Preparação para as Assembleias Gerais Ordinárias
•
Processo de Indicação de Conselheiros
- Etapas e Governança da Indicação
- Crítica e Autocrítica
- Conceitos Úteis
- Conselheiro Independente
- Indicações Políticas Vedadas
Índice
4
•
Processos de Eleição e suas Responsabilidades
•
Responsabilidades do Conselheiro e do Conselho
- Regra Geral sobre Responsabilidades
- Responsabilidade Individual e Solidária
- Prevenindo Responsabilidades
- Aprovação de Contas e Demonstrações
- Responsabilidades na Aprovação de Contas
1
Origem do
Candidato
Processo de Indicação – Fases
4 2
Quem participou do
processo de seleção?
3
Qual vínculo com
quem indica?
Divulgação de Informações
do Candidato
Indicação
acionista/
adm/de 3º
Divulgação
na Data do
Edital
Governança
da Indicação
de interesse?
Alinhamento
Análise
orgânica
-currículo
Análise
individual
-currículo
Vínculos
formais e
materiais
Divulgação
na Data da
Assembleia
5AG
Governança da
Indicação
“O Conselheiro”
Currículo, formação acadêmica,
experiência profissional,
competências, disponibilidade,
ciência das responsabilidades,
estudo prévio da companhia...
“O Conselho”
Organicidade,
diversidade,
treinamento,
interface área de RI
“A Companhia”
Qual o “Momento do
Conselho”? Mudanças na
Diretoria?
Internacionalização?
Verificação de conflitos
“O Propósito”
Missão, Visão e Valores
...do candidato
...de quem fez a indicação
...dos acionistas relevantes
“A Política”
Lei das Estatais, indicações
vedadas, pessoas politicamente
expostas, egressos do setor
público, vínculos prévios...
• Reputação Ilibada – “o administrador deve possuir reputação ilibada, ou seja, sem máculas, não pesando sobre ele
suspeitas de ter cometido atos ilegais. A expressão ‘reputação ilibada’ deve ser entendida unicamente no sentido da atuação profissional do administrador, não cabendo invocá-la por razões de ordem política, religiosa moral ou social.” Nelson Eizirik
“[N]ão pode ser considerado dono de uma reputação ilibada aquele sobre o qual pairam fundadas suspeitas de
comportamento avesso ao bem público. Em especial, não pode ser considerado dono de reputação ilibada aquele sobre o qual pesa um processo judicial, uma tomada de contas que vise a apurar a malversação de dinheiro público ou, até
mesmo, um processo administrativo. Em especial se as denúncias e suspeitam estiverem estribadas em fortes indícios, fls. 810/812” STFAg.Reg no Agravo de Instrumento 696.375 Rondônia. Relator: Toffoli, Dias. 17 de setembro de 2013.
• Conflito de Interesses – O parágrafo 3º do artigo 147 da Lei das S.A. estabelece que não pode ser eleito para cargo de
conselheiro, salvo por dispensa da assembleia geral, aquele que “ocupar cargos em sociedades que possam ser consideradas concorrentes no mercado, em especial, em conselhos consultivos, de administração ou fiscal ”, ou “tiver interesse conflitante com a sociedade”.
A Instrução CVM 367/02 estabeleceu uma presunção relativa de que possui interesse conflitante com o da companhia aquele que, cumulativamente, (i) tenha sido eleito por acionista que também tenha eleito conselheiro de administração em sociedade concorrente; e (ii) mantenha vínculo de subordinação com o acionista que o elegeu.
• Abstenção compulsória – Artigo 156 da Lei das S.A. “É vedado ao administrador intervir em qualquer operação social
em que tiver interesse conflitante com o da companhia, bem como na deliberação que a respeito tomarem os demais administradores, cumprindo-lhe cientificá-los do seu impedimento e fazer consignar, em ata de reunião do conselho de administração ou da diretoria, a natureza e extensão do seu interesse.” Intervir é diferente de aprovar, ou seja, o
administrador conflitado não pode participar de nenhuma etapa do processo decisório. Deve se abster compulsoriamente das deliberações sobre as quais tenha interesse pessoal conflitante com o da companhia. Reuniões IN CAMARA
• Composição da administração segundo o Regulamento do Novo Mercado: O conselho de administração será composto por, no mínimo, 5 membros, eleitos pela assembleia geral, dos quais, no mínimo, 20% deverão ser Independentes
• Caracterização da Independência no regulamento do Novo Mercado:
(i) não ter qualquer vínculo com a Companhia, exceto participação de capital;
(ii) não ser Acionista Controlador, cônjuge ou parente até segundo grau daquele, ou não ser ou não ter sido, nos últimos 3 anos, vinculado a sociedade ou entidade relacionada ao Acionista Controlador (pessoas vinculadas a instituições públicas de ensino e/ou pesquisa estão excluídas desta restrição);
(iii) não ter sido, nos últimos 3 anos, empregado ou diretor da Companhia, do Acionista Controlador ou de sociedade
controlada pela Companhia;
(iv) não ser fornecedor ou comprador, direto ou indireto, de serviços e/ou produtos da Companhia, em magnitude que implique perda de independência;
(v) não ser funcionário ou administrador de sociedade ou entidade que esteja oferecendo ou demandando serviços
e/ou produtos à Companhia, em magnitude que implique perda de independência;
(vi) não ser cônjuge ou parente até segundo grau de algum administrador da Companhia; e
(vii) não receber outra remuneração da Companhia além daquela relativa ao cargo de conselheiro.
+
Conselheiros eleitos por minoritários em votação separado
(conforme faculdade prevista pelos parágrafos 4º e 5º do artigo 141 ou pelo 239, ambos da Lei das S.A.)
• Ainda: “A qualificação como Conselheiro(s) Independente(s) será expressamente declarada na ata da assembleia geral que o(s) eleger.”
Será “Conselheiro Independente” aquele que cumprir os requisitos formais ou quem for eleito por minoritários
Leading case – Precedente Light S.A. (Proc. SEI 19957.008923/2016-12)
A CVM decidiu que sociedade de economia mista, na qualidade de integrante do bloco de controle da Light S.A., seria destinatária direta da Lei de Responsabilidade das Estatais, tendo o dever de não indicar pessoas politicamente expostas como administradoras nesta sociedade.
Ou seja, ainda que a Light S.A. seja uma empresa privada, uma vez que uma sociedade de economia mista integra o seu bloco de controle, fora atraído o regime da Lei de Responsabilidade das Estatais à indicação de administradores.
Pessoas politicamente expostas – O Decreto no8.945/16, que regulamenta a “Lei de Estatais” , impede que seus
destinatários nomeiem como conselheiro pessoa que (i) seja representante do órgão regulador ao qual a empresa estatal está sujeita; (ii) seja Ministro de Estado, de Secretário Estadual e de Secretário Municipal; (iii) seja titular de cargo em
comissão na administração pública federal, direta ou indireta, sem vínculo permanente com o serviço público; (iv) seja dirigente estatutário de partido político e de titular de mandato no Poder Legislativo de qualquer ente federativo,
ainda que licenciado; (v) seja parente consanguíneo ou afins até o terceiro grau das pessoas mencionadas nos itens anteriores; (vi) atuou, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de partido político; (vii)
atuou, nos últimos 36 meses, em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral; (viii) exerça cargo em organização sindical; (ix) tenha firmado contrato ou parceria, como fornecedor ou comprador, demandante ou ofertante, de bens ou serviços de qualquer natureza, com a União, com a própria
estatal ou com empresa estatal do seu conglomerado estatal, nos 3 anos anteriores à data de sua nomeação; (x) tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse com a pessoa político-administrativa controladora da empresa
estatal ou com a própria estatal;
Acionista pode ser responsabilizado pela indicação de conselheiros ineptos?
Art. 115. “O acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia;
considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a
outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e
de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros
acionistas.”
Responsabilidade maior pela indicação de conselheiros pelo controlador?
Art. 116. Parágrafo único. “O acionista controlador deve usar o poder com o fim de
fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres
e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela
trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve
lealmente respeitar e atender.”
•
Art. 117. O acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados
com abuso de poder. (...) § 1º São modalidades de exercício abusivo de poder: (...)
d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou tecnicamente;
•
Deveres dos Administradores: (i) diligência; (ii) atuar no melhor interesse da companhia; (iii)
lealdade; (iv) não atuar em conflito de interesses; e (v) informar; além de outras obrigações
impostas pela Lei ou pelo Estatuto
•
Responsabilidade: O administrador que não cumprir as obrigações e os deveres a ele impostos
pela Lei ou pelo Estatuto Social poderá ser responsabilizado por tais descumprimentos
Civil: responde pelos prejuízos causados à companhia ou acionistas quando proceder com
culpa ou dolo ou, ainda, com violação da Lei ou do Estatuto Social
Administrativa: perante a CVM por infração aos seus deveres legais e/ou estatutários
•
Solidariedade: Regra – responsabilidade individual
Com outros Administradores: O administrador responde solidariamente com infrator
quando: (i) for conivente; (ii) negligenciar em descobrir a infração; (iii) tendo conhecimento
da infração, deixar de agir para impedir sua prática; (iv) tendo conhecimento do não
cumprimento de um dever atribuído a um administrador específico, deixar de comunicar o fato
à Assembleia Geral
Com o Controlador: O Administrador responde solidariamente com controlador por abuso de
A responsabilidade individual é a regra geral para administradores, que alcançam
Atos Comissivos e Omissivos: A solidariedade com os outros administradores
poderá decorrer de atos comissivos (quando o administrador for conivente ou atuar
em conjunto), ou omissivo. A possibilidade de solidariedade decorrente de atos
omissivos advém, em especial, dos deveres de diligência e lealdade e, em relação ao
Conselho de Administração, de fiscalizar a gestão dos diretores. A solidariedade com
o controlador apenas existirá em decorrência de atos comissivos.
Atos que ensejam a responsabilidade individual:
Intervenção em operação na qual tenha interesse pessoal conflitante com o da cia
Prática de insider trading
Usurpação de oportunidade comercial
Violação do dever de sigilo
Contudo,
há
hipóteses
que
admitem
a
responsabilização
solidária
dos
administradores, seja em decorrência de decisões colegiadas, por terem agido
conjuntamente ao infrator ou se omitido fiscalizar e/ou evitar a infração
Exemplos de atos que ensejam a responsabilidade solidária:
Aprovação de matérias em decisão colegiada que caracterizem ou acarretem em infração à Lei
ou ao Estatuto, por exemplo:
Aprovação de distribuição de lucros (dividendos ou JCP) a despeito da existência de prejuízos
acumulados, ainda que ad referendum da assembleia geral
Aprovação de aumento de capital em inobservância ao direito de preferência dos acionistas
Aprovação de matérias cujo Estatuto atribua competência exclusiva da Assembleia
Faltar com o dever de diligência, em especial o dever de fiscalização dos diretores,
permitindo/facilitando que outros administradores atuem em violação à Lei ou ao Estatuto ou,
ainda, mesmo que dentro de suas atribuições, com culpa ou dolo, em prejuízo da companhia;
Não divulgação de fato relevante de que possua ciência diante da omissão do Diretor de
Relações com Investidores em fazê-lo.
Aprovação de
transações em benefício exclusivo do controlador, em condições de
favorecimento ou não equitativas;
Convocação de assembleia para deliberar matérias de interesse exclusivo do acionista
controlador
A fim de evitar a responsabilização individual ou solidária em relação aos
demais
membros
do
Conselho
de
Administração
ou
Diretores,
o
administrador deve tomar alguma das seguintes medidas:
Votar contrariamente à deliberação que acarretará infração à Lei ou ao Estatuto
Social e fazer consignar em ata a sua oposição.
Não sendo passível de votação, dar ciência imediata de fatos e circunstâncias e por
escrito ao órgão da administração, ao conselho fiscal, se em funcionamento, ou à
assembleia geral da companhia.
Denunciar ato ou fato ilícito quando verificar que algum administrador está
descumprindo função que lhe seja atribuída pela Lei ou pelo Estatuto
Demonstrar que atuou de forma proativa e diligente para fiscalizar a atuação dos
demais administradores, mas que não foi possível identificar o ato irregular
Ponderação: excesso de desconfiança X credulidade: risco é inerente
Compete à AGO, dentre outras matérias: (a) tomar as contas dos administradores, examinar,
discutir e votar as demonstrações financeiras; (b) deliberar sobre a destinação do lucro líquido
do exercício e a distribuição de dividendos.
“As demonstrações financeiras não são elaboradas com a finalidade de prestar contas, e sim de
informar a situação patrimonial e os resultados da companhia, mas servem de instrumento da
prestação de contas porque os efeitos patrimoniais dos atos praticados pelos administradores
são registrados na escrituração mercantil, a partir da qual são elaboradas as demonstrações.”
“A deliberação sobre as contas dos administradores pressupõe, portanto, o exame e discussão
do relatório da administração e das demonstrações financeiras, e pode ser tomada em
separado das demonstrações, ou conjuntamente com estas.”
“A distinção entre (a) deliberação sobre prestação de contas e (b) deliberação sobre
demonstrações financeiras é confirmada pela redação da lei que, no item III do artigo 122,
declara competir privadamente à assembleia geral ‘tomar, anualmente, as contas dos
administradores, e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas’, e no
artigo 133 se refere, em itens distintos, ao ‘relatório de administração sobre os negócios
sociais e os principais fatos administrativos do exercício findo’ (I) e à ’cópia das demonstrações
financeiras’ (II).” Conforme José Luiz Bulhões Pedreira e Luiz Alberto Colonna Rosman
Assim, segundo este entendimento, a LSA permitiria a segregação entre a
aprovação (i) das contas dos administradores e (ii) das demonstrações financeiras.
Art. 134 § 3º “A aprovação, sem reserva, das demonstrações financeiras e das
contas, exonera de responsabilidade os administradores e fiscais, salvo erro, dolo,
fraude ou simulação.”
Assim, o acionista que tenha conhecimento de vício nas demonstrações
financeiras ou nas contas, e ainda assim as aprova sem reservas, pode ser
responsabilizado?
Art. 115. “O acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia;
considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a
outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e
de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros
acionistas.”
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