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C-RAM (Counter Rocket, Artillery and Mortar)

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ACADEMIA MILITAR

C-RAM (Counter Rocket, Artillery and Mortar)

Autor: Aspirante de Artilharia Rodrigo Emanuel dos Santos Couceiro

Orientador: Major de Artilharia João Miguel Louro Dias Ferreira Belo

Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada

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ACADEMIA MILITAR

C-RAM (Counter Rocket, Artillery and Mortar)

Autor: Aspirante de Artilharia Rodrigo Emanuel dos Santos Couceiro

Orientador: Major de Artilharia João Miguel Louro Dias Ferreira Belo

Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada

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i

EPÍGRAFE

"We're proud to be continuing our work on C-RAM that helps to protect our troops against mortar and rocket attacks."

(4)

ii

DEDICATÓRIA

Aos meus pais e irmão, pelo exemplo de sacrifício, amor e dedicação.

(5)

iii

AGRADECIMENTOS

Quero deixar aqui o meu mais sincero agradecimento a todos aqueles que, de alguma forma, me ajudaram para a consecução deste Trabalho de Investigação Aplicada (TIA), nomeadamente:

 Ao Orientador, Major de Artilharia João Belo, pela compreensão, tempo, disponibilidade e orientação que em muito contribuíram para o produto final.

 Ao Tenente-Coronel de Artilharia Élio Santos, Diretor de Curso de Artilharia pela disponibilidade diária ao longo dos últimos dois anos.

 Ao Tenente-Coronel de Artilharia Hélder Barreira, pela simpatia, disponibilidade e preciosos conhecimentos transmitidos na entrevista.

 Ao Tenente-Coronel de Artilharia Gilberto Garcia, pela disponibilidade e preocupação.

 Ao Tenente-Coronel de Artilharia Carlos Patronilho, pela transmissão de conhecimentos, disponibilidade e conselhos.

 Ao Major Matt Cavanaugh, US Army Strategist, pela enorme disponibilidade.  Ao Capitão de Artilharia Ricardo Almeida, pela disponibilidade e informações facultadas.

 Aos meus camaradas do curso de Artilharia, por todas as vivências partilhadas nesta caminhada.

 À minha família e amigos, pela compreensão e apoio prestado ao longo de todo este ciclo de estudos.

(6)

iv

RESUMO

Este trabalho de investigação aplicada visa estudar as principais capacidades do sistema C-RAM e a sua aplicabilidade no Exército Português, tendo por objetivo a caracterização e avaliação da possível constituição e modo de emprego de uma unidade C-RAM no Exército Português, de acordo com o poder de fogo, a capacidade radar e a mobilidade.

A metodologia de investigação adotada consiste no método analítico e inquisitivo, concretizado pela realização de entrevistas a Oficiais de Artilharia. Como principais conclusões, constatamos que os sistemas Phalanx e Oerlikon se evidenciam como os sistemas C-RAM de eleição, por disporem de alcances e cadências de tiro mais adequadas às necessidades da Artilharia Antiaérea Portuguesa no âmbito da proteção da força, ou de pontos e áreas críticas, contra este tipo de ameaças.

(7)

v

ABSTRACT

This applied research work aims to study the main capabilitties of the C-RAM system and its applicability in the Portuguese Army. With the objective to characterize and evaluate the possible generation and employment of a C-RAM unit in the Portuguese Army, according to the firepower, radar capability and mobility. The research methodology adopted consists of analytical and inquisitive method, implemented by interviewing Artillery Officers. As main conclusions, we found thar Phalanx and Oerlikon systems are the C-RAM election systems, due to its range and rate of fire, more suited to the needs of Portuguese Air Defense Artillery regarding force protection, against this type of threats.

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vi

ÍNDICE GERAL

EPÍGRAFE... I DEDICATÓRIA ... II AGRADECIMENTOS ... III RESUMO... IV ABSTRACT ... V ÍNDICE GERAL ... VI ÍNDICE DE TABELAS ... VIII ÍNDICE DE FIGURAS ... IX ÍNDICE DE APÊNDICES ... X

INTRODUÇÃO ...1

CAPÍTULO 1 – REVISÃO DE LITERATURA ...3

1.1.ENQUADRAMENTO GERAL ...3

1.2.AMEAÇA ...4

1.2.1. Sistemas Aéreos Não Tripulados ...5

1.2.2. Foguetes, Munições de Artilharia e Morteiros (Rocket, Artillery and Mortar - RAM) ...6

1.3.ARTILHARIA ANTIAÉREA ...6

1.4.COUNTER ROCKET,ARTILLERY AND MORTAR ...7

1.4.1. Fases de C-RAM ...8

1.5.SISTEMAS C-RAM ... 10

1.5.1. Sistemas de Armas SHORAD/VSHORAD ... 10

1.5.2. Sistemas de Armas HIMAD ... 11

1.6.MEIOS C-RAM ... 11

(9)

vii

1.6.2. Iron Dome ... 14

1.6.3. Sistema Centurion... 15

1.6.4. Sistema Rheinmetall’s Skyshield/Mantis... 16

1.6.5. Oerlikon Skyguard III ... 17

1.6.6. Radar Oerlikon X-TAR3D ... 18

1.6.7. Sistema David’s Sling ... 19

1.6.8. Sistema HISAR ... 20 1.6.10. Sistema CROTALE NG ... 22 1.6.11. Sistema IRIS-T SLM ... 23 1.6.12. Radar Giraffe ... 24 1.6.13. Radar AN/TPQ-49 ... 26 1.6.14. Radar AN/TPQ-50 ... 27

1.7.O SISTEMA C-RAM NA AAAPORTUGUESA ... 28

CAPÍTULO 2- METODOLOGIA ... 31

CAPÍTULO 3 – MÉTODOS E MATERIAIS ... 33

CAPÍTULO 4 - RESULTADOS ... 35

CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 39

CONCLUSÕES ... 43

DIFICULDADES E LIMITAÇÕES ... 46

RECOMENDAÇÕES ... 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 48 APÊNDICES ... I

(10)

viii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Variáveis analisadas na questão 1 ... 36 Tabela 2: Variáveis analisadas para comparação dos sistemas ... 40

(11)

ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Sistema Oto Melara Draco ... 13

Figura 2: Sistema Oto Melara Porcupine ... 12

Figura 3: Sistema Iron Dome... 14

Figura 4: Sistema Centurion ... 16

Figura 5: Sistema Rheinmetall's Skyshield/Mantis ... 17

Figura 6: Sistema Oerlikon Skyguard III ... 18

Figura 7: Radar Oerlikon X-TAR3D ... 19

Figura 8: David’s Sling (Stunner) ... 20

Figura 9: Sistema HISAR-O... 21

Figura 10: Sistema HISAR-A ... 21

Figura 11: Sistema Crotale NG ... 22

Figura 12: Sistema Iris-T SLM ... 23

Figura 13: Radar Giraffe 8A ... 24

Figura 14: Radar Giraffe 4A ... 25

Figura 15: Radar Giraffe 1X ... 26

Figura 16: Radar AN/TPQ-49 ... 27

(12)

x

ÍNDICE DE APÊNDICES

APÊNDICE1–GUIÃODAENTREVISTA ... II APÊNDICE2–ENTREVISTAN.º1 ... IV APÊNDICE3–ENTREVISTAN.º 2... VII APÊNDICE4–ENTREVISTAN.º 3... X

(13)

xi

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

A

AAA – Artilharia Antiaérea AC – Artilharia de Campanha

ADM – Armas de Destruição Massiva

AHEAD – Advanced Hit Efficiency and Destruction AWACS – Airborne Warning and Control System

B

BMC – Battle Management and Control BtrAAA – Bateria de Artilharia Antiaérea

C

COP – Common Operation Picture

C-RAM – Counter Rocket, Artillery and Mortar CRC – Centro de Relato e Controlo

CTAP – Common Tactical Air Picture C2 – Comando e Controlo

C4I – Comando, Controlo, Computadores e Informação

D

DAMA – Defense Against Mortar Attacks DPF – Divisão de Planeamento de Forças

E

ECCM – Electronic Counter Counter Measures ECM – Electronic Counter Measures

(14)

xii EMGFA – Estado-Maior General das Forças Armadas

EOS – Engagement Operation Section

F

FCU – Fire Control Unit FCS – Fire Control System

FLIR – Forward-Looking InfraRed FM – Field Manual

G

GAAA – Grupo de Artilharia Antiaérea

H

HIMAD – High to Medium Altitude Air Defense HVE – High Visibility Events

I

IPB – Intelligence Preparation of the Battlefield ISAF – International Security Assistance Force IUM – Instituto Universitário Militar

L

LAP – Local Air Picture

LCMR – Lightweight Counter Mortar Radar LPM – Lei de Programação Militar

LPWS – Land-Based Phalanx Weapon System

M

MMR – Multi-Mission Radar

N

NATO – North Atlantic Treaty Organization NBQ – Nuclear, Químico e Biológico NBS – NachstBereichs-Schutzsystem

(15)

xiii NEP – Nomas de Execução Permanentes

NG – New Generation

O

OE – Objetivo específico OG – Objetivo geral

P

PelSistC-RAM – Pelotão de Sistema C-RAM

Q

QP – Questão de Partida QD – Questão Derivada

R

RAM – Rocket, Artillery and Mortar RCCM – Radar Counter CounterMeasures ROE – Rules Of Engagement

RS – Resolution Support

S

SDAN – Sistema de Defesa Aérea Nacional SHORAD – Short Range Air Defense

SICCA3 – Sistema Integrado de Comando e Controlo da Artilharia Antiaérea

T

TADIL – Tactical Digital Information Link TIA – Trabalho de Investigação Aplicada TO – Teatro de Operações

TOC – Tactical Operations Center tpm – tiros por minuto

(16)

xiv UAS – Unmanned Aircraft System

UT – Unidade de Tiro

V

(17)

1

INTRODUÇÃO

Segundo Eco (2007), uma boa introdução é aquela que permite ao leitor ter uma visão abrangente de todo o trabalho, ficando esclarecido sobre a temática e não tendo a necessidade de leituras secundárias.

A defesa contra ataques de morteiros constitui um dos dez grupos de trabalho da

North Atlantic Treaty Organization (NATO), no âmbito do programa de Defesa Contra o

Terrorismo e surgiu devido ao crescente número de ataques terroristas com morteiros no Iraque e no Afeganistão. O trabalho no âmbito da defesa contra ataques de morteiro está focado na metodologia de aplicação de novas tecnologias a desenvolver no futuro, para localizar o ponto de origem e o ponto de impacto do fogo indireto, reagir contra o agressor e contra o projétil, e proteger o próprio pessoal. Neste último fator, a diminuição do número de baixas de pessoal, e consequente redução do impacto noticioso dos meios de comunicação social, permitem um maior suporte social ao empenhamento de uma força militar.

O desenvolvimento de estudos no âmbito da capacidade Counter-Rocket, Artillery

and Mortar (C-RAM) da Artilharia Antiaérea Portuguesa é fundamental, podendo

contribuir para que o Exército Português se afirme, em igualdade com os seus pares da NATO, apresentando-se como um Exército capacitado tática e tecnicamente e capaz de responder eficientemente a este tipo de ameaças em futuras missões.

Pretende-se com este Trabalho de Investigação Aplicada (TIA) investigar as principais características dos sistemas C-RAM, tendo em conta as atuais ameaças, designadamente as suas principais potencialidades, vulnerabilidades e custos associados à sua aquisição, visando identificar pressupostas vantagens, formas de emprego e relevância operacional da inclusão de sistemas C-RAM na Artilharia Antiaérea (AAA) do Exército Português. Deste modo a Questão de Partida é “Quais as principais características do sistema C-RAM e qual a sua aplicabilidade no Exército Português?”

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2 A investigação tem como Objetivo Geral (OG) caracterizar e estudar a possível constituição e modo de emprego de uma unidade C-RAM no Exército Português, de acordo com critérios selecionados como o poder de fogo, a capacidade radar, a mobilidade, o alcance e os sistemas de armas.

Como meio para complementar a resposta ao OG desta investigação, foram enunciados os seguintes objetivos específicos:

Objetivo específico (OE) nº1: Analisar e descrever as potencialidades do sistema C-RAM. OE nº2: Analisar e descrever as vulnerabilidades do sistema C-RAM.

OE nº3: Analisar e avaliar os custos associados à aquisição de equipamento C-RAM. OE nº4: Desenvolver um modelo e métodos de formação teórico-prática no âmbito da aplicação do equipamento C-RAM.

O presente TIA foi redigido de acordo com a NEP 522/1.ª1 de 20 janeiro 2016 e a sua parte textual2 é constituída por 5 capítulos.

No Capítulo 1 está explanada a revisão bibliográfica, que apresenta o Estado da Arte da temática abordada, apresentando os principais conceitos relativos ao sistema C-RAM.

O Capítulo 2 apresenta a metodologia de abordagem utilizada nesta investigação, de modo a justificar as linhas de orientação seguidas, bem como a formulação da questão de partida e das questões derivadas.

A caraterização no tempo e espaço da observação é feita no Capítulo 3. Ainda neste capítulo são descritas as técnicas de recolha de dados, assim como as técnicas de tratamento e análise dos mesmos. São definidas também as componentes de amostragem.

No Capítulo 4 são apresentados os dados das entrevistas, a sua análise e correlação com outros dados obtidos na revisão bibliográfica.

A discussão da análise realizada no capítulo anterior é consumada no Capítulo 5. São fundamentados os resultados, e relacionam-se variáveis de análise. Procede-se ainda à resposta às questões derivadas que confluem para a fundamentação da questão central.

Por último, na Conclusão, retoma-se a temática em estudo, enfatizam-se os principais aspetos abordados e reflete-se sobre os resultados. Responde-se, por fim, à questão de partida desta investigação e referem-se as limitações à investigação.

1 Norma para a redação de trabalhos de investigação realizados na Academia Militar.

2 Os trabalhos de investigação aplicada apresentam uma estrutura com um parte pré-textual, uma parte textual

(19)

3

CAPÍTULO 1

REVISÃO DE LITERATURA

1.1. Enquadramento geral

A tecnologia C-RAM, concetualmente concebida para garantir a capacidade de

defesa contra projéteis de morteiros, de artilharia e foguetes, constitui um tema dos sistemas de combate às ameaças RAM em constante progresso e desenvolvimento.

“As únicas nações que podem ter um futuro, as únicas nações que merecem ser consideradas como históricas, são aquelas que sentem a importância e o valor de suas instituições e lhes dão apreço” (Tolstoi, s.d.). De facto, é necessário recuar um pouco ao passado para fazer a ponte com o presente e o futuro. Neste contexto, e para compreender como a capacidade C-RAM da Artilharia Antiaérea se tornou uma temática em voga na atualidade, há que retroceder ao fim da Guerra Fria, onde a ameaça de uma guerra nuclear global foi reduzida, mas as armas nucleares, biológicas e químicas continuavam em mote. Associado a estas armas, surgiu o desenvolvimento tecnológico de aproveitamento dos vetores aéreos de ataque, através de sistemas de lançamento de mísseis balísticos e mísseis cruzeiro, sendo a capacidade bélica encarada, por algumas nações, como o reflexo do poder. Este pensamento tem sido transportado até aos dias de hoje. As ameaças entre as Coreias têm aumentado de escala e o desenvolvimento de programas de mísseis também. A cerca de 9000 km destes países, no Norte de África e no Médio Oriente, em países como a Líbia, o Irão e o Iraque, a procura e utilização de sistemas de lançamento de foguetes, munições de artilharia e morteiros é uma realidade constante. De igual forma, os programas nucleares e de desenvolvimento de mísseis na Índia e Paquistão tornam a região numa zona volátil. Também os ataques a Israel a partir da Faixa de Gaza, a Guerra do Afeganistão e do Iraque, onde os insurgentes, por não possuírem capacidade tecnológica tão avançada, começaram a recorrer a outros meios para combater, contribuíram para o aparecimento de uma nova tipologia de ameaça.

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4 Segundo Nativi (2011), é para evitar a morte de tropas e civis, assim como para evitar que o seu moral seja afetado através de ataques realizados às bases e instalações críticas nos teatros de operações, que muitos especialistas acreditam que os sistemas C-RAM são os mais eficazes na proteção e defesa. Sendo a melhor estratégia a prevenção do ataque, assume que a vigilância 24 h por dia restringre o bom posicionamento de possíveis atacantes, reduzindo a sua capacidade operacional.

Rand Corporation (2013) define guerra assimétrica como o conflito entre nações ou grupos que têm capacidades bélicas e estratégias díspares, sendo o ataque terrorista às torres gémeas e a guerra no Afeganistão, os exemplos mais recentes e melhor conhecidos desta guerra.

1.2. Ameaça

"Os conflitos persistentes no Iraque e Afeganistão demonstraram a destreza com que os terroristas, insurgentes e outras fações armadas para a utilização de estratégias não convencionais para afetar a segurança dos países desenvolvidos. As armas, táticas e motivações do adversário variam intensamente. Assim sendo, as ameaças às forças projetadas estão em constante mudança no que diz respeito ao propósito, carácter e intensidade. A guerra irregular não é só complexa e imprevisível, apresenta também perigos e assimetrias que requerem medidas inovadoras de proteção da força."3 (Spoehr, 2010, p. 2).

Os ataques a Israel a partir da Faixa de Gaza, a Guerra do Afeganistão e do Iraque, constituem exemplos de como os insurgentes, por não possuírem capacidade tecnológica tão avançada, recorrerem a outros meios de combate e outras estratégias não convencionais de apoio à guerra assimétrica, contribuindo desta forma, para uma nova ameaça. Agir de forma rápida é o seu mote, através do recurso a ataques com foguetes, morteiros e

3 Tradução de: “The persistent conflicts in Iraq and Afghanistan demonstrate the

ability of terrorists, insurgents, and other armed factions to use unconventional strategies to inflict casualties and undermine the security of developing nations. The weapons, tactics, and motivation of today’s adversaries vary widely. Therefore, the threats to the deployed force are constantly changing in scope, character, and intensity. Irregular warfare is not only complex and unpredictable; it presents dangers and asymmetric challenges that call for timely and innovative force protection measures.”3(MAJOR GENERAL Thomas W. Spoehr)

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5 munições de artilharia a bases militares, e através da utilização de artefactos explosivos improvisados, desaparecendo, à posteriori, no meio da população. Como resultado deste tipo de ataques e outros semelhantes, centenas de militares já faleceram desde 2011 (Axe, 2012). Face a isto, o General Peter J. Schoomaker, Chefe de Estado Maior do Exército Americano, aquando da Guerra do Iraque, inquiriu acerca da capacidade de fogos indiretos durante a Operação Iraq Freedom, conduzindo, uma vez mais, a questão para a importância, poder e consequência destas ameaças. Assim, torna-se importante definir o conceito de ameaça. A ameaça, que tem vindo a ser referida, “caracteriza-se pela surpresa, elevadas velocidades (munições de artilharia), reduzida assinatura radar (munições de morteiro) e pela multiplicidade de trajetórias, alcances e cadências de tiro (foguetes), mas por uma fraca precisão. A ameaça no sentido lato não é nem estática nem singular” (Ladeiro, 2015, p.20). Ainda segundo o autor, é na disputa de interesses comuns ou na discordância destes por parte de Estados, organizações ou grupos, num determinado ambiente operacional, que surgem as ameaças. No contexto operacional, as ameaças mais prováveis são as que resultam da combinação de forças regulares e irregulares, terroristas e outros elementos de associação criminosa, quer quando atuam isoladamente, quer quando atuam em conjunto, para determinado objetivo. Com o intuito de tirar vantagem das vulnerabilidades da outra fação, a probabilidade de emprego de sistemas de armas é acrescida, tornando-se preocupante quando ocorre o recurso a Amas de Destruição Massiva (ADM), à forma como são lançadas e ainda ao emprego de sistemas aéreos não tripulados (Unmanned Aerial Systems - UAS). Verifica-se portanto o desprendimento da tradicional ameaça aérea, que compreendia apenas aeronaves de asa fixa (aviões) e as aeronaves de rotor basculante (helicópteros), para uma realidade atual, onde existe um leque extenso de outros meios capazes de atacar uma força usando o espaço aéreo, sendo elas os UAS, os foguetes, os mísseis balísticos, os mísseis cruzeiro, as munições de artilharia e os morteiros (Paradelo, 2009).

1.2.1. Sistemas Aéreos Não Tripulados

Esta transição de aeronaves para meios UAS deve-se, segundo Ladeiro (2015), aos baixos custos associados, quer na aquisição de materiais, quer em treino e operação destes sistemas. Economicamente, pelo preço de uma aeronave de asa fixa moderna, é possível

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6 adquirir um número considerável de UAS. Pelo facto de serem remotamente pilotados e executarem missões de voo pré-programadas, estes sistemas podem ser usados para reconhecimento, vigilância e ataque no ambiente operacional em que estiverem a atuar. As suas reduzidas dimensões, assim como a sua moderada velocidade e uma assinatura térmica e radar baixas, fazem destes um sistema de difícil deteção e empenho. A somar a estas características, aos UAS podem ainda ter acopladas armas (incluindo ogivas nucleares), radares, sistemas de comunicação e câmaras, sendo um elemento eficaz na atuação no campo de batalha em várias tarefas.

1.2.2. Foguetes, Munições de Artilharia e Morteiros (Rocket, Artillery and Mortar - RAM)

Segundo Paradelo (2009), a probabilidade de emprego por parte de forças hostis, de aviões e helicópteros, independentemente do território considerado, é manifestamente baixa. Por outro lado, a probabilidade é elevada quando se considera o emprego de foguetes, morteiros e munições de artilharia, principalmente em teatros de operações onde Portugal atua ou já atuou, como é o caso do Afeganistão e do Iraque, onde esta ameaça é diária e inevitável.

Esta ameaça, para além de irregular e poder constituir um ato terrorista, caracteriza-se pelo recurso a foguetes, munições de artilharia e morteiros lançados com recurso a meios relativamente rudimentares, construídos de forma artesanal, que estes nichos adquirem no mercado negro e dos despojos de conflitos anteriores. O objetivo do recurso a esta ameaça é dificultar a atuação dos militares e afetar o seu moral, instalando o medo e a descrença da população nas ações destes (Ladeiro, 2015).

1.3. Artilharia Antiaérea

Segundo a doutrina americana, que muitas vezes serve de base ao nosso Exército, a missão genérica da Artilharia Antiaérea Americana consiste em “proteger a Força e as vulnerabilidades geopolíticas selecionadas de ataques aéreos, de ataques de mísseis e de vigilância” (FM 3-01.11). Esta definição, de carácter abrangente, permite englobar

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7 qualquer alteração do contexto da operação. Em comparação, a forma doutrinária como está definida a missão da Artilharia Antiaérea (AAA) é mais restritiva quanto ao modus

operandi. A sua missão é, de acordo com o RC 18-100 (1997), “garantir a liberdade de

ação ao Exército, para conduzir e manter operações militares necessárias ao cumprimento da sua missão, através de uma proteção antiaérea adequada das suas forças, instalações e equipamentos”, e o seu potencial de atuação estende-se a cinco capacidades: a capacidade de comando e controlo, a capacidade C-RAM, a capacidade de proteção, a capacidade a média altitude e a capacidade de proteção em movimento. Embora se faça a divisão das capacidades em cinco grupos, na realidade elas confluem, interligando-se, e permitindo que a AAA atue de modo mais preciso e eficaz.

Atualmente, a Artilharia Antiaérea Portuguesa está equipada com sistemas de armas (Sistema Míssil Portátil Stinger) e equipamentos (Radar de Aviso Local P-STAR e rádio PRC-525) que lhe conferem a capacidade de proteger áreas sensíveis e pontos importantes, bem como unidades de manobra da ameaça tradicional, isto é, ataques aéreos a baixas e muitos baixas altitudes de aviões e helicópteros. No entanto, estes meios tornam-se insuficientes para garantir proteção em caso de uma ameaça com recurso, por exemplo, a um UAS (Ladeiro, 2015).

“Quem será o nosso próximo inimigo? Contra quem vamos lutar nos próximos 20 a 30 anos? Como vamos estar preparados? Mais importante, como vamos preparar a força para fazer face ao combate?” (Benitez, 2015, p.85), é precisamente esta incerteza que contribui para a necessidade de equipar/reequipar as Forças Armadas, o Exército e a Artilharia (Antiaérea).

1.4. Counter Rocket, Artillery and Mortar

Os ataques RAM, levados a cabo pelos insurgentes, fazem parte da sua estratégia

de guerra assimétrica e, principalmente, da sua tática de terrorismo. A desatualização e imprecisão decorrentes da produção caseira destas armas, tem resultado num número relativamente baixo de mortos e feridos. Contudo, o seu objetivo principal de aterrorizar a população e causar sensação de insegurança nos militares tem sido bem conseguido. A título de exemplo, nos últimos anos, Israel foi alvo de mais de dez mil ataques de foguetes e morteiros. As suas respostas a estes ataques, através do recurso a aeronaves e tropas no

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8 terreno, têm sido eficientes, mas o custo de cada contra-ataque é bastante elevado (Nativi, 2011).

Face às já referidas ameaças, ao crescimento destas e às implicações das mesmas

nos diversos teatros, no final de 2004 a NATO criou o DAMA (Defense Against Mortar

Attacks), um grupo de trabalho constituído por representantes dos respetivos Estados

membros, cujo objetivo visava desenvolver e operacionalizar sistemas eficazes e económicos que garantissem a proteção, e a consequente sensação de segurança, dos militares e civis contra a ameaça RAM, através do desenvolvimento de um sistema C-RAM.

Apesar do seu estudo ter sido iniciado há 12 anos, a capacidade C-RAM continua a ser a mais recente área de emprego da AAA, carecendo, no entanto, de continuados estudos, projetos e desenvolvimentos tecnológicos, no âmbito dos equipamentos e dos sistemas de armas. Apresenta-se no entanto como uma mais valia quanto ao emprego da AAA na atualidade, quer na proteção de infraestruturas críticas e eventos de alta visibilidade (High Visibility Events - HVE) em Território Nacional, quer na proteção de forças, bases e pontos importantes nos vários teatros de operações.

1.4.1. Fases de C-RAM

De acordo com o FM 3-01.60 – Counter Rocket, Artillery and Mortar Intercept

Operations, a única doutrina de referência na atualidade, as unidades C-RAM resultam do

conjunto e esforço de armas combinadas, e visam a deteção da aproximação de foguetes e morteiros, fornecendo com antecedência, um alerta dirigido, permitindo a destruição destes, quando direcionados a alvos prioritários. Deste modo, permite a prevenção contra fogos indiretos, a negação e resposta com vista à proteção de forças amigas e ativos de alto valor, contribuindo para assegurar a continuidade da missão. Para tal, e segundo o mesmo

Field Manual, existem seis fases de atuação, são elas:

Fase I – Prevenção: Esta fase visa evitar a ocorrência de ataques inimigos. A materialização de uma área funcional de prevenção nega e minimiza a capacidade do inimigo efetuar, com sucesso, ataques RAM. Ainda nesta fase é realizado um esforço de sinergias com as demais forças no TO, com o intuito de controlar terreno que possa ser vantajoso ao inimigo, para o lançamento de ataques RAM contra bases, aquartelamentos e

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9 outras instalações. Torna-se fundamental a preparação do Campo de Batalha pelas Informações (Intelligence Preparation of the Battlefield - IPB), que se traduz na análise e conhecimento de padrões de atuação, permitindo uma resposta mais adequada. Esta atuação baseia-se em operações de informação, operações psicológicas e guerra eletrónica, que, associadas a operações de combate, limitam a liberdade de ação do inimigo e, consequentemente, ganham o apoio da população, tornando-a menos propensa a apoiar o inimigo.

Fase II – Deteção: É nesta fase que os sistemas radar e os sensores justificam a sua importância, atuando de forma integrada, para garantir a vigilância e deteção de um ataque em curso, em tempo útil. Paralelamente à deteção, os radares devem ter a capacidade de analisar a trajetória, de modo a permitir identificar de que tipo de ameaça se trata, bem como o ponto de impacto e a origem da mesma. Esta informação obtida atempadamente, permite ajustar a resposta dada pelos sistemas de armas, selecionando o uso de fogos letais ou não-letais.

Fase III – Aviso: Após estimar, com precisão, a localização de impacto do ataque RAM, a função aviso fornece um alerta geral (áudio ou visual), em tempo real, à força instalada nessa área. O rápido aviso de uma área prevista de impacto, permite que as forças procurem cobertura e se abriguem de forma adequada, salvaguardando a sua integridade de eventuais consequências do ataque. A janela de tempo que decorre entre o aviso gerado e o impacto está diretamente relacionada com a distância a que o ataque for lançado e com as capacidades dos sistemas C-RAM.

Fase IV – Interceção: Após a deteção, análise da trajetória e aviso, são enviados, de forma automática, para os radares de conduta e direção de tiro e para os sistemas de armas, os elementos relativos ao tipo de ameaça, para que estes possam calcular a predição. A capacidade de interceção dos sistemas C-RAM permitem a destruição e/ou desvio, em voo, de ameaças RAM, para longe das áreas alvo e pontos de interesse, salvando vidas, prevenindo e minimizando os efeitos dos estilhaços. Uma interceção bem sucedida eleva a moral das tropas, nega vítimas ou danos ao inimigo e às operações de informação que estes procuram através destes ataques.

Fase V – Proteção: Esta fase reflete o resultado do sucesso das etapas anteriores, e está dividida em três tipos de proteção: a que resulta da destruição ou desvio, por parte dos sistemas C-RAM, dos ataques detetados; aquela que é conferida pelas infraestruturas, edifícios, barreiras, sacos de areias e outros materiais que conferem efeito de escudo, e

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10 ainda, aquela que resulta da formação ministrada aos militares, que tornam todo o processo mais ágil e eficiente.

Fase VI – Ataque: As operações de resposta visam, direta ou indiretamente, contra-atacar forças hostis com fogos letais ou não letais, tendo apenas como fator limitador as regras de empenhamento (Rules Of Engagement - ROE) e a probabilidade de causar danos colaterais. Após identificado o tipo de ataque, bem como o seu ponto de impacto e de origem, o sistema tem a capacidade de enviar esta informação a qualquer sistema de armas, com o qual possua ligação, possibilitando a escolha do meio mais eficaz para atacar a origem da ameaça. As regras de empenhamento são bastante importantes para uma resposta C-RAM efetiva, sendo um elemento de identificação rápido da intenção do Comandante, tendo por base os critérios definidos nas ROE.

Para que todas as fases decorram de forma integrada e seja possível, no pouco tempo disponível, obter o maior rendimento possível de todos os meios e forças no terreno, é necessário um sistema de Comando e Controlo integrado, capaz de fornecer comunicações de forma automática. Este sistema deve ter a capacidade de reunir todas as informações provenientes de todos os meios de aviso e alerta, possibilitando, em tempo real, que todos os meios no terreno recebam a informação necessária para serem capazes de responder atempadamente a qualquer ameaça. Ao facilitar a resposta à assimetria dos conflitos atuais, contribuindo para a defesa a várias distâncias e altitudes, e combinando sistemas canhão, sistemas míssil HIMAD e SHORAD e C-RAM de forma integrada, torna-se possível a criação de um Quadro Operacional Comum/Quadro Tático Aéreo Comum (Common Operational Picture/Common Tactical Air Picture - COP/CTAP) (Lopes & Matalano, 2010).

1.5. Sistemas C-RAM

1.5.1. Sistemas de Armas SHORAD/VSHORAD

Os sistemas de curto alcance e baixa altitude (Short Range Air Defense - SHORAD) e os sistemas de curto alcance e muito baixa altitude (Very Short Range Air

Defense - VSHORAD) são utilizados maioritariamente para garantir proteção antiaérea de

(27)

11 sistemas garantir a neutralização/destruição de UAS, mísseis cruzeiros, foguetes, morteiros e granadas de artilharia, bem como de qualquer outro vetor aéreo hostil. Os sistemas de armas dividem-se em sistemas canhão, sistemas míssil ligeiro e sistemas míssil portátil, sendo possível a combinação de sistemas e de outras capacidades numa única plataforma (Salvador, 2006).

Os novos sistemas SHORAD, de acordo com Peruzzi (2015), têm um alcance médio de 10 km e apresentam-se como peças chave no empenhamento contra aeronaves, em ambiente com elevadas contra medidas eletrónicas.

1.5.2. Sistemas de Armas HIMAD

Os sistemas de média e alta altitude (High to Medium Altitude Air Defense -

HIMAD) podem igualmente garantir proteção, acompanhando a evolução e sofisticação das atuais ameaças, e apresentam maiores alcances, precisão, velocidade e letalidade. Estes sistemas tecnologicamente avançados, são compostos por órgãos com capacidade de deteção até 1000 km de alcance, e mísseis com capacidade de empenhamento até 150/200 km.

1.6. Meios C-RAM

Segundo Manucy (1994), a data da invenção do canhão é um pouco dúbia, muitas

referências apontam para 1320, mas a única certeza é que uma das primeiras vezes em que foi utilizado data de Agosto de 1346 na Batalha de Crécy. Embora tenha começado a ser empregue desde então, no que respeita ao seu uso na Artilharia Antiaérea foi necessário esperar até meados de 1870, na guerra franco-prussiana, para que surgisse a necessidade de criar armas leves que pudessem bater balões de ar4. Porém, só com o aparecimento do

avião, um pouco antes da Primeira Guerra Mundial, é que efetivamente despoleta o emprego de meios. A partir desse momento, a evolução nas capacidades das aeronaves,

4 Durante a Guerra Franco-Prussiana, mais concretamente na Batalha de Sedan, e após os alemães cercarem

Paris a 19 de setembro de 1870, o então líder do novo governo, Léon Gambetta, fugiu de Paris num balão de ar e reorganizou o exército a partir da cidade de Tours.

(28)

12 como a velocidade e o teto de voo, foram contribuindo para a evolução dos canhões da Artilharia Antiaérea. O sistema mais eficiente na altura era o canhão 49 mm da Companhia Bofors da Suécia. É nesta altura também que os alemães apresentam a ideia de “Torres Antiaéreas”, mas a sua demora na concretização levou a que se produzissem armas de 12,5 cm com dois canos, os Flakzwilling 40. Aquando do final da guerra, o exército americano já havia padronizado para a sua Artilharia Antiaérea canhão 75 mm, pelo facto de ter mobilidade e disparo rápido, consequência de um menor projétil.

A generalidade dos atuais sistemas C-RAM foram desenvolvidos a partir de sistemas canhão já existentes, que sofreram adaptações para conseguir fazer face às recentes ameaças.

1.6.1. Oto Melara

O Oto Melara Porcupine começou a ser desenvolvido em 2005 e consiste num sistema ligeiro com uma metralhadora General Dynamics M-940 20x102mm MPT-SD, que dispara projéteis com capacidade de autodestruição.

Figura 1: Sistema Oto Melara Porcupine

(29)

13 Por sua vez, o sistema Oto Melara Draco consiste numa versão móvel do canhão naval super rápido 76x62mm, com carregamento automático e uma cadência compreendida entre 80 a 100 tiros por minuto (tpm). O alcance com tiro direto para alvos terrestres varia entre distâncias inferiores a 500 m até 3 km; com tiro indireto tem um alcance de 5 km para alvos aéreos, 15 km para alvos fixos e 20 km para alvos navais (em situações de defesa da costa). É composto ainda por um sistema automático de carregamento, sistema de vigilância eletro-ótico para detetar, reconhecer e identificar alvos em modo passivo e um feixe de seguimento de alvos e munições DART. DART é a munição guiada antimíssil naval, que tem sido testada em sistemas terrestres para aumentar a capacidade contra ameaças com elevada capacidade de manobra. O peso total do sistema, que depende da proteção balística pretendida, ronda as 5,5 toneladas e está preparado para ser instalado e transportado num shelter, num camião 8x8, veículos blindados de lagartas ou num C-130. Pode portanto ser configurado com diferentes níveis de mobilidade, dependendo das necessidades táticas.

As versões Porcupine e Draco foram desenvolvidas para o Exército Italiano.

Figura 2: Sistema Oto Melara Draco

(30)

14

1.6.2. Iron Dome

Iron Dome é um sistema de defesa míssil Israelita que começou a ser desenvolvido

em 2007 e foi concebido para garantir proteção a cidades contra mísseis balísticos de curto alcance, foguetes e munições 155mm de artilharia, lançados a distâncias compreendidas entre 4 e 70 km, tendo sido utilizado pela primeira vez em 2011. Uma bateria de Iron

Dome é constituída por três elementos: um radar de deteção e localização (radar

multimissão (Multi-Mission Radar - MMR)); um posto de comando e sistema de controlo de armas (Battle Management and Control - BMC); e uma unidade de lançamento de mísseis (com 3 lançadores, cada um com 20 mísseis intercetores Tamir, que usam uma ogiva especial que destrói qualquer alvo no ar em apenas alguns segundos). Este sistema é geralmente transportado num veículo 6x6 e atua em todo o tipo de condições meteorológicas, pode localizar centenas de ameaças e empenhar-se simplesmente sobre as mesmas, possuindo uma capacidade discriminatória para apenas se empenhar sobre ameaças que representem perigo real para as zonas a proteger.

Figura 3: Sistema Iron Dome

(31)

15

1.6.3. Sistema Centurion

Este sistema, também designado por Phalanx, é um Land-Based Phalanx Weapon

System (LPWS) concebido pela companhia americana Raytheon, a partir do sistema canhão Vulcan Phalanx 1B, usado pela marinha americana para defesa contra ameaças SHORAD

e VSHORAD. De forma simplificada, a alteração consistiu em acoplar o sistema Vulcan numa plataforma de rodas e associar-lhe novos radares de direção de tiro, aviso e alerta. Este sistema é constituído por três componentes: o sistema de armas, os radares e o sistema de comando e controlo. A arma que equipa este LPWS é um sistema canhão 20 mm M61A1, composto por seis tubos que garantem uma elevada cadência de tiro, entre 3000 a 5400 tiros por minuto, e um subsistema FLIR (Forward-Looking InfraRed) que permite a procura e direção de tiro, em quaisquer condições de visibilidade. As munições usadas auto destroem-se, por forma a não causarem danos colaterais. Tem capacidade de ligação, ao radar AN/TPQ-365 Firefinder ou ao AN/TPQ-64 Sentinel, garantindo ambos o aviso

prévio. De origem americana, o radar AN/TPQ-36 destina-se, essencialmente, a detetar e localizar morteiros, apresenta um alcance até 24 km e processa até 20 objetivos por minuto. Já a componente Lightweight Counter Mortar Radar (LCMR) permite a deteção da ameaça RAM, calculando o ponto de impacto e a sua origem, através da análise da sua trajetória. Esta informação é direcionada para a Engagement Operation Section (EOS), e após analisada, é enviada de forma automática para os sistemas de armas, assegurando assim, assegurada a capacidade de comando e controlo. Existe ainda a possibilidade de ligação deste sistema com outros sistemas de aviso prévio, como o Airborne Warning and

Control System (AWACS) e o Tactical Digital Information Link (TADIL-B), entre outros,

o que contribui para uma visão mais abrangente, constituindo.se assim um sistema integrado de defesa aérea.

5 A designação AN/TPQ, de acordo com DOA (1995), tem origem em “AN” que significa “Army/Navy”, onde é

utilizado, “T” de “Transportable”, pois pode deslocar-se de um local para outro e pode ser transportado de diferentes formas, “P” de “Position finder”, dado que indica a posição de um determinado objetivo, “Q” por ter um propósito especial – Contrabateria- e por fim “36” sendo apenas um número arbitrário para designar o radar.

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16 Figura 4: Sistema Centurion

Fonte:http://www.armyrecognition.com/united_states_us_army_artillery_vehicles_system_uk/centurion_ c-ram_land-based_weapon_system_phalanx_technical_data_sheet_specifications_pictures_video.html

1.6.4. Sistema Rheinmetall’s Skyshield/Mantis

Este sistema, também designado por NBS (NachstBereichs-Schutzsystem) pelo exército Alemão, começou a ser desenvolvido em 2007, foi testado na Turquia em 2009 e foi utilizado no TO do Afeganistão em 2011. Cada sistema é constituído por um canhão 35x288mm Millennium, cujas munições libertam submunições de alta densidade, capazes de penetrar e destruir alvos blindados (por exemplo, munições de artilharia 155mm, morteiros 120mm e foguetes pesados). A arma dispara projéteis a alta velocidade a uma cadência de 1000 tpm, a velocidades superiores a 1000 m/s. Este sistema é composto por seis armas, duas unidades não tripuladas de busca e localização (com radares de frequência na banda-X), sensores eletro-óticos e um posto de comando. Os componentes são relativamente leves, o que facilita o seu transporte (uma unidade de tiro com duas armas, radar e posto de controlo, pesa menos de 16 toneladas; cada torre da arma pesa menos de 4 toneladas). As munições da 35x288mm que equipam o sistema NBS oferecem maior alcance e time-on-target do que as munições 20x102mm, que equipam o Centurion.

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17 Figura 5: Sistema Rheinmetall's Skyshield/Mantis

Fonte: http://www.defenseindustrydaily.com/Germany-Orders-Skyshield-C-RAM-Base-Defense-Systems-05418/

1.6.5. Oerlikon Skyguard III

O sistema Skyguard III é a mais recente versão do sistema de defesa antimíssil

Skyguard I, desenvolvido pela Rheinmetall Air Defense. Este oferece proteção contra uma

vasta gama de ameaças aéreas, tais como aeronaves de asa fixa, aeronaves de rotor basculante, UAS, foguetes e mísseis. No que respeita ao armamento, está equipado com um sistema canhão bitubo de 35mm para empenhamento a curto alcance (até 4 km) e ainda dois lançadores de mísseis (alcance de 7 km). As munições usadas possuem tecnologia AHEAD (Advanced Hit Efficiency and Destruction) que formam nuvens de sub-projéteis, capazes de neutralizar pequenos alvos, tanto a baixa como alta velocidade. Este sistema canhão é controlado pela Unidade de Controlo de Tiro (Fire Control Unit - FCU), embora possa também operar de modo autónomo. O sistema sensor FCU é bastante resistente a contramedidas eletrónicas (Electronic CounterMeasures - ECM). O aviso de deteção de alvos e a avaliação da ameaça são transferidos, automaticamente para os sensores de

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18 seguimento. A unidade de monitorização multisensor é constituída pela combinação de um módulo radar TV/laser/IR com elevada precisão, livre de interferências.

Figura 6: Sistema Oerlikon Skyguard III

Fonte:http://www.armyrecognition.com/germany_german_army_artillery_vehicles_systems_uk/skyguar d_iii_3_oerlikon_air_defense_system_cannon_missile_technical_data_sheet_specifications.html

1.6.6. Radar Oerlikon X-TAR3D

O X-TAR3D é um radar de aquisição tridimensional, que opera na banda-X. Permite procurar, detetar, adquirir, seguir, identificar e classificar alvos aéreos, de forma a fornecer uma imagem tridimensional da imagem aérea (Local Air Picture - LAP) para facilitar o comando e controlo, assim como a utilização dos sistemas de armas sobre as diversas ameaças. Este radar foi projetado para fazer face a uma vasta gama de ameaças aéreas, desde alvos convencionais até plataformas com tecnologia stealth, UAS, mísseis cruzeiro, foguetes e morteiros, e possui um alcance até 55 km.

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19 Figura 7: Radar Oerlikon X-TAR3D

Fonte: http://www.army-technology.com/contractors/air-defence/rheinmetall-1/rheinmetall-19.html

1.6.7. Sistema David’s Sling

Este sistema, que resulta de uma parceria entre um fabricante israelita e americano, foi concebido para garantir a proteção contra foguetes de médio e longo alcances, mísseis balísticos e mísseis cruzeiro lançados entre 40 a 300 km. Recorre a um radar tridimensional de infravermelhos/eletro-ótico, com um sensor de seguimento a 360 graus e tecnologia Electronic Counter Counter Measures (ECCM) e Radar Counter Counter

Measures (RCCM). O míssil utilizado, o Stunner, é um intercetor multiplataforma que

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20 Figura 8: David’s Sling (Stunner)

Fonte: http://militaryedge.org/armaments/davids-sling-stunner/

1.6.8. Sistema HISAR

A gama HISAR, desenvolvida para as Forças Armadas Turcas, inclui o sistema de curto alcance terra-ar HISAR-A, desenhado para garantir defesa aérea das tropas em movimento e bases fixas contra aeronaves de asa, helicópteros, UAS e mísseis ar-terra, bem como, o sistema de médio alcance terra-ar HISAR-O, que garante uma cobertura mais ampla e um sistema de controlo de tiro. O HISAR-A (Alçak İrtifa Hava Savunma Füze Sistemi) consiste num chassis do veículo FNSS ACV-30 com quatro mísseis de lançamento vertical da Roketsan, tem acoplado um radar de vigilância aérea e um sistema de infravermelho/eletro-ótico, que lhe permitem operar de forma independente, não sendo necessário integrar o mesmo numa Bateria com um FCS (Fire Control System). O alcance deste sistema varia entre 2 e 15 km (mínimo e máximo, respetivamente) e a variação em altitude oscila entre 30 metros e 5 km. A tripulação necessária para operar este sistema são três militares (um condutor e dois controladores). O HISAR-O (Orta Irtifa Hava Savunma

Füze Sistemi) consiste num chassis com rodas Mercedez-Benz, equipado com seis mísseis Roketsan, com um alcance máximo de interceção de 15 km, uma altitude máxima de

empenhamento de 5 km e um alcance de 25 km. Este foi desenhado para funcionar como uma Bateria em conjunto com o Aselsan FCS, que é equipado com um radar de pesquisa móvel, um sistema de infravermelhos/eletro-ótico e um radar de aquisição de alvos. Cada míssil tem um alcance máximo de 25 km e uma altitude máxima de 10km.

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21 Estes sistemas foram testados em junho de 2015, estando agendada para 2017 a entrega dos primeiros sistemas ao Exército Turco.

Figura 9: Sistema HISAR-O

Fonte: http://defence.pk/threads/turkey-successfully-completes-dual-pulse-motor-live-firing-tests-ground-to-air-missile.428887/

Figura 10: Sistema HISAR-A

Fonte: http://www.balkanforum.info/f41/tuerk-silahl-kuvvetleri-turkish-armed-forces-tuerkische-streitkraefte-25042/index898.html

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1.6.10. Sistema CROTALE NG

O sistema CROTALE NG (New Generation) é um sistema míssil de defesa aérea de curto alcance, desenvolvido para atuar em quaisquer condições meteorológicas. A sua missão compreende a defesa permanente ou semipermanente da linha da frente de uma Brigada, e a defesa aérea contra ameaças aéreas, tais como aviões, helicópteros de ataque, mísseis cruzeiro, mísseis táticos e mísseis stand-off (guiados por satélite), lançados a partir de aviões e helicópteros. Este sistema fornece uma imagem da situação aérea, faz a avaliação da ameaça, tem a capacidade de deteção e aquisição automática de vários alvos, seguimento e empenhamento em quaisquer condições adversas, desde guerra eletrónica a ambientes com contaminação nuclear, biológica ou química (NBQ). A última versão deste sistema, a MK3, possui um alcance máximo de 16 km e uma altitude máxima de 9 km, integrando ainda este sistema o radar de vigilância tridimensional de feixe múltiplo Shikra. O míssil utlizado por este sistema, o VT1, utiliza uma ogiva de fragmentação iniciada por aproximação, possui um alcance de 11 km a uma altitude máxima de 6 km e desloca-se a uma velocidade de Mach 3.5.

Figura 11: Sistema Crotale NG

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23

1.6.11. Sistema IRIS-T SLM

Este sistema, desenvolvido pela empresa Diehl Defense para as Forças Armadas Alemãs, foi concebido para atuar sobre ameaças a curto alcance, mas também sobre mísseis de médio alcance, UAS e granadas de Artilharia. Este sistema é constituído por: um radar tridimensional multifunção CEAFAR, que garante uma cobertura a 360 graus, sendo utilizado tanto para vigilância como para seguimento de alvos; um Centro de Operações Tático (Tactical Operations Center - TOC), composto por dois militares, garante a ligação via rádio ou por cabo de fibra ótica a todos os elementos do sistema; e o sistema de lançamento, com capacidade para 8 mísseis, permite o empenhamento sobre múltiplos alvos. O míssil utlizado é o IRIS-T SL que pode ser guiado por radar e tem um alcance de 40 km a uma altitude máxima de 25 km. Todas estas especificidades foram testadas em janeiro de 2015 na Africa do Sul.

Figura 12: Sistema Iris-T SLM

Fonte: http://www.diehl.com/en/diehl-defence/press-media/subjects-in-the-focus/iris-t-sl-guided-missile.html

(40)

24

1.6.12. Radar Giraffe

Segundo Clare (2010), os radares Giraffe fornecem atempadamente às tropas, a deteção de ataques de foguetes, granadas de artilharia e morteiros inimigos, garantindo proteção às forças Australianas e à Força Internacional de Assistência e Segurança (International Security Assitance Force - ISAF), atualmente em missão de Resolution

Support (RS) no Afeganistão. A gama de radares Giraffe tem vindo a sofrer atualizações

desde a sua criação, e atualmente existem três modelos que devem ser avaliados:

Giraffe 8A – este radar foi desenhado para garantir a defesa contra mísseis

balísticos, e apresenta três versões para aplicações fixas, transportadas e móveis. Tem a capacidade para detetar rapidamente e acompanhar todos os alvos dentro do setor do sensor, e ainda para detetar, seguir e reportar mísseis balísticos de médio/longo alcance e fornecer informação aos sistemas de armas e C2, para reduzir o tempo entre o aviso e o empenhamento. Com um alcance de 470 km e 40 km de altitude, este radar possui um sensor de longo alcance 3D que atua na banda-S, e pode operar em modo contínuo 24 horas por dia, varrendo 360º, ou pode ser manipulado, operando em setores específicos de 40 a 100º.

Figura 13: Radar Giraffe 8A

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25

Giraffe 4A – este radar pode empenhar-se em múltiplas missões sem diminuir o seu

desempenho. Tem capacidade para identificar e seguir um elevado número de objetos em simultâneo, seguir múltiplos alvos aéreos, identificá-los e empenhar-se em todos concomitantemente, seguir mísseis balísticos, calcular o seu ponto de origem e ponto de impacto, permitindo o ajuste de fogos. Possibilita também detetar (e alertar) a aproximação de pequenos objetos com trajetória balística. Foi concebido para conseguir operar em ambientes climáticos extremos e possui um alcance de 280 km, podendo varrer em 360º ou em setores de 40 a 120º.

Figura 14: Radar Giraffe 4A

Fonte: http://saab.com/air/sensor-systems/ground-based-air-defence/giraffe-4a/

Giraffe 1X – este radar de curto alcance 3D, que atua na banda-X, destina-se a

situações onde a mobilidade e a aproximação à área de combate são requeridas. Pode ser facilmente integrado em qualquer tipo de plataforma móvel, não obstante poder também ser usado em instalações fixas. Possui uma função de deteção e alerta que pode ser

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26 programada para localizar armas. Tem a capacidade para monitorizar alvos aéreos a 360º e, em simultâneo, localizar e alertar para ataques de foguetes, munições de artilharia e morteiros.

Figura 15: Radar Giraffe 1X

Fonte: http://saab.com/air/sensor-systems/ground-based-air-defence/giraffe-1X/

1.6.13. Radar AN/TPQ-49

O radar de contrabateria AN/TPQ-49 fornece vigilância contínua a 360 graus e garante a localização tridimensional de foguetes, mísseis e munições de artilharia, através de uma antena não rotativa, mas eletronicamente dirigida. A capacidade de cobertura permite detetar e controlar, em simultâneo, vários ataques oriundos de locais diferentes, dentro de uma área de 315 quilómetros quadrados. No entanto, pode ser configurado para varrer um sector inferior a 360º, de forma mais intensiva e com taxas de atualização mais frequentes. Uma vez detetada a ameaça, o radar envia atempadamente uma mensagem de alerta, avisando sobre a iminência do ataque. Após localizado o ponto exato de origem do

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27 ataque, a sua localização é enviada para o centro de comando e controlo ou para os sistemas de armas. Este radar de pequeno tamanho e baixo consumo energético (1200 W) pode ser montado e rapidamente por dois militares em 20 minutos. Tem um alcance superior a 10 km, uma precisão do ponto de origem de 75 metros aos 5 km, pesa 68 kg e tem uma dimensão de 1,25 m de diâmetro por 1,25 m de altura.

Figura 16: Radar AN/TPQ-49

Fonte: http://www.srcinc.com/pdf/63-AN-TPQ-49.pdf

1.6.14. Radar AN/TPQ-50

O radar de contrabateria AN/TPQ-50, à semelhança do seu antecessor, garante uma vigilância a 360º e a localização tridimensional de ameaças RAM, através de uma antena não rotativa, mas eletronicamente dirigida. Possui a capacidade de aquisição de vários ataques em simultâneo dentro de uma área de 315 km2, e permite também ajustar o seu sector de varrimento. A diferença mais significativa corresponde à capacidade de detetar alvos com trajetórias mais planas do que a versão anterior, assim como a capacidade de

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28 cálculo do ponto de impacto com maior precisão a uma distância superior. Assim, após detetar e enviar uma mensagem de alerta, localiza o ponto de origem do ataque com uma precisão de 50 metros a distâncias superiores a 10 km, e transmite esta informação para o centro de comando e controlo, ou para os sistemas de armas. As melhorias de desempenho fazem com que este tenha um consumo energético superior (3000 W); no entanto, as suas dimensões mais reduzidas, 1,1 m de diâmetro e 2 m de altura (quando montado no tripé), e o seu peso (cerca de 227 kg) permitem que este seja montado e possa operar num veículo, mas também rapidamente instalado num tripé, no solo.

Figura 17: Radar AN/TPQ-50

Fonte: http://www.srcinc.com/pdf/64-AN-TPQ-50.pdf

1.7. O sistema C-RAM na AAA Portuguesa

Com base no quadro orgânico 09.03.07, aprovado a 14 de março de 2016 por Sua Excelência o Gen CEME, o Exército Português estabelece, no parágrafo 3, que depende do Grupo de Artilharia Antiaérea (GAAA) a “proteção aos pontos/áreas sensíveis e unidades

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29 de manobra, de apoio de combate e de apoio de serviços, contra ataques de foguetes e granadas de Artilharia ou de Morteiros (C-RAM)”. Ainda neste contexto e cumprindo as orientações patentes nas NATO’s Minimum Capability Requirements Parts II – Capability

Codes and Capability Statements Dec2011, o GAAA, quando empenhado, deverá ser

capaz de fazer uso, para além de outras funções, da capacidade C-RAM, garantir proteção através da deteção e neutralização de foguetes, granadas de artilharia e de morteiros de origens variadas, salvaguardando o pessoal, o equipamento e as instalações.

Desta forma, o GAAA está organizado em duas Baterias de Artilharia Antiaérea (BtrAAA), sendo a 1ªBtrAAA comporta na sua orgânica um Pelotão de Sistema C-RAM. Organicamente, este PelSistRAM tem um comando e quatro secções de sistemas C-RAM, com um efetivo de 16 militares. Este número é apenas uma referência, uma vez que dependerá dos sistemas C-RAM que irão equipar o PelSistC-RAM, sendo de referir que, até à presente data, não foram adquiridos quaisquer sistemas. Este quantitativo está assim dependente da inclusão na Lei de Programação Militar (LPM) que permitam a aquisição de meios para combater as ameaças RAM, incluindo os sistemas de armas, os radares de alerta e aviso, os radares de conduta e direção de tiro e os sistemas de comando e controlo.

O atual equipamento da AAA, nomeadamente os radares, não têm capacidade para destrinçar a ameaça RAM, estando apenas aptos em relação à ameaça aérea convencional. Contudo, os radares AN/TPQ-36 que equipam a Artilharia de Campanha (AC), possuem essa valência de deteção da ameaça RAM, conseguindo analisar o ponto de impacto e o ponto de origem desta. Ao nível de sistemas, não existe no nosso Exército nenhum que disponha de cadência de tiro suficiente para destruir ou neutralizar uma ameaça RAM, e os que existem também não possuem ligação a um sistema de defesa aérea que lhes envie informação para os radares de direção e conduta de tiro. Falta ainda a componente que permita interligar de forma automática, ao sistema de comando e controlo, todos os sistemas C-RAM e respetivas fases.

Para tal, encontra-se em fase de aquisição o Sistema Integrado de Comando e Controlo da Artilharia Antiaérea (SICCA3), cuja arquitetura permite que este automatize e interligue a partilha de informação, de modo seguro, proveniente dos sistemas de armas e dos radares, entre todas as unidades que contribuem para o sistema de defesa aérea, garantindo desta forma a partilha de uma imagem comum em tempo real. Deste modo, são eliminadas “áreas cegas” e torna-se mais fácil decidir como a força poderá responder mais eficazmente à ameaça. O SICCA3 permitirá ainda que a AAA Portuguesa possa integrar o Sistema de Defesa Aérea Nacional (SDAN) (Oliveira, 2011). Este novo sistema irá

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30 melhorar a atual realidade do sistema C2 da AAA Portuguesa, onde a disseminação de informações e demais comunicações são efetuadas por voz, não sendo possível também visualizar a Imagem Comum das Operações, do Centro de Relato e Controlo (CRC) nem das Unidades de Tiro (UT). Com o atual sistema C2 é possível controlar procedimentos, mas sendo um método manual, não garante a atuação em tempo real nem a eficiência necessárias para fazer face às atuais ameaças.

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31

CAPÍTULO 2

METODOLOGIA

O conceito metodologia deriva da palavra “método”, em Latim methodus, que significa caminho para alcançar determinado fim. Assim segundo Sarmento (2013), é um processo que conglomera meios que visam atingir um fim. A autora apresenta os métodos de investigação científica como um conjunto de regras e procedimentos, a que um investigador recorre, quer para produzir conhecimentos inovadores, quer, simplesmente, para desenvolver e aperfeiçoar conhecimento já existente na comunidade científica.

Quando “o investigador utiliza o método de investigação qualitativa (…) observa, descreve, interpreta e aprecia o meio e o fenómeno tal como se apresentam, sem procurar controlá-los” (Fortin, 2003, p.22), Hernández, Fernández & Batista (2006) acrescentam ainda que, na abordagem qualitativa, os dados obtidos no processo de interpretação não estão sujeitos a medições numéricas e podem ou não provar hipóteses. Também Vilelas (2009), no âmbito da abordagem qualitativa, salienta a existência da relação entre o mundo objetivo e a perceção do sujeito, relação essa que, não pode ter tradução numérica. Assim sendo, a abordagem realizada para a consecução deste Trabalho de Investigação Aplicada é qualitativa, uma vez que não se pretende alcançar valores numéricos, mas sim relacionar realidades, neste caso, sistemas C-RAM, de acordo com a visão de especialistas e a interpretação de dados concretos. O processo de investigação, de acordo com Sarmento (2013), pode ser suportado por mais do que um método. Assim, para a consecução deste trabalho, cuja natureza consiste na investigação aplicada, os métodos de recurso para a averiguação das questões formuladas são o analítico e o inquisitivo. O método analítico, porque se descrevem as caraterísticas e especificidades técnicas dos diversos sistemas C-RAM, e o inquisitivo, na medida em que a metodologia de aplicabilidade prática consiste na formulação de questionários e entrevistas.

O presente Trabalho de Investigação Aplicada pretende dar resposta à seguinte Questão de Partida (QP):

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32 “Quais as principais características do sistema C-RAM e qual a sua aplicabilidade no Exército Português?”

Com o intuito de obter uma resposta mais cabal à pergunta de partida, foram enunciadas as seguintes questões derivadas:

Questão Derivada (QD) nº1 – Quais as principais potencialidades do sistema C-RAM? QD nº2 – Quais as principais vulnerabilidades do sistema C-RAM?

QD nº3 – Quais os custos associados à aquisição do sistema C-RAM na AAA do Exército Português?

QD nº4 – Qual a metodologia de formação a adotar no âmbito da habilitação dos Recursos Humanos?

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33

CAPÍTULO 3

MÉTODOS E MATERIAIS

A técnica de recolha de dados pode definir-se como “o conjunto de processos e instrumentos elaborados para garantir o registo das informações, o controlo e a análise dos dados” (Moresi, 2003, p23). Desta forma, visando a obtenção de informações que permitissem responder aos objetivos deste trabalho, as técnicas de recolha de dados utilizadas consistiram na análise documental e na formulação de inquérito, através da metodologia de entrevistas e questionários. No que respeita a análise documental, foram tidos em conta artigos científicos, publicações doutrinárias do Exército, revistas da especialidade, livros, field manuals (FM) e informação online, publicados desde 2000 até ao presente ano (2016), obtidos através de pesquisas realizadas na Biblioteca da Academia Militar Sede, na Biblioteca do Instituto Universitário Militar (IUM), na biblioteca do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) e em algumas bibliotecas municipais. Outra forma de recolha de dados já mencionada foi o recurso a inquérito, que segundo Tuckman (2000), é uma técnica para recolha direta de informação sobre determinada temática, através de um conjunto de questões ordenadas e organizadas, que podem ser respondidas de forma escrita ou oral e que refletem a opinião ou perceção dos sujeitos inquiridos. Segundo o mesmo autor, existem duas técnicas de inquérito: inquérito por entrevista e inquérito por questionário, tendo-se neste trabalho, concretizado o recurso a ambas as técnicas. A entrevista pressupõe a interação entre o investigador e o entrevistado para a efetivação da recolha de dados, e torna-se vantajosa pela possibilidade de pedir esclarecimentos ao inquirido, quando a resposta deste não for satisfatoriamente clara (Silverman, 2000). O questionário é a técnica utilizada quando as questões “são apresentadas através de um formulário que o inquirido administra a si próprio” (Coutinho, 2015, p.23).

A população é, de acordo com Sarmento (2013), um conjunto de indivíduos que apresentam, no mínimo, uma característica em comum. Assim sendo, a população

(50)

34 considerada para aplicar a técnica de inquérito foram os Oficiais de Artilharia do Exército Português e Americano com conhecimento ou formação em sistemas C-RAM.

“Ao conjunto de elementos da população, que é representativo e significativo desta” (Sarmento, 2013, p.71) designa-se por amostra. A amostra considerada para esta investigação conglomera seis oficiais, dos quais, três são de nacionalidade portuguesa e três são de nacionalidade americana.

De acordo com Sarmento (2013), quando a entrevista é dirigida a uma única pessoa denomina-se por entrevista individual. Segundo a autora, a entrevista classifica-se quanto ao número de sujeitos, em individual, grupal, painel de entrevistadores e painel de entrevistadores e grupo de entrevistados. No que concerne à estrutura, as entrevistas classificam-se como estruturadas, não estruturadas e semiestruturadas. Numa entrevista semiestruturada, o investigador tem liberdade para alterar a ordem das questões, mantendo no entanto, a necessidade de uma linha de orientação, através do recurso ao guião da entrevista (Simões, 2006). Neste âmbito, foram realizadas entrevistas individuais e semiestruturadas a três Oficiais de Artilharia do Exército Português e aplicados questionários6 a três Oficiais de Artilharia do Exército Americanos, não tendo no entanto sido possível obter os constributos destes últimos.

A técnica de análise dos dados consistiu na análise qualitativa do conteúdo subjetivo das entrevistas realizadas, com base nas variáveis objetivas extrapoladas a partir das mesmas: deteção, tempo de resposta, alcance, tecnologia, interoperabilidade, logística e relação custo-benefício.

Aos elementos da amostra, denominados por inquiridos, foi efetuada a seguinte correspondência, no âmbito da análise dos dados:

Inquirido n.º 1: Tenente-Coronel Barreira; Inquirido n.º 2: Tenente-Coronel Patronilho; Inquirido n.º 3: Tenente-Coronel Garcia;

Na análise efetiva dos dados, a amostra inicial constituída por seis Oficiais, resume-se a apenas três, correspondentes aos Oficiais de nacionalidade portuguesa, tendo os restantes sido excluídos por não terem respondido aos questionários.

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Figura 1: Sistema Oto Melara Porcupine
Figura 2: Sistema Oto Melara Draco
Figura 3: Sistema Iron Dome
Figura 6: Sistema Oerlikon Skyguard III
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Referências

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