Imensamente
atlântico
O
mar
embala
na
areia,
nas gentes,
nos
dias
e
nas horas.
Em
Carvalhal,
localidade
do
concelho
de
Grândola,
o
tempo corre
ao
ritmo
de um
imenso
oceano que banha
uma
das
praias
mais
admiradas
de
toda
a
costa
alentejana.
Areais
a
perder
de vista, numa
região
calma, sem pressas,
onde
a
popula-ção
local
tudo faz para
que
quem
a
visite
se
sinta como "em casa". Com
o
calor
à
porta,
abrimos
a
janela
da
terra
para
lhe
mostrar-mos
o
tanto
que
faz
do
Carvalhal
um lugar,
para
muitos,
ideal.
textoeAinda
o mar não se mostrava em todo o seu
esplendor, e já o vento característico da costa
alentejana forçava entrada pelas frestas dos
vi-dros do carro, carregando afrescura da maresia
eanunciando aproximidade dos imensos areais que correm paralelamente àestrada.
A entrada fez-se pela sede do concelho de Grândola, ao qual
pertence a povoação de Carvalhal, que ocupa distintamente os
"Lugares" desta edição da revista MaisAlentejo, numa viagem
pe-las ondas do Verão que já aí está eque, no pequeno esimpático povoado, costuma ser sinónimo de animação garantida.
Everdade que a localidade se compõe de diversas exíguas ruas,
onde pequenos quintais e estendais de roupa partilham um Sol
medianamente quente, mas a"vida" acontece na avenida 18 de
Dezembro que cruza todo o casario e que funciona como um corredor de boas-vindas.
A um lado e ao outro, pequenas obras de recuperação
sucedem-se, numa agitação tranquila de sons a quebrarem silêncios, de
quem espera pelas horas que transfiguram o dia-a-dia local ainda que só pelos três meses de um Verão, que agora se apresenta,
com fortes raios de Sol.
As placas de casas para alugar em tempo de férias ficam de uns anos para os outros, eali se encontram novamente, repintadas, a
prender olhares mais alongados de visitantes de calção echinelos
ávidos de praia, mar e muito calor.
Percorrido o"corredor" virámos à direita pela rua daAzinhaga,
rodando depois em direcção às ruas Nova e do Paul para, num
ápice
-
aterra épequenita!-,
estarmos novamente na 18deDe-zembro, admirados que estavam preciosos objectos de adorno com que os locais gostam de decorar as frontarias de casas e quintais.
Ali, novamente naentrada de uma verdadeira "terra de poetas"
-com monumento etudo -,apanhámos, então, aconcorrida
estra-da doAlto da Pinha que nos levaria ao ex-libris maior daterra.
O fim do caminho é o princípio do areal dourado do Carvalhal
-
uma praia imensa, de horizonte claro, que convida adias inteirosde ócio acompanhados por um bom livro ou para as tradicionais brincadeiras em família.
A estrada, arranjada, é ladeada por uma ciclovia permitindo
deslo-cações mais saudáveis, em perfeitas condições de segurança, seja para passeios a pé ou de bicicleta, desfrutando de uma paisagem salpicada por dunas.
Vale a pena parar uma, duas e três vezes para admirar em redor e perdermo-nos por entre as elevações de areia para, passo ante
passo, nos reencontrarmos no alto das mesmas com o azul
atlân-tico a nossos pés.
CASA NA PRAIA
Não é certamente destino turístico de um dia, tantas são as
ofer-tas danatureza que importa descobrir, pelo que, uma estada pro-longada será, certamente, uma opção ater em conta.
O acesso à praia está arranjado e equipado com um parque de estacionamento coberto, dispõe de passadeiras em madeira que se prolongam até que a areia se mistura entre os dedos dos pés.
Com restaurantes e cafés de apoio plantados em pleno areal, bem como, ainda, divertimentos para as crianças, o local afigura-se de excelência e obriga mesmo a que adiemos o nosso regresso ao povoado por alguns minutos, para um olhar contemplativo em redor.
A meia-dúzia de metros do areal, um outro aglomerado de casas rasteiras dá aos felizes proprietários averdadeira noção do que é
ter uma casa na praia, tal a proximidade, sem a mínima
preocupa-ção com quedas de arribas.
Pequenas moradias multicolor, bem cuidadas, muitas delas
bastan-te recenbastan-tes, que partilham um espaço quase mágico, quer duran-te os corrupios de Verão, como durante os silêncios húmidos de Inverno.
Voltámos ao casario, ainda que o olhar tenha ficado um pouco para trás, refazendo o caminho de regresso ao centro de
Car-valhal, onde a variedade de cores estampadas nas frontarias das casas se evidencia a cada passagem.
À direita e à esquerda, casas amarelas, verdes e até cor-de-rosa, partilham ruas arejadas de uma povoação que tradicionalmente
vivia da cultura do arroz, batata, madeira, pinhão e resina, mas que, com o passar dos anos, se virou definitivamente para o turismo.
No entanto, actividades como aapicultura, acarpintaria eserração, o comércio, arestauração, a panificação, os serviços, aconstrução
civil e o artesanato, são ainda significativas na economia local.
RESPIRAR TURISMO
A freguesia é a mais recente do concelho de Grândola, tem uma
área aproximada de 56 quilómetros, contando com uma orla cos-teira atlântica de uns infindáveis e reluzentes 30 quilómetros. De acordo com alguma informação disponibilizada pela autarquia, em termos históricos é possível que as primeiras comunidades
humanas a habitarem aquele território alentejano, se situem em pleno período mesolítico, pelo menos aavaliar pelas estações
ar-queológicas encontradas na região.
E ainda que subsistam algumas dúvidas sobre o período
pré-his-tórico, certo é que, durante o domínio romano, o seu espaço viu
surgir (no topo Norte) uma povoação e um importante complexo industrial de conserva de peixe e marisco.
O
passado deixou marcas importantes, que têm valido um bom par de distinções e avisita de curiosos eadmirados de épocas há muito idas, que apouco epouco se desvendam por baixo das poeiras.A respirar turismo por todos os poros, Carvalhal aguarda por
in-vestimentos privados que podem, caso se concretizem, tornar a freguesia num dos grandes pólos turísticos alentejanos e nacionais.
O
surgimento de vários postos de trabalho, que actualmente sãocomo "pão para a boca", marca a linha que se quer ver ao hori-zonte, onde ao azul das águas marítimas se querem juntar outras cores de vida.
Venham ou não esses investimentos, Carvalhal já é uma aposta ganha, tanto pela beleza das praias, como pelas gentes que ali di-videm os dias, afinando a arte de bem receber muitos e muitos turistas que têm naquela localidade o seu éden de repouso.
Acusto deixamos o espaço, já com a tarde alta e acerteza de que está tudo pronto para mais um Verão. Apetece ficar, de chinelos e calções, de livro e toalha na mão. Mas só o Carvalhal fica, nos espelhos do carro, na memória e na certeza de um voltar em breve.