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Gordos, peludos e masculinos: homossexualidade, gênero e produção de categorias em São Paulo 1. Isadora Lins França 2

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XIV Congresso Brasileiro de Sociologia 28 a 31 de julho de 2009, Rio de Janeiro (RJ) GT20 - Sexualidades, Corporalidades e Transgressões

Coordenação: Luiz Mello (UFG), Crístian Paiva (UFC), Berenice Bento (UnB)

Gordos, peludos e masculinos: homossexualidade, gênero e produção de categorias em São Paulo 1

Isadora Lins França2

1 A pesquisa que dá origem a este artigo conta com o apoio do CNPq.

2 Doutoranda do Programa de Doutorado em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

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Neste artigo, resultado preliminar de minha pesquisa de doutorado, procuro pensar a produção de sujeitos, categorias identitárias e estilos relacionados a sexualidade e gênero num contexto de segmentação de mercado, a partir de observação etnográfica realizada em festas voltados para ursos3 na cidade de São Paulo e de entrevista em profundidade com freqüentadores dessas festas. Procuro, também, partindo da pesquisa empírica que sustenta a análise, provocar uma discussão mais abrangente a respeito de gênero e da noção de masculinidades, refletindo também acerca da idéia de “masculinidade hegemônica” (Carrigan et al, 1985) e alguns de seus possíveis desdobramentos.

Um lugar ao sol: segmentação de mercado e homossexualidade em São Paulo

Desde meados da década de 1990, em São Paulo, podemos observar um processo de mudança que fez com que aquilo que se chamava de gueto venha se diversificando significativamente e se espalhando para outros territórios da cidade que não o centro antigo (França, 2006). Tal diversificação e espraiamento vêm acompanhados, também, de uma crescente segmentação, com bares e boates direcionadas a um público bem definido, e que são cenário e ao mesmo tempo peça fundamental na constituição de uma variedades de estilos relacionados à homossexualidade – e à masculinidade, de modo geral.

Gupta e Ferguson enfatizam uma “reterritorialização” do espaço, marcado pela presença de uma “esfera pública transnacional”, que nos força a repensar as políticas de “comunidade, solidariedade, identidade e diferença cultural” (Gupta; Ferguson, 2000, 34-35). Posso dizer, inspirada nessa perspectiva, que há um intenso fluxo de informações a respeito do que é ser gay que não se reduz às fronteiras nacionais e que é marcado pela comunicação entre os que conseguem se inserir nesse movimento transnacional. Essas informações chegam primeiro às pessoas que poderíamos qualificar como “intermediários culturais” (Bourdieu, 1983), responsáveis por lançar

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tendências no universo homossexual local, baseando-se numa rede de comunicação que passa por cidades como Nova York, Londres, Berlim, Paris, entre outros. Assim, constroem-se alguns “consensos” do que é mais valorizado em termos de estilos relacionados à homossexualidade, que se materializam nos espaços de lazer noturno relacionados à homossexualidade e que incluem de roupas a tipos de psicoativos, articulando também conteúdos relacionados a marcadores tais como classe, idade, cor/raça, gênero e sexualidade4. Tais “consensos” muitas vezes são tomados como expressão única de um amplo leque de estilos relacionados à homossexualidade e não raro envolvem a imagem de homens jovens, brancos, musculosos, depilados e com um sofisticado padrão de consumo.

Um exemplo alternativo nesse universo, à margem dos padrões mais valorizados, nos é proporcionado pelos ursos. Eles movimentam uma fatia em expansão no mercado relacionado à homossexualidade em São Paulo, realizando festas específicas e periódicas, todas no centro da cidade, e que chegam a atingir por volta de 1000 pessoas por edição5. Esse grupo e o seu lugar no “universo gay” mais internacionalizado são descritos da seguinte maneira por um colunista do site mixbrasil:

“A noite gay está igual em toda parte do mundo. De Israel ao Brasil. De Santiago a Montreal. A mesma música, as mesmas drogas, o mesmo comportamento, roupas, pegação. Tudo igual. A internet, talvez, tenha empastelado a cultura gay, mas não a reduziu, como pode parecer. A consagração de um grupo predominante é uma boa forma de uma subcultura (como a gay) sobreviver e mostrar sua força. Em torno deste grupo - o predominante - existem outras subculturas; e estão cada vez mais fortes. Os ursos, por exemplo. Essa a cultura que mais tem me fascinado nos últimos meses e de onde parecem vir ótimas idéias e frescor. Os ursos surgiram a partir do grupo leather norte-americano lá nos anos 70. No Brasil só se fortaleceram no fim dos 90-começo-de-2000. Em São Paulo, Madri ou Paris há festas enormes para eles”6.

4 Regina Facchini (2008) elabora uma noção de “estilo” como “operador de diferença”, no sentido em que articula

marcadores sociais de diferença como gênero, classe, cor/raça, sexualidade e geração na sua composição, atuando como mecanismo de diferenciação. Embora uma discussão mais aprofundada sobre “estilo” não seja o foco do presente trabalho, é interessante guardarmos em mente essa dimensão mais abrangente.

5 Durante a pesquisa de doutorado que dá origem a este trabalho, realizei observação etnográfica nessas festas. Neste

artigo, não privilegiarei essa dimensão, embora considere que a observação tenha sido fundamental para balizar a análise das entrevistas que aqui apresento.

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Como afirma o colunista, os homens que se abrigam sob o termo ursos movimentam uma fatia em expansão no mercado de consumo relacionado à homossexualidade em São Paulo. Esse grupo é responsável, além das já citadas festas, por agitadas comunidades na internet, revistas virtuais, sites e outras iniciativas, em que algumas subcategorias também usadas no contexto norte-americano aparecem como referência7. Num site de encontros voltados para ursos, por exemplo, é necessário que o usuário se classifique de acordo com as subcategorias para que possa construir seu perfil. Essas iniciativas do mercado são tidas muitas vezes como vitais para os que fogem ao padrão de aparência e consumo mais valorizados, inclusive no que tange ao estabelecimento de padrões de desejabilidade.

No trecho transcrito a seguir, de um entrevistado8 que se qualifica como urso e freqüenta as festas direcionadas para esse público9, fica evidente o quanto o itinerário percorrido num conjunto mais amplo de estabelecimentos relacionados à homossexualidade ou as expectativas a respeito dos lugares passa por ser um sujeito desejável ou por encontrar sujeitos desejáveis:

“Eu posso ir, nunca fui, mas eu posso ir numa The Week da vida? Freqüentar? The Week é uma boate onde vai pessoas bombadas, que a gente costuma dizer em São Paulo que são as Barbies, que seriam homens musculosos, homens esculturais. Eu posso ir?! Posso. Posso achar bonito? Posso. Mas do que adianta ta lá, eu sendo gordinho, um cara que pesa cento e dez quilos, com um metro e setenta e três... tudo bem, branco, careca, dos olhos castanhos claros, mas que não sou malhado, os caras não vão olhar pra mim. Eu vou pra um lugar desse pra dançar. Aí vou pra uma Bubu da vida, vou pra uma Sogo, que são pessoas que gostam de pessoas mais novas, são pessoas que são mais... que gostam de cabelo arrepiado, que andam de piercing, pessoas que estão com tatuagem, pessoas descoladas, com a calça mostrando a cueca,

7 Parte das subcategorias me foram esclarecidas por um informante que se classifica como urso através de um

programa de mensagens virtuais (MSN):

X diz: Chubby é tipo os gordos sem pelos que não são chamados de Daddy ou Urso. Daddy são os ursos velhos. E quando a gente fala de Urso, os pelos são obrigatórios. Senão ele é um Admirer. Entendeu? /// isa diz: ou chaser, né? /// X diz: Isso /// isa diz: hehe, cara, é complexo. /// X diz: Tem tb os Muscle Bears. Mas aqui no Brasil dá para contar nos dedos. Nos EUA é bem difundido... /// X diz: Nem é. Facinho pô!

8 Agradeço aos coordenadores da pesquisa internacional “Relations among “race”, sexuality and gender in different

local and national contexts” pela autorização do uso desta entrevista. A pesquisa está sendo desenvolvida, no Brasil, pelas instituições CEBRAP e USP e CLAM/IMS/UERJ e coordenada internacionalmente por Laura Moutinho da Silva (USP) e localmente, em São Paulo, por Júlio Assis Simões (USP). O entrevistado é um rapaz de 26 anos, urso, operador de telemarketing.

9 Todas as entrevistas aqui citadas foram realizadas com freqüentadores dos lugares de sociabilidade voltados para

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ou com a camisinha apertada, magrinho, ou tem aquele gay um pouquinho mais afeminado; então eu não gosto dos lugares que me limitem...” (entrevista com

Daniel, agosto de 2006)

A categoria “urso” aparece também como uma possibilidade de se reconhecer como tendo um lugar nos estilos e corporalidades relacionados à homossexualidade no conjunto de estabelecimentos e festas que atendem a esse público. É assim que, nas festas destinadas a ursos, os mais gordos são os primeiros a tirarem a camisa na pista de dança e, às vezes, se trata-se de um casal, um pode tirar a camisa do outro em meio a uma performance sensual e talvez possamos ver tatuada nas suas costas ou braço uma pata de urso estilizada, marca de pertencimento à categoria ursina.

De toda forma, embora possamos reconhecer um investimento considerável na circulação de imagens de homens gordos, peludos e masculinos como sujeitos desejáveis, personificando os “ursos”, a definição do que é um “urso” está em constante disputa. Em um blog bilíngüe inglês-português destinado aos ursos, encontramos a seguinte definição10:

“A comunidade Bear (Urso) é uma subcultura masculina da comunidade gay. Ursos são geralmente gays ou bissexuais maduros com corpo peludo e barba, bigode ou cavanhaque. Alguns são mais pesados, porém não é uma exigência para ser urso. Ursos exibem freqüentemente uma aparência externa masculina. Alguns ursos dão grande importância a uma presente hiper imagem masculina e pouca associação com homens afeminados ou estilos parecidos. Outros ursos não dão importância a isso.

Há muita discussão na comunidade gay sobre como definir um urso. Alguns gays se identificam a si próprios como ursos, enquanto outros discutem que ursos devem possuir certas características psicológicas tais como ter peito e rosto peludos e, certo modo de vestir-se e comportar-se”11.

Passo, daqui em diante, a empreender uma análise sobre o papel que diferentes convenções de gênero desempenham na produção de sujeitos que freqüentam as festas voltadas para ursos, bem como tais convenções podem ser desestabilizadas a

10 No “Aurélia: a dicionária da língua afiada”, um dicionário debochado de termos do “pajubá” (termos utilizados no

universo relacionado à homossexualidade e às travestis), “urso” aparece definido como: “homossexual com excesso de peso e de pêlos; bicha gorda e peluda”. Embora o dicionário seja assumidamente debochado, essa visão dos “ursos” está presente para os que se classificam em outras categorias. Fonte: VIP, Ângelo; LIBI, Fred. Aurélia: a dicionária da língua afiada. São Paulo, Editora da Bispa, s/d.

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partir da presença de rapazes tidos como afeminados. Para além do deslocamento de padrões no interior do mercado voltado para homens que se relacionam afetivo-sexualmente com outros homens em São Paulo, os ursos nos oferecem também uma oportunidade interessante para pensar as relações de poder no que concerne às masculinidades. Esse aspecto torna-se ainda mais central, considerando que são as convenções relacionadas a masculinidades que têm articulado as principais disputas em torno da categoria. Antes de passar à análise propriamente dita, portanto, cabe realizar uma breve reflexão acerca da idéia de “masculinidades”, tal como tem sido explorada nas Ciências Sociais.

Masculinidades na perspectiva das Ciências Sociais

Grande parte dos estudos sobre masculinidades foi alocada sob o termo “men’s studies”, cunhado com vistas a produzir uma simetria em relação aos já existentes “women’s studies” (Vale de Almeida, 2005), ou seja, os estudos de homens em paralelo aos estudos de mulheres. Na antropologia, o processo de estabelecimento de um campo denominado “antropologia da mulher” se deu por meio da reivindicação, que se nutria de uma perspectiva feminista, de que se direcionasse uma maior atenção às mulheres, fazendo uma crítica do androcentrismo na disciplina. A área da “antropologia da mulher” logo se transformou em uma subdisciplina, em que antropólogas eram vistas como mais aptas a estudarem outras mulheres. Tal projeto suscitou, nos anos 1980, importantes questionamentos, resultado da articulação de mulheres negras e lésbicas no movimento e teoria feminista, que se posicionavam de forma a expor a fragilidade de um uso e compreensão universais da categoria “mulher” e o entrecruzamento de pertencimentos específicos (raça, classe, sexualidade, entre outros) na produção de diferentes subjetividades (Haraway, 2004), temas que têm sido continuamente elaborados pela teoria feminista desde então. Nesse momento, já se encontrava em curso “uma redefinição desse projeto de ‘estudo da mulher’ para ‘estudo de gênero’” (Moore, 1996, 24), fazendo recair o foco nas relações entre homens e mulheres e no papel desempenhado pelas convenções de gênero nas estruturas sociais, e enfatizando mais a “diferença” do que uma “semelhança” transcultural entre mulheres.

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De forma similar, os estudos alocados sob o termo “men’s studies” têm dado lugar, gradativamente, aos estudos sobre masculinidades, tomados a partir da perspectiva dos estudos de gênero. Ainda assim, persistem estudos que tomam como base noções pouco problematizadas de “masculinidade”, dando menos margem ao entendimento de como essas noções se constituem de forma contingente e considerando-as como atributos passíveis de serem possuídos ou não. No entanto, trabalhar com masculinidades, tendo como pano de fundo teórico as discussões relacionadas a gênero, pressupõe a investigação de como convenções acerca do que é tido como “masculino” e “feminino” se articulam em diversos contextos sociais, produzindo corpos, subjetividades e identidades, ao mesmo tempo em que encetam relações de poder e desigualdades. Não se trata de colar sexo a gênero – tampouco de assumir a noção de que seja possível estabelecer diferença sexual a partir de um corpo que seja anterior ao discurso (Butler, 2003). Assim, masculinidades e feminilidades não se referem a homens e mulheres concretos, respectiva e exclusivamente. Tampouco podemos olhar somente para a produção de normatividades no que refere a gênero, considerando que gênero pode ser não apenas o lugar de produção de binarismos, mas também da sua desconstrução e desnaturalização (Butler, 2004).

Feitos tais reparos de antemão, cumpre agora observar que, embora os estudos relacionados a masculinidades não necessariamente se limitem à associação entre masculinidade e homens, não há nenhum impedimento em referir-se a “masculinidade em homens”. Como já alertara Miguel Vale de Almeida,

“uma coisa é falar de masculinidade no sentido acima definido (independentemente de homens e mulheres), outra é falar, por assim dizer, da ‘masculinidade dos homens’. Quando recorro a esta última opção, faço-o justamente para analisar a complexa relação entre homens concretos e masculinidade” (Vale de Almeida, 1995, 162).

Quando falamos de masculinidades há ainda outra importante observação a ser feita: as relações de poder pelas quais as relações de gênero são permeadas envolvem também diversas versões de masculinidades, que se constituem a partir da intersecção de diferentes marcadores sociais, como classe, cor/raça, sexualidade e geração (Carrigan et all, 1985). A combinação entre esses marcadores possibilitou a elaboração da idéia de

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“masculinidades hegemônicas” e as correlatas “masculinidades subalternas”, esquema teórico produzido com vistas a abordar as relações de poder e desigualdades no tratamento das masculinidades. Esse esquema teórico pode ser lido de maneira mais fixa, considerando grupos mais ou menos “privilegiados” de homens (Carrigan et all, 1985), ou de forma mais flexível, levando em conta a dimensão contextual envolvendo a intersecção de marcadores sociais na constituição de posições de poder diferenciadas entre homens (Cornwall; Lindisfarne, 1994). Segundo Vale de Almeida, a relação entre modelos hegemônicos de masculinidade e os subordinados se daria em constante tensão, resultante da necessidade de se manter “assimetrias (como heterossexual/homossexual) e hierarquias (de mais a menos ‘masculino’)” (Vale de Almeida, 1995, 162). De toda maneira, a vigilância das fronteiras entre hetero e homossexualidade seria um dos pontos sensíveis para a manutenção do modelo hegemônico que, tal como constituído, tenderia a excluir a homossexualidade de seu terreno. Essas fronteiras, porém, podem ser borradas de diferentes formas, como no caso dos freqüentadores das festas dos ursos aqui em questão, quando estabelecem novas normatizações e exclusões a partir do que consideram o pertencimento a determinadas convenções de masculinidade que poderiam ser tomadas como hegemônicas num sentido mais geral.

Um “homem normal”: produção de masculinidades, gênero e sexualidade

Parte dos atributos que compõem a masculinidade entre homens que se qualificam como ursos ou freqüentam as festas voltadas para esse público não podem ser considerados como exclusivamente associados a masculino ou feminino, nem como estritamente ligados a homens e mulheres. Não se importar com a gordura, por exemplo, pode ser uma característica de muitas mulheres e tida como feminina em alguns contextos. O uso de roupas mais largas e um certo despojamento ao vestir-se, outro aspecto associado a masculinidade pelos ursos, pode estar relacionado, em outros contextos, a questões geracionais e profissionais: determinadas profissões não admitem despojamento no modo de vestir ou o uso de tênis e bermuda pode ser algo pouco familiar para alguns homens mais velhos. Esses aspectos, portanto, não traduzem diferenças entre homens e mulheres, personificadas em algo que “é”

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masculino ou feminino, mas sim aspectos acionados como sendo masculinos em dado contexto.

Já outros aspectos podem ser mais convencionalmente associados a homens, como o uso de barba, por exemplo. Bonnie McElhinny nos oferece um esquema interessante para pensar essas diferenças: segundo a autora, marcadores de gênero podem ser distinguidos entre referenciais e indexadores. Assim, os referenciais seriam marcadores “inequívocos, não-ambíguos, símbolos categóricos de gênero” e os indexadores seriam

“não-exclusivos (podendo indicar outros tipos de informação social, como idade, sexualidade, características pessoais), constitutivos (pois uma característica [não-emotividade] pode ser ligada a outra [objetividade], que por sua vez indica ‘masculinidade’] e probabilísticas [não-emotividade é com freqüência relacionada a masculinidade, mas não exclusivamente])” (McElhinny, 1994, 167) (tradução livre).

Alguns dos atributos mais evidentes pelos quais os ursos afirmam uma versão particular de masculinidade envolvem características corporais, como o cultivo de pêlos e o fato de não se importarem com a gordura, e a composição de um estilo de se vestir que seja tido como de homem. A barba – item tido por muitos como essencial para um

urso -, o uso de peças de roupas mais largas e um certo despojamento no vestir-se são

elementos acionados por muitos entrevistados para definir aos ursos e a si mesmos. Vejamos o seguinte trecho de entrevista, em que Daniel, já estabelecido em São Paulo há cerca de 3 anos quando da realização da entrevista, tendo nascido e vivido na Bahia, relata como tomou contato com a categoria “urso” e a “adotou” para si12:

“P: E como você define o seu estilo? Você se identifica com algum tipo, algum grupo? R: Então, vamos dizer, fisicamente, se você passar e me ver na

rua, pode até discordar, eu seria um homem masculinizado, aquele gay que você fala assim: "Não, não é gay." É um homem normal, que gosta de andar de tênis, calça social, calça jeans não apertada, uma camisa folgada mesmo porque eu sou gordo e não usaria camisa apertada e tal, coladinho... um boné e barba. Assim, posso estar com barba, cavanhaque ou sem barba. Seria um urso, nesse grupo todo seria um urso. Um urso, simplesmente porque eu sou gordo e peludo.

P: Mas você se identifica com essa cultura, porque existe uma certa cultura

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também, né?! R: Sim, eu acabo me identificando. Já tem dois anos que eu me

identifico... eu não conhecia, é um termo que eu não conhecia, até mesmo por morar em Salvador e, em Salvador, não existe isso... acha que todo mundo é de todo mundo e todo mundo é pra mim também. É negro, branco, índio... ainda mais quando você fala de relação sexual e amizade, é tudo igual. (ri) Nunca vi, cidade maravilhosa. E, assim, eu conheci muito paulista no carnaval da Bahia e falavam assim: "Pô, ursão. Bear, bear..." E falei: 'Que troço é isso, o quê que é isso?' Aí eu vim descobrir que bear é urso, e eu sempre fui gordinho, né?! Aí pronto, descobri que eu era urso, aí pronto. Me adotei e estou adorando...”

(entrevista com Daniel, agosto de 2006)

Os atributos corporais descritos pelo entrevistado não poderiam ser responsáveis, por si só, para que pudesse se denominar urso, especialmente no contexto baiano, de menor segmentação de mercado: para isso, foi necessário ser “reconhecido”, ou interpelado13 como “urso” por turistas paulistas, quando “descobriu” já ser “urso”, “se adotando”. A frase “me adotei [o termo urso] e estou adorando” indica alguma dimensão de agência frente a uma categoria que alguém “adota para si mesmo”, ou o fato de “se adotar para si mesmo” por meio de uma categoria. Além disso, sugere um aprendizado e reiteração do que é “ser urso”, refletido no termo “estou adorando”, que indica uma idéia de continuidade e repetição, reforçadas pelos esforços que presenciei em campo de definir limites entre os ursos e outras categorias por meio de textos, discussões na internet, material visual distribuídos nas festas, entre outros. Esses elementos, por mais que haja também um movimento de ampliar a categoria urso a partir de um discurso de não preconceito e amizade, acabam por reiterar a postura e aparência corporal ligada à categoria.

Fica clara na entrevista a definição da categoria urso pela diferenciação com relação a características que parecem tornar um gay reconhecido na rua, pela suposição de que uma certa inadequação a determinadas convenções de gênero torna um homem gay. Os aspectos que transformariam o entrevistado em um homem

13 Utilizo aqui a noção de interpelação de Louis Althusser (1999), tal como relida por Butler (1997). Butler

considera, nessa leitura, que o ato de virar-se para responder à autoridade que interpela é um ato não condicionado unilateralmente nem pelo interpelador, nem pelo sujeito ao qual se endereça a interpelação, reinstaurando a possibilidade de uma agência regulada do sujeito. Citando Giorgio Agamben, a autora lembra que o desejo de “ser” simplesmente, o desejo de reconhecimento e o processo de subjetivação não pode ser entendido como algo que elimine qualquer experiência ética ou que defina uma essência humana que mina a idéia de existência como potencialidade. Assim, poderíamos “reler ‘ser’ como precisamente a potencialidade que permanece inexaurida por qualquer interpelação particular.

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masculinizado não são, dessa forma, indexados apenas tendo em conta características

relacionadas a homens e mulheres, mas também ao que o entrevistado percebe como sendo sua relação com características atribuídas a gays e heteros. Em oposição a uma gestualidade e apresentação tida como mais feminina ou associada a gays, pelo uso de “calça jeans apertada” e “camisas coladinhas”, o entrevistado enfatiza suas características masculinas: seria um homem normal, usando roupas folgadas, boné,

calça social ou calça jeans não apertada, podendo cultivar ou não barba ou cavanhaque. Expressões como homem normal, homem, pessoa normal também foram

freqüentemente acionadas quando pedi aos entrevistados que falassem sobre seu “estilo”. Antes de evocar uma hiper-masculinidade14, essas expressões referem-se à citação de uma masculinidade tida como a norma, de um modelo talvez hegemônico, do qual os ursos procuram se aproximar. Também fazem parte de um discurso que associa de modo direto homens a masculinidade, criando um campo de legitimidade no qual se inserem homens masculinos e, ao mesmo tempo, uma esfera do ilegítimo, à qual pertenceriam homens marcados por uma masculinidade não-natural ou por uma feminilidade que funcionaria como elemento disruptivo da suposta coerência entre sexo biológico e atributos relacionados a gênero.

Ursos e Fofoletes: fronteiras, normatividades e subversões

A presença de homens gordos, peludos e tidos como afeminados na cena ursina tem criado situações em que ficam bastante expostas as tensões relacionadas a gênero entre esses homens. Os rapazes que recebem a alcunha de fofoletes – ou úrsulas, com menor frequência – têm em comum o fato de se vestirem de modo mais espalhafatoso, com cores não necessariamente sóbrias, utilizarem jóias e outros acessórios (como leques, que foram moda por certo período de tempo entre rapazes tidos como

afeminados), poderem pintar o cabelo ou fazer as sobrancelhas. Ainda, atribui-se a

esses rapazes um andar menos duro e o hábito de dançar de modo mais agitado,

14 Camilo Albuquerque Braz (2008) vem encontrando, nos clubes de sexos para homens, contextos em que uma

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dublando músicas com vocal feminino, lembrando, dessa forma, a performance das

drag queens15.

No entanto, não é necessariamente a presença de homens tidos como

afeminados nas festas de ursos que gera incômodo. Embora isso também possa

acontecer, é a disputa pelos sentidos relacionados a essa categoria que traz os maiores conflitos. De certa forma, a presença dos afeminados contamina uma categoria de identificação que parecia isolar a associação entre feminilidade e homossexualidade, das quais os ursos procuram se distanciar:

P: E o lance dos afeminados, como você acha que rola? R: Rola um lance até meio de proteção, quando o cara é afeminado e é magrinho, não está nem aí, passa numa boa, passa despercebido. Até, às vezes, o urso sai com um magrinho afeminado e não está nem aí. O problema é quando o cara é grande, forte, coloca uma banca de urso, se descreve como urso na internet, vai lá e coloca perfil como se fosse um machão. E aí, quando você chega, o cara é mais mulher que a minha mãe. Acho que disso que saiu esse negócio de fofolete. Porque se você pegar são algumas pessoas específicas que receberam esse nome e é por causa disso, vai na festa [de ursos] com leque. Se fosse uma bichinha afeminada, que fala assim “não, só estou vindo curtir”, pouco importa. Mas isso agride a gente também, que se diz urso. Porque aí depois se entrar num bate-papo e eu falar “sou urso”, “ah, você também anda de leque, também usa lantejoula?”. Porque se for pra ser de qualquer jeito, não precisa do termo.

(Entrevista com Bruno, novembro de 2008)

“(...) O cara pode fazer o que quiser na cama, mas não precisa achar que virou mulher por causa disso e imitar a Madonna e a Cher na pista de dança. Não tem nada mais ridículo que uma gorda peluda e barbuda dando uma de drag queen... e ainda achar que pode ser chamada de URSO!” (descrição de comunidade no site de relacionamentos Orkut, criticando os fofoletes, acesso em junho de 2007)

Do outro lado, rapazes tidos como afeminados reagem a essa marcação de fronteiras, reivindicando para si o termo urso, procurando desvincular a categoria de uma suposta sobriedade masculina e aproximá-la de aspectos mais convencionalmente

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associados à homossexualidade, como “dar pinta, arrasar, bater cabelo”16 e dizer “meu koo” para reações negativas diante desse comportamento:

“Se urso não tem um padrão físico (alto, baixo, gordo, magro...), nem aparência definida (tatuado, peludo, pelado, branco, negro...), pq alguns acreditam que se deve ter uma postura padrão? Se existem Muscle Bear, Chubby Bear, e sei lá mais o que Bear... eis aqui mais um rótulo, para aqueles que amam rótulos. Fofolete Bear! Se você é urso e dá pinta, Se você é urso e arrasa, Se você é urso e bate cabelo, Se você é urso e diz "meu koo", Se você é urso... e é Fofolete... Essa é a sua comunidade! Seja bem vindo! Ser urso é, antes de tudo, aceitar-se e aceitar os outros. E para quem discordar... meu koo! Entre e arrase!”. (descrição de comunidade no Orkut, com o objetivo de agregar

fofoletes e outros ursos, acesso em junho de 2007)

Ainda, embora o termo fofoletes seja utilizado de modo a subverter seu aspecto negativo, não se pode supor que os chamados de fofoletes se reconheçam nessa categoria ou no rótulo de afeminados. O trecho da entrevista a seguir, embora um tanto longo, é interessante pois, de um ponto de vista interno aos considerados afeminados, articula uma argumentação que de certo modo sintetiza determinados aspectos que se encontram em foco:

Por uma questão de enrustimento social deles [os ursos que são

contrários à presença dos afeminados – aqui, o entrevistado refere-se ao que considera uma “ala mais radical” dos ursos”], eles têm preconceito com essa

feminilidade, com algumas coisas femininas. E eu já sofri esse preconceito pelo modo como eu me visto. Eu não acho que seja um cara feminino, muito pelo contrário, mas eu já sofri preconceito, porque eles são pessoas que se policiam o tempo todo pra não dar pinta na voz, pra não dar pinta no corpo, pra não dar pinta no rosto. Porque eles mentem, eles acreditam na mentira deles, eles acreditam que as pessoas acreditam neles. Mentira descarada. Só que eu não vou fazer terapia com essa gente, eles se virem sozinhos. Se eles querem viver na mentira, problema deles. Então, eles se policiam o tempo inteiro, eles se vestem muito mal formalmente, porque, assim, quanto mais desleixado, desgrenhado, de cabelo mal cortado, eles acham que são mais machos. Eu sofri preconceito por ser bem vestido. R – Do cara virar pra mim e falar que eu era a travesti preferida dele. Na cabeça dele, acredito que pra ele é exatamente isso. Por outro lado, não vou falar pra ele, “querido, você sair de casa, botar uma camisa xadrez que você não usa, sem manga, pra ir numa festa, isso é ser

16 Todos esses termos são encontrados no cotidiano de freqüentadores de lugares voltados para o público “GLS

(gays, lésbicas e simpatizantes)” e são especialmente associados ao contexto das boates, onde fazem parte de um comportamento tido como tipicamente gay.

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travesti, isso que é se fantasiar de urso pra tentar se relacionar com outro ser. Isso que é carência, não sou eu que me visto de acordo com esse desejo. (...) Eles não dançam. Macho não dança. Porque se dançar, dá pinta. Quantos olharam feio pra mim e na hora que eu não estou olhando o cara dá um ataque na pista. Não pode tocar I will survive perto dele, que ele se joga. Ele tem que estar feio, forte, formal, all the time. São pessoas copiando símbolos sexuais importados, que não são da realidade do brasileiro. Essas pessoas estão completamente deslocadas. (Entrevista com Marcelo17, agosto de 2008)

No trecho acima, o que está em questão é a associação entre feminilidade e homossexualidade: os machos a que se refere o entrevistado seriam homens que vivem

na mentira, se policiando o tempo todo para não denunciar qualquer aspecto que possa

relacioná-los à homossexualidade a partir de um comportamento tido como feminino. Por outro lado, encenariam essa masculinidade a partir de comportamentos como se

vestir mal, ser desleixado ou não dançar. As acusações que superlativam traços

considerados femininos no entrevistado, enquadrando-o na categoria de travesti, são rebatidas a partir da afirmação de que ser travesti é se vestir de urso para conseguir parceiros. Assim, o entrevistado inverte a acusação, afirmando que são esses machos que se comportam a partir de um desejo (homo)sexual. Além disso, trata-se também de subverter a associação de determinados indexadores com masculinidade, reivindicando-a preivindicando-arreivindicando-a si: durreivindicando-ante o decorrer dreivindicando-a entrevistreivindicando-a, significreivindicando-ados relreivindicando-acionreivindicando-ados reivindicando-a estreivindicando-abilidreivindicando-ade,

ordem e solidez na forma de gerir o cotidiano foram associados a ser masculino, mais

do que marcadores que, no trecho acima, aparecem como importados ou como sinônimo de mau gosto ou feiúra.

Considerações finais

Neste artigo, procurei investigar como gênero e sexualidade se cruzam, num determinado contexto, de modo a deslocar convenções relacionadas a masculinidade e feminilidade, a hetero e homossexualidade, e às possíveis relações entre tais marcadores. Tal proposta só é possível, como vimos, se recorremos à dimensão contingente que permeia tais relações. É nesse sentido também que trabalhei com a

17 Marcelo não quis declarar a idade na entrevista, mas aparenta ter de 30 a 40 anos, não se classifica como urso,

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literatura referente às masculinidades nas Ciências Sociais, procurando questionar abordagens que tendem a fixar significados inequivocamente masculinos ou femininos, associando-os a homens e mulheres e à produção de relações de poder em que as desigualdades podem ser sempre vistas sob um único viés, que pressupõe “opressores”

versus “oprimidos” em posição estática.

As relações de poder que entremeiam os processos descritos e neles se constituem são abordadas em meio aos mecanismos pelos quais se produz subjetivações e identificações – acompanhadas de diferenciação e exclusão - num contexto de segmentação do mercado de consumo voltado para homens que se relacionam afetivo-sexualmente com outros homens em São Paulo. No caso dos ursos, sujeitos de certa forma excluídos por um padrão de aparência corporal, consumo e estilo mobilizam espaços de sociabilidade e consumo voltados para si, alargando as imagens relativas à homossexualidade e aos padrões de desejabilidade presentes no mercado, de modo que possa incluir também homens viris, gordos e peludos. Nesses espaços, negociam diferentes pertencimentos, constituindo versões singulares do seu modo de ser um homem normal e negociando ainda com diferentes estilos de masculinidade. Articulam também um lugar para si dentro das convenções sociais que associam homossexualidade a feminilidade e que permanecem como locus de preconceito e manutenção de estigmas.

Nesse processo, a categoria urso é operada de modo a fixar determinada subjetividade, conferindo “coerência, continuidade e estabilidade” (Brah, 2006, 371) provisórias a sujeitos múltiplos. No entanto, a constituição dessa categoria identitária deixa de fora sujeitos que apresentam uma disjunção dos elementos que a compõe, e que retornam como seu “espectro de dissolução” (Butler, 2003a): os chamados

fofoletes, na medida em que desestabilizam a categoria urso, deslocando atributos de

gênero relacionados a ela, constituem-se como subversivos em potencial. Assim, vemos como um mesmo cenário pode abrigar movimentos contínuos de normatização e subversão, revelando relações de poder nem sempre estáveis ou unívocas.

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