I. Temer mira 13º e férias e apresenta pacote de maldades contra CLT
Desde que Michel Temer tomou, de assalto, o Palácio do Planalto, os direitos sociais e trabalhistas correm sérios riscos de desaparecerem. Em pouco mais de 90 dias de gestão interina, Temer tem ameaçado, sem pudor, a classe trabalhadora com reformas que não têm outro objetivo senão implementar uma cartilha ultraliberal e atender aos interesses do capital financeiro nacional e internacional.
Em ampla matéria publicada no jornal O Globo, a gestão interina tenta emplacar uma reforma trabalhista que prevê flexibilização de diversos direitos. Estão no alvo de Temer direitos assegurados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como o 13º salário, férias, adicional noturno, licença-paternidade e salário mínimo.
Na prática, tudo o que estiver na CLT poderá ser alvo de negociação. Outros casos que poderiam ser acordados dizem respeito às situações em que o funcionário fica à disposição do patrão, fora do expediente, sem ser acionado, e o tempo gasto em deslocamentos quando a empresa busca os trabalhadores – considerados hoje como hora extra.
Lastreado por um discurso de “busca da eficiência” e do “fomento da modernização dos processos”, a equipe técnica diz que com a reforma todos os itens listados poderiam ser negociados entre trabalhadores e empresários promovendo uma nova realidade nas relações trabalhistas. Ou seja, o negociado terá mais força que o legislado e o trabalhador ou trabalhadora ficará refém do patronato.
Por que defender a CLT?
“Defender a CLT é compreender a qualidade da luta da classe trabalhadora. E mais, não esqueçamos que a CLT é fruto uma longa luta”, externou o dirigente da CTB e presidente do Sindimetal Caxias do Sul (RS), Assis Melo, ao rebater a proposta de Reforma Trabalhista de Temer.
Segundo ele, “a legislação trabalhista sofre ataques diários há muito tempo e alertou que é papel do Congresso Nacional é garantir os direitos historicamente conquistados e não retirá-los".
Como caminho para sair da crise, o dirigente voltou a defender um novo projeto de desenvolvimento para o país com valorização dos trabalhadores, sem negar a importância e necessidade do setor produtivo, e lançando críticas ao setor financista. “Não é possível que o Brasil continue a pagar essa alta taxa de juros. Não é justo que seja o trabalhador e pagar essa conta”, afirmou ele, ao alertar sobre o que quer Temer com tal reforma.
ENTENDA O QUE ESTÁ EM JOGO Por que a reforma é necessária?
O governo alega que a CLT, dos anos 1940, precisa ser atualizada por não conseguir atender a todos os setores da economia, como o de tecnologia, por exemplo, que passa por constantes transformações. Outro motivo é que foram incorporados vários penduricalhos às leis, que geram interpretações divergentes e estimulam disputas judiciais.
Caminho para a precarização
A gestão interina quer a flexibilização da CLT, permitindo que os acordos coletivos possam prevalecer sobre o que está na Lei. Na verdade é a largada para a terceirização irrestrita.
O que eles querem negociar?
Ampliação da jornada de trabalho (80h semanais); Salário Mínimo (acabar com a política de aumento real); 13º salário (parcelamento poderá ser negociado, diretamente, entre empregador e empregado); tempo do horário de almoço (poderá ser reduzido com objetivo de ampliar a produtividade);
Quando o pacote de maldades passaria a valer?
Vai depender da aprovação da reforma pelo Congresso Nacional. Temer pretende enviar a proposta até o fim do ano.
II. Às ruas dia 16 em defesa dos direitos da classe trabalhadora
Na opinião da CTB, o golpe travestido de impeachment que resultou no afastamento de Dilma e na entronização do usurpador Michel Temer no Palácio do Planalto tem um caráter de classe que transparece claramente nas intenções e nos gestos do governo ilegítimo. É um golpe do capital contra o trabalho, cujo principal alvo é a classe trabalhadora brasileira, a democracia e a soberania nacional. Por Adilson Araújo. Por Adilson Araújo – Presidente da CTB.
Adilson Araújo – Presidente da CTB
Sofrem e sofrerão os trabalhadores e trabalhadoras com a redução das verbas públicas destinadas à saúde, educação e outros investimentos sociais, implícitos na nova política fiscal; com os projetos de reformas trabalhista e previdenciária que consagram o primado do negociado sobre o legislado, estabelecem a idade mínima e endurecem as regras para obtenção da aposentadoria, a pretexto de combater um falso déficit; com a terceirização ilimitada da economia.
Prejuízos
Já saíram no prejuízo com a extinção dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, bem como com a transformação da Previdência em um puxadinho do Ministério da Fazenda, evidenciando que a questão agora será tratada pela ótica fiscalista, abrindo caminho para a progressiva privatização e destruição da Previdência Pública.
Por falar em privatizações, a classe trabalhadora será seriamente lesada com a ressurreição do Programa Nacional de Privatização do governo FHC, um defunto que em passado recente o próprio governador Geraldo Alckmin, por velhacaria,
renegou, visto que os institutos de pesquisa captaram a forte repulsa popular ao afã entreguista do desacreditado ex-presidente tucano.
Entreguismo
Concomitantemente, estamos verificando a vergonhosa entrega do pré-sal ao capital estrangeiro. O povo brasileiro, que em sua ampla maioria integra a classe trabalhadora, é quem mais tem a perder com a transferência dos lucros do petróleo da saúde e educação, como previsto no Fundo Social, para os cofres abarrotados das multinacionais e o caixa 2 de políticos ligados ao capital estrangeiro José Serra, entre outros. A mudança da política externa sob o chanceler golpista parece que vem sendo ditada por Washington.
É igualmente notória a tendência crescente à criminalização das lutas e movimentos sociais, o que remete os problemas sociais aos cuidados da polícia, retrocedendo a um passado que muitos julgavam definitivamente enterrado. Embriagados com o avanço do golpe no Congresso falam até em ampliar para 80 horas semanais a jornada de trabalho que queremos reduzir a 40 horas, acabar com o intervalo para almoço nas empresas, além de extinguir direitos como férias, 13º salário e outros, tratados agora como privilégios.
O governo ilegítimo presidido pelo golpista Temer quer retomar a obra neoliberal inconclusa de FHC que foi interrompida pela eleição de Lula e início consequente de um novo ciclo político no país. O que está em curso no Brasil, hoje, é um grave, profundo e inédito retrocesso político e social.
Fim da CLT
Os golpistas não querem apenas destruir as conquistas obtidas ao longo dos governos Lula e Dilma. Pretendem ir bem além. Prometem acabar com a “era Vargas”, o que significa extinguir a CLT e privatizar o que resta das estatais. FHC disse e tentou o mesmo caminho, mas morreu na praia. Sua reforma trabalhista, que instituía a prevalência do negociado sobre o legislado, chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados e estava em tramitação no Senado quando foi arquivada por Lula em 2003.
Do outro lado, sabemos que os principais beneficiários do golpe são e serão os capitalistas, sobretudo os grandes empresários, os monopólios dos meios de comunicação, as transnacionais e o imperialismo. Esses estão a colher grandes lucros com a sinistra empreitada liderada por Temer e Cunha. Não foi à toa que a burguesia brasileira, sob a liderança da Fiesp (que também andou metida, de corpo e alma, no golpe militar de 1964), apoiou em bloco e financiou o movimento golpista. Unidade e luta
Da nossa parte não pouparemos esforços para minar o caminho dos golpistas, impedir seus passos e sabotar seus objetivos antidemocráticos, antipopulares e antinacionais. Resistiremos com todas as forças que lograrmos reunir e estaremos empenhados diuturnamente no trabalho de esclarecimento e conscientização das bases sobre esta brutal ofensiva, em contraponto à descarada manipulação dos fatos pela mídia burguesa e golpista.
Creio que estamos caminhando nesta direção. O primeiro passo foi dado com a convocação por todas as centrais sindicais que atuam no país do Dia Nacional de Mobilização e Luta pelo Emprego e Garantia de Direitos, que ocorrerá na próxima terça-feira, 16, com manifestações em todas as capitais brasileiras. Em São Paulo, vamos ocupar a Avenida Paulista, com concentração na frente da Fiesp.
Estamos convencidos de que marchando com unidade, clareza e consciência, a classe trabalhadora, o movimento sindical e as forças progressistas reunirão as condições necessárias para barrar o retrocesso, derrotar o golpe e relançar a agenda por um novo projeto nacional de desenvolvimento fundado na valorização do trabalho, na democracia e na soberania nacional.