A crise mundial do capitalismo
Intervenção no seminário com esse título organizado pelas Fundações Leonel Brizola, João Mangabeira e Perseu Abramo, e Maurício Grabois, Rio de Janeiro, 28.11.2011.
A crise do euro de 2010 é uma continuação da crise financeira global de 2008
A crise financeira global de 2008 foi uma crise causada pela fé neoliberal e neoclássica na capacidade ilimitada dos mercados se autorregularem. A crise do euro de 2010 é novamente uma crise causada pela crença em uma
ideologia – o neoliberalismo – e em uma teoria econômica – a teoria
econômica neoclássica – que pretendia oferecer fundamentação “científica” para o neoliberalismo.
A crise financeira global de 2008 ainda não acabou
Podemos ver isto com muita clareza nos Estados Unidos e na Grã-‐Bretanha que apresentam ainda alto nível de desemprego e baixa taxa de crescimento. Mas é a zona euro que está no olho do furacão. Como defini-la?
A crise financeira global de 2008 foi uma crise bancária decorrente do endividamento das famílias e dos bancos.
Sua causa fundamental foi a desregulamentação neoliberal praticada nos anos 1980.
A crise do euro tem uma dupla natureza
É uma crise fiscal dos estados que tiveram que socorrer seus bancos na crise de 2008, ficaram altamente endividados, e agora os mercados financeiros perderam confiança em sua capacidade de honrar seus títulos.
É uma crise cambial, porque depois da criação do euro em 1999, alguns países trocaram garantia do emprego por não aumento dos salários decorrente de aumento da produtividade, enquanto que outros, não fizeram esse acordo social ou corporativo, sua taxa de câmbio implícita se apreciou, e eles passaram a registrar déficits crescentes em conta corrente, e, portanto, endividamento do setor privado crescente.
A crise do euro é uma crise de soberania monetária, porque, especialmente para os países em crise, o euro é uma moeda estrangeira, porque seus estados ou seus bancos centrais não podem emiti-‐la para honrar seus títulos nem pode desvalorizá-‐la.
Não podem, portanto, praticar as duas políticas necessárias para sair da crise. Tanto a política de emissão de moeda (quantitive easing) quanto a depreciação
da moeda nacional foram adotadas pelos Estados Unidos e pela Grã-‐Bretanha, mas não podem ser praticadas pelos países europeus em crise.
E sua origem é também uma só:
O neoliberalismo e seus rebentos: a desregulamentação e a financiarização. O que é o neoliberalismo?
É uma ideologia
Comparação com o liberalismo
É uma ideologia que pretende ser “científica” porque está baseada na teoria econômica neoclássica.
É uma ideologia reacionária
É uma coalizão de classes
A relação entre a crise financeira global e o neoliberalismo é clara. Qual a relação com a crise do euro?
Tratado de Maastricht foi assinado sob a égide do neoliberalismo e da teoria econômica neoclássica.
Supôs a “doutrina de Lawson”. Qual a saída para Europa
Transformar o euro em moeda nacional
Mas isto resolve apenas o problema da dívida pública.
O problema da dívida privada ou da conta corrente continua a se pretender resolver através da “política de austeridade”, ou seja, do desemprego e da diminuição dos salários no mercado.
A Alemanha resiste a medidas heroicas, os demais países morrem de medo diante das possíveis consequências
Logo, a possibilidade da explosão do euro é real.
Quando os países do Sul da Europa perceberem que trocaram sua moeda nacional por uma moeda estrangeira.
A crise financeira global pode ser uma oportunidade como foi a crise de 1929. Fragilidade fundamental
A dependência das commodities em preço alto A força fundamental
Estamos endividados em moeda nacional A oportunidade
A taxa de câmbio.
Theotônio dos Santos
O capitalismo é cíclico.1900-‐1913; 1,5% 1913-‐1938: 0,8 1938-‐1973: 2,3% 1974-‐1993: 1993-‐2010:
O neoliberalismo aceita perfeitamente a intervenção e apoio do Estado É o elemento fascista do neoliberalismo
Queda da inflação a partir de 1994 A queda é radical na América Latina.
Baixas taxas de inflação e alto crescimento
Não há comprovação da lei de Philips. Veja-‐se a China.
O crescimento de Kondratieff dos anos 1990 e a robotização
A partir dos 19080s tivemos a robotização. Foi um salto tecnológico radical que abriu o espaço para a expansão dos anos 1990.
Nos anos 1990 o crescimento dos Estados Unidos é de 4%. Altíssimo. É a expansão do Kondratieff. A robotização que começara no Japão, passa a ocorrer de forma acelerada nos Estados Unidos e na Europa.
A queda dos preços dos bens industrializados robotizados é colossal. A taxa de crescimento de 2007 dos países em desenvolvimento já era
substancialmente maior do que a dos países ricos.
Chineses entram pelo lado industrial ao mesmo tempo que mantinham a taxa de câmbio controlada.
Brasil
Precisamos usar os recursos em fundos soberanos. Precisamos nos robotizar.
Carlos Lessa
Bresser e Conceição analisaram a crise financeira de maneira satisfatória. Theotônio começou a discutir a dimensão tecnológica. Quero introduzir um raciocínio geopolítico.
A atual crise apresenta uma opacidade estrutural.
O intelectual é uma coruja que dorme de dia e voa à noite. Como será o novo? Não sabemos.
BRIC é uma construção absurda. Os países que o compõe não têm praticamente nada em comum.
O império
O imperialismo não morreu.
O orçamento militar de 2012 nos Estados Unidos é o maior de todos. O imperialismo cultural continua aí: do MacDonalds.
Não há G7 nem G20. Só existe G2: Estados Unidos e China. A maquila mexicana se mudou para a China.
Os chineses reduziram a linha da pobreza, mas essa linha e 1/12 da linha brasileira. (É o câmbio).
O matrimônio entre Estados Unidos e a China é sólido. Decadência do Império é uma tolice.
China
Diferença de renda média do campo para a cidade, de 1 para 3. A tendência à urbanização é imensa.
A visão chinesa internacional estratégica é a de transformar a periferia em produtora de alimentos e matérias-‐primas. Reflete a visão vitoriana. Mas reflete também a visão japonesa da Restauração Meiji.
A burocracia do PC Chinês não é muito diferente do mandarinato, onde o poder dependia do conhecimento, e este, do número de ideogramas que eles conheciam.
Embraer: Os chineses clonaram o avião da Embraer. O Gabão está virtualmente comprado pela China. O perigo amarelo
LC
Geopolítica
“O Império não morreu. Está em declínio, mas continua agressivo. “A China é o perigo amarelo.” (Renato Rabelo)
“Nós não temos condições de enfrentar o Império”. (Conceição) Sem dúvida. Mas não basta reclamar. É preciso agir.
Política industrial- macroeconomia
Pacto político
Debatedores
Renato Rabelo (presidente PCdoB)Geopolítica
A crise precisa ser vista no plano geopolítico. E geoeconômico. Não podemos nos fixar apenas na análise econômica.
A questão para nós é: qual é a particularidade da crise financeira atual? Para nós, é um crise estrutural, sistêmica, do capitalismo.
A geopolítica discute o esquema de força mundial.
O imperialismo está aí. Mas há um declínio histórico dos Estados Unidos. Mas isto pode durar um século.
Potências em declínio podem apelar para as armas, para manter a todo custo sua hegemonia.
Macroeconomia
“A política macroeconômica está superada”.
Pacto político
Precisamos de um pacto novo. Ruy Falcão, presidente do PT
Não vi alusão às implicações da crise atual em relação ao regime democrático. Nomeação de primeiros ministros tecnocráticos.
Diferença de tratamento que a crise oferece no Brasil e países latino-‐americanos. As mudanças estruturais do governo Lula.
Senador Rodrigo Rollenberg (PSB)
1. Política industrial
China – Europa – Brasil. A crise deve causar diminuição do mercado interno europeu. O que deverá tornar a China mais agressiva.
No Brasil se incorporou o discurso da tecnologia, inovação, mas continuamos dependentes de insumos externos.
Quais seriam os pilares de uma política industrial brasileira.
2. Ambiente.
O aquecimento global deverá causar danos maiores. Que podemos esperar da conferencia do clima do Rio +20?
3. Energia
Desafios da questão energética. Leonardo (PDT)
Consequências da crise. Excesso de liquidez. Crise de 2008.