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RELATÓRIO DE POLÍTICA MONETÁRIA

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Academic year: 2021

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Banco de Cabo Verde

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RELATÓRIO DE POLÍTICA MONETÁRIA

(ao abrigo do n.º 3 do art.º 18º da Lei Orgânica)

Banco de Cabo Verde

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BANCO DE CABO VERDE

Avenida Amílcar Cabral, 27 CP 7600-101 - Praia - Cabo Verde Tel: +238 2607000 / Fax: +238 2607197 http://www.bcv.cv

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Índice

Sumário Executivo 3

I. Estado da Economia em 2016

1. Enquadramento Externo da Economia Cabo-Verdiana 6

2. Oferta e Procura 9

3. Inflação 11

4. Contas Externas 13

5. Situação Monetária e Financeira 16

6. Finanças Públicas 18

II. Perspetivas de Evolução da Economia no Curto Prazo 20

7. Hipóteses de Enquadramento das Projeções 21

8. Projeção dos Principais Indicadores Económicos e Financeiros 25

9. Política Monetária para os Próximos Meses 28

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 3

Sumário Executivo

O enquadramento externo da economia cabo-verdiana foi marcado, em 2016, pelo abrandamento do ritmo de crescimento económico dos principais parceiros económicos do país, pela contínua recuperação dos seus mercados de trabalho e por baixa inflação.

Pese embora o menor crescimento económico dos parceiros, o contexto externo, globalmente, favoreceu o crescimento da procura turística e dos influxos de investimento direto estrangeiro, determinou a contenção da fatura das importações e beneficiou o poder de compra das famílias, numa conjuntura de estabilização das remessas dos emigrantes.

De acordo com as estimativas das contas nacionais trimestrais do Instituto Nacional de Estatísticas, a economia nacional registou o crescimento real mais acelerado desde 2011, sustentado principalmente nas dinâmicas da administração pública, impostos líquidos de subsídios, agricultura e indústrias transformadoras, na ótica da oferta.

Do lado da procura, o comportamento dos indicadores de tendência acompanhados pelo Banco de Cabo Verde sugere que o melhor desempenho da economia nacional traduziu a boa performance da formação bruta de capital fixo (privada) e do consumo (privado e público), num contexto de aumento do financiamento ao sector privado (com recursos internos e externos), de recuperação da confiança dos agentes económicos e de deflação dos preços no consumidor.

A evolução dos preços no consumidor, em particular, reflete os efeitos no cabaz de consumo nacional da tendência da inflação importada, bem como o aumento da produção local de frescos e o retorno, após a extinção da medida fiscal temporária de apoio às vítimas da erupção vulcânica, da taxa do imposto sobre o valor acrescentado para 15 por cento.

Não obstante o crescimento estimado da procura agregada e, por conseguinte, das importações de bens e serviços, a balança corrente registou uma melhoria em 2016, explicada no essencial pelo crescimento das exportações de serviços e das transferências privadas. Paralelamente, a desmobilização de aplicações em instituições financeiras no exterior, por parte quer das sociedades financeiras quer das sociedades não financeiras, traduziu-se no aumento do excedente da balança financeira e na acumulação de reservas internacionais líquidas para o valor histórico de 541 milhões de euros.

As expetativas de execução de empreendimentos turísticos financiados com investimento externo, aliadas às perspetivas de algum recobro dos investimentos públicos, de contínuo aumento da procura turística e de aumento dos preços no consumidor, sustentam a manutenção das projeções de crescimento económico para 2017 entre três e quatro por cento.

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 4

Numa conjuntura de revitalização do crédito e da economia, mas de incertezas sobre a sua evolução no curto prazo, a política monetária deverá manter o cariz acomodatício, que a caracteriza há quatro anos, na ausência de pressões significativas na balança de pagamentos e nos preços no consumidor. Complementarmente, o Banco de Cabo Verde, nos limites conferidos pela sua Lei Orgânica, continuará a atuar no fortalecimento da saúde do sector financeiro, condição necessária para a preservação da estabilidade macrofinanceira e da confiança na economia, bem como para o aumento da sua resiliência.

Quadro 1: Indicadores Macroeconómicos Selecionados

Fonte: Instituto Nacional de Estatística; Banco de Cabo Verde.

Nota: P – Projeções; v.m.a. – Variação média anual. Os valores do PIB 2015 e 2016 correspondem a estimativas das contas nacionais trimestrais produzidas pelo INE.

Out-16 Mar-17

Sector Real

PIB real variação em % 0,6 1,1 3,9 [3,0 4,0] [3,0 4,0]

Sector Externo

Défice Corrente em % do PIB 9,1 5,0 3,8 5,9 6,8

RIL/Importações meses 5,4 6,4 6,9 6,1 6,9

Sector Monetário

Índice de Preços no Consumidor v.m.a. em % -0,2 0,1 -1,4 [0,0 1,0] [0,75 1,75] Ativo Externo Líquido variação em % 21,8 13,4 18,6 0,4 3,1 Crédito à Economia variação em % -0,2 2,7 4,8 3,0 3,2

Massa Monetária variação em % 7,3 5,9 8,4 5,1 5,5

2017P 2016E

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 6

1. Enquadramento Externo da Economia Cabo-Verdiana

A economia nacional foi, em 2016, influenciada por um contexto externo marcado pelo abrandamento do ritmo de crescimento económico dos principais parceiros económicos do país, pela contínua recuperação dos seus mercados de trabalho e pela baixa inflação, via custos no produtor e preços no consumidor.

O desempenho económico menos conseguido dos principais parceiros do país, designadamente Área do Euro, EUA e Reino Unido, foi determinante para a desaceleração do crescimento do produto interno bruto global para o valor mais baixo desde 2009 (3,1 por cento), segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A economia da Área do Euro, de acordo com o Eurostat, registou um crescimento de 1,7 por cento em termos reais em 2016 (2,0 por cento em 2015), impulsionado, sobretudo, pela dinâmica dos consumos privado e público.

A contínua melhoria do mercado de trabalho, nomeadamente a redução do desemprego em 0,9 pontos percentuais para dez por cento da população ativa, o impacto da contínua redução dos preços das matérias-primas e da contida procura mundial nos preços no consumidor, além do efeito de algum alívio na consolidação orçamental explicam, em larga medida, o crescimento mais acelerado do consumo privado. Este, também, terá sido, em alguma medida, beneficiado pelo reforço da orientação acomodatícia da política monetária em março (redução das taxas de referência do banco central para mínimos históricos e alargamento do programa da compra de ativos para 80 mil milhões de euros e às obrigações das sociedades não bancárias) e junho (início da nova série de operações de refinanciamento direcionadas de prazo alargado).

Não obstante o estímulo monetário, a moderação dos investimentos e, sobretudo, das exportações condicionaram o desempenho económico da região monetária.

As incertezas políticas, mormente as relacionadas à votação do brexit e às tendências eleitorais pró governos populistas em vários países, terão justificado, por um lado, a performance menos positiva dos investimentos. A significativa redução do crescimento das exportações, por outro lado, terá resultado da desaceleração da procura e comércio global, num contexto da deterioração da sua competitividade-preço. Note-se que o euro apreciou-se em termos efetivos nominais três por cento em 2016, quando em 2015 tinha depreciado cerca de dez por cento.

Os EUA e o Reino Unido, importantes financiadores da economia nacional e emissores de procura turística do país, também condicionaram o desempenho do grupo das economias avançadas em 2016, com as suas performances económicas menos conseguidas.

Nos EUA, de acordo com o Bureau of Economic Analysis, o crescimento económico desacelerou um ponto percentual para 1,6 por cento, em larga medida, resultado da contração dos investimentos e

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 7

do crescimento menos acentuado do consumo privado, não obstante a redução do desemprego para níveis considerados de pleno emprego (de 5,3 por cento da população ativa em 2015 para 4,9 por cento em 2016).

O crescimento mais reduzido da procura interna, e em particular a contração dos investimentos, estará relacionada aos desenvolvimentos no mercado petrolífero (oferta elevada e preço reduzido), desencorajadores de investimentos no sector energético, ao cariz menos acomodatício da política monetária (que resultou na subida dos juros de referência - fed funds rate - em 0,25 pontos percentuais para 0,75 por cento em dezembro, um ano depois do primeiro aumento desde agosto de 2007), bem como às incertezas sobre o rumo da política económica, no quadro do processo das eleições.

No Reino Unido, os receios que as incertezas acerca do processo de saída da União Europeia poderiam afetar as decisões dos agentes económicos concretizaram-se, em certa medida, na contração dos investimentos no trimestre da votação do brexit. O crescimento robusto do consumo privado, suportado pela redução do desemprego para os níveis de 2005, compensou parcialmente o abrandamento dos investimentos e da procura externa, permitindo ao Reino Unido um crescimento

real da sua economia em 1,8 por cento (2,2 por cento em 2015).1

O desempenho menos conseguido das principais economias avançadas, a par do arrefecimento e contração das principais economias emergentes e em desenvolvimento, afetou o comércio mundial e contribuiu sobremaneira para a contínua deflação dos preços das matérias-primas e desinflação dos

preços no consumidor.2

1 Registe-se que as medidas de reforço da política de afrouxamento monetário e o alargamento do programa de estímulo

económico, implementadas na sequência da votação da saída do Reino Unido da União Europeia, limitaram os efeitos das incertezas e fortaleceram a confiança dos consumidores e operadores económicos na economia do Reino Unido.

2 O FMI estima que as economias emergentes e em desenvolvimento tenham crescido à mesma taxa que 2015 (4,1 por

cento). A sua dececionante performance, na opinião do FMI, apesar dos desempenhos acima das expetativas da China e do

Figura 1: Produto Interno Bruto e Desemprego nos principais parceiros económicos do país

Fonte: Eurostat; US Department of Labor; Officer for National Statistic. Nota: t.v.h. – taxa de variação homóloga.

-2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 Ma r-12 Jun -12 Se t-12 De z-12 Ma r-13 Jun -13 Se t-13 De z-13 Ma r-14 Jun -14 Se t-14 De z-14 Ma r-15 Jun -15 Se t-15 De z-15 Ma r-16 Jun -16 Se t-16 De z-16 Pr od uto In te rn o Br uto (t.v .h . e m % ) EUA Área do Euro Reino Unido 3,0 5,0 7,0 9,0 11,0 13,0 Ja n-12 Ma i-12 Set -12 Ja n-13 Ma i-13 Set -13 Ja n-14 Ma i-14 Set -14 Ja n-15 Ma i-15 Set -15 Ja n-16 Ma i-16 Set -16 De se m pr eg o ( % d a p op ulaç ão at iv a) EUA Área do Euro Reino Unido

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Figura 2: Taxas de Juro de Referência da Área do Euro, dos EUA e do Reino Unido e Taxa Euribor e Câmbio EUR/USD

Fonte: Eurostat; Federal Reserve, Bank of England.

Com efeito, o preço do barril de brent, petróleo de referência para Cabo Verde, diminuiu 13,8 por cento em 2016 (-43,4 por cento em 2015), enquanto o food price index da FAO registou um decréscimo de 1,5 por cento, que compara à descida de 18,7 por cento de 2015. A tendência de recuperação dos preços do petróleo traduziu a diminuição da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e dos EUA, numa conjuntura de contido aumento da procura global. A evolução dos preços dos produtos alimentares refletiu, igualmente, um maior equilíbrio entre a sua oferta e procura.

O perfil de recobro da inflação pelos custos refletiu-se, numa conjuntura de alguma redução do hiato do produto, num aumento muito ligeiro dos preços no consumidor dos principais parceiros do país, insuficiente, contudo, para infletir a tendência anual deflacionista dos preços em Cabo Verde.

Figura 3: Preços das matérias-primas nos mercados internacionais e Preços no Consumidor dos EUA, Área do Euro e Cabo Verde

Fonte: FAO; Bloomberg; Eurostat; US Department of Labor. Nota: t.v.h. – taxa de variação homóloga.

aumento da produção de petróleo pela Nigéria, reflete o choque no consumo e o abrandamento dos investimentos privados e das receitas de turismo na Índia, a recuperação lenta das economias brasileira e argentina, os impactos na economia mexicana de condições de financiamento restritivas e incertezas quanto às relações económicas com os EUA, além das instabilidades político-sociais.

-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 Ja n-12 Ma i-12 Set -12 Ja n-13 Ma i-13 Set -13 Ja n-14 Ma i-14 Set -14 Ja n-15 Ma i-15 Set -15 Ja n-16 Ma i-16 Set -16 Ta xa s de Jur o (e m %

) fed funds rate (FED)

refi rate (BCE)

bank rate (Bank of England)

1,00 1,10 1,20 1,30 1,40 1,50 -0,40 -0,20 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 Ja n-12 Ma i-12 Set -12 Ja n-13 Ma i-13 Set -13 Ja n-14 Ma i-14 Set -14 Ja n-15 Ma i-15 Set -15 Ja n-16 Ma i-16 Set -16 Eu ro (m éd ia m en sal) Tax as d e J ur o (m éd ia m en sal e m %

) Câmbio Euro/Dólar (eixo dto.)

Euribor 3 meses -60,0 -45,0 -30,0 -15,0 0,0 15,0 30,0 Ja n-12 Ma i-12 Set -12 Ja n-13 Ma i-13 Set -13 Ja n-14 Ma i-14 Set -14 Ja n-15 Ma i-15 Set -15 Ja n-16 Ma i-16 Set -16 Pr eç o d e M at ér ia s-Pr im as (t.v .h . e m % ) Brent FAO Food Price Index -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 Ja n-12 Ma i-12 Set -12 Ja n-13 Ma i-13 Set -13 Ja n-14 Ma i-14 Set -14 Ja n-15 Ma i-15 Set -15 Ja n-16 Ma i-16 Set -16 Tax a d e I nf laç ão H om ólo ga ( em % ) Área do Euro EUA Cabo Verde

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2. Oferta e Procura

As estimativas disponíveis das contas nacionais trimestrais apontam para um crescimento real do produto interno bruto de 3,9 por cento em 2016 (1,1 por cento em 2015), valor mais elevado desde 2011.

Para o fortalecimento da atividade económica foram determinantes os desempenhos da administração pública, dos impostos líquidos de subsídios, das indústrias transformadoras e da agricultura. Estes terão refletido, respetivamente, o aumento das despesas com salários e benefícios sociais por diversos organismos do sector público não empresarial, o melhor desempenho económico e eficácia na arrecadação tributária, a maior dinâmica da procura e os efeitos da

pluviometria registada em 2015.3

Do lado da procura, o crescimento do consumo, da formação bruta de capital fixo (das componentes bens de equipamento e construção) e das exportações de serviços explica a melhor performance da economia, num contexto de recuperação da confiança dos consumidores e operadores económicos, de alguma dinamização do mercado de crédito, de crescimento mais acelerado dos influxos de investimento direto estrangeiro e de contração do investimento público.

A procura externa líquida, traduzindo o aumento das importações de bens e serviços e a redução das exportações de bens, entretanto, contribuiu negativamente para o crescimento económico registado em 2016.

A melhoria do desempenho económico terá refletido a recuperação da confiança dos agentes económicos, bem como a redução de restrições ao financiamento do sector privado.

Figura 4: Contributos para o Crescimento Económico e Evolução dos Indicadores da Procura

Fonte: Instituto Nacional de Estatística; Direção Geral das Alfândegas. Cálculos do Banco de Cabo Verde.

3 Destaque-se, igualmente, os contributos positivos (ainda que menos significativos) dos serviços financeiros, da imobiliária

e outros serviços, bem como de alojamento e restauração para a aceleração do crescimento do valor acrescentado bruto em 2016. O efeito preço, mormente, a deflação dos preços no consumidor registado ao longo de 2016, foi igualmente determinante para o crescimento estimado do PIB a preços do ano anterior.

-4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 1º T 15 2º T 15 3º T 15 4º T 15 1º T 16 2º T 16 3º T 16 4º T 16 Co nt rib ut os p ar a a v ar iaç ão h om ólo ga do P IB r ea l ( po nt os pe rc ent ua is )

Agricultura, Pesca e Extração Construção

Indústrias Transformadoras Serviços

Impostos Líquidos de Subsídios PIB (var. tri. em volume)

-40,0 -20,0 0,0 20,0 40,0 60,0 1º T 15 2º T 15 3º T 15 4º T 15 1º T 16 2º T 16 3º T 16 4º T 16 Co nt rib ut os p ar a a v ar iaç ão h om ólo ga do Indi ca do r de P ro cur a Int er na (po nt os pe rc ent ua is )

Bens de Consumo Duradouros Materiais de Transporte Equipamentos Construção Veículos Automóveis

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Figura 5: Condições de Financiamento da Economia e Indicadores de Confiança dos Agentes Económicos

Fonte: Bancos Comerciais. Instituto Nacional de Estatística. Cálculos do Banco de Cabo Verde.

Nota: (*) Inclui empresas mistas, privadas e particulares; s.r.e. – saldo de respostas extremas; mm3 – média móvel dos últimos três meses.

Com efeito, o indicador de clima económico manteve ao longo do ano a tendência de recuperação iniciada no segundo trimestre de 2015, principalmente devido à melhoria da conjuntura nos sectores

do turismo, do comércio e do transporte.4

O indicador de confiança do consumidor, depois de ter invertido o perfil descendente no segundo trimestre de 2016, manteve, nos últimos dois trimestres do ano, uma trajetória ascendente, refletindo a perceção mais otimista daqueles agentes quanto à situação financeira do seu agregado familiar e às perspetivas de evolução da economia nos próximos 12 meses.

5

As condições internas e externas de financiamento do sector privado permaneceram também favoráveis no terceiro e quarto trimestres do ano, resultando no crescimento do crédito ao sector privado em 4,7 por cento (0,3 por cento em 2015) e dos influxos de investimento direto estrangeiro em ações e outras participações de capital em 25 por cento (que compara à diminuição de 34 por cento registado no ano de 2015).

4 De notar, entretanto, que as expetativas dos operadores face à performance da construção e indústria registou um

agravamento em termos médios anuais.

5 Salienta-se o aumento relativo do número de famílias que reportaram, no quarto trimestre, uma melhoria nas condições

de poupança e nas perspetivas de consumo, num contexto de perceção de redução dos preços e do desemprego.

-5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 Ma r-12 Jun -12 Set -12 De z-12 Ma r-13 Jun -13 Set -13 De z-13 Ma r-14 Jun -14 Set -14 De z-14 Ma r-15 Jun -15 Set -15 De z-15 Ma r-16 Jun -16 Set -16 De z-16 em % d o PI B var iaç ão h om ólo ga e m %

IDE (participações) (eixo dto.) Crédito ao Sector Privado Crédito à Economia 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 -18,0 -15,0 -12,0 -9,0 -6,0 -3,0 0,0 3,0 6,0 Ma r-12 Jun -12 Set -12 De z-12 Ma r-13 Jun -13 Set -13 De z-13 Ma r-14 Jun -14 Set -14 De z-14 Ma r-15 Jun -15 Set -15 De z-15 Ma r-16 Jun -16 Set -16 De z-16 s.r .e . m m 3 s.r .e . m m 3 Clima Económico

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3. Inflação

A inflação média anual, medida pela taxa de variação média dos últimos 12 meses do índice de preços no consumidor, manteve, ao longo de 2016, a trajetória de redução iniciada em finais de 2015, fixando-se, em dezembro de 2016, em -1,4 por cento (+0,1 por cento em período homólogo). O comportamento dos preços no consumidor resultou, sobretudo, da deflação das classes de bens alimentares e bebidas não alcoólicas e de rendas de habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis, reflexo da transmissão aos preços internos da inflação importada, de algum aumento da produção local de frescos, bem como da extinção da medida tributária temporária, adotada em 2015, de aumento da taxa do imposto sobre o valor acrescentado de 15 para 15,5 por cento.

Dado o seu peso no cabaz de consumo dos cabo-verdianos, os preços dos bens alimentares não transformados contribuíram significativamente (aproximadamente em 45 por cento) para a deflação registada do índice de preços no consumidor, tendo o impacto do aumento da produção local de frescos, em função da pluviosidade ocorrida na época das chuvas de 2015, sido ampliado pela redução em um por cento dos preços de importação de bens alimentares não transformados. A contínua redução do preço do brent nos mercados internacionais repercutiu-se, em 2016, essencialmente nos preços de distribuição da eletricidade e água, que ao reduzirem 13 e um por cento, respetivamente, determinaram a deflação da classe quatro do cabaz do consumidor- classe de rendas de habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis. O preço do gás, pese embora alguma volatilidade intra-anual, praticamente estabilizou, ao decrescer 0,3 por cento.

Quadro 2: Índice de Preços no Consumidor

Fonte: Instituto Nacional de Estatística. Cálculos do Banco de Cabo Verde. Nota: t.v.h. – taxa de variação homóloga.

Mar Jun Set Dez

Índice de Preços no Consumidor

Taxa de variação homóloga -0,4 -0,5 -0,3 -1,2 -2,3 -2,1 -0,3

Taxa de variação média -0,2 0,1 -1,4 -0,1 -0,6 -1,2 -1,4

Principais Agregados do IPC (t.v.h.)

Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas -1,2 1,5 -0,6 0,2 -0,7 -1,8 -0,4

Bebidas alcoólicas e tabaco 1,2 1,7 0,8 1,6 0,2 0,9 1,5

Vestuário e calçado 1,5 1,0 -0,4 -1,7 -2,8 -0,5 3,5

Rendas de hab., água, eletricidade, gás e outros combustíveis -0,2 -6,1 -8,3 -9,6 -11,1 -9,2 -4,0 Acessórios, equip. doméstico e manutenção corrente da hab. 1,2 5,6 2,4 3,1 2,4 3,0 1,0

Saúde 1,3 1,1 2,0 0,6 2,3 2,5 3,5

Transportes -1,7 -2,6 -3,2 -1,1 -6,7 -4,4 -0,1

Comunicações 0,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Lazer, recreação e cultura -1,1 1,0 2,0 1,0 2,0 2,2 2,6

Ensino -0,7 -0,9 0,0 -0,4 -0,5 -0,1 1,8

Hotéis, restaurantes, cafés e similares -0,1 1,2 2,2 2,4 3,8 1,2 -0,7

Bens e serviços diversos 4,8 4,5 2,5 2,1 3,1 2,8 2,4

2016 2016

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 12

Figura 6: Preços no Consumidor e Competitividade-Preço de Cabo Verde face à Área do Euro

Fonte: Instituto Nacional de Estatística; Eurostat. Cálculos do Banco de Cabo Verde. Nota: IPC – Índice de Preços no Consumidor; t.v.h. – taxa de variação homóloga.

A evolução dos preços de transportes, que entretanto apresentaram uma tendência de recuperação no quarto trimestre, refletiu a diminuição das tarifas dos transportes urbanos coletivos de passageiros, na ordem dos dez por cento, e a ligeira subida, de 0,2 por cento, dos preços dos combustíveis para uso não-doméstico.

A redução da taxa única do imposto sobre o valor acrescentado compensou algum efeito da pressão da procura por determinados bens e serviços, designadamente de hotelaria e restauração, de lazer, recreação e cultura, de ensino, de saúde e, nos últimos três meses do ano, de vestuário e calçado. A trajetória descendente da inflação core (do índice de preços excluindo energia e bens alimentares não transformados), que em termos médios anuais fixou-se em -0,2 por cento em dezembro de 2016 (+0,8 por cento em período homólogo), evidencia uma tendência generalizada de desinflação no país.

A contenção salarial, não obstante o aumento de remunerações de algumas classes profissionais do sector público, e o contínuo impacto dos reduzidos preços da energia nos custos de produção e, consequentemente, de comercialização de bens e serviços, a par da redução da taxa de imposto sobre o valor acrescentado, justificam o comportamento da inflação subjacente.

Pese embora o seu efeito desfavorável nas receitas fiscais, a deflação dos preços no consumidor, num contexto de recuperação da confiança dos agentes económicos, além de ter beneficiado o

poder de compra das famílias e o seu consumo, favoreceu a competitividade-preço do país.6

6 No contexto da economia nacional, a queda dos preços no consumidor, ao impulsionar o poder de compra e o

rendimento disponível das famílias tende, dado o peso de bens e serviços de primeira necessidade no cabaz de consumo dos cabo-verdianos, a influenciar o comportamento das famílias no sentido de aumentarem o consumo e ou de cumprirem com as suas responsabilidades financeiras. Do lado da oferta, uma maior dinâmica da procura conduz a uma maior necessidade de investimento (bem como de importação, dada a limitada capacidade produtiva do país). Por sua vez, a expectativa por parte dos bancos de um menor nível de incumprimento por parte das famílias e empresas tenderá a aliviar a aversão aos riscos do sistema bancário, beneficiando o mecanismo de transmissão monetária do país.

-3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 Ja n-12 Abr -12 Jul -12 O ut -12 Ja n-13 Abr -13 Jul -13 O ut -13 Ja n-14 Abr -14 Jul -14 O ut -14 Ja n-15 Abr -15 Jul -15 O ut -15 Ja n-16 Abr -16 Jul -16 O ut -16 em %

Taxa de Variação Homóloga Taxa de Variação Média de 12 Meses

IPC Excluindo Energia e Bens Alimentares Não Transformados (t.v.h.)

-3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 Ja n-12 Abr -12 Jul -12 O ut -12 Ja n-13 Abr -13 Jul -13 O ut -13 Ja n-14 Abr -14 Jul -14 O ut -14 Ja n-15 Abr -15 Jul -15 O ut -15 Ja n-16 Abr -16 Jul -16 O ut -16 em %

Inflação Homóloga da Área do Euro Inflação Homóloga de Cabo Verde Índice de Taxa de Câmbio Efetiva Real

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 13

4. Contas Externas

As contas externas registaram um comportamento muito favorável em 2016, tendo a balança global registado um excedente de 83 milhões de euros, em função da redução das necessidades de financiamento da economia (défice conjunto das balanças correntes e de capital), numa conjuntura de aumento de influxos de financiamento da economia.

O défice da balança corrente diminuiu 22 por cento, depois de ter contraído 44 por cento em 2015, em resultado da dinâmica das exportações de serviços e das transferências privadas.

O aumento das exportações de viagens e transportes aéreos em 6,5 e 7,9 por cento, respetivamente, reflexo do crescimento da procura turística internacional em 11 por cento, bem como o incremento das receitas de serviços de telecomunicações e de informática em 20,8 por cento, mais que compensou o crescimento das importações de mercadorias, em 10,5 por cento, para fazer face ao aumento da procura agregada.

O défice comercial (das balanças de bens e serviços) do país agravou-se, contudo, em função da redução das exportações de bens (em 0,5 por cento, não obstante o aumento das reexportações de combustíveis e víveres nos portos e aeroportos internacionais do país) e aumento das importações

de serviços técnicos e empresariais em 12 por cento.7

Independentemente dos fatores que originam a deflação, a queda dos preços tende a afetar, ceteris paribus, negativamente as receitas do Estado, sobretudo a arrecadação do imposto sobre o valor acrescentado.

7 As estatísticas da balança de pagamentos e da posição de investimento internacional do país passaram a ser compiladas a

partir do primeiro trimestre de 2016 de acordo com as recomendações metodológicas do sexto manual do Fundo Monetário Internacional para compilação das estatísticas do sector externo. No quadro da implementação das novas premissas metodológicas, o Banco de Cabo Verde revisitou o sistema de notificação das transações internacionais pelos bancos, que é a principal fonte de dados para a compilação das estatísticas da balança de pagamentos. As alterações metodológicas e de certas práticas de compilação resultaram na melhoria da classificação estatística de determinadas rubricas, como sejam transferências privadas, viagens de negócios e serviços empresariais, cujos valores apurados em 2016 não serão plenamente comparáveis com os dos anos anteriores. Está em curso um plano de revisão das estatísticas compiladas desde 2008, com o objetivo de harmonizar as séries e integrar os efeitos das recentes alterações metodológicas e de práticas de compilação.

Figura 7: Balança Corrente e Balança Financeira

Fonte: Banco de Cabo Verde.

Nota: No gráfico foram destacadas as performances de algumas rubricas da Balança de Pagamentos.

-20,0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 2012 2013 2014 2015 2016 em % d o PI B

Juros da Dívida (Governo, bancos e outros sectores) Dividendos do IDE Expatriados

Remessas de Emigrantes Receitas de Viagens Importações de Bens e Serviços Balança Corrente 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 2012 2013 2014 2015 2016 em m es es d e i m po rt aç ão em % d o PI B IDE

Dívida Externa Pública Dívida Externa Privada Ativos Líquidos de Bancos

(16)

Banco de Cabo Verde / Março de 2017 14

Quadro 3: Procura Turística

Fonte: Instituto Nacional de Estatística e Banco de Cabo Verde. Nota: t.v. – taxa de variação.

Contrariando as expetativas de contração, fundadas na dissipação dos efeitos do apoio da comunidade internacional ao país, na sequência da erupção vulcânica de finais de 2014 e inícios de 2015, o saldo das transferências unilaterais (correntes e de capital) aumentou 15,5 por cento (19,5 por cento em 2015). No contexto de redução das transferências oficiais (em particular devido à diminuição dos donativos em bens duradouros e do ritmo de execução dos projetos financiados pelo Millenium Challenge Corporation), a sustentação da dinâmica das transferências unilaterais traduziu a estabilização das remessas de emigrantes e o contínuo aumento de transferências para as famílias e instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias.

Por seu turno, a repatriação de reservas e dividendos por parte de empresas dos ramos da construção e do turismo e os encargos com os juros aos credores externos do governo determinaram o aumento do défice da balança de rendimentos em cerca de 60 por cento, numa conjuntura de redução do serviço da dívida e de outras responsabilidades financeiras externas das empresas financeiras e não financeiras do país.

Não obstante a redução das necessidades de financiamento do país, o excedente da balança financeira aumentou 28 por cento em 2016, determinando o alargamento do rácio de cobertura das importações pelas reservas de 6,4 para 6,9 meses.

A desmobilização de aplicações em instituições financeiras no exterior, por parte quer das sociedades financeiras quer das sociedades não financeiras, na ordem dos 43 milhões de euros, explica a evolução da conta financeira.

O contributo do investimento externo e dos empréstimos financeiros para o crescimento dos influxos de financiamento externo foi, contudo, negativo. Com efeito, apesar do aumento em 25 por cento do investimento direto estrangeiro no país em ações e outras participações de capital, a redução dos lucros reinvestidos e a diminuição das responsabilidades das empresas de capital externo com os seus investidores resultaram no decréscimo de 1,1 por cento do saldo global do investimento direto estrangeiro.

valor absoluto t.v. (%) valor absoluto t.v. (%) valor absoluto t.v. (%)

Hóspedes não residentes 493.732 -1,8 519.722 5,3 598.032 15,1 Dormidas de não residentes 3.284.271 0,1 3.572.878 8,8 3.964.293 11,0

Estadia Média (n.º de noites) 6,1 3,4 6,3 3,3 6,2 -1,6

Taxa de Ocupação (em percentagem) 53,0 -5,4 49,0 -7,5 55,0 12,2 Receitas de Viagens (milhões de escudos) 33.619 -3,9 34.476 2,6 36.713 6,5 Viagens pessoais por outros motivos 32.108 -3,6 32.734 1,9 34.875 6,5

(17)

Banco de Cabo Verde / Março de 2017 15

Figura 8: Posição do Investimento Internacional Líquida por instrumentos e sector institucional

Fonte: Banco de Cabo Verde.

No que se refere a outros fluxos de investimento e financiamento, os desembolsos líquidos de empréstimos contratados com o exterior registaram uma redução de 46 por cento, explicado, sobretudo, pela redução dos desembolsos líquidos da dívida pública, na ordem dos 7,3 mil milhões de escudos.

Pese embora a evolução positiva da balança global, as transações do país com o exterior determinaram o agravamento do défice financeiro do país de 156,6 para 162 mil milhões de escudos em 2016. Destaque-se, entretanto, que o agravamento da posição de investimento internacional foi determinado principalmente pelo aumento do investimento direto estrangeiro no país em ações e outras participações de capital (um passivo do país) e, em menor proporção, pela redução das aplicações externas dos bancos e outros sectores em moedas e depósitos (ativos do país). Os empréstimos financeiros contribuíram marginalmente para a deterioração da situação deficitária da economia nacional face ao resto do mundo, devido à redução significativa dos desembolsos do governo e à contínua amortização da dívida privada.

-210,0 -180,0 -150,0 -120,0 -90,0 -60,0 -30,0 0,0 30,0 60,0 2012 2013 2014 2015 2016 em % d o PI B Investimento de Carteira Ativos de Reserva Outros Investimentos

Investimento Direto no Estrangeiro

-210,0 -180,0 -150,0 -120,0 -90,0 -60,0 -30,0 0,0 30,0 60,0 2012 2013 2014 2015 2016 em % d o PI B Bancos Governo

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 16

5. Situação Monetária e Financeira

A massa monetária alargada, expressa pelo agregado M2, registou um crescimento de 8,4 por cento, determinado pela expansão tanto das disponibilidades líquidas sobre o exterior como do crédito interno.

A acumulação das reservas internacionais líquidas do país para o valor máximo histórico de 59,7 mil milhões de escudos resultou no crescimento, na ordem dos 19 por cento, dos ativos externos líquidos do país. Contrariando a evolução dos ativos externos do Banco de Cabo Verde, os ativos externos dos bancos comerciais reduziram, numa conjuntura em que a rendibilidade das suas aplicações no exterior (tradicionalmente em depósitos na Área do Euro) acentuou o perfil descendente.

O crédito interno líquido cresceu 4,6 por cento reflexo, sobretudo, do maior crescimento do crédito à economia desde 2011.

O aumento da procura de crédito, por parte dos particulares e empresas, num cenário de algum desagravamento da perceção de riscos macroeconómicos por parte dos bancos (relacionado quer a perspetivas mais otimistas quanto ao desempenho da economia quer ao peso crescente da procura empresarial para investimento) e de contínua redução das taxas de juro ativas, terá determinado o

aumento da oferta de crédito para o sector privado em 4,7 por cento.8

8 De acordo com os resultados do inquérito trimestral à política de crédito dos bancos. Registe-se que a taxa média de

juros de empréstimos em situação regular fixou-se nos 9,07 por cento, 0,07 pontos percentuais abaixo do registado em 2015.

Quadro 4: Situação Monetária

Fonte: Bancos Comerciais; Banco de Cabo Verde.

Notas: SPA – Sector Público Administrativo; IPC- Índice de Preços no Consumidor; BT – Bilhetes do Tesouro; TRM – Título de Regularização Monetária.

Dez-15 Mar-16 Jun-16 Set-16 Dez-16

Dez-15 Dez-16

Posição Externa 49.950 51.010 53.431 53.528 59.259 13,4 18,6

Ativos Externos Líquidos do BCV 50.018 49.475 50.851 52.912 59.712 7,9 19,4 Reservas Internacionais Líquidas 49.998 49.455 50.831 52.892 59.692 7,8 19,4 Ativos Externos Líquidos dos Bancos Comerciais -69 1.534 2.580 617 -453 97,0 560,4

Crédito Interno Líquido 126.413 126.630 129.873 132.663 132.228 2,2 4,6

Crédito Líquido ao SPA 29.494 30.025 32.948 33.935 30.698 0,5 4,1 Crédito à Economia 96.919 96.605 96.925 98.728 101.530 2,7 4,8 Crédito às Empresas Públicas N/Financeiras 3.153 3.076 3.046 3.048 3.344 275,4 6,1 Crédito ao Sector Privado 93.766 93.529 93.879 95.680 98.187 0,3 4,7

Massa Monetária 154.586 157.553 162.067 164.410 167.510 5,9 8,4

Base Monetária 46.749 47.225 49.676 51.754 56.433 2,1 20,7

Memo Itens

Inflação (var. média anual IPC em %) 0,1 -0,1 -0,6 -1,2 -1,4 Tx. dos BT (a 91 dias, média em %) 0,75 0,69 0,69 0,50 0,50

TRM (14 dias em %) 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31

Variação homóloga Saldos em milhões de escudos

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 17

O crédito concedido destinou-se na sua larga maioria (em torno de 60 por cento) a sociedades não financeiras privadas. O montante cedido aos particulares, em 2016, financiou, sobretudo, o consumo de bens e serviços (outros fins que não habitação).

Pese embora o aumento dos seus depósitos, em torno de 22 por cento, o crédito líquido ao sector público também registou um aumento, de 4,1 por cento, para financiar, sobretudo, as necessidades do governo central, numa conjuntura de redução dos desembolsos de financiadores externos do Estado.

Em termos de componentes, a expansão monetária foi principalmente impulsionada pelo crescimento dos passivos monetários, em particular, dos depósitos à ordem de residentes e

emigrantes, que cresceram 14,3 por cento.9

Os depósitos a prazo e de poupança mantiveram a tendência de crescimento do ano anterior, aumentando sete por cento, não obstante a desaceleração dos depósitos a prazo e de poupança dos emigrantes, de seis para 4,8 por cento, valor superior à sua remuneração média em 0,8 pontos percentuais.

O comportamento dos depositantes estará a ser em certa medida influenciado pelo contínuo ajustamento do custo de funding pelos bancos. Com efeito, os juros praticados nas operações passivas dos bancos reduziram de uma média efetiva de 4,06 para 3,87 por cento, tendo os juros médios dos depósitos dos emigrantes reduzido de 4,14 para 4,03 por cento.

9 O contínuo aumento da preferência da população cabo-verdiana pela utilização de meios de pagamentos eletrónicos

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 18

6. Finanças Públicas

O défice orçamental, medido pelo saldo global incluindo donativos, reduziu, em 2016, 0,3 pontos percentuais para 3,6 por cento do PIB, em resultado do aumento das receitas orçamentais, na ordem dos três por cento.

A melhor execução das receitas, e em particular de impostos sobre o rendimento de pessoas singulares, sobre o valor acrescentado e sobre as transações internacionais, que cresceram, respetivamente, 21,5, 6,2 e 12,0 por cento, refletiu o contínuo efeito das reformas fiscais implementadas desde 2013 (entre outras da arrecadação eletrónica dos impostos retidos na fonte),

bem como a maior dinâmica da atividade económica.10

O aumento da ajuda orçamental (componente donativos) e de outros donativos concedidos por governos estrangeiros, na ordem dos quatro por cento, também contribuíram, ainda que menos expressivamente, para o aumento das receitas orçamentais.

Do lado das despesas, de notar um aumento das despesas de funcionamento, em torno de oito por

10 Refira-se que o crescimento do imposto sobre rendimentos de pessoas singulares também traduziu o aumento do

Tributo Especial Unificado, bem como o aumento do rendimento das micro e pequenas empresas. Por sua vez, contrariamente ao sucedido a nível das pessoas singulares, o imposto sobre rendimentos de pessoas coletivas registou uma queda de 14 por cento, devido ao efeito de base da dupla arrecadação de 2015, com a transição para o novo código de imposto, bem como a problemas técnico-operacionais com a implementação da declaração eletrónica, que impediram a arrecadação de todos os montantes devidos pelas empresas em 2016.

Quadro 5: Situação Orçamental

Fonte: Ministério das Finanças. Cálculos do Banco de Cabo Verde.

Notas: Dados provisórios sujeitos a alterações; DGA – Direção Geral das Alfândegas: DGCI - Direção Geral das Contribuições e Impostos.

2014 2015 2016 2015 2016

Receitas de Impostos 27.061 30.252 32.304 11,8 6,8

das quais:

Imposto s/ Valor Acrescentado 10.170 11.283 11.986 11,0 6,2

Cobrado pela DGA 6.253 6.358 6.601 1,7 3,8

Cobrado na DGCI 3.917 4.925 5.385 25,7 9,3

Imposto sobre o Rendimento 7.747 9.561 10.078 23,4 5,4

Pessoas Singulares 4.998 5.222 6.346 4,5 21,5

Pessoas Coletivas 2.749 4.339 3.732 57,9 -14,0

Donativos 2.787 3.841 3.955 37,8 3,0

Despesas Correntes Totais 37.542 41.040 44.015 9,3 7,3

das quais:

Despesas com Pessoal 17.172 17.058 18.252 -0,7 7,0

Transferências Correntes 4.389 4.753 4.903 8,3 3,2

Benefícios Sociais 4.348 4.729 5.148 8,8 8,9

Despesas com Aq. de Ativos não Financeiros 9.850 7.128 5.040 -27,6 -29,3

dos quais:

Programa de Investimento 9.691 6.971 4.881 -28,1 -30,0

Saldo Global (incluindo Donativos) -11.756 -6.058 -5.798 -48,5 -4,3 Saldo Primário (incluindo Donativos) -8.328 -1.960 -1.595 -76,5 -18,6

crescimento em % milhões de escudos

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 19

cento, parcialmente compensado pela redução das despesas com a aquisição de ativos não financeiros em 29 por cento.

A inversão da tendência de consolidação do orçamento de funcionamento, que se vinha registando desde 2014, foi determinada, em larga medida, pelo aumento das remunerações certas e permanentes (na ordem dos sete por cento, que compara ao aumento de 1,6 por cento de 2015), reflexo, entre outras causas, do aumento do salário dos professores e da polícia nacional, bem como

do pagamento de subsídios de reintegração dos membros do antigo governo.11

Os gastos com a aquisição de bens e serviços, ao reduzirem 4,3 por cento, atenuaram o agravamento das despesas de funcionamento e correntes, bem como a deterioração do saldo corrente primário (de 1.540,1 milhões de escudos positivos para 191,4 milhões de escudos negativos).

A redução do investimento do Estado em formação bruta de capital fixo na ordem de dois mil milhões de escudos, por seu turno, terá traduzido, além do phasing-out do programa pluri-anual de investimentos ainda em curso, o impacto do processo de instalação do novo governo e da aprovação

tardia (no terceiro trimestre do ano) do Orçamento do Estado para 2016.12

A execução orçamental de 2016, que resultou num défice de 5.797,4 milhões de escudos, determinou o aumento do stock da dívida bruta do Estado na ordem dos seis por cento, para 211,5 mil milhões de escudos (cerca de 131 por cento do PIB), sobretudo junto ao sector bancário nacional.

11 Refira-se, igualmente, os contributos para o aumento das despesas com remunerações certas de recrutamentos

efetuados para a administração pública, da evolução na carreira do pessoal da polícia judiciária, da implementação do novo estatuto da carreira diplomática no segundo semestre de 2015, bem como da criação de novos centros de custo do Ministério da Saúde, decorrentes do processo de bancarização do Tesouro, e a entrada em funcionamento de novos Hospitais Regionais.

12 Registe-se que a execução das despesas com aquisição de ativos não financeiros acelerou consideravelmente no terceiro

e quarto trimestres do ano, de 1.985 até o primeiro semestre para 5.040 milhões de escudos. Não obstante, a taxa de execução face ao orçamento aprovado em agosto fixou-se nos 52 por cento.

Figura 9: Saldo Orçamental e Dívida Pública

Fonte: Ministério das Finanças.

-14,0 -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 0,0 -25.000 -20.000 -15.000 -10.000 -5.000 0 5.000 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 em % d o PI B em m ilhõ es de e sc udo s Saldo Corrente Saldo Global Saldo Primário Corrente Saldo Global s/ Donativos (eixo dto.)

0 20 40 60 80 100 120 140 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 em % d o PI B

Junto ao Sector não Bancário (Dívida Interna) Junto ao Sector Bancário (Dívida Interna) Junto a Parceiros Bilaterais (Dívida Externa) Junto a Parceiros Multilaterais (Dívida Externa)

(22)

Perspetivas de Evolução da Economia no

Curto Prazo

(23)

Banco de Cabo Verde / Março de 2017 21

7. Hipóteses de Enquadramento das Projeções

As projeções revistas para 2017 baseiam-se em pressupostos teóricos e no conhecimento empírico que fundamentam o exercício da programação monetária e financeira do Banco de Cabo Verde. Enquadram os desenvolvimentos económicos e financeiros mais recentes, bem como as hipóteses de evolução nos próximos meses de variáveis determinantes do crescimento da economia cabo-verdiana.

As hipóteses técnicas sobre o enquadramento externo da economia e a orientação das políticas orçamental e monetária, apresentadas de seguida, são elementos fundamentais do exercício de programação monetária e financeira.

Enquadramento externo da economia cabo-verdiana sugere um comportamento misto das economias dos principais parceiros do país em 2017.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve para 2017, no World Economic Outlook-Update, publicado em meados de janeiro último, as perspetivas de crescimento da economia global em 3,4 por cento, antecipando, face ao desempenho de 2016, uma maior dinâmica tanto das economias

avançadas como das economias emergentes e em desenvolvimento.13

No que diz respeito aos principais parceiros económicos do país, a política monetária acomodatícia, pese embora a perspetiva de redução dos limites de aquisição de ativos de 80 para 60 mil milhões de euros, deverá suportar um crescimento de 1,6 por cento do produto interno bruto da Área do Euro (1,7 por cento em 2016). Um crescimento mais contido dos consumos privado e público deverá traduzir-se num ritmo de crescimento económico ligeiramente mais brando, não obstante o maior dinamismo dos investimentos privados e das exportações.

Para os EUA, apesar das incertezas quanto à efetivação e impacto de determinadas políticas anunciadas pelo novo presidente, bem como às expetativas de gradual aumento das taxas de juro de referência, o FMI perspetiva um crescimento de 2,3 por cento (1,6 por cento em 2016). As melhores expetativas quanto ao desempenho da maior economia mundial são justificadas pelos efeitos da assinalável recuperação da atividade económica na segunda metade de 2016, pelas perspetivas de contínuo fortalecimento do mercado de trabalho e do sector imobiliário, bem como pelo impacto do aumento dos preços da energia na produção e investimento no sector energético, acrescidos das

13 Na última revisão das suas projeções para 2017, o FMI atualizou em alta e em baixa, respetivamente, as perspetivas de

crescimento das economias avançadas e em desenvolvimento. O maior otimismo quanto às perspetivas de desempenho das primeiras sustenta-se na eventualidade de adoção de medidas de estímulo orçamental nos EUA, com a vitória do Donald Trump nas eleições presidenciais, e na factorização do crescimento, no segundo semestre de 2016, mais forte que o esperado de Alemanha, Espanha, Japão e Reino Unido. As expetativas de uma performance mais fraca que a antecipada em outubro de 2016 para as economias emergentes e em desenvolvimento equaciona: um choque no consumo, e o arrefecimento do investimento privado e do turismo na Índia, em função de problemas nos sistemas de pagamentos; uma recuperação mais lenta das economias brasileira e argentina; os impactos na economia mexicana de condições de financiamento mais restritivas e um aumento das incertezas quanto às relações económicas com os EUA; bem como um agravamento das instabilidades político-sociais.

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 22

expetativas de implementação de estímulos fiscais.

O crescimento económico no Reino Unido deverá desacelerar em 2017 para 1,5 por cento (dois por cento em 2016). O abrandamento deverá ser determinado por um menor dinamismo do consumo e investimento privados, num contexto de depreciação da libra esterlina, de aumento da inflação, de estagnação do rendimento disponível real das famílias e de manutenção de elevados níveis de incerteza sobre as suas futuras relações comerciais.

A materialização das perspetivas do FMI quanto à evolução da atividade económica mundial, e dos parceiros do país em particular, com impacto, em geral, positivo no enquadramento externo da economia nacional, está, entretanto, condicionada à efetivação dos riscos de:

a. aumento do protecionismo nas relações comerciais globais, combinado com a implementação de uma política orçamental do tipo beggar-thy-neighbour por parte dos EUA,

com consequências adversas para o comércio e produtividade global;14

b. progresso inadequado das reformas estruturais, nomeadamente visando o reforço da saúde do sistema financeiro em economias com dimensão sistémica como a China, com efeitos permanentes no seu crescimento, inflação e, consequentemente, na dinâmica da sua dívida;

c. agravamento das tensões geopolíticas (guerras civis, terrorismo), bem como dos efeitos da seca na África Oriental e Austral, além do impacto da propagação do vírus zika no turismo, comércio e produtividade das economias afetadas.

As perspetivas de um crescimento mais acelerado do comércio e da atividade económica global sustentam as expetativas de subida dos preços das matérias-primas e a tendência de alinhamento dos preços no consumidor às metas de inflação de referência.

A contenção do défice global deverá orientar a política orçamental para 2017. A política monetária deverá permanecer acomodatícia.

O Orçamento do Estado para 2017 prevê, face ao orçamento reprogramado de 2016, um aumento do défice orçamental em 0,4 por cento, não obstante o previsto aumento das receitas dos impostos

(em 12,3 por cento), ainda que num contexto de implementação de um pacote de estímulos fiscais.15

Perspetiva-se, em função da contínua implementação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários da Administração Pública, um aumento das despesas de funcionamento, entretanto, num ritmo mais contido (de 7,2 por cento, que compara a 8,1 por cento registado em 2016).

14 Uma política do tipo beggar-thy-neighbour é aquela através da qual uma economia aberta adota políticas, na tentativa

de resolver os seus problemas macroeconómicos, que prejudica o desempenho de economias interdependentes.

15 O pacote de estímulos fiscais, publicado na lei que aprova o Orçamento do Estado para 2017-Lei n.º 5/IX/2016 de 30 de

dezembro- abrange, entre outras medidas, a isenção do Tributo Especial Unificado a empresas com volume de negócios inferior a um milhão de escudos; a limitação à dedutibilidade fiscal dos gastos de endividamento das empresas; a redução das taxas de retenção na fonte de rendimentos empresariais e profissionais, bem como de rendimentos prediais; as isenções de emolumentos em certidões e de impostos de selo na utilização de crédito à habitação até sete milhões de escudos; os incentivos à contratação de jovens e ao empreendedorismo jovem.

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 23

Entretanto, projeta-se uma execução mais significativa do programa de investimentos públicos (perspetivando-se um aumento de 14,6 por cento face ao orçamento reprogramado de 2016), contrariando a tendência de contração do orçamento de investimento dos últimos anos.

A ausência de pressões significativas na balança de pagamentos sustenta a manutenção da orientação acomodatícia da política monetária, numa conjuntura de algum agravamento do risco de crédito e de algum aumento de pressões inflacionistas.

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 24

Principais Hipóteses Técnicas de Enquadramento das Projeções

As principais hipóteses técnicas de enquadramento externo refletem as projeções publicadas no World Economic Outlook-Update do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 16 de janeiro de 2017, bem como as projeções do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco de Portugal (BdP) de março de 2017.

As projeções do FMI e do BCE apontam para um impacto misto do contexto externo nas perspetivas de curto prazo para a economia cabo-verdiana. Por um lado, indiciam uma evolução favorável da procura externa dirigida a Cabo Verde, assente na expetativa de um crescimento mais acelerado das importações de bens e serviços na Área do Euro, não obstante a perspetiva de uma redução do rendimento disponível bruto das famílias, em função do aumento da inflação. Por outro lado, antecipam uma procura externa menos favorável do Reino Unido, principal emissor de turistas para o mercado nacional, com a prevista desaceleração das suas importações.

As taxas de juro Euribor de curto prazo, às quais um volume considerável de dívida externa do país está indexado, deverão manter-se, em média, negativas em 2017, suportando as expectativas de contínua melhoria das condições de financiamento na Área do Euro, mas reduzindo os retornos dos investimentos internos na região monetária e incentivando, por conseguinte, o seu investimento no exterior.

No que respeita aos preços relativos de referência para o comércio externo do país, as hipóteses de enquadramento apontam para uma depreciação do euro em 2017, quer em relação ao dólar dos EUA quer em termos efetivos nominais, o que deverá encarecer as faturas de importação nacional e o serviço da dívida pública expresso ou convertível em dólar.

O aumento previsto dos preços nos mercados internacionais das matérias-primas energéticas e não energéticas, bem como dos índices de preços no consumidor dos principais mercados de importação do país, deverá exercer uma pressão ascendente sobre os preços nacionais, pela via da inflação importada.

No que concerne à orientação das políticas macroeconómicas, as hipóteses técnicas assumem as perspetivas de contenção do orçamento do Estado, sem reforço nem inflexão nas orientações da política monetária.

Hipóteses do Exercício de Projeção

Fonte: Fundo Monetário Internacional (WEO de janeiro de 2017); Banco Central Europeu (dezembro 2016); Banco de Portugal (dezembro de 2016); Ministério das Finanças.

Notas: P - Projeções; t.v.r. - taxa de crescimento real; t.v.h. - taxa de variação homóloga; t.v.a. - taxa de variação anual; v.m.a. - valor médio anual.

Março /17 Produto Interno Bruto (t.v.r. em %)

Mundo 3,2 3,1 3,4 3,4

Área do Euro 2,0 1,7 1,5 1,6

EUA 2,6 1,6 2,2 2,3

Reino Unido 2,2 2,0 1,1 1,5

Procura Externa (t.v.h. em %)

Importações da Área do Euro 6,2 3,5 4,4 4,6

Preço das Matérias-Primas (t.v.a. em %)

energéticas -47,2 -15,9 17,9 19,9

não energéticas -17,4 -2,7 0,9 2,1

Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (t.v.h. em %)

Portugal 0,5 0,8 1,4 1,4

Área do Euro 0,0 0,2 1,2 1,7

Taxa de Câmbio do Euro

Efetiva do Euro (t.v.a. em %) -7,10 3,70 -0,10 -1,00

Euro - Dólar (v.m.a. em dólares) 1,11 1,11 1,11 1,07

Taxa de Juro

Curto Prazo (Euribor 3 meses - v.m.a. em %) 0,0 -0,3 -0,4 -0,3

Contas Públicas (em milhões de escudos)

Saldo Global -6.058 -5.798 -5.579 -5.643

Saldo Global Primário -1.960 -1.595 -870 -934

2016E

(27)

Banco de Cabo Verde / Março de 2017 25

8. Projeção dos Principais Indicadores Económicos e Financeiros

O produto interno bruto deverá crescer, em 2017, mais próximo da média do intervalo três - quatro por cento.

As perspetivas de um menor crescimento económico face às estimativas para 2016 traduzem, em larga medida, o impacto de uma maior inflação importada no consumo privado (num contexto de estabilização das remessas de emigrantes, de contenção dos salários e de aumento das transferências do Estado para as famílias) e um crescimento mais contido do consumo público (em função da dissipação dos efeitos do aumento de salários de determinadas categorias profissionais, bem como da instalação e reintegração dos membros do novo e antigo governos, respetivamente). A formação bruta de capital fixo deverá sustentar a dinâmica de 2016, com a prevista conclusão de empreendimentos turísticos financiados com capital externo, cuja inauguração estava prevista para 2016, e execução e arranque de obras de outros empreendimentos já iniciados ou aprovados. O impacto desfasado do significativo crescimento, registado em 2016, do crédito bancário às empresas e aos particulares para construção/aquisição de habitação, assim como a execução do programa de investimento público, conforme orçamentado, deverão também contribuir significativamente para a dinâmica dos investimentos em 2017.

O contributo negativo da procura externa líquida para o crescimento deverá ser menor, em função do abrandamento do crescimento das importações de bens e serviços, determinado por uma procura interna mais contida, pese embora os impactos do aumento da inflação importada e da depreciação do escudo face ao dólar.

Antecipa-se, ainda, alguma desaceleração das exportações de bens e serviços, relacionada principalmente às perspetivas menos favoráveis da procura dos principais mercados de exportação de serviços de turismo. As exportações de pescado deverão recuperar com a resolução de constrangimentos à atividade de uma das principais indústrias do sector.

Do lado da oferta, o crescimento deverá ser marcado pela recuperação, por um lado, dos sectores da construção, do comércio e das pescas, e, por outro, pela moderação do crescimento da administração pública, dos impostos líquidos de subsídios, da indústria e de alojamento e restauração.

A evolução prevista da procura deverá resultar num agravamento da balança de bens e serviços em 2017, o que, aliado à redução dos donativos e estabilização das remessas de emigrantes, deverá traduzir-se no aumento do défice da balança corrente para cerca de seis por cento do PIB.

O excedente da balança financeira, induzido pela amortização da dívida externa privada, deverá reduzir um ponto percentual para 8,2 por cento do PIB, não obstante a expetativa de aumento do investimento direto estrangeiro e dos desembolsos da dívida externa pública.

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 26

Figura 10: Evolução e Projeção das Componentes da Procura Agregada e da Balança Corrente

Fonte: Instituto Nacional de Estatística; Banco de Cabo Verde.

Nota: E – Estimativas; P – Projeções; p.p.- pontos percentuais; t.v.- taxa de variação.

A balança de pagamentos deverá permanecer excedentária, permitindo a acumulação de reservas internacionais líquidas do país em cerca de 29 milhões de euros. Estas deverão garantir 6,9 meses de importações de bens e serviços projetadas para 2017.

Em linha com os desenvolvimentos nas contas externas, os ativos externos líquidos do país deverão aumentar cerca de três por cento em 2017.

O crédito à economia deverá crescer em torno de três por cento, depois de ter registado, em 2016, o maior crescimento dos últimos cinco anos. As expetativas menos otimistas estão relacionadas aos efeitos de base e de algum write-off da dívida vencida.

As expetativas de um aumento menos acentuado do crédito bruto ao governo central (em 4.127,2 milhões de escudos, que compara a 6.168,1 milhões de 2016), mas de uma redução dos seus depósitos deverão determinar o crescimento de 13 por cento do crédito líquido ao Sector Público Administrativo.

Os desenvolvimentos previstos no enquadramento externo e na procura interna sustentam as

perspetivas de recuperação dos preços no consumidor e de evolução da inflação média anual no

intervalo 0,75-1,75 por cento em 2017.

O atual cenário central de projeção da inflação corresponde a uma ligeira revisão em alta das previsões de outubro de 2016, justificada pela atualização também em alta, pelo FMI e BCE, das projeções dos preços das matérias-primas nos mercados internacionais, dos preços no consumidor e no produtor dos principais parceiros comerciais do país. As projeções revistas também factorizam as perspetivas mais atuais de depreciação do escudo cabo-verdiano face ao dólar americano e de uma produção agrícola aquém do antecipado.

-15,0 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 2012 2013 2014 2015E 2016E 2017P Co nt ribut os pa ra o c re sc im ent o do P IB a pr eç os do a no a nt er io r ( em p. p. ) Consumo Investimento Exportações Líquidas PIB real (t.v. %)

-20,0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 2012 2013 2014 2015 2016 2017P em % d o PI B

Juros da Dívida (Governo, bancos e outros sectores) Donativos

Remessas de Emigrantes Receitas de Viagens Importações de Bens e Serviços Balança Corrente

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 27

O exercício de revisão das projeções macroeconómicas para 2017 foi realizado numa conjuntura de incertezas, relacionadas, nomeadamente, ao processo de resolução do Novo Banco.

De acrescer que, globalmente, os riscos à materialização das atuais perspetivas de crescimento económico estão negativamente enviesados.

Com efeito, na eventualidade de uma arrecadação fiscal aquém do projetado pelo Ministério das Finanças, cuja probabilidade de ocorrência não é menosprezável, o impulso orçamental ao

crescimento poderá ser inferior ao antecipado no cenário central das projeções.16

Os riscos relativos ao enquadramento externo também apresentam, em termos gerais, um enviesamento negativo. Por um lado, a procura externa dirigida à economia nacional poderá ser algo afetada pela eventualidade de um abrandamento mais acentuado do crescimento dos principais mercados turísticos do país. Por outro, a materialização de uma tendência protecionista nas relações comerciais globais, poderá ditar um encarecimento das importações do país e um aumento maior que o antecipado dos preços no consumidor.

16 A dissipação dos efeitos das reformas tributárias em curso desde 2013 e as alterações à legislação fiscal previstas no

Orçamento de Estado para 2017 poderão determinar um menor crescimento receitas fiscais, pese embora a perspetiva de implementação de um regime especial de regularização de dívidas fiscais.

Quadro 6: Programação Monetária

Fonte: Banco de Cabo Verde.

Nota: RIL – Reservas Internacionais Líquidas; P – Projeções de fevereiro de 2017.

2014 2015 2016 2017P 2015 2016 2017P

Ativos Externos Líquidos 44.061 49.950 59.259 61.105 13,4 18,6 3,1

Banco de Cabo Verde 46.366 50.018 59.712 63.501 7,9 19,4 6,3

RIL 46.371 49.998 59.692 63.476 7,8 19,4 6,3

Bancos Comerciais -2.304 -69 -453 -2.397 97,0 -560,4 -429,0

Ativo Interno Líquido 101.944 104.629 108.250 115.626 2,6 3,5 6,8

Crédito Interno Total 123.689 126.420 132.712 140.088 2,2 5,0 5,6 Crédito Líquido ao SPA 29.347 29.502 31.182 35.309 0,5 5,7 13,2 Crédito à Economia 94.342 96.919 101.530 104.779 2,7 4,8 3,2 Outros Ativos Líquidos -21.745 -21.791 -23.978 -23.978 0,2 10,0 0,0

M2 146.005 154.578 167.510 176.731 5,9 8,4 5,5

Memo Itens

Inflação (var. média anual IPC em %) -0,2 0,1 -1,4 [0,75 1,75]

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 28

9. Política Monetária para os Próximos Meses

A política monetária de Cabo Verde objetiva a estabilidade de preços, enquanto condição necessária para a garantia da estabilidade macrofinanceira do país. Orienta-se, em termos operacionais, para a manutenção de um nível de reservas externas adequado ao perfil de risco do país e consistente com o imperativo de garantir a credibilidade do regime cambial de peg unilateral do escudo ao euro, em vigor desde 1998.

Neste quadro, num contexto de algum recobro da dinâmica do crédito e da economia, mas de aumento de incertezas sobre a sua evolução a curto prazo, a política monetária deverá manter o cariz acomodatício, que a caracteriza há quatro anos, na ausência de pressões significativas na balança de pagamentos e nos preços no consumidor.

Complementarmente, o Banco de Cabo Verde, nos limites conferidos pela sua Lei Orgânica, continuará a atuar no fortalecimento da saúde do sector financeiro, condição necessária para a preservação da estabilidade macrofinanceira e da confiança na economia, bem como para o aumento da sua resiliência.

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 30

1. Economia Internacional

Contas Nacionais (em percentagem)

Fonte: Eurostat; US Department of Commerce (BEA) e Office for National Statistics (ONS). Nota: t.v.h. - taxa de variação homóloga.

1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri

Área do Euro

Produto Interno Bruto (t.v.h.) -0,8 -0,3 1,2 2,0 1,7 1,7 1,6 1,8 1,7

Consumo Privado -1,3 -0,7 1,0 1,8 2,0 2,0 1,9 1,8 1,8

Consumo Público -0,1 0,3 0,7 1,3 1,8 2,0 2,0 1,6 1,6

Formação Bruta de Capital Fixo -3,7 -2,5 1,0 3,2 2,6 2,5 3,8 2,3 1,5

Exportações 6,6 2,1 3,7 6,5 2,9 2,5 2,5 2,6 3,3

Importações 4,4 1,3 3,8 6,5 3,5 3,4 4,0 2,8 3,2

EUA

Produto Interno Bruto (t.v.h.) 2,2 1,7 2,4 2,6 1,6 1,6 1,3 1,7 2,0

Consumo Privado 1,5 1,5 2,9 3,2 2,7 2,4 2,7 2,8 3,1

Consumo Público -1,9 -2,9 -0,9 1,8 0,8 1,9 0,7 0,4 0,2

Formação Bruta de Capital Fixo 10,6 6,1 4,5 5,0 -1,6 -0,7 -2,9 -2,7 0,1

Exportações 3,4 3,5 4,3 0,1 0,4 -0,9 -1,1 2,0 1,5

Importações 2,2 1,1 4,4 4,6 1,2 1,0 0,3 0,6 2,6

Reino Unido

Produto Interno Bruto (t.v.h.) 1,3 1,9 3,1 2,2 1,8 1,8 2,0 2,2 2,2

Consumo Privado 1,9 1,6 2,1 2,5 3,1 2,9 3,2 2,9 3,2

Consumo Público 1,7 0,3 2,3 1,3 0,8 1,8 0,7 0,2 0,2

Formação Bruta de Capital Fixo 2,3 3,2 6,7 3,4 0,5 0,6 0,4 0,5 0,5

Exportações 0,6 1,1 1,5 6,1 1,4 1,6 3,8 1,7 1,7

Importações 2,9 3,4 2,5 5,5 2,5 0,6 3,4 4,2 4,2

2016 2012 2013 2014 2015 2016

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Banco de Cabo Verde / Março de 2017 31

Indicadores de Atividade, Mercado de Trabalho e Inflação

Fonte: Eurostat; Federal Reserve Board of Governors; US Department of Labor; Office for National Statistics.

Notas: t.v.h. - taxa de variação homóloga; v.c.s. - valores corrigidos da sazonalidade; s.r.e. - saldo das respostas extremas.

Mar Jun Set Dez

Área Euro

Indicadores de Atividade

Índice de Produção Industrial (t.v.h.)

Total (exclui construção) -2,3 -0,7 0,9 2,1 1,4 3,4 2,0 -0,3 0,8

Indicadores de Confiança (v.c.s.)

Indicador de Sentimento Económico (1990-2012 = 100) 90,4 93,8 101,6 104,2 104,9 105,1 104,0 104,5 106,4 Indicador de Confiança dos Consumidores (s.r.e.) -22 -19 -10 -6 -8 -6 -9 -8 -8 Indicador de Confiança na Indústria (s.r.e.) -12 -9 -4 -3 -3 -3 -4 -3 -1 Indicador de Confiança na Construção (s.r.e.) -28 -30 -24 -23 -17 -19 -19 -16 -14

Mercado de Trabalho

Taxa de desemprego (v.c.s.) 11,4 12,0 11,6 10,9 10,0 10,4 10,1 10,0 9,7

Inflação

Índice Harmonizado de Preços no Consumidor

Taxa de variação homóloga 2,5 1,3 0,4 0 0,2 0,3 -0,2 0,2 0,5

EUA

Indicadores de Atividade

Índice de Produção Industrial (t.v.h.) 2,8 1,9 2,9 0,3 -1,0 -1,4 -1,3 -1,1 -0,3 Vendas no Comércio a Retalho (t.v.h.) 4,9 3,8 4,1 2,3 3,0 3,5 2,2 2,2 3,9

Mercado de Trabalho

Taxa Desemprego (v.c.s.) 8,1 7,4 6,2 5,3 4,9 4,9 5,0 4,9 4,8

Inflação

Índice de Preços no Consumidor

Taxa de variação homóloga 1,4 1,1 0,8 1,6

Taxa de variação média anual 2,1 1,5 1,6 0,1 2,1 0,2 0,5 0,7 1,1 Índice de Preços no Consumidor Core (t.v.h.) 2,1 1,8 1,7 1,8 2,2 2,2 2,1 2,2 2,1 Índice de Preços no Produtor (t.v.h.) 1,9 1,3 1,6 -0,9 0,4 3,3 0,2 0,0 0,8

Reino Unido

Indicadores de Atividade

Índice de Produção Industrial (t.v.h.) -2,7 -0,7 1,5 1,2 1,2 4,2 1,3 0,9 2,3 Vendas no Comércio a Retalho (t.v.h.) 0,7 1,1 4,0 4,4 4,9 -2,4 5,4 6,6 5,8

Mercado de Trabalho

Taxa Desemprego (v.c.s.) 8,0 7,6 6,2 5,4 4,9 7,9 4,9 4,9 4,8

Inflação

Índice de Preços no Consumidor

Taxa de variação homóloga 2,6 2,3 1,5 0,4 1,0 3,1 0,7 1,0 1,5 Taxa de variação média anual

Índice de Preços no Consumidor Core (t.v.h.) 2,4 2,1 1,6 1,0 1,3 2,7 1,2 1,3 1,4 Índice de Preços no Produtor (t.v.h.) 2,1 1,3 0,0 -1,7 0,4 3,4 -0,5 0,8 2,4

2016 2014 2015

2013

Referências

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