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INGRID GONZE LEITE PREVALÊNCIA DE INCAPACIDADE FUNCIONAL E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS DE JUIZ DE FORA, MG

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INGRID GONZE LEITE

PREVALÊNCIA DE INCAPACIDADE FUNCIONAL E FATORES

ASSOCIADOS EM IDOSOS DE JUIZ DE FORA, MG

JUIZ DE FORA 2011

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INGRID GONZE LEITE

PREVALÊNCIA DE INCAPACIDADE FUNCIONAL E FATORES

ASSOCIADOS EM IDOSOS DE JUIZ DE FORA, MG

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Fisioterapia, área de concentração: Saúde do Idoso, da Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia

Orientadora: Profa. Drª. Isabel Cristina Gonçalves Leite

Co-orientadora: Profa. Mst. Danielle Teles da Cruz

JUIZ DE FORA 2011

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Leite, Ingrid Gonze.

Prevalência de incapacidade funcional e fatores associados em idosos de Juiz de Fora, MG / Ingrid Gonze Leite. – 2009.

80 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)— Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011.

1. Idoso. 2. Qualidade de Vida. I. Título.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço...

A Deus,

Pois veio Dele toda a força, coragem e inspiração tão necessárias durante a caminhada.

Aos meus pais e ao meu irmão,

Que são a fonte de amor que me cerca... obrigada por todo apoio e incentivo.

Aos amigos da faculdade,

Que dividiram comigo momentos difíceis e não me deixaram desistir! Que me disseram simples palavras e que nem imaginam o quanto foram importantes! Em especial à Jana, querida amiga de todos os momentos! Dupla sempre presente...

Aos amigos que não são da fisio...

Que me deram apoio, ouviram reclamações e desabafos e sempre deixaram uma palavra de carinho. Em especial à Abna, à Ana Paula e ao Pablo por simplesmente serem amigos...

À Danielle e à Isabel,

Pela seriedade e competência com que conduziram o trabalho.

E a todos aqueles que de alguma forma colaboraram para que tudo isso fosse possível.

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RESUMO

O envelhecimento da população mundial traz diversas consequências e desafios para os sistemas de saúde. No Brasil, a rapidez com que o processo vem ocorrendo provoca mudanças tanto na estrutura etária da população quanto na estrutura epidemiológica. Doenças que são comuns aos idosos ganham maior importância e, as alterações que estas provocam na saúde de um indivíduo passam a ser alvo de pesquisas, na busca de estratégias para atender essa nova demanda. Nesse contexto, a capacidade funcional surge como um importante indicador de saúde do idoso. Diversos fatores podem ser determinantes de uma capacidade funcional adequada, entre eles as morbidades, fatores socioeconômicos, demográficos e culturais. Conhecer tais fatores nos permite traçar um perfil do idoso e assim auxiliar para que os projetos e políticas voltadas para esse grupo sejam mais específicos e eficazes. O objetivo desse estudo foi verificar a prevalência de incapacidade funcional em idosos na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais e analisar os fatores sociodemográficos a ela associados. Trata-se de um estudo transversal, que fez uso do Banco de Dados pertencente ao projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz De Fora, MG. A amostra foi constituída de 324 indivíduos, com 60 anos ou mais, de ambos os sexos, não institucionalizados, residentes na Zona Norte de Juiz de Fora. A capacidade funcional foi avaliada através da aplicação das escalas de Katz modificada e Lawton e Brody, que avaliaram, respectivamente, as ABVD e AIVD. O perfil sociodemográfico foi construído através da aplicação de um questionário semi-estruturado. A análise dos dados foi feita no software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 14.0, sendo o nível de significância de 5%. Foram obtidas as freqüências absolutas e relativas das variáveis de interesse. A associação entre cada uma das variáveis independentes com as variáveis dependentes foi verificada através da utilização do teste Qui-quadrado (χ²) e obtenção das razões de prevalência bruta (RPbruta). Na análise dos resultados, encontrou-se a prevalência de incapacidade funcional entre os idosos de 2,5% para as ABVD e de 7,1% para as AIVD. Na análise bivariada encontrou-se associação entre incapacidade funcional para AIVD e idade superior a 80 anos (p<0,001). Não foram observadas associações entre os demais fatores sociodemográficos e a incapacidade funcional. A associação encontrada entre idade e incapacidade funcional reforça a necessidade

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de ações, principalmente de prevenção, na tentativa de prolongar ao máximo a independência e a funcionalidade do geronte, uma vez que esses constituem peça chave para que o indivíduo se sinta feliz e integrado na sociedade em que vive.

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ABSTRACT

The aging world population brings various consequences and challenges for health systems. In Brazil, the speed with which the process has been occurring causes changes in population age structure and epidemiological structure. Diseases that are common to the elderly become more important, and that these changes have on the health of an individual become subject of research in the pursuit of strategies to meet this new demand. In this context, the functional capacity appears as an important indicator of health of the elderly. Several factors may be determinants of an adequate functional capacity, including the morbidity, socioeconomic, demographic and cultural factors. Knowing these factors allows us to draw a profile of the elderly and so help for the projects and policies for this group are more specific and effective. The aim of this study was to assess the prevalence of disability in the elderly in the city of Juiz de Fora, Minas Gerais, and analyze sociodemographic factors associated with it. It is a cross-sectional study made use of the database belonging to the project “Health Surveys in the City of Juiz de Fora, MG”. The sample consisted of 324 individuals, aged 60 years or more, of both sexes, non-institutionalized, living in the Northern District of Juiz de Fora. Functional capacity was assessed by applying the scales of Katz and Lawton and Brody, who evaluated, respectively, the basic activities of daily living (BADL) and instrumental activities of daily living (IADL). The demographic profile was constructed by applying a semi-structured questionnaire. Data analysis was done in the Statistical Package for Social Sciences (SPSS) version 14.0, and the significance level of 5%. We obtained the absolute and relative frequencies of the variables of interest. The association between each independent variable with the dependent variables was verified using the Chi-square (χ²) and obtaining the crude prevalence ratios (RPbruta). In analyzing the results, we found the prevalence of disability among the elderly of 2.5% for BADL and 7.1% for the IADL. In the bivariate analysis found an association between functional disability and IADL for older than 80 years (p <0.001). There were no other associations between sociodemographic factors and functional disability. The association between age and functional disability reinforces the need for action, especially for prevention, in an attempt to extend the maximum independence and functionality of aged, since these are key part for the individual to feel happy and integrated in society living.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: Organograma de apresentação da população e amostragem estudada...36

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Classificação da amostra, segundo critério de exclusão e condição de respondente do estudo de 462 indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010...37

TABELA 2: Classificação da amostra, segundo a idade, entre 324 indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010...44

TABELA 3: Classificação da amostra, segundo sexo, entre 324 indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010...45

TABELA 4: Classificação da amostra, segundo a situação conjugal, entre 324

indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010...45

TABELA 5: Classificação da amostra, segundo a moradia, entre 324 indivíduos Juiz de Fora, MG, 2010...45

TABELA 6: Classificação da amostra, segundo critérios da ABEP, entre 324

indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010 ...46

TABELA 7: Classificação da amostra, segundo a escolaridade, entre 324 indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010 ...46

TABELA 8: Prevalência de incapacidade funcional para as ABVD’s entre 324

indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010...46

TABELA 9: Prevalência de incapacidade funcional para as AIVD’s entre 324

indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010...47

TABELA 10: Variáveis sociodemográficas associadas à incapacidade funcional para ABVD’s, entre 324 indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010 ...48

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TABELA 11: Variáveis sociodemográficas associadas à incapacidade funcional para AIVD’s, entre 324 indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010 ...49

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEP – Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa ABVD – Atividades Básicas de Vida Diária

AIVD – Atividades Instrumentais de Vida Diária cm – Centímetros

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MEEM – Mini Exame do Estado Mental

OMS – Organização Mundial da Saúde

OPAS – Organização Panamericana de Saúde

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...14

2 REVISÃO DE LITERATURA...16

2.1 Envelhecimento Populacional...16

2.2 Aspectos Gerais do Envelhecimento Humano...19

2.3 Envelhecimento e Qualidade de Vida...22

2.4 Capacidade Funcional...24

2.5 Perfil dos Idosos no Brasil...29

2.6 Inquéritos Populacionais...30 3 OBJETIVOS...33 3.1 Objetivo Geral...33 3.2 Objetivos Específicos...33 4 METODOLOGIA...34 4.1 Delineamento do Estudo...34

4.2 Inquérito de Saúde no Município de Juiz De Fora, MG...34

4.3 Amostragem e População...34

4.4 Variáveis do Estudo...37

4.4.1 Variável dependente...37

4.4.2 Variáveis independentes...38

4.5 Coleta de Dados...38

4.6 Instrumentos de Coleta de Dados...39

4.6.1 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)...39

4.6.2 Questionário semi-estruturado...40

4.6.3 Escalas para avaliação da capacidade funcional...41

4.7 Análise dos dados...42

5 RESULTADOS...44 5.1 Análise descritiva...44 5.2 Análise Bivariada...47 6 DISCUSSÃO...50 7 CONCLUSÃO ...54 REFERÊNCIAS...55 ANEXOS...61

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1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população é um fenômeno de amplitude mundial e, no Brasil, está ocorrendo de forma acelerada (LITVOC e BRITO, 2004). As mudanças advindas com tal fenômeno são alvos de estudos, já que conhecer todo o processo possibilita intervenções mais eficazes diante dessa nova realidade.

Juntamente com as mudanças na estrutura etária da população brasileira, aparecem as mudanças na estrutura epidemiológica e nos padrões de morbimortalidade (ALVES et al, 2008; CRUZ et al, 2010; SCHRAMM et al, 2004). A prevalência das doenças crônicas aumentam e com isso há uma tendência do aumento das diversas incapacidades e dependências na vida diária dos indivíduos (ALVES et al, 2010; ALVES et al, 2008; FIEDLER e PERES, 2008; NUNES et al, 2009).

O próprio envelhecimento humano também provoca alterações e desgastes em diversos sistemas funcionais, e caracteriza-se pela heterogeneidade, tanto de órgão para órgão, quanto de indivíduo para indivíduo e pela sua natureza multifatorial, pois é influenciado por diversos fatores. Muitos destes fatores podem ser modificados durante o processo, proporcionando um envelhecimento saudável e com qualidade de vida (FIEDLER e PERES, 2008; LITVOC e BRITO, 2004; MACIEL e GUERRA, 2007; NUNES et al, 2009).

O novo cenário demográfico e epidemiológico requer uma mudança nos paradigmas da saúde. Em meio a essas mudanças, a capacidade funcional surge como um importante conceito no universo da população idosa, já que envelhecer com qualidade de vida implica em cuidados com diferentes aspectos, e entre estes, a manutenção de boa capacidade funcional, autonomia e independência (ALVES et al, 2008; MACIEL e GUERRA, 2007; RIBEIRO et al, 2002).

A capacidade funcional tem um conceito amplo, multidimensional e dinâmico e para avaliá-la faz-se necessário agregar a este conceito a definição de incapacidade funcional, que é a presença de dificuldade, necessidade de ajuda ou impossibilidade de realizar atividades de vida diária (LITVOC e BRITO, 2004; NUNES et al, 2009; ROSA et al, 2003). As diversas informações obtidas com a avaliação da funcionalidade de um indivíduo tornam-se relevantes para a elaboração

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de estratégias que possam prevenir incapacidades e manter a qualidade de vida do indivíduo (DEL DUCA et al, 2009; FIEDLER e PERES, 2008; NUNES et al, 2009).

Diversos fatores influenciam a capacidade funcional e podem contribuir para a perda de funcionalidade. Entre eles destacam-se os fatores socioeconômicos e demográficos, morbidades, alterações próprias do envelhecimento e diferenças culturais e de hábitos de vida (DEL DUCA et al, 2009; FIEDLER e PERES, 2008; LITVOC e BRITO, 2004; MACIEL e GUERRA, 2007; NUNES et al, 2009).

No Brasil, a grande desigualdade social, que interfere, entre outras coisas, no acesso aos serviços de saúde, e a grande heterogeneidade no perfil da população idosa, gera demandas bastante específicas para o sistema de saúde. Portanto, para conhecer melhor o estado de saúde dessa população e considerando a atual importância da capacidade funcional na qualidade de vida dos idosos, os estudos nessa área tornam-se fontes importantes de informações que podem embasar e direcionar as políticas de saúde e contribuir para o desenvolvimento de programas e estratégias de atenção e promoção de saúde (ALVES et al, 2010; ALVES et al, 2008; DEL DUCA et al, 2009; FIEDLER e PERES, 2008).

A necessidade de atender às demandas dessa população com serviços, técnicas e práticas de promoção, prevenção e reabilitação eficientes aliada a poucos estudos nessa área no município de Juiz de Fora, torna relevante o desenvolvimento de trabalhos que possam avaliar a capacidade funcional dos idosos residentes na comunidade, assim como os fatores associados a esta, podendo este tipo de trabalho contribuir para direcionar as ações de políticas públicas no cuidado à população idosa no contexto local.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Envelhecimento Populacional

O envelhecimento populacional é um fenômeno observado mundialmente e caracteriza-se pelo aumento significativo, em números absolutos e relativos, de pessoas com 60 anos de idade ou mais. No Brasil, tal fenômeno vem ocorrendo de maneira rápida nos últimos 30 anos, repercutindo em mudanças na estrutura etária da população (DEL DUCA et al, 2009; FIEDLER e PERES, 2008; LITVOC e BRITO, 2004; RAMOS e NETO, 2005; VERAS, 2009). Tais mudanças resultam do declínio acentuado da fecundidade, aumentando a proporção de indivíduos idosos e diminuindo a de crianças e jovens – aumento relativo do número de idosos – e do aumento progressivo da esperança de vida ao nascer – aumento em números absolutos desta população (CARVALHO e GARCIA, 2003; LITVOC e BRITO, 2004; NASRI, 2008; PARAHYBA e SIMÕES, 2006).

Segundo Nasri (2008), o grupo de pessoas acima de 65 anos cresceu 2% entre os anos de 1970 e 2000, passando de 3,5% para 5,5% da população, enquanto o número de crianças de cinco a nove anos passou de 14% para 12% entre os anos de 1970 e 1990. Nesse mesmo período, o número de crianças menores de cinco anos diminuiu 4%, passando de 15% para 11%. Dados mais recentes do censo populacional continuam apontando o declínio da população de crianças menores de cinco anos, que representa hoje 7,3% da população e o progressivo aumento da população de idosos, que corresponde a cerca de 11% da população (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2011). As estimativas mais otimistas apontam que, em 2025, o Brasil chegará a ter mais de 32 milhões de idosos, tornando-se o país com a 6a maior população de idosos do mundo (LITVOC e BRITO, 2004; NASRI, 2008; RAMOS e NETO, 2005).

O processo de envelhecimento populacional está intimamente relacionado com os processos de transição demográfica e transição epidemiológica. Por sua vez, estes também estão relacionados entre si e se complementam, sendo também envolvidos por mudanças socioeconômicas, pelo crescimento tecnológico e

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científico e por melhorias nas condições de vida da população (CRUZ et al, 2010; SCHRAMM et al, 2004).

Entre os anos de 1940 e 1960 pôde-se observar no país uma queda das taxas de mortalidade, ao passo que, as de fecundidade mantinham-se em níveis elevados. Esse fato foi responsável pelo acelerado crescimento da população, caracterizando um período de explosão demográfica. No final dos anos 60 iniciou-se a queda nas taxas de fecundidade, dando início ao processo de mudança na estrutura etária. Até então, a população brasileira era bastante jovem e quase estável. Com a queda do número de nascimentos, essa estrutura populacional sofreu uma desestabilização, gerando um estreitamento contínuo da base da pirâmide etária (CARVALHO e GARCIA, 2003; CARVALHO e WONG, 2008; CRUZ et al, 2010; JÚNIOR e COSTA, 2006; NASRI, 2008).

Esse processo de transição demográfica é reflexo de mudanças sociais e econômicas ocorridas ao longo da história. A urbanização e a industrialização (metade do século XX) modificaram o papel social da mulher, e isso produziu impactos na dinâmica populacional (declínio da fecundidade) e um consequente envelhecimento da população (JÚNIOR e COSTA, 2006).

Cabe ressaltar que todo esse processo é contínuo e, no futuro, poderá haver uma nova estabilidade da estrutura etária da população brasileira, que será mais idosa, e com crescimento baixo ou até mesmo negativo (CARVALHO e GARCIA, 2003; CARVALHO e WONG, 2008; NASRI, 2008).

No mundo inteiro observam-se quedas nas taxas de fecundidade. Atualmente, cerca de 70 países apresentam taxas de fertilidade total igual ou abaixo dos índices de reposição, e nos próximos anos, outros países podem também experimentar essa realidade. Porém, o processo de envelhecimento dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento ocorreu de forma distinta: nos países desenvolvidos o processo ocorreu de forma lenta e acompanhado de crescimento socioeconômico, o que proporcionou uma transição mais suave. Nos países em desenvolvimento o processo caracteriza-se pela forma acelerada com que ocorre, sem que o crescimento socioeconômico acompanhe esse ritmo (CARVALHO e GARCIA, 2003; ESPANHA, 2005 ; LITVOC e BRITO, 2004; NASRI, 2008). Além disso, no caso do Brasil, foram atingidos níveis elevados de fecundidade anteriormente que não foram observados em países do Primeiro Mundo, que já conviviam com uma população

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menos jovem antes do início do seu processo de envelhecimento populacional (CARVALHO e GARCIA, 2003).

Concomitante à transição demográfica, ocorre também o processo de transição epidemiológica, caracterizado por alterações progressivas nos padrões de morbimortalidade e invalidez de uma determinada população. Esse processo abrange, basicamente, 3 tipos de mudanças: doenças transmissíveis são substituídas por doenças não transmissíveis e causas externas como causas principais de morte e incapacidade; a carga de morbimortalidade se desloca dos grupos jovens para os grupos idosos; e a mortalidade passa a ser menos predominante na população, gerando uma situação de predomínio da morbidade (CRUZ et al, 2010; SCHRAMM et al, 2004).

Com essas mudanças demográficas e epidemiológicas, doenças próprias do envelhecimento passam a ganhar maior importância. São as doenças crônico-degenerativas, que a longo prazo, podem gerar incapacidades, dependência e diminuição da condição de saúde dos indivíduos, que passam a procurar mais vezes por serviços de saúde, demandando recursos públicos e programas de saúde específicos para essa população (FIEDLER e PERES, 2008; LITVOC e BRITO, 2004; NASRI, 2008; RAMOS e NETO, 2005; VERAS, 2009). Doenças cujo fator de risco principal é a idade aumentam sua prevalência, com tendência à maior ingestão de medicamentos e aumento na realização de exames de controle, maior número de internações e aumento do tempo de ocupação dos leitos hospitalares (LIMA-COSTA e VERAS, 2003; NASRI, 2008; VERAS 2009).

Assim, observa-se no Brasil o aumento das doenças crônico-degenerativas e também da atenção do setor público para tais. No entanto, a transição epidemiológica é considerada prolongada, sendo marcada por etapas de predomínio de doenças transmissíveis concomitante com as não transmissíveis, além de situações epidemiológicas distintas nas diversas regiões do país (CRUZ et al, 2010; SCHRAMM et al, 2004). Um estudo apresentado por Schramm et al (2004) expõe de maneira clara esse processo de transição epidemiológica mostrando que as doenças crônico-degenerativas representam cerca de 66,3% da carga de doenças no Brasil. As doenças infecciosas ainda correspondem a 23,5% desta carga, seguidas pelas causas externas, que correspondem à 10,2%. Ainda nesse estudo é possível observar a desigualdade de ocorrência de doenças transmissíveis e não transmissíveis nas grandes regiões do país, como, por exemplo, maior expressão de

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doenças cardiovasculares nas regiões Sul e Sudeste, enquanto nas regiões Norte e Nordeste ocorrem doenças mais relacionadas à situações de pobreza e precariedade nos atendimentos à saúde.

A questão chave diante do processo de envelhecimento populacional recai sobre a importância da agregação de qualidade de vida ao prolongamento dos anos vividos e como os sistemas de saúde, órgãos públicos, gestores, pesquisadores e sociedade se comportam diante dessa nova demanda para serviços de saúde e sociais. O desafio é ainda maior em países como o Brasil, no qual observa-se também desigualdade social, pobreza, fragilidade de instituições e desarticulação no sistema público de saúde (CARVALHO e GARCIA, 2003; CRUZ et al, 2010; ESPANHA, 2005; LIMA-COSTA e VERAS, 2003; NASRI, 2008; VERAS, 2007; VERAS, 2009).

2.2 Aspectos Gerais do Envelhecimento Humano

O processo de envelhecimento, fenômeno comum a todos os seres vivos, apresenta algumas dificuldades de caracterização e definição. Uma das dificuldades inerentes ao entendimento do processo de envelhecimento humano é a definição do seu início. No Brasil, de acordo com o Estatuto do Idoso e a OMS (Organização Mundial da Saúde), é considerado idoso indivíduos com 60 anos ou mais de idade. Esse critério cronológico é o mais utilizado na tentativa de marcar o início do processo, mas é atualmente visto como falho, já que o envelhecimento não é vivenciado de forma homogênea por todos os indivíduos, ou seja, pessoas com a mesma idade podem envelhecer de formas totalmente diferentes, refletindo a maneira distinta com que o organismo responde ao “envelhecimento” de suas células, tecidos e órgãos (CRUZ et al, 2010; FREITAS et al, 2006; LITVOC e BRITO, 2004; MELO et al, 2009).

Sendo assim, é possível afirmar que não existe um ponto que delimite o início do processo assim como existem pontos determinantes de outras fases do desenvolvimento humano, como acontece, por exemplo, na puberdade. A falta de marcadores biológicos inerentes ao envelhecimento gera dúvidas e contradições quanto ao seu início. No entanto, para fins de estudo e planejamentos adota-se o

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critério do Estatuto do Idoso e da OMS (CRUZ et al, 2010; FREITAS et al, 2006; LITVOC e BRITO, 2004).

Se considerarmos que desde a concepção já estamos envelhecendo, o envelhecimento poderia ser visto como a soma de todas as modificações que ocorrem nos organismos durante o tempo (LITVOC e BRITO, 2004). Porém, ratificando a existência de diversas definições sobre o início de tal processo, Melo et al (2009) descrevem que o envelhecimento é um estágio de degeneração do organismo, que se inicia após o período reprodutivo, e que, essa degeneração geraria uma redução na capacidade de sobrevivência do organismo.

Mesmo sem uma definição comum quanto ao início do processo, podemos dizer que o envelhecimento humano é um fenômeno natural, dinâmico e progressivo que apresenta grande variabilidade de comportamentos biológicos e psicossociais, de acordo com cada indivíduo, sendo um processo multifatorial e multidimensional, porém singular, único para cada pessoa (FREITAS et al, 2006; LITVOC e BRITO, 2004; MELO et al, 2009).

É um processo que compreende diversas alterações de caráter morfológico, funcional, bioquímico e psicológico que reduzem a capacidade de adaptação homeostática de um organismo a diferentes sobrecargas funcionais, deixando-o mais vulnerável a acometimentos do meio externo e interno (FREITAS et al, 2006; MAZO et al, 2007; PORTO, 2009).

Quando essas alterações são próprias do envelhecimento normal, estamos diante do processo de senescência ou senectude. Quando as modificações são consequências de morbidades que mais comumente atingem os idosos, falamos em senilidade. Esses dois conceitos, porém, são demasiadamente próximos e muito difíceis de serem separados. Não há um limite preciso entre os dois estados e há, com frequência, momentos de transição ou de somatório de efeitos de ambos os processos que podem acelerar as perdas funcionais (FREITAS et al, 2006; NETTO, 2007; ROSSI, 2008).

Algumas alterações foram observadas e descritas como comuns durante o envelhecimento como, por exemplo, reduções na altura (cerca de 1cm por década, a partir de 40 anos) consequente de alterações na coluna vertebral e em membros inferiores. Outra alteração observada é a tendência à redução de peso após os 60 anos devido a diversas modificações da composição corpórea (NETTO, 2007). Dentre essas alterações podemos citar: perda de água no organismo, mais

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especificamente no meio intracelular, aumento de tecido adiposo, depositado em lugares como ao redor dos rins e do coração, diminuindo a densidade corpórea, pois a gordura é menos densa do que a água; redução da massa celular, com diminuição de peso e volume de órgãos; e perda de massa óssea, que após o seu pico de formação passa a sofrer uma redução progressiva, chamada de osteopenia fisiológica (NETTO, 2007; ROSSI, 2008).

Os idosos apresentam uma baixa concentração de vitamina D, deixando-os mais propensos às osteopenia e osteoporose. Segundo Rossi (2008) alguns fatores como institucionalização, redução da mobilidade, menor utilização de lugares abertos, entre outros fatores, contribuem para o déficit de vitamina D, que pode ser obtida com uma boa alimentação e exposição à luz solar. Além das alterações do tecido ósseo, a composição da cartilagem articular e o bom funcionamento de seus processos de formação e reparação estão diretamente ligados à idade do indivíduo, explicando assim, a frequência de doenças articulares na velhice.

Ocorrem também alterações importantes nos músculos esqueléticos, que sofrem perda de massa muscular e também da área de secção transversa, diminuição da densidade muscular, maior acúmulo de gordura intramuscular e atrofia por perda de fibras. Todas essas perdas estão relacionadas com a redução de força muscular, sendo o grau dessa alteração extremamente importante para o equilíbrio, ortostase e marcha dos idosos, que por sua vez, são fatores diretamente relacionados com a capacidade funcional. A redução de funcionalidade, devido à progressão da perda de massa muscular com o passar do tempo, compromete as atividades de vida diária, altera a relação do indivíduo com o meio e aumenta o risco de quedas, que é causa importante de lesões que podem diminuir a autonomia e independência, podendo levar o idoso até mesmo à morte (MAZZO et al, 2007; ROSSI, 2008).

Todas as alterações orgânicas apresentadas ainda podem estar acompanhadas de alterações funcionais dos sistemas cardiovascular, respiratório, gastrointestinal, geniturinário, endócrino, imunológico e do sistema nervoso central. O sistema nervoso central possui papel fundamental para homeostase e com o processo de envelhecimento apresenta perda progressiva da sua capacidade reguladora nas diferentes funções: ocorre diminuição na liberação de neurotransmissores sinápticos; diminuição da velocidade de condução nervosa; alterações de receptores cutâneos, reduzindo a percepção da temperatura do

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ambiente e a sensibilidade tátil; perda de memória; labilidade emocional; alterações centrais na marcha e postura, além de redução das funções visual, auditiva, olfativa e gustativa (NETTO, 2007; PORTO, 2009).

Portanto, o processo de envelhecimento ocorre acompanhado de mudanças nos sistemas orgânicos, tornando o idoso biologicamente diferente do adulto jovem. Além disso, mudanças na composição familiar, como por exemplo, a viuvez, associada a possíveis dificuldades econômicas e outros fatores psicossociais mais comuns na terceira idade, podem modificar a saúde das pessoas idosas (LITVOC e BRITO, 2004).

Vários fatores extrínsecos determinam a evolução do processo de envelhecimento e são passíveis de modificação. Sendo assim, torna-se importante a intervenção sobre tais fatores, como as ações de promoção de saúde, campanhas de imunização de doenças infecciosas e promoção de atividades específicas para esse segmento etário, visando mais qualidade de vida e um envelhecimento saudável (LITVOC e BRITO, 2004).

2.3 Envelhecimento e Qualidade de Vida

Sabemos que o envelhecimento humano ocorre de forma dinâmica, progressiva e irreversível, sendo influenciado por diversos fatores que provocam alterações e desgastes em sistemas funcionais, mas que nem sempre reduzem a qualidade de vida do indivíduo (DEL DUCA et al, 2009; FIEDLER e PERES, 2008; LITVOC e BRITO, 2004; RAMOS e NETO, 2005).

Tendo em vista todas as mudanças demográficas e epidemiológicas que tiveram início no último século e que nos trazem como consequência uma população cada vez mais idosa, passa a ser importante garantir a esse grupo qualidade de vida (VECCHIA et al, 2005). Torna-se imperioso um novo olhar sobre o idoso, no qual não se aplica a definição reducionista de saúde como ausência de doença e modelos assistências de cunho curativista. A saúde deve ser compreendida como um processo dinâmico, atrelada ao bem-estar e a qualidade de vida (BUSS, 2000).

Envelhecer na ausência de doenças não é a realidade da grande maioria dos indivíduos. Assim, um envelhecimento saudável e bem-sucedido é resultado da

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interação de diversos fatores, entre eles: baixa suscetibilidade a doenças e incapacidades associadas a elas, boa capacidade funcional, tanto física quanto cognitiva e participação ativa na comunidade, de forma que o idoso possa conviver de maneira integrada, independente e feliz no meio onde vive. Se determinado indivíduo atingir a velhice sendo capaz de determinar e executar suas atividades de lazer, convívio social e trabalho será considerado uma pessoa saudável, mesmo tendo alguma doença crônica (LITVOC e BRITO, 2004; NASRI, 2008; RAMOS, 2003; RAMOS e NETO, 2005).

Com o objetivo de levar em consideração outros fatores que influenciam o modo como as populações e indivíduos envelhecem e transmitir um conceito mais amplo do que “envelhecimento saudável”, no final dos anos 90, a OMS passou a adotar o termo Envelhecimento Ativo para expressar a visão de envelhecimento como experiência positiva, acompanhado de melhorias na saúde, participação e segurança. O termo se aplica tanto a indivíduos quanto a grupos e facilita a percepção de cada um sobre o bem-estar físico, social e mental ao longo da vida, objetivando ganhos na expectativa de vida saudável e na qualidade de vida durante o envelhecimento (ESPANHA, 2005).

A expressão qualidade de vida está se tornando parte do cotidiano das pessoas, mas não é um termo de simples definição. Ao contrário, é um termo de significados e representações diferentes para cada pessoa ou grupo. Inicialmente, a qualidade de vida esteve relacionada aos bens e recursos materiais que uma pessoa possuía. Na visão atual, levam-se em conta as necessidades básicas do indivíduo para que ele garanta seu bem estar (MELO et al, 2009). Pereira et al (2006, p.28) expõe um conceito de qualidade de vida proposto pela OMS, dentro de uma visão integrada e ampla: “qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Trata-se de um conceito subjetivo, relacionado à auto-estima e ao bem estar que depende de aspirações pessoais de cada indivíduo, do nível sociocultural e da faixa etária (VECCHIA et al, 2005).

Mensurar a qualidade de vida é uma difícil tarefa. Podemos mensurá-la de duas formas: utilizando instrumentos que procuram avaliar globalmente todos os aspectos relativos à saúde de um indivíduo e o quanto uma doença impacta vida deste, ou, utilizando instrumentos que irão avaliar individualmente cada um dos

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aspectos que se relacionam com a qualidade de vida. Porém, essas formas de mensuração, geralmente, não se adaptam à avaliação da qualidade de vida na população idosa (MELO et al, 2009; VECCHIA et al, 2005).

Na velhice, vários fatores como longevidade, saúde física, biológica e mental, produtividade, renda, papéis familiares, entre outros, podem determinar ou indicar bem-estar para o idoso. Soma-se a essa perspectiva a compreensão de que a interação de diversos fatores socioeconômicos e aspectos ambientais influenciam a qualidade de vida. Portanto, avaliar a qualidade de vida dessa população implica em adotar uma visão multidimensional e critérios de diferentes naturezas, associando-os à manutenção da capacidade funcional e autonomia. (MACIEL e GUERRA, 2007; MELO et al, 2009; RIBEIRO et al, 2002; VECCHIA et al, 2005).

Visto a subjetividade do termo dentro do universo dos idosos, Vecchia et al (2008) realizaram um estudo que pesquisou o significado de qualidade de vida para um grupo de idosos no município de Botucatu, em São Paulo. Os resultados mostraram uma variedade de concepções individuais da qualidade de vida, que foram desde preservar relacionamentos interpessoais, preservar a saúde, viver a espiritualidade, praticar caridade, entre outros, até viver em ambientes favoráveis com despoluição e segurança.

O idoso tem direito à saúde e qualidade de vida. Uma meta fundamental para governos e indivíduos é a manutenção da autonomia e independência durante todo o processo de envelhecimento, levando em consideração aspectos que cada grupo ou indivíduo julga importante quando busca o seu próprio bem-estar (ESPANHA, 2005; MELO et al, 2009). Diante da variedade de condições que podem interferir no bem estar durante o processo de senescência, uma boa avaliação da qualidade de vida colabora para a criação de intervenções e ações públicas, melhorando as condições de saúde e o atendimento das demandas dessa população (PEREIRA et al, 2006).

2.4 Capacidade Funcional

Diante das novas concepções em saúde e com o aumento da expectativa de vida, a capacidade funcional surge como um novo paradigma, sendo considerada

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um importante indicador de saúde no universo da população idosa. Todas as informações obtidas através da análise da capacidade funcional passam a ser importantes para conhecer o perfil dos idosos, buscando retardar ou prevenir incapacidades, e para a elaboração de planos e estratégias de promoção de saúde, objetivando acrescentar qualidade de vida aos anos adicionais vividos, (CRUZ et al, 2010; DEL DUCA et al, 2009; FIEDLER e PERES, 2008; LITVOC e BRITO, 2004; NUNES et al, 2009).

Trata-se de um novo conceito, que enfatiza a avaliação funcional e que está sendo visto como mais adequado para instrumentalizar e operacionalizar a atenção à saúde do idoso dentro do ponto de vista da saúde pública. A qualidade de vida da população idosa encontra-se associada à manutenção da capacidade funcional e autonomia. Portanto, melhorar ou manter a capacidade funcional torna-se objetivo fundamental durante o envelhecimento (MACIEL e GUERRA, 2007; NUNES et al, 2009; RIBEIRO et al, 2002).

O conceito de capacidade funcional abrange a capacidade de manter as habilidades físicas e mentais essenciais para a manutenção de uma vida independente e autônoma (FIEDLER e PERES, 2008; LITVOC e BRITO, 2004; NUNES et al, 2009; VERAS, 2009). É um conceito complexo que engloba outros conceitos como deficiência, incapacidade, autonomia e independência. Na prática, quando vamos considerar aspectos de intervenção e estudos para análises dos indivíduos, é importante agregar ao conceito da capacidade funcional a definição de incapacidade funcional (LITVOC e BRITO, 2004; ROSA et al, 2003).

Na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, a OMS propõe que o termo incapacidade define comprometimentos, limitações ou restrições que uma pessoa pode apresentar durante sua participação no meio, caracterizando uma interação dinâmica entre saúde e fatores contextuais, que podem ser ambientais e/ou pessoais (GIACOMIN et al, 2008).

A incapacidade funcional pode ser definida pela presença de dificuldade, necessidade de ajuda ou mesmo impossibilidade para o indivíduo desempenhar alguns gestos, tarefas ou atividades de vida diária, devido a uma deficiência. Pode ser temporária ou definitiva e demanda a recuperação. Aparece quando o idoso perde a capacidade funcional ou tem algum comprometimento em parte dela; caracteriza-se como um processo e não um estado estático e pode ter diferentes causas, natureza, forma de aparecimento, ritmo e implicações sociais (ALVES et al,

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2010; GIACOMIN et al, 2008; LITVOC e BRITO, 2004; NUNES et al, 2009; PARAHYBA et al, 2005; PARAHYBA e SIMÕES, 2006; PARAHYBA e VERAS, 2008; RAMOS e NETO, 2005; ROSA et al, 2003).

Há um modelo teórico proposto na literatura sobre o processo de “torna-se incapaz”. Esse modelo propõe que existem 3 fatores que devem ser considerados no processo: fatores predisponentes, relacionados com as características sociodemográficas; fatores intraindividuais, que leva em conta aspectos do estilo de vida; e fatores extraindividuais, que engloba o uso dos serviços de saúde e medicações, por exemplo. Esse modelo teórico corrobora a caracterização da incapacidade funcional como uma condição multifatorial (GIACOMIN et al, 2008).

No âmbito da saúde pública, a preocupação com a incapacidade funcional se justifica pela rapidez e intensidade com que o processo de envelhecimento está ocorrendo, pelo baixo nível socioeconômico e educacional entre os idosos brasileiros e pela prevalência elevada de doenças crônicas, que podem levar à limitações funcionais nesse grupo (GIACOMIN et al, 2008).

Na avaliação funcional busca-se observar como as morbidades e alterações funcionais interferem na realização das tarefas cotidianas do idoso e o quanto reduzem sua autonomia e independência. Existem diversos instrumentos que podem ser utilizados para mensurar a capacidade funcional ou identificar quando ocorre a perda dela. Porém, essa grande variedade e a falta de padronização entre os instrumentos, que utilizam diferentes critérios de pontuação e pontos de corte, dificultam a interpretação e a comparação dos resultados obtidos. A maioria dos instrumentos utilizados nas pesquisas avalia as medidas físicas, apesar de haver outras duas dimensões a serem consideradas nas avaliações, que são a cognitiva e a emocional. Cabe reportar também que, geralmente, é utilizado o auto relato na avaliação, podendo ser relatados graus de dificuldade (nenhuma, pouca, muita ou incapacidade para fazer a atividade) ou graus de dependência. (ALVES et al, 2008; DEL DUCA et al, 2009; DUARTE et al, 2007; LITVOC e BRITO, 2004).

Atividades básicas de vida diária (ABVD) e atividades instrumentais de vida diária (AIVD) são medidas frequentemente utilizadas para avaliar a capacidade funcional e são indicadores válidos e confiáveis segundo a comunidade científica. A capacidade funcional é mensurada através da incapacidade de realizar tais atividades, levando em conta o relato da dificuldade ou da necessidade de ajuda para realizá-las. As primeiras, também são chamadas de atividades de autocuidado

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ou cuidado pessoal e são essenciais à sobrevivência no dia-a-dia. Incluem atividades como alimentar-se, banhar-se e vestir-se. Idosos podem apresentar declínio funcional e não necessariamente apresentar limitações nas ABVD, pois estas avaliam um grau mais severo e acentuado de limitação da função (ALVES et al, 2008; DEL DUCA et al, 2009; GIACOMIN et al, 2008; NUNES et al, 2009; PARAHYBA et al, 2005; PARAHYBA e VERAS, 2008; PEDRAZZI et al, 2007).

As AIVD são de natureza mais complexa, muitas vezes relacionadas à participação social, e são necessárias para a adaptação e manutenção de uma vida independente na comunidade. São também chamadas de habilidades de mobilidade e incluem as atividades de fazer compras, usar o telefone ou usar meios de transporte, entre outras. Prejuízos nas AIVD geram um maior afastamento do convívio social e uma tendência ao isolamento. (ALVES et al, 2008; DEL DUCA et al, 2009; GIACOMIN et al, 2008; NUNES et al, 2009; PARAHYBA et al, 2005; PEDRAZZI et al, 2007).

Dentre todos os fatores determinantes da capacidade/incapacidade funcional destacam-se as morbidades; fatores socioeconômicos e demográficos, como idade, sexo, cor, renda, situação ocupacional, escolaridade, situação conjugal e arranjo familiar, entre outros; e alterações próprias do envelhecimento. Além destes, diferenças culturais e no estilo de vida também podem ser determinantes de uma capacidade funcional inadequada. É importante ressaltar que diferentes condições crônicas não possuem impactos semelhantes na funcionalidade do geronte (DEL DUCA et al, 2009; FIEDLER e PERES, 2008; LITVOC e BRITO, 2004; MACIEL e GUERRA, 2007; NUNES et al, 2009).

No âmbito econômico, o Brasil está entre os países com maior grau de desigualdade social. De acordo com os dados da literatura, a situação socioeconômica tem forte relação com a capacidade funcional; as iniquidades sociais são responsáveis pelas diferenças no acesso aos bens e serviços de saúde, sendo estes facilitados em áreas com melhores condições socioeconômicas (ALVES et al, 2010).

Entre os fatores sociodemográficos determinantes no processo de incapacidade, a idade é vista como um fator associado à incapacidade funcional em uma relação direta, ou seja, quanto maior a idade, maior a incapacidade funcional. O avanço da idade aumenta as dificuldades na realização das funções físicas, intelectuais e sociais. Com relação ao sexo, nem todos os estudos encontram

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relação entre incapacidade funcional e sexo feminino, mas é possível observar que as mulheres são maioria nos grupos de idosos, tem maior longevidade e por isso, podem apresentar maiores limitações ou perdas funcionais (FIEDLER e PERES, 2008; NUNES et al, 2009; PARAHYBA et al, 2005).

Analisando a relação incapacidade versus educação, o analfabetismo aponta para falhas e ineficiência da rede de serviços sociais durante toda a vida de um indivíduo, incluindo aspectos habitacionais, culturais, de renda e de saúde de cada pessoa. Sendo assim, a educação influencia fatores psicossociais e de comportamento. Os indivíduos com maior instrução tendem a se preocupar mais com a saúde e com hábitos de vida e é provável que se exponham menos a fatores de risco para doenças. Além disso, na medida em que há aumento do nível educacional, aumenta a tendência de se ter mais acesso à informação, procura por serviços de saúde e modificações de hábitos de vida (ALVES et al, 2010; MACIEL e GUERRA, 2007).

Outro determinante importante para a incapacidade são os fatores de morbidade, como presença de doenças com os respectivos graus de gravidade. A relação doença e incapacidade pode impactar tanto a família quanto o sistema de saúde e a qualidade de vida dos idosos. Assim, os indicadores de saúde que envolvam essa relação entre morbidade e incapacidade se mostram mais adequados na avaliação desses indivíduos (PEDRAZZI et al, 2007).

Um estudo realizado por Pedrazzi et al (2007) avalia essa relação. Esse estudo descreve morbidades referidas por um grupo de idosos e a percepção que eles tinham sobre a interferência de tais morbidades na própria capacidade funcional. Entre as morbidades mais referidas, a hipertensão arterial foi a mais frequente. Porém, as morbidades que mais interferem na execução das ABVD e AIVD, segundo os relatos, foram incontinência urinária e acidente vascular encefálico, e não a doença mais relatada. Outro dado apresentado foi que mais da metade dos idosos da amostra estudada apresentam mais de uma doença crônica, caracterizando uma situação de comorbidade. Ainda no estudo foi possível observar uma parcela de idosos que mesmo não referindo nenhuma morbidade necessitava de ajuda para realizar alguma atividade, o que sugere uma relação entre incapacidade e alterações próprias do envelhecimento.

Considerando a importância da capacidade funcional na qualidade de vida dos idosos é necessário estudá-la para compreendermos e avaliarmos o estado de

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saúde dos mesmos. A atenção à saúde do idoso deve ter um foco integral, visando melhorias em todos os aspectos e dimensões que envolvem o bem estar e a saúde. (DEL DUCA et al, 2009; FIEDLER e PERES, 2008; NUNES et al, 2009; PARAHYBA e SIMÕES, 2006; PEDRAZZI et al, 2007).

2.5 Perfil dos Idosos no Brasil

No contexto das crescentes demandas da população idosa, que inclui a demanda por serviços de saúde, o conhecimento sobre o estado de saúde dessa população se torna fundamental para elaboração de estratégias e políticas específicas para esse grupo. Através da análise de alguns aspectos relacionados à saúde dos idosos é possível elaborar perfis que caracterizem essa população e sirvam de fonte de informações para direcionamento e aplicação de tais políticas e estratégias (ALVES et al, 2008)

Como já foi descrito, diversos fatores ambientais, demográficos e socioeconômicos podem influenciar a condição de saúde dos idosos, bem como há também influência das morbidades e incapacidades presentes. A mensuração da capacidade funcional e das morbidades são consideradas variáveis internas ou diretas do perfil de saúde dos idosos e os outros indicadores como percepção do estado de saúde, aspectos sociodemográficos e utilização de serviços são considerados variáveis indiretas ou externas para a elaboração desse perfil (ALVES et al, 2008).

No Brasil, alguns estudos utilizaram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) para a elaboração do perfil de saúde dos idosos. No estudo de Alves et al (2008), os indivíduos com 60 anos ou mais foram agrupados em três perfis: idosos saudáveis, idosos com incapacidade funcional leve e idosos com incapacidade funcional grave. Nesse estudo, os autores relataram que a capacidade funcional foi a definidora dos perfis de saúde, sendo mais importante do que a presença de doenças. Além disso, as variáveis externas também contribuem muito para a caracterização do perfil de saúde desse grupo.

Quanto aos aspectos sociodemográficos, o perfil dos idosos brasileiros pode ser caracterizado da seguinte forma: a população idosa que vive nas cidades é mais

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feminina, auto declarada da cor branca e com baixa escolaridade, sendo que grande parte dos idosos nunca foi à escola ou estudou somente até à quarta série do ensino fundamental. Na população masculina há prevalência de idosos casados, enquanto as mulheres são, na maioria, viúvas. A região Sudeste é a região com maior proporção de idosos e a região Norte a com menor proporção dessa população (ALVES et al, 2008; FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 2011). Ainda é possível observar que os idosos brasileiros são, na maioria, portadores de, no mínimo, uma doença crônica e fazem uso de medicamentos de forma regular (GARRIDO e MENEZES, 2002; LIMA-COSTA et al, 2003).

Sabendo da grande heterogeneidade da população idosa, torna-se importante conhecer o perfil dos idosos, assim como os fatores associados à capacidade funcional, e identificar os grupos mais vulneráveis para que sejam implementadas ações e políticas eficazes e voltadas para as reais necessidades desse contingente populacional.

2.6 Inquéritos Populacionais

Diante de todas as mudanças ocorridas no campo epidemiológico e no conceito de saúde-doença, as informações na área de saúde, assim como sobre os determinantes do processo de saúde-adoecimento assumiram papel significativo para gestores dos sistemas de saúde, para formulação de políticas públicas e para o desenvolvimento técnico-científico de áreas afins. Os inquéritos populacionais são instrumentos amplamente utilizados em pesquisas epidemiológicas e sociodemográficas, a partir de cortes transversais periódicos, para obtenção de diversas informações de uma determinada população e são usados como subsídio para avaliar e formular políticas públicas (BARATA, 2006; MALTA et al, 2008; WALDMAN et al, 2008).

Tais instrumentos podem ser aplicados para estudos e monitoramentos de situações sociais e de saúde, possibilitando a elaboração de intervenções mais eficazes. Através dessas pesquisas é possível correlacionar resultados obtidos com as condições de vida da população estudada, identificando problemas de saúde e condições socioambientais; conhecer fatores associados ao estado de saúde; saber

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sobre a utilização e dificuldade de acesso aos serviços de saúde e a opinião dos usuários sobre tais serviços; além de avaliar as políticas implementadas e se houve sucesso nessa implementação (BARATA, 2006; MALTA et al, 2008; WALDMAN et al, 2008).

Para a investigação dos diversos problemas de saúde e para descrição de características de uma determinada população em um dado momento são usados, frequentemente, os estudos seccionais, que também podem ser chamados de estudos transversais ou de prevalência. Esses estudos têm como característica importante a observação de cada indivíduo em uma única oportunidade (MEDRONHO, 2007).

Os questionários com conjuntos de perguntas são os instrumentos mais comumente utilizados nos estudos seccionais, podendo ser auto aplicados ou aplicados por entrevistadores, que é o uso mais comum em estudos epidemiológicos. O pesquisador pode também lançar mão de outros instrumentos, escalas ou testes específicos e medidas objetivas, que referem-se às variáveis fisiológicas, como, por exemplo, pressão arterial e freqüência cardíaca. Se as informações colhidas são prestadas pelos indivíduos estudados, diz-se que são medidas indiretas. Se forem obtidas a partir da observação do pesquisador, configuram-se como medidas diretas. Outra característica de tais estudos é a forma como ocorre o contato com a população alvo da pesquisa (MEDRONHO, 2007).

Além dos aspectos já descritos, há aspectos éticos necessários às pesquisas de inquéritos populacionais. Entre eles está a utilização do termo de consentimento, que é a autorização do participante para a realização da entrevista. Atualmente existem algumas críticas ao fato do termo de consentimento necessitar da assinatura do entrevistado, basicamente por dois motivos: tal fato desperta desconfiança por parte da população ao ter que assinar um termo, e, pela baixa escolaridade, perfil encontrado entre a população brasileira. Esses fatores têm sido causa de perdas e recusas por parte da amostra e desgaste para os pesquisadores. Discute-se, assim, a utilização somente do consentimento oral, como é feito em pesquisas que utilizam outra forma de contato com o indivíduo, como as realizadas por telefone, por exemplo (WALDMAN et al, 2008).

No cenário internacional, os países desenvolvidos utilizam inquéritos populacionais desde 1960. Países como Inglaterra e Canadá utilizam esse instrumento para desenvolver suas políticas públicas. Nos países de baixa e média

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renda, a utilização dos inquéritos é mais recente e são utilizados com menor frequência, baseados em modelos desenvolvidos por organizações como a OMS e a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) (MALTA et al, 2008).

Inquéritos direcionados a grupos específicos vêm ganhando maior atenção e monitoramento, visando a possibilidade de detecção precoce de agravos e contribuição para as políticas de prevenção e promoção de saúde. A população idosa é um dos segmentos que recebe crescente atenção devido ao seu crescimento mundial, por representarem grande parte dos usuários dos sistemas de saúde e por apresentarem maior carga de doenças e incapacidades (MALTA et al, 2008).

Não existe ainda um modelo mundial de inquérito de saúde para esse grupo populacional. No Brasil, estudos utilizam com frequência dados da PNAD, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que foi um dos primeiros inquéritos domiciliares de abrangência nacional, tornando-se fonte de informações para avaliar as condições de saúde dos idosos (MALTA et al, 2008; VIACAVA et al, 2006).

Os inquéritos populacionais são importantes fontes de informações complementares às que são coletadas rotineiramente, possibilitando melhorias na qualidade de vida da população, além de contribuírem de forma expressiva para a formação de pesquisadores, possibilitando unir ensino e pesquisa, e melhorando as oportunidades de aprendizado (VIACAVA et al, 2006; WALDMAN et al, 2008).

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Verificar a prevalência de incapacidade funcional em idosos na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais.

3.2 Objetivos específicos

• Caracterizar o perfil da amostra estudada;

• Identificar os fatores sociodemográficos associados à incapacidade funcional.

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4 METODOLOGIA

4.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo de delineamento transversal, no qual foi utilizado parte do banco de dados pertencente ao projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz De Fora, MG.

4.2 Inquérito de Saúde no Município de Juiz De Fora, MG

O projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz De Fora, MG1, foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora em 20 de outubro de 2009, conforme o Parecer n. 277/2009 (Anexo A). Trata-se de um estudo epidemiológico de delineamento transversal, observacional, realizado por meio de inquérito domiciliar na Zona Norte de Juiz de Fora, Minas Gerais, com idosos de 60 anos ou mais de idade, que vivem na comunidade. O objetivo geral desse projeto foi avaliar o status de morbidade, qualidade de vida e utilização de serviços de saúde da população de Juiz de Fora.

4.3 Amostragem e população

Os participantes desta pesquisa foram selecionados por meio de um processo de amostragem aleatória estratificada e conglomerada em múltiplos estágios. As unidades primárias de amostragem foram os setores censitários. Para o sorteio, os setores foram agrupados em estratos definidos de acordo com as diferentes

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Núcleo de Assessoria Treinamento e Estudos em Saúde. Inquérito de Saúde no Município de Juiz de Fora – MG: relatório técnico. Juiz de Fora, 2011. Trabalho não publicado.

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modalidades de atenção à saúde a qual a população do setor estava adscrita, subdivididos em Atenção Primária (Estratégia de Saúde da Família ou tradicional); atenção Secundária e área descoberta. A seleção dos setores censitários foi feita com probabilidades proporcionais ao seu tamanho (população residente segundo dados do Censo Demográfico de 2000) de forma independente em cada estrato, por meio de amostragem sequencial de Poisson (OHLSSON, 1998). No total foram sorteados 22 setores censitários.

Para o cálculo do tamanho da amostra de idosos, considerou-se a prevalência de idosos que sofreram queda a nível nacional conforme a literatura, estimada em pesquisas realizadas anteriormente como sendo aproximadamente 30% (BRASIL, 2006b; PERRACINI e RAMOS, 2002). Além disso, considerou-se 5% de erro máximo desejado para a pesquisa, nível de confiança de 95%, correção para populações finitas, efeito do plano amostral igual a 1,5 (considerando possíveis efeitos de estratificação e conglomeração, conforme o procedimento de seleção adotado) e possíveis perdas por recusa como aproximadamente 30%. Desta forma, o tamanho desejado para a amostra foi calculado inicialmente como 601 idosos.

Considerando o método de contagem rápida por amostragem, realizado previamente ao início do inquérito, foi estimado que 602 indivíduos com 60 anos ou mais seriam localizados nos domicílios da região para compor a amostra de estudo, ou seja, um número bastante próximo ao tamanho desejado para a amostra. Os 602 questionários foram distribuídos da seguinte forma: em todos os setores censitários foram selecionados 28 idosos, exceto no setor de menor percentual de pessoas, no qual foram selecionados 14.

No entanto, no momento da aplicação dos questionários foram identificadas de fato 559 pessoas dessa faixa etária. Além disso, as perdas perfizeram um total de 11, incluindo falecimento, mudança de endereço ou situações nas quais o idoso sorteado não foi encontrado em casa, após serem realizadas 3 tentativas de contato em horários e dias diferentes. As recusas corresponderam a 86 indivíduos. A figura 1 apresenta esses dados de forma esquemática.

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Figura 1: Organograma de apresentação da população e amostragem estudada. Fonte: Dados da pesquisa.

A população acessível foi constituída de indivíduos com 60 anos ou mais de idade, de ambos os sexos, não institucionalizados, residentes na Zona Norte de Juiz de Fora. Quando não presente na residência, na primeira abordagem, foram realizadas 3 tentativas em horários e dias diferentes para localizar o idoso. Esgotadas as tentativas, esses constituíram perdas, assim como os casos de mudança de endereço ou falecimento.

Idosos identificados na população pesquisada

559

Perdas

11

Recusas

86

AMOSTRA

462 Indivíduos

EXCLUÍDOS

42

QUESTIONÁRIOS ANALISADOS

420

PRÓPRIO IDOSO RESPONDENTE

324

OUTRO RESPONDENTE

96

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Nos casos em que os indivíduos apresentaram impossibilidade de compreensão e/ou resposta ao questionário, foi utilizado outro informante (proxy), que respondeu apenas a variável de desfecho e as relativas às características sociodemográficas. Para rastreamento da capacidade cognitiva do idoso para responder os instrumentos de coleta de dados foi aplicado a priori o Mini-Exame do Estado Mental (MEEM). Idosos com pontuação inferior ao limite apontado pela literatura e que não estivessem acompanhados por familiares e/ou cuidadores foram excluídos do estudo. Cuidador foi definido como: familiar ou cuidador do idoso, que tenha 18 anos ou mais de idade e que tenha no mínimo um ano de convivência com o idoso (BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE).

A amostra total foi composta de 462 indivíduos, sendo que 42 foram excluídos. Dos 420 questionários aplicados, 324 foram respondidos pelo próprio idoso e para os demais (96) foi necessário fazer o uso de outro respondente devido o quadro sugestivo de comprometimento da capacidade cognitiva apontada pelo MEEM (Tabela 1). Para o presente estudo, foram analisados os 324 questionários respondidos pelo próprio idoso, pois somente estes questionários continham as informações sobre a funcionalidade dos gerontes.

Tabela 1. Classificação da amostra, segundo critério de exclusão e condição de respondente do estudo de 462 indivíduos. Juiz de Fora, MG, 2010

CONDIÇÃO DE RESPONDENTE DO ESTUDO

Classificação Frequência Absoluta (N) Frequência Relativa (%) Próprio idoso 324 70,1 Outro respondente 96 20,8 Excluído 42 9,1

Fonte: Dados Projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz De Fora, MG

4.4 Variáveis do estudo

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• Incapacidade funcional para realização de atividades básicas de vida diária (ABVD) através da Escala de Katz modificada e incapacidade funcional para realização de atividades instrumentais de vida diária (AIVD) através da Escala de Lawton-Brody, ambas categorizadas em: independente e dependente.

4.4.2 Variáveis independentes

• Idade: idade do idoso em anos completos; • Sexo: feminino ou masculino;

• Situação conjugal: solteiro, casado, viúvo, separado, união estável ou outra; • Arranjo domiciliar: referente se o idoso reside só ou acompanhado;

• Escolaridade: anos completos de escolaridade;

• Nível socioeconômico: categorizado com base em informações coletadas segundo critérios propostos pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) (2010);

4.5 Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada no domicílio dos idosos, através de entrevista face a face, realizada por acadêmicos do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), entre os meses de março e julho de 2010.

Para o MEEM foi verificada uma concordância inter-examinadores com Kappa de 0,885 e concordância percentual de 94,5%. A concordância foi realizada para este teste em virtude desse instrumento ser um critério para exclusão do indivíduo da pesquisa e também determinante do uso ou não de outro respondente para o questionário. A concordância em outros pontos analisados do questionário foi considerada excelente (>80%).

Os entrevistadores foram acompanhados, avaliados e reciclados durante todo o período da pesquisa. Para controle de qualidade das informações coletadas, cerca de 10% da produção de cada um deles foram avaliados por nova entrevista parcial.

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A supervisão de campo foi realizada pelos pesquisadores principais com intuito de garantir o controle da qualidade dos dados coletados.

Quanto aos aspectos éticos, foram obedecidas as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, em conformidade com o que preconiza a Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo B) foi elaborado pelos pesquisadores envolvidos, expressando o cumprimento de cada uma das exigências da Resolução.

Antes da realização da entrevista, os entrevistadores explicaram de forma clara quais os objetivos do estudo e a entrevista só foi realizada após a autorização e assinatura do TCLE, em duas vias. Uma ficou com o entrevistado e a outra com os pesquisadores. Foi assegurado aos indivíduos o esclarecimento de dúvidas sobre a pesquisa, o anonimato e que sua participação poderia ser interrompida a qualquer momento.

4.6 Instrumentos de coleta de dados

Foram utilizados quatro instrumentos para a coleta de dados (Anexo C): Mini-Exame do Estado Mental (MEEM); um questionário semi-estruturado; escala para avaliação da capacidade funcional para realização das atividades básicas de vida diária (ABVD) e escala para avaliação da capacidade funcional para realização das atividades instrumentais de vida diária (AIVD).

4.6.1 Mini-Exame do Estado Mental (MEEM)

Instrumento desenvolvido por Folstein M. F., Folstein S. E. e McHugh (1975), o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) é utilizado mundialmente para fins de rastreamento e monitoramento de comprometimentos cognitivos e também em pesquisas científicas (BRUCKI et al, 2003; BUSTAMANTE et al, 2003; LOURENÇO e VERAS, 2006). São avaliados diferentes aspectos que englobam: orientação

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temporal, orientação espacial, memória imediata, cálculo, evocação de palavras, nomeação, repetição, comando, leitura, frase e cópia de desenho, sendo o escore máximo de 30 pontos (BRUCKI et al, 2003).

É um teste de fácil aplicação e boa confiabilidade, porém o desempenho do indivíduo no teste pode ser influenciado por diversos fatores socioculturais, sendo possível encontrar na literatura diferentes adaptações e diferentes pontos de corte, sem ainda existir um consenso sobre a pontuação mais adequada para indicar perda cognitiva, principalmente devido ao nível de escolaridade da população estudada (BRUCKI et al, 2003; BUSTAMANTE et al, 2003; LOURENÇO e VERAS, 2006; OLIVEIRA et al, 2006).

Os responsáveis pela publicação da primeira versão brasileira do MEEM foram Bertolucci et al., e nessa versão foi observado que a escolaridade tem forte influência sobre os escores desse instrumento (BRUCKI et al, 2003). Segundo estudos de Lourenço e Veras (2006) e Bustamante et al (2003) o ponto de corte de 23/24 tem demonstrado boa capacidade para discriminar comprometimentos cognitivos.

Para o presente estudo foi adotado o critério de ponto de corte utilizado pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais que determina que a pontuação mínima esperada para idosos com quatro anos ou mais de escolaridade é 25 pontos, e para idosos com menos de quatro anos de escolaridade é 18 pontos. Pontuações inferiores são indicativas de comprometimento cognitivo (MINAS GERAIS, 2008).

4.6.2 Questionário semi-estruturado

Esse questionário, construído e utilizado durante a coleta de dados do projeto Inquérito de Saúde no Município de Juiz De Fora, MG (TELES, 2011), é dividido em três blocos: identificação e características sociodemográficas; questões referentes à saúde do idoso; e questões relacionadas ao histórico de quedas e fraturas decorrentes de quedas.

No primeiro bloco há os seguintes itens: condição de respondente do questionário, idade, sexo, situação conjugal, arranjo domiciliar, escolaridade e nível

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