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PRIMATAS DO JAPÃO: ASPECTOS BIOLÓGICOS E EVOLUTIVOS

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Academic year: 2021

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Minicurso:

PRIMATAS DO JAPÃO: ASPECTOS

BIOLÓGICOS E EVOLUTIVOS

Ministrantes/Discentes: Ana Silveira de Souza

Bianca Bigatti

Tutora do grupo PET-Biologia: Profa. Dra. Cibele Marli Cação Paiva Gouvêa

Alfenas-MG

2018

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Universidade Federal de Alfenas. Unifal-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 700. Alfenas/MG.

CEP 37130-000

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1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO JAPÃO E OCUPAÇÃO DAS ESPÉCIES

O Japão é um arquipélago de condições ambientais bastante desafiadoras para a sobrevivência dos animais. Sua história geológica passa por ciclos repetidos de fragmentação e reagrupamento, e atualmente o Japão é caracterizado por ser uma zona de gelo e fogo, com um clima extremo, um dos invernos mais rigorosos do planeta, ao mesmo tempo que se encontra em uma região de encontro de placas, apresentando um elevado índice de vulcanismo. Essas condições extremas trazem dificuldades para a adaptação das espécies, sobretudo das recém chegadas às ilhas, que precisam desenvolver características e comportamentos evolutivos que permitem sua sobrevivência.

2 SUCESSO ADAPTATIVO DO MACACO JAPONÊS

Das espécies recém-chegadas destaca-se o Macaco-Japonês (Macaca fuscata). Acredita-se com base em registos moleculares que o Macaco-Japonês derive de Macacos Cinomolgos da China e/ou de Tawian, e que estes tenham chegado ao Japão cerca de 500mil anos atrás, migrando a partir do continente asiático. Ele

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destaca-se das demais espécies recém-chegadas por ser o mais bem adaptado ao ambiente japonês, ocupando uma distribuição muito vasta, desde a costa das ilhas até florestas em elevadas altitudes.

2.1 Estratégias comportamentais

Esse sucesso adaptativo é ainda mais impressionante se considerar que esses macacos derivam de uma família de climas quentes, sendo que a maioria dos primatas tende a ocupar regiões equatoriais.

Para sobreviver aos rigorosos invernos do Japão, o macaco japonês desenvolveu comportamentos evolutivos peculiares. A grande capacidade de comunicação e imitação dos primatas os ajudou nesse processo de sobrevivência, sendo que no passado alguns indivíduos comportaram-se de uma forma que favoreceu sua adaptação às condições extremas e os demais imitaram, fazendo com que os comportamentos de sucesso evolutivo se propagassem. Como exemplo desses comportamentos temos uma estratégia de fuga do frio, onde as fêmeas alfa conduzem o bando até piscinas de água quente, derivadas de fontes quentes vulcânicas, as Jigokudani. Eles também aprenderam a mergulhar, como uma estratégia de procura de alimento no assoalho, capacidade incomum entre os macacos.

2.2. Estratégias de alimentação

Outras estratégias de sobrevivência associadas à alimentação foram desenvolvidas por eles durante períodos de frio intenso, onde há escassez de alimento. Entre elas, está a procura de sementes – faias – abaixo das camadas de neve, que muitas vezes é a única fonte de sustento para a sobrevivência, ou em algumas regiões a busca por algas e frutos do mar em áreas costeiras. Eles também desenvolveram o comportamento de alimentar-se de insetos, larvas aquáticas, flores, e até galhos de árvores. No outono, o frio não é uma barreira tão forte mais, mas ainda não há frutos e castanhas suficientes, então os macacos-japoneses tem o hábito cultural de subir até o alto das montanhas onde há mais recursos. Vale ressaltar que essas estratégias de alimentação são lideradas por fêmeas alfa, e esses comportamentos

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de sucesso foram desenvolvidos em algum momento da história e continuam sendo passados de geração para geração.

2.3 Adaptações fisiológicas

A adaptação para as adversidades ambientais encontradas no Japão não foram apenas comportamentais, se deram no âmbito fisiológico também. Os macacos-japoneses tem um corpo maior e com uma camada mais espessa de pelos e gordura com relação aos seus ancestrais, os macacos cinomolgos. Imagina-se que em algum momento da história, em um período de glaciação, houve o congelamento do oceano que separava o Japão do resto continente asiático, e alguns macacos cinomolgos migraram para o arqueólogo diante do desaparecimento dessa barreira geográfica. Após essa migração e ocupação do novo habitat, surgiram em alguns macacos cinomolgos diferentes características fisiológicas que foram favorecidas pela seleção natural, às quais permitiram uma melhor adaptação ao frio e neve desconhecidos por eles até então. A evolução dessas características resultou nos macacos-japoneses como conhecemos atualmente.

2.4 Comportamento sexual e estratégias de reprodução

O período de reprodução dos macacos-japoneses acontece durante o Outono. Dessa forma os filhotes nascem durante a Primavera, que é o período mais farto de recursos, assegurando uma maior chance de sobrevivência. É também nesse período que esses animais recuperam o peso perdido no inverno e que as mães acumulam reservas, para que futuramente possam garantir o seu sustento e o da prole.

Além do cuidado maternal, na época de reprodução das fêmeas, há um cuidado dos filhotes do grupo pelos líderes e sub-líderes machos que se importam com eles. Não há em macacos-japoneses uma relação específica entre filhote e pai biológico, sendo que esses machos que assumem esse cuidado paternal não necessariamente são os genitores.

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3 ESTRUTURA SOCIAL E COMPORTAMENTO

Segundo KAWAI, M. Cientistas japoneses, com o objetivo de estudar o funcionamento do sistema social desses macacos, ofereciam alimento e observavam o grau de alimentação, pois esses macacos refletem no âmbito alimentar a sua estrutura social. Para esse estudo, analisou-se a ordem dos indivíduos que:

1. Pegavam o alimento primeiro 2. Checavam esse alimento

3. Passavam para os subalternos analisarem 4. Se alimentavam em ordem de posição social

A partir dessas observações, percebeu-se que a estrutura social é diferenciada em dois segmentos, influenciados e não influenciados pelos líderes,

Quando influenciada pelos líderes, o macho líder é que tem a prioridade de alimentação, seguido pelo sub-líder. A fêmea alfa associada ao líder também apresenta privilégios, mas quando o líder não está presente e o sub-líder assume o comando, ela perde esse privilégio.

Quando não influenciada pelos líderes, todas as categorias que se classificam abaixo das fêmeas alfa são subalternos e se alimentam posteriormente.

Nesse estudo foi constatado ainda que as relações de parentesco entre esses macacos são evidenciadas pela co-alimentação, onde os indivíduos de posição hierárquica mais elevada toleram que seus parentes subalternos se alimentem ao seu lado, ou esperem sua vez para se alimentar ou ainda se alimentem das suas sobras.

4 MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS GERADAS PELO CONTATO DIRETO COM HUMANOS

Após o contato com os seres humanos, a alimentação dos macacos foi sendo alterada gradualmente. Em uma pesquisa realizada em um grupo de macacos-japoneses selvagens de Takasaki-Yama durante alguns anos, verificou-se que

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existia certa resistência inicial em aceitar os alimentos oferecidos por humanos, mas com o tempo acabavam comendo. Os testes foram feitos a priori com frutas e verduras, depois com doces e por fim alimentos processados. Essa mudança alimentar foi influenciada também pelo sexo e idade dos macacos; as fêmeas apresentaram maior porcentagem de aceitação a esses alimentos comparados aos machos, e as mais jovens mais ainda. Essa maior receptividade a alimentos diferentes pelas fêmeas pode ser explicada pelo fato do cuidado maternal exigir uma espessa camada de reserva energética que garante o bem estar e sobrevivência da prole. Os bebês consequentemente também mostraram essa maior aceitação, visto que esse comportamento é passado das mães para os filhotes.

5 ATIVIDADE PRÁTICA

Será proposto que os participantes do minicurso se dividam em grupos para discutirem sobre as seguintes situações:

 Quais adaptações fisiológicas esses animais poderiam desenvolver futuramente frente às mudanças climáticas e impactos ambientais causados pelo homem?

 Quais mudanças comportamentais esses animais apresentarão se permanecerem em contato direto por humanos?

 Sabendo que futuramente, diante das atuais nuances ambientais, o planeta apresentará uma mudança nos padrões de clima e vegetação, como você imagina que essa espécie macaco-japonês (Macaca fuscata) estará distribuída biogeográficamente?

O objetivo dessa atividade é discutir às possíveis adaptações desses macacos diante de novas situações ambientais, pensando em questões evolutivas e biogeográficas, além de refletir sobre os impactos da ação humana sobre espécies endêmicas como o macaco-japonês (Macaca fuscata). Ao final da atividade demonstraremos modelos que estimarão essas possíveis situações e estabelecerão comparações entre a distribuição atual e futura desses animais.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Documentário Animal Planet: Planeta Mutante- Japão https://www.dailymotion.com/video/x3jotu9

DUBOIS, M. J.et al. Adaptação do comportamento animal e mundos emergentes.

Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 14, n. 3, p. 581-587, 2001.

ITANI, J. On the acquisition and propagation of a new food habit in the natural group of the Japanese monkey at Takasaki – Yama. Primates, v. 1: n. 2, p. 84-98. 1958https://doi.org/10.1007/BF01813697.

ITANI, J. Paternal care in the wild Japanese monkey, Macaca fuscata fuscata.

Primates, v. 2, n. 1, p. 61-93, 1959.

KAWAI, M. On the rank system in a natural group of Japanese monkey (I). Primates, v. 1, n. 2, p. 111-130, 1958.

Referências

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