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O problema da massificação das demandas consumeristas:

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Academic year: 2021

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ilho Mestre em direito da cidade e doutor em direito civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Professor adjunto de direito civil da Faculdade de Direito da UERJ e representante da linha de pesquisa de direito civil no Programa de Pós-Graduação em Direito da UERJ. Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação, chefe do Departamento de direito civil e vice-diretor da Faculdade de Direito da UERJ. Foi diretor jurídico do Procon-RJ (2011-2013). Coordenador da comissão de eventos do Instituto Brasileiro de Direito Civil (IBDCivil). Membro do conselho editorial da revista eletrônica de direito civil Civilistica.com. Procurador do Estado do Rio de Janeiro, assessor-chefe da Assessoria Jurídica da Secretaria de Estado de Turismo e da Secretaria de Estado de Prevenção à Dependência Química. carlos_edison@uol.com.br

Recebido em: 13.09.2016 Pareceres: 29.09.2016 e 20.09.2016

áreado direito: Consumidor; Processual

reSumo: O presente estudo parte da evolução histórica da disciplina do direito contratual e da responsabilidade civil, que permite a compreen-são das notas essenciais das relações de consu-mo da sociedade contemporânea. Marcado pela massificação das demandas, o mundo do con-sumo carece de um sistema de composição de conflitos que satisfaça, com a devida celeridade e transparência, as lides que emergem dessas rela-ções. Nessa esteira, o artigo, partindo da análise da atuação do Procon, ao propor três graus para

abStract: This study starts off with the historical evolution of the discipline of contract law and civil liability, which allows the understanding of the essential notes of consumer relations of contemporary society. Marked by the proliferation of claims, the consumer world lacks a system for alternative dispute resolution that satisfies, with swiftness and transparency, litigations emerging from these relationships. Based on Procon’s performance analysis by proposing three degrees to the solution of

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a solução dos conflitos consumeristas, busca su-gerir também verdadeira mudança de paradigma na resolução de tais demandas, privilegiando a cooperação em detrimento da concorrência e fomentando ambiente negocial permeado por respeito mútuo, solidariedade e boa-fé.

consumerist conflicts, this article intends to suggest true paradigm shift in the resolution of such claims, favoring cooperation rather than competition and encouraging business environment permeated by mutual respect, solidarity and good faith.

PalavraS-chave: Direito do consumidor – Direito contratual – Responsabilidade civil – Massifica-ção das demandas consumeristas – Procon – So-lução dos conflitos – Três graus – Desjudicializa-ção das demandas consumeristas.

KeywordS: Consumer protection law – Contract law – Civil liability – Proliferation of consumerist claims – Procon – Dispute resolution – Three degrees – Trend towards out-of-court resolutions.

Sumário: 1. Introdução: crise, contrato, responsabilidade civil e relações de consumo. 2. O

problema da massificação das demandas. 3. Três graus para a solução dos conflitos nas relações de consumo: fornecedor, Procon e Judiciário. 4. Referências bibliográficas.

1. i

ntrodução

:

Crise

,

Contrato

,

resPonsaBilidadeCivil e relações de Consumo

Ao longo do século XX, o mundo contemporâneo experimentou trans-formações radicais nas relações sociais e jurídicas. Em razão disso, institutos como o contrato e a responsabilidade civil passaram por crises que acabaram por impelir uma completa releitura dos seus perfis.1 De negócios

artesanal-mente celebrados, que tomavam por pano de fundo uma sociedade essencial-mente agrária (no Brasil), ou de urbanização recente (na Europa), passou-se a um modelo contratual completamente distinto.2 Cunhou-se em sede

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2. “O CDC (LGL\1990\40) mudou o paradigma dos contratos e da responsabilidade ci-vil no Brasil. Sem dúvida nenhuma, as duas maiores mudanças dogmáticas realizadas no Direito Civil brasileiro têm origem no CDC (LGL\1990\40): a teoria da qualidade, que aproximou a responsabilidade extracontratual da contratual e pragmaticamente estabeleceu uma cadeia de responsáveis pela qualidade-adequação (vício do produto ou do serviço, nos art. 18 e ss.) e imputou a responsabilidade nominal pela quali-dade segurança (defeito do produto ou do serviço, nos arts. 12 a 17), reforçando o dever de informar, de prevenir e ressarcir os danos individuais, homogêneos, cole-tivos e difusos, morais ou patrimoniais; e a nova teoria contratual, que aproximou o regime dos contratos de dar (fornecimento de produtos) e de fazer (fornecimento de serviços), preparando o Brasil para a nova economia dos serviços, da tecnologia

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4. r

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• Brevíssimas reflexões sobre a evolução do tratamento da litigiosidade repetitiva no or-denamento brasileiro, do CPC/1973 ao CPC/2015, de Heitor Vitor Mendonça Sica – Re-Pro 257/269-281 (DTR\2016\21690).

Referências

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