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A idealização da santidade através dos escritos hagiográficos no tardo antigo mediterrânico

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Revista Litteris ISSN 1983 7429 www.revistaliteris.com.br Número 5

A idealização da santidade através dos escritos

hagiográficos no tardo antigo mediterrânico

Andrea Dal Pra de Deus ( UFPR)1

Resumo

As obras hagiográficas do VII século da Hispania revestem-se de uma chave política e histórica, pois, definem a posição das hierarquias eclesiásticas e as tensões entre poderes centrais e locais – poderes episcopais, monásticos, e o controle do patrimônio de uns e outros. Esta relação de poderes se deve a aprovação dos comportamentos individuais dos homens que as hagiografias sancionam. Há, por certo, uma difusão pública através das hagiografias da qualidade de um uir sanctus. Tratar, pois, da documentação hagiográfica com a metodologia da pesquisa histórica, propicia uma pesquisa comprometida em extrair das informações discorridas no texto sobre a vida de um homem santo, o alicerce contextual.

PALAVRAS-CHAVES: Hagiografias; Antiguidade Tardia; unidade político-religiosa; santidade; eremitismo

Abstract

The hagiographic works of the seventh century Hispania are of a key political and historical, because defining the position of the ecclesiastical hierarchy and the tensions between central and local powers - powers episcopal, monastic, and control of assets from each other. This relationship of power is due to approval of the individual behaviors of men who were awarded the hagiographies. There are, of course, a public dissemination through the hagiographies of the quality of a uir sanctus. The hagiographic documents must be treat through the history methodology because there will be a research engaged to extract the information of context.

KEY WORDS: hagiography; Late Antiquity, politico-religious unit; sanctity; eremitic

1

Andrea Dal Pra de Deus, doutoranda em História- linha Cultura e Poder- pós graduação em História da Universidade Federal do Paraná. Desenvolve pesquisas pertinentes ao âmbito tardo antigo mediterrânico desde a graduação (iniciação científica) e mestrado (dissertação defendida nesta área). e-mail: andreadallpra@gmail.com

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Revista Litteris ISSN 1983 7429 www.revistaliteris.com.br Número 5

A idealização da santidade através dos escritos hagiográficos no tardo antigo mediterrânico

Andrea Dal Pra de Deus (UFPR, Curitiba, Brasil)

O VII século insere-se numa condição particular dentro do processo de estruturação social do tardo-antigo, pois, segundo documentações, podemos nos referenciar a este século como um período que espreita o mundo rural, em detrimento do modelo político tradicional, até então, que concentrava poder no ambiente citadino. A partir deste sétimo século, novas relações de poder, que já estavam em processo e estruturação desde o III século, sobressaem-se, paulatinamente.i

No que concerne à política, os estudos historiográficos sobre o período concentram-se em discussões a cerca da necessidade de unidade política que neste momento do reino hispano-visigodo parece esforçar-se para, realmente, efetivar. Preservam-se as teorias políticas unicistas, que convergem a uma centralização de poder, a volta da monarquia, como mecanismo de proteção da unidade do reinoii. Dentro desta construção, teórico-política, de que a monarquia concentra poderes, insere-se, no mesmo passo, a tendência em se focar, também, uma unidade religiosa. Deste modo, um reino que professe uma única fé, o catolicismo niceno, agrega os súditos ao representante político escolhido por Deus, o rei hispano-visigodo. Tal afirmação, erige-se como prerrogativa da fidelidade do homem à Deus, e, portanto, ao seu reiiii. De fato, tais pressupostos são construções teóricas que contrapostas ao contexto do período, produzem elementos contraditórios.

Os estudos dos aspectos político-religiosos que envolvem o desenvolvimento histórico da sociedade hispano-visigoda são descritos pela historiografia, especialista no temaiv, alicerçados na discussão sobre o poderv.

A monarquia católica hispano-visigoda, por exemplo, foi uma instituição que testemunhou rebeliões, usurpações e conspirações. Tal evidência ressalta que na

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prática mesmo sendo uma instituição “divina”, a monarquia era alvo de disputas e dissensões. Da mesma maneira, a própria fé cristã não era uma unanimidade. Mesmo num reino, juridicamente, dito cristão uma série de práticas pagãs se perpetuaramvi.

Disputas de poder também fizeram parte do núcleo religioso do reino. As hierarquias eclesiásticas disputavam poder entre si. As obras hagiográficas do VII século da Hispania revestem-se de uma chave política e histórica, pois, definem a posição das hierarquias eclesiásticas e as tensões entre poderes centrais e locais – poderes episcopais, monásticos, e o controle do patrimônio de uns e outros. Esta relação de poderes se deve a aprovação dos comportamentos individuais dos homens que as hagiografias sancionam. Há, por certo, uma difusão pública através das hagiografias da qualidade de um uir sanctus, que demonstra a idealização da santidade difundida no mediterrânico tardo antigo.

Percebemos que há uma tensão entre as hierarquias eclesiásticas seculares e os monges do deserto, que nem sempre se reportavam a organização eclesiásticavii. Tal tensão seria um equívoco, uma vez que a doutrina da ecclesia pregoa uma perfeita conciliação entre a hierarquia secular e os monges.

Apesar de existir uma tradição oral de relatos, a conformação escrita de uma hagiografia é feita por membros da hierarquia eclesiástica ou das elites aristocráticas, o que influencia a presença de acontecimentos históricos no relato. A postura “oficial” das hierarquias eclesiásticas e/ou aristocráticas ao considerar os requisitos para um homem ser considerado modelo de emulação e admiração, transforma as obras hagiográficas em um produto ideológico a serviço dos segmentos aristocráticos que projetam uma série de mensagem que lhes diz respeitoviii.

Segundo estudos de Frighetto, sobre as fontes do noroeste peninsular, em meados do século VII a Hispania testemunha um “surto evangelizador”, com forte apelo ideológico em relação à união do cristianismo com a instituição monárquica. Além disso, atesta que este processo de evangelização acontece através do sincretismo que visava tornar o cristianismo “mais palatável” às populações rurais paganizadasix

. Essa manifestação não é um acontecimento qualquer, mas um ato de indução divina. De

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certa forma, as hagiografias fazem parte deste ministério de conversão, pois são textos “fronteiriços”, no sentido de que edificam o fiel e divulgam preceitos cristãos que restringiam-se aos homens da ecclesia, para a sociedade em geral, incorporando elementos do cotidiano da cultura-política do sétimo século.

A vida dos santos e outros documentos históricos, em particular as regras monásticas, conformam uma tipologia complexa que é determinada pelas circunstâncias políticas, sociais, econômicas e culturais, e que se repartem em zonas geográficas que seguem o curso dos rios e fundam no ocidente diversos modelos de vida monásticax. Em cada área geográfica há uma combinação entre uma tradição cristã e uma cultura preexistente.

As hagiografias são documentações de tanta relevância para o estudo da cultura-política do tardo-antigo quanto os textos jurídicos, as crônicas, os concílios. A despeito da imagem de textos de natureza fantástica, as hagiografias, pouco a pouco, dentro da historiografia, são acrescidas de importância, pois vertem elementos que nos auxiliam na reconstrução de como a sociedade na qual foram produzidas se relacionava, não apenas com o espiritual, mas entre si.

As obras hagiográficas específicas da Hispania visigoda são poucas e singulares no que concerne a características formais e conteúdo. Uma das características comum a todas as obras são as implicações políticas que possuem, seja por seus personagens, seus autores e a finalidade ou finalidades com que foram escritasxi.

O eremitismo tem um papel primordial na concepção cristã de contemplação a Deus. Atesta um estranhamento ao mundo; dá vazão à solidão como caminho à introspecção; expõe as circunstâncias do deserto – deserto geográfico, de gentes, de alimentos – como cenário propício a uma experiência espiritual que somente se torna verídica por meio da ausência, abrindo espaço para uma série de intervenções divinas ligadas ao sobrenaturalxii.

De fato, as hagiografias são documentações essenciais para se compreender a difusão do cristianismo dentro de um segmento específico da sociedade- a ecclesia. Um aparato didático que conluia a cultura específica de uma épocaxiii, e desenvolve

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um papel social que se estende do “fim” do império romano até, pelo menos, o século Xxiv.

A cultura política do VII século na Hispania é caracterizada pela descentralização política oriunda da atomização do poder político em poderes regionais, que se escoram sob diferentes interesses e produzem disputas de poder político e social conforme a cadência dos acontecimentos que favorecem ou arruínam determinados grupos. O cristianismo e sua organização administrativa possuem dentro de seus quadros funcionais cisões pois a ala de influência de determinados grupos políticos atinge também os partícipes do clero, que sancionam leis para o reino, através dos concílios, que propiciam amparar suas perspectivas políticas. Dissensões partidárias postas de lado, as hierarquias eclesiásticas esforçam-se por manter uma atmosfera de unidade e coesão, que nem sempre é uma realidade. É característica deste período histórico a inexistência de contornos nítidos em conceitos políticos, pois o movimento de idéias, que incorpora elementos de épocas precedentes e recicla-os segundo os ditames contextuais, é bastante saliente. Quanto ao modo de vida de um uir sanctus a imprecisão é evidenciada devido às diferentes correntes filosóficas no seio da cristandade. O eremetismo difundido na região do Bierzo, na antiga gaellecia romana, inscreveu-se na história através dos escritos hagiográficos de Valério. A partir desta compilação disseminou-se uma perspectiva de prática ascética testemunha da eclosão dos uiri sancti.

No sétimo século percebemos que o paganismo era bastante forte na região do norte da península ibéricaxv. O caráter carismático dos evangelizadores que se disseminavam sobre estas regiões repousa sobre uma vida de grande austeridade com práticas penitenciais, em meio a pobreza, a castidade, e o isolamento. A crença de que os demônios habitavam os desertos era um estímulo aos monges lançarem-se ao isolamento destas regiões, uma vez que poderiam confrontar sua bagagem de conhecimento cristão e de práticas espirituais com o desafio extra-sensorial da persuasão de demônios. Nestas ocasiões a admiração da população rural ao testemunhar os sacrifícios físicos e espirituais dos monges suscitava conversões e imitações. Não raro, as notícias de milagres espalhavam-se.

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Num período em que a política não se desvincula de conceitos religiosos, a ascensão espiritual manifesta-se com especial interesse político. O culto aos homens santos marcou a vida do tardo-antigo e é um fenômeno de produção paralela ainda vigente em distintas culturasxvi. A idealização da santidade, “proposta” pelos monges eremitas, repercute na escrita das hagiografias tardo antigas, das quais destaco as obras de Valério de Bierzo por contemplar minúcias, ainda pouco estudadas pela historiografia, que congregam um celeiro de virtudes e práticas cristãs bastante importantes para o desenvolvimento da conduta cristã legitimada através da doutrina e da conduta no mediterrânico tardo antigo e medieval.

As perspectivas eremíticas, presentes na compilação hagiográfica que Valério do Bierzo realizou, representam uma auctoritas no âmbito sócio-político tardo-antigo e, estende-se, talvez, ao medievo. A valorização moral e religiosa da política é inerente ao cenário que se estrutura a partir do século IV. O propósito moralizante e edificante das hagiografias cristaliza modelos e guias de orientação para os cristãos.

È possível que as hagiografias contidas na compilação de Valério já fossem conhecidas e suas histórias circulassem em alguma medida. No entanto, o propósito de Valério de dedicar-lhes a organização, através da cópia e estruturação documental, reforça o empenho pessoal do monge em criar um registro sobre a história do eremitismo, ou, até mesmo, de sua própria históriaxvii. Sua autobiografia cumpre em muito esta função, mas a compilação hagiográfica salienta à humanidade a trajetória dos homens santos no tempo, ou seja, pode ser um protótipo da história da perspectiva eremítica. Registrar práticas eremíticas é um meio de valorizá-las. Ao que tudo indica, Valério do Bierzo pontua o sagrado para além da investidura religiosa. A santidade é deslocada da ascensão social às hierarquias eclesiásticas que representam a aristocracia hispano-visigoda, para o homem ad eremi loca.

Também, é notável, que, ao explorarmos Valério e suas hagiografias percorremos a análise de seu tempo precedente e, deste modo, acompanhamos o movimento de idéias no seio da intelectualidade cristã. A inspiração de Fructuoso de Braga sobre a personalidade de Valério é refletida em seu influxo ao movimento monásticoxviii.

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Significativamente, a obra de Martinho de Braga, no sexto século, é um expoente deste processo. De correctione rusticorum é dirigida aos camponeses e apresenta como sinônimos as palavras rusticus e paganus, demonstrando, portanto, que a população rural era demasiadamente não adepta do cristianismo. Sabemos que o cristianismo, originariamente, foi uma religião dos ambientes urbanos, mas, progressivamente foi se expandindo as comunidades rurais. Percebemos que apesar da historiografia, muitas vezes, compactuar da idéia de que o cristianismo foi uma religião das minorias intelectuais, a conjuntura político-social do tardo-antigo aliada à análise de documentos do período, demonstra que mesmo as cidades, especialmente as mais populosas e com movimento comercial, serem focos da difusão do cristianismo, o ambiente das montanhas e campos foi abrangido no processo de conversão de uma maneira bastante interessante. Enquanto nas cidades os bispos poderiam pregar o evangelho segundo métodos de apostolado individual, como o ensino oral em escolas, disseminação de obras literárias de caráter apologético e rituais litúrgicos como hinos e cânticos, os monges que se dedicaram a instruir os rusticus desenvolveram atividades carismáticas, que difundiam a pratica da castidade, penitencias e a pobreza, como maneira de irradiar a nova fé a estas populações. Neste sentido, as hagiografias de Valério de Bierzo, configuram-se como um método de evangelização bastante significativo, já que implantam tais práticas como santificadoras, por entre a população campesina.

O uir sanctus de Valério é um protótipo bastante próximo daquele representado por S. Martinho de Toursxix. O modelo de santidade de Valério submete-se a tradição eremítica. A Compilação Hagiográfica de Valério do Bierzo é bastante original, apresentando o eremita como protótipo de sanctus numa época em que as normas conciliares hispano-visigodas apontavam todo o contrárioxx. Os concílios IV (633) e VII de Toledo (646) chegam a estipular em seus cânones a submissão dos eremitas ao bispo de sua diocese, tendo-lhe que prestar obediência e submissãoxxi. Deste modo a Compilação Hagiográfica de Valério do Bierzo é bastante original, na medida em que apresenta o eremita como protótipo do sanctus numa época em que as normas conciliares hispano-visigodas apontavam todo o contrário. A prática de uma vida

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eremita exposta como caminho da perfeição é elemento agregador de conceitos à noção de vida espiritual e ascensão social durante o tardo-antigo.

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SCHLESINGER, H. & PORTO, H. Dicionário Enciclopédico das Religiões, vol. I. Petrópolis: Vozes, 1995, p. 1224.

i

GARCÍA MORENO, L.A. El Fin do Reino Visigodo de Toledo. p. 147

ii Vide FRIGUETTO, R. .Religião e poder no reino hispano-visigodo de Toledo: a busca da unidade

político-religiosa e a permanência das práticas pagãs no século VII. Iberia (Logroño), Logroño, v. 2, p. 190-205, 2000.

iii

Vide DAL PRA DE DEUS, A. Para o Bem-Comum: a idéia de fidelitas nas Sentenças de Isidoro de Sevilha (HISPANIA, séc. VII), Dissertação de Mestrado UFPR, Curitiba, 2009

iv AHERNE, C.M.; BERMEJO GARCIA, E. ; BRUYNE, D.; CODÕNER MERINO, C.; CORULLÓN,

I.; DIAZ Y DIAZ, M.C; DÍAZ MARTINEZ.; DELEHAYE, H.; DURANY CASTRILLO, M.; FERNANDEZ POUSA, R.; FERNANDEZ ALONSO, J.; FONTAN, A.; FRIGHETTO, R.; GARCÍA MORENO, L.A.; GARCÍA VILLADA, Z.; GÁRCIA RODRIGUEZ.; GONZÁLEZ ECHEGARAY, J.; MARTIN HERNANDEZ, F.; ORLANDIS, J.; RODRIGUEZ GONZALEZ.

v Cf. FRIGUETTO, R. . A Relação entre Cultura e Poder Na Antigüidade Tardia: O Caso da Hispania

Visigoda. História. Questões e Debates, Curitiba-Paraná, v. 14, p. 219-230, 1998; Poder e sociedade na Hispania romana e visigoda na antiguidade tardia. Revista de Ciências Humanas (Curitiba), Curitiba, v. 10, p. 173-183, 2003; Algumas considerações: o poder político na Antiguidade Clássica e na Antiguidade Tardia. Stylos (Buenos Aires), Buenos Aires, v. 13, p. 37-47, 2004.

vi “Com efeito, a existência do paganismo e de suas permanências na sociedade hispano-visigoda do

século VII são, de fato, muito significativas”. In: FRIGHETTO, R. Religião e Poder no Reino Hispano-visigodo de Toledo: a busca da unidade político-religiosa e a permanência das práticas pagãs no século VII. In: Iberia – Revista de La Antigüedad, n 2, 1999, p. 134

vii “Observamos que a vida anacorética/eremítica passou a ser considerada pelos padres conciliares

hispano-visigodos como ilegítima e, conseqüentemente, não reconhecida. Sinal disso são os cânones 52 do IV Conc. De Toledo de 633 e o 5 do VII Conc. Toledo de 646. Em ambos o termo uagi encontra-se associado à todos aqueles que vivem de forma solitária fora de comunidades cenobíticas reconhecidas. Ou seja, os anacoretas e eremitas passaram a ser considerados pelas hierarquias episcopais hispano-visigodas como verdadeiras ameaças ao monacato cenobítico e em ultima instancia ao modelo hierárquico eclesiástico pois seu exemplo inquieto, irresponsável e averso á obediência hierárquica poderia provocar insubordinação e conflitos eclesiásticos”. In: FRIGHETTO, R. A valorização da vida eremítica na

compilação hagiográfica de Valério do Bierzo (sé. VII). SBPH- Anais da XXII Reunião. Rio de Janeiro,

2002, p. 118

viii VELÁZQUEZ, I. Hagiografia Y Culto a los Santos em La Hispania Visigoda: Aproximación a SUS

manifestaciones literárias. Mérida: Museo Nacional de Arte Romano, Cuadernos Emeritenses – 32, 1995, p. 157.

ix FRIGHETTO, R. Religião e Poder no reino hispano-visigodo de Toledo; a busca da unidade

político-religiosa e a permanência das práticas pagãs no século VII. In: Iberia, 1999, p. 149

x

LECLERQ, J. Monachisme, Sacerdoce et Missions au moyen Age. In: Studia Monastica. Barcelona, 23-1, 1981, p.308

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xi VELÁZQUEZ, I. Hagiografía Y Culto a los Santos em La Hispania Visigoda: aproximación a SUS

manifestaciones literárias. In: Cuadernos Emeritenses- 32. Mérida: Museo nacional de Arte Romano, 1995, p. 150-151

xii No isolamento social o individuo consegue entrar em consonância com o Deus cristão. Um Deus que

repetidamente aparece nas escrituras como mostrando seu desejo por meio de ações naturais incomuns, que ocorrem, exatamente, nessas áreas vazias. Passagens com Gêneses, Êxodo no Velho testamento são recuperadas quando, no Novo testamento, Jesus propõe o mesmo tipo de isolamento. N do A

xiii

Gregório de Tours em Liber Vitae Patrum expressa que é melhor falar sobre a vida de um homem santo do que as vidas dos homens santos, pois o destaque da vida de um, entre aqueles que servem a Deus, sustenta a vida de todos os outros. Essa utilização de modelos é característica da instrução eclesiástica do tardo-antigo. Os modelos bíblicos são recorrentes nos mais variados escritos. Se analisarmos obras como as de Isidoro de Sevilha, notaremos Davi sendo exposto como modelo de rei para a monarquia hispano-visigoda. In: ISIDORO DE SEVILHA. Sentencias. ed. CAMPOS, J. e ROCA, I. Madrid, 1971. Antes, disto, Leandro de Sevilha no III concílio de Toledo de 589 já comparava o rei Recaredo com o modelo bíblico do novo testamento no “homem novo”, aquele que se batizava e ressurgia com nova vida. Enfim, fazia parte da justificação da época, a utilização de modelos do passado como instrutores do comportamento do presente. N do A.

xiv O uir sanctus da época romana somente teve sua vida compilada sob a forma de hagiografia a partir do

V século e mais adiante. Por isso, não devemos subestimar a variedade de formas de escrita hagiográfica, entrementes, pois a suposta similaridade de textos é resultado destes serem conformados depois da época de sua produção e, possivelmente, alterados sem sua forma original. Vide WOOD, I & CHRYSOS, E. (org) East and West: modes of communication. Proceedings of the first plenary Conference of Merida – WOOD, I. "The use and abuse of latin hagiography in the early medieval west” Leiden: Brill, 1999

xv Segundo registros dos concílios episcopais de 681, 683, 693 , 694 e a legislação civil de 654 o

paganismo é presente na Hispania, entre as classes mais baixas e até mesmo dentro do clero subsistem crenças pagãs.N do A.

xvi MALDONADO, Pedro Castillo. Los Mártires Hispanorromanos y su culto em La Hispania de La

Antugüedad tardia. Granada: editorial Universidad de granada, 1999, p.9

xvii Segundo Díaz y Díaz a Compilação hagiográfica de Valério apresenta um prólogo copiado de Rufino

quando este escreve historia monachorum e apresenta às vidas de João, Paulo, Antônio, Hilário, Germano e Paulino. Há ainda trechos extraídos de Cassiano, alguns enxertos de texto de Valério mesclados a alguns pequenos ragmentos de textos de Sulpício Severo. Tal fato denota que Valério teve acesso a uma biblioteca rica, que ele conhece bem o seu ofício –haja vista que os “clássicos” textos sobre monasticismo são de seu conhecimento – e que soube produzir um conhecimento que instrui os monges. In: DIAZ Y DIAZ, M.C. La Vida de S. Fructuoso de Braga. Braga: 1974, p. 89, n. 3

xviii Vide DIAZ Y DIAZ, M.C. La Vida de S. Fructuoso de Braga. Braga: 1974, p. 89, n. 3

xix São Martinho de Tours. Bispo de tours. Pai do monasticismo na Gália, Martinho era filho de pais

pagãos, tendo nascido na Paônia e servido no exercito romano até sua conversão ao Cristianismo. Depois de viver como um recluso, fundou uma comunidade de Eremitas em Linugé, perto de Poitiers, que se torna o primeiro mosteiro de toda a Gália. Depois fundou Marmoutier, nos arredores de Tours, antes de aceitar com reluntância o bispado em Tours, por volta de 372. Seu discípulo Sulpício Severo, descreveu a obra missionária e os milagres de Martinha em De vita Beati Martini (c 410). Martinho morreu em

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novembro 397 em Caudes e foi sepultado em Tours, onde sua Igreja se tornou um centro de peregrinação.

N do A

xx Valério apresenta na sua compilação hagiográfica a figura do eremita como uir sanctus, diferindo,

portanto, dos relatos hagiográficos oficiais, que colocavam o uir sanctus como aquele que atingia a plenitude de seu status com a dignidade episcopal. Vide FRIGHETTO, R. A Valorização da Vida

Eremítica na Compilação Hagiográfica de Valério do Bierzo (século VII). Rio de janeiro: SBPH,

Anais da XXII reunião, 2002, p. 117-123

xxi

FERNÁNDEZ, J. Sobre La autobiografia de San Valério Y Su Ascetismo. Hispania Sacra 2.1949 p. 278

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