorias administrativas, processos
de produção
e organizaçao,rumo
ao lucro,submetidos
por essenovo
mundo
capitalista, constituem,ao
longoda
história,um
importantemecanismo
de
disfunçãoem
relaçao às características própriasdos
indivíduos,em
suasdimensões
biológicas, psicológicas e sociais.De
acordo
com
Cataldi (2002, p. 17)“o
trabalhohumano
é tao antigo quanto àhistória da
humanidade”.
Constitui-se, destaforma
um
importante, se nãoo
principal,determinante
da
forma de
organização das sociedades,sendo
omeio
atravésdo
qualo
homem
constróio
seuambiente
e a simesmo.
O
mundo
modemo
impôs
a necessidadeda
criação de direitos sociais
no
contextoda evoluçao
dos direitos fundamentais clássicos,na
medida
em
que
as relações capital-trabalhopassaram
a sermais
intensas e a gerar conflitos, tensões e stress.Para
Chanlat
e Torres(1996
p. 150)o desenvolvimento
da atividade produtiva trazpara os
homens
e para a sociedade retornos favoráveis, atravésdo
fortalecimentoda
economia
ede
uma
melhoria do
conforto material. Entretanto,geram na
própriaempresa
problemas
sociais ehumanos, que
trazem conseqüênciasmenos
vantajosas sobre a vidacomum
e asaúde
das pessoasque
elaemprega, sendo
elas,ao
mesmo
tempo, beneficiária evítima de seu trabalho.
Não
é difícil perceberque
aforma
de trabalho instituída resultouem
uma
perdade
poder
do
trabalhador edo
significadodo
mesmo,
constituindouma
fonte de sofrimentopara
0 indivíduo ede
deterioração' de sua qualidade de vida. Esta se manifesta atravésde
diversas formas, destacando-se o surgimento
de novas
patologias, dentre as quais se sobressai ofenômeno
do
stress.Na
tentativade amenizar
osproblemas
e conflitos gerados pelos fatores descritos acima, surgiram diversos estudos visandoadequar
o trabalho e a estrutura das organizações às necessidadesambíguas
entreempresa
eempregado,
na
melhoria das atividades profissionais,
bem
como
no desempenho
da
produtividade,qualidade
de
vida e stressno
trabalho.(MORAES,
2000).A
maior
parte dasdoenças
fisicas,emocionais
e mentais,que
afetam os profissionais está relacionadascom
o
stress.Pessoas
saudáveisque têm
empregos
estressantes,
onde
ficam
muitas horas eobtêm
pouca
satisfação,podem
apresentarsintomas
z .
de
stress,de maneira
física, psicológicaou no
relacionamentocom
osdemais
indivíduos.Embora
nao
classificadocomo
doença
(jáque
éuma
reaçãonormal do
organismo), seperdurar
por muito tempo,
o stress,além de
afetar avida
pessoal,pode
levar ao sofrimento físico e à morte, pois,segundos
estudos, esta disfunçãodo organismo
é a portade
entrada parainúmeras doenças
(FRANÇA
eRODRIGUES,
2002).Atualmente,
homens
emulheres de
negócios sãoo
principal alvode
estudos sobre stress.Um
estudo realizado pelo escritório brasileiroda
International StressManagement
Association
(ISMA).
revelouque
as principais causasdo
'problema entre os executivos são os constantesenxugamentos
das empresas, a ansiedadeem
relação aodesempenho
pessoale a falta
de
perspectiva na carreira.Algumas
empresas
aindamantêm
a postura de sugar omáximo
dos
profissionaissem
olhar para sua satisfação pessoal.Mas
issotem
diminuído,principalmente
quando
o
stresscomeça
a afetarnão
só asaúde
dos funcionários,mas
também
o
caixa das empresas.(DINIZ,
2003).Este trabalho visa apresentar os principais aspectos relacionados ao stress,
tendo
em
vista
uma
possível repercussão negativado
trabalho sobre o indivíduo, decorrentede
um
novo
cenário mundial,composto
porelementos que
podem
articular ocomportamento
das pessoasno
ambiente
em
que
estão inseridas.A
partir das considerações feitas, este estudobusca responder ao
seguinteproblema de
pesquisa: quais os
problemas provocados
pelo stress e sua influênciano ambiente de
trabalho?
1.2
Objetivos
1.2.1 Objetivo
geral
-O
objetivo geral deste estudo consisteem
verificar osproblemas provocados
pelo stress e sua influênciano ambiente de
trabalho.1.2.2 Objetivos especificos
Para
melhor
atingiro
objetivo geral, e dar respostasao
problema de
pesquisa,foram
definidos os seguintes objetivos específicos: a) Identificar o significado
do
stress;b) Verificar as origens dos estímulos estressores;
c)
Descrever
osmecanismos
de formação dos
sintomas de stress.d) Analisar os aspectos
do
stressno
ambiente
de trabalho;e) Identificar as
formas
decombate
ao stress. 1.3 JustificativaO
estilode
vida das pessoasem
geral edos
profissionaisdos
diversosramos do
mundo
do
trabalhotem
sido estudado, evem
despertando o interesse crescentedos
pesquisadores.
O
estudodo
stress e suas implicaçõesna vida do
trabalhadortambém.
Os
possam
ser considerados fontesde
pressãodesencadeadoras
de stress,não sendo
excluídoo
seuambiente
de
trabalho.É
impossível evitaracontecimentos
e situações estressantes, pois,além
dasdificuldades
que
a vida impõe, as grandes cidades e omodemo
mundo
do
trabalho,levam
o
individuo a superar os próprios limites.As
obrigações e tensõesno
trabalho e asz
recompensas
insuficientes aos esforços estão relacionadas aum
riscode
stressmuito
maior.Aliado
aoim
acto decorrenteda forma
de arran`odo
trabalhoem
si 3tem-se
ainfluência
da
forma de
configuração das organizações sobre a personalidadedo
indivíduo,podendo
o choque
entre a estrutura organizacional e a psicofisicado
trabalhador levarao
seu adoecimento.q
Este trabalho pretende contribuir
para
resultarem
informações relevantes sobreo
stress e as considerações
do
mesmo
no
ambiente
de trabalho, etambém
paracompreender
e controlar as questõespor
ele determinadas.Pode-se
perceber desta maneira, a importância de realizar esta pesquisa,fundamentalmente
para colaborarcom uma
maior compreensão
do
serhumano
e as limitaçõesde
sua natureza,bem
como,
no
sentidode
servirde
apoioa
empresários, administradores, gerentes,enfim
às pessoasem
geral,como
ferramenta para análise econhecimento do
stress e sua influência nas organizações,na
tentativade amenizar
osprejuízos
causados por
ele.A
oportunidade presentena
temáticada
pesquisa é reconhecida pelaacadêmica
como
um
referencialde
estudo eentendimento do
tema
proposto,como
sendo
algoque
possa
contribuir positivamentepara
outras análises emesmo,
despertar nas organizações aimportância
da
valorização das pessoas, eque o
controledo
stress é vinculado àmelhoria
das condiçõesde
trabalho.A
elaboração deste trabalho e seudesenvolvimento foram
planejadosde
acordocom
referências conceituais aliados a
conhecimentos
já existentes,de acordo
com
um
processo controladometodicamente,
visando resultados satisfatórios ao objetivo de estudo.Cervo
e Bervian (1983)dizem
que o
método
é aordem que
sedeve impor aos
diferentes processos para atingir
um
determinado
fimou
resultado desejado,entendendo-se
metodologia
como
um
conjuntode
processosque
devem
serempregados na
investigação edemonstração da
verdade. VPara
Demo
(1987, p.l9)“metodologia
éuma
preocupação
instrumental.” Trata dasformas
de se fazer ciência.Cuida dos
procedimentos, das ferramentas,dos
caminhos.A
finalidade
da
ciência é tratar a realidade teórica e prática. Para se atingir tal finalidade,colocam-se
vários caminhos.Segundo
Gil (1994, p. 27): “Pode-se,definir
método
como
caminho
para se chegar adeterminado
fim.E
método
cientificocomo
conjuntode procedimentos
intelectuais etécnicos adotados para atingir o
conhecimento”.
As
consideraçõesmetodológicas
aserem
apresentadas são: caracterizaçãoda
pesquisa, tipo
da
pesquisa, técnicade
coletados dados
e análisedos
dados.2.1
Caracterização
da
pesquisa
Pesquisa é o processo racional e sistemático
de desenvolvimento
do
método
científico,
com
o
objetivo de proporcionar respostas aosproblemas
que
são propostos (Gil 1994).Para Cervo
&
Bervian (1983, p. 50) “a pesquisa éuma
atividade voltada para asolução
de
problemas, atravésde
emprego
de processos científicos”,Porém
os autoresrelatam
que
a pesquisa não éo
únicomeio
paraobtenção de conhecimentos
e descobertas,sendo
a consulta bibliográficaum
importante fator para realização dosmesmos,
de forma
muito mais
prática.Demo
(1987) dizque
a pesquisa éuma
atividade rotineira,ou
um
questionamento
crítico e criativo,com
uma
intervençãocompetente na
realidade,ou
o
diálogo críticopermanente
com
a realidadeno
sentidoda
teoria e prática.Silva e
Menezes
(2001, p. 20)resumem
pesquisacomo
um
conjuntode
ações,propostas para encontrar a solução de
um
problema,baseados
em
procedimentos
racionais e sistemáticos,onde
classifica, por sua natureza, a pesquisaem
básica e aplicada.A
primeira objetiva gerar
conhecimentos
novos
úteis para oavanço da
ciência,sem
aplicaçãoprática prevista,
envolvendo
verdades e interesses universais.Nesta
classificação, a pesquisa aplicada visa gerarconhecimentos
para aplicação prática, dirigindo soluçoesde
problemas
específicos.Envolvendo
verdades e interesses locais.De
acordocom
os aspectos relacionados acima, este trabalho se caracterizapor
uma
pesquisa básica.2.1.1
Abordagem
do
problema
Do
ponto de
vistade
Silva eMenezes
(2001), aabordagem do
problema
destapesquisa é qualitativa,
que
considerauma
relaçãodinâmica
entreo
mundo
real eo
sujeito,que não
pode
ser traduzidoem
números.
Segundo Richardson
(1985)o
método
qualitativo diferedo
quantitativo àmedida
que
não
emprega
um
instrumental estatísticocomo
basedo
processo de análise deum
problema, poisnão
pretendenumerar
ou medir
unidadesou
categoriashomogêneas.
De
acordo
com
Triviños (1987), oemprego
da
pesquisa qualitativa é compatívelcom
o tema
do
estudoem
questão, permitindo analisar,não
apenas aspectos objetivos,mas
também
os aspectos subjetivos.Richardson
define ainda, que:os estudos que emprega
uma
metodologia qualitativa podem descrever acomplexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis,
compreender e classificar processos dinâmicos vividos por
gmpos
sociais,contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar,
em
maiornivel de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos
indivíduos (1985, p. 39).
Este estudo pretende trabalhar
com
métodos
qualitativos de pesquisa,em
funçãoda
natureza dos aspectos apresentados, 'epor
tratar-sedo melhor
método
para suaabordagem,
resultando
em
uma
diversificação das informaçoes adquiridas.2.1.2
Tipo de
Pesquisa
Gil (1994) diz
que
a pesquisa exploratóriatem
como
principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéiascom
vistasna formulação de
problemas mais
precisosou
hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.Os
estudos exploratórios:não elaboram
hipóteses aserem
testadasno
trabalho, restringindo-se a definir objetivos e buscar maiores informações sobredeterminado
assunto de estudo. Realiza descriçoes precisasda
situaçao e quer descobrir as relaçoes existentes entre oselementos
componentes da
mesma.
Requer
um
planejamento flexível parapossibilitar a consideração dos
mais
diversos aspectosde
um
problema ou de
uma
situação(CERVO
&
BERVIAN,
1983).Quanto
aosprocedimentos
técnicos utilizadosCervo
&
Bervian
(1983)apresentam
a pesquisa bibliográfica,
no
caso deste estudo,onde
é o tipode
pesquisaque procura
explicar
um
problema
a partirde
referências teóricas publicadasem
documentos,
podendo
/
ser realizada
independentemente
ou
como
parteda
pesquisadescritivaou
experimental.A
pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatosou
fenômenos
(variáveis)sem
manipulá-los,procurando
descobrir, a freqüênciacom
que
um
fenômeno
ocorre, suarelação e
conexão
com
outros, natureza e características.Segundo
Vergara
(1990), ametodologia
bibliográficatem
como
seu objetivoprincipal desenvolver, esclarecer e
modificar
conceitos e idéias para a reformulaçãode
problemas ou
hipóteses. Trabalhacom
métodos
qualitativos de pesquisa.Martins
(1994) explica que: a pesquisa bibliográfica tratade
conhecer as contribuições científicas sobredeterminado
assunto, objetivando recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições teóricas já existentes.Lakatos
&
Marconi
(1987, p. 45)afirmam
que:a pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias, e' a que especificamente interessa
a este trabalho. Trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada,
em
forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é
colocar o pesquisador
em
contato' direto com tudo aquilo que já foi escrito sobre determinado assunto,com
o objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo naanálise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações.
A
bibliografiapertinente oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já
conhecidos,
como
também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não seDe
acordocom
seus objetivos,o
presente trabalho, seguindo padrões técnicos ecientíficos, utilizou o tipo
de
pesquisa exploratória e bibliográfica,na
medida
que o
estudobuscou
juntarelementos
que
pudessem
contribuir para resultados satisfatórios.2.1.3 Coleta
de
Dados
Esta fase
do
trabalho destina-se ao levantamentodo
imaterial necessário para ainvestigação, através
da
reunião de materiais diversos edocumentos, sendo
a matéria-primada
pesquisa bibliográfica.Conforme
refereRichardson
(1985), existem diversos instrumentos de coletade
dados que
podem
ser utilizados a fimde
se obter informações.As
técnicas de coletade
dados
devem
ser escolhidas e utilizadas pelo pesquisadorconforme o
contextoda
pesquisa,porém
deve-se verificarque
todaspossuem
qualidades e limitações,sendo
que asmesmas
são
meios
cuja eficáciadependerá
do
pesquisador.Segundo Alvarez
(1990) a coleta dedados
éuma
ferramentaque
permite levantardesde a
menor
unidade
até amais completa
redede
informações,que
irácompor
e será alvodo
. própriodesenvolvimento
do
sistema.A
coleta deinformações
éuma
condição
necessária a
permear
todoo
estudodo
pesquisador.Sendo
assim, de vital importância para o sucesso da pesquisa.Os
tiposde dados
levantadosforam dados
secundários, deacordo
com
o
propósitoda metodologia
exposta, vistoque o
estudo se caracteriza totalmente por seuâmbito
teórico.As
técnicasde
coleta dedados
utilizadas neste estudoforam
atravésda
pesquisa,leitura e análise de material bibliográfico: livros, revistas, jornais, artigos; e
também
atravésdos meios de
informática, principalmenteda
internet.2.1.4
Análise dos
Dados
A
análise dosdados
foide
caráter qualitativo,; seguindo alguns passos necessáriospara
organização coerente e lógica das informações,na
tentativade
confrontar osdados
coletadoscom
as considerações e conclusõesdo
material utilizado permitindomais
facilidade
na
visualização eentendimentodos
leitores, atravésde informações
seguras ede
credibilidade.
Conforme GIL
(1994),o
objetivoda
análisede dados
é descrever, interpretar e explicar oque
foi coletado demaneira que
venham
responder às questões formuladasno
estudo,
sendo que
ao decisão sobre osmétodos
utilizadosdepende da
natureza dosdados
obtidos e
do
tipo de informações e relações desejadas.Desta
forma, a análisedo
material bibliográfico foifundamental
paratodo
o
processo
de
compreensão
da realidadedo problema
investigado,na
medida
em
que
sebusca
um
entendimento aprofundado
eamplo
sobreo
assuntoemquestão,
a partir dasinformações
disponíveis, evoluindo gradativamente acada
nova
leitura,reflexão
e análise.3.1
A
Sociedade
Chanlat e Torres
(1996
p. 36)dizem
que “o
serhumano
não
viveem
um
círculofechado, pois é
na
relaçãocom
o
outroque o
ego se constrói”.Um
dos traçosmais
marcantesdos
sereshumanos,
está na sua tendênciade
seorganizar
em
comunidades
ou
sociedades,atendendo
seus objetivos,na
tentativade
explicar a necessidade dessa organização, para
o
que
se refere à “organização parao
trabalho”.
Sendo
fatoconhecido
que
homens
emulheres
despendem
seutempo
em
atividadesque
objetivam gerarbens
e serviços, os quais sedestinam
aoconsumo
presentee futurodos
membros
das diversas sociedades(FERNANDES,
1995).Para
Drucker
(2001, P. 17),“em
sua vida social e política, ohomem
precisa disporde
uma
sociedade funcionalda
mesma
forma que
precisado
ar para respirarem
sua
vidabiológica”. Entretanto, é necessário restabelecer
uma
sociedadecom
valores, disciplina,poder
e organizações sociais, poisninguém
chama
amassa
humana
desorganizada,aterrorizada e tresmalhada
em
um
navio naufragadode
“sociedade”.Pochmann
(1999, p. ll) relataque
a “sociedade capitalista convivedesde
osprimórdios
com
maior ou
menor
graude
exclusão social”, decorrente de análises dos efeitos sociais negativos, visto oavanço
desreguladodo
capitalismo, juntocom
outrosfatores,
que
promovem
o
surgimento denovas
vulnerabilidades sociais.Lima
et al (1996)argumenta
sobre sociedadequando
dizque
asmudanças
sociaisassalariamento, formas
de
gestão e controleda
força de trabalho,marcaram
o
pensamento
social
do
séculoXX,
surgindocom
o
capitalismo a “sociedadedo
trabalho”.Em
tornodas
relações de trabalho, se construíram
fonnas
de
sociabilidade, solidariedade e conflito,enfim
uma
nova configuração
do
mundo
ede
suas relações sociais.Como
relataMorgan
(apud
Celani-Chnee, 2001, p. 2), “atualmentevivemos
em
uma
sociedade organizacional, pois as grandes organizaçõesapresentam
um
papelmuito
importanteem
nossas vidas”.Por
outro lado, muitas das principaissemelhanças
e diferenças culturaisno
mundo
de
hoje sãomais
ocupacionaisdo
que
nacionais.Desta
forma, a identidade,não
apenas individual,mas também
nacional, relaciona-se ao estágiode desenvolvimento
das organizações edo
próprio trabalho.Tendo
em
vistaque
a sociedade organizacionaltem
uma
importante raiz mecanicista,da
qual aindao
indivíduonão
conseguiu se libertar totalmente.Definir
uma
sociedade é tão impossívelquanto
definir a vida, estando-se tãopróximo
que
suas características simples e básicasdesaparecem
sob.uma
massa complexa
de
detalhes, fazendo parte integrante,onde
não
sepode
perceber o todo.Nenhuma
sociedade
poderá
funcionarsem
que conceda
aos seusmembros
uma
posição efunção
social,com
a finalidadede
estabeleceruma
estrutura básicada
vida socialpor
objetivos esignificado,
para
tomar
a sociedade concreta e criar suas instituiçoes(DRUCKER,
2001).3.2
O
indivíduona sociedade
Em
todo sistema social, o serhumano
dispõe deuma
autonomia relativa. Marcadopelos seus desejos, suas aspirações e suas possibilidades, ele dispõe de
um
grau deliberdade, sabe o que pode atingir e que preço estará disposto a pagar para
consegui-lo no plano social.
O
universo organizacional éum
dos camposem
quese pode observar ao
mesmo
tempo esta subjetividadeem
ação e esta atividade da reflexão que sustenta omundo
vivenciado da humanidade concreta.\
Segundo
(Morin
in Chanlat et al, 1973;Ruffié
in Chanlat e Torres, 1996, p. 29) “oindividuo é por definição
um
ser biopsicossocial, trípliceorigem que
lhe confereuma
complexidade
singular”.Desta
forma,não
sepode
estudaro
indivíduo isoladamente,sem
os aspectos biológicos, psíquicos e sociaisque
interferem sua personalidade.A
realidadehumana,
constituindo esses três elementos, explicaem
certamedida
por que
em
situações organizacionais, alguns secomportarão
ou
reagirão diferentementeno plano
individual.O
conformismo ou
a revolta, a aceitaçãoou
a crítica, a resistênciaou
a autodestruiçãotêm
suas raízesem
grande
parteno
arcabouço
biopsicossocialde cada
um,
ou
seja,0
eu é indissociável da própria história,da
própria experiência e das vivências.Chanlat e Torres (1996,. p. 29)
afirmam
ainda,que o
individuotem
sido objetoprivilegiado de estudos psicológicos, psicanalíticos e filosóficos,
mas
aimagem
de
um
indivíduomassacrado
pelo coletivo, socialmente determinado,cede
progressivamente lugarpara aquela de
um
indivíduo participativoda
construção e destruiçãoda
realidade.“Um
membro
não
éapenas
uma
pessoaque
respira eque
pensa, éuma
pessoa
dotada
de
um
conjunto de procedimentos,de métodos,
de atividades,de
vivências,que
atoma
capaz
de inventar dispositivos de adaptação para dar sentido aomundo
que a cerca”.(COULON,
A.DETHNOMÉTHODOLOGIE,
1987,apud
CHANLAT
eTORRES
1996
p.Numa
abordagem
psicossomáticaFrança
eRodrigues
(2002),mostram que
o
serhumano
reagesempre
com
todocomplexo,
interligandoem
profilndas
relaçõesque
sãopermanentes
e fundamentais para sua vida,em
dimensões
biológicas, psicológicas e sociais.Onde
essas característicascontêm
aspectosmuitos
especiais e diferenciam-seem
termos
de
funcionamento
emodos
de
reação,mas
são totalmente interdependentes.A
dimensao
biológica refere-se às características constitucionaisherdadas
e congênitas, incluindo os diferentes órgãos e sistemasque
promovem
o funcionamento
do
corpohumano,
inclusive a resistência e a vulnerabilidadedo
corpo.A
dimensão
psicológica corresponde aos processos afetivos, emocionais, intelectuais, conscientesou
inconscientes, caracterizando a personalidade, a vida mental,o
afeto eo
jeitode
se relacionarcom
aspessoas e
com
oambiente
natural.A
dimensão
social é relativa à incorporação e influências dos valores, das crenças e expectativas das pessoascom
as quais se convive,dos grupos
sociais e das diferentes culturas. Inclui
também
a influênciado
ambiente
fisico e ascaracterísticas
ergonômicas
dos objetosque
se utiliza.E
écom
essasdimensões
básicas,que
os indivíduosreagem
às situaçõesda
vida, dentroou
forada
empresa
(IBID, 2002).O
indivíduo é caracterizadopor
forças intrínsecasque
regem
sua personalidade,onde
esta agecomo
uma
espéciede
filtro perceptivoou quadro
de referência,que
influencia
a visãodo
mundo
real.Apresenta
três grandes influênciasno desenvolvimento
da
personalidade: (1) traços fisicos e revestimento biológico,que
limitam osmodos
de
adaptaçãocom
o
meio
circundante; (2) a socialização e a culturado
grupo
ou
sociedade; e(3) os diversos eventos vividos, as sensações e outros fatores situacionais
que
seexperimenta
no
decorrerda
vida.Essas
influências,que
moldam
e interagemcom
nossasresponsáveis pelos
comportamentos
e manifestaçõesque
chamamos
de
personalidade(BOWDITCH
&
BUONO,l992).
VAssim,
a personalidadede
cada indivíduo organiza percepçõesda
realidadede
modo
diferente, exclusivo e único.Dentro
do
contextodo
trabalho, essas diferençaspodem
motivar
prontamente
asmaneiras
como
as pessoasreagem
a diversas práticas organizacionais e gerenciais.Segundo
Agostinho
(1992, p. 67) “a nossa personalidade está divididaem
três grupos de forças: Id,Ego
e Superego”.Onde
o
Id refere-se às forças queprovém
da
camada
mais profunda
denossa
personalidade, a base instintivade
nossos impulsos, atravésdo
qual pode-se explicarmuitos comportamentos.
O
Id éum
componente
genético-hereditário, aquiloque o
individuo já trazao
nascer e já está constitucionalmente estabelecido.O
Ego
serve
como
base racional e autoritária, regido pela lógica, servecomo
mecanismo
de
adaptação aomundo
em
que
vive, deforma
útil e convenienteao
seu desenvolvimento.O
Superego
representa a sociedade dentro de nós, amaneira
pelo qualsomos
reprimidos pelo sistema social e seus valores. (...) “esses estadosda
personalidadeatuam
como
um
todo,havendo,
no
entanto, manifestaçõesmais
acentuadas, ora deum,
orade
outro, isto é, apessoa
é ídíca (predominânciado
ld),egóíca
(predominânciado Ego)
ou
superegóica(predominância do
Superego)”.Assim,
as pessoasem
que predomina o comportamento
ídico são impulsivas, sensuais, amorais, guiadas principalmente por impulso,
sendo
desadaptadas à vida socialcomum;
os indivíduos guiados peloEgo
são frios, calculistas,utilitários,
mas
práticos e cautelosos,preservam
seus atos, evitando conseqüênciasdesagradáveis; as pessoas que
desenvolveram demasiadamente o Superego
são angustiadas, indecisas, tímidas e receosas,possuem
um
exagerado
sentimentode
responsabilidade.Na
visaode
Coradi (1985),o
indivíduo possui energia mental, a força eo ímpeto
que
faz pensar,montar
planos, analisar, agir,aonde
aorigem
desta força mentalvem
de
uma
cadeiacomplexa
de necessidadesou
motivos, entendidas aquelas,como
objetivosque
condicionam
comportamentos
com
vistas à satisfação. Estas necessidadespodem
ser conscientesou
inconscientes, interiores e exteriores, sociais e fisiológicas, para tanto, apersonalidade
desenvolve
aptidõesque condicionam
emodificam
a condutahumana:
aptidões de conhecimento,de
atividade motora, emocionais.A
estruturada
personalidadegarante a característica
do
indivíduoque o
diferencia dos demais.O
conflito, a ansiedade, afrustração, são situações
que funcionam
como
ameaças
à personalidade, implicandoem
reações e defesa,onde
osmecanismos
de proteção criados pela personalidadepodem
exteriorizar-se através
da
agressão,da
culpa,da
mudança da
escolha,da
negação dos
fatosque geraram o
conflito,da
repressãodo
problema,da
inibição,da
racionalização,da
identificação
com
outros,da
projeção,da
vacilação,da
ambivalência,de
lapsos verbais, entre tantos outros.Segundo
Drucker
(2001, p. 18), “a posição efunção
socialdo
indivíduo são aequação do
relacionamento entreum
grupo
eum
membro
individual. Elessimbolizam
aintegração
do
indivíduocom
o grupo
edo grupo
com
o
indivíduo”.Desta
forma, setoma
compreensível à existência individual
do
pontode
vistado
grupo,fazendo
sentidoem
seusobjetivos, suas metas, idéias e ideais perante esta sociedade. Para os indivíduos desprovidos de
função
e posição social, ela setoma
irracional, imensurável e amorfa.É
evidenteque o
tipo e
forma de
relacionamento entre sociedade e indivíduodependem
deuma
crença3.3
O
trabalho
na sociedade
Meio de sobrevivência, maldição bíblica pelo pecado original ou medida
de valor, o trabalho, seja
como
for encarado, é sempreuma
atividade que depende da habilidade manual e da inteligência de quem o desempenha. Trabalho é todatransformação que o
homem
imprime à natureza para disso tirar algum proveito.Pode ser feito diretamente
com
as mãos,com
a ajuda de instrumentos, ferramentas e máquinas ou aindacom
a colaboração de animais.O
trabalho é o elemento maisimportante da produção social, condição
mesma
de sua existência. É por ele que seobtém o produto (PONTES, 2000 p. 1).
Segundo
o dicionário, a palavra trabalhovem
de
trzpalíum (instrumentode
tortura).Isso aparenta
que o
trabalhosempre
foi associado a algo desagradável, torturante.Na
históriada
humanidade
o
trabalhotambém
se refletesob forma de
tortura, pois,enquanto
uns poucos
conseguem
realizar sua atividade deacordo
com
seus talentos, a maioria sóamarga
sofrimentocom
o
trabalho,onde não
se realizamcomo
sereshumanos.
Iamamoto
(2001, p. 40) descreve trabalhocomo
sendo
“a atividade racional orientada paraum
fim, àprodução
de valores de uso, a assimilação de matérias naturaispara
a satisfação de necessidadeshumanas”.
O
trabalho concreto,formador de
valoresde
uso, é
condição da vida humana,
independentede
todas asformas
de sociedade.É
aatividade existencial
do
homem,
sua atividade livre e consciente.“A
sociedade atual sódá
valor ao trabalho mercantil eremunerado.
O
trabalho éum
meio
de inserçãoeconômica
e social dentroda
sociedademoderna,
definindo a aceitação e a .integraçãodo
indivíduo” (TAI,1997
p. 1).Para
Celani-Chnee
(2001)o
trabalho constituiuma
atividadeque sempre
esteve presentena
vidahumana,
representandoum
aspecto organizadorda
vidaem
sociedade, eque
está sujeito ao seu desenvolvimento, tendoum
papel importanteenquanto elemento
produção. Pois foi através dela,
que o
individuocomeçou
adepender
menos
da
natureza.“À
medida
que o
trabalhomecânico
ganhou
valor, veio a alienação'do
homem,
uma
vez
que
sua atividade foi despersonalizada, e niveladasegundo
a capacidade produtiva dasmáquinas
em
detrimentoda produção
individual” (IBID.,2001,
p. 2).O
trabalho objetiva valores eo
dever,o
comportamento
do
homem
orientado parafinalidades sociais.
Com
odesenvolvimento
socialtem
lugar a divisãodo
trabalho, fazendocom
que
a atividade ideal deixe de ser inteiramente subordinada a atividade prático- material e a atividade intelectual dela se diferencie(MARX
&
ENGELS,
1977,apud
IAMAMOTO,
2001).A
evoluçãodos
modos
deprodução deu
lugar anovos
conceitos sobre a função socialdo
trabalho.As
grandes lutas sociaisdo
séculoXIX
eo
surgimento dos sindicatospermitiram ao trabalhador conquistar
uma
capacidade relativade
regular sua própria oferta emelhorar
suas condiçõesde
trabalho ede
vida.Com
o
surgimentodo
Direitodo
Trabalho,a partir
da
primeiradécada
do
séculoXX,
com
o aparecimento do
capitalismo industrial eaevolução
tecnológica, as relações sociaispassaram por
turbulênciasde
ordem
econômica,
social e cultural(CATALDI,
2002).O
trabalho é influenciadordo
modo
como
as sociedades se caracterizam, dizLima
(1996, p.35),
que
“anoção de
sociedadedo
trabalho, está centradana
idéiade que
é atravésdo
trabalhoque
se ergue, se estruturam as relações sociais, asformas de
organização e convívio coletivo”.Desta
forma, o trabalho age sobre a sociedadecom
um
papel central,na
tentativa
de
explicar os princípios geraisde
suas características.Celani-Chnee
(2001 p.3) concorda,quando
afirmaque
a cultura
modema
está calçada na sociedade industrial, havendouma
interdependência entre a sociedade e suas organizações.
E
omesmo
ocorreem
relação ao trabalho, simultaneamente conseqüência e aspecto influenciador dasociedade e das organizações.
“Os
avanços da
tecnologiatrouxeram
rápidas transformações para a sociedade,para
as organizações e,
conseqüentemente,
para0
trabalho” (IBID., 2001, p. 3).Para finalizar, Goulart e
Sampaio
(1998) enfatizam três importantes pressupostos arespeito
do
trabalho e sua relaçãocom
as pessoas:1)
O
trabalho éuma
atividadeque envolve
ohomem
como
um
todo (fisicamente,psiquicamente
e socialmente)no
seu cotidiano,exercendo
importante papelna
própria construçãoda
subjetividadehumana.
2)
A
organizaçãoonde
sedesenvolve o
trabalho constituium
fenômeno
psicossocial,voltado à análise
da ação
socialque
sedesenvolve
no
seu interior.3)
A
organizaçãodo
trabalho e as relaçõesde produção exercem
significativainfluência sobre a saúde
do
indivíduo, deforma
físicaou
emocional.3.3.1
O
ambiente
externonas
relaçõesde
trabalhoPara
Milkovich
&
Boudreau
(2000)o ambiente
extemo
é regido pelas forçaseconômicas,
condições legais edemográficas,
devido a grande influênciaque têm
sobre asempresas,
moldando
o
modo
deação
dasmesmas.
Os
empregados
eempregadores criam
obrigaçõesmútuas no
mercado
de
trabalho,mas
não
são as únicas partes envolvidas nele,onde
pormeio
de
políticas e das regulamentações, ogoverno
torna-seuma
terceira parteno
processo,há
também
a influênciade
modelos
patrimoniais eo mercado
Íinanceiroque
tomam
as formasde
propriedade das organizações tão diversificadas,assim
essas forças estão inevitavelmente interligadas.Chiavenato
(1994) dizque
para seconhecer adequadamente
uma
empresa, deve-secompreender
também
o contextono
qual ela está inserida.Onde
o ambiente
é a própria sociedade maior, constituídade
outras empresas, organizações, grupos sociais, etc. Afinal édo
ambiente que
asempresas
obtêm
recursos e informações necessáriospara
suasubsistência e funcionamento, e é
no
ambiente
que
colocam
os resultadosde
suas operações.Na
medida
em
que
asmudanças
ocorrem
externamente, todoo quadro
habitualdas operações das
empresas
étremendamente influenciado por
essasmudanças,
se essaadaptação é conseguida e os objetivos são alcançados, então a
empresa
será consideradaeficaz e terá condições de sobrevivência e
de
crescimento.Segundo Bowditch
&
Buono
(1992) oambiente
geral das organizações se refere aos fatores, tendências e condições geraisque afetam
a todas as organizações, incluindo condições tecnológicas, fatores sociais, interações políticas, condiçõeseconômicas,
fatoresdemográficos, a estrutura legal,
o
sistema ecológico, fatores demercado
e condições culturais,onde
estes aspectos voltam-se para as condiçõesque
potencialmentepodem
afetá-las.
3.3.2
O
ambiente
internonas
relaçõesde
trabalhoMilkovich
&
Boudreau
(2000) relacionamo
ambiente
organizacionalcom
anatureza
da
organização e as característicasque
movem
suas ações,bem
como
com
a estrutura funcional e asmudanças
estratégicas, táticas e operacionaisque ocorrem
paraacompanhar
aevolução
natural dos processos administrativos.Para Chanlat e Torres (1996)
o ambiente
organizacionaltambém
possuiuma
forteinfluência
sobre as condutas individuais, sobre a naturezasocioeconômica
e a cultura,o
que
as leva a se transformar
em
elementos-chave das sociedades contribuindo dessaforma
aedificarguma
ordem
social mundial. Salienta ainda,que
se aordem
organizacional exerceum
papel na edificação societal, aordem
social perpassade
uma
maneira ou de
outra aordem
organizacional.Em
relaçãode
natureza dialética é capital paracompreender o
universo das organizações e o das sociedades estudadas.Como
aordem
organizacional, aordem
societal étambém
palco de afrontamentos, conflitos, contradições e desigualdades eos conflitos
não
estão isentos da ressonânciaque
se observano
interior das organizaçoes.Chiavenato
(1994) defineambiente
organizacionalcomo
ambiente de
tarefa,onde
constitui o
meio
específico' decada empresa
tomada
individualmente eque
lhe émais
imediato e relevante (englobando osconsumidores ou
usuários, fornecedoresde
recursos,concorrentes
quanto
aconsumidores
e a fomecedores,além
dosgrupos
regulamentadores).Neste ambiente
aempresa
localiza seunicho
ecológico e estabelece seusdomínios
(relações de
poder
e dependência).Bowditch
&
Buono
(1992)concordam,
quando dizem
que
oambiente
organizacional enfoca os fatores e as condições
extemas que
tenham
relevância imediata para a organização,onde
também
inclui os clientes, fomecedores, sindicatos, autoridades regulamentadoras, gruposde
interesse público, associações de classe e outros públicosou
entidades relevantesda
organização,além dos
componentes
internos. Ressaltaque o
ambiente intemo
irá variardependendo do domínio
específico,ou
seja,gama
deprodutos
ou
serviços oferecidos,mercados
servidosque
a organização tiver escolhido.3.4
As
novas
relaçõesde trabalho
Quando trabalhamos, devemos trabalhar. Quando nos divertimos,
devemos nos divertir.
De
nada serve procurar misturar as duas coisas.O
únicoobjetivo deve ser 'aquele de executar o trabalho e ser pago por tê-lo executado.
Quando 0 trabalho termina,então pode vir à diversão, não antes.
Henry Ford \
O
termo
relações de trabalhopode-se
entendercomo
todas as relaçõesque
seestabelecem entre
empregados
e empregadores,no
interior das organizações,para
a realizaçãodo
trabalho(GOULART
E
SAMPAIO,
1998).Cataldi (2002, p. 18) considera
empregador
aempresa
individualou
coletiva que,assumidos
os riscosda
atividadeeconômica,
admite, assalaria e dirige a prestação pessoalde
serviço.Ou
seja,o empregador
é apessoa que
utiliza o trabalhodo empregado,
pagando
por
isso.Segundo
Celani-Chnee
(2001, p. 3)“novasformas
de trabalho estão surgindo,mas
ainda existe
muita
resistênciaem
aceitá-las, poisestamos
viciadosno
trabalho sob aforma
de emprego, entendendo-o
como
condiçãode
trabalho.”De
acordo
com
essasmudanças, o
mercado de
trabalho exigemétodos cada
vezmais
modemos,
que
possam
garantirqualidade e produtividade,
passando
por
transformações tanto quantitativasquanto
qualitativas.Muitas
sociedades primitivas trabalhavamapenas
para ter o suficiente para viver.Tão
logo essas necessidades estivessem satisfeitas,dedicavam
seutempo
a atividadesmais
prazerosas.
Com
a sociedademodema,
o
homem
trabalhanão
apenas para viver,mas
paraacumular
bens.O
trabalhonão
é fontede
alegria,não
existemais
parao desenvolvimento
plenodo
homem, mas
para a aquisição deuma
renda. Nota-seque
a divisãode
trabalho eo
aumento
de produtividade, nascidoscom
o capitalismo, fizeramcom
que
o trabalho fossesendo
especializado,segmentado
e alienado.O
trabalhadorperdeu
o controledo
processo edo
produto, assimcomo
da
velocidade e da intensidade de seus esforços.Tudo
é decidido por outras pessoas,com
o
intuito primordial deaumentar
a produtividade e a lucratividade(TAI, 1997).
Para Cenati (1997, p.3),
a nova era afugenta gradativamente as máquinas jurássicas que engoliam o pobre Charlot
em
Tempos Modemos.
Estamos definitivamente livres das friasengrenagens que, esmagando a carne dos trabalhadores, também alienavam suas mentes.
A
mudança,como
todo processo, não está acontecendo de improviso. Nas últimas décadas, muito já foi feito para amenizar a face mais agressiva e predatóriado processo de industrialização.
Mas
é principalmente neste final de século e demilênio que estamos assistindo à derrocada dos velhos dogmas da ideologia
científica do trabalho.
De
acordocom
Cataldi (2002, p.2l), o processode
globalização, contribuiumuito
para asmudanças
ocorridasno
mercado
de trabalho, afinal,tem
rapidamente alcançadoum
dinamismo,
entre os fatoresdo
ambiente
extemo
eintemo
das organizações, oque
permitiuuma
mobilidade muito maior
debens
e serviços,além de
fluxos
de
capital entre países,intensificando a
competição
intemacional,desencadeando
uma
busca
da
eficiênciamáxima
por parte das empresas,
o que
por ventura, levou à dispensaem
massa
de trabalhadores,piorando
as condições sociais, levando auma
nova
forma de
atuaçãodo
empregado
edo
empregador.
“Os
empresários e os trabalhadores estão expostos anovos
desafios, asempresas
nacionais estão expostas auma
pressão competitivamuito mais
forte” (íbid.,2002, p. 21).
No
que
diz respeito, às empresas,há
riscos deserem
absorvidas pelos grandes líderesdo mercado
mundial. Por sua vez, os trabalhadores sesubmetem
à grande pressão,em
razão da exigência demaior
produtividade eda
necessidade demanter
oemprego.
Para
Vergara
(2000),obviamente que
a globalizaçãotambém
tem
seus problemas,mas
de qualquer maneira, 'ela viola as fronteiras geográficas e revelao
seumovimento.
Tem-se
a integraçãodo
espaço físico aliada à aceleraçãodo
tempo
e à construçãode
um
sistemacada vez mais
interdependente,envolvendo
países, estados, cidades, organizações e pessoas.z
Segundo
Cenati (1997),na
era industrial, colocar apessoa
certano
lugar certo e garantirum
saláriomais ou
menos
justo era consideradocondição
suficientepara o
\
trabalho.A expressão
“mão-de-obra”
(tão utilizadana
sociedade mecanicista),passou
a exigiruma
versãomais
atualizada, algo relativo ao capital intelectualdo
finaldo
séculoXX.
As
empresas
terão de rever critérios de motivação,porque
fatores, atéagora
considerados supérfluos.ou
irrelevantes, estão hojeassumindo
posição preponderanteno
processode motivação
e funcionalização das organizações.O
capitalismo provou serum
falso deus por conduzir inevitavelmente auma
luta de classes, classes essas rigidamente definidas.O
socialismo provou serilusório pois tomou evidente que não pode abolir essas classes.
A
sociedade declasses da realidade capitalista é incompatível
com
a ideologia capitalista a qual,conseqüentemente, deixa de fazer sentido.
A
luta de classes marxista, por outrolado, embora reconheça e explique a verdadeira realidade, deixa de ter qualquer
significado porque não leva a nenhum lugar.
Ambas
as doutrinas e ordens sociaisfracassaram porque o conceito de que o exercicio da liberdade econômica pelo indivíduo gera conseqüências automáticas era ilusório
(DRUCKER,
2001 p. 26).Os
novos
profissionais, especialmente osque
seformaram na
era digital,agem
por
motivações
bem
diferentes daquelasque
motivavam
seus antepassados.O
trabalhoindividual é hoje substituído pelo conceito
de
trabalhoem
equipe,o
emprego
permanente
é substituído pelabusca
constantede
autodesenvolvimento,uma
boa
remuneração
não émais
suficiente para motivar osbons
profissionais.“A
palavramotivação
significa darbons
além
disso, expectativas diferentescom
relaçãoao
trabalho.Como
conseqüência
dessa postura diferenciada, a lógicados
contratos coletivos estásendo rapidamente abandonada,
inclusive pelos sindicatos
dos
trabalhadores,cedendo
lugar anovos
conceitosde
remuneração
individual e variável,mais
apropriados àmotivação de
profissionais,adequando
salários aos diferentes níveisde
desempenho
individual(CENATI,
1997). zPara
Drucker
(2001, p. 43),“nunca na
históriada
humanidade houve
tantastransformações sociais radicais
como
no
séculoXX”.
A
ascensãoque
sucedeo
operáriomecanicista representa
um
desafio
para asnovas
classes sociais, constituídos porum
grupo
emergente
dos “trabalhadoresde
conhecimento”. Visto que, estesdesafios implicam
em
quantidade deeducação
formal e habilidade de adquirir e aplicarconhecimento
teórico eanalítico, exigindo
um
aprendizado contínuo.Franco
(2001), relataque duas
grandes revoluçõesocorreram
nesse finalde
séculoXX,
desdenhando o
novo
cenáriodo
trabalhona
sociedade.A
primeira delas, seriao
fimda
dependência--cegado
profissional à empresa. Poisna
opiniaodo
autor, o perfildo
profissional é