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Revista Portuguesa de. Cardiologia. Portuguese Journal of Cardiology.

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Revista

Portuguesa

de

Cardiologia

Portuguese

Journal

of

Cardiology

www.revportcardiol.org

ARTIGO

ORIGINAL

Variabilidade

da

frequência

cardíaca:

análise

dos

índices

no

domínio

do

tempo

em

portadores

de

cardiopatia

chagásica

crónica,

antes

e

após

um

programa

de

exercícios

Marcus

Vinicius

Amaral

da

Silva

Souza

,

Carla

Cristiane

Santos

Soares,

Juliana

Rega

de

Oliveira,

Cláudia

Rosa

de

Oliveira,

Paloma

Hargreaves

Fialho,

Danton

M.

Cunha,

Delma

M.

Cunha,

Daniel

A.

Kopiler,

Bernardo

Rangel

Tura,

Ademir

Batista

da

Cunha

InstitutoNacionaldeCardiologia,SetordeReabilitac¸ãoCardíaca,RiodeJaneiro,Brasil Recebidoa28dejulhode2011;aceitea11deoutubrode2012

DisponívelnaInterneta 23defevereirode2013

PALAVRAS-CHAVE Doenc¸adeChagas; Reabilitac¸ão cardíaca; Variabilidadeda frequênciacardíaca

Resumo Adoenc¸adeChagas(DC)éumainfec¸ãocausadapeloflageladoTrypanosomacruzi, transmitidaporinsetosdogéneroTriatoma.

Estudostêmdemonstradooresultadobenéfico daprática deexercíciosemportadoresde insuficiênciacardíaca(IC),oseuefeitodereduc¸ãodotónussimpáticoeoaumentodotónus parassimpáticorelacionadocomareduc¸ãodosníveisdeepinefrinaenoraepinefrina.Esteestudo tevecomoobjetivos:detetarpacientescomcardiopatiachagásicacrónica(CCC)com disauto-nomiaatravésdoHolter24h,afunc¸ãoautonómicaapósreabilitac¸ão,areduc¸ãodosníveisde SDNN/deumaumentodosníveisdepNN50/depNN50/noite,bemcomoderMSSD/denoite. Foifeitaumaintervenc¸ãotipoantesedepoiscomavaliac¸ãodosíndicesdedomíniosdotempo davariabilidadedafrequênciacardíaca(VFC)anteseaofinaldoprogramadeexercícios.Foram estudados18pacientes,sendocincohomens,comCCCeidademédiade57,33±9,73anos,no ambulatóriodeDCdoInstitutoNacionaldeCardiologia(INC)entreabrilde2009enovembrode 2010.Osexercíciosforam:atividadeaeróbicaemesteirarolanteeexercícioscontrarresistidos comdurac¸ãode60minefrequênciadetrêsvezesporsemana.OsvaloresdeSDNN,pNN50e rMSSDavaliadosmostram-sequaseinalteradossemsignificânciaestatística(p>0,05). Concluí-mosqueosvaloresdosparâmetrosdeVFCemportadoresdeCCCnãosealteraramanteseapós aintervenc¸ãocomumprogramadereabilitac¸ãocardíacadeseismeses.

© 2011 Sociedade Portuguesa de Cardiologia.Publicado por Elsevier España, S.L. Todosos direitosreservados.

Autorparacorrespondência.

Correioeletrónico:souza.mv@globo.com(M.V.AmaraldaSilvaSouza).

0870-2551/$–seefrontmatter©2011SociedadePortuguesadeCardiologia.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados.

(2)

KEYWORDS

Chagasdisease; Cardiac rehabilitation; Heartratevariability

Heartratevariability:Analysisoftime-domainindicesinpatientswithchronic Chagasdiseasebeforeandafteranexerciseprogram

Abstract Chagasdisease(CD)isaninfectioncausedbytheprotozoanflagellateTrypanosoma cruzi,andtransmittedbyinsectsofthegeneraTriatoma,RhodniusandPanstrongylus.Theheart isaffectedtovaryingdegreesbyinflammatoryanddestructivelesionsinatrialandventricular myocardialfibers.Severalstudieshavedemonstratedthebenefitsofexerciseinpatientswith congestive heartfailure(CHF),includingreducedsympathetictoneandincreased parasym-pathetictone,theresultofreducedepinephrineandnorepinephrinelevels,bothatrestand duringexercise,includingatsubmaximallevels.Ithasbeenhypothesizedthattheincreasein sympatheticarousalduringexerciseimprovesperipheralmusclemetabolism.

Objectives: Theobjectivesofthisstudy were toselectpatients with chronicChagas cardi-omyopathy (CCC) with dysautonomiaon 24-h Holtermonitoring, assess autonomic function afterrehabilitation,anddeterminewhetheritresultedinreduceddaytimelevelsofSDNNand increaseddaytimeandnighttimelevelsofpNN50andrMSSD.

Methods: Weanalyzedtime-domainindicesofheartratevariabilitythrough24-hHolter moni-toringbeforeandafterasupervisedexerciseprogram.Westudied18CCCpatients(fivemen), meanage57.33±9.73years,followedattheCDoutpatientclinicoftheNationalInstituteof CardiologyandIPEC/FiocruzinRiodeJaneiro,Brazil,betweenApril2009andNovember2010. The following tests were usedto assess theseverity ofCCC: clinical examination, functio-nalevaluationbycardiopulmonarystresstesting,electrocardiogramandconventionalDoppler echocardiography. The examswere performed withina month ofthe start andend ofthe exerciseprogram,whichconsistedof60-minsessionsofaerobicexerciseonatreadmilland resistancetrainingthreetimesaweekforsixmonths.Thegoalwastoreachthepatients’heart ratetargetzoneduringtraining,andtheir ratingofperceivedexertionwas assessedbythe modifiedBorgscale.

Results:Therewerenostatisticallysignificantdifferences(p>0.05)inSDNN,pNN50andrMSSD, probablyduetothelargestandarddeviationobserved,patients’pooradherencetotheprogram andtheirlowsocioeconomicstatus,resultinginasmallsample,andtheshortdurationofthe program.

Conclusion:HeartratevariabilityparametersinpatientswithCCCdidnotundergostatistically significantchangesafterasix-monthcardiacrehabilitationprogram.

© 2011 Sociedade Portuguesa de Cardiologia Published by Elsevier España, S.L. All rights reserved.

Introduc

¸ão

Adoenc¸adeChagas(DC)éumainfec¸ãocausadapeloprotista cinetoplástida flagelado Trypanosoma cruzi e transmitida por insetos da família dos Reduvideos pertencentes aos génerosTriatoma,RhodniusePanstrongylus.Asformasmais importantesde transmissão daDC ainda são asvetoriais; contudo,apresentam tambémimportância epidemiológica atransmissãotransfusionaleatransmissãocongénita1.

Nadécadade80doséculoXX,adoenc¸aatingiacercade 18-20milhões deindivíduosnas áreasendémicasda Amé-ricaLatina.DadosrecentesdaOMS(2002),divulgadosapós encontrode especialistas na Argentina em 2002, indicam a existência de 16-18 milhões de infetados pelo T. cruzi. Contudo,em publicac¸ãorecente, Dias(2007) estima este númeroem12-14milhõesdeindivíduosnaAméricaLatina, sendoaindaencontradosindivíduoscontaminadosempaíses daEuropaedaAméricadoNorte2.

A fase aguda é geralmente assintomática e tem uma

incubac¸ão de uma semana a um mês após a picada. No

local da picadapode desenvolver-se uma lesão volumosa com local eritematoso e edemaciado, o chagoma. Outros sintomas possíveis são febre, linfadenopatia, anorexia,

hepatoesplenomegalia, miocardite e, mais raramente,

meningoencefalite,namedidaemqueostripanosomasvão desaparecendodacirculac¸ãosanguínea,tornandooexame direto do sangue perifériconegativo para estes,e que os anticorposantitripanosoma (IgG) sevão estabelecendona circulac¸ão,podendoconsiderarqueaDCestáapassarpara operíododecronicidade3.

O caso crónico permanece assintomático durante 10 a 20anos.Noentanto,nesteperíodo,oparasitareproduz-se continuamente em baixos números, causando danos irre-versíveis em órgãoscomo o sistema nervoso e o corac¸ão.

O resultado é aparente após uma ou duas décadas de

progressão,comaparecimentogradualdedemência, cardi-opatia,oudilatac¸ãodotratodigestivo,devidoàdestruic¸ão da inervac¸ão dascélulas musculares destes órgãos. Neste estágio,adoenc¸aéfrequentementefatal,mesmocom tra-tamento,geralmentedevidoàinsuficiênciacardíaca.

A reduc¸ão da VFC tem sido apontada como um forte

indicador de risco relacionado com eventos adversos

em indivíduos normais e em pacientes com um grande

número de doenc¸as, refletindo o papel vital que o SNA

desempenha na manutenc¸ão dasaúde. Em doenc¸as como

(3)

aterosclerose8,osíndicesdeVFCencontram-sereduzidos.

Apráticaregulardeatividadefísicatemsidoreferidacomo umfatordeincrementonotónusvagaldevidoàsadaptac¸ões fisiológicas ocorridas pelo aumento do trabalho cardíaco, umavezquehá umareduc¸ão dasensibilidadedos receto-res beta.Assim, a elevac¸ãoda modulac¸ãoparassimpática induzumaestabilidadeelétricadocorac¸ão,aopassoquea atividadesimpáticaelevadaaumentaa vulnerabilidadedo corac¸ãoeoriscodeeventoscardiovasculares.

Objetivos

• Avaliaraevoluc¸ãodavariabilidadedafrequênciacardíaca em pacientes chagásicos submetidosa umprograma de seismesesdeexercícios.

• Avaliarseháreduc¸ãodosníveisdeSDNN/deumaumento

dos níveis de pNN50/d e pNN50/noite, bem como de

rMSSD/denoite.

Métodos

Selecionámos50pacientesdoambulatóriodeCardio-Chagas do Instituto Nacional de Cardiologia e Instituto de Pes-quisaClínicaEvandroChagas,queatendemexclusivamente pacientesportadoresdeDCcompelomenosdoismétodos sorológicospositivosparaestaenfermidade.

Todososindivíduosforamesclarecidosquantoaos proce-dimentosdapesquisaeassinaramotermodeconsentimento livre e esclarecido, que foi previamente aprovado pelo ComitêdeÉticaemPesquisadoInstitutoNacionalde Cardi-ologiaeInstitutodePesquisaClínicaEvandroChagas.

Critériosdeinclusão

1. Homensemulherescomidadeentre21e75anos. 2. Sorologia positiva para DC pelos métodos de ELISA e

hemaglutinac¸ãoindireta.

3. PortadoresdeDCquenãoseutilizamdetratamentocom benzonidazol.

4. Condic¸ãosocioeconómicadedeslocamentoao Instituto NacionaldeCardiologianafrequênciadetrêsvezespor semanaduranteseismeses.

Critériosdeexclusão

1. Portadoresdemarcapassocardíaco. 2. Tratamentocomcélulastronco.

3. Comorbidadesqueinviabilizamarealizac¸ãodoprograma deexercícioscomo:

a. Hipertensãoarterialgrave(PAS≥180mmHge PAD≥

110mmHg).

b. Diabetesmelitusdescompensada.

c. InsuficiênciaCardíacaCongestiva(ICC)emclasse fun-cionaliv(NYHA)

d. Insuficiência renal crónica com creatinina sérica >2,0mg/dL

e. Anemia com hemoglobina <10g/100mL ou hemató-crito<30%.

f. Contagemdeplaquetas<120mil/mm3.

Tabela1 Característicasclínicasdapopulac¸ãodoestudo

Variáveis Populac¸ãodoestudo

Sexo(m/f) 5/13

Idade(anos) 57,3±9,7

Altura(cm) 159,4±9,6

IMC(kg/m2) 26,7±4,1

g. Incapacidadedefornecerotermodeconsentimento livreeesclarecido

h. ImpossibilidadederealizaroHolter24h.

i. Alterac¸ãoortopédicaqueimpossibilitassearealizac¸ão deatividadeemesteirarolanteoucicloergómetro.

Foram respeitadas, no presente trabalho, as

recomendac¸ões da OMS, da Declarac¸ão dos Direitos de HelsínquiaeaResoluc¸ão196/96CONEP.Opresenteestudo foiaprovado peloComitê deÉtica e PesquisadoInstituto Nacional de Cardiologia e Instituto de Pesquisa Clínica EvandroChagas.

Ascaracterísticasclínicasdapopulac¸ãoestudadapodem serobservadasnaTabela1.

Selec¸ãodepacientes

Nesteestudo,osindivíduospertencentesàpopulac¸ão amos-trada no inquérito sorológico para DC na forma crónica (hemaglutinac¸ão e imunofluorescência indireta para Cha-gas) em acompanhamento no ambulatório de cardiopatia chagásica(CC) doInstitutoNacional deCardiologia foram encaminhadosaoServic¸odeReabilitac¸ãoCardíaca sequen-cialmenteerespeitandooscritériosdeinclusãoeexclusão apósumaanamneseeexamefísicocompletos.

Basededadospadronizadadeexamescomplementares

Exames laboratoriais. Hemograma, glicemia, creatinina,

ácidoúricosérico,colesteroltotal,HDL(lipoproteínadealta densidade),triglicerídeos,potássiosérico,proteínastotais e fracionadas, dosagem de BNP, exame parasitológico de fezesparaafastarprincipalmenteesquistossomoseMansoni, urináliseparaelementosanormaisesedimento;

Avaliac¸ãoradiológica.

Eletrocardiografia de repouso. Os

eletrocardiogra-mas de repouso foram analisados segundo o código de

Minnesota9.

Ostrac¸ados foramclassificados comonormal,limítrofe

ouanormal.

Provadeesforc¸ocardiopulmonar.

Ecocardiografia bidimensional com Doppler

intracavi-tário. Utilizamos técnica ecocardiográfica convencional

(equipamentodisponívelnoServic¸odeEcocardiografia)com especial atenc¸ão para os cortes transversais ao nível do eixomenordoVE,longitudinalsubcostal,eapical,quando os diferentes segmentos miocárdicos forem visualizados, permitindo a análise da dinâmica segmentar do músculo cardíaco;

Monitorizac¸ão eletrocardiográfica ambulatorial contínua

por24h(Holter). Realizadoemperíodosconsecutivosque

variaramentre23he 5mine25h e45min(médiade24h e15min),períodosemquesemantiveramnassuas ativida-deshabituais.Utilizámosparaoprocedimentoosistemade

(4)

Tabela2 Definic¸ãodos índicesdodomínio do tempo da variabilidadedafrequênciacardíaca

Índices Unidade Definic¸ão

RRmédio ms MédiadetodososintervalosRR normais

SDNN ms Desviopadrãodetodosos intervalosRRnormais SDNNi ms Médiadosdesviospadrão

dosintervalosRRnormais calculadosemintervalosde5min SDANN ms Desviopadrãodasmédias

dosintervalosRRnormais calculadosemintervalosde5min rMSSD ms Raizquadradadasdiferenc¸as

sucessivasentreintervalosRR normaisadjacentesaoquadrado PNN50 % PercentualdeintervalosRR

normaisquediferemmaisque 50msdeseuadjacente

gravac¸ão digital CARDIOFLASH+ da CARDIOS, com registo detrês derivac¸ões simultâneas.Para análise dagravac¸ão,

foi utilizado o CARDIOMANAGER 5.0da CARDIOS para

qualificac¸ãoeimpressãodedados,queforaminterpretados peloServic¸odeArritmiadoINC.

Osíndicesdevariabilidadedafrequênciacardíaca(VFC) foramanalisadosemdomíniodetempo, deacordocomos parâmetrosobservadosnaTabela2.

Os índices de VFC foram detetados e analisados, con-siderando o período das 13 às 17h como um período de predomíniodoSNAsimpáticoeoperíododas2às6hcomo umperíododepredomíniodoSNAparassimpático.

Programa

de

exercícios

O programa de exercícios foi realizado três vezes por semana,duranteumahora,compreendendo:

A.Trintamindeexercícios aeróbicosem esteiras ergo-métricasdamarcaInbrasport2000®,divididosemtrêsfases

respetivamente:

- Cinco min de aquecimento, comacelerac¸ão progressiva davelocidade;

- Vinte mindeesforc¸obuscando otreinamentodentroda zonaalvodefrequênciacardíaca,associandoasensac¸ão subjetiva de esforc¸o pela escala de Borg modificada, mantendo a intensidade do esforc¸o entre moderado e moderado/intenso;

- Cincomindedesacelerac¸ão,atéaparadatotaldo ergó-metro.

B.Vintemindeexercícioscontrarresistênciaparaos prin-cipais grupos musculares, com programac¸ão realizada de formaempírica,comduassériesde10repetic¸õesparacada umdosprincipais gruposmusculares,e acargaaser apli-cadadeveráserequivalentea70%dovalordotestedeuma Repetic¸ãoMáxima(RM),testeessequetemcomoobjetivo encontraracargamáximacomqueoindivíduoconseguiria realizarapenasumarepetic¸ãodedeterminadoexercício.

C.Dezminfinaisenvolvendo exercíciosdeflexibilidade dosprincipaisgruposmusculares.Azonaalvodefrequência cardíacadelimitaumaintensidadeeficazdetreinamentoe condicionamento,dentrodeumamargemdeseguranc¸apara arealizac¸ãodoexercícioaeróbio.Azonaalvoéestabelecida atravésdoTECP,sendocompreendidaentre5e15%acimado limiar anaeróbio, também conhecido como limiar de lac-tatoou1.◦ limiarventilatório,até10%abaixodopontode

compensac¸ãorespiratória.

Esteéumestudoobservacionaltipoensaioclínicoantes

e depois. Os dados foram descritos como média e

des-viopadrãooupercentageme foramanalisadosusandoum modelodeefeitosmistosconsiderandoumefeitofixopara fasee período eumefeito aleatório parafase,períodoe paciente.Aanáliseestatísticafoifeitaatravésdosoftware Rversão2.12.1,desenvolvidopelaCoreTeam(Viena, Áus-tria).Parainferência,foiusadootesteANOVABivariadade efeito misto. Foi considerado uma diferenc¸a significativa de cinco e um desvio padrão de 13,8 e, portanto, eram necessários 23pacientesparagarantir confianc¸ade95%e poderde60%.

Resultados

Reunimos50pacientescomCCC,dosquais18foram selecio-nadosparaingressaremnumúnicogrupo.Foramexcluídos 32pacientesseguindooscritériosdeexclusãodescritosna metodologiaacima.

Inicialmente,estes50pacientesforamconvocadospara realizaremoexamedeHolterde24h;desses,20realizaram oexameconformeasorientac¸õesdadas,tornandoelegíveis paraoestudo;25nãocompareceramparaarealizac¸ãodo exame,mesmoapóssucessivasconvocac¸ões,sendo conside-radosdesistentes;ecinconãopuderamparticiparnoestudo porseremportadoresdemarcapasso.Osoutrosdoistiveram deserexcluídosdoestudodevidoàalterac¸õesortopédicas queosimpossibilitavamdedesenvolveratividadenaesteira rolante ou cicloergómetro. Ressaltamos que os pacientes foramclassificadosdeacordocomaclassificac¸ãofuncional daNYHAemclasseiieiii.

Quantoàcor, observamosa presenc¸adeseispacientes (33,3%)decornegrae12(66,7%)deoutrascores.

Amédiadeidadedospacientesfoide57,33±9,73anos. A Tabela 2 mostra as características encontradas neste estudo.

Oeletrocardiograma(ECG)eoecocardiograma bidimen-sionalcomDopplercolor,foramrealizadosnos18pacientes; porém,houveumaperdaem3(16,6%).

Encontrámos 3 (20%) pacientes com ECG normal e 8

(53,3%) com bloqueio de ramo direito (BRD), sendo esta a alterac¸ão eletrocardiográfica predominante na nossa populac¸ão. Outras alterac¸ões eletrocardiográficas encon-tradas, porém sem predomínio nítido, foram: alterac¸ões inespecíficas da repolarizac¸ão ventricular, hemibloqueio anterior esquerdo, bradicardia sinusal e extrassístoles supraventriculares.

Emrelac¸ãoaoecocardiograma,13(86,7%)apresentaram frac¸ão deejec¸ão(FE) pelométododeSimpson maiorque 50%eapenas2(13,3%)apresentaramFEmenorque50%.

Considerando que o Sistema Nervoso Autónomo (SNA)

(5)

80

60

40

20

0

Pre.para Pos.para Pre.simp Pos.simp

Figura 1 Distribuic¸ãode pNN50encontrados nafase pré e pós-reabilitac¸ão, divididos em períodos simpático (Simp.) e parassimpático(Para).

Tabela3 ValordepNN50edesviopadrãoreferenteàsfases préepós-reabilitac¸ãoerespetivosperíodos

Fase Período Média/desviopadrão

Pré Para 16,1±22,4

Pós Para 17±20,6

Pré Simp 14,4±21,3

Pós Simp 11,8±18,3

Para: parassimpático; Pós: pós-reabilitac¸ão; Pré: pré-reabilitac¸ão;Simp:simpático.

observamos a ativac¸ão adrenérgica e colinérgica respe-tivamente, as figuras a seguir foram divididos em dois momentos: simpático das13 às17h e parassimpático das 2às6h.

NaFigura1:distribuic¸ãodepNN50encontradosnafase pré e pós-reabilitac¸ão, divididos em períodos simpático (Simp.) e parassimpático (Para), observa-se que a medi-ananãosofreualterac¸ãosignificativadeposicionamentona comparac¸ão entre as fases (pré x pós), independente do período(simpáticoxparassimpático).

Posteriormente,naTabela3,foramdemonstradasas aná-lisesdasmedidasdepNN50obtidasnafasepós-reabilitac¸ão. Observa-sequeamédianasfasespréepósreabilitac¸ão dos valores de pNN50 semostram quase inalteradas, não obtendosignificânciaestatística(p>0,05).

Abaixo encontra-se a Tabela com a média e o desvio padrão observadosno estudo e a análise das medidas de

600 500 250 400 200 100 0

Pre.para Pos.para Pre.simp Pos.simp

Figura2 Distribuic¸ãoderMSSDencontradosnafaseprée pós-reabilitac¸ão,divididosemperíodosimpáticoeparassimpático. Tabela5 ValorderMSSDedesviopadrãoreferenteàsfases préepós-reabilitac¸ãoerespetivosperíodos

Fase Período Média/desviopadrão

Pré Para 65,2±69,5

Pós Para 74,5±92,8

Pré Simp 60,7±66,5

Pós Simp 55,1±71

Para: parassimpático; Pós: pós-reabilitac¸ão; Pré: pré-reabilitac¸ão;Simp:simpático.

rMSSD pós-reabilitac¸ão e noperíodo simpático (Tabelas 4 and5).

NaFigura2:Distribuic¸ãoderMSSDencontradosnafase pré e pós-reabilitac¸ão, divididos em período simpático e parassimpático; observa-se que a mediana não sofreu alterac¸ão significativa de posicionamento na comparac¸ão entreasfases (préxpós),independente doperíodo (sim-páticoxparassimpático).

Posteriormente,naTabela5observa-seovalorderMSSDe desvio padrão referente às fases pré e pós reabilitac¸ão eseusrespetivosperíodos.Nota-sequeamédianasfasespré epósreabilitac¸ãodosvaloresderMSSDsemostramquase inalteradas,nãoobtendosignificânciaestatística(p>0,05). Vejaabaixo,naTabela6,aanálisedasmedidasdeSDNN pós-reabilitac¸ãoenoperíodosimpático.

NaFigura3:distribuic¸ãodeSDNNencontradosnafasepré epós-reabilitac¸ão,divididosemperíodosimpáticoe paras-simpático;observa-se queamediananãosofreualterac¸ão significativa de posicionamento na comparac¸ão entre as

Tabela4 AnálisedasmedidasderMSSDpós-reabilitac¸ãoenoperíodosimpático

rMSSD Valorestimado Erropadrão Valordet Valordep

Períodopós 3,171733 10,003312 0,3170683 0,07513279

(6)

Tabela6 AnálisedasmedidasdeSDNNpós-reabilitac¸ãoenoperíodosimpático

SDNN ValorEstimado ErroPadrão Valordet Valordep

Períodopós 2,782242 6,505607 0,4276683 0,6690821

PeríodoSimp. 3,717601 4,049713 0,9179912 0,3590788

Tabela7 ValordeSDNNedesviopadrãoreferenteàsfases préepósreabilitac¸ãoerespetivosperíodos

Fase Período Média/desviopadrão

Pré Para 81,4 ±46,5

Pós Para 84,8 ±51,6

Pré Simp 85,5±42,2

Pós Simp 85,2±48,1

Para: parassimpático; Pós: pós-reabilitac¸ão; Pré: pré-reabilitac¸ão;Simp:simpático.

fases (pré x pós), independente do período (simpático x parassimpático).

Posteriormente,naTabela7foramdemonstradosos valo-res de SDNN e desvio padrão referente às fases pré e pós-reabilitac¸ãoeosrespetivosperíodos.

Discussão

A doenc¸a deChagas, responsável pelo grande númerode mortes súbitas na América Latina, representa quase um modelodadesnervac¸ãocardíacaintrínseca.Sobesteaspeto,

a doenc¸a pode ser considerada um verdadeiro modelo

experimentalpara aavaliac¸ãodocontrolo autonómico no homem. 350 300 250 200 150 100 50

Pre.para Pos.para Pre.simp Pos.simp

Figura3 Distribuic¸ãodeSDNNencontradosnafaseprée pós-reabilitac¸ão,divididosemperíodosimpáticoeparassimpático.

Reabilitac

¸ão

cardíaca

Em trabalhosrealizados relacionandoatividade físicacom portadoresdemiocardiopatia,podemosevidenciaros bene-fíciosadquiridos compráticaregulardeexercícios.Muitos benefíciosdaatividadefísicaparapacientescomICCforam documentados, tais como: Keteyian et al.10 evidenciaram

melhorias na capacidade física (aumento de 10 a 30% da capacidade física máxima); Belardinelli et al.11

evidenci-aram como resultado melhorias na qualidade de vida nos pacientes12,13,evidenciaramosníveisséricosde

catecolami-nas,ePiepolietal.14observaramdiminuic¸ãonamorbidade

e reinternac¸ão.Osexemplosclássicossãoasreduc¸õesem todasascausasdemortalidadeemelhoriasnafunc¸ão car-díacaderepouso.

Reabilitac

¸ão

cardíaca

em

cardiopatia

chagásica

crónica

Apropostadesteestudofoiavaliaraevoluc¸ãoda variabili-dadedafrequênciacardíacaemportadoresdecardiopatia chagásicacrónica(CCC)aolongode6meses,estandoestes submetidos a umprograma de reabilitac¸ão cardíaca. Pro-gramaestequepodeatuardeformacoadjuvanteàterapia medicamentosa.

Nanossa casuística,a idade médiafoi de 57,3 anos e tevemaiorpredomíniodemulheres.Assim,anossaamostra foirepresentadaporindivíduos deumafaixaetáriamaior, portanto,comumperfildemaiorrisco.Opredomínio femi-ninona amostraestudadanãoinfluenciou ainterpretac¸ão dosresultados.

Sousaetal.15tiveramcomoobjetivonoseuestudo

inves-tigaraassociac¸ãoentreparâmetrosdaVFC(SDNN,rMSSDe pNN50)eo níveldeatividadefísicaempacientescom DC eumgrupocontrolo.Alémdisso,foiinvestigadaaassociac¸ão entre atividade física habitual e VFC em indivíduos hígi-doseempopulac¸ãochagásicausandooIPAQ(Questionário InternacionaldeAtividadeFísica),instrumentoqueavaliao níveldeatividadefísicaindependentedocontextoemque foi realizada, sendo computadas atividades ocupacionais, de lazer e de vida diária. Os resultados obtidos concluí-ramqueoníveldeatividadefísicahabitualsecorrelacionou significativamentecomosíndicesdeVFCemindivíduos sau-dáveis.Poroutrolado,nãofoiobservadanenhumarelac¸ão entretaisvariáveisempopulac¸ãochagásica,sugerindoque adisautonomiapresentenessesindivíduospoderia interfe-rirnacorrelac¸ãoentreníveldeatividadefísicaeíndicesde VFC.Resultadosemelhantefoiobservadononosso,emque tambémnãofoievidenciadoresultadosignificativonos parâ-metrosdosíndicestemporaisdeVFCaolongodoprograma deexercícios.

Oliveira e Pedrosa16 analisaram a resposta

(7)

usando a classificac¸ão de Los Andes. Os resultados indi-camqueadeteriorac¸ãoprogressivadarespostaventilatória entrepacientescomcardiopatiachagásicacrónicadurante oexercícioémaisevidentequandoacapacidadefuncional máxima(VO2)éreduzidadoquequandoasmudanc¸asestão relacionadascom aclassificac¸ão deLos Andes. Montes de Ocaet al.17 avaliaram o metabolismo muscularperiférico

e características estruturaisem pacientes comdoenc¸a de Chagasavanc¸adaeseestavamrelacionadoscomo desempe-nhodoexercício.Osresultadosindicaramqueospacientes com DC avanc¸ada têm diminuic¸ão da capacidade

oxida-tiva e uma mudanc¸a para o metabolismo anaeróbico do

músculoesquelético.Elestambémsugeremqueas anorma-lidadesmuscularesestãorelacionadascomofornecimento deoxigénio,queéprovavelmentereduzido emparte pela microvasculaturamuscular anormal.Oliveiraetal.18

com-pararamastrocasgasosas emrepousoe duranteexercício empacientescomcardiopatia chagásicacrónicae pacien-tes saudáveisagrupadosde acordocom aclassificac¸ão de LosAndes.Osresultadosmostraramqueacapacidade fun-cional dospacientes na faseinicial dacronificac¸ãodaDC (acometimento cardíaco) é maior do que a de pacientes em fase avanc¸ada e mostra uma diminuic¸ão que segue a perdanodesempenhocardíacohemodinâmico.Madyetal.19

objetivaram caracterizara capacidadefuncional em paci-entesassintomáticoscomdoenc¸adeChagasecomfunc¸ão ventricularesquerdanormal.Osresultadosmostraramque pacientes assintomáticos com doenc¸a de Chagas, embora apresentandofunc¸ãoventricularsistólicaesquerdanormal emrepouso,apresentamumprejuízosignificativoda capa-cidadefuncionalduranteoexercício.

Já foi demonstrado por Lima et al.20 num ensaio

clí-nicoprospetivo e randomizadoque umtreinamentofísico

de 12 semanas pode melhorar a capacidade física e é

relacionada com a qualidade de vida em pacientes com

miocardiopatia chagásicacrónicaem comparac¸ãocomum grupo 1 (controlo) inativo e também chagásico. Embora os autores nãomedissem o consumo máximo de oxigénio diretamente e incluíssem apenas um número limitado de pacientes sobreum curto prazo de acompanhamento, foi demonstradoumaumentodotempodeexercícioeda dis-tânciapercorridanotestedecaminhadade6min,acréscimo do consumo de oxigénio calculado e melhora na análise daqualidade devida em cardiopataschagásicos crónicos, tornando-seumavanc¸onainvestigac¸ão domanejoda car-diomiopatiadestadoenc¸aimportanteenegligenciada.Lima etal. não sódemonstramque o treinamento físicoé

efi-caz, mas também que é viável e sem eventos adversos

significativos. Mesmono contexto imparcial de resultados de mortalidade e resultados positivos para avaliac¸ão da qualidade devida noestudo HF-ACTION, ospontos fortes destesãoatrativos, considerandoosmecanismos específi-cosenvolvidosnafisiopatologiadamiocardiopatiachagásica crónicos.

Nonossoestudofoirealizadaaavaliac¸ãodosíndicesde domíniodetempodaVFCatravésdoHolter24hanteseapós oprogramacontroladodeexercícios.Osresultadosobtidos nesteestudo mostramque,através daanáliseestatística,

os valores de SDNN, pNN50 e rMSSD avaliados se

mos-tramquaseinalterados,nãoobtendosignificânciaestatística (p>0,05),provavelmentepelograndedesviopadrão obser-vado, baixa adesão ao programa pelos pacientes, assim

resultandonumaamostrapequena,oupelocurtoespac¸ode tempoaquefoisubmetidooprograma.

Variabilidade

da

frequência

cardíaca

Na cardiomiopatia hipertrófica, supõe-se que a captac¸ão neuronaldenorepinefrinaestejacomprometidaemfunc¸ão deumadiminuic¸ãodadensidadederecetoresbeta,Iannie Mady21.

A avaliac¸ão da VFC também tem sido bastante

uti-lizada com o objetivo de diagnosticar tanto desordens fisiológicascomopsicológicas,Lopesetal.22.Umgrupode

pesquisadores estudou se a relac¸ão entre autoavaliac¸ões deansiedadeoustress emocionalecomponentes da vari-abilidade da frequência cardíaca que avaliam o sistema nervosoparassimpáticosãoindependentesdapersonalidade eaptidão cardiorrespiratória8.Houveumarelac¸ãoinversa

entreapercec¸ãodostressemocionalduranteasemanade treinamentoe a normalizac¸ão do componente HF daVFC (p=0,038). Essa relac¸ãofoiindependente daidade,sexo, ansiedadeeaptidãocardiorrespiratória.Foiconcluídoque a modulac¸ão vagal no período pareceu ser sensível à experiência recente de estresse emocional persistente, independentedo nível deaptidão físicade umapessoa e disposic¸ãoparaexperimentaraansiedade.Emmedicinado desporto,porexemplo,égeralmenteutilizadaparaavaliar asadaptac¸õesrelacionadascomtreinamentoderesistência, Nevesetal.23,eexercício,Lauria-Piresetal.24.

Adiferenc¸anaVFCentreindivíduostreinadosenão trei-nadostemsidoamplamenteinvestigada.Tantoasvariáveis nodomíniodotempocomonodomíniodafrequênciaestão maisaltasem indivíduostreinados comparadosa sedentá-rios,indicandoqueaVFCémaisaltanessesindivíduos.

AvaliandoosíndicesRMSSD,VLF,LF,HF,umgrupode pes-quisadoresnãoencontrou diferenc¸assignificantes durante orepousoentrehomenssaudáveissedentáriosepacientes comHA e IAM ativos, sugerindo efeitoda atividadefísica sobrea modulac¸ão autonómica desses doentes, Ribeiro e Rocha25. Tal efeito também foi proposto por outros

pes-quisadores, ao analisarem o índice RMSSD em repouso

de coronariopatas ativos e indivíduos saudáveis, em que diferenc¸as significantes também não foram encontradas, Kropf et al.26. Além disso, esses índices também

permi-temverificarainfluênciadefatorescomoidade,Menezes etal.27,sexo,Resendeetal.28 eexercício,Simõesetal.29,

sobreocontroleautonómico.

Variabilidade

da

frequência

cardíaca

e

doenc

¸a

de

Chagas

Sartorietal.30 tiveramcomoobjetivoaavaliac¸ãode

paci-entescomDC usandoasvariáveisdedomínio detempoe defrequência.Foramcomparadosumgrupode81 pacien-tescomDC(47nafaseindeterminada,8dosexomasculino, idademédiade 55,07±10,75anos, e34 na crónica,8do sexomasculino,idade médiade57,46±11,59 anos)e um grupocontrolede24pacientes(7dosexomasculino,idade médiade48,50±13,93anos).

Obtidasasvariáveisdetodososindivíduosatravésdo Hol-ter24h (SDNN,SDNNíndexeSDANN, rMSSD,pNN50,LFe HF),utilizou-seaanálisedevariânciacomotesteestatístico.

(8)

ParaoSDNN,oíndicedeSDANNeoHFnãohouvediferenc¸a estatísticaentreosgrupos (p=0,05).Uma diferenc¸a esta-tísticafoiencontradaentreogrupocontroleeogrupode pacienteschagásicos(indeterminadoecrónico)emrelac¸ão aoSDANNeoLF(p=0,01).Emrelac¸ãoaogrupocontrole, oschagásicosapresentaramasvariáveisrMSSDepNN50com valoresestatisticamentemaiores.Usando aanálise espec-tral,foiobservadaumareduc¸ãonacapacidadedaresposta simpática,bemcomoumadiminuic¸ãoglobaldafunc¸ão

auto-nómica observada pela reduc¸ão do SDANN em ambos os

gruposdepacienteschagásicos.

Resendeetal.28avaliaramafunc¸ãoautonómicacardíaca

em pacientes chagásicos residentes em área endémica, por meio da análise computadorizada da variabilidade dafrequênciacardíaca, 28pacientesidososchagásicos na formaindeterminada, 28 pacientes idosos não chagásicos e28adultosjovens.Nãohouvediferenc¸aestatisticamente significativaentreosgrupos quantoàsdimensõessistólica ediastólicae func¸ãosistólicadoventrículoesquerdo.Não houve diferenc¸a estatisticamente significante entre os grupos quanto à durac¸ão média do intervalo RR. Quanto à variância, desvio padrão, coeficiente de variac¸ão e ao pNN50,houvediferenc¸aestatisticamentesignificanteentre ogrupojovemeosidosos,masnãoentreosgruposidosos. Concluíramque, noestadobasal, osgrupos idosos chagá-sicose nãochagásicos nãodiferiram quantoà modulac¸ão autonómicacardíacanodomíniodotempo.

Outroaspetoimportantearessaltarestánadenervac¸ão intrínseca do sistema nervoso autónomo na doenc¸a de Chagas, fato já observado nos primeiros estudos sobre a DC no Brasil. Köberle, pioneiro estudioso do SNA em chagásicos,adotounosanos50atécnicadacontagem neu-ronal, registando reduc¸ão numérica das células nervosas parassimpáticaseconsiderando,assim,a cardiopatia cha-gásica«parassimpaticopriva»compredomíniodosimpático, Köberle31.

Emestudosdenecropsia,Köberle32,33 eMott34

demons-traramlesõesdosistemanervosointracardíacodepacientes chagásicos e observaram que as estruturas nervosas do corac¸ão podem ser acometidas de forma difusa, algumas vezesinstalando-sedemaneirafocal,nemsempreregular.

TafurieRaso35,emestudoexperimental,demonstraram

os danos provocados pela doenc¸a de Chagas ao sistema nervoso simpático e parassimpático: as lesões

ganglio-nares encontradas envolvem o gânglio como um todo ou

apenas parte dele, afetando as fibras nervosas intra e extraganglionares.

Maistarde,Amorimetal.36,em estudosfarmacológicos

e hemodinâmicos, vão indicar, em pacientes chagásicos, crónicos,queosistemanervososimpáticotambémparece comprometido e tornam evidentea necessidadedenovos estudos para avaliar os neurónios simpáticos de paci-entes com cardiopatia chagásica crónica. Nesse aspeto,

outras doenc¸as que também afetem o SNA podem

com-prometer suas manifestac¸ões clássicas, quando os seus portadores são submetidos ao exercício físico, como por exemploapolineuropatiaamiloidóticafamiliar.

A polineuropatia amiloidótica familiar (PAF), também

conhecida em Portugal como «mal dos pezinhos» é uma

amiloidose sistémica de heranc¸a autossómica dominante, cujo quadro clínico é caracterizado por uma polineuro-patia sensitivo-motora ascendente e por disautonomia.

Observa-senessacondic¸ão umareduc¸ão dadensidadedas fibrasnervosasdoSNA,comoobservadoporSousaetal.37.

Essasobservac¸ões tornampertinente estudosmaisamplos envolvendoambasascondic¸õescitadas,numprograma pro-longadodetreinamentofísicosobsupervisão.

Cunha et al.38 avaliaram o envolvimento do SNA na

patogénese da cardiopatia chagásica crónica. Analisaram 75 pacientes distribuídos através da classificac¸ão de Los

Andesem4grupos(ia,ib,iieiii).Realizoudosagemde nore-pinefrina na urina de 24h coletada de 52 pacientes com cardiopatia chagásica (69%), 12 pacientes cardiopatas de outrasetiologias(classeivNYHA),sendoeste ogrupo con-trole,e10indivíduosnormais.TambémrealizouHolter24h em56pacientes(74,6%)paraanálisedaVFC,sendoos parâ-metros distribuídos de acordo com a classificac¸ão de Los Andese classificac¸ão deLown. Osníveis denorepinefrina foramsignificativamentemaiores(p=0,0001)nogrupo con-trole(cardiopatasnãochagásicos)doquenogrupoiii(CCC). Observou-se diminuic¸ãoda VFC nos pacienteschagásicos, porém sem relac¸ão com a classe funcional. Concluiu-se que os níveis de norepinefrina dos pacientes chagásicos emfaseavanc¸adadecomprometimentocardíaco(grupoiii) não se elevam como na cardiopatia de outras etiologias comsemelhantegraudecomprometimentocardíaco, refle-tindoumprovávelacometimentonervososimpático.AVFC apresentou-sediminuída,porém umdos índicesque refle-temoparassimpático(rMSSDdiaenoite)mostrou-seelevado nogrupodepacientesportadoresdearritmiascomplexas.

Conclusão

Osvalores dos parâmetrosde variabilidade dafrequência cardíaca (SDNN,rMSSDe pNN50)em pacientesportadores decardiopatiachagásicacrónicanesteestudonãose altera-ramcomsignificânciaestatística,anteseapósaintervenc¸ão comumprogramadereabilitac¸ãocardíacadeseismesesde durac¸ão.

Conflito

de

interesses

Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresses.

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