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Digitaria insularis, vulgarmente

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Resistência amarga

Capaz de interferir fortemente na produção de soja, o capim-amargoso Digitaria

insularis tem poder de fogo para reduzir a produtividade da cultura em mais

de 40% quando registradas grandes infestações. Resistente ao glifosato e

disseminada em diversas regiões do Brasil, esta planta daninha exige manejo

integrado através de práticas de controle cultural, mecânico e químico

Fernando Adegas

D

igitaria insularis,

vulgar-mente conhecida como capim-amargoso, é uma planta nativa de uma extensa área do continente americano, que vai do Sul dos Estados Unidos até a região central da Argentina. No Brasil essa espécie é oriunda do bioma Mata Atlântica (Pimenta et al, 2012), onde no passado era encontrada frequentemente em áreas de pastagem degradadas, em lavouras perenes, em beira de estradas e terrenos baldios, mas pouco comum em áreas de cultivos anuais. No entanto, essa planta tem se adaptado a vários outros siste-mas de cultivo, como relatam Oliveira

& Freitas (2008), que comprovaram a presença dessa espécie na cultura da cana-de-açúcar no Rio de Janeiro, o que também foi observado por Kuva et

al (2008) em São Paulo. Recentemente

foi constatado o aumento da infestação desta espécie em outras importantes regiões agrícolas do País, como Paraná e a região do Cerrado, especialmente em áreas de produção de grãos.

O capim-amargoso é uma planta perene, ereta e ramificada em touceiras a partir das gemas próximas ao solo, com ramos que podem atingir mais de 150cm de altura e fotossinteticamente eficiente (ciclo C4). Os colmos são

cilíndricos e formados de entrenós lon-gos, as folhas possuem bainhas glabras ou levemente pilosas, a inflorescência é encontrada na parte terminal dos longos ramos, sendo composta por grandes panículas, com até 35cm de comprimento que, por sua vez, são formadas por numerosos racemos, geralmente com 10cm-15cm de com-primento, contendo espiguetas com cariopse inclusa na gluma, que possuem longos pelos que facilitam o transporte das sementes pelo vento (Kissmann & Groth, 1997), sendo este considerado o principal método de dispersão da espécie, cuja propagação também pode

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www.revistacultivar.com.br • Soja • Agosto 2016

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ocorrer vegetativamente, através de

seus pequenos rizomas (Lorenzi, 2000). O período de menor crescimento vegetativo do capim-amargoso é o com-preendido entre a emergência das plan-tas até o início da formação de rizomas, que ocorre em média entre 34 dias a 45 dias após a emergência (Machado et al, 2006). A partir deste estádio, a planta passa a ter uma fase de crescimento mais acelerado.

Plantas de capim-amargoso, prove-nientes de rizomas, apresentam maior espessura da cutícula, que resulta em lâmina foliar mais espessa, folhas com maior índice estomático e maior número de estômatos por área foliar, além de possuírem grande quantidade de ami-do nesses rizomas reprodutivos, senami-do normalmente mais difícil de serem controladas quimicamente (Machado

et al, 2008).

Todas estas características da espé-cie explicam a facilidade de dispersão e adaptação do capim-amargoso aos prin-cipais sistemas produtivos brasileiros, em especial aos que não promovem a movimentação de solo, como a produção de grãos em plantio direto, especialmen-te da cultura de soja, onde o controle é realizado principalmente na operação de manejo, que é a dessecação da flora infestante antes da semeadura, princi-palmente com a aplicação de glifosato. No entanto, devido à alta frequência de aplicação de glifosato, inclusive em pós--emergência da soja, ocorreu uma forte pressão de seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes, que já estavam naturalmente presentes nas áreas.

O primeiro caso mundial de resis-tência de capim-amargoso ao herbicida glifosato foi comprovado em 2005, no Paraguai, por Adegas et al, sendo que três anos depois foi relatado, pela mesma equipe, o primeiro caso no Brasil (Heap, 2016). A partir deste relato inicial, outros casos foram comprovados no País, estando a espécie disseminada em diversas regiões brasileiras produtoras de soja. Neste cenário de resistência, onde o capim-amargoso já era naturalmente difícil de ser controlado, o problema se agravou, com aumento do custo de controle e perdas nas lavouras, pois a matocompetição com o capim-amargoso pode interferir fortemente na produção da soja, com situações onde infestações entre uma planta m² e três plantas m-2,

e entre quatro plantas m² e oito plantas m-2 reduziram a produtividade da

cul-tura em 23,5% e em 44,5%, respectiva-mente (Gazziero et al, 2012).

Atualmente, para o manejo do capim-amargoso é recomendado que os produtores adotem os conceitos do Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD), que inclui a integração de diversas práticas de controle, como o controle cultural (exemplo: cobertura do solo com palha), o mecânico (capinas de repasse e roçada de plantas perenizadas) e o químico (com herbicidas de meca-nismo de ação diferentes do glifosato).

Em relação ao manejo químico, o controle pode ser realizado tanto em pré quanto em pós-emergência das plantas. Os principais herbicidas pré-emergentes para o controle do capim-amargoso pertencem aos seguintes mecanismos de ação: os inibidores da divisão celular, os inibidores do fotossistema II, os inibido-res da síntese de carotenoides, os inibi-dores da ALS e os inibiinibi-dores da protox.

Já para o controle em pós-emergência, os principais mecanismos de ação são: os inibidores da ACCase, os inibidores da GS, os inibidores do fotossistema I e os inibidores da síntese de carotenoides. A situação mais crítica para o controle do capim-amargoso é quando a planta atinge o ápice do crescimento vegetativo, caracterizado pela abundante formação de perfilhos, em grandes touceiras e pleno florescimento. Para essa condição, os herbicidas aplicados isoladamente, mesmo em doses maiores, geralmente não proporcionam controle satisfatório, incluindo os considerados mais eficien-tes. As alternativas para o controle das plantas nesse estádio seriam a realização de aplicações sequenciais, preferencial-mente intercalando diferentes mecanis-mos de ação, e a integração do controle químico com o controle mecânico, espe-cialmente a roçada.

Fernando Adegas,

Embrapa Soja

O capim-amargoso é uma planta perene, ereta e ramificada em touceiras

Fernando Adegas

C

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O

capim-amargoso

(Digi-taria insularis) consiste

na planta daninha que

Dow AgroSciences

Na dessecação

Herbicida à base de haloxifope-p-metílico pode ser utilizado como

uma das ferramentas na dessecação de manejo para o controle em

pós-emergência de capim-amargoso

tem causado maiores prejuízos para a agricultura brasileira na atuali-dade, disseminada nas principais

regiões produtoras. O crescimento em importância desta planta daninha ocorreu pela seleção de biótipos que

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Doses L p.c. ha-1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 -F CV (%) DMS Tratamentos Verdict® R1/ Verdict® R1/ Verdict® R1/ Verdict® R1/ Clethodim2/ Testemunhas em herbicida F CV (%) DMS

Tabela 1 - Porcentagens de controle de capim-amargoso após aplicação de herbicidas na dessecação de manejo. Mandaguaçu (PR), 2015 14 DAA 40,00 d 50,00 c 63,25 b 75,00 a 74,25 a 0,00 e 288,25* 6,60 7,64 21 DAA 64,50 c 79,75 b 87,50 a 94,75 a 93,50 a 0,00 d 473,90* 4,73 7,61 % de controle de capim-amargoso 28 DAA 55,00 c 70,75 b 77,50 b 98,75 a 97,00 a 0,00 d 210,34* 7,57 11,56

apresentam resistência ao glifosato, herbicida mais comumente utilizado nos diferentes ambientes de produção do País.

Para o manejo do capim-amargoso resistente ao glifosato, as melhores alternativas herbicidas consistem na aplicação dos inibidores da ACCase, conhecidos popularmente como gra-minicidas. Por haver poucos mecanis-mos de ação que apresentam eficácia no controle em pós-emergência de capim-amargoso, é fundamental

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Dow AgroSciences

assegurar esta valiosa ferramenta no manejo da espécie, evitando que haja também a seleção de biótipos resistentes aos inibidores da ACCase. Para isso, uma importante prática cultural a ser adotada é a rotação de princípios ativos, uma vez que no âmbito dos inibidores da ACCase é possível variar entre a aplicação dos

herbicidas “DIMs” e “FOPs”. Dentro desse contexto, um tra-balho foi desenvolvido para avaliar o desempenho do Verdict (haloxifope--p-metílico) aplicado na dessecação de manejo para o controle de capim--amargoso. O experimento foi insta-lado em área agrícola localizada no município de Mandaguaçu, Paraná,

durante os meses de julho e agosto de 2015. O solo da área experimen-tal era de textura muito argilosa e o delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram compostos por quatro doses do Verdict R (0,2; 0,3; 0,4 e 0,5L p.c. / ha), um tratamento com aplicação

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Jamil Constantin,

Rubem Silvério de Oliveira Jr., Denis Fernando Biffe,

Guilherme Braga Pereira Braz e Fellipe Goulart Machado,

NAPD/UEM

Luiz Henrique Saes Zobiole,

Dow AgroSciences

de Clethodim (0,6L p.c./ha) e uma testemunha sem herbicida, que serviu como padrão para as avaliações de controle.

Os herbicidas foram aplicados em área em pousio, consistindo em uma aplicação de dessecação de manejo. As plantas de capim-amargoso estavam em estádio de desenvolvimento de 3-5 perfilhos e em uma infestação média de 48 plantas/m-2. A porcentagem

de controle de capim-amargoso foi avaliada aos 14, 21 e 28 dias após a aplicação dos tratamentos (DAA).

De maneira geral, observou-se maior eficácia no controle de capim--amargoso pela aplicação de doses mais elevadas de haloxifope-p-metílico (Ta-bela 1). Apesar de, aos 28 DAA, não ter proporcionado níveis de controle satisfatório, a dose de 0,4L p.c./ha do produto, deve ser estudado com objetivo de utilização em sistemas de manejo de capim-amargoso com aplicações sequenciais, visto que aos 21 DAA, o referido tratamento apresentou níveis acima de 80%. Quando comparada a performance das diferentes doses do Verdict, verificou-se que a dose de 0,5L p.c./ha apresentou desempenho semelhante ao padrão Clethodim no controle de capim-amargoso, sendo estes os úni-cos tratamentos eficazes aos 28 DAA no manejo desta espécie. Portanto, conclui-se que o Verdict (haloxifope--p-metílico) pode ser utilizado na des-secação de manejo para o controle em pós-emergência de capim-amargoso na dose de 0,5L p.c./ha.

Ressalta-se que estes resultados são válidos para o controle de plantas de capim-amargoso que se encontram nos mesmos estádios em que foram realizadas as aplicações dos herbici-das neste trabalho, uma vez que para plantas já entouceiradas/florescidas, o manejo torna-se muito mais com-plexo, necessitando aumento de dose do produto comercial. CC

O capim-amargoso consiste na planta daninha que mais prejuízos tem causado para a agricultura brasileira

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Capim florescido

Aplicações sequenciais de haloxifope-p-metílico para o controle de amargoso

entouceirado ou em florescimento revelam bons resultados com o herbicida

E

studos realizados pelo Departamento de Pesqui-sa da Dow Agrosciences demonstram que, para o controle de amargoso entouceirado ou mesmo em florescimento, a aplicação sequencial de Verdict associado ao glifosato for-nece controle desta espécie. A segun-da aplicação (a sequencial) pode ser realizada após a rebrota, que ocorreu aos 35 dias após a primeira aplicação.

Os resultados demonstraram que a avaliação da aplicação única aos 28 dias após aplicação (DAA), não foi efi-caz para nenhum tratamento aplicado. Entretanto, a aplicação sequencial foi eficaz para todos os herbicidas, sendo igual ao controle observado para o

herbicida Cletodim. Dessa forma, a estratégia de manejo utilizando apli-cações sequenciais é uma ferramenta a ser utilizada pelo agricultor para o controle desta espécie.

Herbicida verdict - r

Verdict – R é um herbicida sele-tivo recomendado para o controle de plantas daninhas de folhas estreitas nas culturas de soja, algodão e feijão, em aplicação em pós-emergência. (Rodrigues & Almeida, 2011). Faz parte do grupo de herbicidas conhe-cidos como inibidores da ACCase, com uma resposta rápida no controle das espécies sensíveis (WSSA, 1994).

Deve ser aplicado com as plantas

daninhas em adequado estado de vi-gor vegetativo, evitando-se períodos de estiagem, horas de muito calor e umidade relativa do ar inferior a 60%. Apresenta translocação via floema e acumula-se nos meristemas. Os sintomas de plantas sob o efeito desse produto são a paralisação do crescimento e o amarelecimento dos meristemas e das folhas jovens. As plantas sensíveis morrem em uma a três semanas. Luiz Zobiole, Gabriel Pereira, Bruno Cavenagui e Gizelly Santos, Dow AgroSciences Dow AgroSciences C C

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Encarte Técnico • Circula encartado na revista Cultivar Grandes Culturas • nº 207 • Agosto 2016 • Capa - Dow AgroSciences Reimpressões podem ser solicitadas através do telefone: (53) 3028.2075

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Controle da

sementeira

Herbicidas pré-emergentes, com efeito residual, são

uma ferramenta importante no combate ao

capim-amargoso em pré-emergência da soja. Diclosulam,

por sua capacidade de ultrapassar a palhada, é uma

ferramenta que, aliada ao manejo correto da cultura,

pode auxiliar a minimizar perdas e a consequentemente

maximizar os resultados do produtor

A

s sementes do capim-amargo-so não precisam de luz para germinar e muitas vezes nas-cem embaixo da palha ou ainda quando a cultura já está fechada. Nestes casos, a oportunidade de controle reside no uso de herbicidas pré-emergentes com efeito residual

Spider 840 WG (diclosulam) é uma alternativa amplamente difundida entre os agricultores, por sua seletividade à cultura e amplo espectro de controle. Neste sentido, a Universidade Estadual de Maringá desenvolveu trabalhos mos-trando a eficiência do Spider no controle da sementeira do capim-amargoso, além de sua seletividade para a cultura.

Estes resultados demonstram o potencial de uso do Spider 840 WG

na cultura da soja, visto que, além de proporcionar um período residual longo, este herbicida também apresenta amplo espectro de ação sobre diversas espécies. Além de ser um herbicida que ultrapassa a palhada, importante característica no combate a essa planta daninha que ger-mina mesmo sem luz, ou seja, embaixo da palha.

Outra característica importante é que nenhum sintoma visual de injúria foi constatado nas plantas de soja após

Doses1/ 29,8 35,7 41,7 -Tratamentos Spider 840 WG Spider 840 WG Spider 840 WG Testemunha no mato Tabela 1 28 DAA 67,5 75,0 85,7 0,0 42 DAA 59,5 78,0 86,7 0,0

% de controle de capim-amargoso2/ Produtividade (kg ha-1)

1429,6 2467,7 2629,6 745,9

a aplicação dos herbicidas.

Para o controle de capim-amargoso em pré-emergência, existem, também, outros herbicidas, de mecanismos de ação distintos que possuem eficácia nesta modalidade, como inibidores de divisão celular, inibidores do fotossiste-ma II, inibidores da síntese de carote-noides, inibidores da ALS e inibidores da Protox. Aliado a isso, ressalta-se que o capim-amargoso possui desenvolvi-mento inicial lento, sendo suprimido pela cultura ou mesmo pela presença de outras plantas daninhas. Portanto, o ma-nejo efetivo desta espécie é baseado em um conjunto de medidas (controle com herbicidas pré e pós-emergentes + bom manejo da cultura) que, ao serem ado-tadas da maneira correta e no momento certo, resultam em menores perdas de produtividade por matointerferência e consequentemente maior rentabilidade para o produtor.

Spider 840 WG

Estratégias de controle com o uso de herbicidas pré-emergentes com mecanismo de ação diferenciado são de grande relevância para o manejo da

Digitaria insularis na cultura da soja.

Um dos produtos registrados para a aplicação e controle da sementeira do capim-amargoso é o Spider.

Nesse sentido, o diclosulam, pro-duto comercial Spider 840 WG, é mais uma ferramenta para o controle desta espécie que está disponível aos agricultores para ser utilizada neste importante combate.

Jamil Constantin,

Rubem Silvério de Oliveira Jr, Denis Fernando Biffe,

Fabiano Aparecido Rios e Hudson Kagueyama Takano,

NAPD/UEM

Luiz Henrique Saes Zobiole,

Dow AgroSciences

Dow AgroSciences

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Referências

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