• Nenhum resultado encontrado

COOPERATIVISMO Ensino Médio Integrado 1º ano 9. Ano letivo Professor Edson da Silva Farias

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "COOPERATIVISMO Ensino Médio Integrado 1º ano 9. Ano letivo Professor Edson da Silva Farias"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

COOPERATIVISMO

Ensino Médio Integrado – 1º ano

9

Ano letivo 2021

(2)

As propostas de François Marie Charles Fourier

Na França, encontramos uma série de pensadores que muito contribuíram para a elaboração de uma Doutrina Social com base cooperativa. Diferentemente do que ocorreu na Inglaterra, na França predominou a idéia da Cooperativa de Produção, com exceção de Charles Fourier. O lugar ocupado por Robert Owen na história das idéias cooperativas na Inglaterra, na França é preenchido por François Marie Charles Fourier (1772-1837). Filho de um rico comerciante, Charles Fourier perdeu sua fortuna em uma especulação desastrosa. Em consequência, passou a viver como um modesto empregado do comércio. Sua vida de pequeno burguês equilibrado contrasta com sua obra cheia de fantasia audaz, que chega, às vezes, às raias da loucura.

Fourier antevia a solução do problema social na constituição de vários grupos organizados numa vida em comum. Seu plano abrangia não só os operários, a exemplo de outros precursores do movimento. Ao contrário, insistia no fato de que os grupos econômicos a serem criados só dariam bons resultados se fossem formados por membros pertencentes a todas as classes sociais reunidas. Denominou esses grupos de ‘falanges’, evocando as invencíveis falanges da Armada Macedônia. O número de associados de uma falange poderia variar de 400 até 2.000. Afirmava que o rendimento máximo era obtido quando a falange era composta por 1.620 associados – dobro de 810, número que indicava, segundo ele, a quantidade dos diferentes caracteres humanos. Para Fourier, seria bom que a Falange reunisse todos os caracteres que, completando-se mutuamente, anulariam seus defeitos. Segundo Fourier, na vida em comum, realizar-se-ia uma economia importante. Essa falange seria instalada em uma colônia comum, intitulada de ‘Falanstério’. O Falanstério possuiria uma propriedade com a forma quadrada e 2.000 hectares de superfície, o que representaria pouco mais de um hectare para cada um dos 1.620 membros da falange. Nela, seria edificado o ‘Palácio Social’, no centro do qual se encontraria a sala de jantar, a biblioteca, a sala de estudos e os salões de correspondência. Todos os membros da colônia morariam nesse edifício. Nas alas vizinhas, seriam instaladas as oficinas de trabalho, bem como as salas de jogos para as crianças que, desta forma, não perturbariam a paz dos locatários com sua algazarra.

Fourier quase não se preocupou com a organização política das falanges, pois achava que, realizando-se a harmonia completa de interesses através da organização da vida econômica e social, não haveria necessidade nem de meio de coação, nem de poder administrativo. Os chefes da falange seriam eleitos e suas atribuições seriam absolutamente honorífi cas. Resultando a colônia do agrupamento de pessoas de todas as categorias sociais, a propriedade individual seria mantida, logo, o Falanstério não seria uma colônia comunista. A vida seria coletiva, mas respeitando-se as diferenças na maneira de viver. Na mesa, existiriam cardápios diferentes, segundo a renda e os gostos dos membros. Fourier atribuiu uma grande importância ao trabalho agrícola e negligenciou o trabalho industrial. No Falanstério, apenas um quarto do trabalho seria reservado para a indústria, os três quartos restantes deveriam ser destinados a trabalhos agrícolas. O industrialismo, dizia Fourier, é a mais recente de nossas quimeras científicas. Ele chega à mania de produzir de maneira confusa, sem que o produtor ou o assalariado tenha garantia alguma de poder participar do conjunto de riquezas. Da mesma forma, no Falanstério, a agricultura de cereais, que exige uma quantidade considerável de trabalhos, deve ser substituída pela cultura mais econômica dos legumes e das árvores frutíferas. Partindo do princípio de que o trabalho

(3)

deve ser atraente, afirmava que isso poderia ser conseguido com a transferência das oficinas das cidades para o campo, onde seriam distribuídas em áreas pitorescas. Ele prescreveu condições e regras sobre a elegância, limpeza, harmonia espiritual, segurança e os locais adequados em que os sócios deviam desenvolver suas atividades. O trabalho seria feito em séries, cada um passando de uma espécie de trabalho para outra livremente. A conseqüência da série seria a harmonia. O trabalho atrativo só poderá ser realizado por meio da associação. Então o salário deve desaparecer neste regime e ser substituído pelo trabalho associado, ao qual compete à propriedade dos meios de produção. Os produtos dessa economia coletiva devem ser distribuídos segundo a seguinte fórmula: 5/12 para o trabalho manual; 4/12 para o capital e o restante, ou seja, 3/12 para o talento, isto é, ao trabalho intelectual colocado a serviço da produção. Para a remuneração dos trabalhadores é reservada uma parte das sobras. A parte reservada ao trabalho é repartida proporcionalmente aos graus de: necessário, útil, ou agradável. No projeto de Fourier, a colônia era fundada graças a um capital que pertencia, não aos seus membros, mas a um filantropo estranho ao grupo. A este era reservado, então, 1/3 das sobras. Fourier, na França, e seus discípulos Chaning Brisbane e Victor P. Considerant, na América do Norte, esperaram em vão, durante toda as suas vidas, o filantropo, que deveria adiantar os fundos, realizar essas idéias, mas sem nenhum resultado satisfatório. Porém, entre 1841 e 1845, nada menos do que trinta e quatro Colônias Fourieristas foram fundadas. Todas fracassaram, cedo ou tarde, por diferentes motivos. Victor P. Considerant, o mais brilhante dos discípulos de Fourier, expôs a doutrina do mestre em um livro publicado entre 1834 e 1844, em três partes, com o título O Destino Social. Este livro era dotado de um caráter político. Já em 1843, Victor P. Considerant fundou o Jornal A Democracia Pacífi ca, que substituiu os Jornais O Falanstério e A Falange, ambos editados entre os anos de 1832 e 1840.

O programa da Escola foi exposto em 1841, por Considerant, por meio do Manifesto da Escola Societária, que defendia a idéia da reforma social baseada na associação. Uma realização prática das idéias de Fourier, que se manteve e se mantém até nossos dias, foi a encabeçada por Jean-Baptiste André Godin (1817-1888), na localidade de Guise, na França. Ela não se trata de uma exata aplicação do “fourierismo” e, com o tempo, distanciou-se do caráter inicial. Todavia, é certo que Godin agiu sob a inspiração das idéias de Fourier. O operário Godin conseguiu tornar-se patrão de uma importante empresa metalúrgica, em Guise. Conheceu as misérias da classe operária desde sua infância e quis ser útil à classe social de onde havia saído e, entusiasmado pelas idéias de Fourier, doou 100,000 francos ao Falanstério fundado por Considerant, no Texas. Em 1859, Godin fundou uma instituição similar em Guise, a qual denominou de Familistério. Essa instituição progrediu e, embora devastada pelas guerras, ainda hoje se encontra em pleno funcionamento. Porém, em 1880, foi transformada em uma cooperativa, sendo que as cotas entregues a Godin elevaram-se à casa dos 3.750 milhões de francos franceses e os operários haviam acumulado, graças à participação nos lucros, mais de 250.000 francos franceses. O excedente obtido pela empresa deveria ser repartido entre os associados da seguinte maneira: 25% para o fundo de reserva; 25% para a direção; e 50% ao capital a ao trabalho dos membros restantes. Pode-se depreender que o Familistério concebido por Godin não era exatamente aquilo com que Fourier havia sonhado, porém representou uma bela e interessante experiência social, que teve e tem êxito. O Movimento Cooperativo atual, tanto no Paraná como em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, teve seu início entre colonos de imigração européia. Na segunda metade do século XIX, ocorreram

(4)

experiências pioneiras de cooperativas integrais, calcadas no Modelo Furierista. Entre 1842 e 1845, em Santa Catarina e, 1847 a 1890, no Paraná.

A Teoria Cooperativista de William King

O Doutor William King (1780-1865) partiu da idéia de que era interessante reunir a capacidade de consumo do público. Na economia de seu tempo, as riquezas eram adquiridas pelo comércio. Logo, os que tivessem necessidades de produtos deviam começar pela organização do comércio de mercadorias e não pela produção. Os operários seriam mais favorecidos se o dinheiro que gastavam para organizar as greves, com a ajuda das associações profissionais, cujo papel não fora negado por King, pudesse ser empregado na criação de Cooperativas de Consumo. Ele procurou pôr em prática sua Teoria Cooperativista e, em 1827, King criou a primeira Cooperativa de Consumo em Brighton. Nessa cidade, onde exercia a medicina, ele conheceu a esposa do grande poeta inglês Byron, que se interessava pelas instituições de reforma social. Lady Byron muito ajudou financeiramente a ação cooperativa de King. De acordo com o Modelo de Brighton, em pouco tempo foram criadas mais de trezentas pequenas cooperativas. Porém, elas também logo desapareceram. A atividade do Doutor King no campo do cooperativismo não teve, portanto, resultados práticos duradouros. Mas suas idéias influenciaram o programa da primeira cooperativa moderna de consumo, a de Rochdale.

King não conseguiu descobrir as regras práticas necessárias ao funcionamento da Empresa Cooperativa. Suas sociedades tinham um número limitado de associados, que não representava um poder aquisitivo suficiente para que elas prosperassem. Além disso, o pequeno capital dos membros não era remunerado, vendia-se, ao preço de mercado, os excedentes que não eram repartidos entre os sócios clientes, quer como bônus, quer como juros de capital, mas eram destinados à constituição de um capital coletivo. Dessa maneira, o sócio não tinha interesse nem como associado, nem como cliente. A participação na cooperativa não oferecia nenhuma vantagem aos sócios. Todavia, King pode ser considerado um dos mais qualificados teóricos do cooperativismo de sua geração. Durante os anos de 1828 e 1829, King publicou uma pequena revista mensal intitulada Th e co- operator, a qual teve vinte e oito números publicados, todos integralmente redigidos por ele. Seus artigos tratavam de cooperativismo, bem como de mutualismo, das trade-union, do cristianismo, etc. Nessa revista, ele expôs suas idéias sobre o Sistema Cooperativo. King preconizava que somente seria possível tirar as classes operárias do estado de miséria e de dependência em que se encontravam em relação às classes capitalistas através de empresas cooperativas, as quais lhe dariam possibilidades de criar uma vida independente e um bom estado físico e moral.

No sentido oposto ao dos outros reformadores sociais, que declaravam ter necessidade de certos fundos para colocar seus planos em prática, pelo menos no início, King partia da idéia de que a ação de emancipação da classe operária deveria ser executada exclusivamente pelos próprios meios dessa classe. A idéia de auto-ajuda (self help), que também é encontrada em outros pensadores, foi acentuada e considerada por King como um dos pontos fundamentais de seu programa de ação cooperativa. Por meio da cooperativa, o trabalho deveria ser liberado da situação de dependência na qual se encontrava em relação ao capital. As forças dispersas dos trabalhadores poderiam criar uma excepcional potência se pudessem substituir o ódio existente pelo entendimento e pela associação dos interesses comuns dos trabalhadores. King procurou mostrar à classe operária que ela possuía uma importante força, que deveria ser concentrada em cooperativas para melhorar o poder aquisitivo de cada um, mesmo dos mais pobres. King

(5)

também afirmava que o lucro comercial não provinha do capital, mas sim, das vendas efetuadas pela empresa. Ele também defendia a idéia de que a cooperativa não devia contentar-se somente em organizar a atividade econômica dos membros, mas deveria ter em mente, igualmente, as suas necessidades espirituais. Por meio da cooperativa, o

homem deveria ser transformado moralmente, pois, como os interesses de cada associado são os mesmos, a concórdia e o amor reinariam pela força das coisas. Aí também poderia concretizar-se o preceito cristão de “amar ao próximo como a si mesmo”. A concepção cooperativa de King, diferentemente da de Robert Owen era, portanto, profundamente cristã. Ele é considerado um dos precursores dos cristãos sociais. Ele dizia que a

cooperativa devia trabalhar pela transformação moral do homem, assumindo a tarefa de educar os cooperados. Dessa maneira, preconizava a criação de escolas cooperativas para o ensino econômico e a organização das cooperativas. No fundo, a Teoria Cooperativa de William King pode ser enunciada como o fundamento social e econômico da cooperativa consistindo na organização do trabalho e no interesse daqueles que fornecem o trabalho. A cooperativa permitiria que o fator trabalho se liberasse do estado de dependência em que se encontrava em relação ao fator trabalho. Ele acrescentava também que o salário que o trabalhador recebia representava somente uma insignificante parte do valor criado por ele. Em resumo, na opinião de William King, a cooperativa permite aos operários, por meio da acumulação de um capital próprio coletivo, organizar sua força de trabalho em seu próprio interesse.

Referências

Documentos relacionados

Para al´ em disso, quando se analisa a rentabilidade l´ıquida acumulada, ´ e preciso consid- erar adicionalmente o efeito das falˆ encias. Ou seja, quando o banco concede cr´ editos

Assim sendo, o espaço da estrada é determinante como facilitador de um exercício de uma sexualidade mais plena, aberta e satisfatória, pelo menos para Thelma, e ao

Portanto, a industrialização da região Nordeste afetou somente o tipo de atividade agropecuária desenvolvida, pois a medida que esse processo de concentração econômica

• Diferenças entre os estados podem ser explicadas em parte por suas diferenças históricas: no início da década de 2000, pequenos proprietários e possuidores rurais do

• Differences between states can be in part explained by historical differences in deforestation behavior: in the early 2000s, smallholders in Mato Grosso cleared forest in

Para que o estudo seja possível, houve um levantamento bibliográfico sobre o cenário do sistema produtivo da saúde no Brasil, tendo em vista a proteção

Art.. PARÁGRAFO ÚNICO – devido ao seu caráter peculiar como Cooperativa-Escola, as decisões da Assembleia deverão ser homologadas pela Direção da Escola, de

The multiple target tracking problem is typically decomposed into two phases: the first phase establishes the order in which the targets should be visited and subsequently, it uses