• Nenhum resultado encontrado

ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL. Carlos Renato Antunes Lopes

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL. Carlos Renato Antunes Lopes"

Copied!
142
0
0

Texto

(1)

Carlos Renato Antunes Lopes

UFRJ - Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administração – COPPEAD.

Mestrado em Administração

Orientador: Cláudio Roberto Contador

Ph.D. em Economia

Rio de Janeiro

(2)

ANÁLISE DE INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL

Carlos Renato Antunes Lopes

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administração – COPPEAD – da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ –, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre.

Aprovada por:

Prof. ______________________________________ - Orientador Prof. Cláudio Roberto Contador - UFRJ / COPPEAD Ph.D. em Economia

Prof. ______________________________________

Prof. Agrícola de Souza Bethlem - UFRJ / COPPEAD D.Sc. em Administração

Prof. ______________________________________ Prof. Carlos Alberto Cosenza - UFRJ / COPPE D.Sc. em Engenharia de Produção

Rio de Janeiro 1998

(3)

LOPES, Carlos Renato Antunes.

Análise da indústria de papel e celulose no Brasil / Carlos Renato Antunes Lopes. Rio de Janeiro: UFRJ / COPPEAD, 1998.

xii , 130 p. il.

Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD.

1. Análise estrutural 2. Indústria de celulose 3. Indústria de papel e papelão 4. Tese (Mestrado – UFRJ / COPPEAD). I. Título

(4)

AGRADECIMENTOS

O desenvolvimento desta tese de mestrado somente foi possível devido à colaboração de algumas pessoas, às quais gostaria de realizar um agradecimento especial.

Renato Correa Lopes e Zuleide Antunes Lopes, meus pais, agradeço pelo amor e pela dedicação durante toda a vida, permitindo concluir meus estudos e realizar este trabalho.

Valeska de Souza Barbosa, minha companheira, agradeço pelo amor e pela paciência nestes últimos 2 anos.

Cláudio Roberto Contador, orientador da tese, agradeço pela paciência e pela orientação durante todo o trabalho.

José Carlos Garbes, colega de trabalho da Cia Suzano de Papel e Celulose, agradeço pelo farto material fornecido para este trabalho e pelos comentários.

(5)

LOPES, Carlos Renato Antunes. Análise da indústria de papel e celulose no Brasil. Orientador: Cláudio Roberto Contador. Rio de Janeiro: UFRJ / COPPEAD, 1998, 130p. Tese.

RESUMO

A maioria dos trabalhos sobre a Indústria de Papel e Celulose no Brasil são aprofundados demais em determinados assuntos, ora sugerindo melhorias no processo produtivo, ora tratando de um segmento de mercado. O presente trabalho tem como objetivo analisar de forma abrangente o Setor, reunindo, em um documento compacto, informações que possam mostrar a realidade atual e os desafios que estão por vir nos próximos anos.

Neste sentido, foram levantados dados junto às principais fontes de documentação que existem sobre o tema. Estes inúmeros dados, devidamente organizados e ordenados, foram tratados analiticamente, tendo como objetivo a obtenção de uma Análise da Indústria de Papel e Celulose, com ênfase no Brasil.

(6)

LOPES, Carlos Renato Antunes. Análise da indústria de papel e celulose no Brasil. Orientador: Cláudio Roberto Contador. Rio de Janeiro: UFRJ / COPPEAD, 1998, 130p. Tese.

ABSTRACT

Most studies about pulp and paper industry in Brazil are too focused in specific subjects, like researching improvements in production process or marketing analysis. This work aims to join in a single document, technical and market information, in order to show how this industry is structured now and which challenges will come next years.

In this sense, informations collected from many pulp and paper sources, have been selected and organised, and data has been treated mathematically to give an Analysis of the Brazilian Pulp and Paper Industry.

(7)

LISTA DE QUADROS

p.

Quadro 1 - Dados Ambientais de Plantas Químicas de Celulose no Mundo ...35

Quadro 2 - Tarifas de Importação de Papel e Celulose no Brasil...61

Quadro 3 - Custos de Produção de Celulose dos Principais Produtores Mundiais ...64

Quadro 4 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente Agregado de Papel ... 109

Quadro 5 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel de Imprensa... 110

Quadro 6 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Cartão ... 112

Quadro 7 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Embalagem... 113

Quadro 8 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel de I&E... 114

Quadro 9 - Resultados Empíricos da Regressão do Consumo Aparente de Papel Especial ... 116

(8)

LISTA DE TABELAS

p.

Tabela 1 - Maiores Grupos Produtores de Papel e Celulose no Mundo ...32

Tabela 2 - Capacidade dos Principais Países por Tipo de Fibra ...41

Tabela 3 - Consumo Mundial de Celulose Sulfato Branqueada de Mercado ...42

Tabela 4 - Maiores Produtores de Celulose de Eucalipto no Mundo ...42

Tabela 5 - Maiores Exportadores de Celulose por Tipo de Fibra no Mundo...43

Tabela 6 - Maiores Unidades Fabris de Celulose no Mundo...44

Tabela 7 - Consumo Mundial de Papel...48

Tabela 8 - Consumo Mundial de Papel por Tipos ...48

Tabela 9 - Principais Países Produtores e Principais Países Consumidores ...49

Tabela 10 - Países com Maior % de Reciclagem de Papel ...62

Tabela 11 - Principais Fabricantes de Celulose no Brasil...68

Tabela 12 - Principais Fabricantes de Celulose de Mercado no Brasil...68

Tabela 13 - Taxas de Crescimento Anual da Produção de Papel por Segmento no Brasil ...70

Tabela 14 - Principais Fabricantes Brasileiros de Papel em Toneladas ...71

Tabela 15 - Evolução da Exportação por Segmentos no Brasil ...76

Tabela 16 - Destino das Exportações Brasileiras de Papel...77

Tabela 17 - Evolução dos Principais Grupos Exportadores no Brasil ...78

Tabela 18 - Principais Exportadores de Celulose no Brasil...78

Tabela 19 - Destino das Exportações Brasileiras de Celulose ...79

Tabela 20 - Evolução da Importação de Papel por Segmentos no Brasil...80

Tabela 21 - Origem das Importações Brasileiras de Papel...81

Tabela 22 - Crescimento da Produção de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil...85

Tabela 23 - Crescimento da Produção de Papéis de Embalagem no Brasil...91

Tabela 24 - Crescimento da Produção de Papéis Sanitários no Brasil...95

Tabela 25 - Crescimento da Produção de Papéis de Cartões e Cartolinas no Brasil... 100

(9)

LISTA DE FIGURAS

p.

Figura 1 - Fluxo da Extração da Celulose através do Processo Químico...19

Figura 2 - Processo de Fabricação desenvolvido por Ts’Ai Lun...22

Figura 3 - Fluxo do Processo de Fabricação de Papel...23

Figura 4 - Participação de Fibras Virgens na Produção de Papel...37

Figura 5 - Evolução do Preço da Celulose Sulfato Branqueada de Fibra Longa...39

Figura 6 - Comparação dos Preços da Celulose de Fibra Longa e Fibra de Eucalipto...40

Figura 7 - Saldo do Setor de Papel e Celulose na Balança Comercial Brasileira ...54

Figura 8 - Principais Fabricantes de Papel no Brasil...55

Figura 9 - Principais Produtores de Celulose de Mercado no Brasil ...55

Figura 10 - Principais Fabricantes de Celulose no Brasil ...56

Figura 11 - Distribuição Geográfica da Produção de Papel no Brasil...57

Figura 12 - Distribuição Geográfica da Produção de Celulose no Brasil...57

Figura 13 - Participação do Setor de Papel e Celulose nas Exportações Brasileiras ...61

Figura 14 - Participação de Setor de Papel e Celulose nas Importações Brasileiras...62

Figura 15 - Ciclo Médio de Corte em Diversas Regiões do Mundo...63

Figura 16 - Produção por Tipo de Pasta Celulósica no Brasil...67

Figura 17 - Evolução da Produção de Celulose no Brasil...67

Figura 18 - Produção de Papel por Segmento no Brasil...69

Figura 19 - Evolução da Produção de Papel no Brasil - Todos os Segmentos ...70

Figura 20 - Evolução da Produção x Consumo Aparente de Papel no Brasil -Todos os Segmentos...72

Figura 21 - Evolução do Consumo de Papel no Brasil - Todos os Segmentos ...73

Figura 22 - Evolução do Consumo per capta de Papel no Brasil...74

Figura 23 - Comparação do PIB per capta com a Renda per capta no Mundo...74

Figura 24 - Evolução da Importação, Exportação e Saldo da Balança Comercial para o Setor Papeleiro ...75

Figura 25 - Exportação de Papel por Segmentos no Brasil...76

Figura 26 - Principais Grupos Exportadores no Brasil...77

Figura 27 - Importação de Papel por Segmentos no Brasil...80

Figura 28 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente dos Papéis de I&E no Brasil...86

Figura 29 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Papéis de Imprensa no Brasil...86

Figura 30 - Evolução do Consumo per capta de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil...87

Figura 31 - Evolução do Consumo per capta de Papéis de Imprensa no Brasil ...87

Figura 32 - Produção de Papéis de Imprimir & Escrever por Segmentos no Brasil...88

Figura 33 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil...88

Figura 34 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis de Imprimir & Escrever...89

Figura 35 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis de Imprensa no Brasil...90

Figura 36 - Principais Produtores de Papéis de Imprimir & Escrever no Brasil...90

Figura 37 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente dos Papéis de Embalagem no Brasil ...92

Figura 38 - Evolução do Consumo per capta de Papéis de Embalagem no Brasil...92

Figura 39 - Produção de Papéis de Embalagem por Segmentos no Brasil...93

Figura 40 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis de Embalagem no Brasil...93

Figura 41 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis de Embalagem no Brasil...94

Figura 42 - Principais Produtores de Papel de Embalagem no Brasil...94

Figura 43 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Papéis Sanitários no Brasil...96

Figura 44 - Evolução do Consumo per capta de Papéis Sanitários no Brasil ...96

Figura 45 - Produção de Papéis Sanitários por Segmentos no Brasil ...97

Figura 46 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis Sanitários no Brasil...97

Figura 47 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis Sanitários no Brasil...98

Figura 48 - Principais Produtores de Papéis Sanitários no Brasil...99

Figura 49 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Cartões e Cartolinas no Brasil... 100

Figura 50 - Evolução do Consumo per capta de Cartões e Cartolinas no Brasil... 101

Figura 51 - Produção de Cartões e Cartolinas por Segmentos no Brasil ... 101

(10)

Figura 53 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Cartões e Cartolinas no Brasil ... 103

Figura 54 - Principais Produtores de Cartões e Cartolinas no Brasil... 103

Figura 55 - Evolução da Produção e do Consumo Aparente de Papéis Especiais no Brasil... 105

Figura 56 - Evolução do Consumo per capta de Papéis Especiais no Brasil ... 105

Figura 57 - Produção de Papéis Especiais por Segmentos no Brasil ... 106

Figura 58 - Distribuição Geográfica da Produção de Papéis Especiais no Brasil... 106

Figura 59 - Evolução da Importação, Exportação e Sado dos Papéis Especiais no Brasil... 107

Figura 60 - Principais Produtores de Papéis Especiais no Brasil... 108

Figura 61 - Regressão do Consumo Aparente de Papel Agregado ... 109

Figura 62 - Regressão do Consumo Aparente de Papel de Imprensa... 111

Figura 63 - Regressão do Consumo Aparente de Cartão ... 112

Figura 64 - Regressão do Consumo Aparente de Papel de Embalagem... 113

Figura 65 - Regressão do Consumo Aparente de Papel de Imprimir & Escrever... 115

Figura 66 - Regressão do Consumo Aparente de Papel Especial ... 116

(11)

SUMÁRIO PARTE I: INTRODUÇÃO p. 1 INTRODUÇÃO... 001 1.1 Objetivo... 001 1.2 Organização do estudo... 001 1.3 Evolução histórica... 002

PARTE II: INFORMAÇÕES TÉCNICAS 2 PASTAS PARA FABRICAÇÃO DO PAPEL... 007

3 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DO PAPEL... 008

3.1 Papéis para Imprimir... 008

3.2 Papéis para Escrever... 010

3.3 Papéis para Embalagem... 011

3.4 Papéis para Fins Sanitários... 013

3.5 Cartões, Cartolinas e Papelão... 014

3.6 Papéis Especiais... 016

4 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA CELULOSE... 018

4.1 Picagem... 020

4.2 Polpação... 020

4.3 Branqueamento... 021

5 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PAPEL... 022

5.1 Preparação da massa... 023

5.2 Máquina de papel... 025

5.3 Aplicações e tratamentos de superfície... 027

5.4 Acabamento... 028

PARTE III: INFORMAÇÕES DE MERCADO 6 A INDÚSTRIA EM NÍVEL MUNDIAL... 029

6.1 Características das indústrias de celulose... 036

6.1.1 Estratégias competitivas... 040

(12)

6.2 Características das indústrias de papel... 044

6.2.1 Estratégias competitivas... 047

6.2.2 Produção, consumo e comércio mundial... 047

6.3 Principais países produtores... 049

6.4 Tendências da indústria ... 051

7 A INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE NO BRASIL...053

7.1 Competitividade internacional... 063

7.2 Produção de celulose... 066

7.3 Produção e consumo de papel... 069

7.4 Exportação e importação de papel e celulose... 074

7.5 Estudos e sugestões para o setor... 081

7.6 Previsões de crescimento e investimento... 084

8 ANÁLISE SEGMENTADA DO MERCADO... 084

8.1 Papéis para Imprimir & Escrever... 084

8.2 Papéis para Embalagens... 091

8.3 Papéis para Fins Sanitários... 095

8.4 Cartões e Cartolinas... 099

8.5 Papéis Especiais... 104

9 ANÁLISE ECONOMÉTRICA DOS SEGMENTOS DE PAPEL... 108

9.1 Regressão do consumo agregado de papel... 109

9.2 Regressão do consumo de papel de Imprensa... 110

9.3 Regressão do consumo de Cartão... 111

9.4 Regressão do consumo de papel de Embalagem... 113

9.5 Regressão do consumo de papel de Imprimir & Escrever... 114

9.6 Regressão do consumo de papel Especial... 115

9.7 Regressão do consumo de papel para Fins Sanitários... 117

PARTE IV: CONCLUSÃO 10 CONCLUSÃO... 118

(13)

1.1 Objetivo

O presente trabalho é um ensaio sobre a Indústria de Papel e Celulose no Brasil e no mundo. Seu objetivo é mostrar, de forma abrangente, a formação e a organização do Setor, servindo como fonte para estudos mais aprofundados sobre o assunto.

A Indústria de Papel e Celulose é de grande importância para a economia brasileira, sendo responsável por, aproximadamente, 1% do PIB do país. Devido a esta relevância, diversas entidades e institutos de pesquisa realizam vários estudos que primam pela excelente qualidade. A maior parte dos estudos, entretanto, ou está voltada para o processo produtivo, focando assuntos muito específicos, ou abordam apenas um segmento do setor, sendo portanto limitados pela própria natureza. O mérito desta pesquisa exploratória é o de reunir, de forma compacta, o resultado de inúmeras pesquisas já realizadas, com o objetivo de criar uma visão abrangente sobre como está estruturado este importante setor industrial do país. O trabalho também incluiu testes econométricos, para determinar qual seria a variável que melhor poderia explicar a variação do consumo de papel no Brasil, sendo que o PIB foi a variável mais expressiva.

1.2 Organização do estudo

O presente estudo foi dividido em 4 partes. A primeira parte – capítulo 1 –, contém uma narrativa básica da evolução histórica da

(14)

indústria de papel e celulose no Brasil. A segunda parte – capítulos 2 a 5 –, contém informações técnicas sobre a indústria. A terceira parte – capítulos 6 a 9 –, contém informações de mercado. A quarta parte – capítulo 10 –, contém a conclusão do estudo. Os capítulos de 2 a 5 apresentam as classificações para os diversos tipos de celulose e papel existentes, seguido de uma breve descrição dos respectivos processos de fabricação. Os capítulos 6 e 7 apresentam a forma como a indústria está estruturada no Brasil e no mundo, juntamente com a revisão bibliográfica. O capítulo 8 contém uma análise segmentada do mercado brasileiro e no capítulo 9 são apresentados os resultados dos testes econométricos. A conclusão revisa os desafios da indústria para os próximos anos.

1.3 Evolução histórica

A primeira fábrica de papel foi instalada no Brasil em 1852, porém até 1950, o país possuía apenas uma série de pequenas fábricas de papel, importando praticamente toda a celulose que consumia. O número de empresas foi crescendo à medida que aumentavam o mercado consumidor e a demanda. Os primeiros investimentos significativos no setor surgiram com o Plano de Metas do Governo Kubitschek (1956-1960). Seguindo o modelo clássico de substituição das importações, houve um incentivo de criação de fábricas para cobrir faixas de demanda que:

1) Não podiam ser atendidas pela importação, como o caso de papéis de qualidade inferior, papéis de baixa relação volume/preço, papéis de embrulho e embalagens simples;

(15)

2) Produtos que o alto volume de importação tornou viável a instalação de unidades produtivas, como era o caso de papéis de imprimir & escrever;

O Plano de Metas foi importantíssimo ao definir uma clara intenção do governo em desenvolver substancialmente o setor, com ênfase no atendimento do mercado consumidor, sem ainda considerar as vantagens competitivas existentes no Brasil para implantar fábricas voltadas para a exportação. A partir de então, o governo passou a apoiar sistematicamente o desenvolvimento desta indústria através de medidas tarifárias e de financiamento, principalmente através do BNDES.

O aumento da produção de papel fez crescer proporcionalmente a demanda por celulose, criando condições para o desenvolvimento das fábricas de pasta celulósica. Um dos problemas logo enfrentados foi o de que a tecnologia de fabricação do papel utilizava basicamente celulose de coníferas, árvores das quais se extrai celulose de fibra longa. Isto fazia que países com condições climáticas pouco favoráveis para a produção deste tipo de árvore, como era o caso do Brasil, ficassem dependentes da importação de celulose para a fabricação de papel. A partir de pesquisas iniciadas em 1954 pela Indústria de Papel Leon Feffer S.A. (atual Cia Suzano de Papel e Celulose), contando com apoio da Universidade da Flórida, foi aperfeiçoado o processo de fabricação de papel utilizando 100% de celulose de eucalipto. O eucalipto, árvore do ramo das folhosas, que fornece celulose de fibra curta, mostrou-se extremamente produtivo para grandes plantações no Brasil.

(16)

Uma pesquisa concluída em 1967, pela empresa José Carlos Associados – Consultores Industriais –, entitulada “Pesquisa sobre a Estrutura Brasileira de Produção e de Consumo de Papel e Celulose”, analisou um universo de 282 fábricas de celulose, de pasta mecânica e de todos os tipos de papel, traçando um perfil da indústria no Brasil. A pesquisa demonstrou, já naquela época, uma forte correlação entre o aumento da renda per capta e o aumento do consumo de papel. Revelou também, que as empresas brasileiras careciam de capacidade produtiva capaz de gerar economias de escala para redução dos custos unitários, maior eficiência de produção e de introdução de modernas técnicas de administração. A pesquisa serviu de base para o governo estabelecer novas diretrizes para o financiamento do setor, exigindo volumes mínimos, induzindo progressivamente o aumento da capacidade produtiva e a formação de maciços florestais para o fornecimento de matéria-prima.

Em 1968, a empresa norueguesa Borregaard instalou, com o apoio e a participação do governo, uma unidade fabril no Rio Grande do Sul, voltada para a exportação de celulose não-branqueada de fibra curta. Este projeto é considerado um marco do desenvolvimento do setor pelas seguintes características:

• O projeto da multinacional demonstrava para os brasileiros que a celulose de fibra curta reunia condições competitivas no mercado internacional;

• A capacidade produtiva de 500 t/dia, um volume bastante

(17)

de 100 t/dia), mostrava que para ser competitivo no mercado internacional seria importante a utilização de economia de escala;

• A localização da fábrica em Porto Alegre acarretou custos sociais e ambientais para a população, demonstrando a necessidade de equipamentos e legislação de controle ambiental;

As relações entre brasileiros e noruegueses se deterioraram por motivos diversos, levando a empresa norueguesa a se desfazer de sua participação no país. Atualmente a fábrica pertence à Rio Grande do Sul Cia. de Celulose S.A. (Riocell).

Os anos 70 foram de reviravolta no setor, com o aumento do preço das matérias-primas no mercado internacional e os choques de preço do petróleo. O aumento do déficit em conta corrente exigiu do país um novo ciclo de substituição das importações e um maior volume de exportações. O primeiro grande ciclo de investimentos no setor tem início com o

lançamento do II PND − Plano Nacional de Desenvolvimento −, e do I

PNPC − Plano Nacional de Papel e Celulose −, durante o governo Geisel (1974-1979). O objetivo de fortalecer o empresariado nacional, aliado à uma estratégia de integração competitiva, fizeram o governo realizar uma injeção relevante de recursos no setor (oriundos do PIS-Pasep), inclusive com a injeção de recursos não-exigíveis, sob a forma de participação direta ou de financiamento aos acionistas nos projetos considerados prioritários. A política industrial incentivava, através do financiamento público e de vantagens fiscais, à expansão da capacidade produtiva, à formação de maciços florestais, à melhoria da eficiência e à melhoria da produtividade

(18)

nas unidades fabris, visando o auto-abastecimento e a inserção do país no cenário internacional. Como resultado desta política formaram-se as grandes empresas que existem hoje no setor, como a Aracruz, Klabin, Suzano, Votorantim, Ripasa, dentre outras.

Em 1974, outro marco do desenvolvimento do setor no Brasil foi o projeto da Aracruz Celulose, com volume de investimentos superior a US$ 400 milhões e capacidade de produção acima de 1.000 toneladas/dia. O projeto foi classificado de êxito duvidoso pelo IFC (International Finance

Corporation) por considerar que o país não dispunha de experiência para

realizar um empreendimento desta magnitude e que o retorno não compensaria. O governo financiou o projeto sozinho e a Aracruz Celulose é atualmente a maior unidade fabril de celulose do mundo e também um dos principais fornecedores internacionais de celulose, colocando o Brasil entre os produtores de celulose de maior potencial do mundo.

Os anos 80 foram de consolidação da posição brasileira no mercado internacional com o lançamento do II PNPC, incentivando mais uma vez o aumento da capacidade, o aumento da competitividade, a melhoria dos padrões de qualidade, a uniformidade dos produtos, a proteção ambiental, a melhoria do processo produtivo e a melhoria dos controles de processo, através da introdução de novos equipamentos. A retração econômica na primeira metade da década contraiu o mercado interno, fazendo com que as empresas destinassem uma parte maior da produção para as exportações. Projetos que foram desenvolvidos nesta década levaram à construção da Bahia Sul Celulose, da Inpacel e da Companhia Florestal Monte Dourado(Projeto Jari).

(19)

A primeira metade dos anos 90 foi muito difícil para as empresas nacionais, devido à crise econômica provocada pelos Planos Collor I e II, pela queda geral dos preços do papel e da celulose no mercado internacional e pela internacionalização e globalização do setor, com a diminuição das barreiras tarifárias. A segunda metade vem sendo marcada pela lenta recuperação das empresas do setor, aliada à retomada da atividade industrial.

2 PASTAS PARA FABRICAÇÃO DO PAPEL

As pastas celulósicas para a fabricação do papel diferem umas das outras de acordo com o processo de fabricação, com a quantidade de produtos químicos adicionados e com os percentuais residuais dos compostos originais. As principais classificações das pastas, segundo a BRACELPA (1998, p. 5), são:

Pasta Química: Obtida através do processo estritamente químico para eliminar grande parte dos componentes não-celulósicos dos vegetais, como lignina, hemiceluloses e extrativos.

Pasta Semiquímica: Obtida através da combinação de processos

químico e mecânico para eliminação dos materiais não celulósicos.

Pasta Mecânica: Obtida da madeira por processo estritamente

(20)

Pasta Mecanoquímica: Obtida pela combinação de processos mecânico e químico;

Pasta Quimitermomecânica(CTMP): Obtida pela combinação dos

processos químico, térmico e mecânico;

Pasta Quimimecânica(CMP): Semelhante à pasta mecanoquímica, pois

é obtida pela combinação dos processos químico e mecânico. A diferença está na ordem em que os processos são aplicados;

Pasta Branqueada e Pasta Não Branqueada: Pasta que foi ou não

modificada pelo processo de branqueamento.

3 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DO PAPEL

Os papéis são classificados de acordo com suas finalidades e os beneficiamentos que receberam durante a fabricação. As principais classificações, segundo a BRACELPA (1998, p. 9-18), são as seguintes:

3.1 Papéis para Imprimir

Os papéis para imprimir são classificados nas seguintes categorias:

Acetinados: Papéis com gramatura variando de 56 g/m2 a 90 g/m2, fabricados, dependendo do tipo, com pasta química branqueada, aparas ou pasta mecânica. Características: brilho em ambas as faces, sem

(21)

revestimento “couchê”, devido ao seu processamento em supercalandra. Subdividido em: Acetinado de 1a., Acetinado de 2a., Acetinado em cores e Ilustração. Usado para impressão com fins comerciais, revistas e similares, especialmente em rotogravura.

Bíblia: Papel com gramatura máxima de 50 g/m2, fabricado com pasta química branqueada. Características: alto teor de carga mineral e elevada opacidade, podendo conter ou não linhas d’água. Usado para impressão de bíblias, impressos de espessura baixa e similares.

Couchê: Papel com gramatura variando de 85 g/m2 a 240 g/m2,

fabricado com pasta química branqueada. Características: possui as melhores qualidades para a reprodução de “clichés”, devido ao seu revestimento com cargas minerais em uma ou duas faces. Subdividido em: Base para couchê, Couchê fora de máquina e Couchê de máquina. Usado para revistas, panfletos promocionais, catálogos, livros, etc.

Imprensa: Papel com gramatura variando de g/m2 a 56 g/m2, fabricado principalmente com pasta mecânica ou mecanoquímica. Características: pode conter ou não linhas d’água e/ou colagem superficial. Usado para impressão de jornais e periódicos.

Jornal: Papel sem limitação de gramatura, fabricado com pasta

mecânica ou mecanoquímica, similar ao imprensa. Características: pode ser alisado ou monolúcido. Usado para impressos comerciais, blocos de rascunho, etc.

(22)

Monolúcido: Papel com gramatura variando de 56 g/m2 a 120 g/m2, fabricado com pasta química branqueada, pasta mecânica ou aparas, dependendo do tipo. Características: brilho em uma das suas faces, obtido com a utilização do cilindro monolúcido. Subdividido em Monolúcido de 1a. e Monolúcido de 2a. Usado para rótulos, cartazes, sacolas, embalagens e papéis fantasia.

Offset: Papel com gramatura variando de 50 g/m2 a 240 g/m2, fabricado com pasta química branqueada. Características: possui elevada resistência de superfície. Usado geralmente para impressão em “offset”.

3.2 Papéis para Escrever

Os papéis para escrever são classificados nas seguintes categorias:

Apergaminhado (Bond): Papel com gramatura variando de 50 g/m2 a

90 g/m2, fabricado com pasta química branqueada. Características: pode ser branco ou em cores, pode ter ou não marca d’água, alisado , colado e com boa opacidade. Usado para correspondência em geral, formulários, impressos, cadernos escolares, envelopes, etc.

Correspondência Aérea: Papel com gramatura entre 35 g/m2 e 40 g/m2, fabricado com pasta química branqueada. Características: elevada opacidade, pode ter ou não marca d’água. Usado essencialmente em correspondência aérea.

(23)

Segundas Vias (Flor Post): Papel com gramatura até 32 g/m2, fabricado com pasta química branqueada. Características: branco ou em cores. Usado geralmente para segundas-vias em correspondências ou formulários impressos.

3.3 Papéis para Embalagem

Os papéis para embalagem são classificados nas seguintes categorias:

Estiva e Maculatura: Papel para embrulhos leves, com gramatura

variando de 70 g/m2 a 120 g/m2, fabricado com aparas. Características: acizentado. Usado para embrulhos que não necessitam de boa apresentação, tubetes e conicais.

Manilhinha/Padaria: Papel para embrulhos leves, geralmente com

gramatura variando de 40 g/m2 a 45 g/m2, fabricado com aparas, pasta mecânica ou semiquímica. Características: pode ser monolúcido ou não, geralmente na cor natural e em folhas dobradas. Usado geralmente nas padarias.

Manilha/HD/Hamburguês/Havana/LD/Macarrão: Papel para

embrulhos leves, geralmente com gramatura variando de 40 g/m2 a 100 g/m2, fabricado com pasta mecânica e/ou semiquímica. Características: monolúcidos em cores características ou cor natural. Usado para embrulhos no comércio e nas indústrias.

(24)

Tecido: Papel para embalagens leves, com gramatura variando de 70

g/m2 a 120 g/m2, fabricado com pasta química ou pasta mecânica.

Características: Encontrado geralmente nas cores creme, bege e azul, possuindo uma boa resistência mecânica. Usado essencialmente para embrulho de tecidos e na fabricação de envelopes.

Fósforo: Papel para embalagens leves, com gramatura de 40 g/m2,

fabricado com pasta química. Característica: monolúcido ou não, geralmente na cor azul. Usado principalmente para forrar caixas de fósforos.

Strong: Papel para embalagens leves, com gramatura variando 40 g/m2 a

80 g/m2, fabricado com pasta química, pasta mecânica e/ou aparas,

dependendo do tipo. Características: geralmente monolúcido, branco ou em cores claras. Subdividido em Strong de 1a. e Strong de 2a. Usado principalmente na fabricação de sacos de pequeno porte, forro de sacos e para embrulhos.

Seda: Papel para embalagens leves, com gramatura variando de 20 g/m2

a 27 g/m2, fabricado com pasta química branqueada ou não.

Características: branco ou em cores. Usado para embalagens leves, embrulhos de objetos artísticos, intercalação, enfeites, proteção de frutas, etc.

Impermeáveis: Papel para embalagens leves, com gramatura variando

de 30 g/m2 a 80 g/m2, fabricado com pasta química branqueada ou não, dependendo do tipo. Características: baixa permeabilidade a substâncias

(25)

gordurosas, aspecto translúcido leitoso, branco ou em cores. Subdividido em Pergaminho, Granado, Greaseproof e Fosco. Usado em embalagens de alimentos, base de papel auto-adesivo, proteção de frutas nas árvores, embalagens de substâncias gordurosas, etc.

Kraft: Papel para embalagens pesadas, com gramatura variando de 30

g/m2 a 150 g/m2, fabricado com pasta química sulfato não branqueada de fibra longa ou pasta química, dependendo do tipo. Características: resistência mecânica, resistência ao rasgo e boa resistência ao estouro, monolúcido ou alisado. Subdividido em: Kraft Natural para Sacos Multifolhados, Kraft Natural ou em cores para Outros Fins, Kraft Branco ou em Cores, Tipo Kraft de 1a., e Tipo Kraft de 2a. Usados, dependendo do tipo, para sacos e embalagens industriais de grande porte, sacos e embalagens leves, sacos multifolhados, sacos de açúcar e farinha, embalagens individuais de balas, saquinhos, embrulhos, sacolas e embalagens em geral.

Papel para Papelão Ondulado: Papel para embalagens pesadas, com

gramatura variando de 120 g/m2 a 150 g/m2, fabricado com pasta

semiquímica, pasta mecânica e aparas, dependendo do tipo. Subdividido em Miolo, Capa de 1a. e Capa de 2a. Usado na fabricação de papelão ondulado.

3.4 Papéis para Fins Sanitários

Os papéis para fins sanitários são classificados nas seguintes categorias:

(26)

Higiênico: Papéis para fim específico, com gramatura variando de 25 g/m2 a 35 g/m2, pasta química branqueada ou não, pasta mecânica e aparas, dependendo do tipo. Subdividido em: Popular, Folha Simples de Boa Qualidade, Folha Simples de Alta Qualidade e Folha Dupla de Alta Qualidade.

Toalha: Papel fabricado para fim específico, com gramatura variando de 25 g/m2 a 50 g/m2, fabricado com pasta química e termo-mecânica. Características: natural ou em cores, usado em folha única ou em dupla.

Guardanapo: Papel fabricado para fim específico, com gramatura

variando de 18 g/m2 a 25 g/m2, fabricado com pasta química branqueada. Características: crepado ou não, branco ou em cores, para uso em folha única ou dupla.

Lenço: Papel fabricado para fim específico, com gramatura variando de 15 g/m2 a 18 g/m2, fabricado com pasta química. Características: uso em folhas múltiplas na confecção de lenços faciais e de bolso, branco ou em cores.

3.5 Cartões, Cartolinas e Papelão

Cartões, cartolinas e papelões são papéis com elevadas gramatura e rigidez, características estas requeridas para a produção de cartuchos, mostruários, pastas, caixas pequenas, etc. Eles são classificados nas seguintes categorias:

(27)

Cartão Duplex: Cartão com gramatura variando de 200 g/m2 a 600 g/m2, composto de forro(camada superior) e suporte(camadas inferiores). O forro é fabricado com pasta química branqueada, monolúcido, com ou sem tratamento superficial. O suporte é fabricado com pasta não branqueada e/ou aparas. Usados para fabricação de cartuchos impressos ou não.

Cartão Triplex: Cartão com gramatura e características semelhantes ao

Cartão Duplex, sendo o suporte forrado nas duas faces. Usados para a

fabricação de cartuchos impressos ou não.

Cartão Branco: Cartão com gramatura variando de 120 g/m2 a 270

g/m2, fabricado com uma só massa de pasta química branqueada.

Características: pode ter acabamento especial e pode ser revestido ou não, dependendo da finalidade. Subdividido em Cartão Branco para Embalagem (folding) e Cartão para Copos. Usados geralmente para embalagens com corte e vinco e para fabricação de copos.

Cartolinas ou Cartões em Cores: Cartões coloridos com gramatura

superior a 120 g/m2, fabricados com pasta semiquímica, pasta química branqueada ou não, em uma ou várias camadas, alisado, calandrado ou monolúcido, com ou sem revestimento. Subdividido em Cartões Branco e em Cores para Impressos, e em Outros Cartões Branco e em Cores. Usados em geral para impressos, pastas para arquivos, cartões de visita e comerciais, confecção de fichas impressas e similares, embalagens corte e vinco, etc.

(28)

Papelão: Cartão de elevada rigidez fabricado com pasta mecânica, pasta mecanoquímica, pastas químicas branqueadas ou não, e aparas, dependendo do tipo. Características: Comercializado em formatos e identificados por números de acordo com a espessura das folhas num amarrado de 25 quilos. Subdividido em Papelão Madeira ou Papelão Paraná, Papelão Cinza e Polpa Moldada. Usado na encadernação de livros, suporte para comprovantes contábeis, caixas e cartazes para serem recobertos.

3.6 Papéis Especiais

Os papéis especiais são papéis para fins específicos, como também os papéis que não se enquadram nas classificações anteriores. Estes papéis são divididos nas seguintes categorias:

Base para Carbono: Papel para fim específico, com gramatura até 24

g/m2, fabricado com pasta química. Características: branco ou em cores. Usado como base para fabricação de papel carbono.

Cigarro e afins: Papel para fim específico, com gramatura variando de

13 g/m2 a 40 g/m2, fabricado com pasta química branqueada.

Características: não colado, alta opacidade, combustibilidade controlada, pode ter ou não impregnantes, branco ou em cores, com marca d’água, “velin” ou filigrana. Subdividido em papéis para Cigarro, Ponteiras e Bastão. Usados principalmente para fabricação de cigarros, envoltório externo e interno do filtro dos cigarros.

(29)

Crepados: Papel para fim específico, fabricado principalmente com pasta química. Características: crepagem para aumentar a elasticidade e maciez. Usado para reforço de costura em sacos multifolhados, base para fitas adesivas, germinação de sementes, base para lençóis plásticos, etc.

Desenho: Papel para fim específico, com gramatura variando de 100

g/m2 a 280 g/m2, fabricado com pasta química. Características: tratado de modo a resistir à fricção da borracha.

Heliográfico: Papel para fim específico, com gramaturas variando de 40

g/m2 a 120 g/m2, fabricado com pasta química branqueada.

Características: absorção uniforme, bem colado, alisado, branco ou levemente colorido.

Absorvente e Filtrante: Papéis para fins específicos, com gramatura variando de 18 g/m2 a 400 g/m2, fabricado com pastas químicas de fibras curtas e longas, de acordo com o tipo. Subdividido em: Mata-borrão, Filtrante, Absorvente Base para Laminado e Papel Kraft Absorvente para Impregnação.

Não Classificados: Papéis que não se encaixam nas classificações

anteriores. Entre eles encontram-se o Kraft Especial para Cabos Elétricos, Kraft Especial para Fios Telefônicos e Kraft Especial para Condensadores.

(30)

4 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA CELULOSE

A celulose é o principal insumo para a fabricação do papel, sendo extraída quase que exclusivamente de matérias-primas vegetais, como trapos, linho, algodão, bambu, sisal, árvores, etc. A madeira das árvores é a principal fonte de matéria-prima, devido às seguintes características:

• ser economicamente viável;

• fornecer as características desejadas;

• ser disponível em quantidade todo o ano;

• ser renovável;

As fibras vegetais são classificadas em fibras curtas (com comprimento médio variando de 0,5mm a 1,5 mm) e fibras longas (com comprimento médio variando de 2mm a 5 mm). As fibras longas provêm do ramo vegetal conhecido como Coníferas (Pinus) e as fibras curtas provêm do ramo vegetal conhecido como Folhosas (Eucalyptus).

O Eucalipto, originário da Austrália, foi introduzido no Brasil como árvore decorativa e como quebra-vento no início do séc. XIX, adaptando-se de forma excepcional ao solo e clima brasileiros. O cultivo do Eucalipto no Brasil, em larga escala, para fabricação de celulose teve início na década de 50, sendo que atualmente são necessários, em média, 7 anos para realizar uma colheita, podendo ser realizadas até três colheitas com o mesmo plantio. Isto representa uma grande vantagem competitiva em relação aos países do norte da Europa e Canadá que possuem ciclos de até 70 anos.

(31)

A celulose é extraída da madeira através de diversos processos, sendo que os mais importantes são o químico e o mecânico. No processo químico, a madeira é picada em pequenos pedaços, chamados cavacos, e cozida em uma solução de produtos químicos. No processo mecânico os cavacos são transformados em pasta através de força mecânica. A vantagem do processo mecânico é o aproveitamento da madeira de 90% a 95% contra 40% a 45% no processo químico e a vantagem do processo químico é um maior branqueamento da fibra obtida.

A Figura 1 ilustra as principais fases da extração da celulose através do processo químico, explicadas nas seções a seguir:

(32)

4.1 Picagem

A madeira chega em toras, geralmente por via rodoviária, é armazenada em pátios e depois enviada a um descascador, sendo a casca posteriormente queimada para gerar energia. As toras descascadas seguem através de esteiras até o picador, onde são cortadas em pedaços pequenos chamados cavacos. Os cavacos são peneirados de forma que fiquem dentro de uma faixa de diâmetro preestabelecida, retirando lascas e finos.

4.2 Polpação

Cozimento: O objetivo do cozimento dos cavacos é separar a lignina, extrativos e outros materiais não celulósicos, responsáveis pela união das fibras de celulose. Durante este processo os cavacos são colocados em autoclaves, chamados de cozinhadores ou digestores, onde são tratados com produtos químicos (licor de cozimento) e submetidos à temperatura, pressão e tempo variáveis – dependendo do produto final desejado –, até que se consiga a dissolução do maior grau possível do material não celulósico. Existem dois tipos de digestores: contínuos e descontínuos.

Depuração: O objetivo da depuração é separar os materiais não

cozidos, como impurezas, areia, nós e palitos, do licor resultante do cozimento.

Lavagem: O objetivo da lavagem é separar as fibras (liberadas durante o processo de cozimento) das substâncias extraídas da madeira

(33)

(dissolvidos durante o cozimento) e dos materiais químicos (licor de cozimento).

Pré-Branqueamento e lavagem: O objetivo do pré-branqueamento é a

dissolução da lignina residual através de um tratamento com oxigênio. A seguir a lignina é retirada da massa celulósica através de uma segunda lavagem.

Torre de Estocagem: A celulose pré-branqueada é estocada com uma

concentração de 10% a 12%. Da Torre de Estocagem a celulose pode seguir no processo para o branqueamento ou ir diretamente para as máquinas de papel e/ou unidades de secagem.

4.3 Branqueamento

O objetivo do branqueamento é melhorar as propriedades óticas da pasta celulósica (brancura, alvura, opacidade e estabilidade da pasta). O processo é um processo físico-químico no qual são removidos os derivados da lignina (remanescentes na pasta celulósica após o processo de polpação) e adicionados produtos que modificam quimicamente as substâncias existentes na pasta, descolorando-a. Após este processo a pasta está pronta para ser enviada para as máquinas de papel e/ou unidades de secagem.

(34)

5 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO PAPEL

O papel foi fabricado pela primeira vez por Ts’Ai Lun, oficial do exército chinês no ano 105 da nossa era. Ts’Ai Lun não foi o responsável pela invenção do papel, mas sim pela invenção do processo de fabricação do papel. A Figura 2 ilustra o processo desenvolvido por Ts’Ai Lun, que continua válido até os dias de hoje para a fabricação do papel.

(35)

O processo manual desenvolvido por Ts’Ai Lun foi utilizado até o final do século XVIII, quando na França, em 1799, Louis Nicolas Robert inventou uma máquina que produzia o papel continuamente. O processo atual segue os modelos desenvolvidos por estes dois inventores e pode ser agrupado em grandes módulos como a preparação da massa, a formação na máquina de papel, as aplicações, os tratamentos especiais e o acabamento.

Figura 3 - Fluxo do Processo de Fabricação de Papel

5.1 Preparação da massa

A preparação da massa é realizada para melhorar algumas propriedades físicas e conferir características especiais a determinados tipos de papel, sendo composta das seguintes fases:

(36)

Desagregação: O objetivo da desagregação é formar uma suspensão de fibras em água, com a consistência adequada, onde serão adicionados os demais compostos como corantes, cargas minerais, etc. A celulose, em uma fábrica integrada, já está em estado líquido, sendo necessário apenas a colocação dos aditivos, porém com o reaproveitamento de refiles e aparas sempre existirá algum tipo de desagregador. A celulose, nas fábricas não integradas, chega em forma de blocos (pasta celulósica), sendo colocada nos tanques desagregadores juntamente com um percentual de aparas para economizar celulose.

Refinação: O objetivo do refino é melhorar as propriedades mecânicas do papel. As fibras são estruturas de várias camadas e sua camada superficial é muito fina, composta de fibrilas entrelaçadas de forma irregular. O refino faz com que as fibrilas diminuam a atração umas pelas outras e fiquem expostas, aumentando a superfície externa e o número de ligações entre fibrilas de fibras diferentes, tornando assim, o papel mais resistente.

Depuração: O objetivo da depuração é separar da massa em suspensão, através de centrifugação, impurezas de vários tipos, como: grãos de areia, estilhas de pastas celulósicas mal cozinhadas e mal depuradas, material reciclado e aparas que não se desagregaram completamente.

Colagem Interna: O objetivo da colagem é aumentar a resistência do

papel à penetração de líquidos como água, tinta e gorduras. O processo consiste em adicionar produtos químicos durante a preparação da massa para que estes se entrelassem com as fibras, diminuindo a penetração de

(37)

líquidos. Os principais produtos químicos utilizados são: colas à base de breu e sintéticas, silicones, polietilenos e perfluorcarbonetos.

Adição de Pigmentos e Corantes: Os objetivos da adição de pigmentos e corantes são melhorar a brancura dos papéis brancos e dar uma coloração aos papéis coloridos.

Retenção: O objetivo da retenção é melhorar as qualidades ópticas,

superficiais e de resistência do papel. A massa contém muitos finos oriundos da fragmentação do tecido vegetal (devidos aos processos, por exemplo, de picagem e refino), de aparas ou de materiais inorgânicos adicionados durante o processo de preparação. Os finos prejudicam as propriedades do papel e o processo de retenção procura fazer uma filtragem destes elementos.

5.2 Máquina de papel

As máquinas de fabricação de papel são máquinas que permitem a fabricação contínua de uma folha de papel com uma largura máxima e um comprimento variável, teoricamente infinito. As principais seções das modernas máquinas de papel são as seguintes:

Seção de Formação da Folha: A folha de papel é geralmente formada

na mesa plana, que é constituída de uma tela móvel (tela formadora) em toda a sua dimensão, rodando em alta velocidade. Esta tela recebe continuamente a massa com fibras em suspensão aquosa (preparada nas fases anteriores) em uma de suas extremidades (através da caixa de

(38)

entrada), realizando o transporte do material até a outra extremidade. Durante o transporte a massa perde até 98% da água (de forma planejada) através da malha vazada da tela, com a ajuda de instrumentos chamados hidrófilos, roletes esgotadores e caixas de sucção. A formação da folha é realizada pela drenagem da água, fazendo as fibras se depositarem sobre a tela formadora, entrelaçando umas às outras.

Seção de Prensagem Úmida: A principal função da prensa úmida é a

retirada da maior quantidade possível de água, antes de enviar o papel para a seção de secagem. As outras funções são diminuir o volume específico e melhorar a lisura da folha. O papel chega ao final da tela formadora com 18% a 23% de sólidos e a água é retirada através de prensagem mecânica aliado à sucção a vácuo. O custo da retirada de água através das prensas úmidas é 5% do custo de retirada através dos rolos secadores.

Seção de Secagem do Papel: A função da seção de secagem é a retirada de água do papel através da evaporação. A folha de papel passa por vários conjuntos independentes de rolos secadores, aquecidos por vapor de água, onde a troca de calor promove a evaporação da água contida no papel.

Seção de Enrolamento: A última fase da máquina de papel é o

enrolamento, onde a folha é continuamente enrolada em um eixo formando uma bobina. Em determinado momento a bonina atinge um diâmetro previamente estabelecido, quando então o papel é cortado, a

(39)

bobina retirada da máquina e um novo eixo colocado no lugar para que o papel passe a enrolar e formar uma nova bobina.

5.3 Aplicações e tratamentos de superfície

Cilindro Monolúcido: O papel monolúcido é um papel que possui uma

das faces lisa e brilhante, sendo utilizado para fabricação de cartazes, sacolas, rótulos, etc. Esta característica é obtida com o cilindro monolúcido, um rolo secador operado a uma temperatura maior do que a do conjunto de secadores e de diâmetro elevado (entre 2,80 m e 5,40 m). Uma das faces do papel é pressionada por uma prensa contra a superfície do cilindro secador, de forma que o papel tenha um contato perfeito com o cilindro. Ao passar pelo cilindro a face de contato adquire o brilho desejado.

Calandra e Supercalandra: A calandragem tem a função principal de

promover o alisamento do papel e controlar a espessura da folha. A calandra consiste, basicamente, de dois rolos revestidos de aço polido ou cromado que através de pressão e fricção conferem as qualidades desejadas ao papel.

Prensa Alisadora: A prensa alisadora é um tipo de calandra que é

colocada antes da seção de secagem, porém, sem a função de eliminar água, mas sim de acertar a superfície do papel que se apresenta áspera e irregular.

(40)

Colagem Superficial: A colagem superficial tem por objetivo principal aumentar a propriedade de resistência do papel à penetração de líquidos. Consiste de dois rolos, geralmente de borracha, instalados junto à seção de secagem, e de um circuito de aplicação de produtos químicos (colas de breu ou sintéticas) na superfície já formada do papel.

Revestimentos superficiais : Os revestimentos superficiais tem por

objetivo conferir ao papel características especiais que não são possíveis de serem atingidas pelo seu processo de fabricação. O revestimento destina-se a melhorar a qualidade do papel para impressão, melhorar a aparência para fins decorativos ou propiciar alguma qualidade especial para um fim específico.

5.4 Acabamento

O acabamento serve para ajustar o papel às necessidades do mercado e corrigir defeitos que possam ter ocorrido na máquina de papel. Existem duas fases distintas do acabamento: o rebobinamento e o corte do papel em folhas de formatos definidos. Quando os clientes estão comprando bobinas de papel o processo de fabricação termina na rebobinadeira, mas quando os clientes encomendam formatos específicos, é necessário o corte do papel em folhas e sua posterior embalagem. A seguir temos alguns aspectos destas duas fases:

Rebobinadeira: A bobina de papel que é retirada da máquina após o

enrolamento e corte não é diretamente fornecida como produto final. As dimensões de largura da máquina e volume fabricado a cada

(41)

programação de produção, dificilmente coincidem com as necessidades do mercado. As bobinas de papel precisam ser rebobinadas em equipamentos específicos (rebobinadeiras), onde são colocados em tubetes, refilados e cortados em tamanhos menores de acordo com as especificações do mercado. O papel muitas vezes se rompe na máquina de papel e como esta funciona continuamente, o papel volta a ser enrolado na mesma bobina, sendo o ponto onde o papel se rompeu marcado na lateral da mesma. O operador da rebobinadeira acompanha a marcação de papel rompido durante o rebobinamento, paralisando a máquina para corrigir este defeito com uma fita adesiva.

Cortadeira: A cortadeira é uma máquina onde são carregadas uma ou

mais bobinas de papel, cortando as mesmas em formatos pré-definidos. Após o corte o papel é contado e embalado em pacotes para ser comercializado.

6 A INDÚSTRIA EM NÍVEL MUNDIAL

A indústria de papel e celulose é uma indústria tradicional, basicamente produtora de commodities, com tecnologia relativamente acessível e cada vez mais globalizada. A globalização vem permitindo que países, antes sem expressão neste mercado, participem cada vez mais como produtores, alterando o perfil da indústria. O cenário mundial é marcado por intensa competição por mercados e por investimentos.

(42)

O setor possui uma cadeia produtiva bastante complexa, abrangendo as etapas de reflorestamento, produção de madeira, fabricação de celulose, fabricação de papel, conversão de papel em artefatos, produção gráfica, produção editorial e reciclagem do papel utilizado. Além disso, inclui atividades de geração de energia, distribuição, comércio, exportação e transportes rodoviário, ferroviário e marítimo, de produtos e matérias-primas.

O complexo produtivo está diretamente ligado a outros setores da economia como o de serviços, indústria química, mineração, bens de capital e engenharia, possuindo um forte poder multiplicador de renda. Os produtos gerados pela cadeia produtiva suprem diversas necessidades da sociedade, tais como cultura, laser, educação, higiene e moradia. Estes destinam-se ao consumo ou a embalar produtos de consumo, como por exemplo:

• Madeira (celulose, energia, móveis, construção, habitação, etc.);

• Papéis para impressão e escrita (jornais, livros, revistas, papel

reprográfico, formulários, cadernos, etc.);

• Papéis para embalagem (caixas, sacos, envelopes, rótulos, etc.);

• Papéis e celulose para fins sanitários e higiênicos (toalhas, guardanapos, papel higiênico, etc.);

As principais características da indústria mundial, segundo a BRACELPA (ANFPC, 1995, p. 6-7), são as seguintes:

(43)

i) Tecnologia relativamente acessível1;

ii) Projetos de investimentos com grande integração vertical, que incluem imobilização em terras, plantio, equipamentos para celulose, máquinas de papel, geração de energia, recuperação de utilidades e controle ambiental;

iii) Plantas industriais com grande capacidade de produção e base florestal plantada;

iv) Alta intensidade de capital e de financiamentos, resultante da integração vertical, do porte dos projetos e do longo tempo de maturação dos investimentos2;

v) Estrutura de custos baseada em equipamentos, fibras, energia, produtos químicos e minerais, mão-de-obra e transporte;

vi) Atividades de produção de papel e conversão em produtos impressos, embalagens ou produtos higiênicos são operadas por empresas de todos os portes.

O longo período de maturação e a grande necessidade de inversões em terras, plantio, máquinas, equipamentos e capital de giro, tornam esta indústria a de maior intensidade de capital no mundo3. As empresas, para alcançar custos de produção competitivos, procuram obter ganhos de escala com plantas industriais de capacidade produtiva cada vez maiores. Isto faz com que cada nova unidade que entre em operação, acrescente uma grande oferta ao mercado. Os maiores grupos do setor, conforme a Tabela 1, são:

1

O processo de fabricação é de domínio público e a tecnologia de ponta está incorporada nos equipamentos fornecedores, sendo adaptadas nas empresas mediante inovações incrementais.

2 O longo tempo de maturação dos projetos é principalmente devido ao desenvolvimento da base florestal

que pode variar de 5 a 10 anos no caso do Brasil e ao capital de giro para suportar os custos financeiros dos primeiros anos do projeto.

(44)

Tabela 1 - Maiores Grupos Produtores de Papel e Celulose no Mundo

MAIORES EMPRESAS DO SETOR - RANKING 1996 - US$ MILHÕES

VENDAS DE VENDAS

RANK EMPRESA PAÍS SEDE PAPEL E CELULOSE CONSOLIDADAS

1 International Paper EUA 16.220,0 20.143,0

2 Nippon Paper Industries Japão 9.411,5 11.623,9

3 Oji Paper Japão 8.456,2 12.047,6

4 Kimberly-Clark EUA 8.388,2 13.149,1

5 UPM-Kymmene Finlândia 7.939,2 11.852,7

6 KNP BT Holanda 7.020,0 8.492,9

7 Svenska Cellulosa Suécia 5.991,8 7.767,1

8 Enso Oy Finlândia 5.721,5 5.876,3

9 James River EUA 5.700,0 5.700,0

10 Arjo Wiggins Appleton Inglaterra 5.639,1 5.639,1

11 Georgia-Pacific EUA 5.609,0 13.024,0

12 Stora Suécia 5.249,2 6.331,0

13 Champion International EUA 4.961,7 5.880,4

14 Stone Container EUA 4.919,8 5.141,8

15 Mead EUA 4.706,0 4.706,0

52 Ind. Klabin de Papel e Celulose Brasil 1.187,2 1.187,2 75 Votorantim Celulose e Papel Brasil 654,3 654,3 97 Cia. Suzano de Papel e Celulose Brasil 512,4 1.684,8

90 Aracruz Celulose Brasil 556,3 527,5

Fonte: PPI - TOP 150 LISTING - set/97

O mercado internacional, apesar da entrada novos players4, ainda é restrito a poucos países, ocorrendo uma significativa concentração da produção e do consumo. A crescente globalização e o acirramento da concorrência tem provocado, segundo a BRACELPA (ANFPC, 1995, p.8), os seguintes efeitos no mercado:

3

A implantação de uma fábrica de celulose com capacidade de produção de 500 mil toneladas por ano tem um custo acima de US$ 1 bilhão e um prazo de start-up, sem considerar a base florestal, de 3 anos.

4 A partir da década de 70, diversos países como o Brasil, Chile, África do Sul, Portugal, Espanha e mais

recentemente a Indonésia, passaram a participar mais intensamente do mercado de celulose devido aos seus baixos custos de produção.

(45)

i) Flutuações de demanda, estoques e taxas cambiais5, nos principais mercados, impactam significativamente os preços e a rentabilidade das empresas;

ii) Os clientes e distribuidores são bastante sensíveis a preços, ainda que, sistemas de distribuição fechados dificultem o acesso a novos mercados; iii) Tendência à reestruturação e à concentração patrimonial em empresas

de porte, com fusão e incorporação de produtores e distribuidores, e de articulação de projetos em joint-ventures;

iv) Vantagens competitivas para regiões do globo que apresentam menores custos em energia e madeira e para empresas que desfrutam de relações de cooperação com fornecedores e com a indústria de bens de capital; v) As vantagens competitivas também são relativamente afetadas por

condições sistêmicas (custos de transporte, custos de operação portuária, tratamento tributário, condições de crédito, qualidade de educação, do treinamento, etc).

A competição no setor ocorre em duas dimensões: preço e qualidade. Se por um lado as elevadas escalas de produção proporcionam custos unitários menores, por outro, a aproximação dos mercados consumidores e a diferenciação são cada vez mais importantes para reverter a tendência de "commoditização" do produto.

A indústria é muito criticada do ponto de vista ambiental. A madeira utilizada para a fabricação da celulose, muitas vezes, vem de florestas nativas, fazendo com que a indústria seja vista como uma “destruidora de árvores”. Os processos de fabricação da celulose e do papel muitas vezes

5 Alguns países utilizam a taxa câmbio para tornar mais “competitivos” seus produtos, estimulando as

(46)

geram rejeitos que são despejados no ar, na água e no solo. O ar recebe gases, cinzas e sais como: dióxido de enxofre, compostos de cloro e óxido de azoto. A água e o solo recebem os rejeitos químicos e orgânicos provenientes do cozimento da madeira, do branqueamento da celulose e da fabricação do papel. Depois que foi constatado que o gás de cloro utilizado no branqueamento da celulose produz compostos cancerígenos, as empresas têm investido em processos de fabricação livre de cloro, como os processos ECF (Elemental Chlorine Free) e TCF (Total Chlorine Free).

A fabricação de uma tonelada de papel requer aproximadamente, dependendo da fábrica, entre 10 m3 e 30 m3 de água. Com uma produção anual de 6,5 milhões de toneladas de papel em 1 ano, o consumo de água daria para abastecer uma cidade de 1.700.000 habitantes por 1 mês. O Quadro 1 mostra a emissão de poluentes no Brasil e nas principais regiões do mundo.

(47)

Quadro 1 – Dados Ambientais de Plantas Químicas de Celulose no Mundo

EFLUENTES LÍQUIDOS EMISSÕES ATMOSFÉRICAS REGIÃO SS DQO AOX MP SO2 ÁFRICA 8-13 45-90 1,1-3,0 8-15 4-7 ÁSIA 5-24 70-150 2,1-6,6 2-23 3-10 A. LATINA 5-12 50-76 1,1-4,1 9-21 3-4 A. NORTE 3-6 40-50 2,1-4,3 4-9 2 EUROPA 4-13 38-90 0,5-4,4 1-24 1-7 OCEANIA 4-6 40-90 2,1 9 2 BRASIL 3-8 4-69 0,1-0,6 2-4 0,3-3

Fonte: IIED, BRACELPA, ANAVE Onde:

SS = Sólidos em Suspensão (partículas presentes na água)

DQO = Demanda Química de Oxigênio (mede a carga de matéria orgânica no efluente)

AOX = Alógenos Organicamente Adsorvíveis (quantidade de fluor, cloro, bromo e iodo na água) MP = Materiais Particulados (partículas lançadas no ar)

SO2 = Gás Sulfídrico (resultante principalmente da queima de óleo em caldeiras)

As exigências de qualidade para se ingressar em determinados mercados não estão restritas apenas aos produtos, mas também através dos processos de fabricação. As pressões ambientalistas têm levado as empresas a pesquisar processos de fabricação que diminuam ou eliminem o despejo de dejetos no solo, na água e no ar6. A certificação ambiental através das normas ISO - International Stardard Organization - (Séries ISO-9000 e ISO-14000) são uma exigência cada vez maior para quem deseja participar do mercado mundial. A pressão ambiental, tem por outro lado, criado restrições ao corte de florestas e incentivado à substituição de fibras virgens por fibras recicladas. As exigências ambientais vêm encarecendo o custo da madeira nos países desenvolvidos, mas também são

(48)

vistas, pelos países em desenvolvimento, como uma barreira ecológica à penetração de seus produtos nestes mercados .

6.1 Características das indústrias de celulose

A celulose é o principal insumo na fabricação do papel. Os fabricantes de celulose destinam sua produção para:

i) Consumo na fabricação de papel, seja na mesma unidade industrial ou não;

ii) Vender diretamente no mercado;

iii) Vender no mercado o que não foi consumido na produção de papel.

A celulose comercializada no mercado é denominada “celulose de mercado” e o mercado mundial, onde a celulose é comercializada é denominado market pulp. Como muitas empresas do setor produzem celulose para consumo próprio, a produção total de celulose é muito superior ao market pulp. Estima-se que apenas 22% da produção total de celulose é comercializada. Os principais países exportadores de celulose são EUA, Canadá, Suécia, Finlândia, Brasil, Portugal, Espanha, África do Sul, Chile e Indonésia.

Segundo Macedo (dez. 1994, p.1), existe uma tendência da nova oferta de celulose originar-se, principalmente, em regiões de clima tropical e equatorial, devido ao rápido ciclo de crescimento de suas florestas, sendo que a Indonésia aparece como o grande ofertante de celulose nos próximos anos. Apesar do crescimento da oferta de celulose, a participação relativa

(49)

das fibras virgens no mix de insumos utilizados na fabricação do papel, vem sendo reduzida paulatinamente, principalmente devido à utilização de fibras recicladas, conforme mostra a Figura 4. O aumento da participação de fibras recicladas vem de encontro aos interesses, principalmente dos países desenvolvidos, em reduzir o lixo gerado nas cidades e a dependência da importação de fibras, porém esbarra em limites econômicos e técnicos. O processo de lavagem e descoloração, muitas vezes, é antieconômico e a fibra só pode ser reciclada um determinado número de vezes, perdendo muito da sua qualidade em relação às fibras virgens.

Figura 4 - Participação de Fibras Virgens na Produção de Papel

As principais características estruturais das indústrias de celulose são:

i) A indústria é intensiva em capital;

ii) O nível de padronização dos produtos é elevado, pois trata-se de uma

commodity;

Participação de Fibras Virgens na Produção de Papel

0 10 20 30 40 50 60 70 80 70 74 78 82 86 90 94 98* 02* 06* Ano % Fonte: RISI (*) = Projeção

(50)

iii) A indústria é de base florestal, necessitando a exploração de grandes áreas com florestas nativas ou plantadas;

iv) A busca de economia de escala tem conduzido a uma descontinuidade no aumento da oferta;

v) Os investimentos na expansão da capacidade têm sido realizados de acordo com o fluxo de caixa das empresas7, tornando o preço da celulose cíclico.

O preço da celulose tem um comportamento cíclico, cuja intensidade vem se acentuando no decorrer dos anos devido ao aumento da escala de produção. Como cada unidade produtiva agrega um valor substancial de capacidade ao mercado, os ciclos de preço são cada vez menores, a diferença entre o topo e o vale são cada vez maiores e a recuperação da baixa é cada vez mais lenta. A Figura 5 ilustra como os ciclos de preço da celulose (CIF Norte da Europa8) vem se acentuando desde a década de 70.

7

Quando o preço da celulose está elevado, o excedente de caixa propicia os investimentos das empresas. Isto faz com que muitas empresas invistam ao mesmo tempo conduzindo a um excesso de oferta.

8 Preço CIF Norte da Europa é o preço da celulose colocada no norte da Europa, incluindo os custos de

(51)

Figura 5 - Evolução do Preço da Celulose Sulfato Branqueada de Fibra Longa

O setor tem procurado reduzir a volatilidade, que tem se mostrado cada vez mais intensa, através da criação da Bolsa de Futuros (Pulpex), do estabelecimento de contratos de longo prazo e de consolidações das empresas através de fusões e aquisições.

O preço da referencial do mercado é o da celulose branqueada de fibra longa, colocada no norte da Europa com os custos de frete. A disponibilidade de celulose de fibra longa é medida pela evolução da Norscan - estoques de celulose dos produtores norte-americanos e escandinavos - responsáveis por 65% da produção mundial desta fibra. Se comprarmos o preço da celulose branqueada de fibra curta com o preço da celulose branqueada de fibra longa, observaremos uma forte correlação entre ambos os preços, conforme pode ser visto na Figura 6.

EVOLUÇÃO DO PREÇO DA CELULOSE DE FIBRA LONGA PREÇO CIF NORTE DA EUROPA

0 200 400 600 800 1000 1200 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 Ano US$ Fonte: BNDES

(52)

Figura 6 - Comparação dos Preços da Celulose de Fibra Longa e Fibra de Eucalipto

6.1.1 Estratégias competitivas

Segundo Jorge (1993a, p.4), as principais estratégias competitivas adotadas pelas empresas de celulose de mercado dividem-se em dois grandes blocos:

i) Estratégias de Produção: procuram melhorar a produtividade e a qualidade das florestas através de pesquisas genéticas; proteger o meio ambiente, reduzir o desmatamento e a poluição; procuram melhorar o processo de fabricação de celulose com o desenvolvimento de novos produtos; procuram aumentar eficiência produtiva e obter ganhos de escala;

ii) Estratégias de Mercado: integração com a produção de celulose e integração com a distribuição dos produtos finais; fusões e aquisições de empresas; priorização de segmentos de mercado com maior valor agregado; melhoria do relacionamento com o cliente.

Celulose de Mercado: Preços no Norte da Europa - 1989/96

250 500 750 1000 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 US$/ ton Fibra Longa Eucalipto 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 96 Fonte: BNDES

(53)

6.1.2 Consumo, produção e comércio mundiais

As principais pastas de mercado para a fabricação do papel são a celulose sulfato branqueada, a celulose sulfato não branqueada, a celulose sulfito e as pastas mecânicas.

A celulose sulfato branqueada de fibra longa é produzida, principalmente, pelo Canadá e pelos países do norte da Europa, enquanto a celulose sulfato branqueada de fibra curta é produzida pelos EUA, Canadá e países de clima equatorial e tropical, com destaque para o Brasil e a Indonésia. A tabela a seguir ilustra esta divisão por especialidades.

Tabela 2 - Capacidade dos Principais Países por Tipo de Fibra CELULOSE E PASTAS DE MERCADO

CAPACIDADE MUNDIAL DE PRODUÇÃO - MIL TONELADAS PERSPECTIVAS 1995/2000

REGIÃO 1995 2000 Acréscimo

Fibra Longa Sulfato 17.520 18.745 1.225

Suécia 2.315 2.660 345

Chile 1.065 1.310 245

Canadá 6.914 7.114 200

Finlândia 865 1.330 465

Outros 6.361 6.331 -30

Fibra Curta Sulfato 14.169 17.714 3.545 Indonésia/Malásia 965 3.136 2.171 Brasil 2.205 3.159 954 Estados Unidos 3.325 3.325 Canadá 1.813 1.813 Outros 5.861 6.281 420 Outras Pastas 7.212 8.874 1.662 TOTAL 38.901 45.333 6.432

Referências

Documentos relacionados

III – equipamentos cuja função exclusiva ou primordial seja a leitura de textos em formato digital, consistindo em plataforma aberta e de acesso universal, ou

A Psicopedagogia é um campo de estudo recentes, principalmente no Brasil tendo como desafio a construção da identidade do Psicopedagogo seu campo de atuação, vivenciados no

Moreira (Diretor) e Maria Elisa de Souza e Silva (representante), pela Faculdade de 32.. Odontologia; Zélia Inês Portela Lobato (Diretora) e Ronald Kennedy

Como tentativa de avançar na compreensão do efeito da variabilidade climática na oferta de trabalho rural não agropecuário, principalmente entre mulheres, foi

Diante de quadro inflacionário mais pressionado e maior depreciação cambial, a taxa de juros começa a ser elevada a partir de 2021.

Índia Tradicional (pág. As taxas de aeroporto, segurança e combustivel no valor de € 273 estão incluidas nos preços acima mencionados, sujeitas às alterações legais até à

It is sufficient to choose activities that fit into your daily routine that speed your heart rate and breathing, or increase your strength and flexibility..

No caso de não existir um elemento da biblioteca que satisfaça as necessidades, estes elementos podem ser modelados como objetos combinados. • Modelados com precisão em termos