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PROBLEMAS DE CAUSA ABIÓTICA

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Academic year: 2021

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Frutas do Brasil, 9 Abacaxi Fitossanidade

QUEIMA-SOLAR

Este é um problema do fruto decor-rente da exposição anormal de uma de suas partes à ação excessiva dos raios solares. A queima-solar ocorre em maior intensidade quando o fruto tomba para um lado (Figura 40), devido ao compri-mento do pedúnculo, ocorrência de perí-odo de baixa disponibilidade de água no solo, ou deficiência nutricional.

Frutos afetados apresentam inicial-mente uma descoloração amarelada na epiderme que passa a marrom-escura, po-dendo ocorrer rachaduras entre os frutilhos em conseqüência do dessecamento dos te-cidos. Internamente, observa-se aumento na translucidez da polpa na região afetada; em fase mais avançada da anomalia, a polpa

PROBLEMAS DE

CAUSA ABIÓTICA

apresenta consistência esponjosa (Figura 41). A incidência da queima-solar em frutos em estádio inicial de desenvolvimento provoca a paralisação do crescimento na região afe-tada enquanto os tecidos sadios continuam crescendo, o que confere ao fruto um de-senvolvimento assimétrico em relação a seu eixo.

Capaz de causar perdas acentuadas na produção de frutos em épocas quentes, a queima-solar é controlada, basicamente, pela proteção mecânica dos frutos. Materiais tais como palha de plantas invasoras, papel, papelão, ou pedaços de polietileno podem ser colocados sobre os frutos a fim de protegê-los contra a ação dos raios solares. É também comum, em algumas regiões produtoras, a utilização das próprias folhas do abacaxizeiro como agente de proteção.

Figura 40. Frutos de abacaxi Pérola tombados, expressando queima-solar.

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O fornecimento de adubação equili-brada, com doses adequadas de potássio, evita o tombamento dos frutos, controlan-do assim a queima-solar. O estabelecimen-to de um programa de indução floral que possibilite a colheita em épocas de tempe-raturas amenas, também constitui medida de controle desta anomalia.

MURCHA POR ESTRESSE

HÍDRICO

O abacaxizeiro é uma planta que pode ser cultivada sob condições de pluviosidade

Figura 41. Frutos de abacaxizeiro expressando diferentes níveis de queima-solar. A - Dano na casca. B - Dano na polpa.

que variam de 600 mm a 4.000 mm por ano. Contudo, tanto o excesso quanto a baixa disponibilidade de água no solo podem ser prejudiciais a essa cultura. Sob condições de baixa disponibilidade de água no solo, as raízes do abacaxizeiro paralisam seu cresci-mento e apresentam suberização de suas extremidades. Na parte aérea, as plantas desenvolvem sintomas de murcha, caracte-rizados pela perda da coloração verde das folhas, que passam a amarelada e por fim a avermelhada (Figura 42). A planta perde a turgescência e as folhas se apresentam com-pridas, estreitas e com os bordos enrolados Foto: Domingo Haroldo Reinhardt B

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Frutas do Brasil, 9 Abacaxi Fitossanidade

para baixo. Com o restabelecimento do suprimento normal de água no solo, as plantas, em geral, retomam seu desenvol-vimento.

FASCIAÇÃO

A fasciação é uma anomalia que se caracteriza pelo descontrole no desenvolvi-mento normal da planta condicionando a proliferação dos frutilhos e coroas, resul-tando em frutos de aparência disforme ou com coroas múltiplas (Figura 43). Outro tipo de fasciação, embora menos freqüente, é o resultante da proliferação acentuada do ápice do pedúnculo, dando origem, na mesma planta, a vários frutos pequenos, sem valor comercial. A fasciação é uma desordem resultante de um distúrbio morfogenético durante a floração, o qual ocorre com maior intensidade em períodos secos, ensolarados e de temperaturas eleva-das. Plantas com desenvolvimento exube-rante, seja devido ao fornecimento de doses excessivas de fertilizantes, seja devido à fertilidade natural do solo, são mais sujeitas à ocorrência de fasciação.

ESCURECIMENTO OU

BRUNIMENTO INTERNO

O escurecimento interno é uma ano-malia que ocorre na pós-colheita do fruto, porém pode ocorrer também em condições de campo. Os sintomas iniciais caracteri-zam-se pelo surgimento de uma mancha pequena e translúcida na polpa do fruto, ao lado de seu eixo central, próximo da coroa. Com o passar do tempo, as manchas se expandem, atingindo quase toda a polpa do fruto, restando apenas uma faixa estreita de tecido sadio entre a polpa e a casca, capaz de manter a consistência do fruto e, por con-seguinte, conferindo-lhe aparência normal. A ocorrência do escurecimento inter-no está relacionada com a alternância de baixas temperaturas sob as quais os frutos são mantidos durante o transporte para os mercados consumidores e a temperatura ambiente na qual são comercializados. Além desse efeito de alternância de temperatura, o escurecimento interno se expressa tam-bém, com maior intensidade, em frutos com baixa acidez, assim como baixo teor de ácido ascórbico.

Figura 42. Vista geral de um plantio de abacaxi sob condições de estresse hídrico, mostrando sintomas de murcha.

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Práticas culturais que possibilitem a produção de frutos com acidez mais eleva-da, como por exemplo um maior suprimen-to de potássio, podem reduzir o desenvol-vimento do escurecimento interno.

FRUTO-MACHO

Anomalia observada de forma predo-minante na cultivar Pérola, o fruto-macho

caracteriza-se pela produção de frutos pequenos, cônicos, sem coroa, com fru-tilhos proeminentes e sem valor comerci-al (Figura 44). Sendo uma anomcomerci-alia de causa ainda não estabelecida, é recomen-dável a destruição de todas as plantas que produzam frutos com esse defeito, bem como a não utilização do material propa-gativo por elas produzidos.

Figura 43. Inflorescência de abacaxi Smooth Cayenne expressando sintoma de fasciação.

Figura 44. Sintoma de fruto-macho em abacaxi Pérola.

Foto: Domingo Haroldo Reinhardt

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Frutas do Brasil, 9 Abacaxi Fitossanidade

DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS

As carências nutricionais ocupam po-sição de destaque dentre os fatores abióticos que podem causar prejuízos ao desenvolvimento e à produção do abaca-xizeiro, planta bastante exigente em rela-ção aos nutrientes, manifestando-se prin-cipalmente quando o cultivo ocorre em solos de baixa fertilidade e/ou explorados de forma intensiva.

O recurso mais adequado para a avali-ação do estado nutricional da planta, tendo em vista a identificação de possíveis defici-ências, é, sem dúvida, a análise química de tecidos. Nem sempre, porém, é possível a realização de tais análises, o que tem resulta-do num exercício constante de buscar en-xergar nas plantas, ainda no campo, sinto-mas que possam auxiliar nessas avaliações.

SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS

MINERAIS

As inferências baseadas apenas nos sintomas visuais de carências minerais são reconhecidamente limitadas, por se tratar de recurso qualitativo e sujeito a muitos erros de interpretação (sobretudo pelo fato de que a expressão de sintomas, no campo, pode estar associada à atuação simultânea de mais de um fator). Mesmo assim, admi-te-se que eles podem fornecer subsídios valiosos. Para tanto, é fundamental maior experiência/convivência com a cultura, para que se possa “ler” e interpretar melhor o que os sintomas manifestados pelas plantas estão expressando. Não se pode esquecer, também, que o aparecimento de sintomas visuais de carências ocorrem, normalmente, em estágios avançados das deficiências, quan-do a planta já teve comprometidas algumas de suas funções vitais e/ou econômicas.

Py et al. (1984) descrevem os seguin-tes sintomas de deficiências minerais do abacaxizeiro, ressaltando que eles refe-rem-se a cada nutriente isoladamente, as-sumindo que os demais não são fatores limitantes no meio.

DEFICIÊNCIA DE

NITROGÊNIO

Folhagem amarelo-esverdeada a ama-rela; folhas pequenas, estreitas e pouco numerosas; planta fraca e de crescimento lento; fruto pequeno, muito colorido e com coroa pequena; ausência de mudas. Fre-qüente em solos pobres em matéria orgâni-ca, sem adubação, em situações quentes e bem ensolaradas (Figura 45).

DEFICIÊNCIA DE FÓSFORO

Folhagem de cor escura, verde-azulada, mais pronunciada com adubação nitrogenada pesada; folhas que dessecam a partir da ponta, começando pelas mais ve-lhas; folhas velhas com pontas secas de cor marrom-avermelhada e estrias transversais marrons. A margem destas folhas amarelece a partir da ponta; planta de porte ereto, com folhas longas e estreitas; raízes com pêlos mais longos, muito coloridos e menos ramificados; fruto pequeno, com coloração avermelhada. Ocorre raramente, podendo aparecer de forma mais ou menos temporá-ria, sobretudo em períodos secos, em solos pobres ou onde horizontes profundos fo-ram expostos devido ao preparo ou revolvimento.

DEFICIÊNCIA DE ENXOFRE

Folhagem amarelo-pálida a dourada; margem das folhas de cor rósea, sobretudo nas folhas velhas; planta de porte normal; fruto bastante pequeno. Rara, exceto no caso de a adubação não conter sulfatos.

DEFICIÊNCIA DE POTÁSSIO

Folhagem verde a verde-escura, mais pronunciada com a adubação nitrogenada; folhas com pequenas pontuações amarelas que crescem, se multiplicam e podem se reunir sobre as margens do limbo; ressecamento de sua extremidade; planta de porte ereto; pedúnculo do fruto pouco resistente; fruto pequeno, sem acidez, sem aroma. Ocorre com freqüência, exceto em

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solos ricos em potássio. É favorecida por adubação desequilibrada rica em nitrogê-nio, por insolação forte, por lixiviação in-tensa, por solos de pH elevado, ricos em cálcio e magnésio (Figura 46).

DEFICIÊNCIA DE CÁLCIO

Folhas muito pequenas, curtas, estrei-tas e quebradiças; entrenós muito curtos; em meio controlado, pode evoluir até a morte do ápice, com desenvolvimento de brotos laterais que têm aspecto semelhante. É rara, exceto em solos fortemente degra-dados.

DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO

Planta de porte normal; folhas velhas amarelas, cujas partes sombreadas por fo-lhas mais jovens permanecem verdes. Man-chas amarelas que se tornam marrons em meio controlado, ressecamento das folhas velhas que não completaram seu cresci-mento quando do aparecicresci-mento da defici-ência; frutos sem acidez, pobres em açúcar, sem sabor. Muito freqüente nos solos po-bres em magnésio, sobretudo com uma

forte adubação potássica, em situações for-temente ensolaradas (Figura 47).

DEFICIÊNCIA DE FERRO

Desenvolvimento de clorose a partir de folhas jovens; folhas em geral fracas, largas, amarelas com uma “rede” verde correspondendo aos vasos condutores; fo-lhas vefo-lhas secas; fofo-lhas apresentando fai-xas transversais verdes, no caso de pulveri-zações com ferro em volume elevado; fruto vermelho com coroa clorótica. Muito fre-qüente em situações variadas: solos com pH elevado, solos ricos em manganês (Mn/Fe = 2), solos compactados, condi-ções redutoras, áreas de casas de cupins, forte adubação nitrogenada de plantas sub-metidas a uma diminuição bastante rápida da atividade radicular por diversas razões, tais como cochonilhas, secas etc. (Figura 48).

DEFICIÊNCIA DE MANGANÊS

Os sintomas não são, de fato, muito bem definidos; as folhas atingidas apresen-tam um aspecto de mármore com áreas verde-claras, principalmente onde os vasos estão localizados, circulando áreas de um

Figura 45. Plantas com deficiência de nitrogênio (coloração verde-pálida), em contraste com plantas normais (coloração verde-escura).

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Frutas do Brasil, 9 Abacaxi Fitossanidade

Figura 46. Sintomas de deficiência de potássio em folhas de abacaxizeiro.

Figura 47. Sintomas de deficiência de magnésio em folhas de abacaxizeiro. A faixa verde na folha estava sombreada pela folha mais acima.

Foto: Domingo Haroldo Reinhardt

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Figura 48. Sintomas típicos de deficiência de ferro, em plantas cultivadas em mancha de solo com pH=7,7.

verde mais escuro. É rara, podendo ocorrer em solos ricos em cálcio com pH elevado.

DEFICIÊNCIA DE ZINCO

Em plantas jovens: o centro da roseta foliar apresenta-se fechado, as folhas jo-vens são rígidas, quebradiças e às vezes encurvadas (crook-neck). Em plantas velhas: as folhas basais apresentam nervuras irre-gulares e descoloração amarelo-alaranjada em placas nas margens do limbo, com a ponta seca. Aparentemente a deficiência favorece a multiplicação de Diaspis, com sintomas característicos. Pouco freqüente, exceto em solos com pH elevado, com calagem excessiva ou onde houve má incor-poração do calcário ou do fósforo.

DEFICIÊNCIA DE COBRE

Folhas verde-claras, estreitas, com bordos ondulados, com uma pronunciada calha em forma de U e raros tricomas; pontas das folhas E se curvando para baixo; folhas velhas caídas com coloração

vermelho-purpúrea na dobra; raízes cur-tas com pêlos reduzidos; planta raquítica. Seria relativamente comum, mas a descri-ção dos sintomas é, com freqüência, im-precisa (Figura 49).

Foto: Luiz Francisco da S. Souza

Figura 49. Plantas com sintomas de deficiência de cobre (à esquerda), ao lado de plantas que receberam aplica-ção deste nutriente (à direita).

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Frutas do Brasil, 9 Abacaxi Fitossanidade

DEFICIÊNCIA DE BORO

São atribuídos ao boro certos sinto-mas verificados em diversas situações: des-coloração amarela a alaranjada, tornando-se marrom em uma só margem das folhas, parando seu crescimento em dois terços de seu comprimento - ponta seca - tendência da folha a se enrolar (condições hidropônicas na Côte d’Ivoire); clorose das folhas jovens com envermelhecimento dos bordos mor-tos do ápice (condições hidropônicas na Malásia); frutos com coroas múltiplas (Havaí, Martinica); formação de tecido suberoso entre os frutilhos, frutos podem ser muito pequenos, esféricos (Austrália, Martinica). Estes sintomas aparecem com freqüência por causa da insolubilização do boro no solo, devido à seca ou ao pH muito elevado.

DEFICIÊNCIA DE

MOLIBDÊNIO

Não identificada e não obtida em con-dição hidropônica, mas provável em solos com pH < 4, em associação com toxidez de alumínio.

AVALIAÇÃO DO ESTADO

NUTRICIONAL DO

ABACAXIZEIRO

Para a efetivação da diagnose foliar no abacaxizeiro, coleta-se, normalmente, a fo-lha D (Figura 50), considerada como a que melhor representa o estado nutricional da planta, podendo-se utilizar o terço mediano não clorofilado da zona basal (técnica havaiana) ou a folha inteira (técnica france-sa). Recomenda-se, normalmente, na amostragem, a coleta de um mínimo de 25 folhas, tomadas ao acaso, para cada talhão uniforme de produção, considerando-se uma folha por planta.

A época de coleta das folhas pode variar ao longo do ciclo vegetativo da planta (do plantio à indução floral), em função do obje-tivo da avaliação. Na maioria das situações, o momento da indução floral (com variações de ± 15 dias) tem sido adotado como o estádio principal de referência.

A Tabela 1 reúne informações de dife-rentes autores/instituições, sobre a inter-pretação dos resultados da diagnose foliar em abacaxi.

Fontes: Py (1969) e Malavolta (1982).

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Tabela 1. Concentrações adequadas de nutrientes na folha D do abacaxizeiro, indicadas por diferentes autores/instituições.

Fontes: Pinon ,1978; Malavolta, 1982; Lacoeuilhe,1984.

Autores Dalldorf &

Langenegger IRFA Pinon Malavolta Malavolta

Amostragem Folha "D" inteira

Terço médio da parte basal da folha D, aos 5 meses Na emergência da inflorescência No momento da indução floral Ao longo do ciclo Aos 4 meses Nutrientes N - % 1,50 a 1,70 > 1,20 1,30 a 1,50 1,50 a 1,70 2,00 a 2,20 P - % ± 0,10 > 0,08 0,13 0,23 a 0,25 0,21 a 0,23 K - % 2,20 a 3,00 > 2,80 3,50 3,90 a 5,70 2,50 a 2,70 Ca - % 0,80 a 1,20 > 0,10 0,14 0,50 a 0,70 0,35 a 0,40 Mg - % ± 0,30 > 0,18 0,18 a 0,25 0,18 a 0,20 0,40 a 0,45 Zn - ppm ± 10 17 a 39 Cu - ppm ± 8 5 a 17 9 a 12 Mn - ppm 50 a 200 90 a 100 Fe - ppm 100 a 200 600 a 1000 B - ppm 30

Referências

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