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Campina Grande-PB. Palavras-chave: Assistência. Prevenção. Insuficiência Renal. Terapia Intensiva.

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Sistematização da Assistência de Enfermagem para prevenção de Insuficiência Renal Aguda na Unidade de Terapia Intensiva

Systematization of nursing assistance to prevent Acute Renal Failure in Intensive Care Unit

Deyne Jaciane dos Santos Gonçalves1; Loyane Gomes Alves1; Ângela Valéria Xavier de França2; Breno Gusmão Ferraz1*

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Faculdade de Integração do Sertão, Serra Talhada-PE; 2Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande-PB.

Resumo: O comprometimento da função renal em pacientes criticamente enfermos é um evento comum que resulta de um amplo espectro de etiologias e que ocorre em diferentes situações clínicas, sendo um dos principais fatores de mau prognóstico em relação à evolução assistencial, com dados na literatura enfatizando que o melhor tratamento é a prevenção. A assistência de enfermagem contribui para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, por meio da identificação dos riscos e problemas de saúde a serem solucionados. O objetivo desta pesquisa foi descrever a sistematização da assistência de enfermagem para a prevenção da Insuficiência Renal Aguda nos pacientes em tratamento intensivo. Utilizando um método de estudo de revisão de literatura, considerou-se vinte e três artigos nacionais e originais do período compreendido entre 2003 e 2011. Conclui-se, portanto, que organizar e sistematizar ações são inerentes ao ser humano para que metas/resultados possam ser alcançados, especialmente quanto aos profissionais de enfermagem, para uma prática sistematizada e voltada à prevenção e atenção aos pacientes potencialmente em risco.

Palavras-chave: Assistência. Prevenção. Insuficiência Renal. Terapia Intensiva.

Abstract: The loss of renal function in critical patients is a common event that results in a large spectrum of etiologies, and occurs in different clinical situations, being one of the most important causes of a poor prognosis considering the assistance evolution, and because of that the better treatment is prevention. The nursing assistance contributes to health promotion, prevention, recovery and rehabilitation, by the identification of health risks and problems that need to be solved. The aim of this research was describe the systematization of nursing assistance to prevent the acute renal failure on patients at intensive treatment. Using the literature review method, were considered 23 articles, nationals and originals, from 2003 to 2011. So, it is possible to check that organize and systematize are activities associated to the human being, to get goals in the future, especially nursing professionals, for a better practice focused to prevention and attention to patients potentially in risk.

Key words: Assistance. Prevention. Renal Failure. Intensive Treatment.

*Autor para correspondência: Breno Gusmão Ferraz. João Luiz de Melo, 2110, Bairro: Tancredo Neves. CEP: 56909-205 Serra Talhada-PE. Brasil. E-mail: brenogf@hotmail.com

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INTRODUÇÃO

A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é definida como a redução aguda da função renal em horas ou dias. Refere-se principalmente a diminuição do ritmo de filtração glomerular e/ou do volume urinário, porém, ocorrem também distúrbios no controle do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico. Causada pela insuficiência da circulação renal e/ou por disfunção glomerular e tubular a IRA pode ocorrer em qualquer faixa etária e sexo, assim como em todos os setores de um hospitale principalmente nos pacientes gravemente enfermos, que estão expostos a inúmeras condições que podem resultar em comprometimento renal, provenientes de fatores hemodinâmicos e nefrotóxicos (GARCIA et al., 2005; SMELTZER;

BARE, 2005; SOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2007). As causas de Insuficiência Renal Aguda são tradicionalmente classificadas pela localização da anatomia renal que afetam. Assim, IRA pode ser classificada em pré-renal, intra-renal e pós-renal. A pré-renal pode ocorrer por qualquer razão seja traumática ou sepse, devido a uma hipovolemia ou hipotensão resultando em uma hipoperfusão, prejudicando assim a filtração glomerular. A intra-renal, também conhecida como Necrose Tubular Aguda (NTA), é causada por doença parenquimatosa e se constitui no tipo mais frequente, ocorrendo devido a lesões recentes nos rins, que podem ser por isquemias, por uso de anestésicos, antibióticos, contrastes radiológicos e nefrites. Já a pós-renal se desenvolve por obstrução do fluxo urinário, podendo ser causada por cálculos urinários, obstrução bilateral de ureteres, tumores, hipertrofia prostática, coágulos e hemorragia retroperitoneal, sendo uma das causas menos frequentes da IRA (BERNARDINA et al., 2008).

O diagnóstico precoce e a instituição de medidas terapêuticas adequadas a cada situação clínica podem

alterar o curso e a gravidade do envolvimento renal, reduzindo a morbimortalidade do paciente. O enfermeiro presta sua assistência, melhorando a qualidade de vida, identificando problemas de saúde e subsidiando ações de assistência de enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, fornecendo um cuidado integral e individualizado ao paciente, priorizando as suas necessidades, possibilitando assim a continuidade do cuidado (BORDINHAO, 2010;

BRESOLIN; BANDEIRA;

TOPOROVSKI, 2008).

Muitos são os mecanismos fisiopatológicos envolvidos no desenvolvimento e progressão do comprometimento da função renal e seu entendimento pode, em várias circunstâncias, ajudar a prevenir a instalação da IRA. Existem inúmeras definições para seu diagnóstico clínico e bioquímico, o que tem sido motivo de discussão, pois, sem padronização não é possível delinear adequadamente incidência, história natural, prevenção e tratamento. Vários critérios foram utilizados para o diagnóstico da disfunção renal, mas um dos mais aceitos é o sistema RIFLE que propõe três categorias com gravidade crescente: R (risco), I (injúria), F (falência) e duas variáveis prognósticas: L (do inglês Loss) para perda da função renal e E (do inglês End stage) para insuficiência renal terminal, em estágio crônico

(BRESOLIN; BANDEIRA;

TOPOROVSKI, 2008; LAGE, 2005). A Sociedade Brasileira de Nefrologia (2007) reforça a necessidade de prevenção da IRA, como a opção terapêutica mais eficaz e a atenção às características da doença crítica como um todo, ao invés da simples preocupação com os aspectos exclusivamente nefrológicos do tratamento. Desse modo, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), área hospitalar que dispõe de atendimento multiprofissional e interdisciplinar,

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destinada a receber e atender pacientes em estado grave, também busca prevenir situações indesejadas no decorrer da assistência, no intuito de promover a qualidade do cuidado intensivo desejado, a todos os seus pacientes (SILVA, 2011).

De acordo com Pinto et al. (2009), a ocorrência de Insuficiência Renal Aguda em pacientes críticos é um dos principais fatores de mau prognóstico em relação à sua evolução, notadamente em Unidades de Terapia Intensiva, a sua prevalência é, em média, de 20% a 30% dos casos. Dependendo da gravidade do acometimento renal, a doença pode evoluir para severos estados de morbidade e, em muitos casos, para óbito, podendo chegar a 80% nos pacientes críticos. Neste sentido, a IRA é uma entidade de grande magnitude no contexto médico atual, relacionada a elevado consumo de recursos humanos e financeiros, com importante impacto na mortalidade dos pacientes (SILVA, 2007; SOUZA et al., 2010).

Portanto, o objetivo desta pesquisa foi descrever a sistematização da assistência de enfermagem para a prevenção da Insuficiência Renal Aguda nos pacientes em tratamento intensivo, bem como reconhecer os fatores que interferem na qualidade desta assistência. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Tratou-se de um estudo de revisão de literatura com fundamentação teórica situando o trabalho dentro da grande área de pesquisa da qual faz parte, contextualizando-o, e tendo como critérios de inclusão: a temática da sistematização da assistência de enfermagem, prevenção de Insuficiência Renal Aguda na Unidade de Terapia Intensiva e Processo de Enfermagem, adequados ao objetivo do estudo, e como critérios de exclusão: Insuficiência Renal Crônica, Tratamento de diálise e hemodiálise, não foram aplicados ao estudo.

Os dados foram coletados através do site SciELO (Cientific Electronic

Library Online), LILACS (Literatura

Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Jornal Brasileiro de Nefrologia, sendo encontrados 47 artigos científicos, além de 5 livros. A pesquisa considerou artigos nacionais e originais do período de 2003 a 2011, onde foram utilizados 23 artigos e 2 livros que se identificaram com os critérios de inclusão e com o objetivo do estudo.

Com os artigos em mãos, deu-se início a um processo de análise e síntese dos mesmos, com leitura exploratória para reconhecimento dos artigos que interessavam à pesquisa, realizado uma leitura seletiva dos que seriam utilizados no estudo, leitura analítica dos selecionados e, por último, uma leitura interpretativa com o intuito de conferir o significado mais amplo aos resultados obtidos com a leitura analítica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

APRIMORADA NA LITERATURA Fatores de risco da Insuficiência Renal Aguda

De acordo com Domingos e Serra (2004), o surgimento da nefrologia confunde-se com a história da humanidade, onde complicações renais já foram identificadas em múmias do antigo Egito e podem ter contribuído para óbitos desses indivíduos. Atualmente, existem mais de 35 definições na literatura sobre IRA. Na tentativa de normatização da definição e classificação da IRA a Acute Dialysis

Quality Initiative (ADQI) desenvolveu o

critério de RIFLE (NUNES et al., 2010). O envolvimento de múltiplos fatores de risco resulta na inabilidade dos rins em exercer suas funções básicas de excreção e manutenção da homeostase hidroeletrolítica do organismo (OLIVEIRA; ALVES; BEZERRA, 2009).

A presença de alguns fatores de risco contribui para o desenvolvimento da disfunção renal após o uso de drogas nefrotóxicas. São eles: idade do paciente, presença de Hipertensão Arterial Sistêmica

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(HAS), Diabetes Mellitus (DM), doenças cardiovasculares, hepatopatias, neoplasias, sepse e falência de órgãos. A chance de sobrevida de um paciente com IRA é muito variável. Isso depende também de fatores que não estão relacionados à doença renal. É importante salientar que a falência de múltiplos órgãos determina pior prognóstico à medida que aumenta o número de órgãos envolvidos (PINTO et al., 2009; PIRES, 2003; SOUZA et al., 2010).

Epidemiologia da Insuficiência Renal Aguda na UTI

Realizar levantamentos epidemiológicos com respeito à prevalência das principais complicações nefrológicas que necessitem de acompanhamento nas UTIs e também das mais relevantes doenças de base que podem evoluir para Insuficiência Renal pode trazer benefícios tanto às unidades hospitalares, assim como aos pacientes acometidos. E dessa forma, permitirá a criação de programas de sistematização do atendimento, o que contribuirá para redução de custos, tempo, e muitas vezes, da deterioração irreversível das funções renais (SOUZA et al., 2010).

Estudos demonstram que a prevalência de IRA em UTI é maior em indivíduos do sexo masculino e em idosos, tendo como fatores predisponentes a hipertensão arterial, cardiopatias e em alguns casos sepse e choque séptico (BORDINHÃO, 2010).

Pinto et al. (2009), revela que a média de idade geralmente é de 56,9 ± 17,3 anos, variando entre 12 e 96 anos, e que 54% da população é composta por homens. As comorbidades mais prevalentes são: Hipertensão em 40%, hepatopatias em 18%, neoplasia maligna em 15%, Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) em 14% e Diabetes Mellitus em 12%. Um percentual elevado para sepse (36,5%) e grande parte dos pacientes apresentam, falência de órgãos

concomitantemente, sendo: 31% cardiovascular; 23,5%, respiratória; 11%, neurológica; 21%, hepática; e 5%, hematológica.

Pacientes idosos representam 40% da população e apresentam maior mortalidade, maior número de comorbidades e maior tempo de internação na UTI (antes do diagnóstico de IRA). Esses pacientes apresentam maior incidência de IRA em consequência da diminuição da reserva funcional, resultando em maior vulnerabilidade a variações hemodinâmicas e insultos isquêmicos bem como à agressão por agentes nefrotóxicos (SILVA, 2007).

Em UTI, 90% dos episódios de IRA, ocorrem devido à Necrose Tubular Aguda (NTA) resultante de isquemia renal, agentes tóxicos ou ambos, constituindo-se na causa mais comum de IRA nesses pacientes. Apesar da grande disponibilidade da evolução da tecnologia, a mortalidade dos pacientes com IRA em UTI continua elevada, podendo exceder a 80%, quando coexistir falências de órgãos. É interessante considerar que estes pacientes morrem com IRA e não da IRA. O conceito é importante, pois nos pacientes críticos as situações adversas representam fatores de gravidade somados e não a IRA isolada (LAGE, 2005; PIRES, 2003).

A mortalidade por Insuficiência Renal é 10 a 20 vezes maior que a da população geral, mesmo quando ajustada por idade, sexo, raça e presença de Diabetes Mellitus, sendo que a doença cardiovascular é a causa mais comum de óbito. A IRA também é considerada a principal causa de morte no mundo, às quais foram atribuídas 35 milhões de óbitos em 2005, quase 60% da mortalidade mundial e 45,9% da carga global de doenças. Segundo a Organização Mundial da Saúde, se essa tendência for mantida, elas deverão responder por 73% dos óbitos e 60% da carga de doenças crônicas no ano 2020 (OLIVEIRA; ALVES; BEZERRA, 2009).

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A importância da Prevenção da IRA Para a redução do alto índice de mortalidade, mostra-se necessária a criação de programas eficazes de prevenção de IRA, com monitorização clínica cuidadosa, observando-se adequadamente o controle do balanço hidroeletrolítico, em especial o relativo à hipercalemia e hiponatremia, além da correção de alguns fatores

contribuintes para a piora clínica como, por exemplo, presença de HAS ou hipovolemia. Assim, de forma simplificada, a prevenção de IRA no paciente crítico deve considerar: reposição de fluidos e/ou drogas vasoativas para evitar hipovolemia e hipotensão arterial; dose e veículo adequado de antibióticos e antifúngicos potencialmente nefrotóxicos, tomando as precauções adequadas com respeito às prescrições, dosagem e administração dessas drogas; agentes de contraste não-iônicos quando indicados, especialmente no que se refere aos exames diagnósticos em pacientes de risco (LAGE, 2005; SOUZA et al., 2010).

Medidas preventivas também

devem ser adotadas quanto a

procedimentos de risco, atentando sempre para manutenção da Pressão Arterial Média (PAM) acima de 80 mmHg, oxigenação adequada e não utilização de diuréticos de alça. A prevenção dos fatores como: problemas respiratórios, estados de choque, sepse, uso de drogas nefrotóxicas, combinado com uma monitorização diária da função renal no paciente crítico, uma detecção precoce do risco renal, evitar a exposição do paciente a fatores como descompensação diabética e/ou hipertensiva, e uma maior atenção dos profissionais da saúde a esses pacientes é a

melhor opção para diminuir as

complicações da IRA e consequentemente sua mortalidade. A prevenção da lesão renal começa a partir da identificação dos pacientes de risco e eliminação, sempre que possível, dos fatores predisponentes (BALDI et al., 2005; BRESOLIN; BANDEIRA; TOPOROVSKI, 2008).

É necessário evitar a

hiperhidratação, pois a IRA é um processo hipercatabólico e um paciente que não estiver perdendo cerca de 300 gramas de peso corporal por dia, quase certamente está em balanço positivo de água. O

melhor parâmetro para diagnosticar

precocemente a hiperhidratação é a

monitorização do peso diário

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE

NEFROLOGIA, 2007).

O acompanhamento clínico-nefrológico, laboratorial e nutricional desses indivíduos acometidos com potencial iminência de prognóstico ruim reduziria os custos dos tratamentos, além de propiciar melhor qualidade de vida a esse grupo de pacientes em especial (SOUZA et al., 2010).

Os pacientes com creatinina

elevada têm maior possibilidade de desenvolver IRA. A prevenção deve então considerar a dosagem de creatinina sérica, já que bioquimicamente, esta doença é

caracterizada pela elevação da

concentração de uréia sanguínea e pelo aumento da concentração da creatinina sérica acima de 1,8 mg/dl. Infelizmente, apesar dos esforços preventivos é comum que a IRA se instale, especialmente nos pacientes críticos. Quando isso ocorre é muito importante estar atento para a piora progressiva e tentar minimizar sua evolução (BALDI et al., 2005; LAGE, 2005).

Processo de Enfermagem necessário aos pacientes

A enfermagem, por meio dos seus profissionais, pratica os seus cuidados apoiada num referencial metodológico denominado Processo de Enfermagem (PE) que, por sua vez, apoia-se num modelo científico. Organizar e sistematizar ações são inerentes ao ser humano para que metas/resultados possam ser alcançados. A padronização da assistência prestada por uma equipe através de normas facilita o trabalho de forma segura, a qual, por não

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poder ser violada, evita maiores exposições de riscos à saúde do cliente (BARROS, 2009; SILVA, 2011).

O Processo de Enfermagem (PE) caracteriza-se em três gerações, a primeira geração é àquela em que o raciocínio clínico dar-se-á pela identificação de problemas; a segunda geração do PE está atrelada ao uso de Classificações de Diagnósticos (NANDA - North American

Nursing Diagnosis Association), a utilização de Classificações de Intervenções (NIC - Nursing Interventions

Classification) pode, ou não, ser adotada

nesta geração; e na terceira geração do PE, as três classificações necessariamente são utilizadas: Diagnósticos, Resultados (NOC-Nursing Outcomes Classification) e Intervenções. Desse modo, conhecer as classificações, utiliza-las, pesquisa-las e divulga-las torna-se imperioso no mundo globalizado, onde evidências científicas ditam condutas aos profissionais na área de saúde (BARROS, 2009).

O comprometimento da função renal em pacientes criticamente enfermos é um evento comum que resulta de um amplo espectro de etiologias, e que ocorre em diferentes situações clínicas. Os sinais e sintomas desse comprometimento são, na maioria das vezes, inespecíficos e, portanto, faz-se necessário alto grau de suspeita para seu diagnóstico. O diagnóstico precoce e a instituição imediata de medidas terapêuticas adequadas a cada situação clínica podem alterar o curso e a gravidade do envolvimento renal e influenciar na morbimortalidade do paciente. Não há tratamento específico quando a IRA já está instalada e um manejo deve ser feito como em outras causas de Necrose Tubular Aguda (NTA), visando manter o equilíbrio hidroeletrolítico e a volemia. O melhor tratamento é a prevenção, onde hidratação é a principal ferramenta de prevenção

(BRESOLIN; BANDEIRA;

TOPOROVSKI, 2008).

O enfermeiro tem um papel importante no cuidado do paciente com

IRA. Além de direcionar a atenção para o distúrbio primário do paciente (que pode ser um fator do desenvolvimento da IRA), o enfermeiro monitora as possíveis complicações, participa no tratamento de emergência, desequilíbrio hidroeletrolítico, avalia a evolução e a resposta ao tratamento e fornece apoio físico e emocional. Além disso, mantém os familiares informados sob a condição do paciente, ajuda-os a compreender os tratamentos e fornece apoio psicológico. Embora o desenvolvimento da IRA possa ser o problema mais grave, o enfermeiro deve continuar a incluir no plano de cuidado as medidas de enfermagem indicadas para o distúrbio primário (por exemplo, queimaduras, choque, trauma, obstrução do trato urinário) (SMELTZER; BARE, 2005).

Para Silva (2011), no cotidiano das atividades práticas nem sempre o atendimento ocorre com qualidade, de forma segura, isenta de falhas, quer justificado pela gravidade das situações, quer por realizar-se, sem que as condições necessárias de infraestrutura e de treinamento sejam adequadas, colocando em risco o sucesso do atendimento, e consequentemente, a vida do paciente. Tal constatação leva a pressupor que a falta de conhecimento e habilidade dos profissionais, a falha na organização do atendimento, assim como a provisão insuficiente de materiais e equipamentos necessários para a realização do cuidado compromete a qualidade da assistência à saúde dos pacientes que necessitam destes serviços. De acordo com a OMS - Organização Mundial de Saúde (OMS

apud SILVA, 2011) a qualidade é definida

como um conjunto de atributos que inclui um alto nível de excelência profissional, o uso eficiente de recursos, o mínimo de riscos ao paciente e um alto grau de satisfação por parte dos usuários.

Sistematização da Assistência de Enfermagem para prevenção de IRA na UTI

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Com intuito de colaborar com estudos e avaliar a qualidade da assistência de enfermagem na prevenção da IRA nos pacientes em tratamento intensivo, é proposto uma sistematização da assistência de enfermagem como uma importante medida da qualidade para que o cuidado do paciente obtenha um “resultado renal” (com redução da morbimortalidade) (PINTO et al., 2009).

Recomenda-se de acordo com as literaturas um planejamento de ações no cuidado de enfermagem:

 Conscientizar os profissionais de enfermagem quanto à importância da qualificação continuada para aumentar os resultados dos pacientes, através de um cuidado, baseado no julgamento e conhecimentos clínicos (SILVA; THOMÉ 2009).

 A equipe de enfermagem deve estar sensibilizada para iniciar um processo de humanização no atendimento, promovendo uma interligação técnico-humanista nas relações enfermeiro-paciente (BEDIN; RIBEIRO; BARRETO, 2004);

 O enfermeiro deve transmitir e zelar pelo cumprimento de normas estabelecidas ou implantadas pela instituição (GAÍVA; SCOCHI, 2004);  Revisar ou até mesmo reformular a assistência de enfermagem de forma padronizada aos pacientes, com aplicação de princípios científicos e abordagens teóricas, enfatizando o seu aspecto qualitativo, e seguindo uma metodologia de assistência, a fim de reduzir as complicações nos quadros clínicos (CARVALHO et al., 2008);

 Formulação de hipóteses diagnósticas, que serão afirmadas ou refutadas se as metas/objetivos declarados forem, ou não, alcançados (BARROS, 2009);

 Estar pronto para participar do tratamento em caso de emergência (SMELTZER; BARE, 2005);

 Observar sinais vitais e parâmetros (GAÍVA; SCOCHI, 2004);

 Diminuir a ansiedade, o desconforto e a insegurança sentida pelos pacientes críticos (INABA; SILVA; TELLES, 2005);

 Realizar assepsia, cuidado cutâneo meticuloso e uma avaliação clínica criteriosa e regular, orientando sobre a necessidade de prevenir processos infecciosos, pesquisando cuidadosamente a presença de focos (SMELTZER; BARE, 2005; SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2007);

 Atentar para o período que o paciente permanece internado, por ser um fator diretamente relacionado com um melhor ou pior prognóstico. Períodos maiores de internações em UTI podem refletir em atrasos na monitorização e suporte hemodinâmicos adequados, conferindo maior risco para desenvolvimento de disfunção de órgãos (MARTINS, 2008; SOUZA et al., 2010);  Avaliar peso diário, a fim de evitar

hiperhidratação (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2007);

 Monitorar os níveis de eletrólitos séricos dos pacientes e os indicadores físicos dessas complicações durante todas as fases do distúrbio (SMELTZER; BARE, 2005);

 Monitorar o balanço hídrico com observação constante do Débito Urinário (DU) (BALDI et al., 2005);

 Reportar imediatamente para o médico, quando houver indicadores de deterioração do estado hidroeletrolítico (SMELTZER; BARE, 2005);

 Realizar medidas complementares de prevenção como: otimização das condições clínicas do paciente, Pressão Venosa Central (PVC) e Saturação Venosa Central de Oxigênio (SvO2), Pressão

Arterial Média (PAM) e oxigenação tecidual adequada (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2007);  Obter e implantar práticas que reduzam as complicações e melhorem o estado do paciente, como evitar ou tratar de imediato à febre e a infecção, que aumentam a taxa metabólica, o

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catabolismo e subsequentemente a liberação de potássio e acúmulo de produtos residuais endógenos (uréia e creatinina) (SMELTZER; BARE, 2005);  Verificar o uso correto das medicações utilizadas no tratamento clínico, para evitar doses e medicações desnecessárias (SOUZA et al., 2010);  Acompanhar e tratar as doenças de base, como Insuficiência Cardíaca descompensada, choque cardiogênico ou sepse, disfunção hepática, entre outros (SOUZA et al., 2010);

 Oferecer seguimentos psicológicos para dar aporte no enfrentamento de doenças ligadas ao estado emocional do paciente (INABA; SILVA; TELLES, 2005);

 Avaliação da eficácia dos protocolos implantados nos serviços de saúde, com estudos, pesquisas e atualizações, na busca de reduzir o risco de óbito (SILVA, 2006).

Embora muitas das funções dos enfermeiros sejam devotadas aos aspectos técnicos do procedimento, as necessidades psicológicas e as preocupações do paciente e da família não podem ser ignoradas. É essencial a avaliação continuada do paciente para as complicações da IRA e de sua causa precipitante (SMELTZER; BARE, 2005).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa análise vimos que segundo os autores, a IRA acomete grande quantidade de pacientes internados na UTI e isso poderá ser minimizado a partir da qualidade da assistência prestada pelos profissionais de saúde, especialmente os profissionais de enfermagem com uma prática sistematizada e voltada para a prevenção e atenção ao paciente potencialmente em risco.

Embora o número de estudos nacionais em relação aos pacientes renais agudos nas UTIs seja pequeno, essa revisão pôde demonstrar tanto a incidência de casos de IRA em UTI que é cada vez

maior, quanto como à qualidade na assistência de enfermagem pode prevenir o acometimento de sequelas e riscos para os pacientes.

É necessário que a utilização da assistência de enfermagem e da prática profissional, contribua na aplicação de ações e de informações científicas com o objetivo da prevenção, para um processo que envolve o aprendizado individual e coletivo, motivador para o estabelecimento de novas estratégias fundamentadas na prática e no conhecimento.

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Referências

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