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SEMINÁRIO SANTO ANTÔNIO DE RIO BRILHANTE/MS: GÊNESE HISTÓRICA E PERFIL DE FUNCIONAMENTO DA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL ( )

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Academic year: 2021

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SEMINÁRIO SANTO ANTÔNIO DE RIO BRILHANTE/MS: GÊNESE HISTÓRICA E PERFIL DE FUNCIONAMENTO DA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL (1959-1987)

Brazil, Maria do C. /UFGD¹ Valdez, Fanny S. /UFGD²

Grupo de Trabalho: Grupo de Pesquisa História da Educação, Memória e Sociedade -

GEPHEMS.

Resumo: Esta pesquisa, em vias de nascimento, assenta-se no conjunto de investigações

voltadas para a História das Instituições Educacionais (HIE), campo da História da Educação, cuja proposta é conhecer a história e trajetória do Seminário Santo Antônio de Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul. Levando em conta a carência científica e um certo silenciamento em torno da temática, assim, elegemos o objeto de pesquisa, tratando-se de algo inédito, pretendendo discutir a gênese histórica e o perfil de funcionamento da referida instituição educacional no período de 1959 a 1987. Almeja-se percorrer o viés da História Cultural, tendo como base os referenciais teóricos de Justino Magalhães (2004), Chartier (1982), Michel de Certeau (1982), Le Goff (1990), Knob (1988), Marin (2012), Amaral (2005), Kuhlmann (1991), Queiroz (2008), Santini e Brazil (2009), Faria Filho e Vidal (2003), dentre outras publicações destes. Os estudos documentais serão elencados e buscar-se-á dispositivos legais que regeram a educação na época de exercício do Seminário Santo Antônio. Recorrer-se-á a fontes em jornais circulantes na época que possam corroborar com informações adicionais, tendo como suporte teórico nesta perspectiva científica Pinsky (2006). Visando uma riqueza de conteúdo, se buscará fontes/depoimentos orais de personagens desta passagem histórica, como professores e ex-alunos.

As análises sobre o Seminário envolvem o movimento da Ordem Franciscana, oriundos da Província de Turíngia, Alemanha, rumo ao Mato Grosso a partir de 1938. As atividades do Seminário Santo Antonio datam de 1959 com o início da construção física do mesmo, bem como também são realizadas as primeiras matrículas para posterior funcionamento improvisado no ano seguinte, principiando assim suas atividades docentes, para após 28 anos de funcionamento, portanto, 1987, dar-se seu definitivo desativamento, contudo sua importância educacional regional é ímpar, por ser esta uma das pioneiras e influentes instituições de ensino na época.

Palavras-chave: Historiografia Sul-Mato-Grossense; Educação franciscana; Cultura material

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INTRODUÇÃO

Este projeto assenta-se no conjunto de pesquisas voltado para a História das Instituições Educacionais (HIE), campo da História da Educação, cuja proposta é construir parte da história do Seminário Santo Antônio de Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul.

No campo da História da Educação pesquisadores das mais distintas instituições de ensino superior, sobretudo aquelas que dispõem de programas de pós-graduação stricto sensu tem se esforçado para promover o alargamento qualitativo das produções historiográficas com destaque para os estudos acerca das instituições escolares. A esse respeito Brazil e Furtado (2010) destacaram o crescente número de pesquisas defendidas em Programas de Pós-Graduação em Educação e História, bem como em outros dispositivos de publicações de investigações educacionais. No Brasil este movimento científico cresceu a partir de 1990, embora estudos historiográficos esporádicos desta vertente já tivessem sido feitos, a exemplo os desenvolvidos por Carrato (1961; 1968) e Bauab (1972). Grande parte das pesquisas dedicadas à história de instituições educativas implica em explicar a dinâmica de suas ações, os reflexos ou as possíveis transformações ocorridas ao longo do tempo pela sociedade na qual a instituição está inserida. Por estas investigações é possível entrever as relações entre os agentes sociais da instituição, o processo de ensino, a cultura material, as origens e o funcionamento da instituição.

Brazil e Furtado (2010), ao analisar a produção historiográfica educacional realizada por Programas de Pós Graduação de Instituições de Ensino Superior de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tomaram conhecimento da reduzida quantidade de dissertações e teses dedicadas a Historia das Instituições Educacionais. Esta carência de estudos científicos e ou o silenciamento em torno do tema, despertou o interesse em eleger o Seminário Santo Antônio, assentado no município de Rio Brilhante, como objeto de pesquisa. Pretendo discutir a gênese histórica e o perfil de funcionamento da referida instituição educacional no período de 1959 a 1987. Este recorte temporal se dá pelo fato de ser 1959 o ano de início da construção física do Seminário, bem como também foram realizadas as primeiras matrículas para seu posterior funcionamento, o qual foi improvisado no ano seguinte, principiando assim as atividades

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institucionais. Foram 28 anos de funcionamento. Em 1987 a instituição foi desativada definitivamente no município.

Como ponto de partida metodológico, lançarei mão de memórias, relatos e materiais escritos sobre a instituição considerando a cultura, o tempo, o espaço, as crenças e os valores estabelecidos pela sociedade na época. As análises sobre o Seminário envolvem o movimento da Ordem Franciscana, oriundo da Província de Turíngia, Alemanha, rumo ao Mato Grosso a partir de 1938. A chegada da referida ordem religiosa na região, além de trazer a escola confessional católica, alterou o perfil socioeconômico de Mato Grosso (uno), aspecto importante que pretendo aprofundar. A ideia é construir parte da história da educação regional, levantar fontes documentais e analisar os traços de influência na cultura local. Importa responder às seguintes indagações: Como se iniciou a chegada dos Franciscanos em Mato Grosso? Por quê? Em que circunstâncias? Porque a ordem franciscana decidiu abrir um Seminário em Rio Brilhante? Como se concretizaram essas ações? Com apoio de quem? Como se deu esta construção? Qual foi sua influência no sistema educacional? Como era promovido este atendimento?Este conjunto de questionamento tem caráter interligado entre si. Ao abordarmos o surgimento do Seminário e sua dinâmica de funcionamento, enquanto Instituição Educativa, pretende-se compreender parte da história regional decorrente da cultura escolar ali instalada ou construída.

O objetivo desta pesquisa é investigar a influência do Seminário Santo Antônio, enquanto instituição educacional, na história de Rio Brilhante, averiguando quando, como e por quais circunstâncias o mesmo surgiu. Pretendemos abordar a temática no âmbito educativo, estabelecendo um diálogo que entre a esfera macro (nacional) e a micro (regional), buscando os principais agentes sociais dessa construção histórica, analisando assim, a forma como os mesmos contribuíram para a expansão do atendimento educacional na época.

DESENVOLVIMENTO

Esta pesquisa, que pretende percorrer o viés da História Cultural, tem como base os referenciais teóricos de Justino Magalhães (2004), Chartier (1982), Michel de Certeau (1982), Le Goff (1990) e visando a história e trajetória da Ordem Franciscana em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, terá com referencial as obras de Knob (1988), Marin (2012), Amaral

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(2005), Kuhlmann (1991), Queiroz (2008), Santini e Brazil (2009), dentre outros que se façam necessários para o agregamento qualitativo da pesquisa. Na parte da historiografia se recorrerá aos indicativos de Faria Filho e Vidal (2003), dentre outras publicações destes. Assim, tem-se como metodologia estudos bibliográficos e documentais, sendo que neste segundo componente, buscar-se-á dispositivos legais de nível nacional que regeram a educação na época de exercício do Seminário Santo Antônio, bem como os dispositivos estaduais e/ou municipais que nortearam este trabalho. Recorrer-se-á também ao Livro Tombo da Igreja Matriz Paróquia Divino Espírito Santo de Rio Brilhante, bem como outros documentos arquivados na diocese que se façam necessários. Serão investigadas também informações relevantes à pesquisa no acervo do Núcleo de Documentação Histórica e Informação Regional (NDHIR), que corrobora com esta, pois contém informações/documentos da Arquidiocese da Ação Católica Brasileira e ao Centro de Documentação Regional (DCR) que contribui, pois mantém inúmeros documentos arquivados da Delegacia Regional de Educação, sendo estes dentre outros dispositivos legais, que se tornam indispensáveis, no decorrer da pesquisa.

É pertinente também que se busquem para um agregamento qualitativo, fontes em jornais circulantes na época que possam corroborar com informações adicionais, para tal se recorrerá às matérias produzidas pelo “Jornal O Progresso” em primeira instância, abrangendo o período de interesse desta pesquisa, sendo que, outros poderão ser utilizados se assim convier, como suporte teórico nesta perspectiva científica recorrer-se-á à Pinsky (2006). E visando uma riqueza de conteúdo, se irá em busca de fontes/depoimentos orais de personagens desta passagem histórica, como professores e ex-alunos. A partir deste ponto parte-se para a análise dos documentos, bibliografias, matérias e depoimentos levantadas a fim de sistematizar / interpretar e efetivar a pesquisa proposta, buscando nexos da história, trajetória e influência do Seminário Santo Antônio na educação regional.

Conforme Faria Filho e Vidal (2003), a criação de Programas de Pós-Graduação no Brasil, entre o final dos anos de 1960 e início de 1970, ocorreu um novo ordenamento de vertentes de pesquisas na área educacional. Esta dinâmica de criações favoreceu e alterou a

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configuração de pesquisas diante de uma “grande preocupação com o mapeamento, organização e disponibilização de acervos documentais” (Faria Filho e Vidal, 2003, p.59.) como também, enriqueceu o campo e despertou agentes científicos diante de inúmeras possibilidades de investigação. Onde antes havia escassa produção historiográfica, explicada pela falta de pesquisas no campo estudado, hoje se pode afirmar ao contrário: há significante quantitativo de estudos, bem como, ocorreu o alargamento de subáreas envolvidas com a temática onde grandes nomes se fizeram e fazem. Dentre estas perspectivas, destacadamente a partir de 1990, estão os estudos historiográficos de instituições escolares, como já mencionados. É neste cenário que este projeto se inclui, perante a perspectiva da história cultural, que tem como objetivo, segundo Chartier (1982), identificar o modo como, em diferentes espaços e tempos, uma realidade comunitária se constitui, como é pensada e organizada.

Pesquisar parte da história do Seminário Santo Antônio significa buscar a configuração educativa na época de sua inserção, que data meados do fim da década de 1950 até 1980. Analisaremos as esferas nacionais em que o processo de instalação do seminário transcorreu, bem como deveremos considerar o cenário regional da época. Além disso, se procurará analisar as ações educativas confessionais e seu raio de atuação. Deste modo, é inevitável perceber o cenário desta construção no tempo e espaço, como também em sua forma organizacional. Para corroborar com esta perspectiva deverei buscar suporte nas reflexões de Magalhães (2004) que diz:

Compreender e explicar a realidade histórica de uma instituição [...] é integrá-la de forma interativa no quadro histórico mais amplo do sistema educativo, nos contextos e nas circunstâncias implicando-a na evolução de uma comunidade e de uma região, seu território, seus públicos e zonas de influências (MAGALHÃES, 2004, p. 133-4).

Além do aspecto macro e micro de análise é vital que se reflita sobre as implicâncias das práticas educativas do Seminário no dito “progresso” que Ordem Franciscana trouxe para a região, com destaque para os investimentos alemães nestes territórios.

Considerando os estudos de Marin (2012) e Knob (1988) é possível afirmar que as primeiras reflexões sobre a vinda dos franciscanos alemães para Mato Grosso datam de 1936,

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oriunda de uma situação política complexa proveniente da expansão do nazismo, temendo a realidade política, muitos frades e missionários católicos foram enviados para a “Terra de Missões”, que a partir de 1977 passa a ser dividida entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A Província de Turíngia, também conhecida como Província de Fulda, Alemanha, vendo o seu florescimento quantitativo de frades, vislumbra e se anima com a perspectiva do espírito missionário. Em 1937, a Província da Imaculada Conceição, no sul do Brasil, cede-lhe a área de todo o Mato Grosso para este trabalho, ou seja, o trio de fatores cooperam para esta vinda da Ordem Franciscana. Em junho deste mesmo ano acontece como ato solene o envio dos quatro primeiros missionários para a “Nova Terra”, sendo eles o Frei Eucário Schmitt -encarregado pelo Governo Provincial de organizar a nova missão -, Frei Antônio Schwenger, Frei Wolfram Passmann (que mais tarde mudou seu nome para José Passmann) e Frei Francisco Brugger, o quarteto aporta no mês seguinte em São Paulo se instalando, daí então separados e enviados à conventos do Estado de São Paulo e Rio de Janeiro a fim de se acostumarem com o clima do país e aprender o quanto fosse possível a língua nativa.

Em fevereiro de 1938, depois de uma longa e exaustiva viagem chegam à cidade de Entre Rios, atualmente Rio Brilhante, os Freis Eucário Schmitt, Antônio Schwenger e Valfrido Stähle (este último veio de Fulda também no ano de 1937), são eles os primeiros frades franciscanos a se instalar na cidade. Junto a eles veio o Bispo de Corumbá, Dom Vicente B. Maria Priante - Entre Rios pertencia à Diocese de Corumbá -, que em um ato solene no dia 06 de fevereiro empossa o Frei Antônio Schwenger como primeiro pároco da Paróquia Divino Espírito Santo, que faz assim ficar registrado, no mesmo dia, a fundação da Primeira Estação da Missão Franciscana no Mato Grosso, destacamos aqui a suma importância pioneira da missão instalada na cidade de Rio Brilhante, sendo que, esta paróquia tinha a responsabilidade de atendimento até cidades com limites geográficos do Rio Paraná, além das Paróquias de Dourados e Maracaju.

Inicia-se então um extenso trabalho catequista ansiado por muitos moradores da cidade como relata Knob (1988). Também se inicia um árduo investimento financeiro alemão, podendo destacar Igrejas Paroquiais - a primeira foi erguida em 1941- (visto que a encontrada

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em Entre Rios era de madeira, construída em 1907 e já não comportava mais o número de fiéis), Salão Paroquial, Seminário Santo Antônio, Colégio Patronato São Francisco, Capela São Paulo Apóstolo, Centro Social Santa Izabel, Capelas nos assentamentos circunvizinhos, Centro Comunitário, Fábrica de farinha, além das aquisições de maquinários como tratores, grades, aradora, niveladoras, dentre tantos outros investimentos em outras localidades.

Knob (1988) destaca que o Seminário Santo Antônio foi criado tendo em vista a escassez de atividades culturais e sociais, vislumbradas pelos franciscanos diante da pobreza, falta de saúde e educação na região. Criam-se então escolas em quase todas as paróquias, sendo o Seminário criado com a intenção de proferir a chamada “Promoção Vocacional”, a fim de expandi-las em territórios Mato-Grossenses. A construção física do primeiro pavilhão do mesmo foi iniciada em setembro de 1959, visto que a casa residencial não estava preparada para receber muitos candidatos, sendo os trabalhos braçais realizados pelo Frei Proto Schurr e um servente. Em fevereiro de 1960 já começam as atividades educacionais com apenas cinco alunos matriculados, a sala encontrava-se ao lado de um galpão, o dormitório ficava no sobrado da casa dos frades, o recreio e as refeições eram realizadas no próprio galpão. Em 1961 já pode ser ocupada uma nova ala do Seminário, que já contava com uma piscina visando seu bom funcionamento.

No ano seguinte a vinda do Pe. Provincial, Frei Beda Schmitt deixa registrado um avanço quando o mesmo aprova o projeto para construção de um prédio com capacidade para 100 alunos, as obras ficaram a cargo do Frei Teodardo Leitz, novo vigário da paróquia, os recursos foram provenientes da Alemanha. Em junho do mesmo ano já se iniciam as obras do robusto projeto. Em 1963, marcado pela comemoração de 25 anos da presença franciscana em Rio Brilhante, D. Carlos Schmitt, Bispo de Dourados, realiza a solene bênção da pedra fundamental do novo prédio do Seminário Santo Antônio, no entanto as obras progrediram lentamente, que por determinação do Pe. Provincial Frei Beda Schmitt, em 1965, resolveu-se continuar e terminar o quanto antes as obras do mesmo, que foi finalizado sob a responsabilidade do Frei Hugo Lang em 13 de junho de 1968, cuja data também é marcada pelo dia de Santo Antônio. A inauguração solene e oficial do então descrito por Knob (1988)

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bem-feito, sólido, agradável e de acabamento primoroso Seminário só ocorreu em maio de 1969 com a presença do Pe. Provincial, Frei Beda Schmitt.

Seu funcionamento se dividiu em duas fases, a primeira se deu de 1959 a 1972, e a segunda de 1975 até a data de seu fechamento definitivo. Na primeira estava sob os cuidados dos frades do próprio Comissariado, funcionando o curso de admissão (primário) e o curso ginasial, e para cursar o colegial os alunos eram enviados ao Seminário de Agudos, São Paulo, algumas tentativas de oferta do colegial foram realizadas, mas não obtiveram êxito. Com a dificuldade pertinente de formar uma equipe satisfatória que atendesse os trabalhos ofertados pelo seminário, dentre outros motivos, entre eles o não efetivamento de nenhuma vocação sacerdotal nativa, diante da desistência total ao terminarem os estudos, em 1972 ocorre o fechamento do Seminário, destacado em ata, segundo aponta Knob (1988), como “ [...] embora provisório - como golpe na vivência da Custódia. Resta para nós a necessidade de rezar fervorosamente a Deus para que nos mande vocações boas em número suficiente. (p.427)”

Em 1974, no Congresso da Esperança, debate-se novamente a questão do fechamento do Seminário de Rio Brilhante, assunto este que causou certa ressonância negativa na Custódia, e diante deste, o Pe. Provincial, Frei Sigfrid Klöckner, pede “um ano de silêncio” a cerca da temática. Em 1975 é criada uma Comissão mista de São Paulo e Fulda para realizar uma pesquisa para estudar a real probabilidade de reabertura do Seminário para efetivo funcionamento já no ano seguinte. Há um consenso, depois de estudos e debates, que a reabertura do mesmo deve ser imediata, ainda no ano de 1975 com a direção do Frei Maurílio Schelbauer, que passaria a funcionar em um caráter intercongregacional e interdiocesano, destacado o feito com grande alegria relatada por Knob (1988) os franciscanos trabalham arduamente na reforma e limpeza da instituição, esperando algo em torno de 30 alunos para o ano letivo, quão grata surpresa foi quando receberam 78 educandos, que logo se deparam com a dificuldade, novamente, em ofertar o Segundo grau, fazendo um intercâmbio com o Ginásio Estadual Fernando Corrêa da Costa, que logo constataram problemas por se tratar de instituições de confissões diferenciadas. Em um atendimento misto entre esta instituição, o

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Seminário de Agudos e o próprio Seminário Santo Antônio, resolve-se a partir de 1977 ofertar ali mesmo todos os níveis de ensino, com a criação da “Escola de Primeiro Grau Seminário Sto. Antônio”, que exigiu todo um processo legal junto à Delegacia Regional de Ensino, localizada em Dourados.

Várias outras transformações, principalmente as de cunho docente e administrativo, ocorreram, o anseio da ordem ao requerer pessoas de “vocação sacerdotal” começaram a ser atendidas, no entanto, mais uma vez a escassez de mão de obra que cumprisse a demanda fala alto. Outras importantes mudanças se fazem necessárias ressaltar, dentre elas a alteração do nome da cidade de Entre Rios - que é Municipalizado em 1929-, em 1943 torna-se Caiuás e finalmente cinco anos depois, em 1948, é homologado como Rio Brilhante. Outro dado importante é o fato de a Província Imaculada Conceição do Brasil assumir a direção do Seminário Santo Antônio que antes estava sob tutela exclusivamente alemã em 1975 - ou seja, na segunda fase de funcionamento do Seminário -, quando, no ano anterior, após o “Congresso da Esperança” realizado em fevereiro de 1974 em Campo Grande, já havia assumido os trabalhos de Dourados. O Seminário diante da dura crise de mão-de-obra para efetuar suas funções, encerra suas atividades docentes e passa a alugar o prédio, onde começa a funcionar a Escola de Educação Extensiva Monitorada -EDEM- de cunho particular, que deixa as instalações depredadas, além de muitas dívidas que foram pagas pela Ordem Franciscana. O Seminário fecha suas portas definitivamente, até que em 1999 o prédio é doado através do Frei Bernardo Dettling - que chega a Rio Brilhante no ano de 1966 para atuar como Reitor do Seminário e guardião da instituição- para a Organização Fazenda Esperança, ao Frei Hans Stapel -fundador da organização- sendo esta sua 12° unidade no país, nomeada Fazenda Esperança Santo Antônio, em homenagem à suas antigas instalações, que funciona ativamente nos dias atuais, já com dezesseis anos de atividades exclusivas para o público masculino, visando à recuperação de dependentes químicos e auto-sustentação, assim trabalham com a fábrica de velas, pães, artesanato e horta na cidade.

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Com esta pesquisa proposta espera-se desvelar a história do Seminário Santo Antônio de Rio Brilhante, percorrendo sua trajetória de quase trinta anos de existência, buscando os principais atores desta construção histórica da região. Confia-se que com a investigação descubra qual a influência da Ordem Franciscana nas atividades educacionais regionais, bem como, de que forma este ensino confessional se sistematizava, averiguando seus motivos existenciais, propagação e círculo de atendimento local.

Décio Gatti Junior (2002) apud Furtado e Brazil (2010) nos leva a entender que as pesquisas com instituições escolares:

“são a ponta-de-lança da possibilidade de escrita de uma nova história da educação brasileira, capaz de levar em conta as especificidades regionais e singularidades locais e institucionais” (FURTADO E BRAZIL, 2010, p. 21-2).

Assim, com esta análise busca-se com os objetivos propostos, agregar pesquisa científica na historiografia regional, bem como enriquecer os estudos de instituições escolares da mesma, somando-se assim aos já existentes, além de nos fazer entender as relações de cultura educacional que existiram e por vezes, ainda existem.

Anseia-se por um avanço da área, ao mesmo tempo em que, se pretende auxiliar no suprimento desta carência cientifica regional com algo ainda inédito, sendo o Seminário Santo Antônio um dos pioneiros em ações educativas da comarca na época. Há assim a expectativa de auxiliamento que visa suprir um esquecimento, de um aporte tão rico que constitui a história da educação desta região, tratando-se, portanto de um avanço para a historiografia de Mato Grosso do Sul, que com certeza corroborará para futuras pesquisas da área.

Sendo assim, destaca-se como benefícios atrelados a esta inquirição a contribuição para expansão de material na área historiográfica de Mato Grosso do Sul, visando o estudo das instituições educativas, como já mencionado outrora, carente de investimentos investigativos, propondo assim um trabalho inédito como contribuição. Visa também divulgar o trabalho realizado pela ordem franciscana através do Seminário Santo Antônio, ainda desconhecido por muitos, fazendo se perpetuar registros desta prática, fugindo de uma ameaça

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de esquecimento que foi de fato, muito importante para Rio Brilhante e região sul do então hoje, Mato Grosso do Sul.

Outro fator benéfico é agregar ao estudo que está sendo realizado pelo professor, historiador, pesquisador e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso do Sul, Hildebrando Campestrini, que desde o ano de 2013, a pedido da Prefeitura Municipal de Rio Brilhante, está elencando uma pesquisa da história e formando o inventário documental da mesma, sugerindo em contrapartida ao município a criação de uma “Casa da Memória” em busca de um reconhecimento, conscientização e valorização da história, da cultura e da memória, propondo assim uma reflexão quanto aos valores e patrimônio material e imaterial local. Entende-se por este ponto, que é um grande momento oportuno de efetuar esta pesquisa, corroborando com esta proposta do Instituto junto à Prefeitura Municipal de Rio Brilhante, acreditando que ambas as investigações se complementarão.

Assim sendo, entende-se que este trabalho vem valorizar e divulgar a história de um patrimônio Sul-Mato-Grossense em prol de um movimento que avalie e reconheça a sua cultura, memória e história, colaborando por outro lado, à expansão de pesquisas na área.

REFERÊNCIAS

BRAZIL, M. do C.; FURTADO, A. C. Instituições escolares em Mato Grosso do Sul:

primeiros apontamentos sobre a produção historiográfica nos séculos XX e XXI. In: COSTA, C. J. ; MELO, J. J. P. e FABIANO, L. H. (orgs.). Fontes e métodos em história da

educação. Dourados, MS: UFGD, 2010. p. 283-310.

CERTEAU, Michel de. A Escrita da história. Tradução de Maria de Lourdes Menezes; revisão técnica [de] Arno Vogel. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

CHARTIER, Roger. História Cultural: entre as práticas e representações. 2ª ed. Lisboa: Difel, 2002.

FARIA FILHO, L. M. de. ; VIDAL, D. G. História da Educação no Brasil: a constituição do campo (1880 – 1970). Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 23, nº. 45, p. 37-70, jul. 2003.

KNOB, Frei Pedro. A Missão Franciscana do Mato Grosso. Campo Grande-MS. Editora Loyola, 1988.

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LE GOFF, J. Memória. In:______. História e Memória. São Paulo: Unicamp, 1990. MAGALHÃES, Justino Pereira de. Tecendo Nexos: história das instituições educativas. Bragança Paulista/SP: Universitária São Francisco, 2004.

MARIN, J. R. Diásporas, identidades e traduções culturais dos Franciscanos alemães em Mato Grosso. In: MARIN (org.). Religiões e identidades. Dourados, MS: UFGD, 2012. p. 103-130.

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