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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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Academic year: 2021

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Registro:2011.0000033654

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos destes autos do Apelação nº 0015245-35.2005.8.26.0565, da Comarca São Caetano do Sul, em que são apelantes MARIA TEREZINHA CARBOGNIN (ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA), MARCELO CARBOGNIN, NEUSA FUGITA CARBOGNIN, VALERIA CRISTINA LINARES, MARIA MADALENA LINARES e LIDIA LINARES sendo apelados CLAUDIA MARIA VITOR LINARES, ANA PATRICIA LINARES, MARIA MADALENA LINARES, JULIO CESAR LINARES e SAMUEL VITOR LINARES.

ACORDAM, em 3ª Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação do Exmos. Desembargadores DONEGÁ MORANDINI (Presidente sem voto), BERETTA DA SILVEIRA E EGIDIO GIACOIA.

São Paulo, 12 de abril de 2011

João Pazine Neto RELATOR Assinatura Eletronica

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0015245-35.2005.8.26.0565

Apelação Nº 0015245-35.2005.8.26.0565 Comarca: São Caetano do Sul

Apelantes: Maria Terezinha Carbognin, Marcelo Carbognin, Neusa Fugita Carbognin, Valeria Cristina Linares, Maria Madalena Linares e Lidia Linares

Apelados: Claudia Maria Vitor Linares, Ana Patricia Linares, MARIA Madalena Linares, Julio Cesar Linares e SAMUEL VITOR Linares

Voto nº 0517

Extinção de condomínio Alienação judicial de bem imóvel comum Possibilidade Ausência de inventário com registro de formal de partilha Desnecessidade Hipótese que se enquadra nos artigos 1.320 e 1.322 do Código Civil vigente Sentença de extinção do processo sem resolução do mérito afastada Aplicação do artigo 515, § 3º, do CPC Recurso provido.

Trata-se de ação de alienação judicial de bem imóvel comum c/c arbitramento de aluguel julgada extinta sem resolução do mérito pela r. sentença de fls. 222/228, cujo relatório adoto, com condenação das Autoras nas custas processuais e honorários advocatícios arbitrados em 10% sobre o valor atribuído à causa, observado, se o caso, o disposto na Lei nº 1060/50.

Apelam as Autoras para buscar a inversão do julgado, com alegação de que a r. sentença não observou que o ponto controvertido da ação seria a extinção do condomínio existente sobre o imóvel localizado na Rua Oswaldo Cruz nº 707, São Caetano do Sul. Argumentam mais que não é correto o entendimento que com o falecimento do herdeiro Paulo Linares, irmão das Autoras, estas deveriam legalizar a partilha em nome dos seus herdeiros, pois esta obrigatoriedade seria dos próprios

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herdeiros do falecido. E mais, presente o juízo de admissibilidade, posto que juntados todos os documentos e provas indispensáveis à caracterização do condomínio incidente sobre o imóvel. Pretendem ainda o reconhecimento da revelia no que refere ao Réu Samuel Vitor Linares, que não contestou a ação. Assim, pretendem o provimento do recurso para prosseguimento da ação no Juízo de origem.

O recurso foi recebido e processado sem oferta de contrarrazões. Dispensado o preparo, porque as Autoras são beneficiárias da Justiça gratuita (fl. 41).

É o relatório.

Ressalvado o douto entendimento da nobre prolatora da r. sentença de fls. 222/228, o recurso merece prosperar.

Da análise do processo, não transparece nenhum obstáculo à extinção do condomínio, sem a necessidade da precedente partilha. É dos artigos 1.320 e 1.322 do novo Código Civil a possibilidade de alienação judicial do imóvel em comum, para extinção do condomínio, uma vez presente a impossibilidade de divisão sem que o imóvel se torne impróprio a seu destino.

Demonstrada que está a impossibilidade de acordo entre as partes para uma cômoda divisão, justificado se encontra o pleito de alienação judicial do imóvel, com vistas à extinção do condomínio e posterior divisão do valor conseguido. Sob esse aspecto, vislumbra-se que existe o interesse processual na alienação do bem comum. A necessidade da anterior partilha do imóvel, no que respeita ao quinhão de propriedade do condômino já falecido, não se mostra como essencial, pois não há dúvida da existência do condomínio e a falta de partilha apenas implicará em uma diminuição no valor que poderá ser obtido com eventual alienação do imóvel a terceiros, pois essa circunstância deverá ficar expressamente enunciada no edital correspondente.

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Da obra Código Civil comentado, Doutrina e Jurisprudência, Coordenador o Ministro Cezar Peluso (4ª edição, pág. 1329), extrai-se o seguinte o comentário ao artigo 1320,: “Diziam os romanos que a comunhão é a mãe da

discórdia. Não resta dúvida de que constitui fonte permanente de conflitos e tensão, daí ser considerada forma anormal, de caráter transitório. Conseqüência disso é a regra enunciada na cabeça do artigo em estudo, seguindo antigo aforismo romano: ninguém pode ser compelido a permanecer em condomínio contra a sua vontade. Enunciando a regra de modo inverso, a persistência do condomínio exige o assentimento unânime de todos os condôminos”.

Assim, exigir-se a propositura de processo de inventário com posterior partilha de bens seria perpetuar o conflito existente entre as partes envolvidas nessa ação. Registre-se, mais, que todos os herdeiros de Paulo Linares estão representados nos autos, além do fato de que com a morte há a transmissão dos bens e o inventário apenas formaliza esse direito. Admitir-se o contrário seria eternizar o condomínio e deixar a medida à discricionariedade dos herdeiros do condômino falecido, com a protelação da abertura da sucessão, que de há muito já deveria ter sido realizada (óbito ocorrido aos 04.07.90 fl. 118). Nesse sentido, já se manifestou a jurisprudência deste Tribunal:

“ALIENAÇÃO JUDICIAL DE COISA COMUM - Indeferimento da inicial - Cassação - Inexistência de propriedade formal sobre o imóvel comum, que não impede possa haver a alienação judicial dos direitos sobre o bem imóvel - Inexiste norma impeditiva de alienação judicial de direitos de adquirente sobre imóvel a ser regularizado, desde que cientificados os eventuais arrematantes de tal problema Recurso provido, para cassar a decisão e determinar o prosseguimento do feito” (TJSP, Apelação Cível nº

994.09.298232-5, rel. Des. Natan Zelinschi de Arruda, julg. 10/02/2011, com menção a outro julgado).

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No mais, a hipótese é de aplicação do artigo 515, § 3º, do CPC, por se encontrar a demanda em condições de imediato julgamento.

Restou demonstrado que as partes são condôminas do imóvel localizado na Rua Oswaldo Cruz, nº 707, em São Caetano do Sul, matrícula nº 10.510, do 2º Registro de Imóveis daquela Comarca, assim como a impossibilidade de sua divisão (ver laudo de fls. 91/114).

Presente a hipótese do artigo 1.322 do Código Civil. O imóvel, conforme laudo pericial encartado às fls. 90/114 não comporta divisão, porque caso ocorresse a sua metragem seria inferior ao mínimo exigido, o que conduziria à sua reprovação pela municipalidade e pelo registro imobiliário. Os condôminos não chegaram a um acordo sobre a destinação do imóvel e também não aceitam adjudicá-lo a um ou mais condôminos. Possível assim a extinção do condomínio pretendida.

No que se refere às edificações existentes no imóvel, é de ser reconhecer que a construção da edícula e a cozinha externa, empreendidas pelos Réus, agregaram valor ao imóvel e devem ser indenizadas a quem as introduziu, sob pena de enriquecimento sem causa dos demais, conforme também entendeu o Dr. Promotor de Justiça oficiante no primeiro grau (fls. 215/220). Será observado o valor indicado no laudo pericial para tanto.

Por fim, possível também o arbitramento de aluguel, dado que os Réus utilizam-se do imóvel por longo tempo e com exclusividade. O laudo pericial apurou um valor locatício mensal do imóvel no valor de R$ 759,68 e, não constando do processo outro valor, é razoável seja ele o adotado. Contudo sendo os Réus detentores da fração ideal de 25% do imóvel, esse percentual deverá ser descontado do valor locatício. Portanto, fica o aluguel arbitrado em R$ 570,00, devidos

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a partir da citação, para as Autoras, pela parte ideal que a elas toca.

Diante do exposto, dou provimento ao recurso para afastar a extinção do processo e, nos termos do artigo 515, § 3º, do Código de Processo Civil, julgo a ação procedente, para determinar a extinção do condomínio do bem imóvel melhor descrito às fls. 18/19. Determino sua alienação judicial em hasta pública, com garantia do direito de preferência aos condôminos, reconhecido aos Réus a indenização pelas construções realizadas no imóvel pelo valor indicado no laudo pericial de fls. 90/114. Arbitro aluguel no valor de R$ 570,00, a ser pago às Autoras, pela proporção por elas titulada, devidos a partir da citação. Do edital para alienação do bem deverá constar de forma expressa que a parte do imóvel titulada por Paulo Linares depende de inventário para regularização da sucessão “causa mortis”. Fica invertida a sucumbência.

João Pazine Neto Relator

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