INSTITUTO HOMEOPÁTICO JACQUELINE PEKER
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ACUPUNTURA VETERINÁRIA
GRAZIELLE YOSHIDA DE VILHENA CARDOSO
IMPLANTE DE OURO EM CÃES-UMA BREVE REVISÃO DE
LITERATURA
Campinas
GRAZIELLE YOSHIDA DE VILHENA CARDOSO
IMPLANTE DE OURO EM CÃES-UMA BREVE REVISÃO DE
LITERATURA
Monografia apresentada para a conclusão do Curso de Especialização em Acupuntura Veterinária pelo Instituto Homeopático Jacqueline Peker
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os animais e em especial aos meus: Janis, Oliver (em memória), Spiller e Belinha.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a toda equipe do Instituto Jacqueline Peker À Deus por permitir que realizasse esse curso
SUMÁRIO Página LISTA DE FIGURAS...02 1. RESUMO...03 2. INTRODUCAO...03 3. REVISÃO DE LITERATURA...04
4. PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES DA TÉCNICA...07
4.1. Displasia Coxo femural...07
4.2. Convulsão...08
5. CONTRA INDICAÇÕES...08
6. CONSIDERACOES FINAIS...09
LISTA DE FIGURAS
Figura 01-Aplicador com mandril, agulha calibre 14 e fragmentos de ouro...05
Figura 02- Aplicador e fragmentos de ouro...06
Figura 03- Pontos de acupuntura da região da face de um cão...06
Figura 04- Pontos de acupuntura no cão...07
1. RESUMO
A medicina tradicional chinesa possui diversas técnicas de estimulação de pontos de acupuntura tais como; variação de pressão física, agulhamento, variação de temperatura, ultrassom, aquapuntura, implante, eletroacupuntura, laserpuntura, indução magnética e implantes.
Os implantes mais utilizados são os fragmentos metálicos como ouro, prata ou aço inoxidável. Essa técnica é utilizada nos casos de patologias crônicas em que o animal tenha respondido positivamente em outras técnicas de medicina chinesa, mas que precisem de um tratamento prolongado. Suas principais indicações são a Displasia coxo- femural, uma má formação articular e a Convulsão, uma atividade anormal do cérebro caracterizada por descargas elétricas alteradas.
As contra indicações para o uso de implantes em pontos de acupuntura são câncer, pois o ouro estimula o crescimento de tumores e também em casos de osteomielite. Pode-se concluir que o implante de ouro em pontos de acupuntura é uma opção acessível para o tratamento da dor, desconforto e melhorar a qualidade de vida em animais. Para tal, é necessário realizar um diagnóstico preciso e realizar a técnica com cautela uma vez que a mesma é permanente.
2 INTRODUÇÃO
A acupuntura é uma técnica que visa o equilíbrio energético geral do organismo, sendo um modo de acessar o sistema nervoso central através de estimulação neural periférica, promovendo o reajuste das funções cerebrais, neurais, hormonais, imunitárias e viscerais, resultando no controle das funções orgânicas, endócrinas, analgesia e ativação dos processos regenerativos (Epelbaum, 2007).
Dentro da medicina chinesa, existem diversas técnicas de estimulação de pontos de acupuntura tais como; variação de pressão física, agulhamento, variação de temperatura, ultrassom, aquapuntura, implante, eletroacupuntura, laserpuntura e indução magnética
(Scognamillo-Szabó, 2007). Os implantes surgiram para complementar o tratamento da acupuntura tradicional e podem ser feitos por diversos materiais, tais como categut, aço inoxidável, platina, entre outros, mas os mais utilizados são os fragmentos metálicos como ouro, prata ou aço inoxidável. (Alman, 2006).
Para a realização da técnica de implante de ouro utilizam-se contas de ouro bem finas aproximadamente do tamanho de uma cabeça de alfinetes, as quais promovem uma estimulação permanente dos pontos (Dvorak, 2012).
Behrstock & Petrakis (1974) relatam que a escolha do metal possa ser feita de acordo com os princípios da Medicina Tradicional Chinesa, Yin e Yang. O ouro é um metal Yang, portanto deve ser usado em patologias Yin e a prata é um metal Yin, podendo ser usada em patologias Yang. Segundo Durkes, 2008 fragmentos de prata não têm o mesmo efeito iônico sobre tecidos comporais como o ouro. O ouro possui um efeito de estimulação, enquanto que a prata tem o efeito de sedação (Grigoy et al., 2005).
3 REVISÃO DE LITERATURA
Inicialmente outros materiais eram implantados nos pontos de acupuntura (fios de sutura, esferas de metal e etc.), porém o ouro não provoca irritação no local e nem rejeição em
longo prazo.
Essa técnica é utilizada nos casos de patologias crônicas em que o animal tenha respondido positivamente em outras técnicas de medicina chinesa, mas que precisem de um tratamento longo. Para realização do implante o animal deve ser sedado, devido à espessura do equipamento utilizado para se implantar o ouro (Fagundes, 2012).
Estudos vêm sendo feitos sobre a ação do ouro no organismo, mas ainda não se sabe muito bem como ele realmente age. (Adams, 1988 apud Durkes,1992).
Sabe-se que o ouro emite cargas elétricas positivas para neutralizar as cargas negativas. Nas condições crônicas, em que há um excesso de carga negativa, ocorre uma acidose localizada. A dor aumenta à medida que a carga negativa vai aumentando, ao menos que o próprio organismo seja capaz de neutralizar essa carga. O corpo do animal é capaz de corrigir esse desequilíbrio devido aos íons Na+, Ca++ e H+. O íon Ca++ parece ter um papel predominante nesse ajuste, já que a articulação está sempre envolvida. Osteofitos aparecem ao redor da articulação nos exames radiográficos. Nem todos os animais são capazes de mobilizar o íon Ca++ para corrigir essa acidose (Durkes, 1992).
Alguns pacientes podem apresentar agravamento dos sinais por até quinze dias após o implante, para evitar essa intercorrencia, recomenda-se a realização de sessões antes de realizar o implante. (Jaeget et al., 2005).
A técnica de implante de ouro envolve pequenos pedaços de ouro de 24 quilates com 1-3mm de altura e 1 mm de espessura (Jaeger, 2006). Esses pedaços de ouro são de base metálica magnetizada ou não, e folhados a ouro (Durkes, 1992).
Os fragmentos são colocados no local de implantação através de uma agulha hipodérmica de calibre 14 (Altman, 2006). O paciente é sedado ou anestesiado e a região é tricotomizada e higienizada. Dois a três pedaços de ouro são inseridos na agulha e depois uma pomada de antibiótico ou lubrificante é passada nesta agulha hipodérmica para os pedaços de ouro não se soltarem (Hielm-Bjokman et al,2001; Dvorak, 2008). A agulha é então inserida no ponto e o ouro é empurrado através de um mandril até o local do implante. Conforme podemos observar na Figura 01 e 02:
Figura 02- Aplicador e fragmentos de ouro
Na maior parte das vezes o implante é colocado nos músculos, entretanto, em algumas regiões como cabeça, cotovelo e joelho; o ouro fica sob a pele e as chances de migrarem para outra área são maiores. O local de implantação do ouro é muito preciso, sendo que uma distância maior que 1/16 de polegada (1,6mm) do local correto diminui a chance da operação ser bem sucedida (Durkes, 1999). (Figura 03)
Figura 04- Pontos de acupuntura no cão.
4 PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES DAS TÉCNICAS
4.1. Displasia coxo- femural
A Displasia coxo-femural é uma má formação articular com graus diversos de frouxidão que muitas vezes ocasiona subluxaçoes e osteoartrite dessa articulação. Nota-se claudicação, anormalidades da deambulação e dor. ( Tomlinson, 1998).
Segundo Maciocia, 2007 a dor articular localizada tem como causa principal a invasão de frio, a dor que se move nas articulações vento, dor com inchaço e peso, umidade. Isso nos ajuda no diagnóstico chinês e no direcionamento do tratamento.
O tratamento de doenças articulares tem uma resposta clínica bem satisfatória, um estudo revela que cerca de 70% dos cães com doença articular degenerativa crônica apresenta uma melhora de mais de 50% na mobilidade e ambulação após o tratamento com acupuntura. (Schoen, 2006).
Segundo Schoen, 2006 os pontos mais utilizados no tratamento da displasia coxo-femural são: VB 39, VB 30 e B 54 (Figura 05) e para a claudicação de membro posterior inclue – se os pontos B 23, B 25, B 40, B 60, VB 34 e E 36.
Figura 05- Localização de pontos de implante de ouro para displasia coxo femural (Scognamillo-Szabó et al, 2010)
4.2. Convulsão
A convulsão é uma atividade anormal do cérebro caracterizada por descargas elétricas alteradas com graus variáveis e etilogias diversas, tais como, verminoses, infecções, má formação, traumas, neoplasias e outras (Haag, 2012) ( Fenner, 1998).
O tratamento tradicional da convulsão tem como objetivos diminuir o número de crises, torna-las mais brandas, aumentar o espaço entre as crises e reduzir os efeitos pós- ictiais. (Fenner, 1998). Para isso, tem-se utilizado barbitúricos, benzodiazepínicos e brometos os quais tem um efeito terapêutico bastante eficaz, no entanto têm efeitos colaterais tais como: Sonolência, hepatoxicidade, entre outros ( Fenner, 1998).
Segundo Maciocia, 2007 a convulsão para medicina chinesa é interpretada de maneira simplificada como vento do fígado (vento por excesso). Para tanto comumente utiliza-se os pontos F 2, F 3, VB 20, IG 11, VB 1, BP 6, F 1 e Du-8 com intuito de clarear o fígado, drenar o fogo e extinguir o vento.
Os pontos mais comumente utilizados no implante de ouro de cães para o tratamento das convulsões são os seguintes: B-4, B-6, B-9, VB-14, VB-20 e VG-20. Nos casos de convulsão devido à sequela de cinomose, cerca de 50% respondem bem ao implante de ouro. (Durkes, 2006).
5 CONTRA INDICAÇÕES
Não recomenda-se o implante de ouro em cães com câncer, pois o ouro estimula o crescimento de tumores (Dvorak, 2012). No entanto, Mateus (2011) relata que
obteve sucesso no tratamento de um tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla) que tinha sido diagnosticado com osteosarcoma, houve qualidade de vida no período em que sobreviveu ao tumor. Além disso, não deve utilizar aplicar a técnica nos casos de osteomielite (Durkes, 2010).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse breve trabalho pudemos conhecer um pouco mais sobre a técnica de implante de ouro na medicina veterinária chinesa. Temos uma opção bastante acessível quando objetivamos tratar a dor, desconforto e melhorar a qualidade de vida dos nossos pacientes. Para tanto, temos que realizar um diagnóstico preciso e realizar a técnica com cautela uma vez que a mesma é permanente. Para que possamos melhorar e até passar a utilizar mais frequentemente o implante de ouro faltam estudos da técnica.
REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALTMAN, S. Técnicas e instrumentação. In: SHOEN. A.. Acupuntura Veterinária: da arte antiga à medicina moderna. 2. ed. São Paulo: Roca, 2006. p. 91-108
BEHRSTOCK, B. B.; PETRARKIS, N.L. Permanent subcutaneous gold acupuncture needles. West J. Med. 1974; p. 121:140-142.
DURKES, T. E. Implantes de contas de ouro. In: SHOEN. A.. Acupuntura Veterinária: da arte antiga à medicina moderna. 2. ed. São Paulo: Roca, 2006. p. 91-108
DURKES, T. E. Gold beads implant. Disponivel em <http://www.dpca.org/ BreedEd/goldbeads.htm> Acesso em 18 de julho. 2010.
DURKES, T. E. Gold bead implantation in small animals. In: Proceedings of the 25th Annual International Congress of Veterinary Acupuncture; 1999 set. 15-18; Lexington. Lexington: International Veterinary Acupuncture Society; 1999. p. 1-5.
DVORAK R. F. Permanent Acupunture with Gold Bead Implants. Disponível em <hhttp:// himmlisch.com/golbeads.htm> Acesso em: 04 nov. 2012.
EPELBAUM, E. Tratamento de deficiência neurosendorial por laser de baixa intensidade e sua associação à acupuntura a laser. 75 f. Dissertação (Mestre Profissional em Lasers em Odontologia). Instituto de pesquisas energéticas e nucleares. São Paulo. 2007
FAGUNDES. R.M. Implante de ouro. Disponível em <http://www.caanes.com.br> Acesso em: 29 nov. 2012.
FENNER, W.R.; Ataques convulsivos, narcolepsia e cataplexia In: BICHARD, S. J.; SCHERDING, R.G. Manual Saunders Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 1998. p. 1282-1287.
HAAG, A. Convulsão/epilepsia. Disponível em <http://www.dogtimes.com.br/ epilepsia.htm>
JAEGET, G.T.; LARSEN, S.; MOE, L.. Stratification, blinding and placebo effect in a randomized double-blind placebo –controlled clinical trial of gold bead implantation in dogs with hip dysplasia. Acta Vet Scand. 2005; 46: 57-68.
MACIOCIA, G.; Os Fundamentos da Medicina Chinesa: Um texto abrangente para acupunturistas e fisioterapeutas . São Paulo: Roca, 2007; p. 271; p. 245 e p. 426-427.
MATEUS, C. P.; Implantes de ouro nos acupontos para restabelecimento do vigor hígido em um tamanduá-bandeira com osteossarcoma. Campinas: Instituto Jacqueline Pecker, 2011 p. 18-20.
SCHOEN, A. M.; Acupuntura veterinária: Da arte antiga à medicina moderna. São Paulo: Roca, 2006; p. 163.
SCOGNAMILLO SZABÓ, M. V. R.; Introdução à acupuntura veterinária. 2007 .p.10-11.
SCOGNAMILLO - SZABÓ, M. V. R.; Acupuntura e implante de fragmentos de ouro em pontos de acupuntura e pontos gatilho para o tratamento de displasia coxo femural em pastor alemão. Acta scientiae veterinariae, 38(4): 443-448 2010; Rio Grande do Sul.
TOMLINSON, J.; Fraturas e deformidades de crescimento radiais e ulnares In: BICHARD, S. J.; SCHERDING, R.G. Manual Saunders Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 1998. p. 1139
