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Efeitos da hidroginástica na qualidade de vida e na satisfação e percepção da imagem corporal em idosas

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Academic year: 2021

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E

FEITOS DA HIDROGINÁSTICA NA QUALIDADE DE VIDA E NA SATISFAÇÃO E PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL EM IDOSAS

Dissertação de Mestrado

2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

Orientador:

Nuno Domingos Garrido

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO

DOURO VILA REAL, 2011

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Dissertação de Mestrado realizada com vista à obtenção do grau de Mestre em Educação Física, Área de especialização em Ensino de Educação Física, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob orientação do Professor Doutor Nuno Domingos Garrido.

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IV

Ao Professor Doutor Nuno Garrido, pela disponibilidade que demonstrou na orientação deste trabalho, pela dedicação profissional e conhecimento transmitido.

À Professora Doutora Cristina Canavarro do grupo de Relações, Desenvolvimento & Saúde da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, pela receptividade em colaborar na investigação, disponibilizando todo o material relativo ao instrumento de avaliação da qualidade de vida.

Ao Professor Doutor Marco Pereira do Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Vocacional e Social, pela prontidão e disponibilidade em esclarecer todas as minhas dúvidas.

A todas as participantes do estudo, pelo auxílio e receptividade em colaborarem neste trabalho de investigação.

Aos meus pais, por serem responsáveis por aquilo que sou, pelo amor e dedicação que me transmitem todos os dias, por acreditarem no meu trabalho, por serem um exemplo de vida e, fundamentalmente, por, em todos os momentos darem o verdadeiro sentido à palavra família.

À minha irmã Joana, pelos ensinamentos, paciência, compreensão, colaboração e amizade. Por mostrar que se orgulha do meu trabalho e eu ter o privilégio de dizer que esse sentimento é reciproco, pois tenho nela o meu modelo de docência.

Aos meus irmãos, Francisca e Rui por serem uma dádiva na nossa família; por encherem-na de sorrisos, amor e carinho.

À Ju, pela colaboração prestada na recolha de dados, por ter estado sempre disponível para me ajudar, por nos momentos mais difíceis ter sido uma fonte de motivação e, sobretudo, por ser minha amiga.

Aos meus amigos, Inês, Luís, Mariana e Ricardo, pela verdadeira amizade, que vem sendo sustentada e compreendida há tantos anos.

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V

Aos amigos que conquistei no percurso académico, que mesmo agora, estando distantes fisicamente, mantêm-se sempre em contacto para me apoiarem e motivarem nesta etapa final.

À minha madrinha de curso, Anita, que meu apoiou incondicionalmente e mostrou-se sempre disponível para transmitir o seu conhecimento.

Ao Afonso, que começou comigo esta caminhada e esteve sempre presente, apoiando-me em todos os momentos, com o seu amor, compreensão e dedicação.

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VI

RESUMO

O envelhecimento torna-se mais frequente em idades avançadas, notando-se nos indivíduos um declínio acentuado a nível psicológico, morfológico e funcional (Matsudo, Matsudo, & Neto, 2000). Está descrito que a actividade física é considerada como uma componente muito importante na prevenção de doenças, da morte prematura, na adopção de um estilo de vida saudável e na melhoria da qualidade de vida (Heyward, 2004). Sendo a hidroginástica uma modalidade cada vez mais popular (Barbosa, Sousa, Silva, Reis, Marinho, & José, 2010), torna-se essencial a realização desta investigação. O seu objectivo geral é averiguar se existem efeitos na prática de hidroginástica na qualidade de vida, na satisfação e percepção da auto-imagem corporal dos seus praticantes idosos. Pretendemos comparar os grupos de não praticantes com praticantes nas variáveis qualidade de vida, percepção da imagem corporal e com o nível de satisfação com a imagem corporal. Foi também nosso objectivo verificar se existe relação entre a satisfação com a imagem corporal e o IMC.

O estudo é predominantemente quantitativo e o paradigma que serviu de base a esta investigação foi o quasi-experimental. A amostra foi constituída por 90 idosas, 60 pertencentes a classes de hidroginástica e 30 não praticantes de actividade física regular. A média de idades das praticantes situa-se nos 73,30 (DP=6,83) anos e, das não praticantes, nos 74,75 (DP=8,49). Foi usado o questionário da Organização Mundial de Saúde - WHOQOL-BREF, traduzido e validado para a população portuguesa de Canavarro et al. (2007), com o objectivo de avaliar os níveis de qualidade de vida das idosas. A análise de percepção e satisfação corporal foi feita através do uso da escala de silhuetas propostas por Stunkard, Sorensen, e Schulsinger (1983). A classificação do IMC foi distribuída de acordo com os valores de corte da ACSM (2006). Os procedimentos estatísticos utilizados foram o U de Mann-Whitney na comparação de grupos. Usou-se o coeficiente de correlação de Spearman (r) para a verificação do grau de associação entre a variável IMC com a percepção e satisfação corporal.

Dos resultados obtidos, verificámos que as idosas praticantes de hidroginástica apresentam uma melhor percepção da imagem corporal e um melhor nível de satisfação com o seu corpo. Apesar destes resultados serem mais satisfatórios nas praticantes de actividade física, estas diferenças não são estatisticamente significativas. Quanto à percepção que as idosas têm sobre a sua qualidade de vida, os resultados são mais positivos no domínio físico, psicológico, relações sociais e na faceta geral. O grupo das não praticantes, no domínio do meio ambiente apresentou resultados superiores. Foram encontradas diferenças significativas entre grupos apenas no domínio físico.

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VII

ABSTRACT

The aging becomes more frequently in older ages, by noting a marked decline at the psychological, morphologic and functional level (Matsudo, Matsudo, & Neto, 2000). It is described that the physical activity is considered as a very important component in prevention of diseases, in the premature death, in the adoption of a healthy lifestyle and in the quality of life improvement (Heyward, 2004). Being hydrogymnastics an ever more popular sport (Barbosa, Sousa, Silva, Reis, Marinho, & José, 2010), it became essential realize this study. Its overall objective is to ascertain if there are effects in the practice of hydrogymnastics in the quality of life, satisfaction and perception of the body auto-image of older practitioners. We intend to compare groups of practitioners and not practitioner in variables life quality, body image perception and body image satisfaction level. It was also our objective verify if there are a relationship between the satisfaction with the body image and BMI.

The study is predominantly quantitative and the paradigm that served as basis for this research was the quasi-experimental. The sample was composed by 90 elderly women, 60 belonging to hydrogymnastics classes and 30 non-practicing of regular physical activity. The average age of practitioners is located in 73,30 (SD = 6,83) years and the non-practitioners in 74,75 (SD=8,49). It was used the questionnaire of the World Health Organization - WHOQOL-BREF, translated and validated for the Portuguese population Canavarro et al (2007), in order to evaluate the levels of quality of life of elderly women. The analysis of perception and body satisfaction was made through the use of the scale of silhouettes proposed by Stunkard, Sorensen, and Schulsinger (1983). BMI classification was distributed according to the cutoff values of the ACSM (2006). The statistical procedures used were the Mann-Whitney U to compare groups. We used the Spearman correlation coefficient (r) to verify the degree of association between BMI variable and the perception and body satisfaction.

From the obtained results, we found that the older practitioners of hydrogymnastics have a better perception of the body image and a better level of satisfaction with their body. Although these results are most satisfactory in the physical activity practitioners, these differences are not statistically significant. As for the perception that the elderly have of their quality of life, the results are more positive in the physical, psychological, social relationships and general aspect. The group of non-practitioners, in the environment domain, presents superior results. Significant differences were found between groups only in the physical domain.

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VIII

ÍNDICE GERAL

RESUMO ... VI ABSTRACT ... VII ÍNDICE GERAL ... VIII ÍNDICE DE QUADROS ... XI ÍNDICE DE FIGURAS ... XI ÍNDICE DE ABREVIATURAS ... XII

1. INTRODUÇÃO ... 2 2. REVISÃO DA LITERATURA ... 6

2.1 HIDROGINÁSTICA ... 6

2.1.1 CONCEPTUALIZAÇÃO DE HIDROGINÁSTICA ... 6

2.1.2 BENEFÍCIOS DA HIDROGINÁSTICA ... 6

2.2 IMAGEM CORPORAL ... 10

2.2.1 CONCEPTUALIZAÇÃO DE IMAGEM CORPORAL ... 10

2.2.2 SATISFAÇÃO/INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL ... 12

2.2.3 ACTIVIDADE FÍSICA E IMAGEM CORPORAL ... 14

2.2.4 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO E SATISFAÇÃO DA IMAGEM

CORPORAL ... 15

2.3

QUALIDADE DE VIDA ... 19

2.3.1 CONCEPTUALIZAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA... 19

2.3.2 QUALIDADE DE VIDA NO IDOSO ... 22

2.3.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ... 24

2.4 ENVELHECIMENTO... 28

2.4.1 CONCEPTUALIZAÇÃO DE ENVELHECIMENTO ... 28

3. DEFINIÇÃO DE PROBLEMA E OBJECTIVOS ... 32

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IX

3.2 OBJECTIVOS ... 32

3.2.1 OBJECTIVO GERAL ... 32

3.2.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ... 32

3.3 HIPÓTESES ... 33

4. METODOLOGIA ... 35

4.1 AMOSTRA ... 35

4.2 VARIÁVEIS ... 35

4.3 INSTRUMENTOS ... 36

4.3.1 SILHOUETTE MATCHING TASK (SMT) – ESCALA DE SILHUETAS

... 36

4.3.2 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA – WORLD HEALTH

ORGANIZATION OF LIFE - WHOQOL-BREF ... 37

4.3.3 PESO/ESTATURA ... 38

4.3.4 IMC – ÍNDICE DE MASSA CORPORAL ... 38

4.3.5 QUESTIONÁRIO DE PREVALÊNCIA DE ACTIVIDADE FÍSICA –

INTERNATIONAL PHYSICAL ACTIVITY QUESTIONNAIRE (IPAQ) ... 39

4.4 PROCEDIMENTOS ... 39

4.4.1 PROCEDIMENTOS AMOSTRAIS ... 39

4.4.2 TRATAMENTO DE DADOS – PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS

... 39

4.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ... 40

5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 42

5.1 ANÁLISE DESCRITIVA ... 42

5.1.1 IMC, IMAGEM PERCEPCIONADA E IMAGEM IDEAL ... 42

5.1.2 QUALIDADE DE VIDA ... 46

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X

5.2.1 IMC, IMAGEM PERCEPCIONADA E IMAGEM IDEAL –

DIFERENÇAS EM FUNÇÃO DO GRUPO ... 47

5.2.2 QUALIDADE DE VIDA – DIFERENÇAS EM FUNÇÃO DO GRUPO 48

5.2.3 ANÁLISE CORRELACIONAL ... 49

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 51

6.1 IMC, IMAGEM PERCEPCIONADA E IMAGEM IDEAL ... 51

6.2 QUALIDADE DE VIDA ... 56

7. CONCLUSÕES ... 61

8. NOVAS PROPOSTAS ... 63

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 64

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XI

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Domínios e facetas do WHOQOL-Bref ... 25

Quadro 2 – Hipóteses do estudo ... 33

Quadro 3 – Idade dos Constituintes da Amostra (Med,Dp) ... 35

Quadro 4 - Cálculo do Nível de Satisfação da Imagem Corporal (NSIC) ... 36

Quadro 5 - Cálculo do IMC (ACSM, 2006) ... 38

Quadro 6 - Classificação do IMC (ACSM, 2006) ... 38

Quadro 7 - Frequência absoluta e frequência relativa das idosas praticantes e não praticantes segundo a IC Percepcionada e a IC Ideal ... 43

Quadro 8 - Percentagem de idosas satisfeitas e insatisfeitas (magreza e excesso) com a imagem corporal. ... 44

Quadro 9 - Média e desvio padrão da IC Percepcionada, IC Ideal e NSIC pelo IMC (Média±DP) ... 44

Quadro 10 – Domínios da qualidade de vida – valores comparativos entre grupo (Min; Max; Média±DP) ... 46

Quadro 11- Diferenças na percepção da IC nos diferentes grupos (praticantes e não praticantes) ... 47

Quadro 12 - Diferenças na percepção da IC nos diferentes grupos (praticantes e não praticantes) ... 47

Quadro 13 - Diferenças no nível de satisfação pela Imagem Corporal (NSIC) nos diferentes grupos (praticantes e não praticantes) ... 47

Quadro 14 - Domínios da qualidade de vida – comparação entre grupos ... 48

Quadro 15 - Correlação entre a IC Percepcionada e o IMC ... 49

Quadro 16 - Correlação entre o NSIC e o IMC ... 49

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Percentagem do IMC nas diferentes categorias ... 42

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XII

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

ACSM American College Sports of Medicine DP Desvio Padrão

e.g. Exemplo

IC Imagem Corporal

IMC Índice de Massa Corporal INE Instituto Nacional de Estatística Kg Quilograma

NSIC Nível de Satisfação com a Imagem Corporal

OMS Organização Mundial de Saúde P Nível de Significância

Pp Página

R Coeficiente de Correlação de Spearman WHO World Health Organization

WHOQOL World Health Organization Quality of Life % Percentagem

± Mais ou Menos ≤ Menor ou Igual

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1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um dado observável em todo o mundo. Nos últimos anos tem-se assistido a um crescimento da população idosa relativamente à população jovem. Os dados das Nações Unidas mostram-nos que, em 2050, a população idosa mundial (indivíduos com mais de 65 anos) será constituída por 15,6% da população total (INE, 2002). São muitos os factores que contribuem para este fenómeno universal, contudo, a sua definição nem sempre é unânime, havendo muita discordância quanto à verdadeira natureza e dinâmica de todo o processo (Padilha, 2007). O envelhecimento é originário de um conjunto de processos que ocorrem ao nível do organismo do indivíduo que resultam na perda de capacidades e na diminuição da funcionalidade (Spirduoso, Francis, & MacRae, 2005), consequentemente, estes factores alteram a qualidade de vida dos indivíduos.

O decréscimo nos níveis de actividade física habitual do indivíduo idoso contribui para a redução da aptidão física funcional, facilitando o aparecimento de patologias, provocando uma maior deterioração do processo de envelhecimento (Shephard, 1994; Matsudo, Matsudo, & Neto, 2000). É importante que nesta fase os idosos se consciencializem da importância que a actividade física regular exerce, para atenuar os níveis de degeneração, provocado pelo envelhecimento e para aumentar os níveis de qualidade de vida.

A hidroginástica é um exercício físico que tem vindo cada vez mais a conquistar adeptos por todo o mundo (Barbosa, Sousa, Silva, Reis, Marinho, & José, 2010) e é em faixas etárias mais elevadas que esta modalidade parece ter um maior grupo de seguidores. São inúmeros os benefícios descritos desta modalidade em idosos, e.g., a redução da frequência cardíaca, o aumento do VO2 máximo, o aumento

da massa muscular, aumento da amplitude articular, e, a nível geral, proporciona um bem-estar físico e psíquico (Bonachela, 1994).

O bem-estar psíquico é muito importante nestas idades. O bem-estar corporal, o sentir-se bem consigo próprio e a forma como as alterações corporais são vividas pelo idoso é fundamental para que ele tenha um envelhecimento saudável, com uns bons níveis de auto-estima. É em idades mais avançadas que são notórias mais alterações morfológicas, sendo importante para a nossa investigação, perceber até que ponto o nível de actividade física altera o modo como a idosa se observa e está satisfeita com o seu corpo. A imagem corporal pode ser definida como “o  modo  pelo  

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3

qual o corpo apresenta-se para nós, ou seja, a representação mental que possuímos do   nosso   corpo” (Matsuo, Velardi, Brandão, e Miranda, 2007, pp 38). A imagem corporal pode sofrer distorções em faixas etárias mais elevadas pois, normalmente, os idosos associam a velhice à ideia de deterioração física e mental (Neri, 2001; Simões, 1998).

Neste contexto, pretendemos com o presente estudo, analisar a influência da prática de actividade física, regular e orientada (hidroginástica), na melhoria da qualidade de vida, na identificação da sua imagem corporal e na satisfação que têm com o seu corpo, em idosas, residentes no concelho de Paredes, comparativamente com um grupo sem prática regular de actividade física. A opção por esta investigação prendeu-se pelo facto de acharmos pertinente o seu estudo, depois de termos observado a escassez de investigações que relacionem as três variáveis que irão ser abordadas - qualidade de vida, satisfação corporal e imagem corporal, com a amostra (idosos). É de extrema importância e interesse para a comunidade científica o desenvolvimento desta temática, auxiliando na formação de uma base experimental e teórica consistente.

Este trabalho está organizado em dez capítulos: (1) Introdução; (2) Revisão da Literatura; (3) Definição de Problema e Objectivos; (4) Metodologia (5) Apresentação dos Resultados; (6) Discussão dos Resultados; (7) Conclusões; (8) Propostas Futuras; (9) Bibliografia; (10) Anexos.

Na Introdução do trabalho enquadramos o estudo, apresentamos a sua pertinência, objectivos e estrutura do trabalho.

A Revisão da Literatura encontra-se organizada em quatro partes fundamentais.

Na primeira parte apresentamos a definição de hidroginástica e o benefícios desta para a população.

Na segunda parte, apresentamos a definição dos constructos fundamentais relativos à imagem corporal e à sua satisfação/insatisfação. Relacionamos ainda a actividade física com este conceito e, por fim, as diferentes formas da sua avaliação.

Na terceira parte definimos o constructo qualidade de vida, relacionámo-lo com o idoso e fazemos ainda referência aos métodos de avaliação.

Na quarta e última parte da revisão, é apresentada a conceptualização de envelhecimento.

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4

No 3º capítulo deste trabalho, definição de problema e objectivos, é exposto o problema central do estudo, o objectivo geral da investigação, os objectivos específicos e as hipóteses.

O capítulo referente à metodologia da investigação encontra-se organizado em seis partes fundamentais: a primeira com a definição da amostra; uma segunda parte com a definição das variáveis; a terceira com os instrumentos; uma quarta parte com os procedimentos, tanto amostrais como estatísticos e, a quinta e última parte deste capítulo, com as limitações do estudo.

No capítulo da apresentação dos resultados organizamo-lo em duas partes distintas: apresentação da análise descritiva e da análise inferencial dos resultados.

O sexto capítulo, discussão dos resultados, encontra-se dividido em duas partes fundamentais: discussão da análise descritiva dos resultados e discussão da análise inferencial dos resultados.

No capítulo das conclusões, como o próprio nome indica, são expostas as conclusões mais relevantes relativamente aos resultados obtidos.

No capítulo de propostas futuras, referenciámos algumas sugestões que consideramos pertinentes para a realização de futuros trabalhos dentro deste âmbito de estudo.

Terminamos o estudo com o capítulo referências bibliográficas, onde indicamos toda a bibliografia utilizada na realização deste estudo e com os anexos, contendo os instrumentos necessários à execução do estudo.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 HIDROGINÁSTICA

2.1.1 CONCEPTUALIZAÇÃO DE HIDROGINÁSTICA

A hidroginástica faz parte do conjunto de modalidades que englobam o fitness, tendo esta actividade física conquistado adeptos por todo o mundo, tornando-se popular nas últimas décadas (Barbosa, Sousa, Silva, Reis, Marinho, & José, 2010). Para Costa, Afonso, Bragada, Reis e Barbosa (2008) a hidroginástica é uma actividade bem aceite pela população, tendo em conta o número de adeptos que lhe aderem anualmente. Teve origem na Grécia Antiga, caracterizando-se inicialmente por movimentos na água com fins medicinais (Rocha, 2001).

Não existe uma definição base de hidroginástica, existindo uma diversidade de conceitos que a caracterizam. Segundo Teixeira (2010), a Hidroginástica é uma actividade física especialmente orientada para a saúde, que consiste em sessões que incluem exercícios executados no meio aquático, com ou sem material auxiliar.

Adami (2003) define-a como sendo uma forma de exercício agradável, fazendo o uso criativo da resistência natural e impulsão da água para promover o treino de baixo impacto, sendo simultaneamente divertido e eficaz.

A hidroginástica é uma forma alternativa de condicionamento físico, constituída por exercícios aquáticos específicos (Oliveira, 2005), baseados no aproveitamento da resistência da água como sobrecarga (Bonachela, 2001).

2.1.2 BENEFÍCIOS DA HIDROGINÁSTICA

Krasevec e Grimes (2002) referem que a hidroginástica melhora todas as capacidades motoras, trazendo grandes benefícios para a saúde e para o bem-estar do indivíduo.

Para Bochanela (1994) os benefícios gerais da hidroginástica são: 1) Melhora o sistema cardio-respiratório; 2) Melhora a condição física; 3) Desenvolve os músculos e a resistência muscular; 4) Aumenta a amplitude das articulações; 5) Activa a circulação; 6) Melhora a postura; 7) As articulações sofrem um mínimo impacto; 8)

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Alivia as dores na coluna vertebral; 9) Alivia as tensões e o stress do dia-a-dia; 10) Tem um efeito relaxante; 11) Melhora os aspectos físicos e psicológicos; 12) Proporciona um bem-estar físico e mental.

Adami (2003) enumera os seguintes benefícios da hidroginástica: 1) Proporciona exercícios de baixo impacto e que não pressionam nem as articulações que suportam o peso do corpo nem as costas; 2) A resistência da água assegura que o praticante não trabalhe para além das suas capacidades; 3) A frequência cardíaca em exercícios na água é mais baixa do que quando se treina com uma intensidade similar fora desta; 4) Aumenta, ou pelo menos mantem, a densidade óssea. 5) Trabalha músculos que raramente são usados fora da água e que, consequentemente, são flácidos; 6) Força o praticante a manter estabilidade abdominal durante todos os movimentos na água; 7) A pressão hidrostática (a pressão da água sobre o corpo) melhora a circulação sanguínea e ajuda a diminuir a retenção de líquidos; 8) Não há dores musculares no dia seguinte aos exercícios e o praticante dormirá muito bem nessa noite; 9) Apesar de transpirar durante os exercícios, nunca nos sentimos suados; 10) O exercício na água é saudável e está na moda; 11) O praticante está escondido pela água, o que pode atrair aqueles a quem falta autoconfiança; 12) Não precisa de saber nadar; 13) Não tem de molhar o cabelo.

Para Barbosa (2000) os benefícios da hidroginástica são: diminuição do efeito da gravidade (devido à presença da força de impulsão hidrostática); fortalecimento muscular com maior rapidez (a densidade da água é maior que a do ar e, portanto, a resistência ao deslocamento é superior); aumento do consumo energético (em tempo inferior aos exercícios realizados em meio terrestre); ausência de desconforto ao exercitar (e.g. suor); meio facilitador da prática de actividade física e do estabelecimento de relações interpessoais em indivíduos com um baixo nível de auto-estima (contrariamente aos exercícios em meio terrestre, nos exercícios aquáticos o corpo não está exposto a terceiros, facilitando o à vontade a indivíduos insatisfeitos com o seu corpo).

No que diz respeito especificamente à hidroginástica na 3ª Idade, Bonachela (1994) refere como principais benefícios: a redução da frequência cardíaca (o coração consegue bombear o sangue tendo um menor esforço e com menor número de batimentos); O aumento do VO2 máximo, fazendo com que os pulmões consigam

absorver maior quantidade de oxigénio; Torna os músculos mais fortes e resistentes (o exercício físico aumenta a massa muscular, proporcionando maior elasticidade dos

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músculos; Aumento da amplitude articular (melhorar a movimentação das articulações facilitando as tarefas diárias); Diminui e elimina as tensões mentais (proporciona um bem estar físico e psíquico).

Para que estes benefícios psicofisiológicos sejam notórios e para que consigamos ter resultados satisfatórios na condição física e na saúde junto dos praticantes de hidroginástica, é necessário um conjunto de factores que, segundo Bonachela (1994), são: a intensidade do esforço aplicada nos estímulos; número de repetições e de séries; o tempo parcial do esforço; o ritmo do exercício (lento, moderado ou rápido); período de descanso (recuperação/ relaxamento muscular); controlo da respiração em exercício e durante a recuperação; motivação e o interesse do praticante face ao exercício.

Junior, Schuster, e Polese (2009) num estudo que visa comparar os níveis de força muscular e qualidade de vida em idosas praticantes e não praticantes de hidroginástica, concluíram que, para ambas as variáveis, as praticantes tinham resultados mais satisfatórios.

Analisando o nível de auto-percepção de idosas praticantes de programas de hidroginástica e não praticantes, Assis e Rabelo (2006), no seu estudo, concluíram que a prática regular de hidroginástica colabora para a melhoria e manutenção da aptidão física, bem como da capacidade funcional das tarefas diárias que as idosas se sujeitam. Também Alves, Mota, Costa, e Alves (2004) num estudo com 74 idosas, 37 delas sujeitas a um programa hidroginástica de 2 vezes por semana durante 12 semanas, revelaram diferenças significativas no pós-teste ao nível da aptidão física relacionada à saúde. Foi utilizada uma bateria de testes, avaliando a força, resistência aeróbica, flexibilidade, velocidade, agilidade e equilibrio dinâmico.

Numa investigação longitudinal, 50 idosas foram sujeitas a um programa de 8 meses de hidroginástica com o objectivo de verificar diferenças ao nível de alguns indicadores antropométricos. A prática de hidroginástica influenciou positivamente, reduzindo a massa corporal e os perímetros da cintura, glúteo, coxa e gémeo (Gubiani, Neto, Petroski, & Lopes, 2001).

É notório a proeminência de estudos relativos à hidroginástica, relacionando-a com diferentes indicadores, quer a nível físico, psicológico e funcional. Essas pesquisas são essencialmente concretizadas com indivíduos em idade avançada,

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observando-se a escassez de estudos que relacionam populações mais jovens e a prática desta modalidade.

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2.2 IMAGEM CORPORAL

2.2.1 CONCEPTUALIZAÇÃO DE IMAGEM CORPORAL

Foram inúmeras as vezes que se tentou chegar a um consenso relativamente à definição de imagem corporal, contudo e devido à vastidão de prismas em que pode ser analisada, considera-se que ainda não existe uma definição clara e objectiva deste termo.

Muitas teorias surgiram, pelo que Maximiano, Miranda, Tomé, Luís e Maia (2005) descrevem a imagem corporal com um conceito multidimensional, formado por um conjunto de ideias de diversas investigações.

Foi a partir da década de 70 que começou a surgir o interesse da psicologia em estudar a imagem corporal (Grogan, 2008). Essas investigações foram tendo cada vez mais importância em diferentes domínios da ciência (e.g. genética, sociologia, filosofia) (Cash & Pruzinsky, 2002). Anteriormente, no início do século XX, começou a falar-se de imagem corporal quando neurologistas começaram a estudar os efeitos das lesões cerebrais em fenómenos psicológicos, neste caso, concretamente, na consciência espacial de determinadas partes do corpo (Fisher, 1990).

Russo (2005, pp.80) define imagem corporal como  sendo  a  “maneira  pela  qual   o  corpo  se  apresenta  para  si  próprio”.

Seguindo a mesma conceptualização, Matsuo, Velardi, Brandão, e Miranda, (2007, pp 38) referem-se a imagem corporal como “o modo pelo qual o corpo apresenta-se para nós, ou seja, a representação mental que possuímos do nosso corpo”.

A percepção da imagem corporal é a forma como as pessoas vêem e percebem o seu próprio corpo, sofrendo influência de inúmeros factores de origens físicas, psicológicas e culturais (Thompson J. K., 2004).

Schilder (1999), define imagem corporal como a imagem subjectiva do próprio corpo formada na nossa mente; esta imagem não é apenas perceptiva, mas também construída de forma dinâmica, a partir de interacções sociais e segundo os padrões de cultura do indivíduo. Para o autor, esta imagem é elaborada através das sensações tácteis, térmicas, da sensação de dor, do olfacto, da visão. Apesar de nos ter chegado através dos sentidos, ela é também um conjunto de figurações e representações mentais.

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A imagem corporal é um conjunto de dados proprioceptivos, que resulta da noção do corpo como um todo e das suas respectivas partes, através da forma como é sentido (Ajuriaguerra, 1970).

Segundo a nossa perspectiva, e após uma análise bibliográfica extensa, verificamos que a definição de Cash (2002) reúne um maior consenso na comunidade científica. Trata-se de uma conceptualização mais abrangente, que define a multidimensionalidade deste conceito. A imagem corporal tem de possuir uma visão que englobe a componente cognitiva, afectiva e comportamental do conceito (Nazaré, Moreira, & Canavarro, 2010). A imagem corporal é um termo multidimensional estando ligado às vivências do indivíduo, relacionadas com o seu próprio corpo, mais especificamente com a aparência física (Cash, 2002).

A consciência que temos do nosso corpo não esta definida no nascimento, sendo um processo contínuo que se vai desenvolvendo gradualmente através das funções motoras de cada parte do corpo. Começamos a ter consciência corporal quando interagimos com o meio e o relacionamos com as nossas próprias sensações corporais e com os constituintes do nosso corpo (Cash & Pruzinsky, 2002). Ao longo dos anos, o indivíduo tem a possibilidade de criar, destruir e reorganizar a sua própria imagem corporal, tendo como ponto de partida a imitação e a observação de pessoas (Penna, 1990).

Segundo Schilder (1999), a imagem corporal é formada através de três estruturas em constante ligação: fisiológica, libidinal e sociológica.

A estrutura fisiológica é responsável pelas organizações anatomofisiológicas que englobam a estrutura óssea, o sistema muscular, nervoso e hormonal e que se relacionam com cada indivíduo. Também fazem parte desta estrutura as heranças genéticas e as modificações das funções somáticas ocorrentes em fases anteriores da vida do indivíduo.

A estrutura libidinal diz respeito ao conjunto de experiências do foro emocional, que vivenciamos nos nossos relacionamentos desde o momento de gestação. O conceito de libido, neste caso, está ligado de forma indirecta com o grau de satisfação que possuímos relativamente a nós próprios. A estrutura libidinal como refere Penna (1990), considera o corpo tal como ele é experienciado pelas pessoas, destacando os seus aspectos afectivos, emocionais, cognitivos e eróticos.

A estrutura sociológica é formada através da aprendizagem dos valores culturais e sociais. Esta estrutura tem como base todos os processos culturais que

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levam à sociedade a valorizarem determinadas áreas corporais, a seguirem certos padrões de beleza (Matsuo, Velardi, Brandão, & Miranda, 2007; Schilder, 1999).

Seguindo a óptica de Schilder, a estruturação da imagem corporal do indivíduo é amplamente influenciável pela idade, sexo, pelos meios de comunicação, pela relação com a sociedade, pelos valores e atitudes do sujeito. Esta perspectiva, modificou a forma como era abordada a imagem tradicional, considerando o papel do meio ambiente como fundamental para a constante construção dos modelos posturais (Penna, 1990).

A imagem corporal pode sofrer distorções quando o indivíduo atinge a faixa etária mais velha porque, normalmente, associam a velhice à ideia de deterioração física e mental (Neri, 2001; Simões, 1998). Essa distorção não acontece apenas porque o indivíduo envelhece, pois a imagem corporal não sofre alteração devido à idade, mas a alterações patológicas, limitações de movimento e, fundamentalmente, aos estereótipos criados relativamente à velhice (Matsuo, Velardi, Brandão, & Miranda, 2007).

2.2.2 SATISFAÇÃO/INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL

Contrariamente aos primórdios da humanidade, actualmente, o ideal físico, o corpo saudável e a beleza corporal estão associados a corpos esguios (Ferreira & Magalhães, 2005). São essencialmente as mulheres que procuram este estereótipo do corpo magro e alto porque, contrariamente, os homens demonstram desejo em ter um corpo largo e musculado (Caterrin, Williams, Thomas, & Thompson, 2000; Parham, 1999; Voracek & Fisher, 2002). Associado a este facto, tem-se concluído, em diversos estudos (e.g. Brown, 2003; Markey & Markey, 2005; Vidal, 2006) que os indivíduos com IMC mais elevado têm mais sentimentos de insatisfação, comparativamente com pessoas com menor índice.

Para Pereira et al (2009), a insatisfação com a imagem corporal pode influenciar negativamente a vida das pessoas, alterando o seu desempenho profissional e o relacionamento interpessoal.

Na literatura que engloba estudos com o objectivo de relacionar a satisfação corporal com os diferentes géneros, é notório a proeminência das investigações relacionadas com as mulheres (MC Cabe & Ricciardelli, 2003).

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Pietro e Silveira (2008), numa investigação sobre as alterações da imagem corporal, verificaram que as mulheres têm maior insatisfação relativamente à sua aparência comparativamente aos homens. Noutros estudos (Cash & Brown, 1989; Cash & Pruzinsky, 1990; McCabe & Ricciardelli, 2001), onde realizaram a

comparação entre géneros, verificaram igualmente que o sexo feminino tem a imagem corporal mais negativa e distorcida da realidade que o sexo masculino. Esta realidade pode estar relacionada com o facto de actualmente as mulheres sofrerem uma grande pressão da sociedade, no que diz respeito ao ideal físico e aos padrões de atracção. É em função desses estereótipos criados pela sociedade que somos estimulados a ter um corpo ideal.

A influência sociocultural na definição do ideal físico é formada, tal como o nome indica, pelas normas estipuladas pela sociedade e cultura em que o individuo está inserido, mas também pela família e pelas experiências individuais. A forma como nos olham e expressam interesse em nós seja de forma verbal ou não verbal, tem muita influência na elaboração da nossa imagem corporal, e consequentemente na satisfação que temos dela (Henriques, 2009).

Actualmente, com o interesse constante que a população tem nos mídia, eles exercem uma influência enorme na forma como vemos o nosso corpo e nos sentimos confortáveis com ele. O ideal de magreza tantas vezes demonstrado nos meios de comunicação, contribui significativamente para os altos níveis de insatisfação corporal (Harrison & Cantor, 1997; Stice, Schupak-Neuberg, Shaw, & Stein, 1994; Thompson J., 1996)

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As imagens que observamos todos os dias na comunicação social podem levar a comportamentos inadequados, originando desordens alimentares (Thompson J. , 1996).

A satisfação que o indivíduo tem relativamente à sua imagem corporal, pode variar em função da sua idade ou estádio de maturação (Fallon, 1990).

Diversos estudos (Cusumano & Thompson, 2001; Hetherington, 1994; Loland, 2000), demonstram que os indivíduos mais velhos são menos exigentes com o seu aspecto, por talvez nestas idades, sofrerem menos influências de factores externos ou valorizarem mais os factores biológicos e as patologias associadas à idade. Também Tiggemann (2004) conclui que a insatisfação com o corpo, em pessoas idosas, está mais relacionada com a diminuição das funções corporais e não tanto pela forma ou peso do corpo.

Barbosa (2001), afirma que as mulheres mais velhas têm os seus ideais de beleza mais reais, apropriados à idade, comparativamente as mulheres mais jovens.

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2.2.3 ACTIVIDADE FÍSICA E IMAGEM CORPORAL

Muitas vezes utiliza-se o conceito de actividade física sem inicialmente defini-lo, confundindo-o, por vezes, com aptidão física e exercício físico. Vemo-nos assim com necessidade de esclarecer o conceito de actividade física, na sua globalidade, antes de relacioná-lo com os diferentes indicadores da nossa pesquisa. Actividade física é definida como sendo qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que resultam no aumento substancial do dispêndio energético, incluindo nestas, as actividades de lazer, exercícios, actividades desportivas, trabalho profissional e outras que provoquem dispêndio energético (Bouchard, Shephard, & Stephens, 1994).

A actividade física, sendo praticada regularmente, é uma excelente forma de melhorarmos a nossa imagem corporal (Vaz Serra, 1987).

Para Correia (2003), a prática de actividade física, aumenta de forma geral o interesse e o nível de satisfação com o corpo, contribuindo também, para uma avaliação mais positiva do mesmo e para uma avaliação mais precisa da imagem corporal. No estudo de Loland (2000), com amostra de ambos os sexos, os indivíduos mais fisicamente activos são menos insatisfeitos com a sua imagem corporal do que indivíduos menos activos ou sedentários.

Segundo Abrantes (1998), as mulheres que praticam actividade física, podem sentir-se insatisfeitas com o seu corpo, apesar de apresentarem valores mais positivos relativamente à sua condição física, devido às pressões culturais que elas são constantemente sujeitas acerca do ideal de beleza. No seu estudo, que englobou 256 participantes, de ambos os sexos, entre os 45 e os 65 anos, 110 eram praticantes de actividade física e os restantes não praticantes. A autora concluiu que a actividade física está associada à satisfação com a imagem corporal, apresentando as mulheres praticantes, níveis mais elevados de satisfação com a imagem corporal, comparativamente às mulheres não praticantes.

O estudo de Tucker e Maxwell (1991) visou determinar se existiam modificações na imagem corporal das mulheres sujeitas a treino de força. Foram participantes do estudo, 92 mulheres praticantes de treino de força e 60 que não praticavam qualquer tipo de actividade física. Os resultados obtidos determinaram que, o grupo controlo (sedentários), comparativamente ao grupo experimental (praticantes

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de treino de força), apresentavam maior nível de insatisfação corporal e de bem-estar físico.

Estudos englobando populações mais jovens, como adolescentes e adultos jovens, também confirmaram a tendência descrita nos estudos expostos anteriormente, existindo uma associação positiva entre a satisfação corporal e a prática de actividade física (e.g. Vasconcelos, 1995; Oliveira, 1996). Neumark-Sztainer, Goeden, Story, e Wall, (2004) num estudo com 4746 participantes que teve como objectivo relacionar os níveis de prática de actividade física com a satisfação corporal em adolescentes de ambos os sexos, concluíram que, os jovens activos tinham índices mais elevados de satisfação corporal.

Na investigação realizada com idosos, praticantes e não praticantes de actividade física, onde participaram 113 idosos institucionalizados, Festas (2002), pretendeu analisar a percepção e satisfação com a imagem corporal com a prática de actividade física. Os resultados obtidos demonstraram que os níveis de percepção e satisfação com a imagem corporal não apresentam diferenças estatisticamente significativas, contrariando os estudos anteriormente expostos.

2.2.4 AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO E SATISFAÇÃO DA IMAGEM

CORPORAL

Os instrumentos que permitem avaliar a imagem corporal são divididos em categorias tendo em conta os aspectos que podem ser primeiramente alterados na imagem corporal: percepção do corpo e atitudes em relação ao corpo, como comportamentos, satisfação ou crenças (Campana & Tavares, 2009). Estas duas categorias correspondem a duas dimensões: dimensão atitudinal e a perceptiva. Relativamente à dimensão atitudinal, esta visa investigar os comportamentos, as emoções e as cognições do sujeito a respeito do seu corpo e da sua aparência. Fazem parte dos instrumentos desenvolvidos para avaliar a dimensão atitudinal, os questionários, as entrevistas e as escalas. A dimensão perceptiva da imagem corporal pode ser avaliada por mecanismos que permitem a distorção do tamanho corporal, através de manipulação de luzes e compassos, ou pelo registo em molduras ou folhas de papel, permitindo estudar a forma como o indivíduo estima o tamanho e a forma do seu corpo (Tavares, Campana, Filho, & Campana, 2010).

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Thompson (1996), no seu livro, apresenta uma tabela com diferentes técnicas de avaliação da imagem corporal, indicando o autor, a descrição metodológica, a fidedignidade do teste e a amostra a que foi aplicado. Destaca instrumentos como as técnicas de distorção de imagem por câmara, tv-vídeo, espelhos e escalas de silhuetas. As técnicas gráficas apesar de terem vantagens a nível de precisão dos resultados, são de custo elevado, de dificuldade de manuseamento e de transporte.

Morgado, Ferreira, Andrade, e Segheto (2009), num estudo que visa reunir os protocolos de avaliação da imagem corporal, arrecadaram 130 instrumentos na língua inglesa e portuguesa, usados em estudos científicos entre 1992 e 2007. Estes autores agruparam os instrumentos reunidos em grandes grupos tendo em conta características comuns aos instrumentos. Assim, surgiram como metodologias de investigação usadas: os questionários, as entrevistas, os desenhos (estudos que adoptaram grafismo projectado pelo participante da pesquisa para dimensionar a auto-imagem corporal), as variáveis antropométricas (foram analisadas algumas variáveis e.g.: estatura e peso; estas mensurações surgem normalmente acompanhadas de um protocolo principal de estudo), as escalas (não tendo forma de questionário) e também as silhuetas humanas.

Exemplos de instrumentos de avaliação da imagem corporal:

Body Image Satisfaction Questionnaire (BISQ) - Este instrumento tem como objectivo

avaliar a satisfação do indivíduo com a imagem do seu corpo. Foi desenvolvido por Lutter em 1986 (Lutter, et al., 1990) e é constituído por 22 questões. Cada item corresponde a uma parte do corpo a analisar, tendo o questionado cinco possibilidades de resposta: 1 - Não gosto nada e gostaria de ser diferente, 2 - Não gosto nada mas tolero, 3 - É me indiferente, 4 - Estou satisfeito, 5 - Considero-me favorecido.

As pontuações obtidas no questionário quanto mais elevadas forem, mais positiva é a satisfação do indivíduo relativamente ao seu corpo.

Em Portugal, o instrumento foi utilizado por diversos pesquisadores em alguns dos seus trabalhos, e.g.: Vasconcelos (1995), Abrantes (1998), Araújo (2001), Oliveira (2007).

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Body Shape Questionnaire (BSQ) -. Este questionário de imagem corporal proposto

por Cooper, Taylor, Cooper e Fairburn (1987), tem como objectivo avaliar as preocupações do avaliado relativamente à forma do seu corpo e à sua depreciação física. É uma escala que avalia a insatisfação com o corpo causada por sentimentos de ser-se gordo (Pook, Tuschen-Caffier, & Brahler, 2008). É constituído por um conjunto de trinta e quatro questões com possibilidade de resposta numa escala tipo Likert de seis respostas: 1 – Nunca, 2 – Raramente, 3 – Às vezes, 4 – Frequentemente, 5 – Muito Frequentemente, 6 – Sempre. A pontuação total do questionário pode variar de 34 a 204 pontos.

O BSQ é uma ferramenta muito importante para avaliar possíveis distúrbios alimentares. Valores mais elevados neste questionário, estão associados a pessoas com probabilidade de sofrerem perturbações alimentares, como anorexia nervosa e bulimia (Cooper, Taylor, Cooper, & Fairburn).

Escala de Silhuetas de Stunkard, Sorensen e Schulsinger - A escala proposta por

Stunkard,SorenseneSchulsinger (1983) é formada por um conjunto de nove imagens de silhuetas, representativas de cada género humano (feminino e masculino). As imagens são numeradas de um a nove correspondendo a número 1 à mais magra (estado de magreza extremo), aumentando, progressivamente, até ao número 9 que corresponde à mais gorda (estado de obesidade mórbida).

Através deste questionário é possível avaliar três indicadores: a percepção do individuo em relação à sua imagem corporal (auto-percepção física), a imagem que na sua opinião é a ideal e o grau de satisfação/insatisfação relativamente ao seu corpo (Bulik, et al., 2001).

Neste instrumento, o avaliado é convidado a indicar o número da figura com que mais se identifica e o número da figura que considera a imagem de um ideal corpóreo. Através destes valores, é calculada a diferença entre a imagem percepcionada e a imagem pretendida, determinando o grau de satisfação do sujeito. Quando este valor é igual a zero, considera-se que o sujeito encontra-se satisfeito com a sua imagem. Quando a diferença é igual ou superior a um, o indivíduo está insatisfeito com a sua imagem por excesso de peso, inversamente, quando este valor é negativo, o sujeito encontra-se insatisfeito por excesso de magreza.

A escala de silhuetas apresenta vantagens a nível da sua aplicação, custo, manipulação e transporte. Comparando com instrumentos como as técnicas de

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distorção de imagens e espelhos, apresenta coeficientes de confiabilidade semelhantes (Thompson, 1996).

Contrariamente as criticas que são apontadas, Bulik,etal.(2001) referem que a simplicidade deste instrumento torna-o atractivo para os investigadores. Os mesmos autores fazem ainda referência à consistência elevada que este instrumento detém.

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2.3 QUALIDADE DE VIDA

2.3.1 CONCEPTUALIZAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA

Preocupação de estudo de inúmeros especialistas, o conceito de qualidade de vida e a sua definição gera muitas perspectivas diferentes, existindo dificuldades em o definir.

A qualidade de vida de um indivíduo é determinada pelas suas atitudes e comportamentos, sejam físicos, psicológicos e/ou sociais (Vasconcelos, Castilho, Vieira, Gomes, Custódio, & Junior, 2009). É preocupação do ser humano, desde os seus primórdios, a busca incessante por uma vida saudável, associada a melhores condições de vida que passam pela saúde, moradia, educação, lazer, transporte, liberdade, trabalho, auto-estima (Santos, Santos, Fernandes, & Henriques, 2002).

Segundo Fernández-Ballesteros (2009), qualidade de vida é um conceito extremamente complexo, abstracto e disperso mas com um alto impacto nos estudos científicos. É um conceito bastante ambíguo e inconstante, pois o que para hoje é qualidade de vida pode não ter sido ontem nem o será amanhã.

É um conceito-chave em termos ambientais, sociais, nas ciências médicas e sociais e grande preocupação das políticas públicas (Fernández-Ballesteros, 2009). Felk (2000), assume que a preocupação com o conceito de qualidade de vida surge na sequência de um movimento dentro das ciências humanas e biológicas no sentido de valorizar indicadores mais amplos que o controlo dos sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da esperança de vida.

Para Santos, Santos, Fernandes e Henriques (2002), este conceito varia em função da percepção que cada individuo tem da sua qualidade de vida, daí a subjectividade que envolve a concepção da qualidade de vida. Pessoas com características individuais e condições de vida similares podem diferir na percepção que têm do seu bem-estar. Este facto demonstra a existência de um filtro pessoal na interpretação dos indicadores de qualidade de vida individual (Nahas, 2010). Além deste facto, o mesmo autor salienta que o conceito de qualidade de vida é mutável tendo tendência a alterar-se ao longo da vida do indivíduo.

Qualidade de vida é um termo relativamente recente e usado inicialmente associado às circunstâncias da vida do idoso (Lassey & Lassey, 2001). A expressão qualidade de vida foi usada pela primeira vez pelo presidente dos Estados Unidos,

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Lyndon Johnson, em 1964, numa versão economicista desta expressão. Johnson declarou que “os objectivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos.

Eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas” (Felk, 2000). Deste então, a conceptualização deste termo foi ganhando

cada vez mais força, surgindo na literatura inúmeros conceitos. (Santos, Santos, Fernandes, & Henriques, 2002)

Segundo a OMS, a qualidade de vida é delimitada como “a   percepção  

individual da sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais se insere e em relação aos seus objectivos, expectativas, padrões e preocupações” (Whoqol Group, 1998). A qualidade de vida reflecte-se na percepção

que os indivíduos têm de que as suas necessidades estão a ser satisfeitas ou, ainda, que lhe estão a ser negadas oportunidades de alcançar a felicidade e a auto-realização, independentemente do seu estado de saúde físico ou das condições sociais e económicas (OMS, 1998).

A qualidade de vida foi definida por Miettinen (1987), como uma sensação de conforto, bem-estar ou felicidade no desempenho de funções físicas, intelectuais e psíquicas dentro da realidade da sua família, do seu trabalho e dos valores da comunidade à qual pertence.

Para Nahas (2010), qualidade de vida é a percepção do bem-estar resultante de um conjunto de factores individuais e sócio-ambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano.

Segundo Herculano, Porto, e Freitas, (2000) qualidade de vida é a soma das condições económicas, ambientais, científico-culturais e políticas colectivamente construídas e colocadas à disposição dos indivíduos para que estes possam realizar as suas potencialidades. Para estes autores (pp.32), estas potencialidades incluem

a acessibilidade à produção e ao consumo, aos meios para produzir cultura, ciência e arte, bem como pressupõe a existência de mecanismos de comunicação, de informação, de participação e de influência nos destinos colectivos, através da gestão territorial que assegure água e ar limpos, higidez ambiental, equipamentos colectivos urbanos, alimentos saudáveis e a disponibilidade de espaços naturais amenos urbanos, bem como da preservação de ecossistemas naturais.

Nobre (1995), reune um conjunto de condições necessárias para que um indivíduo possa afirmar que possuí qualidade de vida. Para este autor, qualidade de

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vida: é ter qualidade total no trabalho, é o tempo que se está no trânsito entre o trabalho e casa; é a qualidade dos serviços de saúde disponíveis; é a presença de espaços verdes nas cidades; é a segurança que temos no dia-a-dia; é a ausência de efeitos do uso de medicamentos para doenças crónicas; é a realização profissional e financeira; é poder usufruir de momentos de lazer; é conseguir acesso à cultura e educação; é ter conforto e saúde. Ou seja, é um conjunto de condições que o indivíduo considere fundamentais para viver bem.

Uma boa qualidade de vida é aquela que oferece um conjunto de condições mínimas para que os indivíduos possam desenvolver o máximo das suas potencialidades, vivendo, sentindo, trabalhando, produzindo bens ou serviços; fazendo ciência ou arte; vivendo ou, simplesmente existindo (Santos, Santos, Fernandes, & Henriques, 2002).

Analisando os diferentes conceitos, apercebemo-nos que, para além da subjectividade, existe ainda uma outra característica fundamental da definição do conceito de qualidade de vida: a multidimensionalidade. A qualidade de vida pode estar relacionada com a um conjunto de componentes/dimensões de um determinado indivíduo ou grupo de indivíduos (Fernández-Ballesteros & Ivars, 2011). Para Fernández-Ballesteros (2009), tal como a vida, a qualidade de vida é por natureza uma construção multidimensional que não pode ser reduzia a nenhuma das suas componentes (e.g.: saúde, bem-estar, condições económicas).

Minayo, Hartz, e Buss (2000), referem que em estudos que explicitam o significado de qualidade de vida, relacionam este conceito essencialmente à saúde, limitando todas as componentes que fazem parte da qualidade de vida, enfraquecendo o seu conceito.

As diversas formulações de conceitos de qualidade de vida reflectem as diferentes perspectivas e as orientações profissionais dos autores que as criam (Arnold, 1991). É um conceito mutável que apresenta distintas visões do homem, da sociedade e do mundo e que estará sempre em constante mudança, de acordo com as necessidades que o ser humano encontra para se sentir bem.

Aquando da formulação do instrumento de avaliação WHOQOL-100, o grupo whoqol define a qualidade de vida em cinco dimensões: física, psicológica, nível de independência, relações sociais e meio ambiente (Whoqol Group, 1993). Já para Fernández-Ballesteros (2009), a multidimensionalidade da qualidade de vida baseia-se em factores pessoais interligados com factores sócio-ambientais. Como factores pessoais enúmera: saúde, capacidades funcionais, satisfação com a vida, interacções

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sociais e actividades de lazer. São factores sócio-ambientais: os serviços sociais e de saúde, as condições financeiras, o suporte social, os factores culturais e a qualidade ambiental.

2.3.2 QUALIDADE DE VIDA NO IDOSO

A busca constante pela vivência da velhice de forma feliz, saudável, indolor e com um cunho de rejuvenescimento, são desejos de todo o Homem. Estas características estão associadas a uma boa qualidade de vida. Hoje, em detrimento do que temos vindo a observar, é preocupação e ambição de áreas distintas de estudo, de organizações governamentais e não-governamentais, o aumento da expectativa de vida e não somente o aumento a esperança de vida. Ao aumentarmos a expectativa de vida ao indivíduo, estamos aumentar a qualidade de vida dele. Uma boa qualidade de vida em idades mais avançadas depende de inúmeros factores, como: relações interpessoais, estilo de vida activo, longevidade, saúde física e mental, eficiência cognitiva, produtividade, independência e autonomia, nível económico, relações familiares (Birren & Scrnoots, 1995; Neri, 2000).

Para Lassey e Lassey (2001), muitas mudanças inerentes à idade não são necessariamente incapacitantes, não interferindo directamente com a qualidade de vida do idoso. Quando se assiste à perda de capacidade e inerentemente perda de qualidade de vida por diversos motivos, exemplo, doença, não nos devemos focar essencialmente nas degenerações que advém desse problema, mas em todos os factores que estão intrínsecos à qualidade de vida: factores físicos, psicológicos, sociais, económicos e espirituais (Williams, 1996). É, então, fundamental que nunca nos separemos da multidimensionalidade da qualidade de vida.

Num estudo de Fry (2001), o autor inquiriu um grupo de idosos sobre quais as atitudes que eles consideram fundamentais para que seja protegida a sua qualidade de vida da deterioração com o envelhecimento. Eles consideram como essencial, um bom cuidado clínico, a garantia governamental de cuidados a longo prazo, segurança económica e ambiental. No mesmo estudo, o autor questionou quais as principais preocupações dos idosos relativamente à manutenção futura da qualidade de vida. Os principais receios descritos são relativos à violência e ao abuso em idades mais avançadas. Referiram ainda, que, o principal foco de qualidade de vida é a manutenção intelectual e emocional. Ainda mais importante que querer prolongar a

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longevidade, é fundamental para eles que a vida seja sentida de forma autónoma e consciente.

Para ser conservada a tão desejada autonomia, característica fundamental para uma boa qualidade de vida, é essencial para os idosos manterem um estilo de vida activo, com uma prática regular de actividade física. A prática regular de actividade física em idades mais avançadas, traz consigo benefícios a nível da saúde mental, da coordenação motora e da função cognitiva (Zagalaz, 2002). A mesma autora refere ainda que a prática de actividade física melhora a integração do indivíduo no meio social e também tem benefícios no bem-estar psicológico.

Analisando diversos estudos que relacionam a actividade física e o bem-estar psicológico em idosos, Chodzko-Zajko (1998), verificou que na maioria deles, que existe uma associação positiva entre estas duas variáveis.

A capacidade física e a prática de actividade física, descrece rapidamente nos idosos, ficando as actividades diárias, como subir escadas, vestir-se e os própios trabalhos domésticos, condicionadas (Shephard, 1994). A actividade física é das variáveis mais importantes no desenvolvimento humano, tornando-se essencial para uma boa qualidade de vida (Araújo, 2001).

Um bom desempenho motor está associado a uma melhor qualidade de vida, tornando-se essencial sensibilizar os idosos para a importância da actividade física bem orientada (Carvalho, 1999). Apesar da maioria dos idosos terem noção dos benefícios que a actividade física provoca na sua qualidade de vida, acabam por adoptar um estilo de vida sedentário, muito por culpa de factores sociais ou mesmo por estas actividades serem vistas como inadaptadas à sua faixa etária (Correia, 2003).

A actividade seja ela de que cariz for, parece ser a melhor solução para a velhice, existindo a necessidade de dar a oportunidade à população idosa estímulos de natureza física, emocional social e intelectual (Afonso, 1999).

À medida que aumenta a idade cronológica, os indivíduos tornam-se menos activos, as suas capacidades físicas diminuem e, com as alterações psicológicas que acompanham a idade, existe ainda uma maior diminuição da actividade física/desportiva, que, consequentemente, facilita o aparecimento de patologias, contribuindo para deteriorar o processo de envelhecimento (Matsudo, Matsudo, & Neto, 2000).

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Num estudo realizado por McAuley, Blissmer, Marquez, Jerome, Kramer, e Katula (2000), onde existiu a comparação entre a prática desportiva e a relação que esta tem na satisfação com a vida, verificaram que, a frequência de participação em actividades desportivas, relaciona-se positivamente com a satisfação com a vida. Pelo contrário, Gauvin (1989), no seu estudo, desenvolvido também em idosos, revelou que não existem diferenças significativas entre a prática destas actividades e a satisfação com a vida.

2.3.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA

Tal como definir o conceito de qualidade de vida é uma tarefa complexa, avaliá-la tem a mesma característica. Existe uma diversidade de instrumentos de avaliação da qualidade de vida, dependendo do objectivo do estudo e da população a aplicar. O tipo de instrumento mais comum para apurar a qualidade de vida é o uso de questionários. Estes questionários dividem-se em genéricos e específicos (Guyatt, Feeny, & Patryck, 1993).

Os genéricos podem ser aplicados a diferentes populações, tendo características distintas como o caso de doenças ou faixas etárias. Devido à ausência de especificidade deste tipo de instrumentos, foram criados instrumentos específicos tendo em conta as diferentes características da população-alvo dos estudos. Assim, surgiram instrumentos específicos para doenças (ex: asma, doenças coronárias, depressão, HIV) e para populações específicas (ex: idosos, trabalhadores).

Exemplos de instrumentos de avaliação da qualidade de vida – génericos:

WHOQOL-100 – A OMS constituiu um grupo de trabalho de qualidade de vida

(WHOQOL – World Health Organization Quality of Life) devido à ausência de instrumentos que mensurassem a qualidade de vida numa perspectiva transcultural (Felk, 2000). Para que esta aplicabilidade fosse possível, a OMS juntou diversos pesquisadores de culturas diferentes, tendo a função de operacionalizar os domínios da avaliação, selecção das questões e das escalas das respostas (Fleck, et al., 1999).

Deste questionário fazem parte um conjunto de cem questões referentes a seis domínios: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e espiritualidade (Felk, 2000). A pontuação é definida numa escala tipo Likert.

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Este instrumento foi traduzido e validado para a população portuguesa pelo grupo de Relações, Desenvolvimento & Saúde da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra em 2006 (Serra, et al., 2006).

Este instrumento, quando aplicado a grandes amostras, torna-se de difícil execução pela sua extensão, pelo que foi necessária a criação de um instrumento mais compacto – WHOQOL-Bref.

WHOQOL-Bref – Este questionário genérico de qualidade de vida da OMS é

uma versão abreviada do WHOQOL-100.

O WHOQOL-Bref envolve um conjunto de vinte e seis questões. Duas destas questões são perguntas gerais sobre a qualidade de vida, as restantes vinte e quatro, representam as facetas do WHOQOL-100 (Whoqol Group, 1998). Este instrumento difere do WHOQOL-100 na medida que, o questionário com cem questões, avalia cada uma das facetas definidas com quatro questões, enquanto o WHOQOL-Bref avalia as mesmas facetas com apenas uma questão (Fleck, et al., 2000b). As questões foram seleccionadas pelo grupo tendo em conta as perguntas que se aproximavam mais da pontuação total do WHOQOL-100, calculando a média de todas as facetas do questionário (Felk, 2000). Contrariamente ao WHOQOL-100, o questionário abreviado consta de apenas quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente (quadro 1).

Este instrumento foi traduzido e validado para a população portuguesa pelo grupo de Relações, Desenvolvimento & Saúde da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra em 2007 (Canavarro, et al., 2007).

Domínios e facetas do WHOQOL-bref

Quadro 1 – Domínios e facetas do WHOQOL-Bref

Domínio I – Domínio Físico

1. Dor e desconforto 2. Energia e fadiga 3. Sono e repouso

10. Actividades da vida quotidiana

11. Dependência de medicação ou de tratamentos 12. Capacidade de trabalho

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Domínio II – Domínio Psicológico

4. Sentimentos positivos

5. Pensar, aprender, memória e concentração 6. Auto-estima

7. Imagem corporal e aparência 8. Sentimentos negativos

24. Espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais

Domínio III - Relações sociais

13. Relações pessoais 14. Suporte (apoio) social 15. Actividade sexual

Domínio IV - Meio ambiente

16. Segurança física e protecção 17. Ambiente no lar

18. Recursos financeiros

19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade 20. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades 21. Participação em, e oportunidades de recreação/lazer 22. Ambiente físico: (poluição/ruído/trânsito/clima) 23. Transporte

Adaptado de Fleck, et al. (2000)

Short Form – SF-36 – Este questionário surge como parte do Medical

Outcomes Study tendo sido desenvolvido um questionário abreviado pela Rand Corporation constituído por trinta e seis afirmações, designado Short Form (SF)–36 (Candeias I. , 2006). Esta escala foi traduzida em mais de 40 línguas e utilizada em todo o mundo (Severo, Santos, Lopes, & Barros, 2006).

Segundo Ferreira e Santana (2003), este questionário permite mensurar oito das dimensões mais importantes em saúde: função física, desempenho físico, dor física, saúde em geral, saúde mental, desempenho emocional, função social e vitalidade. Surgem assim, oito escalas de medição que podem ser agrupadas em dois conceitos: saúde física e saúde mental. Estas escalas contêm entre 2 a 10 itens e a sua pontuação foi definida segundo a escala de Likert (Ferreira, 1998)

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Em Portugal foi traduzido e validado por Pedro Ferreira (Ferreira, 1998) no Centro de Estudos e Investigação em Saúde, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e surgiu na sequência da falta de um instrumento genérico em português de medição de resultados em saúde.

Este modelo de instrumento é limitativo relativamente ao modelo WHOQOL-100 e WHOQOL-BREF por não avaliar o domínio do ambiente e o domínio da espiritualidade.

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2.4 ENVELHECIMENTO

2.4.1 CONCEPTUALIZAÇÃO DE ENVELHECIMENTO

O fenómeno de envelhecimento é resultante da passagem de um modelo demográfico onde a fecundidade e a mortalidade são elevados para um modelo onde ambos os indicadores são baixos, exisitindo um estreitamento da base da pirâmide das idades, havendo uma redução da população jovem, acompanhado por um acréscimo da população mais idosa (INE, 1999).

Nos últimos anos tem-se assistido a um crescimento da população idosa relativamente à população jovem. Os dados das Nações Unidas mostram-nos que em 2050, a população idosa (indivíduos com mais de 65 anos) será constituída por 15,6% da população total (INE, 2002). Em Portugal este facto não é excepção, notando-se a mesma tendência. Segundo dados do INE, em 2060 teremos três idosos por cada jovem (INE, 2009). Este aumento esperado será contribuído essencialmente pela tendência da evolução da população mais idosa (mais de 80 anos) que poderá aumentar dos 4,2% em 2008, para valores entre os 12,7% e 15,8% em 2060 (INE, 2009). Estes resultados devem-se essencialmente ao aumento da esperança média de vida.

Após a pesquisa bibliográfica realizada, no sentido de encontrar uma definição única e consensual para o termo envelhecimento, ao seu processo bem como aos termos a ele ligados, verificamos que é uma tarefa bastante difícil e até impossível de concretizar. De certa forma, este facto deve-se à complexidade de conceitos e ideias erradas de velhice, que resultam de preconceitos sociais estanques ao longo do tempo.

As definições de envelhecimento estão associadas a alterações funcionais relacionadas com a idade cronológica. Apesar disso, não podemos encarar a idade cronológica como algo estático para todos os indivíduos. O conceito de envelhecimento deve ser sempre encarado como biológico e não somente como cronológico. Para Matsudo e Matsudo (1992), o envelhecimento é um processo fisiológico, que não corre necessariamente paralelo com a idade cronológica. É possível que indivíduos com a mesma idade tenham estados de envelhecimento biológico diferentes (Spirduoso, Francis, & MacRae, 2005). Torna-se assim necessário a distinção entre idade cronológica e idade biológica.

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Figura 1 – Percentagem do IMC nas diferentes categorias

Referências

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