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A ARTE DA FOTOGRAFIA DE SEBASTIÃO SALGADO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

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Academic year: 2021

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A ARTE DA FOTOGRAFIA DE SEBASTIÃO SALGADO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Suzi Maria Petró , Mariel Hidalgo Garcia, Susane Hubner, Kelly da Slva Moraes, Marco Mello, Márcia Vargas, André Rodrigues Horta, João Nely Niederaurer,

João Rudimar Kunz, Mara Denise Medaglia Martins Os estudos sobre cultura visual mostram que as imagens presentes no nosso cotidiano são fundamentais na formação de uma cultura crítica na es cola. Partindo desse princípio e aproveitando a exposição Gênesis de Sebastião Salgado, realizou-se um trabalho de análise de fotografias na EJA.

A intenção de Sebastião Salgado com Gênesis foi o de revelar o que havia ainda de intocável no planeta. A proposta da EJA foi a de partilhar este mundo que o fotógrafo nos mostra, observar novas culturas, paisagens e estabelecer relações entre povos, lugares e tempos.

Primeiramente, apresentou-se o fotógrafo aos alunos, assim como algumas fotos do artista e alguns dados de sua biografia. Assistimos a um documentário chamado Revelando Sebastião Salgado, com a história de vida e a obra do fotógrafo e uma entrevista denominada Pelos olhos de Sebastião Sagado. Foi montada na sala de usos múltiplos a exposição Trabalhadores, com dezenas de fotos em painéis de grande proporção, de modo a familiarizar os alunos com sua obra. A professora de Ciências, Mariel Garcia, apresentou um roteiro inicial de observação para a exposição Gênesis que contemplou três eixos básicos: a escolha de uma foto que tenha chamado a atenção do aluno e estabelecer relações entre ela e a realidade em que vivemos. O segundo ponto foi a observação de uma foto de uma comunidade indígena ou africana, a fim de pensarmos a realidade em que vivem outros povos. A terceira parte do trabalho foi a observação e análise de uma foto da Amazônia ou Pantanal, para que fosse possível observar paisagens intocadas pelas ações do homem branco.

Na sequência, seguem as fotos escolhidas por alguns alunos e suas observações.

Parte 01: Escolha de uma foto interessante: o que se vê e do que nos recordamos ao observá-la. Quais relações que podemos fazer com a realidade em que vivemos?

Foto 1: Pinguins no Gelo: Legenda oficial: “ Colônia de pinguins-de-barbicha (Pygoscelis Antarctica) aobre icebergs localizados entre as ilhas Zovodovski e Visokoi, Ilhas Sandwich do

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Sul. Novembro e dezembro de 2009.

“Na foto, eu vejo vários pinguins em várias posições diferentes, mas somente um se atira na água. Vejo geleiras e o mar espumoso. Eu acho que, no fundo, tem uma montanha. Parece estar um dia nublado, um tempo para chuva. Deve ser muito frio também. O mar parece estrar muito agitado.

A foto me faz lembrar o frio, a neve de Gramado. Também me faz lembrar da migração de vários pinguins que acabam parando em praias brasileiras e muitos acabam morrendo e outros, por sorte, são abrigados por biólogos, são cuidados e voltam para a natureza. Com eles, eu me recordo das praias brasileiras.” Valdecir Wietozykoski – Totalidade 5.

“Eles estão enfileirados nas grandes geleiras. O último dos pinguins está mais distante dos outros e os outros quatro da frente estão em grupo de cabeça para baixo. Eles pretendem escorregar do iceberg. Um deles parece que vai dar um pulo. O primeiro que pulou está livre pelo ar e suas nadadeiras estão para trás. Seus pés estão colados, prontos para se atirar na água.

No mar, as águas estão se batendo, ondas entre ondas. A primeira geleira parece mais lisinha e a segunda geleira, lá do canto, é mais escura e ela é uma parede com muita textura de gelo que forma várias camadas grossa. Ela está quase encostando na água.” Natália Farias Machado – Totalidade 5.

“Neste ambiente, seria impossível viver, pois é muito gelado. Só se nós nos transformássemos em pinguins para nos adaptarmos ao ambiente e à forma deles se alimentarem.” Carla Severo Pinheiro – Totalidade 4.

“Os pinguins me fazem lembrar dos jovens que andam em grupos nos colégios e nas ruas. Eles fazem parte de uma comunidade, onde um vai o outro também vai.” Micael Pinheiro – Totalidade 4.

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Foto 2 - Comunidade indígena: Legenda oficial: Retrato de todos os xamãs kamayura, o homem ao centro com um chapéu de pele de onça-pintada é o mais importante sacerdote tradicional de toda a região do Xingu. Seu nome é Takumã Kamayura e é o antigo chefe da tribo Kamayura. No Xingu, só aos xamãs é permitido fumar, uma vez que esse é considerado um ato sagrado que lhes permite contatar com as divindades. Mato Grosso, Brasil. Julho, agosto e setembro de 2005.

“Os índios do Alto do Xingu são de uma tribo que preserva sua cultura. Na foto, aparecem alguns índios de pé e alguns sentados. Dá para notar que o índio com um chapéu de onça na cabeça é o chefe da tribo. Alguns destes índios estão com o rosto triste ou cara fechada. Alguns deles estão com um tipo de fumo na mão, até parece um cigarro, só que bem grande. Eu acho que eles estão num tipo de barraco porque no fundo é escuro ou poderia ser por causa da foto porque ela está um pouco escura. Alguns estão com uma faixa amarrada no pé, pode ser por terem se machucado ou talvez por outro motivo...

Para viver lá, eu teria que mudar meu jeito de ser, os meus cabelos, o meu jeito de vestir. O jeito de falar. Mudaria toda a minha vida....” Ana Carolina Ruidias Totalidade 05.

Foto de índios xamãs: “São índios líderes xamãs da tribo Kamayura, fazendo pose para a foto, mostrando um pouco da sua cultura. Na tribo deles, os xamãs fumam. Eles usam pouca roupa e seus cabelos lembram índios muito antigos.” Lucas Valle Da Silva – Totalidade 5. .

Foto 3 - Comunidade africana 1: Legenda oficial: As mulheres mursi e surma são as últimas mulheres do mundo a usar discos para estender os lábios. Nenhum antropologista ainda conseguiu explicar ao certo a origem e a função desta prática. Alguns dizem que essa mutilação, inestética aos olhos dos traficantes de escravos, era imposta pelos homens para proteger suas mulheres das incursões daqueles. Apenas as mulheres pertencestes a uma casta elevada têm o direito de usar estes discos, que exibem orgulhosamente ao andar pela povoação na companhia do marido e dos filhos. Dargui, povoação mursi no Parque Nacional Mago, perto de Jinka.

Etiópia. Setembro, outubro de 2007.

“As mulheres mursi e surma usam alargadores nos lábios e nas orelhas e muitas pulseiras e colares. Uma delas está parada com um braço para o alto e a outra está com um

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braço tocando o outro, com a mão perto da barriga. Atrás delas tem uma madeira em que elas estão encostadas e bem atrás estão as árvores.” Thayane Soares Correia – Totalidade 5.

“Na realidade, elas são mulheres bonitas. Elas têm o nariz fininho. Usam colares que provavelmente elas fazem. Eu não usaria jamais um alargador na orelha e nos lábios e nem as roupas delas e nem seus colares.” Ingrid da Silva Jaquet – Totalidade 4.

Foto 4 - Comunidade africana 2: legenda oficial: A dança da cura ou dança em transe é o ritual místico mais importante dos bosquímanos. Enquanto as mulheres cantam e batem palmas ritmadamente, os homens dançam num círculo em volta delas. Durante esta dança, os xamãs tocam com as mãos os presentes para livrá-los das “flechas da doença”. Vagens secas são preenchidas com pedrinhas e chocalham ruidosamente nas pernas dos xamãs, onde são amarradas, enquanto eles dançam. Os bosquímanos acreditam que o transe marca a entrada dos xamãs no mundo dos espíritos. Botsuana. Janeiro de 2008.

Eu observei uma tribo numa roda, com madeiras nas mãos, como se tivessem rezando com as mãos para cima e cultuando algo que poderia servir para uma cura. Só de olhar para eles, eu vejo bastante fé. Eles usam tangas e tem um círculo bem grande e bem detalhado, é um ritual de muita fé” Tainara Maria Gomes Cardoso – Totalidade 5.

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Foto 5 - Foto da Amazônia ou do Pantanal: legenda oficial: Uma onça-pintada (Panthera onça). A onça-pintada é o maior felino das Américas e pode ser encontrada sobretudo na floresta amazônica, mas também no Pantanal e na planície vizinha, conhecida como Gran Chaco. O tamanho das onças-pintadas varia de 112 a 185 centímetros, e o macho pesa, em média, 120 quilos (embora alguns dos que se encontram no Pantanal possam a chegar a 150 quilos). Na família dos felinos, só os leões e os tigres são maiores. Esta onça-pintada foi vista perto do rio Tagoarira, na região de Porto Jofre. Parque Estadual Encontro das Águas. Pantanal. Mato Grosso, Brasil. Setembro e outubro de 2011.

“Vejo um animal muito bonito, com olhos concentrados, a vegetação, uma árvore de pequeno porte, com muitas folhas e muitos galhos. Um rio raso com uma areia fina ao redor.” Jéssica Alves Gonçalves – Totalidade 6.

“Eu vejo folhas finas, parecendo uma toca. Parece que a onça está barriguda e também que posou para a foto. Ela parece mansa. Ela me lembrou de uma gata. As águas são limpas e parece que dá para a gente se refletir nelas.” Guilherme Chaves dos Santos – Totalidade 4.

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Foto 6 - As cataratas de Ichum: Legenda oficial: “ As cascatas do Ichun-Prarara, localizadas no planalto Ichun, no coração da floresta amazônica venezuelana, são muito isoladas e de difícil acesso. Venezuela. Novembro e dezembro de 2006.

“A imagem é bem interessante. Nela podemos ver as cataratas que são belas e, em volta delas, vemos muita vegetação nativa e intocada, com mitas rochas ásperas. O clima, aparentemente, é agradável.” Thalia Lima – Totalidade 06.

Com estas atividades, foi possível analisar diferentes partes do planeta ainda intocadas pela ação do homem branco. Observar culturas diferentes e conhecer um pouco mais do mundo e de seus habitantes tão distantes. Este trabalho propôs-se dar aos alunos condições de ampliar a cultura do olhar e descobrir um mundo novo que Sebastião Salgado nos trouxe com a exposição Gênesis e descobrir novas emoções a partir de suas imagens.

Referências Bibliográficas:

EMEF Nossa Senhora de Fátima. PPT Sebastião Salgado. Vida e Obra. Produção Coletiva. Professores da EJA, 2014.

PAULA, Betse de. (Direção). Revelando Sebastião Salgado. Documentário. 1h14mins. 2012 PELOS OLHOS DE SEBASTÃO SALGADO. RBS TV. Entrevista. 2014. 6 mins 51 segs. SALGADO, Sebastião. Exposição Trabalhadores: uma arqueologia do trabalho industrial. 2009.

SALGADO, Sebastião. Gênesis. São Paulo: Ed. Taschen, 2013.

SALGADO, Sebastião; FRANCQ, Isabele. Da minha terra à Terra. São Paulo: Ed. Paralela, 2013.

Referências

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