BRASIL 500 ANOS – IMPÉRIO - CAPÍTULO VI
GUERRA DO PARAGUAI, A GUERRA DE EXTERMÍNIO
VIDEO ÁUDIO Imagens de rostos atuais e
iconografia
SEQÜÊNCIA 1 RAP
Imagine a TV viajando no tempo, para mostrar o passado em todo o momento. Imagine a vida as pessoas e os sonhos de outros séculos. Antigos privilégios. Quinhentos anos: o Brasil Império na TV informação do passado para você aprender. Episódio VI: Guerra do Paraguai, a guerra do extermínio.
Apresentador com mapa da região platina ao fundo
SEQÜÊNCIA 2 APRESENTADOR GERAL
Na primeira metade do século XIX, a relação entre o Brasil e seus vizinhos Uruguai, Paraguai e Argentina, era complicada. Disputas por fronteiras, pelo controle da navegação na bacia do Prata, e divergências políticas, criaram na região um clima muito tenso. O Brasil invadiu o Uruguai, o Paraguai em represália, invadiu o Brasil, e assim começou a guerra mais sangrenta da história da América do Sul.
Jornaleiro paraguaio na rua LEG ASSUCION
SEQÜÊNCIA 3 JORNALEIRO PARAGUAIO (falando castelhano)
Extra! Extra!
POPULAR PARAGUAIO 1
A presença de tropas brasileiras no território uruguaio, não se admite. POPULAR PARAGUAIO 2
Solano Lopéz precisa dar uma resposta aos macacos brasileiros!
Jornaleiro na rua do Rio
Popular lendo jornal, comentando em voz alta com pessoa ao lado
Popular 2 revoltado
SEQÜÊNCIA 4 JORNALEIRO
Extra, extra, extra: Paraguai invade o Brasil.
POPULAR 1
Que absurdo! Solano López invadiu Corumbá e aprisionou o navio Marquês de Olinda.
POPULAR 2
Estes Guaranis não passam de selvagens!
Solano Lopéz no quarto com assistente
LEGENDA SOLANO LOPEZ
SEQÜÊNCIA 5 SOLANO LÓPEZ
Nós não tínhamos outra alternativa! Convidei o chanceler brasileiro para resolvermos tudo no diálogo, mas não é isso que quer o governo brasileiro. Se querem guerra, vão ter!
Militares de alta patente em reunião SEQÜÊNCIA 6 BRIGADEIRO LIMA E SILVA A população que nunca apoiou nossa intervenção no Uruguai, agora esta revoltada com as hostilidades de Solano López.
GENERAL OSÓRIO
voluntários. Assim que concluirmos nossa missão no Uruguai, vamos cuidar dos paraguaios...
SEQÜÊNCIA 7 APRESENTADOR
Janeiro de 1865, as tropas brasileiras no Uruguai, juntamente com os aliados locais, os colorados, derrubaram o governo. Encerrada a campanha no Uruguai, é hora de responder aos paraguaios.
Créditos: Abril de 1865
Chanceleres do Brasil e Argentina sentados em mesa redonda com placa de identificação do país(Brasil, Argentina Uruguai).A cadeira do Uruguai vazia
SEQÜÊNCIA 8 JOAQUIM VAZ
Acaba de chegar a Buenos Aires o conselheiro e diplomata brasileiro Francisco Rosas, que veio com a missão de negociar o Tratado da tríplice aliança, entre Brasil, Argentina e Uruguai.
Cadeira vazia com a placa de identificação
SEQÜÊNCIA 9 CHANCELER ROSAS
Sugerimos que os aliados se comprometam a só depor as armas depois da total derrocada de Solano López do governo paraguaio.
CHANCELER ARGENTINO Estamos de pleno acordo. Mas qual será a posição do Uruguai?
CHANCELER ROSAS(off) Não há problema, o Uruguai assina o que ficar acordado.
Joaquim Vaz com mapa da região platina ao fundo.
SEQÜÊNCIA 10 JOAQUIM VAZ
O Tratado da Tríplice Aliança tinha como objetivos derrubar o governo
de Solano López, garantir a livre navegação dos rios Paraguai e Paraná, e conquistar para o Brasil e para a Argentina partes do território paraguaio. A invasão paraguaia causou grande indignação e mobilização entre os brasileiros.
Dionísio, eufórico
SEQÜÊNCIA 11 (Marcha de campanha)
DIONÍSIO
Veja pai! Essa farda é digna de um grande guerreiro! Pai, preocupado Dionísio, orgulhoso Pai, orgulhoso SEQÜÊNCIA 12 DIONÍSIO
Eu também quero ser um voluntário da pátria!
PAI
Mas meu filho e o seu curso de engenharia?
DIONÍSIO
Ah, nesse momento meu pai, não há compromisso maior do que lutar pela meu País
PAI
Me preocupo com você filho, mas concordo com o Dr. Machado de Assis: “quem está contra a guerra está contra a civilização”. . Na senzala Pedro (escravo) SEQÜÊNCIA 13 PEDRO
Amanhã segue o primeiro batalhão para a guerra, não vejo a hora de seguir com eles.
Você está doido? PEDRO
Prefiro arriscar minha vida na guerra e voltar livre, do que morrer como escravo.
Adeus irmão!
AMIGO DE PEDRO Boa sorte!
Na casa do fazendeiro
Mulher entra na sala, desesperada
SEQÜÊNCIA 14 MULHER
Meu marido, chegou um oficial da guarda nacional, nosso filho está sendo convocado para a guerra! Hu,hu,hu (choro)
FAZENDEIRO
Se acalme mulher, vamos mandar um escravo para a guerra e poupar nosso filho. Abrir mão do nosso patrimônio também é um exemplo de amor a pátria.
Créditos: Abril de 1866
SEQÜÊNCIA 15 JOAQUIM VAZ
O governo imperial arregimentou para as tropas da guarda nacional, voluntários e muitos escravos que esperam obter a tão sonhada alforria. Vamos ver como está a situação na região do conflito.
Soldados no acampamento em torno de uma fogueira
SEQÜÊNCIA 16 JOSÉ PEREIRA
As tropas brasileiras estão acampadas na confluência dos rios Paraná e Paraguai. São cerca de vinte e um mil soldados que se preparam para invadir o Paraguai, juntamente com argentinos e uruguaios. O animo da tropa, por enquanto , está bem pra cima
Eraldo(soldado branco)
SEQÜÊNCIA 17 Acampamento PEDRO
Dionísio, você sabe por que se diz que os paraguaios são da região do Prata?
DIONÍSIO
Sei Pedro, é por causa do nome do rio da Prata.
PEDRO
Não doutor, é porque quando sentirem nosso fogo vão se derreter como metal.
Há, há, há (gargalhadas) DIONÍSIO
Sei não, dizem que o exército deles é muito bem preparado.
ERALDO
Só se for o exército, porque a marinha levou a maior surra em Riachuelo.
SEQÜÊNCIA 18 APRESENTADOR
A batalha do Riachuelo foi a primeira vitória aliada na guerra. Comandada
pelo Almirante Francisco Barroso, a marinha brasileira destruiu quase toda a frota paraguaia. Mas o que parecia ser uma guerra fácil e rápida, iria se transformar num grande pesadelo.
Crédito: Tuiuti, maio 1866 Soldados numa trincheira, enlameados, maltrapilhos e com manchas de sangue
Eraldo que acaba de chegar na trincheira se arrastando pelo chão
SEQÜÊNCIA 19 (tiros de canhão, som de cornetas, gritos de dor, som de cavalaria) DIONÍSIO
Meu Deus, isso aqui é pior do que o inferno.
PEDRO
Poupe seu fôlego Dionísio, porque esta batalha esta só começando.
DIONÍSIO
Eraldo! Qual é a situação do seu pelotão?
ERALDO
Quase todos mortos na primeira investida da infantaria paraguaia. tiros
Tenda do comando
Oficial 1 entra ofegante na tenda
General Osório olhando mapa das operações
SEQÜÊNCIA 20 OFICIAL 1
General Osório, a situação no front é difícil, já tivemos muitas baixas. GENERAL OSÓRIO
Vamos conter o avanço paraguaio aqui. Feito isso, é reorganizar nossas alas e passar à ofensiva.
Campo de batalha SEQÜÊNCIA 21
Tum,Tum (tiros) OFICIAL 1
Oficial 1 com espada na mão ergue-se para atirar e é ferido mortalmente.
Atacar! (tiro)
José Pereira com imagem iconográfica da batalha de fundo
SEQÜÊNCIA 22 JOSÉ PEREIRA
A batalha de Tuiuti, foi a maior e mais sangrenta da história do continente. Depois de mais de quatro horas de luta campal, as tropas do general Manuel Osório fizeram os paraguaios baterem em retirada, deixando para trás uma terrível paisagem.
01 Chefe militar, 01 ministro e
Dom Pedro reunidos GENERAL 1 SEQÜÊNCIA 23 Já temos o relatório das perdas em Tuiuti: do lado paraguaio seis mil baixas; do lado dos aliados quatro mil.
DOM PEDRO
Com esta prova do nosso poder, Solano López vai se render rapidamente.
MINISTRO
É, mas os custos desta guerra estão muito elevados, os cinco milhões de libras emprestados pelos ingleses já não cobrem nossos custos.
DOM PEDRO
Vamos fazer outro empréstimo.
MINISTRO
Com os juros altíssimos que estão cobrando é impossível pagar.
DOM PEDRO
A total destruição de Solano Lopéz, não tem preço para os brasileiros!
SEQÜÊNCIA 24 JOAQUIM VAZ
Os gastos com a guerra provocaram um grande aumento na inflação. Quanto mais se prolongava a luta, mais pobre ficava a população. A crise econômica, acabou se refletindo no front.
Enfermaria do acampamento, soldados pelo chão
Eraldo, doente
SEQÜÊNCIA 25 DIONÍSIO
Como você está, Eraldo? ERALDO
Preferia morrer de bala do que ser vitimado pela água suja e a carne estragada que somos obrigados a comer todos os dias.
Ai (gemido) DIONÍSIO Onde está o médico? PEDRO
O médico esta com cólera. No segundo batalhão tem um soldado que vende remédios, mas quem pode comprar? Há três meses não recebemos soldo!
DIONÍSIO
Eu vou te dar um pouco do dinheiro que recebo do meu pai, para você comprar os remédios.
SEQÜÊNCIA 26 JOSÉ PEREIRA
Além das precárias condições materiais, o exército brasileiro é
despreparado... nem realiza realiza exercícios militares. A sobrevivência no campo de batalha depende somente da sorte, e da habilidade de cada soldado.
Crédito: Setembro de 1866 Tenda do comando
Oficial 2 debruçado sobre o mapa das operações juntamente com general
SEQÜÊNCIA 27 OFICIAL 1
General, os paraguaios recuaram para a fortaleza de Humaitá a quinze quilômetros daqui.
GENERAL OSÓRIO
Vamos tomar a fortaleza de assalto, com ataques abertos.
OFICIAL 1
Mas comandante, esse terreno é pantanoso. Os paraguaios estão muito bem protegidos e a nossa tropa esta assolada pela malária e outras doenças.
GENERAL OSÓRIO
Não podemos interromper a ofensiva quando o clima da guerra nos é favorável. Vamos atacar!
Crédito: Curupaiti - setembro de 1866
Soldados em trincheira, muita fumaça. Oficial se levanta e tomba Dionísio, ao lado de Eraldo
SEQÜÊNCIA 28 (tiros de canhão, gritos, etc.)
OFICIAL 1 Atacar!
(tiro)
DIONÍSIO
Enfrentar o inimigo nessas condições é suicídio, temos que recuar!
com inimigo, que tomba com golpe de faca
Pedro acaba de chegar na trincheira
(som de luta corporal) PEDRO
O pântano está coberto de corpos, não podemos avançar mais.
Créditos: dezembro de 1868
SEQÜÊNCIA 30 APRESENTADOR
A malária e outras doenças e a feroz resistências dos paraguaios, foram causas da derrota dos aliados em Curupaiti. Este acontecimento provocou mudanças nos comandos superiores. Luís Alves de Lima e Silva, marquês de Caxias, assumiu o comando das tropas brasileiras. Caxias reunido com oficiais SEQÜÊNCIA 31
CAXIAS
Senhores, vamos fazer uma pausa estratégica nos combates. Primeiramente vamos melhorar a higiene e os serviços médicos. De hoje em diante nenhum soldado deixará de receber os soldos em dia, e vamos fazer exercícios diários para melhor treinar nossos homens.
Créditos: dezembro de 1868
SEQÜÊNCIA 32 APRESENTADOR
Assim que considerou as tropas razoavelmente preparadas, Caxias retomou à guerra de movimento. A sua visão estratégica conduziu os aliados a uma série de vitórias que ficaram conhecidas como dezembrada, por terem ocorrido todas no mês de dezembro.
Pedro e Dionísio conversando em frente à tenda
Eraldo chegando com prisioneiros, sendo que um deles é uma criança (15anos)
Dionísio indignado
Soldado paraguaio todo esfarrapado e ferido
Dionísio, incrédulo.
Pedro que entra na conversa.
Pedro se cala e sai cabisbaixo
PEDRO
Com essa vitória em Humaitá estamos a um passo de conquistar a capital, Assunção.
DIONÍSIO
Já é tempo, não suporto mais ver outro companheiro morrendo sem poder fazer nada.
ERALDO
Capturamos mais dois prisioneiros. DIONÍSIO
Como vocês têm coragem de recrutar uma criança para lutar nessa guerra? PARAGUAIO
Vocês mataram quase todos os nossos homens, mas vamos lutar até a morte do último paraguaio se for preciso. DIONÍSIO
Em troca de que? PARAGUAIO
Em troca da liberdade de escolher o nosso próprio destino.
PEDRO
Quem decide o seu destino é Solano López!
PARAGUAIO
E o seu destino? Quem é que decide? Em troca de que você está lutando?
SEQÜÊNCIA 34 APRESENTADOR
No primeiro dia de 1869, as colunas aliadas entram em Assunção. A cidade estava abandonada e Solano López se refugiou com seu combalido exército
nas florestas paraguaias. As forças aliadas, comandadas pelo conde d’Eu, marido da Princesa Isabel, empreenderam uma verdadeira caçada ao ditador, que só terminou com a sua morte em março de 1870.
Grupo de soldados comemorando final da guerra
Pedro observa tudo de longe quando Dionísio se aproxima e pergunta
Pedro muito triste
SEQÜÊNCIA 35 Vitória! Vitória!
DIONÍSIO
E aí soldado, contente de voltar pra casa?
PEDRO
Sinceramente não. Aqui, em terra estrangeira, arriscando a vida todos os dias, somos gente, somos soldados .E lá, na pátria que defendemos, somos tratados a chibatadas.
A câmera vai passando em pam horizontal da direita para esquerda e vice-versa nos rostos dos oficiais, em meia fusão com aplausos. A última fala é de Dionísio.
SEQÜÊNCIA 36 DIONÍSIO
Então, Pedro, quando voltarmos, nossa primeira luta é contra a escravidão, essa vergonha nacional. (Aplausos)
Esse governo imperial escravocrata é um atraso para o Brasil, que está mal econômica e politicamente. Só a República poderá trazer o progresso que colocará o país no grupo das nações civilizadas.
FIM
SEQÜÊNCIA 37 APRESENTADOR
O Império apesar de vitorioso sai ferido dos campos de batalha. Economicamente, devido às enormes dívidas contraídas durante a guerra. Politicamente, por que o exército já não era mais o mesmo. Ganhou prestígio na sociedade, e passou a atuar com força no quadro político nacional, adotando uma postura abolicionista e republicana, em franca oposição ao poder imperial. Veja no próximo episódio como, apesar da guerra, o país começava o processo de modernidade.
FIM