TURISMO SUSTENTÁVEL
Sumário
Atores chave do desenvolvimento sustentável:
- O setor público.
- A indústria do turismo
- As organizações não governamentais - As comunidades locais
- O turista
Bibliografia:
Swarbrooke, J. (1999) – Sustainable tourism management, Wallingford: CABI Publishing. Part Three
O que é o setor público?
Conjunto dos organismos que representam a
comunidade e o interesse público e cuja acção
pressupõe o benefício de toda a população.
Organismos do setor público
Há diferentes tipos de organismos públicos com atuação no turismo (sustentável) a diferentes níveis:
Organismos supra-governamentais
Departamentos governamentais e ministérios
Organizações quase não governamentais
Empresas Públicas
Organização Mundial do Comércio União Europeia – DG XXIII
Ministério da Economia e do Emprego
Turismo de Portugal, IP
CP
Papel do setor público no turismo
sustentável
Legislação e regulação
Financiamento e incentivos fiscais Planeamento do território
Construção de infraestruturas Controlo do número de turistas Exemplo para o setor privado
Setor público e turismo sustentável:
legislação e regulação
Existe pouca legislação especificamente orientada para o turismo sustentável. Salienta-se:
- legislação relativa à construção e urbanização
- legislação relativa a questões ambientais como a poluição Não há legislação relativa a:
- comportamento dos turistas
- condições de trabalho nas indústrias do turismo
- impactes sociais e culturais do turismo
- impactos na vida selvagem
- uso de viatura própria
Setor público e turismo sustentável:
financiamento e incentivos fiscais
Tipos de intervenção:
- Apoiar projetos de turismo sustentável através de apoios ao investimento, nomeadamente ajudas a fundo perdido, empréstimos com baixas taxas de juro e incentivos fiscais;
- Tributar atividades menos sustentáveis como por exemplo o uso de viatura própria;
- Aplicar taxas ao turistas a usar na melhoria da sustentabilidade dos destinos
Setor público e turismo sustentável:
planeamento do território
Tipos de intervenção (exemplos):
- Regular a implantação de unidades turísticas de acordo com a existência de infraestruturas adequadas;
- Criação de zonas turísticas afastadas de zonas industriais e residenciais;
- Criação de zonas turísticas específicas para diferentes tipos de turismo que possam não ser compatíveis;
- Definição de áreas protegidas onde a natureza e as comunidades locais são protegidas do turismo e de outras potenciais ameaças;
- Zonagem dentro de áreas naturais para separar usos conflituais do espaço;
Setor público e turismo sustentável:
construção de infraestruturas
O setor público é o principal fornecedor de infraestruturas
necessárias ao turismo, tais como estradas, aeroportos e estações de tratamento de águas.
Cabe-lhe, por isso, encontrar formas de desenvolver e explorar estas infraestruturas da forma mais sustentável possível.
Setor público e turismo sustentável:
exemplo para o setor privado
O setor público pode constituir um modelo para o setor privado através da forma como gere o
património e os serviços da sua responsabilidade
- Museus e edifícios históricos
- Áreas naturais
- Empresas públicas como as
transportadoras aéreas e os caminhos de ferro
- Serviços públicos regionais e nacionais de apoio ao setor
Setor público e turismo sustentável:
controlo do número de turistas
Muitos destinos gostariam de poder controlar a quantidade e qualidade dos turistas que recebem
Demarketing: conceito
Consiste em manipular o marketing-mix no sentido de desencorajar (em vez de atrair) potenciais turistas a destinos com excesso de carga turística
Modalidades de demarketing aplicáveis
em turismo
DEMARKETING ou Marketing de Redução LUGARES, relativamente aos quais há a perceção de querecebem globalmente uma quantidade exagerada de turistas
ESTAÇÕES ALTAS, quando durante um curto período de
tempo um destino é visitado por demasiados turistas
TIPOS DE TURISTAS,
percecionados como indesejáveis em resultado do seu comportamento ou baixo
consumo
Demarketing lugares: estratégias
Relacionadas com o produto: restringir o acesso ao lugar a um número limitado de turistas, através da emissão de bilhetes ou da limitação de entradas nas fronteirasatravés da emissão de vistos (Ex: reino do Butão nos Himalaias).
Relacionadas com o preço: aumentar os preços das viagens e dos produtos turísticos oferecidos no local
Relacionadas com a distribuição: excluir o local dos pacotes turísticos.
Relacionadas com a promoção: diminuir a quantidade de literatura e de publicidade destinada a atrair turistas ao local (Ex. Cambridge deixou de produzir brochuras de divulgação da cidade como um destino turístico)
Demarketing estação alta: estratégias
Relacionadas com o produto: restringir o acesso ao lugar em viatura própria, muitas vezes a causa de
congestionamento.
Relacionadas com o preço: aumentar os preços do estacionamento ou cobrar em épocas de ponta.
Relacionadas com a distribuição: excluir o local dos pacotes turísticos nas época alta
Relacionadas com a promoção: introduzir nas mensagens publicitárias alusões ao problema de congestionamento em determinadas épocas do ano para incentivar os
Demarketing tipos de turistas:
estratégias
Relacionadas com o produto: reposicionar o produto para o tornar menos atrativo para um certo tipo de turistas
Relacionadas com o preço: aumentar os preços
Relacionadas com a distribuição: desencorajar os operadores turísticos vocacionados para os turistas indesejados a organizarem férias no lugar
Relacionadas com a promoção: direcionar a
publicidade para grupos específicos de potenciais turistas
A indústria do turismo
• Operadores turísticos • Agentes de viagens • Comunicação social especializada • Agências de marketing• Empresas de transporte • Alojamentos, alimentação e bebidas • Animação • Transportes e infraestruturas • Agências de viagem locais • Atrações turísticas • Postos de informação turística • Guias turíticos
Zona geradora Zona de transição Zona recetora
Indústria e sustentabilidade
A indústria do turismo é frequentemente criticada em relação à sustentabilidade, a vários níveis:
Na forma como desenvolve os elementos físicos com ela relacionados, como hotéis e aeroportos
Na forma como opera em relação ao consumo de energia
Política salarial e condições de trabalho Exploração da vida selvagem.
Críticas mais frequentes
Demasiado preocupada com os lucros de curto-prazo e pouco com a sustentabilidade de longo-prazo;
Explora o ambiente e as populações locais em lugar de os conservar;
Pouco comprometida com os destinos;
Crescentemente controlada por grandes companhias multinacionais com pouco interesse pelos seus destinos;
Pouco envolvida na melhoria da consciência ambiental dos turistas;
Apenas se envolve em atividades sustentáveis quando prevê que daí resulte publicidade positiva ou redução de custos.
Reações da indústria às críticas
Críticas
Ações Voluntárias
Certificação Donativos Patrocínios
Os tipos de empresas turísticas
Proprietário local; gestão individualizada Proprietário da região; controlada por pequenas, médias e grandes empresas Proprietário nacional; controlada por cadeias que operam noutros países Proprietário estrangeiro; controlada por cadeias transnacionais Proprietário local; controlada por pequenas e médias empresas Proprietário nacional; controlada por cadeias que operam no mercado nacional Proprietário nacional ou estrangeiro; controlada por franchisados locais Local Pequena escala Global Grande escala Adaptado de Swarbrooke, J. (1999)Vantagens/desvantagens das pequenas
empresas locais para a sustentabilidade
Vantagens
Desvantagens
Há maior tendência para
• Sensibilidade à especificidade local, em termos de ecossistema e cultura
• Maior empenho em relação ao futuro da área em que se integram
• Retenção na comunidade local de maior proporção do rendimento gerado
• Frequentemente o objetivo não é o lucro a qualquer preço mas o rendimento
necessário para conseguir uma qualidade de vida razoável
Há maior tendência para
• Restrições financeiras que impedem iniciativas de turismo sustentável
• Menor acesso á informação global relativa ao turismo sustentável
• A necessidade de sobrevivência num mercado competitivo pode obrigar à redução de custos, em particular através de reduzidos salários e piores condições de trabalho
Mas…
Os empresários locais podem também não se
preocupar com o desenvolvimento local sustentável As pequenas empresas têm frequentemente como objetivo crescer e implantar-se noutras regiões
O produto turístico resulta frequentemente da relação entre grandes empresas nacionais ou globais e pequenas empresas locais
As Organizações Não
Governamentais (ONG)
Características das ONG
Independência dos governos, o que não
impede a colaboração ou ajuda financeira;
Caráter associativo, ou seja trata-se de
associações de pessoas privadas sem fins
lucrativos;
Assenta em valores humanistas, universais,
democráticos e intervêm em domínios diversos
como, por exemplo, os do ambiente e do
desenvolvimento sustentável.
Tipologia de ONG no setor turístico
Grupos de pressão de cidadãos, que visam influenciar os governos e a indústria no sentido de um turismo mais
sustentável (Ex: Tourism Concern, Reino Unido
-http://www.tourismconcern.org.uk/ ou a Quercus, Portugal)
Organismos Profissionais com interesses no turismo
sustentável (Ex: TURIHAB, Portugal - http://www.turihab.pt/)
Grupos de pressão da indústria (Ex: World Travel and
Tourism Council - http://www.wttc.org)
Grupos de cidadãos que se juntam com um determinado objetivo direta ou indiretamente ligado ao turismo
As comunidades
locais
O que são as comunidades locais?
Conjunto das pessoas que vive num
destino turístico.
Dificuldades na delimitação do
conceito
Área geográfica a considerar
Minorias étnicas
Imigrantes e emigrantes
Mecanismos de representação e decisão
Relevância da participação das
comunidades locais
É um princípio básico da democracia
Permite dar voz àqueles que são mais afetados pelo turismo
Aproveita o conhecimento local para fundamentar decisões
Reduz o potencial de conflito entre os turistas e a comunidade local, permitindo que estas participem na definição das estratégias de desenvolvimento turístico.
Relação entre turistas e
sustentabilidade
Frequentemente o turista surge na literatura
sobre turismo sustentável exclusivamente como a
causa do problema, em resultado dos impactos
que exerce sobre o ambiente, a economia e a
sociedade.
Num mercado competitivo como é o turístico, é necessário satisfazer o
turista ou nenhum negócio ou destino será sustentável
Desenvolver formas mais sustentáveis de turismo, significa inovar de forma a melhorar a experiência do turista ao mesmo tempo que se mantêm os critérios da sustentabilidade
Características geralmente atribuídas
ao “bom turista”
Viaja independentemente ou com pequenas empresas turísticas
Viaja para regiões menos procuradas
Viaja fora da estação alta
Aprende pelo menos um pouco das línguas locais
Adapta-se à cultura local
Trava conhecimentos dentro da comunidade local
Aprecia as tradições locais
Compra alimentos produzidos localmente
Faz pouco uso das infraestruturas de turismo de massa
Viaja por caminhos secundários
Críticas ao conceito de “bom turista”
A evidência empírica ainda não provou que os
princípios do “bom turista” conduzem a um turismo mais sustentável que outros modelos
O tipo de turista descrito continua a fazer parte de um nicho de mercado minoritário – turistas verde
escuro (dark green tourists).
Põe de lado destinos cuja economia assenta no turismo de massa
Sensibilidade à questão da
susentabilidade por parte dos turistas
Vários estudos citados por Miller (2010) mostram que os turistas desconhecem em grande medida os impactos dos seuscomportamentos e que o comportamento pro-ambiental no turismo é pouco frequente.
No Reino Unido, num estudo realizado em 2005, demonstrou-se que menos de 1% daqueles que saíam para o estrangeiro em férias davam
algum tipo de prioridade às questões
ambientais quando efectuavam as suas escolhas.
A procura está muito segmentado em
grupos que variam de “totalmente verde” até “nada verde”
“Tons de verde” dos turistas
Afirmações para segmentação
ambiental de Defra
I don’t really do anything for the environment and I don’t see any reason to start
I do my bit for the environment but I don’t think that people like me can make much difference
I do my bit for the environment but I can’t do more because there are too many other things to think about I do what I can for the environment and I will do more soon, when I have the time and money
I do what I can for the environment but I draw the line at making large changes to my lifestyle
I do what I can to use resources carefully because I don’t like waste
I do everything I can for the environment, even if this means putting myself out
Retirado de Miller, G. et al. , 2010
Disinterested
Basic contributor Long term restricted
Currently constrained
Consumer with conscience
Wastage focused
Referências
Miller, G. et al. (2010). Public understanding of sustainable tourism. Annals of Tourism Research, 37 (3). 627–645.
Swarbrooke, J. (1999) – Sustainable tourism management, Wallingford: CABI Publishing.