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Educação financeira versus endividamento familiar

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Academic year: 2021

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Educação financeira versus endividamento familiar

Caroline Larissa de Castro1, Claúdia Maria Miranda de Araújo Pereira2, Júlio César Mendes de

Souza3

1Estudante do Curso Superior de Bacharelado em Administração, IF Sudeste MG – Campus

Barbacena, email: carolinelacastro@gmail.com. 2Professora de ensino Básico, Técnico e

Tecnológico, IF Sudeste MG – Campus Barbacena, email: claudia.miranda@ifsudestemg.edu.br. 3

Professor de ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IF Sudeste MG – Campus Barbacena, email: julio.souza@ifsudestemg.edu.br.

Introdução

Nos últimos anos aumentou o nível de endividamento e inadimplência das famílias brasileiras e muito disso deve-se a ausência de controle das finanças pessoais, situação esta que influência o modo de desenvolvimento da economia do país no longo prazo. É ilustrativo desta situação dados da Confederação Nacional do Comércio (2015), em os quais 61,1% das famílias brasileiras encerraram 2015 com dívidas e 20,9% possuíam contas em atraso.

Para reverter esse cenário é importante a capacitação em educação financeira a fim de as pessoas realizarem planejamentos e escolhas de consumo mais acertadas. Tendo em vista que é fundamental uma cultura de segurança financeira, reforçada por Strate (2010), já que esta pode proporcionar uma melhor qualidade de vida. Além disso, o descontrole com as despesas, de acordo com Bitencourt (2005) e Gitman (2010), pode ocasionar problemas de saúde como ansiedade, angústia, frustração, estresse e desentendimentos familiares.

Uma boa educação financeira pode garantir maior eficiência na distribuição da receita mensal da família e do indivíduo, bem como uma melhor gestão financeira das organizações. Desse modo, torna-se relevante analisar como os futuros administradores gerenciam suas finanças pessoais e familiares.

Palavras-chave: Finanças; Educação financeira; Orçamento familiar;

Categoria/área de pesquisa: Nível Superior (BIC), Ciências Sociais Aplicadas,

Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes.

Objetivo

Objetivo geral da pesquisa é avaliar como alunos do curso de Administração do IF Sudeste MG – Campus Barbacena gerenciam suas finanças pessoais e familiares.

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Especificamente pretende-se:

 Desenvolver um trabalho com os alunos sobre a importância da educação

financeira e de ter uma boa organização orçamentária no âmbito do lar.

 Auxiliar os alunos pesquisados com técnicas para registrarem o seu orçamento

pessoal e familiar.

 Observar a elaboração do planejamento financeiro dos pesquisados por quatro

meses subsequentes.

 Analisar como os alunos tem realizado o controle dos respectivos orçamentos.

Material e métodos Métodos

A pesquisa realizada é de natureza qualitativa porque, conforme Gonçalves e Meirelles (2004), o método é mais adequado para a investigação de valores, atitudes, percepções e motivações dos agentes envolvidos na pesquisa, uma vez que oferece condição de entender o objeto com maior profundidade.

O tipo da pesquisa é categorizado como exploratório. Gil (1999) comenta que as pesquisas desse gênero são realizadas, normalmente, através de levantamento bibliográfico ou entrevistas não padronizadas e sem aplicação de processos estatísticos. Por isso, a análise das informações geradas pela coleta de dados foi realizada sob a ótica descritiva, estando respaldada na pesquisa bibliográfica.

A técnica utilizada é a de aplicação de entrevistas individuais. Essas foram semiestruturadas e flexíveis. Segundo Trivinos (1987), a entrevista dessa formatação parte de pressupostos básicos, apoiados por teorias e hipóteses que sustentam a pesquisa, o que abre espaço para novos questionamentos que surgem à medida que o informante responde ao questionário. Ademais, a amostra foi não probabilística e preservou-se a privacidade dos informantes.

Procedimento

A pesquisa iniciou-se com a apresentação do projeto em turmas de administração com a finalidade de selecionar voluntários para a participação em todo o processo. A coleta de dados consistiu em três etapas: apresentou um minicurso para os alunos sobre educação financeira e planejamento familiar; na sequência, aplicou-se um questionário sobre o atual cenário econômico deles. Já na segunda etapa

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realizou-se o acompanhamento por quatro merealizou-ses dos alunos, realizou-sendo que os com situações mais críticas foram realizadas reuniões específicas e individuais.

Por fim, a terceira etapa iniciou com o recolhimento das planilhas dos quatro meses e foi repassado o segundo questionário para contrastar o antes e o pós- acompanhamento financeiro. Logo depois foram analisadas as informações, feita as discussões com os alunos e avaliação do trabalho realizado.

Resultados e discussão Amostra

Em seguida da divulgação do projeto para o público-alvo, aceitaram voluntariamente participar da pesquisa dezesseis alunos matriculados entre o primeiro, terceiro e quinto período no curso de bacharelado em Administração do Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais - Campus Barbacena. Todavia, destes apenas treze concluíram a primeira fase, reduzindo posteriormente para nove os participantes que fizeram todas as etapas.

Os motivos de desistência foram: deficiência no controle das anotações, desmotivação e ausência de habilidade no manuseio do programa de orçamento familiar. Diante disso, os resultados tabulados correspondem aos nove concluintes da pesquisa.

Vida financeira individual e familiar antes do controle orçamentário

A renda mensal individual está em torno de até R$ 1500,00 com apenas um participante com o salário entre R$ 1500,01 a R$ 3000,00. Já em relação às situações familiares, seis participantes possuem até R$ 2500,00, dois entre R$ 2500,01 a R$ 4000,00 e um possui renda na faixa de R$ 4000,01 a R$ 6000,00. Quanto à rentabilidade individual e coletiva, quatro não conseguem poupar recursos, três afirmam que às vezes sobra dinheiro no final do mês e dois possuem reservas. Dos pesquisados, cinco afirmaram realizar algum tipo de controle com metas para poupanças mensais, mas apenas um conclui o objetivo. Já a forma de utilização da renda, a maioria opta para as despesas programadas no mês, a forma de

pagamento ”a vista”. Enquanto, as não esperadas os pesquisados responderam,

majoritariamente, que utilizam o cartão de crédito e outras formas de pagamento parcelado, isto compromete a renda do próximo mês.

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Controle orçamentário dos pesquisados

Inicialmente, uma das metas era utilizar um aplicativo para smartphones disponível de forma gratuita. Todavia, a adaptação para o programa dificultou para quem já realizava o orçamento e levou alguns voluntários a abandonar o projeto. Por fim, os participantes optaram por uma planilha eletrônica convencional elaborada pelos pesquisadores.

A principal despesa do orçamento foi com a casa, em média todos gastaram mais que 10% da receita e menos que 50% com os maiores gastos nos meses de Julho e Agosto, sendo crescente esse gasto, em vista que houve readaptação de algumas contas para fixa ao invés de extras. Um dos pesquisados, no primeiro mês, junho, teve dificuldades em anotar todas as despesas e comprometeu o seu planejamento. Quanto ao uso do cartão de crédito, três não utilizaram ou não possuem, e os que usam, utilizam em média 10% a 30% da renda para quitá-lo.

Sobre esses dois tópicos, os participantes disseram que as anotações dos valores os fizeram identificar os excessos e cortá-los nos meses seguintes. De acordo com Bitencourt (2005), no ato do planejamento, o indivíduo consegue perceber as suas oportunidades e ameaças, os pontos fortes e fracos, e com essa percepção consegue aproveitar as oportunidades e evitar perigos.

Entretanto, a porcentagem designada para gastos extras foi alta entre 20% a 60% da renda familiar. Nesse momento, apenas um dos participantes conseguiu reduzir a zero os gastos extras nos quatro meses da pesquisa e a maior parte nos meses de Agosto e Setembro tiveram reduções significativas. Observa-se, dessa maneira um cenário melhor sobre a realização do controle orçamentário. De acordo com Saito (2007), as etapas que orientam o processo permitem a melhor decisão através da identificação do problema e as associações com as metas desejadas.

Vida financeira orçamentária pessoal e familiar após o controle orçamentário

Na realização do orçamento houve uma avaliação mais próxima da realidade dos pesquisados sobre suas respectivas vidas financeiras. Dentre os alunos, quatro assumiram um plano apenas para grandes gastos, dois afirmaram realizar o planejamento e outros dois não possuem nenhum tipo de controle financeiro. Contudo, para a poupança de recursos mensais seis estão com planos de reservar, mas apenas dois alcançam o esperado, aumentando em um se comparado ao cenário pré-pesquisa.

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Quanto à forma de pagamento das despesas mensais previstas não houve

alteração, predominando a forma “a vista”, enquanto nas contas não orçadas,

prosseguiu a escolha majoritária do “cartão de crédito”. É relevante esclarecer, que os gastos totais com os cartões reduziram no período, mas não foi detalhado pelos entrevistados se as compras foram parceladas ou “á vista”.

Strate (2010) destaca que o planejamento financeiro não se limita a se organizar para não gastar mais do que se ganha, mas é a orientação para se atingir objetivos, quando se programa aonde se quer chegar e quando, escolhendo o próprio futuro, prevenindo contra riscos e evitando problemas financeiros.

Conclusão

A pesquisa buscou verificar como os alunos do curso em Administração do IF Sudeste MG do campus de Barbacena cuidam de suas finanças pessoais. Observou-se que no começo os alunos não tinham muito conhecimento sobre o tema do projeto: educação financeira, o que reforça a falta de informação durante toda a fase escolar.

No desenvolvimento, foi notado o desejo entre os pesquisados de mudar as suas realidades econômicas, o que faltava eram noções teóricas sobre como planejar e elaborar o orçamento, o fato foi amenizado com o acompanhamento mensal que serviu para estimulá-los e esclarecer dúvidas nas anotações.

Sobre a etapa de realização do controle, no último mês, os alunos ainda possuíam dificuldades na definição dos objetivos e metas, porém compreendiam como anotar as receitas e gastos, bem como perceberam a importância em administrar as finanças, obtendo uma visão mais clara das oportunidades e ameaças em suas despesas.

Por fim, concluída a pesquisa, baseada nas dificuldades verificadas na amostra pesquisada, recomenda-se nas escolas e nos cursos superiores, o fomento da educação financeira por intermédio de treinamentos e disciplinas. Essas ações educativas retornarão a sociedade ao gerar maior segurança financeira, o que pode reduzir os índices de inadimplência e endividamento da população brasileira e melhorar o desenvolvimento do país.

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Referências bibliográficas

BITENCOURT, Cleusa Marli Gollo. Finanças pessoais versus finanças

empresariais. Dissertação (Mestrado em economia). - Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. Disponível em: <

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/6506/000486157.pdf?sequence=1> . Acesso: 24 nov. 2014.

CNC. Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. O Perfil do Endividamento das famílias brasileiras em 2015. 2015. Disponível

em:<http://www.cnc.org.br/sites/default/files/arquivos/perfil_de_endividamento_das_f amilias_brasileiras_em_2015.pdf>. Acesso em: 03 mar. 2016.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GONÇALVES, Carlos Alberto; MEIRELLES, Anthero de Moraes. Projetos e

relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2004.

GITMAN, Lawrence. Princípios de administração financeira. Trad. Por: Allan Vidigal Hastings. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. 775 p.

SAITO, André Taue. Uma Contribuição ao desenvolvimento da educação em

finanças pessoais no Brasil. Dissertação (Mestrado em Administração)

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em:

<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-28012008-141149/pt-br.php>. Acesso em: 23 nov. 2014.

STRATE, Anete Berenice Schaeffer. Implicações provenientes da elaboração de

um orçamento familiar. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de i ncias

atas Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, 2010. Disponível em:

<https://www.univates.br/bdu/bitstream/10737/107/1/AneteStrate.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2014.

TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. p. 175.

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