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Direito Empresarial BACEN (área 4) Aula Demonstrativa Prof. Antônio Nóbrega

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Aula Demonstrativa – Direito Empresarial Prof. Antonio Nóbrega

Estimados concurseiros e futuros servidores públicos, apresentamos para vocês, nas linhas a seguir, o nosso Curso de Direito Empresarial, voltado para o concurso para o cargo de Analista do Banco Central, área 4, do quadro de pessoal do Banco Central do Brasil.

O último edital foi publicado em 16 de agosto de 2013 e previa, naquela oportunidade, a remuneração inicial de R$ 13.595,85.

O nosso curso terá como escopo tratar dos tópicos de Direito Empresarial previstos justamente naquele edital e que poderão ser cobrados na prova para o preterido cargo. Optamos por apresentar o conteúdo de modo didático e objetivo, sem prescindir da profundidade necessária para que você, candidato, possa obter uma boa colocação no concurso. Nossa meta é permitir ao aluno a compreensão da matéria na plenitude necessária para garantir a aprovação.

Após estas breves palavras introdutórias, gostaria de me apresentar. Alguns talvez já me conheçam, uma vez que fui professor da matéria referente à Legislação Básica de Seguros para o concurso da SUSEP, Direito Empresarial para o concurso de Auditor Fiscal do DF e de Direito do Consumidor para o Procon-DF e Procon-RJ.

Meu nome é Antonio Carlos Vasconcellos Nóbrega, 36 anos, tenho formação jurídica e moro em Brasília desde 2008.

Ingressei no serviço público em 10 de outubro de 2008, quando tomei posse no cargo de Analista de Finanças e Controle da Controladoria-Geral da União (CGU), umas das chamadas Carreiras Típicas de Estado, após aprovação no respectivo concurso público. Atualmente exerço minhas atribuições no Gabinete do Corregedor-Geral da União, tendo sido designado substituto do Chefe de Gabinete da Corregedoria-Geral da União em seus impedimentos legais.

Dois anos antes, já havia obtido êxito na aprovação no concurso público para provimento do cargo de Especialista em Regulação de Serviços Públicos de Telecomunicações da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).

Na carreira jurídica, durante cinco anos fiz parte dos quadros de um renomado escritório de advocacia que atua no mercado de seguros, quando tive a oportunidade de defender grandes empresas do ramo junto à esfera judicial e administrativa, além de trabalhar na área de Direito do Consumidor.

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Atuei, ainda, no combate à fraude contra o seguro, tendo sido responsável pela coordenação do Departamento Jurídico Criminal do escritório, cuja principal ocupação era identificar possíveis pleitos indenizatórios irregulares e a consequente aplicação da lei ao caso analisado.

Diante da necessidade de constante atualização, cursei e concluí duas pós-graduações, uma em Direito do Consumidor, na Escola de Magistratura do Rio de Janeiro (EMERJ), e outra em Direito Empresarial, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), ainda na cidade do Rio.

Além disso, participei de diversos cursos na Escola Nacional de Seguros - FUNENSEG, por onde publiquei um ensaio sobre o Contrato de Seguro e o Código de Defesa do Consumidor.

Na área acadêmica, tive a oportunidade de coordenar um curso de combate à fraude contra o seguro no Rio de Janeiro, ocasião em que lecionei matérias ligadas ao Direito Civil, Direito e Processo Penal e legislação específica atinente ao universo do seguro.

Amigo candidato, todos sabemos das dificuldades de aprovação em um concurso público, tal como esse que você está prestes a enfrentar. A grande concorrência pelas vagas resulta, inicialmente, em certa apreensão e ansiedade por parte do candidato. Mas você não está sozinho nesta jornada.

Já é hora de pensar que a aprovação é um sonho possível, e que o êxito em um concurso público será a recompensa final pela perseverança e dedicação daqueles que não hesitarem em transpor os obstáculos naturais deste caminho.

Este é o nosso objetivo. Então, vamos aos trabalhos?

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O curso que iremos iniciar será dividido em cinco aulas com os seguintes temas:

Disciplinas Data da divulgação

das apostilas Títulos de crédito I: conceito de títulos de crédito,

características e princípios informadores; classificação dos títulos de crédito.

Títulos de crédito II: títulos de crédito em espécie: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata; endosso, aval, protesto e ação cambial.

24/03/15

Direito societário — parte I: sociedade empresária, conceito, terminologia, ato constitutivo; sociedades simples e empresárias; personalização da sociedade empresária; classificação das sociedades empresárias; sociedade irregular; teoria da desconsideração da personalidade jurídica; desconsideração inversa; regime jurídico dos sócios; sociedade limitada. Tipos societários menores: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações.

31/03/15

Direito Societário — parte II: sociedade anônima, Lei nº 6.404/1976; constituição, objeto, capital social, ações, outros valores mobiliários, acionistas, acordo de acionistas, acionistas minoritários.

07/04/15

Direito Societário — parte III: administração e demais órgãos da sociedade anônima; operações societárias: transformação, incorporação, fusão e cisão; Relações entre sociedades: coligações de sociedades, grupos societários, consórcios, sociedade subsidiária integral, sociedade de propósito específico; dissolução, liquidação e extinção das sociedades.

14/04/15

Prezado candidato, optamos por tratar de assuntos complexos e relevantes em apenas uma ou duas aulas. Tal escolha evidencia-se pela necessidade de que seja dado enfoque nos principais pontos de cada tópico, bem nos que têm maior probabilidade de serem exigidos pela Banca

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Examinadora. Busca-se, assim, evitar que o candidato use seu precioso tempo para estudar matérias que dificilmente serão cobradas no concurso.

Saliente-se, ainda, que a mera apresentação ou menção a artigos, que visem a simplesmente fazer com que o candidato memorize o texto legal, poderá causar alguns problemas no momento da realização da prova, principalmente quando ocorrer o tão temido “branco” em hora de nervosismo.

Torna-se necessária, então, uma leve abordagem doutrinária sobre alguns temas, principalmente aqueles que apresentam especificidades não encontradas usualmente pelos candidatos. Alguns termos e expressões, utilizados na redação das normas, que serão debatidas nas aulas seguintes, exigem um conhecimento pontual para sua total compreensão.

Com uma boa base de conhecimento teórico, será possível ao candidato analisar uma questão e, mesmo que não se recorde com exatidão do texto legal, estará em condições de deduzir qual é a opção correta (ou pelo menos quais respostas estão possivelmente erradas).

Para reforçar o conhecimento que será discutido nas aulas seguintes, serão apresentados exemplos e exercícios comentados, muitos retirados das provas de concursos anteriores.

E então candidato, vamos começar nosso caminho em direção à aprovação?

AULA DEMONSTRATIVA ROTEIRO DA AULA – TÓPICOS

1. Títulos de Crédito.

1.1. Conceito de título de crédito. 1.2. Princípios.

1.2.1. Cartularidade. 1.2.2. Literalidade. 1.2.3. Autonomia. 1.3. Características.

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1.4. Modalidades e classificação dos títulos de crédito. 2. Exercícios.

1. Títulos de crédito

1.1. Conceito de título de crédito

Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo nele mencionado.

Esta definição foi formulada pelo mestre italiano Cesare Vivante e acabou positivada no Código Civil de 2002:

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

Contudo, muito antes desta positivação, a definição já era aceita pela doutrina como a melhor descrição de um título de crédito. Nela estão contidos todos os princípios formuladores do Direito Cambiário: os princípios da cartularidade, literalidade e autonomia.

Esta definição é tão perfeita que, por si só, já basta para conceituar os títulos de crédito, e o aprofundamento desta definição será feito quando estudarmos os princípios e características dos títulos de crédito a seguir.

Uma observação, porém. O crédito referido na definição é uma quantia pecuniária. Embora haja certos títulos de créditos, classificados como impróprios, cujo direito nele constante refira-se a obrigações de fazer ou dar coisa diferente de dinheiro, a doutrina entende que o crédito constante em um título de crédito próprio é sempre dinheiro.

Outro ponto que merece ser mencionado refere-se ao objetivo dos títulos de crédito. Estes são instrumentos de circulação de riquezas, o que se tornará mais claro quando estudarmos os tópicos a seguir.

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1.2.1. Cartularidade

Como podemos ver na definição supra, os títulos de crédito são documentos. Ademais, são documentos necessários para o exercício de um direito. Desta necessidade aduz-se o princípio da cartularidade: somente quem possui a cártula — o documento — pode pretender que o direito nela contido seja satisfeito.

Este princípio irá gerar várias regras a respeito dos títulos de crédito, assim como dele emanará várias de suas características. Um exemplo é a obrigatoriedade de se instruir a petição inicial de execução com o original do título de crédito a ser cobrado. Vejamos o seguinte artigo do Código de Processo Civil:

Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial:

I - com o título executivo extrajudicial [...].

Os títulos de créditos, classificados como próprios — a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata e o cheque —, são títulos executivos extrajudiciais, como determina o Código de Processo Civil:

Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque [...].

Em síntese, o princípio da cartularidade implica que os títulos de crédito devem ser materializados em um documento tangível, isto é, físico. Embora a doutrina e a lei, com o objetivo de atualizar-se diante dos avanços tecnológicos, a questão dos títulos de créditos virtuais é algo que ainda é debatido.

A lei não obriga que o título de crédito materialize-se em um documento necessariamente de papel, mas deve ser algo que, por exemplo, possa ser anexado a uma petição inicial; que possa ser entregue ao devedor, quando este quitar a dívida; que possa ser entregue a terceiro, quando o título for negociado.

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Esta exigência, como se vê, está intimamente ligada à circulação de riquezas. Se o título de crédito não for um documento que possa circular, seu objetivo não será atendido. A partir do momento em que se possa circular títulos de créditos virtuais com segurança, estes poderão ser considerados como tais, pois atenderão ao objetivo do Direito Cambiário.

1.2.2. Literalidade

O princípio da literalidade, embora seja autônomo, guarda certa relação com o princípio da cartularidade. Se o título de crédito é o documento necessário para a satisfação de um crédito, neste documente devem estar contidos todos os dados para a satisfação deste crédito.

Desta inferência lógica surge o princípio da literalidade. Um credor não pode exigir mais do que está descrito em um título de crédito, assim como um devedor não pode pagar menos. Caso a quitação seja parcial, esta deverá ser descrita no próprio título. Da mesma forma, endossos, avais e aceites — institutos que veremos no decorrer de nossa aula — também deverão estar contidos no documento que materializa o título de crédito.

Disto infere-se que o título de crédito não é apenas um documento necessário, mas suficiente para o exercício de um direito creditício. Como todo este direito está descrito na cártula, nada mais é necessário para que ele seja exercido.

Em síntese, a melhor frase que exemplifica este princípio é vale o que está no título. Assim como se diz, no direito processual, que o que não está nos autos não está no mundo, podemos dizer que o que não está no título não está no mundo, pelo menos, no mundo jurídico.

O título pode até conter disposições sobre a incidência de juros e correção monetária, mas estas correções devem ser feitas por meros cálculos aritméticos, não necessitando a consulta de qualquer outro documento.

Mais uma vez, este princípio guarda relação com o objetivo dos títulos de crédito: a circulação de riquezas. Se para isto fosse necessário outro documento ou obter dados contidos em algum outro lugar, a circulação de riquezas estaria prejudicada.

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Também de acordo com a suficiência dos títulos de crédito, surge o princípio da autonomia. Isto significa que cada obrigação cambiária é autônoma — independente — de qualquer outra obrigação cambiária — mesmo que contidas na mesma cártula —, assim como é independente de qualquer outro tipo de obrigação como, por exemplo, uma obrigação civil.

Em sentido estrito, a autonomia significa que as obrigações contidas em um mesmo título — endossos e avais —, mesmo que invalidadas, não prejudicam as demais.

Em sentido amplo, surgem dois subprincípios: o da abstração e o da inoponibilidade.

Segundo o princípio da abstração, uma obrigação cambiária torna-se autônoma — independente — da obrigação que deu ensejo ao título de crédito.

Por exemplo, imaginemos que A venda o bem X para B a crédito e este emite uma nota promissória em favor de A no valor da venda, documentando a dívida. Esta nota é transferida para C que passa a ser seu titular. Pelo subprincípio da abstração, mesmo que a venda seja invalidada, a obrigação cambial persiste e C poderá cobrar a dívida de B.

O subprincípio da inoponibilidade decorre desta mesma situação. Quando C propuser ação de execução contra B, se aquele estava de boa-fé, este não poderá alegar que o contrato de compra e venda com A foi desfeito.

Por isso, alguns doutrinadores chamam este subprincípio por um nome mais completo: inoponibilidade a terceiros de boa-fé. Isto significa que, em uma ação de execução, o devedor não pode opor exceções no que tange terceiros alheios a ela, diferentemente, como ocorre em uma cessão civil de crédito.

Por questões de economia processual, um devedor poderá até opor exceções diretas àquele que lhe cobra — por exemplo, caso C fosse devedor de B em alguma outra relação jurídica —, mas isto é uma questão muito mais processual civil do que cambiária.

Princípios dos títulos de crédito

Cartularidade O título de crédito deve materializar-se em um

documento tangível e concreto.

Literalidade O direito contido em um título de crédito deve

ser expresso literalmente, não podendo o credor exigir mais do que isto nem o devedor pretender pagar menos.

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Autonomia As obrigações contidas em um título de crédito são autônomas entre si e a invalidade de uma não afeta outra.

As obrigações contidas em um título de crédito são independentes de qualquer outra obrigação do mundo jurídico.

O devedor não pode opor exceções pessoas que tenha contra o emitente do título de crédito ao terceiro credor de boa-fé.

1.3. Características

Prezado candidato, destes princípios e do objetivo central dos títulos de crédito decorrem várias características. A primeira decorre diretamente do objetivo de circular riqueza: a negociabilidade. Um título de crédito é negociável, por seu portador, a qualquer pessoa capaz de efetuar negócios jurídicos. Por isso são chamados títulos de circulação.

Esta característica não é exclusiva dos títulos de crédito. Qualquer bem que não seja personalíssimo ou haja vedação em lei pode ser negociado, mas os princípios da cartularidade, literalidade e autonomia fazem com que estes títulos tenham outra característica que facilita a circulação dos mesmos: a executividade.

Mais uma vez, a executividade não é exclusiva dos títulos de crédito. O art. 585 do CPC contém oito incisos sobre títulos executivos extrajudiciais e os títulos de crédito constam em apenas um deles. Contudo, devido aos seus outros princípios, os títulos cambiários são muito mais facilmente executados pelo fato de que as defesas contra eles são muito mais limitadas.

Outra característica, como já vimos, pelo menos no que tange os títulos executivos próprios, é o fato do direito estar sempre expresso em um crédito pecuniário — o que também facilita a executividade. Neste sentido, são também chamados títulos de resgate.

Também podemos citar como características o fato dos títulos de crédito serem documentos formais. A lei sempre irá ditar certas características que o documento que materializa a obrigação cambiária deve conter, sem os quais será inválido. A obrigação poderá até ser cobrada, mas será necessário ajuizar processo de conhecimento e o documento não será considerado um título de crédito, mas apenas uma prova documental.

Os títulos de crédito também possuem a característica de bens móveis, como se aduz dos arts. 82 e 83 do Código Civil.

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Outra importante característica é o fato dos títulos de crédito serem obrigações quesíveis, nas quais é dever do credor cobrar do devedor a importância devida, ao contrário das obrigações portáveis.

Pelo princípio da autonomia, os títulos de crédito, em regra, têm natureza pro solvendo, ou seja, não extinguem a obrigação originária que deu ensejo ao título. Caso contrário, seriam pro soluto.

Em razão do princípio da cartularidade, são chamados de títulos de apresentação, pois esta é necessária para o exercício do direito contido na cártula.

Por último, a doutrina considera que os títulos de crédito possuem natureza essencialmente comercial, embora isto seja discutível, pois qualquer particular pode, por exemplo, documentar um empréstimo em uma nota promissória, mesmo que não sejam comerciantes ou empresários.

Características dos títulos de crédito Negociabilidade: são títulos de circulação.

Executividade: são títulos executivos.

Obrigações creditícias, expressas em dinheiro: são títulos de resgate.

Documentos formais. Bens móveis.

Obrigações quesíveis. Natureza pro solvendo. Títulos de apresentação. Natureza comercial.

1.4. Modalidades e classificação dos títulos de crédito

A doutrina apresenta quatro modalidades ou critérios de classificação dos títulos de crédito: quanto ao modelo, quanto à estrutura, quanto à circulação e quanto às hipóteses de emissão. A isto podemos somar a divisão entre títulos próprios e impróprios.

Os títulos impróprios são os que não estampam obrigações pecuniárias ou não possuem natureza estritamente cambiária. A doutrina mais radical considera como títulos próprios somente a letra de câmbio e a nota promissória,

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mas, hoje em dia, principalmente pelo que dispõe a lei, o cheque e a duplicata também são considerados títulos de créditos próprios.

Quanto ao modelo, embora os títulos de crédito sejam documentos formais, em relação a alguns deles, fora as características impostas pela lei, seus modelos podem tomar qualquer forma. Já outros devem obedecer a um modelo específico definido pela ou algum órgão ou entidade regulamentador. São de modelo livre a nota promissória e a letra de câmbio, enquanto possuem modelo vinculado o cheque e a duplicata.

No que diz respeito à estrutura, esta se divide em ordens de pagamento e promessas de pagamento. A nomenclatura é autoexplicativa: na ordem de pagamento, quem saca o título de crédito determina que um terceiro efetue o pagamento em favor do beneficiário; na promessa de pagamento, o próprio sacador promete efetuar o pagamento ao beneficiário, nas condições expressas no título.

Quanto às hipóteses de circulação, esta classificação divide-se em ao portador, nominais à ordem, nominais não à ordem e nominativas.

O título ao portador é aquele cujo possuidor é o titular do direito nele expresso, ou seja, quem detém o título é o titular de seus direitos. Esta modalidade está em desuso no Direito Brasileiro. Teoricamente, o cheque pode ser um título ao portador, mas a lei limita esta possibilidade ao valor máximo de cem reais.

O título nominal é mais comum, dividindo-se em dois tipos, que são estabelecidos por cláusulas no próprio título. O nominal à ordem é o título é o padrão e pode circular por endosso, instrumento de circulação cambiária. O título não à ordem veda o endosso e perde a característica de circulação cambiária, podendo circular apenas por meio de cessão de crédito civil.

Os títulos nominativos são previstos no Código Civil, em seu art. 921, e estabelece que são títulos cujo beneficiário consta em um livro de registro, o que faria o título perder sua autonomia. Para a cessão de crédito, esta só poderia ocorrer por termo no livro de registro, assinado pelo emitente e pelo adquirente. Os dispositivos do Código Civil, porém, não são utilizados na prática.

Parte da doutrina sequer considera esta classificação, por não haver nenhum título de crédito próprio que se enquadre nela. Como a mesma doutrina que adota esta posição considera que os títulos de crédito impróprios, na verdade, não são títulos de crédito, a classificação é ignorada.

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No que tange às hipóteses de emissão, os títulos dividem-se em causais e abstratos. Esta classificação, porém, confunde-se com o subprincípio da abstração e é preferível a discriminação entre títulos de emissão condicionada e de emissão não condicionada.

Esta condição refere-se às hipóteses em que a lei autoriza a emissão do título. Desta forma, o não condicionado pode ser emitido livremente, enquanto o condicionado só pode ser emitido nas hipóteses permitidas pela lei. Alguns autores acrescentam a esta classificação o conceito de títulos limitados, que são aqueles que podem ser emitidos em qualquer hipótese, exceto as vedadas em Lei.

Dos títulos de crédito próprio, somente a duplicata tem sua emissão condicionada. Este título só pode ser emitido para a documentação de crédito oriundo de compra e venda mercantil, daí o seu nome. A letra de câmbio, por sua vez, sofre limitação, pois a Lei das Duplicatas veda a emissão deste título nas hipóteses em que é possível a emissão de duplicata.

Vistas estas modalidades de classificação, agora podemos sintetizar estes conceitos em uma tabela classificatória dos títulos de crédito.

Excluímos desta tabela a divisão entre títulos de crédito próprios e impróprios, já que não faz parte da classificação doutrinária padrão. Basta o candidato lembrar que os títulos próprios são a letra de câmbio, a nota promissória, o cheque e a duplicata.

Nesta tabela não serão tratados os títulos impróprios, pois ela tornar-se-ia muito extensa. As peculiaridades deste título serão tratadas na seção própria.

Classificações dos títulos de crédito

Quanto ao modelo Livres Nota promissória e letra de câmbio

Vinculados Cheque e duplicata

Quanto à estrutura Ordem de pagamento Letra de câmbio, cheque e duplicata Promessa de pagamento Nota promissória

Quanto à circulação Ao portador Cheque até o limite de R$ 100,00 (transmissão por tradição)

Nominal à ordem Todos, em regra (transmissão por

tradição + endosso)

Nominal não à ordem Todos, quando expressa (transmissão por cessão de crédito civil)

Nominativos Nenhum (parte da doutrina não

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Quanto à emissão Abstratos

(não condicionados)

Nota promissória e cheque

Limitados Letra de câmbio

Causais

(condicionados)

Duplicata

Então, por hoje é só, sugiro que esta e as próximas aulas tenham um papel de destaque dentro do plano de estudo do candidato, sem que se esqueça da necessária leitura do texto legal insculpido na legislação.

Adiante, bem como nas aulas seguintes, são apresentados alguns exercícios por nós elaborados ou retirados de outros concursos públicos, de modo que seja compreendida a forma como a matéria pode ser tratada no desafio que se aproxima.

Peço a atenção de vocês para que não hesitem na utilização de nosso fórum de dúvidas, para que aquele importante instrumento se torne um espaço de debate e consolidação dos conhecimentos que serão abordados em nossos próximos encontros.

Por ora, me despeço, esperando encontrar-lhes muito em breve, para que possamos conversar mais a respeito deste fascinante e desafiador tema.

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2. Exercícios.

a) A afirmação de que só quem exibe o título pode pretender a satisfação da

obrigação nele representada corresponde ao princípio da pessoalidade (CESPE – 2012 – TJ-RO – Analista Processual – Adaptada).

b) Enquanto estiver em circulação, só o título de crédito poderá ser dado em

garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não separadamente os direitos ou mercadorias que ele represente (CESPE – 2012 – TJ-PI – Juiz – Adaptada).

c) O conceito mais clássico de título de crédito, praticamente reproduzido no

artigo 887 do Código Civil, foi elaborado por Tullio Ascarelli (CESPE – 2012 – TJ-PI – Juiz – Adaptada).

d) De acordo com princípio da abstração, se o título de crédito é posto em

circulação, ele se desvincula do negócio jurídico subjacente, do qual se originou (CESPE – 2011 – IFB – Professor – Direito).

e) De acordo com o princípio da literalidade, é nula a obrigação cambial

representada por título de crédito emitido com omissões ou em branco (CESPE – 2011 – IFB – Professor – Direito).

f) Quanto ao conteúdo da obrigação que representa, o título de crédito não se

distingue dos demais documentos representativos de direitos e obrigações, sendo possível, portanto, documentar, em um título de crédito, obrigações de dar, fazer ou não fazer (CESPE – 2011 – TJ-ES – Juiz – Adaptada).

g) De acordo com a doutrina, o princípio da literalidade tem consequências

favoráveis e contrárias tanto para o credor quanto para o devedor, o qual não será obrigado a mais do que estiver mencionado no documento (CESPE – 2011 - TJ-ES – Juiz – Adaptada).

h) A cartularidade, a literalidade, a autonomia e a possibilidade de abatimento

de juros remuneratórios mediante resgate do título à vista, são princípios gerais que incidem em todas as espécies de títulos de crédito (CESPE – 2009 – SECONT-ES – Auditor do Estado).

i) O título de crédito à ordem não traz inscrito na cártula o nome do beneficiário

do crédito, permitindo-se que o pagamento se faça àquele que apresentá-lo e exigir o cumprimento da obrigação (CESPE – 2008 – TJ-SE – Juiz – Adaptada).

j) O título de crédito causal representa obrigações desvinculadas do negócio

jurídico que deu origem à cártula, permitindo-se considerar, quando o título é posto em circulação, apenas a existência da obrigação cambial, representada

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por uma cártula e seu conteúdo. Por isso, para que seu titular exerça o direito de crédito dele emergente, basta a apresentação do título (CESPE – 2007 – MPE-AM – Promotor de Justiça – Adaptada).

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GABARITO: a) ERRADO b) CERTO c) ERRADO d) CERTO e) ERRADO f) ERRADO g) CERTO h) ERRADO i) ERRADO j) ERRADO COMENTÁRIOS:

a) A afirmação de que só quem exibe o título pode pretender a satisfação da

obrigação nele representada corresponde ao princípio da pessoalidade (CESPE – 2012 – TJ-RO – Analista Processual – Adaptada).

Comentário: Pessoalidade não constitui um princípio do Direito Cambial. Esta

afirmação diz respeito ao princípio da cartularidade que, como vimos, implica que os títulos de crédito devem ser materializados em um documento tangível, isto é, físico e tem, como consequência, o art. 614 do Código de Processo Civil:

Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor e instruir a petição inicial:

I - com o título executivo extrajudicial [...].

b) Enquanto estiver em circulação, só o título de crédito poderá ser dado em

garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não separadamente os direitos ou mercadorias que ele represente (CESPE – 2012 – TJ-PI – Juiz – Adaptada).

Comentário: embora estas questões processuais estejam fora do escopo de

nossa aula demonstrativa, o prezado concurseiro pode inferir, pelo princípio da

autonomia, que esta proposição está correta, pois este princípio que cada obrigação cambiária é autônoma — independente — de qualquer outra obrigação cambiária — mesmo que contidas na mesma cártula —, assim como é independente de qualquer outro tipo de obrigação como, por exemplo, uma obrigação civil.

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c) O conceito mais clássico de título de crédito, praticamente reproduzido no

artigo 887 do Código Civil, foi elaborado por Tullio Ascarelli (CESPE – 2012 – TJ-PI – Juiz – Adaptada).

Comentário: esta proposição está errada, pois, como vimos em nossa aula,

esta conceitualização dos títulos de crédito foi proposta por Cesare Vivante.

d) De acordo com princípio da abstração, se o título de crédito é posto em

circulação, ele se desvincula do negócio jurídico subjacente, do qual se originou (CESPE – 2011 – IFB – Professor – Direito).

Comentário: a proposição é correta e diz respeito ao princípio da

autonomia, como vimos anteriormente.

e) De acordo com o princípio da literalidade, é nula a obrigação cambial

representada por título de crédito emitido com omissões ou em branco (CESPE – 2011 – IFB – Professor – Direito).

Comentário: a afirmação está errada, pois, de acordo com este princípio, um

credor não pode exigir mais do que está descrito em um título de crédito, assim como um devedor não pode pagar menos. Isto, todavia, não implica que um título emitido com omissões ou em branco seja nulo. As minúcias jurídicas desta questão serão vistas na nossa próxima aula; o caro concurseiro, porém, pode inferir de sua experiência prática o porquê desta afirmação estar errada: quando alguém emite um cheque em brando, este não é nulo e pode ser preenchido, de boa-fé (mas com o ônus da prova do emitente), até ser sacado.

f) Quanto ao conteúdo da obrigação que representa, o título de crédito não se

distingue dos demais documentos representativos de direitos e obrigações, sendo possível, portanto, documentar, em um título de crédito, obrigações de dar, fazer ou não fazer (CESPE – 2011 – TJ-ES – Juiz – Adaptada).

Comentário: esta proposição está errada, pois, como vimos: o crédito referido

na definição dos títulos de crédito é uma quantia pecuniária. Embora haja certos títulos de créditos, classificados como impróprios, cujo direito nele constante refira-se a obrigações de fazer ou dar coisa diferente de dinheiro, a doutrina entende que o crédito constante em um título de crédito próprio é sempre dinheiro.

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g) De acordo com a doutrina, o princípio da literalidade tem consequências

favoráveis e contrárias tanto para o credor quanto para o devedor, o qual não será obrigado a mais do que estiver mencionado no documento (CESPE – 2011 - TJ-ES – Juiz – Adaptada).

Comentário: pelo que já vimos anteriormente, esta afirmação está correta.

Repetindo, a melhor frase que exemplifica este princípio é vale o que está no título. Assim como se diz, no direito processual, que o que não está nos autos não está no mundo, podemos dizer que o que não está no título não está no mundo, pelo menos, no mundo jurídico.

h) A cartularidade, a literalidade, a autonomia e a possibilidade de abatimento

de juros remuneratórios mediante resgate do título à vista, são princípios gerais que incidem em todas as espécies de títulos de crédito (CESPE – 2009 – SECONT-ES – Auditor do Estado).

Comentário: A proposição está errada. A cartularidade, a literalidade e a

autonomia, são princípios gerais que incidem em todas as espécies de títulos

de crédito, mas a possibilidade de abatimento de juros remuneratórios mediante resgate do título à vista, não!

i) O título de crédito à ordem não traz inscrito na cártula o nome do beneficiário

do crédito, permitindo-se que o pagamento se faça àquele que apresentá-lo e exigir o cumprimento da obrigação (CESPE – 2008 – TJ-SE – Juiz – Adaptada).

Comentário: Afirmação também errada, pois esta descrição diz respeito ao

título ao portador, que é aquele cujo possuidor é o titular do direito nele expresso, ou seja, quem detém o título é o titular de seus direitos.

j) O título de crédito causal representa obrigações desvinculadas do negócio

jurídico que deu origem à cártula, permitindo-se considerar, quando o título é posto em circulação, apenas a existência da obrigação cambial, representada por uma cártula e seu conteúdo. Por isso, para que seu titular exerça o direito de crédito dele emergente, basta a apresentação do título (CESPE – 2007 – MPE-AM – Promotor de Justiça – Adaptada).

Comentário: Proposição novamente errada. O título de crédito causal ou de

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quais a lei permite, como é o caso da duplicata mercantil, que será vista em nossa próxima aula.

Bibliografia

BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 8 ed. rev., aum. e atual. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 17 ed. Rio de Janeiro: ed.Lumen Júris, 2007.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 10 ed. rev. e atual., São Paulo: Saraiva, 2007.

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Referências

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