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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA RAFAEL GOMES ROBAINA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

RAFAEL GOMES ROBAINA

UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG) PARA O MAPEAMENTO DA CRIMINALIDADE DA CIDADE DE BAGÉ-RS

Bagé 2017

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RAFAEL GOMES ROBAINA

UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG) PARA O MAPEAMENTO DA CRIMINALIDADE DA CIDADE DE BAGÉ-RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia de Produção.

Orientador: Prof. Dr. Eng. Marcelo Xavier Guterres Coorientador: Prof. Dr. Arq. Cristiano Corrêa Ferreira

Bagé 2017

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RAFAEL GOMES ROBAINA

UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG) PARA MAPEAR A CRIMINALIDADE DA CIDADE DE BAGÉ-RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia de Produção.

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em: 30/06/2017 Banca examinadora:

______________________________________________________ Prof. Dr. Arq. Cristiano Corrêa Ferreira

UNIPAMPA

______________________________________________________ Prof. Dr. Eng. Marcelo Romero de Moraes

UNIPAMPA

________________________________________________ Capitão Fábio Martinez Maciel

Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais Bacharel em Ciências Militares – Defesa Civil

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço à minha família e amigos por me acompanharem ao longo dessa jornada, e por sempre acreditar em mim, principalmente nos momentos em que nem eu mesmo acreditava. Sou muito grato.

Agradeço especialmente aos meus orientadores, Prof. Dr. Eng. Marcelo Xavier Guterres e Prof. Dr. Arq. Cristiano Corrêa Ferreira. Ao professor Marcelo pelas dicas e conselhos motivadores, que mesmo enfrentando dificuldades nunca desistiu desse trabalho. E ao professor Cristiano pelas incansáveis leituras do trabalho e a imensa disposição em atender a qualquer momento.

E um grande agradecimento à gentil recepção do 6ºRPMon da Brigada Militar, que sempre se mostraram dispostos a contribuir para a concretização do trabalho.

E por fim, um obrigado a um Ser Superior por, de alguma forma, me apresentar a essas pessoas!

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RESUMO

A criminalidade tem se tornado um problema cada vez mais preocupante para a sociedade, pois desde os anos 1960 há um aumento contínuo de violência no mundo todo. Diversas causas contribuem, tais como: fatores sociais, econômicos e demográficos. No Brasil não é diferente, a taxa de mortalidade em função de violências e acidentes vem aumentando continuamente desde os anos de 1980 e, atualmente, é uma das maiores da América Latina. Recentemente, para amenizar esse problema, mais estudos têm sido realizados a cerca dessa questão, decorrendo em contribuições à segurança pública com melhorias em diversos aspectos. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo colaborar com a Brigada Militar de Bagé-RS, que é uma das responsáveis pela segurança pública da cidade, através do uso do sistema de informações geográficas, mais especificamente, utilizando o software QGIS na versão 2.14.19. Através dessa técnica foi possível mapear as diversas ocorrências criminais do município além de fornecer o mapa temático de forma clara, o sistema permite, entre outras funções, correlacionar diversos eventos para obter análises dinâmicas sobre as situações encontradas. Diante disso, foi possível obter o mapa criminal da cidade, através da visualização de diferentes densidades de crimes em locais e datas diferentes, sendo analisado no decorrer dos anos e meses. Adicionaram-se as câmeras de monitoramento da cidade e percebeu que cerca de 30% delas estão em áreas de zonas quentes, porém quase toda zona quente possui pelo menos uma câmera.

Palavras-chave: Segurança pública; Criminalidade; Polícia militar; Sistema de informações geográficas (SIG).

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ABSTRACT

Crime has become an increasingly worrying problem for the society. Since the 1960’s there has been a steady rise in violence worldwide. Several causes contribute for it, such as: social, economic and demographic factors. Brazil is no different, the mortality rate due to violence and accidents has been increasing continuously since the 1980’s and is currently one of the highest in Latin America. Aiming to reduce this problem, studies about this area have been realized recently, and therefore resulting in several improvement contributions to public safety. In this sense, the objective of this study is to collaborate with the Military Brigade of Bagé-RS, through the use of geographic information system, more specifically, the ArcGIS 10.5 software. This software will be used to map the criminal occurrences in the municipality. In addition to providing the thematic map in a clear way, this program allows other functions to correlate different events to obtain dynamic analysis of the situations encountered. At the end of this project, it is intended to develop the crime map of the city, allowing the user to view different densities of crime in different places and times. The city's monitoring cameras were added and it was noticed that about 30% of them are in areas of hotspots, but almost every hotspot has at least one camera.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização de Bagé. ... 25

Figura 2 - Macrozoneamento de Bagé. ... 26

Figura 3 - Sistema Viário Urbano de Bagé. ... 28

Figura 4 - Estimador de intensidades de distribuição de pontos. ... 37

Figura 5 - Mapa de calor de queimadas no Estado do Pará, elaborado no QGIS. ... 39

Figura 6 - Procedimento Metodológico. ... 40

Figura 7 - Banco de dados fornecido pelo 6ºRPMon. ... 42

Figura 8 - Filtros no Excel. ... 42

Figura 9 - Acrescentando campos no banco de dados. ... 44

Figura 10 - Gerenciar e Instalar Complementos no QGIS... 44

Figura 11 - Instalando complementos no QGIS. ... 45

Figura 12 - Como inserir mapa base no QGIS 2.18.14. ... 46

Figura 13 - Mapa base da cidade de Bagé utilizado no projeto. ... 47

Figura 14 - Salvando em formato CSV. ... 48

Figura 15 - Utilizando o bloco de notas para codificar em UTF-8. ... 49

Figura 16 - Ferramenta MMQGIS. ... 49

Figura 17 - Informações para geocodificar no MMQGIS. ... 49

Figura 18 - Mapa com as ocorrências de 2016 na cidade de Bagé. ... 51

Figura 19 - Complemento Georreferenciar. ... 51

Figura 20 - Buscar imagem para georreferenciar. ... 52

Figura 21 - Mapa das ocorrências de 2016 com as macrozonas de Bagé. ... 52

Figura 22 - Complemento Mapa de Calor. ... 53

Figura 23 - Gerando o Mapa de Calor. ... 54

Figura 24 - Ajustes no Mapa de Calor. ... 55

Figura 25 - Ajuste de transparência. ... 56

Figura 26 - Ajuste de Estilo. ... 56

Figura 27 - Exemplo de Mapa de Calor. ... 57

Figura 28 - Câmeras de Monitoramento de Bagé. ... 58

Figura 29 - Banco de dados. ... 59

Figura 30 - Mapa da criminalidade do furto qualificado de 2014 a 2016 em Bagé. .... 60

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Figura 32 - Mapa de Calor do furto qualificado de 2014 a 2016 x Câmeras de Monitoramento. ... 63 Figura 33 - Mapa da criminalidade do roubo a pedestre de 2014 a 2016 em Bagé. ... 65 Figura 34 - Mapa de Calor de roubo a pedestre de 2014 a 2016 x Câmeras de Monitoramento. ... 67 Figura 35- Mapa da Criminalidade de homicídio consumado. ... 68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Crimes contra a pessoa. ... 20

Quadro 2 - crimes contra o patrimônio ... 21

Quadro 3 - Atividades Periódicas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. ... 24

Quadro 4 - Macrozonas de Bagé. ... 27

Quadro 5 - Variáveis Influenciadoras no IMUSP. ... 30

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CONSEG – Conselho Municipal de Segurança Pública CNI – Confederação Nacional da Indústria

ESRI – Environmental Systems Research Institute FBPS – Fórum Brasileiro de Segurança Pública FEE – Fundação de Economia Estatística FNSP – Fundo Nacional de Segurança Pública GGIM– Gabinetes de Gestão Integrada Municipal GPS – Global Positioning System

IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística IMUSP – Índice de Municipalização da Segurança Pública INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica aplicada

NUSEC/FADISMA – Núcleo de Segurança Cidadã e Pertencente à Faculdade de Direito de Santa Maria-RS

OMS – Organização Mundial de Saúde ONU – Organização das Nações Unidas

Piaps – Plano de Integração e Acompanhamento dos Programas Sociais de Prevenção da Violência

PPDUA – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental PNSP – Plano Nacional de Segurança Pública

PTCC – Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso

Pronasci – Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania Senasp – Secretaria Nacional de Segurança Pública

SENASP/MJ – Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça SIG – Sistemas de Informações Geográficas

SUSP – Sistema Único de Segurança Pública TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 13 1.1 Relevância do tema ... 14 1.2 Problema ... 14 1.3 Justificativa ... 15 1.4 Objetivo geral ... 15 1.5 Objetivos específicos ... 15 1.6 Estrutura do Trabalho ... 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 16 2.1 Segurança Pública ... 16 2.1.1 Criminalidade ... 18 2.1.2 Tipos de crimes ... 19

2.1.3 Formas de amenizar a criminalidade ... 22

2.2 Município de Bagé ... 24

2.3 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG)... 32

2.3.1 ArcGIS... 34

2.3.2 QGIS ... 35

2.4 ANÁLISE DE DENSIDADE DE EVENTOS PONTUAIS ... 37

3 METODOLOGIA ... 40

3.1 Coleta de dados de ocorrência criminal ... 40

3.2 Organização dos dados ... 41

3.3 Preparar o QGIS ... 44

3.4 Elaborar Mapa Base ... 45

3.5 Desenvolver Mapa da Criminalidade ... 47

3.6 Elaborar Mapa de Calor... 53

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 59

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4.2 Roubo a Pedestre ... 64

4.3 Homicídio consumado ... 68

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1 INTRODUÇÃO

Conforme uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com apoio do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), no ano de 2014, o combate à violência e criminalidade aparece em segundo lugar entre as prioridades do governo federal do Brasil, com 31% das assinalações.

De acordo com o anual da World Health Statistics (2016), o Brasil ocupou no ano de 2012 a 9ª maior taxa de homicídio dentre as Américas, obtendo o indicador de 32,4 mortes por cada grupo de 100 mil habitantes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pertencente à Organização das Nações Unidas (ONU), é considerado aceitável uma taxa de 10 mortes por homicídio em cada grupo de 100 mil habitantes.

Conforme Cerqueira et. al. (2016) no atlas da violência de 2016, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (IPEA) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2014 houve quase 60 mil mortes causadas por homicídio no Brasil, recorde nacional e totalizando quase 10% dos homicídios no mundo. Nesse mesmo estudo, os autores perceberam a evolução desigual dos homicídios nos estados brasileiros, onde oito estados conseguiram a diminuição das taxas devido à adoção de políticas públicas de qualidade, e enquanto em outros seis, o aumento chegou a mais de 100%.

Ainda de acordo com o atlas da violência de 2016, o município de Bagé trouxe ótimos resultados nos últimos anos, apresentando a taxa de 9,04 mortes, tornando-se a 17ª melhor taxa de todos os municípios com mais de 100 mil habitantes do Brasil. Portanto, percebe-se que o município tem sido bem sucedido na questão da segurança pública, o que não minimiza a importância de estudos e inovações para melhorar ainda mais a segurança da comunidade.

Através de novas geotecnologias, como o GPS (Global Positioning System), Sensoriamento Remoto e o SIG (Sistema de Informações Geográficas), são possíveis mais informações aos gestores da segurança pública a fim de facilitar as análises em prol de resultados e respostas mais eficazes aos problemas enfrentados.

Como instrumento de análise espacial utilizada para esta investigação encontra-se o geoprocessamento, conteúdo que trata das informações geográficas e usa técnicas de modelagem matemática e computacional. Essas ferramentas computacionais são chamadas de SIG, e permitem realizar verificações complexas ao integrar dados de diversas fontes e construir bancos de dados georreferenciados (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2001).

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Rosa (2013) afirma que o objetivo geral do SIG é servir de instrumento para todas as áreas do conhecimento que utilizam mapas, permitindo integrar, em uma única base de dados, as informações e representar os diferentes comportamentos de uma região. A ferramenta proporciona também as entradas de dados, a combinação com outras fontes e assim gerar novas informações, relatórios e documentos gráficos.

Para a escolha do SIG a ser utilizado na problemática, realizou-se primeiramente uma pesquisa, em sítios eletrônicos, aos softwares de mapeamento disponíveis que possibilitassem a concretização do projeto. Primeiramente, optou-se pela utilização do software ArcGIS, desenvolvido pela empresa norte-americana ESRI (Environmental Systems Research Institute), e na primeira fase foi estruturado o projeto de pesquisa. Porém, preferiu-se migrar para o software livre QGIS, pois esse pode ser utilizado sem nenhum custo, e sua funcionalidade é bastante intuitiva e semelhante ao ArcGIS. Portanto o trabalho foi executado e concretizado no QGIS.

Diante do exposto, utilizou-se o QGIS para georreferenciar as ocorrências criminais fornecidas pelo banco de dados da polícia local. Esse, permitiu estruturar os dados de maneira a transcrever a realidade geográfica para um computador, possibilitando visualizar os mapas temáticos com diferentes cenários em um curto período de tempo. Além disso, o trabalho possibilitou o mapeamento das ocorrências criminais nas diferentes macrozonas da cidade, fazendo com que os dados individuais desses eventos pudessem ser visualizados em uma interface. E por fim, foi elaborado o mapa do calor, ou mapa de kernel, para visualizar as zonas quentes de criminalidade da cidade de Bagé.

1.1 Relevância do tema

Este trabalho visa estruturar os índices da criminalidade de Bagé através de mapas temáticos, em prol da segurança pública.

1.2 Problema

O presente estudo busca responder a seguinte questão:

Como identificar os diferentes cenários de ocorrência criminal na cidade de Bagé-RS de maneira dinâmica?

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1.3 Justificativa

Os serviços de segurança da cidade Bagé já possuem a informação sobre a quantidade de ocorrência criminal por área na cidade, bem como, as áreas com maior incidência. Porém esses dados se encontram em planilhas eletrônicas, que não trazem uma visualização dinâmica e dificultam análises de diferentes cenários. Nesse contexto, ao mapear a criminalidade com o QGIS, obter-se-á a visualização das ocorrências, facilitando dessa forma a análise e decisão do setor de inteligência e a comunicação entre o efetivo policial.

1.4 Objetivo geral

Utilizar a tecnologia do SIG a fim de mapear as ocorrências criminais da cidade de Bagé-RS de maneira dinâmica ao longo dos anos 2014 a 2016.

1.5 Objetivos específicos

Este trabalho tem como meta atender os seguintes objetivos específicos:

 Caracterizar os diferentes tipos de ocorrências;

Visualizar os hotspots (Mapas de calor) da região no software QGIS 2.18.14;

 Construir Mapas de calor em função de câmeras de monitoramento para diferentes delitos.

 Aproximar o meio acadêmico de demandas locais que envolvem a comunidade.

1.6 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está estruturado da seguinte forma: no Capítulo 2 está apresentado o Referencial Teórico, abordando conceitos de segurança pública, a criminalidade, seus diferentes tipos e algumas formas de amenizá-la, e também é caracterizado o município de Bagé. Ainda é caracterizado o Sistema de Informação Geográfica e o software utilizado no projeto, QGIS. No capítulo 3 encontra-se a metodologia utilizada no estudo. No capítulo 4 são visualizados os resultados. No capítulo 5 se encontram as considerações finais deste estudo , e por fim, estão apresentadas as referências bibliográficas utilizadas.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

No propósito de adquirir conhecimento científico para fundamentar o projeto, foi realizada pesquisa bibliográfica a respeito dos temas relevantes ao estudo, tais como, Segurança Pública, contextualização do município de Bagé e Sistemas de Informações Geográficas.

2.1 Segurança Pública

Anos atrás, a política de segurança era organizada como estratégia de guerra e a preservação da ordem pública estava acima dos valores individuais. Em contraponto a essa visão, atualmente a segurança pública é vista como um serviço público e de dever do Estado, zelando pelo direito do cidadão e não o tratando como um inimigo do Estado. (SILVA; GARCIA, 2017).

Danna (2011) explica que a Segurança Pública é um dos elementos de ordem e tem o objetivo de estimular os cidadãos a usufruírem do lazer, de boas condições de trabalho e convivência em sociedade, atuando de forma a neutralizar qualquer espécie de delito, assegurando a proteção coletiva.

Conforme a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Capítulo III, art. 144, é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da segurança das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I – polícia federal;

II – polícia rodoviária federal; III – polícia ferroviária federal; IV – polícias civis;

V – polícias militares;

VI – corpo de bombeiros militares.

Através da constituição, percebe-se que de acordo com a legislação, a responsabilidade pela segurança pública é compartilhada entre os governos federal, estadual e municipal. É importante ressaltar que não é somente uma preocupação dos órgãos policiais, mas também da comunidade em geral. Portanto, além de ser direito do cidadão, é ainda dever do mesmo, pois todos têm parcela de responsabilidade no combate à violência.

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Há diversas maneiras de contribuir para a eficiência da segurança, seja em suas causas ou consequências, como, por exemplo: instituições beneficentes colaboram educando crianças carentes; famílias servindo de exemplo de boa conduta a seus filhos; empresas gerando empregos e oferecendo oportunidades; desenvolvimento de mais estudos nessa área, como por exemplo, este trabalho e outras ações.

No que diz respeito ao governo, cada esfera tem suas devidas responsabilidades a fim de atender a constituição, e, por pertencer à organização administrativa, a gestão dessas, fica de encargo dos chefes do executivo, ou seja, presidente da república, governadores e prefeitos.

A Secretaria de Segurança Pública é o órgão responsável pela elaboração e implementação de políticas de segurança pública dentro dos estados e segue as diretrizes da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), vinculada ao Ministério da Justiça, e as normas contidas nas Constituições Federal, Estadual e nas demais leis em vigência (SILVA; GARCIA, 2017).

As atividades policiais do estado são divididas em investigativas (Polícia Civil) e ostensivas (Polícia Militar), sendo essas subordinadas à autoridade do governador em cada estado do país. A polícia civil, organização pública e não-militarizada é responsável pela investigação criminal, enquanto o patrulhamento e prevenção do crime são tarefas destinadas à polícia militar (PONCIONI, 2008).

A polícia militar, no Rio Grande do Sul é conhecida por Brigada Militar e exerce o policiamento ostensivo, ou seja, monitoramento com uniforme e viaturas identificáveis, a fim de coibir o crime pela simples ação da presença, exercendo assim a prevenção. Ao ponto que a polícia civil trata da investigação de prática de delitos, ouvindo testemunhas, requisitando documentos, realizando perícias, interceptando comunicações telefônicas, entre outros (NETO, 2007).

Em âmbito nacional, existem a polícia federal, a rodoviária federal e a ferroviária federal para tratar assuntos da segurança pública. A polícia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, exerce atividades de investigação policial, apurando infrações penais contra a ordem política e social ou em razão de bens ou serviços de interesse da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas. E ainda outras investigações de cunho interestadual ou internacional que exija repressão uniforme (NETO, 2007). Cabe à polícia rodoviária federal o patrulhamento ostensivo em rodovias federais, atuando na fiscalização de trânsito, salvamento de acidentes em rodovias federais e no combate ao crime (CALEGARI, 2013). A polícia ferroviária federal tem a missão de exercer o patrulhamento ostensivo em ferrovias federais.

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Vale ressaltar que na constituição, está prevista, a polícia ferroviária federal, no entanto, nunca existiu devido à decadência do sistema ferroviário nacional. Atualmente, quem oferece esse serviço é a segurança patrimonial fornecida pelas empresas concessionárias de ferrovias (NETO, 2007).

E em algumas cidades ainda há guarda municipal que trata da proteção de edifícios públicos, como: escolas, hospitais, parques, jardins, entre outros. De acordo com Neto (2007), a guarda municipal exerce a função de guarda patrimonial, não atribuindo a ela a missão de policiamento ostensivo ou investigação criminal. Ela pode atuar também através da imposição de restrições administrativas a direitos e liberdades como, por exemplo, restringir horários de bares e restaurantes ou proibir venda de bebidas alcoólicas em determinados locais.

Júnior (2016, p.18) afirma que “os municípios devem criar oportunidades democráticas e incentivos para que as pessoas participem da construção e monitoramento das políticas públicas de segurança, com sustentabilidade e equidade”. O mesmo autor também explica que quando os indivíduos interagem e se conhecem, aumenta a preocupação com o coletivo, instituindo o sentimento de pertencimento à causa e expectativa de resultados.

2.1.1 Criminalidade

Waiselfisz (2016) revela em seu estudo que no ano de 1980 ocorreram 6.104 homicídios por arma de fogo no Brasil, enquanto que no ano de 2014 foram registrados 42.291, ou seja, um aumento de 692% em 34 anos.

Segundo o mapa da violência de 2016, a cidade de Bagé possui a taxa média de 3,3 homicídios (por 100 mil habitantes) por armas de fogo entre os anos de 2012 a 2014. Neste ano de 2017, de acordo com a Folha do Sul, até o mês de abril já foram registrados 6 homicídios na cidade.

Com o sentimento de insegurança a população mudou seus hábitos. Com o medo de sofrer algum crime, as pessoas já evitam coisas que antigamente faziam naturalmente, como conversar com os vizinhos na frente de casa a qualquer hora do dia, ou frequentar parques e praças públicas de seus bairros (FRÓES, 2017).

Ferreira et. al (2016) mencionam que essa criminalidade tem relação com as condições socioeconômicas, pois em uma sociedade onde não haja pobreza, onde todos tivessem condições de renda e pudessem adquirir o que almejarem, deixariam de existir crimes por ganhos econômicos. Bordin et. al (2013) afirmam, no entanto, que o aumento da violência e criminalidade não deriva apenas de uma razão, ele provém de uma combinação de fatores

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sociais, desde a desagregação, desigualdade econômicas históricas e relações sociais hierarquizadas, oriundas principalmente do modelo escravocrata.

É importante constatar que há diferença entre criminalidade e violência. O crime é um conjunto de infrações ocorridas em um determinado tempo e local. Ao passo que a violência é o constrangimento físico ou moral. Assim pode existir violência sem ter um crime ou então um crime sem violência (CHAVES, 2014).

O estudo da criminalidade aponta que é o produto do desenvolvimento gradual de variados acontecimentos históricos. Com isso, faz se necessária a compreensão da sua gênese e concepção atual, para obter cada vez análises mais detalhadas (ABREU, 2016).

2.1.2 Tipos de crimes

No Brasil, há uma variedade na tipificação de crimes, classificados como infrações penais em crimes ou contravenções, sendo esses diferenciados de acordo com a pena privativa aplicada, dependendo da gravidade da lesão ao bem jurídico protegido (SANTOS, V, 2011).

O código penal possui uma tipologia própria sobre o que é juridicamente considerado crime. Sendo esses incluídos dentro das categorias: I – Contra as Pessoas; II – Contra o Património; III – Contra a Propriedade Imaterial; IV – Contra a Organização do Trabalho; V – Contra o Sentimento Religioso e Contra o Respeito aos Mortos; VI – Contra a Dignidade Sexual; VII – Contra a Família; VIII – Contra a Incolumidade Pública; IX – Contra a Paz Pública; X – Contra a Fé Pública; e XI – Contra a Administração Pública (BRASIL, 1940).

Segundo Calegari (2013), os tipos de crimes contra as pessoas e contra o patrimônio formam um conjunto que se convencionou chamar por violência urbana. Porém, Santos R. (2016) afirma que há diferença entre violência urbana e violência na cidade. Enquanto a primeira é fruto da organização do espaço urbano, a última não é necessariamente em decorrência desse espaço.

Nesse sentido o foco deste trabalho está na violência cometida no município de Bagé, onde será realizada análise dos crimes que mais geram impacto e afetam a Ordem Pública da área urbana. É importante uma breve conceituação dos diferentes tipos de crimes existentes de acordo com a doutrina para após realizar um estudo mais aprofundado nos tipos que interessa no projeto.

Como já citado, existem onze categorias na classificação dos crimes segundo o código penal, entretanto neste estudo será realizada análise nos crimes violentos contra a pessoa e o patrimônio conforme os Quadros 1 e 2.

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Quadro 1 - Crimes contra a pessoa.

Crimes contra a pessoa

Crimes contra a vida Homicídio simples

Homicídio qualificado Feminicídio

Homicídio culposo

Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio Infanticídio

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Aborto provocado por terceiro

Aborto necessário*

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro*

Lesões corporais Lesão corporal

Lesão corporal de natureza grave Lesão corporal seguida de morte Lesão corporal culposa

Violência doméstica Periclitação da vida e da

saúde

Perigo de contágio venéreo

Perigo de contágio de moléstia grave Perigo para vida ou para saúde de outrem Abandono de incapaz

Exposição ou abandono de recém-nascido Omissão de socorro

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial Maus tratos

Rixa Rixa

Crimes contra a honra Calúnia

Difamação Injúria Crimes contra a

liberdade individual

Crimes contra a liberdade pessoal

Constrangimento ilegal Ameaça

Sequestro e cárcere privado

Redução à condição análoga à de escravo Tráfico de pessoas Crimes contra a inviolabilidade do domicílio Violação de domicílio Crimes contra a inviolabilidade de correspondência Violação de correspondência

Sonegação ou destruição de correspondência

Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica Correspondência comercial Crimes contra a inviolabilidade dos segredos Divulgação de segredo

Violação do segredo profissional Invasão de dispositivo informático Fonte: Adaptado de Brasil (1940) *Os crimes indicados não recebem punições.

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Quadro 2 - crimes contra o patrimônio

Crimes contra o patrimônio

Furto Furto

Furto qualificado Furto de coisa comum

Roubo e extorsão Roubo

Extorsão

Extorsão mediante sequestro Extorsão indireta

Usurpação Alteração de limites

Usurpação de águas Esbulho possessório

Supressão ou alteração de marca em animais

Dano Dano

Dano qualificado

Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico Alteração de local especialmente protegido

Apropriação indébita Apropriação indébita

Apropriação indébita previdenciária

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza Apropriação de tesouro

Apropriação de coisa achada

Estelionato e outras fraudes Estelionato

Disposição de coisa alheia como própria

Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria Defraudação de penhor

Fraude na entrega de coisa

Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro Fraude no pagamento por meio de cheque

Estelionato contra idoso Duplicata simulada Abuso de incapazes Induzimento à especulação Fraude no comércio Outras fraudes

Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “warrant”

Fraude à execução

Receptação Receptação

Receptação qualificada Receptação de animal Fonte: Adaptado de Brasil (1940).

Uma definição simplificada de homicídio é “matar alguém”. De acordo com a doutrina, o conceito de homicídio é a destruição da vida de um homem praticado por outro homem (sujeito ativo) sozinho ou com a ajuda de outros (CHAVES, 2014).

Ocorre o crime furto quando o agente subtrai para si ou para outro, “coisa alheia móvel”. Essa coisa é tudo que pode ser apreendido e que tenha valor patrimonial relevante como valor econômico ou sentimental (DO NASCIMENTO et al., 2015).

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Crime de roubo tem seu tipo objetivo, no meio executório, no caso o uso da violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza ou impossibilite a defesa da vítima (DO NASCIMENTO et al., 2015). Portanto, a diferença entre furto e roubo está no uso ou não da violência e da grave ameaça, sendo esses requisitos importantes para a caracterização do roubo.

2.1.3 Formas de amenizar a criminalidade

Os Estados são responsáveis por grande parte do financiamento da Segurança Pública, no entanto percebe-se que o Governo Federal tem apoiado fortemente com repasses de recursos expressivos aos Estados e Municípios (LIMA et al, 2014).

Em 2000, após a tragédia do Ônibus 174, no Rio de Janeiro, o governo propôs o Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP) formulado pelo Ministério da Justiça. O primeiro PNSP (2001) foi o pioneiro ao tratar o tema de segurança como política pública no Brasil, dando origem ao Plano de Integração e Acompanhamento dos Programas Sociais de Prevenção da Violência (Piaps). Esse plano previa integrar os programas sociais implementados pelos governos federal, estadual e municipal. Apesar de não atingir seus objetivos principais, contribuiu no estímulo do envolvimento entre os órgãos na questão da violência (LIMA et al., 2014).

A SENASP foi criada em 1995, mas sua atuação somente ganhou impulso efetivo a partir de junho de 2000, com o lançamento do PNSP e a criação do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), como instrumento para a efetivação das ações previstas no Plano (LIMA et al., 2014). Cabe à SENASP, como órgão central no planejamento e execução da segurança pública, assessorar o ministro de Estado da Justiça na definição e implementação da política nacional de segurança pública e acompanhar as atividades dos diferentes órgãos responsáveis pela segurança pública (MADEIRA; RODRIGUES, 2015).

Instituiu-se em 2004 a Força Nacional de Segurança com a missão de apoiar os Estados e Municípios em situações de crise. A Força Nacional de Segurança é uma política expressiva de atuação do Governo Federal que, ao lado dos recursos do FNSP e do Pronasci, implica na alocação de recursos federais para outros entes federativos, aumentando assim a participação da União nos gastos com Segurança Pública (LIMA et al., 2014).

O Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) foi criado pelo governo federal, em 2003, a fim de elaborar uma política pública de segurança unificada a nível nacional e objetivando aumentar a integração entre as instâncias federativas e a sociedade, preservando a

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autonomia das instituições envolvidas (SOUZA, 2015). O SUSP se dispõe nos seguintes eixos estratégicos: formação e valorização profissional; prevenção; estruturação da perícia; controle externo e participação social; e programas de redução da violência (MADEIRA; RODRIGUES, 2015).

De maneira a potencializar o SUSP, foi constituído o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). O Pronasci objetiva vincular as políticas de segurança através de ações sociais, priorizando a prevenção do crime e buscando atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e segurança pública (LIMA et al, 2014). O Pronasci é composto por diversos programas, projetos e ações, divididos em ações estruturais e programas locais, agregados e coordenados diretamente pelo Gabinete do Ministro da Justiça, em parceria com mais dezenove ministérios (DE ALMEIDA, 2014).

Segundo Madeira e Rodrigues (2015), o Pronasci é a principal iniciativa estatal para buscar soluções na questão da segurança pública. O autor relata que a execução do Pronasci ocorre por meio da articulação entre representantes da comunidade civil e diferentes forças da segurança, realizada pelos Gabinetes de Gestão Integrada Municipais (GGIM). O GGIM é uma rede que trabalha para promover ação integrada e intercâmbio de informações e experiências, a fim de potencializar o planejamento preventivo da segurança municipal e representando sempre o interesse da sociedade local. Então o sucesso do Pronasci está diretamente ligado à atuação do GGIM. Como parte da estrutura do GGIM, tem-se o Observatório de Segurança Pública, responsável pela gestão do conhecimento subsidiado por estudos e análises científicas.

De acordo com Souza (2015), o Observatório de Segurança Pública foi desenvolvido com o objetivo de coletar dados, realizar análises e monitorar as ações tomadas pelos municípios a respeito da violência e criminalidade. Ele deve trabalhar a informação de maneira que ela se torne a principal ferramenta no planejamento das ações policiais. O conhecimento gerado decorre da integração com outros canais de informação, como instituições de ensino e centros de pesquisas.

Existem ainda organizações sem fins lucrativos que contribuem de alguma forma para a segurança pública, como por exemplo, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), organização que tem por objetivo unir em um espaço permanente e inovador debates, livros, artigos e pesquisas a respeito da segurança pública. De acordo com o sítio eletrônico do próprio FBPS, que em 2016 completou 10 anos de atividade, foi desenvolvido nesse período

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154 ações entre projetos de pesquisa, diagnósticos, avaliações, cursos, entre outros. Desde sua fundação, o FBSP realiza 3 atividades periódicas, descritas no Quadro 3.

Quadro 3 - Atividades Periódicas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Anuário Brasileiro de Segurança Pública Publicação que compila e analisa dados estatísticos

coletados por meio de diversas fontes oficiais, a fim de fomentar transparência e controle na área, fornecer subsídios para produção de conhecimento e para a avaliação de políticas, além de pautar novos debates. Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança

Pública

Encontro anual que reúne lideranças e profissionais comprometidos com o aperfeiçoamento da segurança pública no Brasil para intercâmbio de projetos e trabalhos na área.

Revista Brasileira de Segurança Pública Periódico semestral que reúne artigos acadêmicos, notas

técnicas e trabalhos significativos sobre o tema da segurança pública no Brasil.

Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2017).

Além dessas atividades, é importante comentar que o FBSP também proporciona a criação de diversos projetos, desenvolvidos em parceria com várias instituições. Todos os livros, diagnósticos, estatísticas, podem ser encontrados e baixados gratuitamente em seu sítio eletrônico < http://www.forumseguranca.org.br>.

2.2 MUNICÍPIO DE BAGÉ

Bagé pertence ao Estado do Rio Grande do Sul, situada na região sudoeste do estado e também conhecida como: microrregião da Campanha Meridional conforme a Figura 1. Encontra-se a 380 Km da capital Porto Alegre e faz divisa com Uruguai e os municípios Dom Pedrito, Hulha Negra, Caçapava do Sul, Aceguá, Pinheiro Machado, Candiota e Lavras do Sul. De acordo com a Fundação de Economia Estatística (FEE), em 2015, o município de Bagé possuía uma área territorial de 4.095,5 Km² e população de 122.356 habitantes.

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Figura 1 - Localização de Bagé.

Fonte: Autor adaptado do IBGE (2017).

Em 2007 foi instituído o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PPDUA) de Bagé, com o objetivo de diagnosticar o estágio de desenvolvimento da cidade através da coleta e análise de informações disponíveis sobre o município (PACHECO, 2012).

Pacheco (2012) ainda afirma que a base econômica de Bagé foi basicamente agricultura e pecuária, mas atualmente está transitando para uma base de comércio e serviços. É uma cidade de tradição cultural com prédios históricos e áreas específicas preservadas, como ruas e casas que não podem ser alteradas. Bagé está propensa ao desenvolvimento devido às diversas instituições universitárias de ensino.

No Plano Diretor, o modelo territorial do município de Bagé está dividido em área urbana e rural. Essa pesquisa será realizada na área urbana que é dividida por macrozonas. Segundo o PPDUA de Bagé (2007), macrozona é uma parcela do território que apresenta identidade e características que a tornam peculiar no Modelo Espacial Urbano. Na Figura 2 estão representadas as macrozonas da cidade.

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Figura 2 - Macrozoneamento de Bagé.

Fonte: PPDUA (2011).

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Quadro 4 - Macrozonas de Bagé.

Macrozona Central Constitui-se das áreas urbanas centrais organizadas em traçado de linhas ortogonais,

com uso residencial predominante e comercial é o setor do território melhor atendido pela infra-estrutura, pelas atividades econômicas, pelos serviços públicos e onde se concentra grande parte do Patrimônio Cultural.

Macrozona de Reestruturação

Caracterizada por áreas urbanas sem estruturação, com traçado irregular, presença de vazios urbanos e de uso predominantemente residencial. Área com infraestrutura insuficiente, carência de equipamentos urbanos e áreas de lazer.

Macrozona de Adensamento Restrito

Periféricas com traçado irregular e ocupação pouco densificada. Possui habitações irregulares, áreas vazias que causam descontinuidade na malha urbana. Existe ainda carência de equipamentos urbanos, áreas de lazer e os loteamentos foram projetados sem infraestrutura.

Macrozona Universitária Composta por uma área periférica pouco densificada, de uso residencial unifamiliar,

com infraestrutura deficiente, carente de equipamentos urbanos e áreas de lazer, com presença de imóveis subutilizados e não utilizados.

Macrozona Campestre Área de interesse paisagístico e de conservação do ambiente natural voltada para o

lazer. Macrozona do Anel

Perimetral

Serve como interface entre as Macrozonas de Reestruturação e de Adensamento Restrito, e sua principal função é promover a circulação do transporte pesado e o escoamento da produção, desviando-os da Macrozona Central.

Macrozona de Produção Área predominantemente industrial dividida por zonas com atividades impactantes e

não impactantes é chamada de Macrozona de Produção.

Macrozona Cultural Relacionadas com a formação histórica e econômica do Município é chamada de

Macrozona Cultural

Macrozona Ambiental Encontram-se as áreas dos arroios localizados dentro da zona urbana de Bagé são chamadas de Macrozona Ambiental.

Fonte: PDDUA - Bagé (2007).

O PDDUA (2007) ainda define em seu Art. 85 da Lei Complementar 025 que o Sistema Viário é o conjunto de vias do Município classificadas e hierarquizadas segundo critérios funcionais e estruturais, observados os padrões urbanísticos estabelecidos nesta Lei. A função da via é determinada pelo seu desempenho de mobilidade, considerados os aspectos da infraestrutura, do uso e ocupação do solo, dos modais de transporte e tráfego veicular, dividindo-se em Sistema Viário Urbano e Sistema Viário Rural. Na Figura 3 encontra-se a representação do Sistema Viário Urbano de Bagé.

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Figura 3 - Sistema Viário Urbano de Bagé.

Fonte: PDDUA - Bagé (2007).

Na Figura 3, as principais ruas da cidade estão representadas em amarelo pontilhado. O vermelho pontilhado descreve o limite do perímetro urbano, fora dessas margens é considerado perímetro rural. O azul claro representa os arroios e o preto pontilhado caracteriza as linhas férreas.

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De acordo com a cartilha elaborada pelo Observatório da Criminalidade de Bagé (2013), o Município, Estado e União trabalham em cooperação em prol da segurança pública de Bagé. Para manter e intensificar a colaboração entre as três esferas existe o GGIM, fórum deliberativo responsável pela articulação e integração dessas partes. O GGIM, funciona como centro integrador da política de segurança pública de Bagé, concebendo, desenvolvendo, monitorando e acompanhando a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações e projetos integrados levados à cidade.

No município de Bagé foi desenvolvido, em 2013 pelo Programa de ensino em extensão denominado Núcleo de Segurança Cidadã e pertencente à Faculdade de Direito de Santa Maria-RS (NUSEC/FADISMA), o projeto de Observatório da Criminalidade de Bagé em uma plataforma georreferenciada. Esse observatório é vinculado à Secretaria Executiva GGIM, através do Convênio SENASP/MJ nº 749.497/2010 firmado entre essa Municipalidade e a União, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP/MJ) e sendo tributário do Conselho Municipal de Segurança Pública (CONSEG) e teve duração de um ano (PAZINATO et al., 2015).

Percebe-se assim a integração entre os diferentes órgãos em busca de um objetivo em comum. Destaca-se ainda como um empreendimento inovador a criação desse observatório, uma vez que Bagé encontra-se fora do eixo da Região Metropolitana de Porto Alegre e não apresenta os maiores índices de criminalidade. Esse projeto fomenta a intensão dos gestores do município em progredirem na questão da segurança pública.

O Índice de Municipalização da Segurança Pública (IMUSP) permite identificar o grau de municipalização da segurança através de diversas variáveis agrupadas em quatro dimensões. Quanto maior o IMUSP do município maior será o potencial de redução de delitos (PAZINATO et al., 2015). As variáveis influenciadoras nesse índice encontram-se no Quadro 5.

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Quadro 5 - Variáveis Influenciadoras no IMUSP.

Estrutura gerencial - Secretaria Municipal de Segurança Pública

- Conselho Municipal de Segurança Pública - Gabinete de Gestão Integrada Municipal - Plano Municipal de Segurança Pública - Análise das Estatísticas Criminais

- Implantação de Observatório Municipal de Segurança Pública

Estrutura local - Guarda Municipal

- Território de Paz implantado

- Projeto de prevenção social das violências e promoção dos direitos humanos das juventudes

- Projeto de prevenção social das violências e promoção dos direitos humanos das mulheres

- Projetos de mediação de conflitos e justiça restaurativa

Estrutura técnica - Sistema de Alarmes Monitorados

- Videomonitoramento - Audiomonitoramento

- Tecnologias aplicadas de controle social com foco na redução dos principais agenciamentos e fatores de risco

Estrutura financeira - Convênios com o Pronasci e FNSP

Fonte: Adaptado de Pazinato et al.(2015).

Bagé possui um elevado índice de municipalização, devido ao envolvimento desse município com a questão da segurança de sua comunidade. Com o envolvimento das três esferas (municipal, estadual e federal) através do GGIM foi possível o desenvolvimento de políticas públicas, tais como: Sistema de Videomonitoramento, Mediação Comunitária, Mulheres da Paz, entre outros (PAZINATO et al., 2015).

De acordo com a Cartilha elaborada pelo Observatório da Criminalidade de Bagé (2013), as instituições do Sistema de Segurança Pública e Justiça Criminal de Bagé/RS são:

 GGIM (Gabinete De Gestão Integrada Municipal);

 Polícia Rodoviária Estadual;

 Polícia Rodoviária Federal;

 Cartório da Mulher (1° Delegacia De Polícia Civil);

 Delegacia de Polícia Civil (DEFREC);

 Delegacia de Polícia Civil (DPPA);

 Delegacia de Polícia Civil Regional;

 Delegacia de Polícia Federal;

 Delegacia da Receita Federal;

 Brigada Militar;

 IGP (Instituto Geral de Perícias de Santana do Livramento);

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 Exército (25° GAC - Grupo de Artilharia de Campanha);

 Exército (3° BLOG - Batalhão Logístico);

 Exército (3° PEL PE - Pelotão de Polícia Do Exército);

 Exército (3º RCMEC - Regimento de Cavalaria Mecanizada);

 Exército (4° DEL SM/8° CSM - Delegacia do Serviço Militar da 8° Circunscrição de Serviço Militar);

 Exército (HGUBA - Hospital da Guarnição de Bagé);

 Fórum;

 Justiça do Trabalho;

 Procuradoria da Justiça Militar de Bagé;

 Promotoria de Justiça Cível de Bagé;

 Promotoria de Justiça Criminal de Bagé;

 Promotoria de Justiça Especializada de Bagé;

 Defensoria Pública do Estado;

 Defensoria Pública da União.

Segundo o informativo do Observatório da Criminalidade de Bagé (2013), há ocorrência de 10 homicídios por ano em Bagé, em proporção a sua população, representa uma taxa de 8,6 por 100.000 habitantes, considerada aceitável pelas Nações Unidas (até 10 por 100.000 habitantes), sendo a taxa do Rio Grande do Sul de 26 por 100.000 habitantes e a brasileira de 24 por 100.000 habitantes.

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2.3 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG)

Chaves (p. 34, 2014) define geotecnologias como: “Ferramentas que possibilitam coletar, armazenar e analisar dados a respeito do posicionamento espacial geográfico dos diversos fenômenos da superfície do planeta”. As geotecnologias abrangem diversas áreas, podendo ser aplicadas sempre que a informação espacial for utilizada para análise. Segundo Chaves (2014), é fundamental para o uso dessas geotecnologias que se tenha um cadastro técnico e uma equipe multidisciplinar de variadas áreas de conhecimento que sejam capazes de interagir em busca de soluções para os problemas em questão.

O geoprocessamento é de suma importância para a segurança pública, por demonstrar por meio das visualizações de dados, mapas e informações sócios econômicos, quais são os fatores que influem na criminalidade. Possibilitando, portanto uma visão mais aprofundada de grandes problemas urbanos, como o comércio e uso de drogas ilícitas (CHAVES, 2014). Lima et al. (2014, p. 127) afirmam que “a tecnologia do geoprocessamento tem sido uma aliada no planejamento e no investimento dos recursos públicos na área de segurança”. Esses autores utilizaram a técnica de mapeamento e distribuição espacial dos crimes nas rodovias federais da Paraíba e constataram com clareza os pontos onde a polícia ostensiva tem atuado contra a criminalidade e onde é necessário reforços para a diminuição de ocorrências. A geotecnologia é traduzida em ferramentas como o GPS, Sensoriamento Remoto, SIG e outras, que tratam dados espaciais e outras informações objetivando a aplicação em organizações públicas e privadas, a fim de otimizar tempo e gastos (DANNA, 2011).

A utilização do SIG para mapear áreas e contribuir em análises está servindo de suporte para a elaboração de políticas públicas no combate à criminalidade. As implantações de novas tecnologias já ocorrem em vários estados brasileiros, fazendo com que se torne fundamental para o aparelhamento e uso de análise geográfica, por parte dos governo, no intuito de melhor desempenho das forças policiais (CHAVES, 2014).

Segundo Chaves (2014), o uso do SIG possibilita:

 Localização geográfica das unidades de seguranças;

 Área de cobertura e monitoramento de viaturas;

 Intensidades de ocorrências;

 Visualização espacial da tipologia dos delitos;

 Mapeamento temporal dos delitos;

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 Análise de possíveis rotas de fuga de criminosos;

 Mapeamento de área de risco (casas abandonadas, terrenos baldios);

 Mapeamento das características das ocorrências;

 Análise da intensidade e frequência dos delitos;

 Planejamento de patrulhamento específico (escolar, comercial e bancário);

 Mapeamento dos estabelecimentos com maior potencial de atrativo da criminalidade (bancos, lotéricas, correios e correspondentes bancários).

Gutierrez et al. (2016) constataram que a ferramenta SIG pode proporcionar grande auxílio no combate à criminalidade ao gerar mapas que possibilitem o desenvolvimento de planos e estratégias táticas, permitindo assim controlar e gerenciar a criminalidade. Os autores utilizaram os dados de ocorrências criminais fornecidos pelo 5º Batalhão da Polícia Militar do Estado do Pará no SIG QGis 2.8. Optando pelos crimes de roubo e furto, eles exportaram e geocodificaram esses dados, possibilitando análises e visualização dos mesmos em forma de mapas no ambiente SIG. Determinaram as intensidades dos pontos de crimes por meio do estimador de Kernel, método de diagnóstico de padrões espaciais pontuais, e assim classificaram as áreas de densidades de crimes.

Para um bom funcionamento do SIG é necessário estar constantemente e periodicamente atualizando a base de dados, visto que o crescimento acelerado das cidades transforma rapidamente a paisagem urbana e os costumes da sociedade, trazendo em consequência, novos cenários da criminalidade. É importante que ocorra a parceria entre os órgãos de segurança pública que registram os dados de ocorrências, pois esses servem como base para a alimentação do SIG (CHAVES, 2014).

A fim de garantir a segurança pública é necessário ter controle do espaço em que a sociedade interage. Além disso, se deve ter uma boa base cartográfica da região a ser analisada e aplicar o mapeamento criminal, obtendo dados criminais que poderão ser analisados de acordo com sua tipologia e frequência de cometimentos (CHAVES, 2014).

Geocodificação é o processo de converter textos em dados geoespaciais válidos, latitude e longitude, por exemplo. Assim, o endereço geocodificado pode ser georreferenciado em um mapa terrestre, sendo caracterizado por uma informação espacial explicita ou informação geográfica (DANIELI, 2015).

Ao estabelecer a análise do espaço por intermédio de mapas que representam modelos simplificados da realidade espacial, podem-se estabelecer deduções. Com modelos dinâmicos

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é possível realizar comparações de padrões observados em diferentes períodos (DANNA, 2011).

2.3.1 ArcGIS

O ArcGIS é um software que engloba um conjunto de aplicativos de SIG, desenvolvidos pela ESRI, que serve de ferramenta para trabalhar os dados espaciais (SANTOS , R, 2016).

Esse software está organizado de forma compreensível e intuitiva e está estruturado em três módulos funcionais: ArcCatalog; ArcMap e ArcToolbox. O uso dos três módulos permite desempenhar desde tarefas simples até as mais complexas, incluindo a gestão de dados geográficos, construção de cartografia, análise espacial, edição avançada de dados ou conexão com base de dados externas (RUBERT, 2011).

As funcionalidades do programa dividem-se em três tipos de licenciamento distintos: ArcGIS ArcView, onde disponibiliza ferramentas de construção de cartografia, análise espacial e edição simples. O ArcGIS ArcEditor, que inclui todas as funcionalidades do ArcView e acrescenta-lhes capacidades de edição complexa de dados. E o ArcGIS ArcInfo, que amplia as capacidades de ambos para níveis de geoprocessamento avançado com a disponibilização de todas as funcionalidades (RUBERT, 2011).

Segundo Abreu (2016), o ArcGIS é um software de SIG que corresponde a um conjunto escalonável de programas de arquitetura de componentes partilháveis. Um dos programas é o ArcMap com a função de fazer a interface com o usuário e permitir visualizar, gerar, editar, consultar, analisar e apresentar os dados geográficos. O ArcToolbox, frequentemente utilizado, inclui ferramentas e funções para o geoprocessamento, permitindo a otimização de soluções para questões concretas, com base em informação espacial. E com o ArcCatalog, torna-se possível a gestão da informação georreferenciada.

As principais extensões do ArcGIS 10.5 podem ser utilizadas em qualquer um dos licenciamentos. Apesar de ser um software pago, possui uma licença para estudantes, com algumas limitações para uso, além da plataforma online. A Universidade Federal do Pampa possui licenças online deste software o que facilita seu uso para acadêmicos e professores dessa universidade.

Segundo Rubert (2011), os padrões de dados vetoriais da ESRI contemplam basicamente os seguintes formatos:

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• Shapefile: formato de armazenamento de dados vetoriais baseados em arquivos. Armazena feições geográficas e seus atributos sem topologia.

• Coverage: formato de armazenamento de dados vetoriais baseados em arquivos. Armazena feições geográficas e seus atributos com topologia.

• Geodatabase: é o formato nativo do ArcGIS, que introduz uma nova geração de modelo de dados para representação das informações geográficas.

Rubert (2011) afirma que o shapefile é um dos formatos base do ArcGIS, podendo ser criado neste ambiente ou em outros softwares. Shapefiles devem ser utilizados para representações extremamente simples, uma vez que não dispõem de estrutura topológica para armazenamento da localização geométrica das entidades geográficas e da informação descritiva respectiva. O formato shapefile armazena a informação geograficamente referenciada em vários arquivos distintos, como descritos a seguir:

• shp: Armazena a geometria das entidades (ponto, linha ou polígono), ou seja, é o arquivo dos vetores;

• dbf: Contém a informação descritiva das entidades. Arquivo de banco de dados; • shx: Armazena as ligações entre as entidades e a sua geometria. Arquivo de índices; • sbn/ sbx: Realizam as ligações entre as entidades vetoriais e a sua informação descritiva. Podem não existir caso não tinha sido feita uma operação de análise espacial;

• prj: Definição do sistema de projeção cartográfica. Existente quando o shapefile possuir um sistema de coordenadas associado.

Em alternativa ao ArcGis tem-se o software livre Quantum Gis (QGIS), o qual também é um SIG, porém de Código Aberto licenciado segundo a Licença Pública Geral GNU. Optou-se por utilizar o QGIS no desenvolvimento do trabalho por ser gratuito e, dessa forma, é mais fácil uma futura implantação do programa na polícia, se essa a desejar.

2.3.2 QGIS

De acordo com o sítio eletrônico do próprio QGIS, ele é um projeto voluntário e oficial da Open Source Geospatial Foundation (OSGeo) iniciado por Gary Sherman em 2002 e pode ser executado em Linux, Unix, Mac OSX, Windows e Android, suportando inúmeros formatos de vetores, rasters, bases de dados e funcionalidades.

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Por apresentar um vasto conjunto de ferramentas de análise de dados rasters e vetoriais, o QGIS tem sido muito utilizado em diversos tipos de aplicações como análises urbanas, demográficas e ambientais (CONTI, 2014).

De acordo com Souza et. al. (2013), o QGIS oferece diversas funcionalidades SIG, fornecidas por feições nativas e complementos, como por exemplo, sobrepor dados vetoriais e rasters em diferentes formatos e projeções sem conversão para um formato interno comum. É possível também, compor mapas e explorar interativamente dados espaciais com uma interface gráfica amigável, criar, editar gerenciar e exportar mapas vetoriais em diversos formatos.

Voluntários e profissionais estão constantemente contribuindo na disseminação de conhecimento sobre esse software no Brasil, disponibilizando tutoriais em artigos, apostilas e vídeo aulas, traduzindo manuais estrangeiros e auxiliando também indiretamente na aprimoração do programa ao identificar e divulgar falhas que são corrigidas em atualizações (CONTI, 2014). Esses tutoriais são facilmente encontrados no google, youtube e inclusive no próprio sítio eletrônico do projeto QGIS, <www.qgis.org>.

Existem diversos complementos que podem ser instalado ao QGIS. Fez-se uso de alguns deles para o desenvolvimento do trabalho. Segue uma explicação sucinta de cada complemento, também retirada do sítio eletrônico do QGIS.

MMQGIS: permite geocodificar vários endereços ao mesmo tempo por meio de uma planilha em formato CSV com a codificação UTF-8.

Georreferenciador: possibilita georreferenciar rasters para sistemas de coordenadas projetadas ou geográficas com a criação de um novo GeoTiff ou adicionando um world file à imagem existente. A georreferenciação do raster passa por uma abordagem simples de localização de pontos no raster para que possa com precisão determinar as suas coordenadas.

Mapa de calor: também conhecido como Mapa de Densidade, usa a Estimativa de Densidade Kernel para criar um raster de densidade (mapa de temperatura) a partir de uma camada de pontos vetorial. A densidade calculada é baseada no número de pontos em uma localização, com um conjunto largo de pontos agrupados resultando em valores altos. Os mapas de temperatura permitem facilmente identificar “pontos quentes” e agrupar pontos.

Google street view: por meio do plugin “go2Streetview”, é possível uma visão 3D do objeto de estudo.

Time manager: possibilita uma animação dos vetores em relação ao tempo do atributo escolhido.

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2.4 ANÁLISE DE DENSIDADE DE EVENTOS PONTUAIS

Realiza-se a análise espacial de eventos pontuais para determinar se os eventos ou pontos observados exibem algum padrão sistemático, em contraponto a uma distribuição aleatória. Procura-se detectar a existência de padrão de aglomerados espaciais (cluster), por meio da identificação de um número excessivo de casos próximos (MELO, et. al., 2012).

Segundo Câmara e Carvalho (2002), estimar a intensidade pontual do processo na região do estudo é uma maneira simples de analisar os padrões desses pontos. Esse estudo é realizado recorrendo ao estimador de kernel, ao contar os pontos dentro de uma região de influência e ponderando-os de acordo com o raio de interesse, como apresentado na Figura 4.

Figura 4 - Estimador de intensidades de distribuição de pontos.

Fonte: Câmara e Carvalho (2002).

A função de kernel é um método não paramétrico para estimação de curvas de densidade onde cada observação é ponderada pela distância em relação a um valor central, o núcleo (NASCIMENTO, 2013).

O estimador de kernel é viável para métodos sofisticados de interpolação por não necessitar de parametrização da estrutura de correlação espacial, apresentando superfícies interpoladas suaves. Porém, esse método também possui desvantagem, como a forte dependência no raio de busca e a excessiva suavização, que pode causar, em alguns casos, a omissão de variações locais importantes (CÂMARA et.AL, 2002).

Segundo Andrade et.AL(2007), para a aplicação da estimativa Kernel, é necessária a definição de dois parâmetros básicos:

 raio de influência (τ ) que define a vizinhança do ponto a ser interpolado e controla o alisamento da superfície gerada. É o raio de um disco, centrado em

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s, que é uma localização na região R, no qual pontos vão contribuir para a estimativa da função de intensidade;

uma função de estimação k (Kernel) com propriedades de suavização do fenômeno. Os Kernel normal ou quártico são os mais comumente utilizados. Se s representa uma localização em R e ,... são as localizações das n observações, então a intensidade λ (s), onde s é estimada por:

(s) = ∑ κ [ ] (1)

Onde:

k é uma função de densidade bivariada escolhida, ou seja, a função de estimação ou de alisamento, conhecida como Kernel. O parâmetro τ é conhecido como raio de influência ou largura da banda e determina o grau de suavização da superfície de saída. A função bidimensional é ajustada sobre os eventos considerados compondo uma superfície cujo valor será proporcional à intensidade dos eventos por unidade de área.

A escolha da função Kernel (se quadrática, normal, triangular ou uniforme) a ser utilizada não é um ponto crítico, contudo, a escolha do raio de influência é crucial, produzindo significantes alterações da estimativa final (ANDRADE, 2007).

Segundo Provenza (2015), existem vários métodos para a previsão de séries temporais, e a escolha de métodos mais sofisticados não necessariamente apresenta melhores resultados. Métodos mais simples podem render resultados muito satisfatórios dependendo de condições como tendência, sazonalidade, ciclo e componente aleatório, além de permitir uma melhor compreensão dos resultados. Uma série temporal pode ou não apresentar sazonalidade e/ou tendência. Sazonalidade são flutuações periódicas regulares que se repetem, mais ou menos ao mesmo tempo e com a mesma intensidade.

Almeida (2017) demonstra um tutorial de como realizar uma análise de densidade de eventos pontuais utilizando o software QGIS. Ele faz uso de três técnicas, uma visual para lidar com dados vetoriais do tipo ponto, outra utilizando o complemento Mapa de Calor e, a última, com base na ferramenta v.kernel, que é um comando do GRASS.

Em seu exemplo prático, ele utilizou o banco de dados de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Estado de Pará nos anos 2013 e 2014, com o objetivo de analisar se existe um padrão de distribuição espacial dos focos de calor, ou seja, são pontos isolados, aglomerados, ou se estão regularmente distribuídos. Após a criação do

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projeto no QGIS, realiza-se a importação dos dados ao programa e a criação do mapa base, para assim construir o mapa do calor.

Para cada ponto define-se uma zona de influência delimitada pela função matemática, chamada função kernel. A análise de densidade de kernel objetiva então determinar se o evento, representado pelos pontos, possui algum padrão sistemático, e um desses padrões é onde existe uma aglomeração excessiva de pontos próximos, resultando em pontos de calor ou hotspots. Portanto, hotspot é uma determinada região que se destaca em relação às demais por uma alta densidade de ocorrência de pontos, como demonstrado na Figura 5 (ALMEIDA, 2017).

Figura 5 - Mapa de calor de queimadas no Estado do Pará, elaborado no QGIS.

Fonte: Almeida (2017).

Como se pode observar na Figura 5, os pontos de alta densidade de ocorrências estão representados pela cor vermelha. Esse mapa do calor facilita a observação e análise e é viável a sua utilização quando há muitas ocorrências.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo estão definidos os procedimentos utilizados nas etapas do trabalho conforme a Figura 6.

Figura 6 - Procedimento Metodológico.

Fonte: Autor (2017).

As etapas do procedimento metodológico estão descritas detalhadamente como segue:

3.1 Coleta de dados de ocorrência criminal

Sabe-se que o SSP-Bagé/RS disponibiliza, em seu sítio eletrônico, os delitos de cada município, porém, esses dados não informam a localização da ocorrência, portanto, fez-se necessário pesquisar no banco de dados de algum órgão de segurança da cidade, o que se sucedeu na Brigada Militar. Após as devidas autorizações, foi adquirido junto ao 6º RPMON os dados necessários para a construção do estudo, em planilha de Excel no formato “xls”. Os dados fornecidos foram escolhidos após uma reunião com o Capitão e o Sargento, responsável pelo setor de inteligência da polícia, onde foi aplicado um questionário com 18 perguntas, de acordo com o Quadro 6.

3.1 - Coleta de dados de ocorrência criminal 3.2 - Organização dos dados 3.3 Preparar o QGIS 3.4-.Elaborar Mapa base 3.5 - Desenvolver mapa da criminalidade 3.6 - Elaborar mapa de calor

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Quadro 6 - Questionário aplicado ao 6ºRPMon.

Questionário aplicado ao 6ºRPMon 1. Como o banco de dados será disponibilizado?

2. Qual o período (tempo) vocês acham interessante de ser analisado? Por quê? 3. Quais crimes devem ser considerados na análise?

4. Qual o formato de arquivo que vai ser obtido os dados?

5. Será possível ter acesso a quais informações? Latitude e Longitude, por exemplo? 6. Essas informações serão separadas por bairros?

7. A partir de qual data é possível da obter os dados? 8. Como é feito os registros dos dados das ocorrências? 9. Qual a maior limitação em relação aos dados?

10. Qual tipo de análise vocês gostariam de obter ao final do estudo?

11. A Polícia Militar faz algum tipo de análise em função desses dados? Podemos ter acesso?

12. Temos que disponibilizar algum tipo de documento para oficializar a parceria? Qual?

13. Quais autorizações, por parte da universidade, são necessárias para acesso aos dados?

14. Devemos assinar o termo de confidência?

15. Qual dia (semanal) é o ideal para visitas e qual horário?

16. Quais as possíveis falhas no banco de dados? Questões pertinentes à nomenclatura.

17. Quanto a publicação de artigos, existem alguma oposição?

18. Qual a sugestão de revista para publicação de possível artigo a partir do estudo? Fonte: Autor (2017).

Optando pelo critério de crimes com maior incidência escolheu-se furto qualificado e roubo a pedestre. Obtiveram-se também os dados de homicídio consumado, por esse possuir um impacto significativo na sociedade.

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