• Nenhum resultado encontrado

PROPOSIÇÃO DE FÓRMULA DE EXCIPIENTE-PADRÃO PARA O FÁRMACO AMOXICILINA MANIPULADO EM CÁPSULAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PROPOSIÇÃO DE FÓRMULA DE EXCIPIENTE-PADRÃO PARA O FÁRMACO AMOXICILINA MANIPULADO EM CÁPSULAS"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

PROPOSIÇÃO DE FÓRMULA DE EXCIPIENTE-PADRÃO PARA O FÁRMACO AMOXICILINA MANIPULADO EM CÁPSULAS

ALMEIDA, Juliana Macedo Garcia (Farmácia Unitri, Juliana@lojadoce.com.br) SANTOS, Carla Maria dos (Farmácia, Unitri, carlafarmacia2009@hotmail.com) MORAES, Anamaria Junqueira de (Docente Farmácia Unitri, correspondência: junqueirademoraes@bol.com.br)

RESUMO

Amoxicilina, antibiótico β-lactâmico largamente utilizado, tem sua absorção via oral dependente da liberação, dissolução e permeabilidade no trato gastrointestinal. Em 1995 Amidon introduziu o Sistema de Classificação Biofarmacêutico, o qual classificou os fármacos de acordo com características de permeabilidade e solubilidade. Os de classe I são aqueles com alta permeabilidade e alta solubilidade, os de classe II com alta permeabilidade e baixa solubilidade, os de classe III com baixa permeabilidade e alta solubilidade e os de classe IV com baixa permeabilidade e baixa solubilidade. Desta forma, a amoxicilina como pertencente à classe IV demonstra biodisponibilidade prejudicada. A RDC 67/2007 determina que sejam realizados estudos sobre todos excipientes que compõem formulações contendo antibióticos. O objetivo deste é propor uma fórmula, para ser excipiente-padrão da amoxicilina manipulada em cápsulas, que contribua para a melhora da sua estabilidade e biodisponibilidade. A metodologia adotada foi leitura, análise e documentação sobre amoxicilina e excipientes variados; análise das fórmulas das especialidades farmacêuticas contendo amoxicilina à venda no mercado nacional; estudo aprofundado e comparativo das teorias e do material analisado, além da comparação criteriosa dos levantamentos bibliográficos realizados. A fórmula proposta têm na sua composição celulose microcristalina, aerosil, estearato de magnésio, lauril sulfato de sódio e manitol.

(2)

INTRODUÇÃO

Os fármacos raras vezes são administrados isoladamente, sendo usualmente pertencentes a formulações em combinação com um ou mais agentes não medicinais, denominados excipientes farmacêuticos que apresentam funções variadas e específicas. Os excipientes têm função de solubilizar, suspender, espessar, diluir, emulsificar, estabilizar, conservar, colorir, flavorizar, além de outras, possibilitando a obtenção de formas farmacêuticas estáveis e eficazes. O desenvolvimento e a formulação apropriados de uma forma farmacêutica requerem a consideração das características físicas, químicas, físico-químicas e biológicas de todos os fármacos e excipientes usados, além de análise fisiológica do local da administração e absorção. O fármaco e os excipientes devem ser compatíveis entre si para gerar um produto estável, fácil de administrar e seguro (ANSEL et al., 2000).

As formas farmacêuticas sólidas administradas por via oral são amplamente prescritas na prática médica. A manipulação, considerando-se especificamente a manipulação magistral das formas farmacêuticas cápsulas, permite a dosagem do fármaco de forma personalizada, a diminuição do custo, e a possibilidade de se obter formas farmacêuticas com determinados fármacos não existentes no mercado. A absorção do fármaco a partir das cápsulas depende da sua liberação, da dissolução ou solubilização dos fármacos sob condições fisiológicas e de sua permeabilidade através do trato gastrointestinal (MANADAS et al., 2002; MARCOLONGO, 2003).

Qualquer fator que modifique os processos de desintegração e dissolução da forma farmacêutica e do fármaco poderá prejudicar diretamente a biodisponibilidade, a qual é expressa pela quantidade de fármaco absorvido e velocidade do processo de absorção (DRESSMAN et al., 1998; STORPIRTIS, CONSIGLIERI, 1995).

Com base nas propriedades de solubilidade e permeabilidade dos fármacos, foi introduzido em 1995 em âmbito internacional o Sistema de Classificação Biofarmacêutico (SCB) criado por Amidon e seus colaboradores. Neste sistema os fármacos foram separados e classificados em quatro classes: (AMIDON, et al., 1995).

 Classe I: fármacos com alta permeabilidade e alta solubilidade (AP-AS): esses fármacos são rapidamente e completamente absorvidos, com extensão de absorção igual ou maior que 90%.

 Classe II: fármacos com alta permeabilidade e baixa solubilidade (AP-BS): para esta classe, a dissolução é a etapa limitante para o processo de absorção. A variabilidade na absorção destes fármacos pode ser devida ás modificações da formulação e as alterações fisiológicas, que podem interferir na maneira de cedência dos mesmos.

 Classe III: fármacos com baixa permeabilidade e alta solubilidade (BP – AS): a permeação do fármaco através da membrana intestinal é a etapa limitante no processo de absorção. A velocidade e extensão de

(3)

absorção deste grupo de fármacos podem ser altamente alteradas devido a diferença no trânsito gastrintestinal, conteúdo luminal e permeabilidade da membrana e não á diferença de formulação.

 Classe IV: fármacos com baixa permeabilidade e baixa solubilidade (BP – BS): são fármacos que possuem alta oscilação na velocidade e extensão de absorção. Desse modo, possuem absorção ruim.

Um fármaco com alta solubilidade é definido como aquele cuja maior dose terapêutica pode ser dissolvida em 250 mL de um meio aquoso na faixa de pH entre 1 e 7,5. O volume de 250 mL foi estabelecido baseando-se no volume mínimo esperado no estômago de um voluntário, em jejum, submetido a um estudo de bioequivalência, cujo o protocolo recomenda a administração da forma farmacêutica com um copo de água.(GUIDANCE FOR INDUSTRY, 2000, p. 2).

Experimentos para determinação da solubilidade do fármaco podem ser conduzidos a 37°C, utilizando-se um excesso do mesmo e variando-se o pH do meio aquoso, através da utilização de deferentes tampões. A quantidade do fármaco é colocada em um frasco contendo o tampão no qual o mesmo será testado. Após um período prolongado de agitação, para que o equilíbrio possa ser atingido, alíquotas da solução são retiradas e filtradas, antes da quantificação com metodologia adequada (STAVCHANSKY; PADE, 1998).

A permeabilidade é definida como a permeabilidade efetiva do fármaco à parede do jejuno e inclui a resistência aparente ao transporte de massa através da membrana intestinal. Fármacos de alta permeabilidade são, geralmente, aqueles estáveis nas condições do trato gastrointestinal e que apresentam biodisponibilidade absoluta maior que 90% ou aqueles para os quais essa propriedade foi determinada experimentalmente (BRASIL,1999, p. 26).

A amoxicilina é um antibiótico que possui característica ácido-resistente e amplo espectro de ação, atuando contra bactérias positivas e gram-negativas (HILTON, 1993). É um dos fármacos mais utilizados nas clinicas médicas nos tratamentos de amigdalite, gonorreia, infecção do trato respiratório, infecção urinária, otite, gastrite e úlcera (FERRAZ et al., 1998; SPÁTOLA et al., 1987). De acordo com o sistema de classificação biofarmacêutico pertence à classe IV e apresentando problemas com sua baixa permeabilidade e solubilidade.

Assim, o objetivo deste trabalho é propor uma fórmula, para ser o excipiente-padrão da amoxicilina manipulada em cápsulas, que contribua para a melhora da sua estabilidade e biodisponibilidade.

(4)

METODOLOGIA

A metodologia adotada foi leitura, análise e documentação da bibliografia sobre excipientes variados, amoxicilina e o Sistema de Classificação Biofarmacêutica; análise das fórmulas das especialidades farmacêuticas contendo amoxicilina à venda no mercado nacional; estudo aprofundado e comparativo da teoria e do material analisado com avaliação criteriosa destes resultados obtidos.

AMOXICILINA - características

A amoxicilina é um antibiótico β-lactâmico semi-sintético bactericida da classe das penicilinas, que apresenta um núcleo básico 6 – aminopenicilâmico, que consiste em um anel tiazolidínico vinculado a um anel beta lactâmico que comporta um agrupamento amino secundário (Figura 1). A estrutura da amoxicilina é quase igual a da ampicilina, dela divergindo por apresentar um grupo hidroxila em vez de hidrogênio. Porém a amoxicilina é mais bem absorvida pelo trato gastrointestinal e a presença de alimentos não influencia em sua absorção. Por apresentar o grupo amino, ionizável, seu espectro de ação é amplo, por ser estável em meio ácido, foi projetada para o uso oral (SWEETMAN, 2002).

Figura 1: Fórmula estrutural da Amoxicilina

A amoxicilina apresenta-se como pó cristalino, branco ou quase branco, com odor característico. É ligeiramente solúvel em água, etanol e metanol, insolúvel em benzeno, hexano, acetato de etila, clorofórmio, éter etílico e acetonitrila, porém solúvel em meio ácido diluído. É sensível a umidade, sua forma molecular é C16H19N3O5S e a massa molecular é 365,4042g/mol

(5)

As penicilinas, de modo geral, afetam a síntese dos componentes da parede celular bacteriana. Esta estrutura dá as bactérias forma e rigidez, e mais importante que isto, mantém a hipertonicidade do meio interno. A parede celular das bactérias é essencial para seu crescimento e desenvolvimento da parede celular que lhe dá estabilidade mecânica rígida em virtude de sua estrutura altamente cruzada. É formada de cadeias de glicano que consistem em bandas lineares de 2 aminoaçucares alternados (N-acetilglicosamida), que apresentam ligações cruzadas com cadeias peptídicas (SWEETMAN, 2002).

Os antibióticos β-lactâmicos interferem com a síntese do peptídeoglicano da parede celular bacteriana. Depois de conectar-se a proteínas ligadoras da penicilina na bactéria inibem a enzima de transpeptidação que faz a ligação cruzada das cadeias peptídicas conectadas ao esqueleto do peptídeoglicano. O evento bactericida final é a inativação de um inibidor das enzimas autolíticas na parede celular, levando á lise da bactéria (RANG, et al., 2007).

Absorção da amoxicilina pelo trato gastrointestinal atinge 75 a 90% dependendo dose oral. A concentração plasmática máxima (Cmax) da amoxicilina é atingida após 2 horas da administração, atingindo níveis plasmáticos de 10,3 µg/ml após a administração de 1g de fármaco (MOLINARO et al.,1997,p. 1406) e 12,8mg/L após a administração de 2g do fármaco (DAJANI et al., 1994).

A amoxicilina exibe baixa ligação plasmática as proteínas plasmáticas, sendo em torno de 17% (BARR et al., 1994). É rapidamente distribuída pelo corpo e possui um T1/2 (tempo de meia- vida de eliminação) que varia de 1,0 á

1,5 horas (SUAREZ-KURTZ et al.,2001).

A eliminação do fármaco ocorre preferencialmente por excreção na urina em sua forma ativa, apresentando uma maior taxa de excreção quando comparada a ampicilina. Após 6h da sua administração, 60% de uma dose oral de amoxicilina é excretada inalterada pela urina por filtração glomerular (MOLINARO et at., 1997).

EXCIPIENTES FARMACÊUTICOS

No preparo das formas comprimidos e cápsulas, normalmente são acrescentados diluentes na concentração de (10 a 90%) para gerar um volume/peso adequado ao seu preparo, lubrificantes na concentração de ( 0, 25 a 2,0 %) para facilitar o fluxo dos pós e evitar adesão destes aos equipamentos utilizados, desintegrantes na concentração (5 a 15%) para promover a desintegração da massa sólida, além de agentes molhantes na concentração (1 a 1,5%) para aumentar a afinidade da forma farmacêutica para com os líquidos corporais (FERREIRA, 2002).

Dentre todas as considerações a serem feitas sobre os excipientes no contexto da farmacotécnica, cabe destacar a influência exercida por eles na biodisponibilidade dos fármacos incorporados em formas farmacêuticas sólidas

(6)

orais. O tipo e a natureza dos excipientes utilizados na preparação de sólidos orais são dois fatores que determinam a velocidade e a extensão na qual o fármaco vai ser absorvido (STORPIRTS et al., 1999).

ANÁLISE DOS EXCIPIENTES UTILIZADOS NAS FÓRMULAS DAS ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS À VENDA NO MERCADO NACIONAL E EM LITERATURAS TÉCNICAS.

As formas farmacêuticas contendo amoxicilina isolada, à venda no mercado nacional são suspensão oral, comprimidos e cápsulas. Aquelas de importância para este estudo são as de formas farmacêuticas sólidas, isto é, cápsulas e comprimidos, que estão enumeradas a seguir com breve análise das suas formulações. Os excipientes utilizados foram estudados e tiveram suas funções aventadas, com base na literatura, devido ao não acesso a estas informações de modo preciso (FERREIRA, 2002; VILLANOVA, 2009)

A primeira fórmula a ser analisada foi a da cápsula AMOXICILINA® 500mg do Laboratório PRATI-DONADUZZI, conforme mostra o quadro1.

Quadro 1: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cap. (Laboratório PRATI-DONADUZZI)

Excipientes Quantidade (% p/p)

Função farmacotécnica

Amoxicilina 500mg Fármaco antibiótico

Aerosil NI* Adsorvente e antiaderente

Esterato de Magnésio NI* Lubrificante e diluente Laurilsulfato de sódio NI* Agente molhante

NI* – Não Informado

Como a amoxicilina é sensível à umidade, possivelmente o dióxido de silício coloidal, também conhecido como aerosil, foi utilizado como adsorvente de umidade e antiaderente, evitando que as partículas de água umedeçam o fármaco. O Estearato de magnésio poderia ter sido usado como agente lubrificante e antiaderente para evitar a aderência dos pós aos equipamentos e melhorar seu fluxo e também como diluente, já que nenhum outro excipiente descrito poderia desempenhar esta função. Houve a incorporação do lauril sulfato de sódio que poderia ser utilizado como agente molhante com o objetivo de melhorar a molhabilidade e garantir a solubilidade do fármaco.

(7)

A segunda fórmula estudada foi da cápsula de AMOXICILINA® 500 mg do Laboratório ACHÉ, quadro 2.

Quadro 2: Fórmula da AMOXICILINA® 500 mg –cáps. (Laboratório ACHÉ) Excipientes Quantidade (%

p/p)

Função farmacotécnica

Amoxicilina 500mg Fármaco antibiótico

Esterato de Magnésio NI* Lubrificante e diluente NI* – Não Informado

A análise da fórmula demonstra que foi utilizado apenas o estearato de magnésio que neste caso agiria como lubrificante e antiaderente para evitar a aderência dos pós aos equipamentos e melhorando seu fluxo além de poder atuar como diluente, visto que nenhum outro excipiente foi relatado. Imagina-se que o percentual deste excipiente tenha sido alto, mas nem por isto foi utilizado um agente molhante para minimizar sua hidrorrepelência.

A terceira fórmula analisada foi da cápsula AMOXICILINA® 500mg do Laboratório GERMED, demonstrada no quadro 3.

Quadro 3: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cápsula (Laboratório GERMED)

Excipientes Quantidade (% p/p)

Função farmacotécnica

Amoxicilina 500mg Fármaco antibiótico

Esterato de Magnésio NI* Lubrificante e diluente

Croscamelose Sódica NI* Desintegrante

Talco NI* Diluente e lubrificante

NI* – Não Informado

Os excipientes utilizados pelo laboratório Germed foram o estearato de magnésio que poderia estar operando como agente lubrificante para diminuir o atrito dos pós com os equipamentos e melhorar seu fluxo, podendo também agir como diluente, dependendo do percentual utilizado. A croscamelose sódica poderia ter sido usada como desintegrante para facilitar a desagregação dos pós promovendo assim a dissolução mais rápida do fármaco. O talco poderia estar como diluente para gerar um volume necessário ao preparo e/ou também como lubrificante.

A quarta fórmula analisada foi da cápsula AMOXICILINA® 500 mg do Laboratório TEUTO ( quadro 4).

(8)

Quadro 4: Fórmula da AMOXICILINA® 500 mg - cápsula (Laboratório TEUTO) Excipientes Quantidade (%

p/p)

Função farmacotécnica

Amoxicilina 500mg Fármaco antibiótico

Esterato de Magnésio NI* Lubrificante e diluente

Croscamelose Sódica NI* Desintegrante

NI* – Não Informado

Nesta formulação apresentada acima foi utilizado o estearato de magnésio que poderia agir como lubrificante para reduzir o atrito entre os pós e o equipamento e facilitar seu fluxo, ou mesmo como diluente para gerar um volume de pó adequado ao preparo. A croscamelose sódica poderia ter sido usada por sua função desintegrante para facilitar a desagregação da massa sólida de dentro das cápsulas.

A quinta fórmula analisada foi do Laboratório Medley, a cápsula AMOXICILINA® 500mg, conforme mostra o quadro 5.

Quadro 5: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cápsula (Laboratório MEDLEY)

Excipientes Quantidade (% p/p) Função farmacotécnica

Amoxicilina 500mg Fármaco antibiótico

Celulose microsrictalina NI* Diluente e desintegrante

Croscarmelose sódica NI* Desintegrante

Aerosil NI* Adsorvente e

antiaderente Estearato de magnésio NI* Lubrificante e diluente

Laurilsulfato de sódio NI* Agente molhante

NI*- não informado

O laboratório Medley utilizou a de celulose microcristalina que pode atuar como diluente para da o volume de necessário ao preparo das cápsulas e/ou como agente desintegrante para facilitar a desagregação da massa sólida de dentro das cápsulas. A croscarmelose sódica também poderia estar aqui para exercer sua função de desintegrante. O aerosil geralmente é utilizado como adsorvente de umidade para proteger o fármaco. O estearato de magnésio tem função de lubrificante para proporcionar um bom fluxo de pós, podendo agir também como agente antiaderente e também como diluente, dependendo da concentração utilizada. O uso do laurilsulfato de sódio poderia estar relacionado à melhora da molhabilidade do conteúdo encapsulado, o que contribuiria para o aumento a velocidade de dissolução do fármaco.

O laboratório União química teve a fórmula da cápsula de AMOXICILINA® 500mg analisada e discutida abaixo (vide quadro 6).

(9)

Quadro 6: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cápsula (Laboratório UNIÃO QUÍMICA)

Excipientes Quantidade (% p/p) Função farmacotécnica

Amoxicilina 500mg Fármaco antibiótico

Estearato de magnésio NI* Lubrificante e diluente

Laurilsulfato de sódio NI* Agente molhante

Croscarmelose sódica NI* Desintegrante

NI*- não informado

A fórmula analisada apresentou na preparação das cápsulas de amoxicilina o estearato de magnésio que atuaria como lubrificante para reduzir o atrito entre os pós, melhorando assim seu fluxo, e/ou como diluente, dependendo da concentração. O laurilsulfato de sódio poderia estar agindo como molhante para auxiliar no melhor contato da água com os pós e portanto facilitando a dissolução. Já a croscarmelose sódica que proporcionaria uma desagregação mais rápida das cápsulas.

A sétima fórmula analisada foi do Laboratório Sandoz, a cápsula AMOXICILINA® 500mg, demonstrada no quadro 7.

Quadro 7: Fórmula da AMOXICILINA® 500mg – cápsula (Laboratório SANDOZ)

Excipientes Quantidade (% p/p) Função farmacotécnica

Amoxicilina 500mg Fármaco antibiótico

Estearato de magnésio NI* Lubrificante e diluente

Celulose microcristalina NI* Diluente e

desagregante NI*- não informado

A fórmula acima é composta pelo estearato de magnésio poderia estar sendo usado como lubrificante melhorando o fluxo dos pós e a sua não aderência aos equipamentos e pela celulose microcristalina que poderia atuar como desintegrante para facilitar a desintegração da massa sólida de dentro das cápsulas. Qualquer um destes dois poderia atuar como diluente dependendo dos percentuais adotados na formulação.

A fórmula abaixo (quadro 8) foi retirada de literatura específica sobre o uso de excipientes.

(10)

Quadro 8: Fórmula para cápsula AMOXICILINA - 250mg (VILLANOVA, 2002) Excipientes Quantidade (%

p/p)

Função farmacotécnica

Amoxicilina 250mg Fármaco antibiótico

Aerosil 0.5% Adsorvente e

anti-aderente

Celulose microcristalina q.s.p 100.0% Diluente e desagregante

A fórmula proposta por VILLANOVA (2009) tem na sua composição o aerosil que é um agente adsorvente e antiaderente, empregado para melhorar a estabilidade frente à umidade e para facilitar o processo de encapsulação, além da celulose microcristalina um excipiente hidrofílico que tem função desintegrante e principalmente, neste caso de diluente por estar em grande concentração.

Já a nona fórmula analisada foi retirada do material didático disponibilizado em curso promovido pelo Conselho Regional de Farmácia destinado à capacitação de profissionais da área magistral no tocante ao uso e seleção adequados dos excipientes em cápsulas (quadro 9).

Quadro 9: Fórmula para cápsula AMOXICILINA - 500mg (COSTA, M.R., 2013) Excipientes Quantidade (% p/p) Função

farmacotécnica

Amoxicilina 500mg Fármaco antibiótico

Lactose 25% Diluente

Celulose microcristalina 75% Diluente e

desagregante

A fórmula proposta por COSTA (2013) conta com lactose atuando como diluente e com a celulose microcristalina atuando também como diluente além de ter principalmente ação desintegrante.

(11)

PROPOSIÇÃO DA FÓRMULA DE EXCIPIENTE-PADRÃO PARA AMOXICILINA MANIPULADA EM CÁPSULAS

De acordo com a RDC 67/2007, os excipientes devem ser padronizados com base na compatibilidade das formulações descritas em compêndios oficiais, farmacopéias e publicações cientificas indexadas (BRASIL, 2007).

Baseado nas características dos excipientes, na análise das formulações presentes no mercado e nas propriedades estudadas da amoxicilina foi sugerida uma fórmula para ser utilizada como excipiente-padrão para a amoxilina quando manipulada em cápsulas. A descrição da fórmula está no quadro 10 a seguir.

Quadro 10 – Fórmula proposta como excipiente-padrão para Amoxicilina Excipientes Quantidade (% p/p) Função farmacotécnica Celulose microcristalina 15% Diluente e desagregante

Aerosil 1.0% Adsorvente e

anti-aderente Estearato de magnésio 0.5% Lubrificante e

anti-aderente

Laurilsulfato de sódio 1.5% Agente molhante

Manitol 82% Diluente

Esta proposta levou em consideração além das propriedades físico-químicas, a classificação da amoxicilina no SCB, selecionando excipientes que poderiam influenciar positivamente na solubilidade, permeabilidade e biodisponibilidade, além de suprir as demandas de ordem mais técnica.

As classes de excipientes necessárias para a composição desta fórmula são desintegrantes, adsorventes, lubrificantes, molhantes, e diluentes. Como representante dos agentes desintegrantes foi escolhida a celulose microcristalina a 15% que atuaria facilitando a ruptura dos fragmentos das cápsulas (VILLANOVA, 2009). O aerosil na concentração de 1 % agiria como agente adsorvente, diminuindo a predisposição da amoxicilina em adsorver umidade (VILLANOVA, 2009). Como agente lubrificante foi escolhido o estearato de magnésio para melhorar as propriedades de fluxo dos pós e numa concentração de 0,5% para que, mesmo este sendo hidrofóbico, não houvesse influencia negativa na dissolução (VILLANOVA, 2009). Ao se pensar na disponibilização do fármaco para se solubilizar e ser absorvido, foi selecionado como agente molhante o laurilsulfato de sódio na concentração de 1,5% que favoreceria a penetração de água na massa sólida, facilitando a dissolução do fármaco (FERREIRA, 2002). Já como agente diluente foi escolhido o manitol na concentração 82% pois sendo solúvel em água facilitaria ainda mais o contato do fármaco com os líquidos corporais favorecendo sua solubilização, além de não apresentar relatos de incompatibilidade com outras substâncias (OLIVEIRA et al., 2009).

(12)

CONCLUSÃO

Após a compreensão sobre padronização e escolha dos excipientes observou-se a importância do Sistema de Classificação Biofarmacêutica como ferramenta facilitadora no momento da seleção adequada. O conhecimento sobre as diversas classes de excipientes, das suas funções diretas e indiretas, dos seus constituintes e principalmente das peculiaridades de cada um, das concentrações usuais igualmente necessárias.

Com base neste apanhado literário e na pesquisa do que está disponível no mercado nacional e que está consagrado, foi proposta uma fórmula contendo a celulose microcristalina, o aerosil, estearato de magnésio, laurilsulfato de sódio e manitol.

Esta formulação foi desenvolvida a partir de bases teóricas, percebendo-se então que uma complementação prática neste estudo percebendo-seria bastante interessante. Para se comprovar a eficiência destes excipientes incorporados sugere-se que sejam realizados testes de dissolução e/ou de permeabilidade in vitro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMIDON, GL.; LENNERNAS, H.; SHAH, V.P.; CRISON, J.R. A theoretical Basis for a Biopharmaceutic Drug Classification: The Correlation of in Vitro Drug Product Dissolution and in Vivo Bioavailability. Pharmaceutical Research, v.12, n.3, p. 413-420, 1995.

AMOXICILINA. TOLEDO- PARANA. Prati, Donaduzzi & Cia Ltda Farma Resp,: Dr.Luiz Donaduzzi CRF-PR nº 5842. Bula de remédio. Disponível em:

<http://www.pratidonaduzzi.com.br/medicamento/bula/90127_amoxicilina_caps ulas_500_mg_com_21_capsulas.pdf> Acessado em: 22 abril 2013.

AMOXICILINA. ANÁPOLIS GOIAS. Teuto Laboratório Brasileiro S/A. Farma Resp: Andreia Cavalcante Silva CRF-GO nº 2.659. Bula de remédio. Disponível em:

<http://www.teuto.com.br/pdf/20130109115347_36f44cd04e869be66d43e716e 37a5668.pdf > Acessado em: 22 de abril 2013.

AMOXICILINA. CAMBÉ- PR. Sandoz do Brasil Indústria Farmacêutica Ltda. Farma Resp,: Luciana A. Perez Bonilha CRF-PR nº 16.006. Bula de remédio. Disponivel em:

<http://www.sandoz.com.br/site/br/bulas/genericos/bu_amoxicilina.pdf> Acessado em: 15 de abril 2013.

(13)

AMOXICILINA. EMBU-GUAÇU - SÃO PAULO. União Química Farmacêutica Nacional S/A. Farm Resp: Vanessa Cristina Scaldelai Stierle – CRF-SP n° 15895. Bula de remédio. Disponível em:

<http://www.uniaoquimica.com.br/index.php?option=com_zoo&task=callelemen t&format=raw&item_id=356&element=428bf829-0823-453b-9451d4c78e8f7e6& method =download&Itemid=284&lang=es> Acessado em: 22 de abril.

AMOXICILINA. SÃO PAULO. Aché Laboratórios Farmacêuticos S/A. Farma Resp,; : Wilson R. Farias CRF-SP nº 9555. Bula de remédio. Disponível: em: <http://www.ache.com.br/Downloads/LeafletText/366/BU_AMOXICILINA_500_ NOV2011.pdf> Acessado em: 22 de abril 2013.

AMOXICILINA. SÃO PAULO. Germed Farmacêutica Ltda. Farma Resp,; Dra. Maria Geisa P. de Lima e Silva CRF-SP nº 8.082. Bula de remédio. Disponível em:<http://www.germedpharma.com.br/site/uploads/tx_productspharma/088401 _amoxicilina.pdf > Acessado em: 15 de abril 2013.

AMOXICILINA. SÃO PAULO. Medley Indústria Farmacêutica Ltda. Farma Resp,: Dra. Miriam Onoda Fujisawa - CRF-SP nº 10.640. Bula de remédio. Disponível em:

http://www.medley.com.br/portal/bula/amoxicilina_500mg_caps.pdf> Acessado em: 15 de abril 2013.

ANSEL, H. C.; POPOVICH, N.G.; ALLEN, L.V., JR Farmacotécnica: formas farmacêuticas e sistemas de liberação de fármacos. 6. ed. São Paulo. Premier. cap 4, p.113- 127 - 132, 2000.

BAAR, WH.; ZOLA EM.; CANDLER EL.; TENDOLKAR AV.; SHAMBUREK R et al.Differential absorption of amoxicillin from the human small and large intestine. Clin Pharmacol Ther. p. 279-285, 1994.

BRASIL. Resolução 391, de 9 de agosto de 1999, estabelece as bases legais para instituição do medicamento genérico no País. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, anexo V 3.1.2. ago.1999.

BRASIL. Resolução Da Diretoria Colegiada RDC 67, 8 de outubro de 2007, Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias. Anexo II, Item 2.10.1. Disponível em:

<http://www.anvisa.gov.br/hotsite/segurancadopaciente/documentos/rdcs/RDC %20N%C2%BA%2067-2007.pdf > Acessado em :17 abril 2013.

BRASlL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira. Disponível em: <

http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/pdf/farmacopeia_volume_2_2 803.pdf > Acessado em 15 março 2013.

(14)

COSTA, M.R. Novos excipientes e não conformidade na Farmácia magistral. Curso oferecido pelo Conselho Regional de Farmácia de Uberlândia, 2013. 97 diapositivos.

DAJANI, AS.; BAWDON, RE.; BERRY, MC. Oral amoxicillin as prophylaxis for endorcarditis: what is the optimal dose? Clin Infect Dis. p. 157-160, 1994. DRESSMAN, J.B.; AMIDON, G.L.;REPPAS, C.; SHAH, V.P.Dissolution Testing Prognostic Toot For Oral Drug Absorption: Immediate Release Dosage Forms. Pharm. Rev. v.15, n.1, p.11-22, 1998.

FERRAZ, H.G.; CONSIGLIERI, V.O.; STORPIRTIS, S. Avaliação da cinética de dissolução de ampicilina em comprimidos comercializados no Brasil. Rev. Farm. Bioquím. Univ. S. Paulo, v.34, n. 2, p. 93-99, 1998.

FERREIRA, A. O. Guia prático da farmácia magistral. 2°ed.. Juiz De Fora, 2002. p. 215-222.

GUINDANCE FOR INDUSTRY. Waiver of in Vivo Bioavailability and Bioequivalencia Studies for Immediate Release Solid Oral Dosage Forms Containing Certain Active Moieties/Active Ingredients Based on a

Biopharmaceutics Classification System, Washington: CDER, Food and Drug Administration,p.2, 2000.

HILTON, A.K.; DEASY, P.B. Use of hidroxypropyl methylcellulose acetate succinate in na enteric polymer matrix to design controlled-release tablets of amoxycillin trihydrate. J. Pharm. Sci. v. 82, n. 7, p.737-742, 1993.

MANADAS, R.; PINA, M.E.; VEIGA, F. A dissolução in vitro na previsão da absorção oral de fármacos em formas farmacêuticas de liberação modificada. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.38, n.4, p. 375-399, 2002. MARCOLONGO, R. Dissolução de medicamentos: Fundamentos, Aplicações, Aspectos Regulatórios e Perspectivas na área Farmacêutica. 2003. p.117. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

MOLINARO M, CORONA G, FIORITO V, SPREAFICO S, BARTOLI NA, ZOIA C. Biovailability of two diferente oral formulations of amoxicillin in healthy subjects Arzneimittelforschung. 47(12): p.1406-10. 1997

OLIVEIRA, P.S.M.; FERREIRA, V.F.; SOUZA, M.V.N. Utilização do D-manitol em síntese orgânica, Quimica nova. Vol. 32.No. 2,p. 441-452, 2009.

RANG H.P et al. Rang & Dale Farmacologia. 6º. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 665.

(15)

SPÁTOLA, J.; PODEROSO, J.J.; WIEMEYER, J.C.M.; FERNÁNDEZ, M.; GUERREIRO, R. B.; CORAZZA, C. Influence of ambroxol on lung tissue penetration of amoxycillin. Instituto Roffo, University of Buenos Aires, Farmerit S.A. and Laboratorios Promeco S.A., v. II, p.965-976, 1987.

STAVCHANSKY, S.; PADE, V. Link between Drug Absortion Solubility and Permeability Measurements in Caco-2 Cells. Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 87, n. 12, p. 1604-1607, 1998.

STORPIRTIS, S. et al. Considerações Biofarmacotécnicas relevantes na fabricação de medicamentos genéricos. Fatores que afetam a dissolução e a absorção de fármacos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.35, n.1,p. 1-16, 1999.

STORPIRTIS, S.; CONSIGLIERI, V.O. Biodisponibilidade e Bioequivalência de Medicamentos: Aspectos Fundamentais Para o Planejamento e Execução de Estudos. Rev. Farm. Bioquím. Univ.S.Paulo, v.31, p.63-70, 1995.

SUAREZ-KURTZ GS.; RIBEIRO FM.; VICENTE FL.; STRUCHINER CJ. Development and validation of limited-sampling strategies for predicting amoxicillin pharmacokinetic and pharmacodynamic parameters Antimicrob Agents Chemother vol. 45(11): p. 3029-36. 2001

SWEETMAN, S, MARTINDALE: The complete drug reference. London: Pharmaceutical press.33: p. 149-150, 2002.

VILLANOVA, J.C.O.; SÁ, V.R. Excipientes Guia Prático Para Padronização: Formas Farmacêuticas Orais Sólidas e Líquidas. Pharmabooks 2 ed. São Paulo, p.53, 2009.

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

nesta nossa modesta obra O sonho e os sonhos analisa- mos o sono e sua importância para o corpo e sobretudo para a alma que, nas horas de repouso da matéria, liberta-se parcialmente

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

esta espécie foi encontrada em borda de mata ciliar, savana graminosa, savana parque e área de transição mata ciliar e savana.. Observações: Esta espécie ocorre

3.3 o Município tem caminhão da coleta seletiva, sendo orientado a providenciar a contratação direta da associação para o recolhimento dos resíduos recicláveis,

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam