• Nenhum resultado encontrado

GT5: Instrumentos Jurídicos e Políticos de Proteção aos Direitos Humanos e Democracia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "GT5: Instrumentos Jurídicos e Políticos de Proteção aos Direitos Humanos e Democracia"

Copied!
23
0
0

Texto

(1)

1

GT5: Instrumentos Jurídicos e Políticos de Proteção aos Direitos Humanos e Democracia

VERDADE, JUSTIÇA E REPARAÇÃO PARA A AMÉRICA LATINA À LUZ DA JURISPRUDÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Ana Caroline Lima Monteiro Universidade Federal do Pará (UFPA) carol_monteeiro@hotmail.com Cristina Figueiredo Terezo Ribeiro Universidade Federal do Pará (UFPA) cfterezo@hotmail.com

Resumo

A atuação da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) tem sido fundamental para as transições democráticas nas Américas. Diante dos standards internacionais acerca da temática, ela posiciona-se de forma exemplar a respeito dos dilemas transicionais, construindo disposições específicas quanto ao exercício do direito à justiça, à verdade e à reparação. Tais considerações levaram ao objeto do artigo ora apresentado, que se constitui em identificar o entendimento da CorteIDH a respeito de cada um dos pilares transicionais, visando compreender seus conceitos e quais mecanismos corroboram para sua implementação. A metodologia de pesquisa utilizada centrou-se na análise de diversas jurisprudências da CorteIDH, em especial, as que versam sobre questões transicionais, mediante busca realizada em seu sítio eletrônico. Ademais, o referencial teórico que respaldou este estudo foi complementado por tratados, relatórios e diversos documentos internacionais, além de considerações doutrinárias acerca da temática. Os resultados alcançados demonstram que a CorteIDH compreende o direito à justiça como um conjunto de fatores a serem realizados pelos Estados, como o dever de investigar ex officio, a promoção de persecuções penais que respeitem o devido processo legal, a condenação dos responsáveis por graves violações de Direitos Humanos, além da garantia de recursos adequados e efetivos para as vítimas. Quanto ao direito à verdade, verificou-se que a CorteIDH considera sua dimensão individual e coletiva, e não o vincula apenas ao direito às garantias judiciais e a adequada proteção judicial, mas também ao direito à liberdade de expressão. Em relação ao direito a reparação, concluiu-se que a CorteIDH, ao adotar o conceito de reparação integral, compreende que esta representa a implementação de mecanismos de restituição, indenização, reabilitação, satisfação e garantias da não repetição, mediante a adoção de várias reformas institucionais, por parte dos Estados. Por fim, verificou-se que a atuação da CorteIDH tem promovido alterações significativas e impulsionado as transições nas Américas, a partir de julgados que corroboram para a promoção e proteção internacional dos Direitos Humanos.

Palavras-chave: Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos. Corte Interamericana de Direitos Humanos. Justiça Transicional.

(2)

2

INTRODUÇÃO

As violações aos Direitos Humanos, perpetradas no continente americano durante a segunda metade do século XX, ainda refletem na luta diária por justiça, vivenciada nos Estados, que buscam recompor-se dos horrores praticados ao longo dos conflitos que sofreram. Nesse cenário, os mecanismos utilizados para transigir de um contexto de exceção para a paz tornam-se fundamentais, pois corroboram para o alcance da reconciliação.

Os processos transicionais constituem-se essencialmente em cenários de renovação das estruturas de sociedades que busquem a paz, partindo de elementos fundamentais como a verdade, a justiça e a reparação. Nesse contexto, instrumentos jurídicos propiciam o aprimoramento da compreensão e implementação dos pilares transicionais, principalmente, a partir da atuação de tribunais internacionais de Direitos Humanos, em especial, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH).

A partir destas considerações, o objetivo deste artigo consiste em analisar o entendimento da CorteIDH a respeito dos direitos à verdade, à justiça e à reparação, visando compreender de que modo a jurisprudência deste tribunal impacta os Estados da região latino-americana e impulsiona o fortalecimento de suas recentes democracias.

Para tanto, os procedimentos metodológicos utilizados foram a pesquisa e análise dos principais precedentes jurisprudenciais em matérias transicionais, a partir da jurisprudência localizada em seu sítio eletrônico, estudada por meio de doutrinas, relatórios e conceitos relevantes no âmbito do Direito Internacional dos Direitos Humanos.

Assim, será demonstrado como os julgados da CorteIDH condizem com os standards internacionais contemporâneos acerca de transições democráticas, indo além, na medida em que concebem características específicas em relação a cada um dos pilares transicionais, determinando que os Estados investiguem e julguem responsáveis por violações de Direitos Humanos em contextos de exceção, realizem o devido esclarecimento quanto aos fatos ocorridos e implementem medidas de reparação adequadas e satisfatórias, a partir de uma perspectiva progressista, promocional e protetiva dos Direitos Humanos nas Américas.

1 O PÓS-CONFLITO E A BUSCA POR RECONCILIAÇÃO

Ao longo do século passado, a América Latina vivenciou cenários de enfrentamentos entre diversos setores políticos e sociais (MALARINO, 2009), que culminaram em um legado

(3)

3

de graves violações de Direitos Humanos. No final da década de 1960 e início dos anos 70, cerca de quinze países da região viviam sob a égide de regimes militares ou instabilidade política em razão do surgimento de grupos armados (TEREZO, 2014).

A título de contextualização histórica, cumpre ressaltar a diferença entre as duas situações de exceção que alastraram-se pela latino-américa durante os últimos anos, ocorrendo ora de modo isolado ou ambas simultaneamente, quais sejam, o conflito armado interno e o terrorismo de Estado. Enquanto o primeiro manifestou-se, majoritariamente nos países andinos e da América Central, tendo como principal propulsor da violência os grupos guerrilheiros e paramilitares, o segundo desenvolveu-se sob a lógica da atuação estatal, especialmente mediante a intervenção das forças militares estatais e a instalação de ditaduras (PATIÑO, 2010).

Com efeito, a conjuntura supracitada ocasionou a necessidade de construção de mecanismos de transição democrática que atendessem as sequelas pós-conflito, para toda a sociedade que o presenciou. Isto porque, a busca de procedimentos que levem a passagem de um regime de exceção para uma democracia obtém um objetivo primordial, qual seja, propiciar a reconciliação entre os diferentes grupos envolvidos, considerando que a democracia é um sistema criado para “lidar com as diferenças, sem recorrer a violência” (BLOOMFIELD, 2003, p.10). As negociações de paz devem englobar não apenas as partes que alçaram em armas ou as vítimas desse confronto, mas a sociedade como um todo, na medida em que “existe uma estreita interdependência entre reconciliação e democracia” (BERISTAIN, 2006, p. 15).

Contudo, a problemática está em como reconciliar os grupos envolvidos, considerando que o anseio de muitos, em ver a punição dos responsáveis, conhecer a verdade quanto ao passado e obter reparações pertinentes, enfrenta interesses divergentes, que obstaculizam a sua realização e a efetividade da justiça transicional. A partir dessa perspectiva, verifica-se a necessidade de compreender, primeiramente, no que consiste a justiça de transição propriamente dita, para assim, facilitar-se a compreensão quanto aos limites e possibilidades de sua implementação na região latino-americana.

2 AS CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DA JUSTIÇA TRANSICIONAL

A justiça de transição consolidou-se como um campo de estudos que vai além da judicialização de casos de violações de Direitos Humanos (GREIFF, 2011), de modo a ser

(4)

4

composta por um conjunto de elementos sociais, sejam eles políticos, jurídicos, históricos, econômicos e quaisquer outros que possam interferir na atmosfera cotidiana de uma sociedade que busca transigir para paz, o que torna o seu conceito onipresente (TOVAR, 2015).

Conforme importante relatório sobre o tema, promovido pelo Secretário Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2004, a justiça transicional constitui-se em uma série de mecanismos construídos para superar um período de abusos realizados de modo intenso no passado, buscando a efetividade do direito à verdade, à justiça e à reparação aos envolvidos (ONU, 2004). À luz do que ressalta Rodrigo Uprimny Yepes (2006, p.13), o termo “faz referência aos processos através dos quais se realizam transformações radicais de uma ordem social e política”.

Insta salientar o entendimento proposto pelo Centro Internacional para a Justiça de Transição (2016), o qual aduz que a justiça transicional não deve ser considerada como um modelo especial de justiça, porém precisa ser interpretada como um parâmetro para alcançar justiça em transições oriundas de um conflito ou estado repressor.

A importância da justiça de transição merece ser ressaltada, pois é a partir da implementação de mecanismos transicionais que se tem a possibilidade de prestação de contas em relação aos fatos que assolaram um país, sendo que o reconhecimento da existência de um direito ao accountability (TEITEL, 2015) é fundamental para o respeito e garantia dos demais direitos da sociedade que enfrentou a repressão, especificamente, à verdade, à justiça e a reparação. Isto permite que as vítimas possam ser ouvidas durante as negociações de paz, corroborando para um relevante avanço social e legítima construção da paz nestes locais.

Ademais, destaca-se que a implementação de medidas que visem à paz tornará mais difícil a repetição dos conflitos, considerando-se que além da reconciliação entre os envolvidos, a justiça transicional tem como finalidade alcançar o reconhecimento das vítimas, restabelecer a confiança cívica dos indivíduos entre si e para com o Estado, assim como, o fortalecimento das normas jurídicas sob uma perspectiva democrática (GREIFF, 2011).

Um dos resultados mais esperados em um processo de transição é tornar possível um convívio social amistoso entre os que outrora foram inimigos. Cumpre ressaltar que a necessidade de superação do clima instável instaurado pelo contexto é real, considerando que se este continuar há uma perigosa probabilidade do conflito reacender-se. Os mecanismos de justiça são fundamentais não apenas para punir os responsáveis por infringir direitos, mas também para prevenir a ocorrência de novas violações. Logo, a importância da justiça transicional está na possibilidade de construir consequências sociais positivas, já que ela

(5)

5

realiza um diagnóstico do conflito, tornando possível a compreensão de suas razões, além de viabilizar verdadeira reforma institucional para o Estado envolvido, possibilitando a retirada dos responsáveis por violações de Direitos Humanos dos cargos políticos que ocupavam (VAN ZYL, 2011).

Outrossim, destaca-se que processos transicionais não ocorrem rapidamente, pois podem estender-se por décadas. Não há um modelo ideal de transição, visto que as sociedades possuem dilemas próprios, o que ensejará medidas diversas em cada uma delas (UPRIMNY, 2006). É possível que medidas específicas produzam relevantes efeitos em algum Estado, enquanto em outro não possuam tamanho impacto.

Insta salientar que, qualquer que seja o método utilizado, as demandas por justiça ou esquecimento precisam ser equilibradas para que todos os lados concordem em finalizar definitivamente o conflito. Porém, isto não poderá ser justificativa para a impunidade dos autores das violações de Direitos Humanos perpetradas. É pertinente a exposição da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA, 2013, §1204), no quarto relatório sobre a situação de Direitos Humanos na Colômbia, denominado “Verdade, Justiça e Reparação”, onde aduz que “a busca por uma paz verdadeira deve fundar-se na vigência dos Direitos Humanos”.

A partir de um olhar sobre os estudos quanto ao tema, percebe-se significativa influência do Direito Internacional, seja na esfera de tratados, jurisprudências e visões doutrinárias. Tais instrumentos possibilitaram a visibilidade quanto à necessidade de proteção às vítimas de violações de Direitos Humanos, oriundas dos contextos de exceção, a partir de determinados pilares transicionais. Nesse sentido, considera-se oportuno analisar o que estes elementos representam, a partir do debate jurídico internacional.

3 O DESENVOLVIMENTO DOS PILARES TRANSICIONAIS NO ÂMBITO DO

DIREITO INTERNACIONAL

A justiça transicional é construída a partir do desafio de garantir direitos que outrora foram violados, no cenário conflituoso ou ditatorial, sendo esta uma tarefa árdua, porém, fundamental para o estabelecimento da paz. Portanto, a concretização do processo de transição apenas é possível quando os caminhos utilizados para seu alcance são guiados pelo desejo real de garantir a uma sociedade seu direito à justiça, à verdade e à reparação, contribuindo para a reforma de instituições estatais e o fortalecimento da democracia.

(6)

6

Tais direitos nada mais são do que verdadeiros pilares transicionais, cuja renúncia é inaceitável durante um processo de transição, considerando que vislumbram as necessidades das vítimas e de toda uma sociedade, diante das adversidades vivenciadas ao longo do contexto de tensão que sofreram. Para tanto, não há dúvidas de que uma verdadeira transição para a paz precisa ser rigorosa na luta contra a impunidade.

Cumpre ressaltar que, os esforços que possibilitaram o entendimento a respeito dos direitos que emanam dos contextos de graves violações de Direitos Humanos, foram desenvolvidos a partir dos debates da comunidade internacional, a qual ampliou os estudos sobre as questões transicionais, propiciando a punição dos responsáveis pelos horrores dos contextos de exceção e elevando a reconciliação a uma realidade mais possível de ser conquistada, alcançando de modo contundente às sociedades que visam transigir para a democracia.

Conforme aduz Diane Orentlicher (1991), o impacto que o Direito Internacional possui sobre os processos transicionais diz respeito a como ele pode propiciar a persecução penal dos perpetradores de violações dos Direitos Humanos e ao Direito Humanitário, na medida em que o dever de punir tais atos advém não somente de uma série de convenções, porém, também é oriundo de normas consuetudinárias, que possibilitam alterações sociais profundas e vinculam os Estados quanto ao combate a impunidade.

A partir desse entendimento, torna-se fundamental considerar as proposições contidas no Relatório das Nações Unidas sobre o conjunto de princípios para a proteção e promoção de Direitos Humanos mediante a luta contra a impunidade, promovido por Louis Joinet em 1997 e atualizado por Diane Orentlicher, em 2006. Já na edição original do documento (ONU, 1997), são apresentados 42 princípios, classificados a partir de quatro categorias, que se constituem em elementos específicos de combate à impunidade, quais sejam: o direito à saber, também conhecido como direito à verdade; o direito à justiça e o direito à reparação, além de uma série de medidas de garantia a não repetição das violações que se buscam superar.

Logo, não há dúvidas que este documento se tornou um marco para o reconhecimento da existência de direitos específicos que urgem do próprio contexto de exceção, e que são fundamentais para a efetividade das transições democráticas. Em que pese não ter sido dito de modo expresso que os direitos nele contemplados consistem em pilares transicionais propriamente ditos, tal compreensão pode ser estabelecida mediante análise das próprias considerações trazidas pelo relatório.

(7)

7

Isto porque, o documento preleciona a existência de quatro etapas que demonstram a evolução da luta contra a impunidade no âmbito da comunidade internacional, construindo o entendimento destas fases a partir do que as anistias representaram em cada uma delas. Além disso, traz três definições conceituais a respeito do que consiste: a impunidade, os crimes de alta gravidade à luz do Direito Internacional e, por último, “os processos que visam o retorno da democracia e/ou a paz e a transição para elas” (ONU, 1997, p. 17).

Assim, cumpre ressaltar que ao longo do texto, os princípios aludidos são apresentados partindo da premissa de que os Estados devem implementá-los sob quaisquer circunstâncias, porém, especialmente, em ocasiões posteriores a contextos de graves violações de Direitos Humanos. Ademais, a construção dos princípios é realizada a partir da discussão histórica sobre anistia, a qual consiste em um dos principais dilemas transicionais, além de trazer como única definição de cenários a serem analisados, os processos que visam o retorno à democracia, o que propicia a interpretação de que os direitos à verdade, justiça e reparação, devem ser considerados como verdadeiros pilares transicionais, sob os quais todos os modelos de transição devem ser construídos.

Posteriormente, a Organização das Nações Unidas (ONU) solidificou o entendimento quanto aos citados alicerces transicionais, em 2004. Na ocasião, definiu o conceito de justiça transicional, afirmando que seus principais objetivos são alcançar a justiça, a verdade e a reparação aos envolvidos, demonstrando claramente o quanto tais direitos são essenciais para a validade destes processos (ONU, 2004).

Nesse sentido, verifica-se a importância que o Direito Internacional possui para a ampliação dos estudos transicionais, pois possibilitou que estes se tornassem “obrigações legais vinculantes” (VAN ZYL, 2011, p. 48), possuindo um papel essencial para o fortalecimento de frágeis democracias (ORENTLICHER, 1991). Além disso, ao desenvolver as bases para solucionar verdadeiramente os conflitos, torna mais palpável a possibilidade de reconciliação para os envolvidos e a consequente transição para a democracia.

Insta salientar, conforme aduz a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em seu relatório sobre o processo de desmobilização na Colômbia (OEA, 2004), que os direitos que concretizam as transições foram identificados pela comunidade internacional, a partir da experiência de diversas partes do globo, devendo ser interpretados e aplicados de acordo com os princípios e normas introduzidos pelo Direito Internacional.

(8)

8 As normas internacionais vigentes para os Estados membros, sua interpretação mediante a jurisprudência e os lineamentos reconhecidos pelos organismos internacionais, coincidem em identificar a verdade, a justiça e a reparação como desafios fundamentais na reconstrução de uma cultura de paz, tolerância, respeito a lei e combate a impunidade (OEA, 2004, §28).

Isto é demonstrado a partir do momento em que se verifica que os mecanismos de proteção internacional dos Direitos Humanos têm possibilitado aportes necessários quanto a obrigatoriedade dos Estados em enfrentar os horrores oriundos dos contextos de exceção, de modo a auxiliar os processos transicionais, tornando-se fundamental compreender o que representam, considerando que obtém papéis fundamentais para o desenvolvimento da temática.

Nesse sentido, cumpre destacar a relevante atuação dos sistemas internacionais de proteção dos Direitos Humanos, considerando que corroboram com a perspectiva da comunidade internacional já exposta e, ainda, vão além, na medida em que conferem aplicabilidade aos pilares transicionais, a partir dos casos concretos que analisam.

Isto se torna claro no contexto da América Latina, onde o Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH) aprimora os conceitos já solidificados na esfera internacional, em especial, mediante a jurisprudência de seu órgão jurisdicional, construindo relevantes entendimentos a respeito de cada um dos pilares transicionais. Assim, em razão de sua importância e dos próprios objetivos deste artigo, estes serão apresentados a seguir.

4 OS PILARES TRANSICIONAIS SOB A PERSPECTIVA DA CORTE

INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

O Sistema Interamericano de Direitos Humanos obtém uma atuação fundamental para a progressividade de direitos nas Américas, impactando os países que compõem a Organização dos Estados Americanos (OEA), a partir de uma série de tratados, em especial, a Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), de 1969. Esta se constitui no principal instrumento do SIDH, sendo a responsável por instituir os órgãos que o compõem: a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Ambos atuam em prol da proteção e promoção dos Direitos Humanos, a partir de funções diferenciadas. Enquanto a CIDH é encarregada de receber petições e promover recomendações aos Estados, na busca de uma solução amistosa para os casos que a ela

(9)

9

chegam, além de promover relatórios temáticos, realizar visitas in loco aos países membros da OEA, entre outros, a CorteIDH possui atribuições mais restritas, constituindo-se em um organismo propriamente judicial, que realiza funções de caráter consultivo e contencioso.

Nesse sentido, além de emitir pareceres jurídicos, denominados de opiniões consultivas, também exerce função jurisdicional, portanto, é responsável por processar demandas judiciais internacionais. Insta salientar que, seus julgados têm impactado os Estados da região, na medida em que possibilitam a alteração de estruturas jurídico-políticas incompatíveis com os preceitos estabelecidos na CADH e no ordenamento jurídico internacional como um todo.

Tal perspectiva pode ser percebida especialmente quanto ao contexto histórico recente mais recorrente entre os Estados latinoamericanos, qual seja, a busca por reconciliação pós-conflito e a instalação de democracias frágeis. Isto é compreensível em razão de boa parte dos países da região ter enfrentado processos transicionais conturbados ou ainda vivenciá-los, tendo as sentenças da CorteIDH impulsionado uma série de avanços quanto a aplicabilidade dos pilares transicionais, considerando o modus operandi similar dos diversos conflitos armados e ditaduras militares que assolaram o continente.

Nesta perspectiva, este tribunal construiu precedentes paradigmáticos fundamentais para a proteção dos Direitos Humanos no contexto latino-americano, a partir de brilhantes decisões que envolveram questões transicionais, onde apresentou considerações específicas a respeito do direito à justiça, verdade e reparação, os quais terão suas principais características analisadas a seguir, à luz da jurisprudência da CorteIDH.

4.1 DIREITO À JUSTIÇA

O direito à justiça ou de acesso à justiça (OEA, 2006) tem sido interpretado pela CorteIDH mediante o conteúdo dos artigos 8 e 25 da CADH, os quais corroboram para a devida implementação das garantias judiciais e de uma adequada proteção judicial, por parte dos Estados (OEA, 1969). Tal direito pode ser compreendido como a principal forma de combate a impunidade, a qual representa para o citado tribunal “a falta de investigação, persecução, captura, julgamento e condenação dos responsáveis por violações de Direitos Humanos” (OEA, 2004, §148).

Assim, em relação à promoção de investigações, a CorteIDH determinou na sentença do Caso Massacres de El Mozote vs. El Salvador e lugares próximos, que os Estados possuem

(10)

10

a obrigação de investigar ex officio as violações de Direitos Humanos, assumindo isto como um dever jurídico próprio e não como uma simples formalidade (OEA, 1988).

Ademais, tais investigações, assim como os mecanismos de persecução, captura e julgamento, devem ocorrer sob a égide do devido processo legal, ainda que em cenários de exceção ou quaisquer outras situações de perigo público, visando coibir ameaças a garantias essenciais em um Estado de Direito, conforme aduziu a CorteIDH em sua Opinião Consultiva n. 9, sobre as garantias judiciais em estados de emergência (OEA, 1987).

Outrossim, cumpre destacar também um pacífico entendimento do tribunal, a respeito do direito a ser ouvido e julgado por tribunais competentes e imparciais, à luz do art. 8 da CADH, conforme dispôs pela primeira vez no caso Loayza Tamayo vs. Peru (OEA, 1997). Já quanto à obrigação dos Estados em processar e julgar os responsáveis por graves violações de Direitos Humanos, mediante tribunais cíveis e independentes, e não tribunais militares, tal discussão somente foi propriamente realizada dois anos depois, durante a análise do caso Castillo Petruzzi vs. Peru (OEA, 1999).

Ressalta-se que, a condenação dos perpetradores deve ser realizada de modo que a aplicação de sanções seja efetiva e, assim, não seja obstruída pela implementação de anistias generalizadas, em virtude de sua intrínseca incompatibilidade com as normas de Direito Internacional, conforme entendimento já solidificado na jurisprudência da CorteIDH. Dentre elas, destaca-se o Caso Barrios Alto vs. Peru (OEA, 2001), o qual se tornou um importante precedente quanto à temática, propiciando posicionamentos semelhantes em relação a posteriores julgamentos sobre anistias em outros Estados, como em casos procedentes do Uruguai, Brasil e Chile, respectivamente, Gelman vs. Uruguai (OEA, 2013), Gomes Lund vs. Brasil (OEA, 2010) e Almonacid Arellano vs. Chile (OEA, 2006).

Nesse sentido, verifica-se claramente a confluência das disposições deste Tribunal para com as deliberações de outros organismos atuantes na proteção internacional dos Direitos Humanos, como o Tribunal Europeu de Direitos Humanos e a Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos, em casos como Abdulsament Yaman vs. Turquia (CONSELHO DA EUROPA, 2004) e Zimbabwe Human Rights NGO Fórum vs. Zimbabwe (ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE AFRICANA, 2006), onde é reforçado o entendimento de que anistias a graves violações de Direitos Humanos são incompatíveis com as normas de Direito Internacional.

Além dos quesitos citados, na sentença de mérito do caso Anzualdo Castro vs. Peru (OEA, 2009), a CorteIDH também compreendeu que em práticas corriqueiras em cenários de

(11)

11

exceção, como o desaparecimento forçado de pessoas, faz-se necessária a criação de recursos adequados e efetivos para a punição dos responsáveis, a serem possibilitados às vítimas. Tal direito à proteção judicial encontra-se previsto no artigo 25 da CADH e diz respeito ao direito de acesso à recursos, os quais devem ser idôneos e efetivos para solucionar uma violação de Direitos Humanos.

Para tanto, a CorteIDH considera desde sua Opinião Consultiva n. 9 (OEA, 1987), que a idoneidade do recurso é fundamental para a garantia do direito à justiça, assim como os recursos precisam ser efetivos, ou seja, devem produzir resultados em relação a violação de Direitos Humanos a que se busca reparar. O documento também deixa claro que tais garantias não podem ser suspendidas, sob quaisquer circunstâncias, mesmo em contextos de Estados de exceção ou emergência (OEA, 1987). Portanto, não basta a mera existência de um recurso no ordenamento jurídico, mas o real impacto que ele pode causar sobre a demanda.

Insta salientar que, a partir do acesso a tais garantias judiciais e a uma adequada proteção judicial, as vítimas podem ter acesso ao esclarecimento dos fatos, cuja realização é feita mediante investigações e julgamentos, demonstrando, inclusive, conforme posicionamento da CorteIDH no Caso Massacre de La Rochela vs. Colômbia (OEA, 2007), que a efetividade do direito à justiça possui uma vinculação inerente ao exercício do direito à verdade e à memória.

4.2 DIREITO À VERDADE

Constituindo-se como um dos principais pilares transicionais, o direito à verdade pode ser entendido como a prerrogativa das vítimas ao conhecimento dos fatos, motivos, responsáveis e todas as demais circunstâncias que envolveram violações de Direitos Humanos, sendo obrigação dos Estados garantir a efetividade deste direito às vítimas e a toda a sociedade, conforme aduz a CIDH no importante relatório que emitiu sobre o tema, denominado Direito à Verdade na América (OEA, 2014).

No citado documento, a CIDH também informa que a conquista do direito à verdade consubstancia-se em uma resposta adequada a falta de esclarecimento por parte dos Estados, em relação às atrocidades ocorridas em contextos de exceção, de modo que o estabelecimento de uma verdade completa sobre os fatos, que seja socialmente construída e legitimada, torna-se estorna-sencial para a retomada da confiança nas instituições estatais (OEA, 2014).

(12)

12

O posicionamento da CorteIDH não é diferente e coaduna com o restante da comunidade internacional, de modo a compactuar com o fato de que a necessidade de verdade pós-conflito possui duas vertentes: a primeira de caráter mais restrito e, portanto, particular, fundamentando-se no direito das vítimas e seus familiares de conhecer a verdade quanto aos fatos que envolveram violações de Direitos Humanos, entendimento proposto desde o caso Velásquez Rodríguez vs. Honduras (OEA, 1988); já a segunda forma de compreensão deste direito consiste na sua dimensão coletiva, visto que a verdade proporciona à sociedade as informações necessárias para o desenvolvimento da democracia, à luz do que dispõe a CIDH no relevante caso de Ignacio Ellacuría vs. El Salvador (OEA, 1999). Nessa perspectiva, a CorteIDH considera que, para a dimensão coletiva do direito à verdade ser satisfeita, faz-se necessário que mecanismos processuais sejam implementados, ou seja, que se investigue os padrões de violações ocorridas e os responsáveis sejam punidos, conforme entendimento proposto no caso Massacre de La Rochela vs. Colômbia (OEA, 2007).

Neste diapasão, ressalta-se também o disposto no Relatório da ONU promovido por Paulo de Greiff (Relator Especial sobre a Promoção da Verdade, Justiça, Reparação e Garantias de não-repetição), no qual verifica-se claramente que o direito à verdade não pode substituir a falta de justiça e reparação (ONU, 2012), considerando que tais elementos complementam-se, sem deixar de possuir uma relevância específica e alcance próprio no cenário pós-conflito.

Outrossim, insta salientar que a CorteIDH interpreta o direito à verdade à luz de outros direitos previstos na CADH, tendo em vista que este não está propriamente previsto ao longo do citado instrumento. Portanto, o tribunal expande a proteção dos Direitos Humanos estabelecidos na CADH, tutelando novos direitos a partir dela, mediante o que se denomina efeito reflexo (AMAYA VILLAREAL, 2007).

Assim, logo em sua primeira jurisprudência, no caso Velásquez Rodríguez vs. Honduras, a CorteIDH reconheceu a existência do direito à verdade, afirmando que esta compreende o “direito dos familiares da vítima de conhecer qual foi o seu destino, e, nesse caso, onde encontram-se seus restos” (OEA, 1988, §181). Nesse sentido, destaca-se que as primeiras análises deste tribunal quanto ao direito à verdade ocorreram em casos que versaram sobre desaparecimento forçado de pessoas.

Inclusive, o tribunal já compreendeu a partir do Caso Trujillo Oroza vs. Bolívia, que a privação à verdade dos fatos quanto ao destino de um desaparecido constitui-se em uma forma de tratamento cruel e desumano para os familiares mais próximos (OEA, 2000),

(13)

13

fazendo com que a não garantia do direito à verdade viole também o direito à integridade pessoal, conforme a CorteIDH dispôs no caso Anzualdo Castro vs. Peru (OEA, 2009) e reiterou no Caso Gudiel Alvarez (Diário Militar) vs. Guatemala (OEA, 2002).

No caso Bámaca Velasquez vs. Guatemala, tem-se a primeira ocasião em que o tribunal considerou que o direito à verdade encontra-se subsumido aos direitos às garantias judiciais e adequada proteção judicial (OEA, 2000), estabelecidos nos artigos 8 e 25 da CADH, na medida em que o esclarecimento dos fatos ocorre por meio de investigações e julgamentos, mecanismos claramente provenientes do direito à justiça. Tal entendimento passou a ser mantido pelo tribunal e reproduzido em uma série de outras decisões, como no Caso Blanco Romero e outros vs. Venezuela (OEA, 2005) e Massacre de Povo Bello vs. Colômbia (OEA, 2006).

Ademais, outro entendimento pacífico da CorteIDH diz respeito ao direito à verdade também estar relacionado ao artigo 13 da CADH, que trata sobre o direito à liberdade de expressão. Isto porque, o direito aludido possui duas dimensões que representam tanto a liberdade de poder expressar-se como a de ter acesso às informações, estando a última, claramente relacionada ao exercício do direito à verdade, sendo que tal entendimento foi exposto pela primeira vez no Caso Gomes Lund vs. Brasil (OEA, 2010).

Destarte, um importante mecanismo que tem sido efetivado por diversos países ao redor do mundo, principalmente na América Latina, são as Comissões da Verdade. Conforme aduz Catalina Botero e Esteban Saldarriaga (2006), tal estratégia promove, ao mesmo tempo, a efetividade das vertentes individual e coletiva do direito à verdade, visto que possibilita um espaço público para os testemunhos dos que sofreram violações, além de avaliar não apenas casos individuais, mas o contexto e os padrões de violações (VAN ZYL, 2001).

Assim, a CorteIDH dispôs sobre a importância das Comissões da Verdade em diversas sentenças, considerando que elas possibilitam a construção e preservação da memória histórica, de modo a propiciar o esclarecimento dos fatos e responsabilizações para os autores de graves violações de Direitos Humanos, além de alterações institucionais, conforme aduziu o tribunal no julgamento do Caso Zambrano Vélez e outros vs. Equador (OEA, 2007).

Cumpre ressaltar que, a formação de uma memória histórica acerca das violações ocorridas em períodos ditatoriais está diretamente ligada à dimensão coletiva do direito à verdade e pode ser garantida de diversas maneiras. Conforme expõe o Centro Internacional para a Justiça de Transição (2016) medidas como a construção de museus sobre a temática, por meio da transformação de espaços onde ocorreram inúmeras atrocidades, em locais de

(14)

14

marco histórico para a memória do povo, promovem a lembrança de um passado de abusos. Além disso, datas de recordação mediante feriados nacionais, assim como a divulgação de livros e documentos que retratem o contexto da época também são muito relevantes. Por fim, a CorteIDH também entendeu, no caso La Cantuta vs. Peru (OEA, 2006), que o direito à verdade pode ser considerado como uma importante forma de reparação.

4.3 DIREITO À REPARAÇÃO

A CorteIDH interpreta a reparação a partir do artigo 63.1 da CADH, o qual dispõe que caso um Estado-membro seja responsável por violações aos direitos nela previstos, terá o dever de reparar o ocorrido (OEA, 1969). Destaca-se que a obrigação de reparar mantém-se em contextos transicionais, adquirindo grande importância, porque vislumbra uma série de possibilidades de renovação quanto ao tratamento do Estado para todas as vítimas, sejam elas diretas ou indiretas, assim como a sociedade de modo geral.

Nesse sentido, o Direito Internacional, especialmente no âmbito da ONU, conduz proposições relevantes para o desenvolvimento deste direito, pois, ainda em 1990, foi lançado o Relatório Final promovido por Theo van Boven, então Relator para o direito a restituição, compensação e reabilitação para vítimas de graves violações de Direitos Humanos (ONU, 1990), o qual é fundamental para a conceituação do que consiste uma reparação integral.

Em 2000, Cherif Bassiouni foi escolhido pela Comissão de Direitos Humanos da ONU para atualizar os estudos realizados anteriormente por Theo Van Boven, de modo a aprimorar os denominados Princípios e Diretrizes Básicas sobre o direito das vítimas de violações das normas internacionais de Direitos Humanos e de Direito Internacional Humanitário a interpor recursos e obter reparações.

Conforme o conjunto de princípios supracitados, as reparações devem ser promovidas por medidas que obtenham efetividade, além de serem proporcionais à gravidade do ocorrido, visando, principalmente, restabelecer as condições da vítima que vigoravam antes do momento da violação em si (ONU, 2000).

Nesse sentido, cumpre ressaltar que, para a reparação ser considerada integral, não basta apenas a prestação de indenizações, pois, conforme dispõe a CorteIDH no caso Massacre de Mapiripán vs. Colômbia, a dimensão financeira compreende apenas uma das medidas a serem contempladas na reparação (OEA, 2005), cuja essência pressupõe um conjunto de diversos mecanismos, que se conectam em prol de sua plenitude.

(15)

15

O primeiro deles é a restituição do direito violado, visto que, para a CorteIDH no caso Gutiérrez Soler vs. Colômbia, a reparação de um dano requer, sempre que possível, a plena restituição ao status quo anterior a violação (OEA, 2005). Contudo, principalmente em casos que tratam sobre questões transicionais, é muito difícil realizar a restituição plena, em virtude de versarem em geral sobre execuções extrajudiciais, desaparecimento forçados, entre outros temas.

Desse modo, outros mecanismos devem ser efetivados pelos Estados, em sede de reparação. Uma das medidas sempre abordada pela CorteIDH é a indenização ou compensação, a qual engloba tanto o dano material, como o moral. No Caso Bámaca Velásquez vs. Guatemala, o dano material foi apresentado como as perdas de caráter pecuniário que possuam um nexo causal com os fatos do caso (OEA, 2002). Já o dano moral, conforme o Caso Rosendu Cantú vs. México, diz respeito ao sofrimento causado em virtude dos fatos, tanto às vítimas diretas quanto a seus familiares (OEA, 2010).

Assim, especificamente quanto ao dano moral, vê-se que a dor proporcionada pela violação perpetrada precisa de uma atenção especial por parte do Estado. Neste diapasão, a CorteIDH entendeu, no Caso dos Massacres de El Mozote e lugares próximos vs. El Salvador, que uma outra medida extremamente necessária é a reabilitação, a qual é garantida mediante a promoção de um tratamento médico e psicológico às vítimas (OEA, 2012), possibilitando um amparo ético e concreto ao sofrimento que elas passaram.

No entanto, principalmente em cenários pós-conflitos armados internos, indenizações e amparo psicológico não são suficientes para reparar os danos e precisam estar acompanhados de diversas outras medidas. Uma das mais importantes constitui-se em mecanismos de satisfação, os quais representam para a CorteIDH, conforme dispôs no Caso Rodríguez Vera e outros vs. Colômbia (OEA, 2014), medidas como um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional por parte do Estado e a publicação e difusão da sentença na esfera interna, para que toda a sociedade tenha acesso a verdade histórica. Ademais, neste caso, a CorteIDH também compreendeu que a investigação, o julgamento e a condenação dos responsáveis, assim como a determinação do paradeiro das vítimas desaparecidas, são importantes formas de reparação (OEA, 2014).

Por fim, além das medidas de reparação acima citadas, os Estados também devem implementar garantias da não repetição de violações aos Direitos Humanos ocorridas nos contextos de ditadura militar. Ressalta-se o entendimento expresso no Caso Massacre de La Rochela vs. Colômbia, onde a CorteIDH entendeu que o Estado Colombiano deveria

(16)

16

implementar cursos de educação em Direitos Humanos nas escolas de formação das forças armadas (OEA, 2007). Já no caso Heliodoro Portugal vs. Panamá (OEA, 2008), a CorteIDH determinou que o Estado tipificasse o delito de desaparecimento forçado em seu ordenamento jurídico interno, corroborando não somente com as disposições do artigo 2 da CADH, mas também com os artigos 2 e 3 da Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas (OEA, 1994).

Cumpre ressaltar, que as medidas de não repetição ensejam uma série de reformas institucionais, as quais devem ser implementadas pelos Estados, a fim de dar efetividade aos pilares transicionais. Assim, para cumprir com os standards internacionais que fundamentam a temática, tais alterações estruturais precisam ocorrer em todas as esferas, seja no contexto político, legislativo e jurídico do Estado.

Quanto ao cenário político, tem-se a necessidade de transformação do governo exercido em cenários de exceção, para que o ambiente torne-se democrático, propiciando o acesso e participação de toda a população quanto aos mecanismos a serem utilizados nos processos transicionais.

Já em relação às reformas de natureza legislativa, qualquer norma que propicie a impunidade deve ser rechaçada do ordenamento jurídico interno, pois, conforme o já exposto, as anistias que promovem a impunidade dos responsáveis por violações de Direitos Humanos não corroboram para com a proteção dos Direitos Humanos e do Direito Humanitário na esfera internacional. Além disso, faz-se necessária a tipificação do delito de desaparecimento forçado, para a prevenção dos crimes e punição dos perpetradores.

A respeito das reformas de cunho jurídico, ressalta-se a importância de consolidar a prestação jurisdicional conforme as garantias judiciais de um juízo independente, competente e imparcial, a ser realizado de acordo com o princípio do devido processo legal. Da mesma forma, é fundamental que a justiça militar tenha caráter especial e apenas avalie questões intrínsecas a função militar e não graves violações de Direitos Humanos, e que todos os suspeitos de terem violado algum destes direitos sejam julgados pela esfera cível, e de modo algum por tribunais militares.

Tais questões convalidam o entendimento de que as reformas institucionais são fundamentais para a efetividade dos pilares transicionais e que os mecanismos determinados pela CorteIDH representam a possibilidade de transformação dessas estruturas, auxiliando os processos para a construção da paz pós-conflito nas Américas, a fim de que sejam compatíveis com os ditames internacionais.

(17)

17

Portanto, na jurisprudência do ilustre tribunal, vê-se a convergência dos pilares transicionais do direito à justiça, à verdade e à reparação, os quais apenas podem ser efetivados quando diversas reformas institucionais são realizadas pelos Estados, com o intuito de verdadeiramente efetivar a justiça de transição, sob a égide da proteção dos Direitos Humanos.

Cumpre ressaltar que não há dúvidas a respeito do quanto ainda precisa ser feito pelos Estados, responsabilizados internacionalmente pela CorteIDH, quanto ao efetivo cumprimento de suas sentenças. Contudo, sua atuação em matéria transicional tem fomentado a promoção e a proteção de Direitos Humanos de modo tão significativo, que inclusive alguns efeitos já podem ser contemplados.

Destaca-se o exemplo da Argentina, onde seu órgão judicial máximo, a Corte Suprema de Justiça, promoveu controle de convencionalidade a partir da utilização do entendimento da CorteIDH no Caso Barrios Alto vs. Peru, ao revogar as leis que impediam o processamento dos agentes estatais responsáveis por delitos de lesa humanidade (ROBLES, 2005), durante o final dos anos 70 e início dos anos 80, então contexto de ditadura militar.

Visualizam-se importantes resultados também, no fato de diversos países, como o Brasil, Peru, Colômbia, El Salvador e Uruguai, entre outros, terem instalado Comissões da Verdade após as decisões internacionais.

Assim, com o escopo de orientar os Estados para que efetivem os pilares analisados e transformem suas estratégias de justiça transicional, a jurisprudência da CorteIDH determina medidas tão importantes para a promoção da reconciliação, que impacta os países da região, incentivando o fortalecimento de suas democracias, de modo a proporcionar uma singular proteção internacional dos direitos à justiça, à verdade e à reparação.

CONCLUSÕES

O cenário latino-americano atual reverbera nuances profundas dos obstáculos à proteção dos Direitos Humanos, ampliados durante as ditaduras militares e conflitos armados dos últimos anos. As instáveis democracias são fruto das tensões entre justiça e impunidade, de modo que as sociedades contemplam claros anseios por reconciliação. Não há dúvidas de que a implementação dos elementos transicionais mais básicos, mediante esforços que contemplem a verdade, a justiça e a reparação, são fundamentais para a promoção da paz pós-conflito.

(18)

18

Nesse sentido, para a justiça transicional configurar-se como uma resposta plausível aos contextos de exceção, ela precisa ser articulada mediante processos construídos legitimamente, que levem em consideração as várias dimensões que a perpassam e os diferentes grupos de atores envolvidos. Porém, a busca pela solução dos dilemas internos deve ocorrer em paralelo aos standards internacionais, considerando que eles foram os responsáveis por estabelecer parâmetros comuns para o desenvolvimento dos pilares transicionais, propiciando sua concreta aplicação.

Restou-se claro que as iniciativas de tribunais internacionais como a Corte Interamericana de Direitos Humanos, tornaram-se precedentes históricos para a alteração estrutural jurídico-política dos Estados latino-americanos, pois sua atuação tem sido singular no tocante a matéria de Justiça Transicional, com sentenças que provocam debates necessários, assumindo papel de destaque no combate às abominações promulgadas em cenários de exceção.

Logo, a análise de seus julgados comprovou que os Estados possuem a obrigação inderrogável, de promover os direitos à justiça, à verdade e à reparação, assim como adotar diversas reformas institucionais que garantam a legítima passagem de um cenário de conflito para a paz. Para tanto, precisam investigar, julgar e responsabilizar os responsáveis por violações de Direitos Humanos, com fulcro na garantia do direito à justiça.

Verificou-se também, que para efetivar o direito à verdade, os Estados devem possibilitar a difusão das informações quanto aos fatos ocorridos, respeitando sua dimensão individual e coletiva. No mais, precisam estabelecer medidas correspondentes a uma adequada reparação integral, a qual compreende a restituição, indenização, satisfação, reabilitação e garantias da não repetição, fazendo com que os atos que se visa coibir não sejam mais admitidos, de modo a prevenir a sua recorrência.

Finalmente, constatou-se a repercussão da jurisprudência da CorteIDH sobre os Estados regionais. Em que pese o cumprimento das sentenças não seja suficiente, ainda assim, vários Estados já promoveram medidas importantes, como a derrogação de legislações internas incompatíveis com a proteção dos Direitos Humanos e o estabelecimento de diversas comissões da verdade. Tais considerações demonstraram a proeminência da jurisprudência interamericana em relação à proteção e promoção dos pilares transicionais nas Américas.

(19)

19

REFERÊNCIAS

AMAYA VILLARREAL, Álvaro Francisco. “EfectoReflejo”: La Prática Judicial em Relación com el Derecho a la Verdad en la Jurisprudência de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Revista Colombiana de Direito

Internacional, n. 010, Bogotá, Colômbia, p. 131-152, 2007, p. 131-152.

BERISTAIN, Carlos Martín. Reconciliación luego de conflictos violentos: um marco teórico. In. OREAMUNO, Gilda Pacheco; NAREA, Lorena Acevedo; GALLI, Guido. Verdad, Justicia y Reparación: desafios para la democracia y la convivência social. Instituto Interamericano de Direitos Humanos. Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral. Segunda reimpressão. San José: Editorama, 2006. 239 p.

BLOOMFIELD, David. Reconciliation: an introduction. In. BLOOMFIELD, David; BARNES, Teresa; HUYSE, Luc (ed.). Reconciliation after violent conflict: a handbook. International Institute for Democracy and Electoral Assistance. 2003. 178 p.

CENTRO INTERNACIONAL PARA A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO. Truth and Memory. Disponível em: <https://www.ictj.org/our-work/transitional-justice-issues/truth-and-memory>. Acesso em: 12 ago. 2016.

CENTRO INTERNACIONAL PARA A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO. What is transitional Justice? Disponível em: <https://www.ictj.org/about/transitional-justice>. Acesso em: 12 ago. 2016.

CONSELHO DA EUROPA. Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Abdulsamet Yaman vs. Turquia. Sentença de 2 de Novembro de 2004.

GREIFF, Pablo de. Algunas reflexiones acerca del desarollo de la Justicia Transicional. Anuario de Derechos Humanos. 2011. p. 17-39.

MALARINO, Ezequiel. Breves reflexiones sobre la justicia de transición a partir de las experiências

latino-americanas: uma crítica a la utilización excesiva del derecho penal em procesos de transición: no peace without

justice o bien no peace wih justice. ZIS 7. Buenos Aires, Argentina. 2009. p. 368-375.

MARINO, Catalina Botero; SALDARRIAGA, Esteban Restrepo. Estandares Internacionáles y processos de transición en Colombia. In. YEPES, Rodrigo Uprimny et al. ¿Justicia transicional sin transición? Verdad, justicia y reparación para Colombia. Centro de Estudios de Derecho, Justicia y Sociedad (DeJuSticia), Bogotá, 2006. p. 45-107.

ORENTLICHER, Diane F. Settling Accounts: The Duty to Prosecute Human Rights Violations of a Prior Regime. The Yale Law Journal. Vol. 100, n. 8, Symposium: International Law, Jun., 1991. p. 2537-2615.

ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE AFRICANA. Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos.

Zimbabwe Human Rights NGO Fórum vs. Zimbabwe. Decisão de 21 de Maio de 2006.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Comissão de Direitos Humanos. Question of the impunity of

perpetrators of human rights violations (civil and political). Relatório Final promovido por Louis Joinet, Relator

(20)

20 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Comissão de Direitos Humanos. Report of the Special

Rappourter on the promotion of truth, justice, reparation and guarantees of non recurrence, Pablo de Greiff. 9

de Agosto de 2012. A/HRC/21/46.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Comissão de Direitos Humanos. Study concerning the

right to restitution, compensation and rehabilitation for victims of gross violations of human rights and fundamental freedoms. Relatório Final promovido por Theo Van Boven, Relator Especial das Nações Unidas

sobre a temática. 2 de Julho de 1993. E/CN.4/Sub.2/1993/8.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Comissão de Direitos Humanos. The right to restitution,

compensation and rehabilitation for victims of gross violations of human rights and fundamental freedoms.

Relatório Final promovido por Cherif Bassiouni, Relator Especial das Nações Unidas sobre a temática. 18 de Janeiro de 2000 E/CN.4/2000/62.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Conselho de Segurança. The rule of law and transitional

justice in conflict and post-conflict societies. Relatório promovido pelo Secretário-Geral Kofi Annan. 23 de

Agosto de 2004. S/2004/616.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Caso Ignacio Ellacuría e outros Vs. El Salvador. Relatório 136/99, de 22 de dezembro de 1999.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Derecho a la Verdad en América. 13 de Agosto de 2014. OEA/SER.L/V/II.152.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Informe sobre el proceso de desmovilización en Colombia. 13 de Dezembro de 2004. OEA/Ser.L/V/II.120.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Verdad, Justicia y Reparación: cuarto informe sobre la situación de los derechos humanos en Colombia. 31 de

dezembro de 2013. OEA/Ser.L/V/II.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Convenção Americana de Direitos Humanos. Assinada na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, em 22 de novembro de 1969, San José, Costa Rica.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Convenção Interamericana sobre o

Desaparecimento Forçado de Pessoas. Adotada en Belém do Pará, Brasil, em 9 de junho de 1994, no vigésimo

quarto período ordinário de sessões da Assembleia Geral.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Anzualdo Castro vs. Perú. Sentença de Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas, de 22 de Setembro

de 2009.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Bámaca Velásquez vs. Guatemala. Sentença de Reparações e Custas, de 22 de Novembro de 2002. Serie C No.

(21)

21 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Barrios Altos vs. Peru. Sentença de Mérito, de 14 de março de 2001. Série C N. 75.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Blanco Romero e outros vs. Venezuela. Sentença de 28 de novembro de 2005. Serie C No. 138.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Castillo Petruzzi e outros vs. Peru. Sentença de Mérito, Reparações e Custas, de 30 de maio de 1999. Série C, N.

52.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Gelman vs. Uruguai. Sentença de Mérito e Reparações, de 24 de fevereiro de 2011. Série C, N. 221

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) vs. Brasil. Sentença de Exceções Preliminares, Mérito,

Reparações e Custas, de 24 de novembro de 2010. Série C, N. 219.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Gudiel Álvarez e outros ("Diário Militar") vs. Guatemala. Sentença de Mérito, Reparações e Custas, de 20

novembro de 2012. Serie C No. 253.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Gutiérrez Soler Vs. Colombia. Sentença de Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas, de 12 de

setembro de 2005. Serie C No. 132.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Heliodoro Portugal vs. Panamá. Sentença de Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas, de 12 de

agosto de 2008. Serie C No. 186.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Irmãos Gómez Paquiyauri vs. Peru. Sentença de Mérito, Reparações e Custas, de 8 de Julho de 2004. Serie C,

No. 110.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

La Cantuta vs. Peru. Sentença de Mérito, Reparações e Custas, de 29 de novembro de 2006. Série C, N. 162.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Loayza Tamayo vs. Peru. Sentença de Mérito, de 17 de setembro de 1997. Série C, No. 33.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Massacres de El Mozote e lugares próximos vs. El Salvador. Sentença de Mérito, Reparações e Custas, de 25 de

Outubro de 2012. Serie C No. 252.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Massacre de La Rochela Vs. Colômbia. Sentença de Mérito, Reparações e Custas, de 11 de Maio de 2007. Serie

(22)

22 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

do Massacre de Mapiripán vs. Colômbia. Sentença de Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas, de

15 de setembro de 2005. Série C, N. 134.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Massacre de Pueblo Bello vs. Colômbia. Voto separado do Juiz Antônio Augusto Cançado Trindade. Sentença

de 31 de janeiro de 2006. Série C, N. 140.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Rosendo Cantú vs. México. Sentença de Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas, de 31 de Agosto

de 2010.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

dos Massacres de El Mozote e lugares próximos vs. El Salvador. Sentença de Mérito, Reparações e Custas, de

25 de Outubro de 2012.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Radilla Pacheco vs. México. Sentença de Exceções Preliminares, Mérito, Reparações e Custas, de 23 de

novembro de 2009. Série C, N. 209.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Rodriguez Vera e outros (Desaparecidos do Palácio de Justiça) vs. Colômbia. Sentença de Exceções

Preliminares, Mérito, Reparações e Custas, de 14 de Novembro de 2014. Serie C No. 287.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Trujillo Oroza vs. Bolívia. Sentença de Reparações e Custas, de 27 de fevereiro de 2002. Serie C No. 92.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Velásquez Rodríguez vs. Honduras. Sentença de Mérito, de 29 de julho de 1988. Série C, N. 4.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso

Zambrano Velez e outros vs. Equador. Sentença de Mérito, Reparações e Custas, de 4 de Julho de 2007. Serie C

No. 166.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). CorteIDH. Garantias Judiciais em Estados de

Emergência. Opinião Consultiva OC-9/87, de 6 de outubro de 1987. Série A, N. 9.

PATIÑO, María Clara Galvis. Informe Comparativo. In. FUNDACIÓN PARA EL DEVIDO PROCESO LEGAL. Las vícimas y la Justicia Transicional: están cumpliendo los estados latino-americanos com los

estándares internacionales? Washington, 2010.

ROBLES, Manuel Enrique Ventura. La Jurisprudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos en

Materia de Acceso a la Justicia e Impunidad. Disponível em:

<http://www2.ohchr.org/spanish/issues/democracy/costarica/docs/PonenciaMVentura.doc.>. Acesso em: 12 ago. 2016.

(23)

23 TEITEL, Ruti. Transitional Justice and Judicial Activism – A right do Accountability? Cornell International

Law Journal. Vol. 48. 2015. p. 385-422.

TEREZO, Cristina Figueiredo. Sistema Interamericano de Direitos Humanos: pela defesa dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Curitiba: Appris, 2014.

TOVAR, Carolina Vergel. La Apropriación de las Nociones de Verdad, Justicia, Reparación y Memoria en la Causa de las Mujeres Víctimas del Conflicto Armado en Colombia. In. ALMADA, Martins; MAUÉS, Antônio Moreira (Org.). Verdade, Justiça e Reparação na América Latina. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015, p. 53-83.

VAN ZYL, Paul. Promovendo a Justiça Transicional em Sociedades Pós-Conflito. In. REÁTEGUI, Félix (Org.)

Justiça de Transição: Manual para a América Latina. Brasília: Comissão de Anistia, Ministério da Justiça; Nova

Iorque: Centro Internacional para a Justiça de Transição, 2011, p.47-71.

YEPES, Rodrigo Uprimny. ¿Justicia transicional sin transición? Reflexiones sobre verdad, justicia y reparación para Colombia. In. YEPES, Rodrigo Uprimny et al. ¿Justicia transicional sin transición? Verdad, justicia y reparación para Colombia. Centro de Estudios de Derecho, Justicia y Sociedad (DeJuSticia), Bogotá, 2006. p. 11-16.

Referências

Documentos relacionados

Os alunos que concluam com aproveitamento este curso, ficam habilitados com o 9.º ano de escolaridade e certificação profissional, podem prosseguir estudos em cursos vocacionais

Os elementos caracterizadores da obra são: a presença constante de componentes da tragédia clássica e o fatalismo, onde o destino acompanha todos os momentos das vidas das

Augusto Boal, mesmo com o fim da ditadura militar, ao ser eleito vereador do Rio de Janeiro, ainda implantou mais um método dentro do TO: “Teatro Legislativo”, segundo Boal (1996):

Os dados de incidência foram obtidos do RCPB de Fortaleza a partir do sistema basepopWeb (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2010), sendo coletados: o número de casos novos

Em sociedades marcadas por situações de injustiça institucionalizada, através de conflitos e desigualdades estruturais, a efetividade dos direitos fundamentais

No exercício de sua competência e com a finalidade de aferir a regularidade da observância das normas de arrecadação de recursos e realização de gastos eleitorais, cuja prestação

Por fim, mas não menos importante, também vislumbro a inconstitucionalidade dos critérios de doação a campanhas por pessoas jurídicas sob o enfoque da isonomia entre

Resumo: O artigo procura historiar o aparecimento das “cartes illimitées” no mercado francês de exibição cinematográfica. Essa formula, chamada por setores da mídia local de