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OCORRÊNCIA DE Clinostomum complanatum EM DIFERENTES ESPÉCIES DE PEIXES DE UMA PISCICULTURA DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA - RS
Aleksandro Schafer da Silva 1 Silvia Gonzalez Monteiro
Rovaina Laureano Doyle3 Fabio de Araújo Pedron3 Jorge Eugenio da Silva Filipetto" João Radünz Neto 4 RESUMO
o
objetivo do presente trabalho foi relatar o parasitismo por Clinostomum complanatum em diferentes espécies de peixes no município de Santa Maria - RS. Foram necropsiados 20 peixes: 10 jundiás tRhandia quclen), cinco dourados iSalminus brasiliensiss e cinco tilápias(Oreochromis niloticus) de um viveiro contendo 80 animais. Os peixes com idade de três anos, com 25 a 30 cm de comprimento e pesando em média 800 gramas apresentavam cistos amarelados, distribuídos em todas as regiões externas do corpo, na cavidade abdominal e órgãos internos. Com o rompimento dos cistos. observou-se metacercárias identifícadas como
Clinostomum complanatum.
Palavras-chave: parasitismo, Clinostomum. Rhamdia. Salminus, Oreochromis.
ABSTRACT
Clinostomum cotnplanatum OCClJRRENCE IN DIFFERENT F1SHES SPECIES FROM A FARMING OF THE MUNICIPAL OF SANTA MARIA - RS
The objcctive of the present paper was to relate the parasitism by C1i110S/011111171 cotnplanatum
in different fisb species in the municipal
a
r
Santa Maria - RS. Twety fishcs were autopsied: tcn jundias (Rhomdia queleni five dorado (Sa/minlls braziliensis) and five tilapias tOreochromis niloticuss from a nursery containing 80 animaIs. The físhes aging three years old. from 25 to 30 em of length, and weighing 800 grams in average has presented yellowish cysts distributed along the whole externa! arcas of the body, abdominal cavity and internal organs. With the cysts breaking, metacercaries were observed being identified asClinostomum complanatum.
Key words: parasitism, Clinostomum. Rhamdia. Salminus, Oreochromis.
I Bolsista de Iniciação Científica do Laboratório de Parasitologia da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM). Curso de Medicina Veterinária, Santa Maria --RS, Brasil.
2Departamento de Microbiologia e Parasitologia. Centro de Ciências da Saúde, UFSM. 97105-900, Prédio 20, Sala 4232, Santa Maria - RS, Brasil. Autor para correspondência: ;;iSmonteir.Q@uoJ.corrr,bl". Fax: (55)3220-8958. 3 Programa de Pós-graduação, UFSM, Santa Maria --RS, Brasil.
4Departamento de Zootecnia, UFSM, Santa Maria --RS, Brasil.
--- -Silva, A. S. etaI. Ocorrência de ClinOSfOI11U/I1 complanotum em diferentes espécies de peixes de uma piscicultura do município de Santa Maria - RS. Vet. e Zootec. v.15. n.I, abr., p. 27-32,2008.
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OCURRENCIA DE Clinostomum complanatum EN DIFERENTES ESPECIES DE
PEZES EN UNA PISCICULTURA DE LA CIUDAD DE SANTA MARIA - RS RESUMEN
EI objetivo dei presente trabajo fue relatar el parasitismo del Clinostomum complanatum en diferentes especies de peces en Ia ciudad de Santa Maria - RS. Fueron necropsiados veinte peces: 10 jundias (Rhamdia quelen), cinco dorados (Salminus braziliensis) y cinco tilapias
(Oreochromis niloticus) de un vivero conteniendo animales. Los peces con edad de tres afios,
con 25 e 30 de extensión y pesando en media 800 presentaban quistes amararillos,
distribui dos en toda Ias regiones externas dei cuerpo, en Ia cavidad abdominal y órganos internos. AI romperse los quistes observamos el aparecimiento de metacercarias identificadas como Clinostomum complanatum.
Palabras-clave: parasitismo, Clinostomum, Rhamdia, Salminus, Oreochromis. INTRODUÇÃO
o
Clinostomum é um trematoda digenético que parasita diferentes hospedeiros. Miller et aI. (2004) relataram o parasitismo por Clinostomum attenuatum em Ambystoma tigrinum mavortium, Bufo cognatus e Spea multiplicara, sendo este o primeiro registro de C.attenuatum nestes anfíbios. O parasitismo por Clinostomum complanatum é considerado
zoonose no Japão, onde há relatos de casos de pessoas que se alimentaram de peixes parasitados e desenvolveram a doença (UMEGAI et al.. 1990; YOSHIMURA et al., 1991;
SHlRAI et al., 1998).
As metacercárias de Clinostomum sp. são responsáveis pela chamada doença dos pontos amarelos em peixes de água doce. No ciclo destes helmintos, os peixes infectados atuam como segundo hospedeiro intermediário (THA TCHER. 1981; EIRAS et al., 1999) e
considerados os hospedeiros definitivos os pássaros. mamíferos e répteis que se alimentam de
peixes. A presença deste trematoda em peixes é descrita por vários autores em diferentes
partes do mundo. mostrando tratar-se de parasita de ampla distribuição geográfica; no Brasil tem sido alvo de estudo devido aos prejuízos econômicos acarretados pela má aparência dos peixes para comercialização (THATCHER, 1981; AOHAGI et al., 1992; EIRAS et al., 1999;
MILLER et al.. 2004).
Nos viveiros, segundo Kabata (1985), uma das medidas profiláticas recomendadas
para se combater esta parasitose consiste na eliminação de moluscos, hospedeiros
intermediários. onde se desenvolve parte do ciclo do trematoda. Outra forma de controle é o
uso de medicamentos 11aágua, como o praziquantel. testado por Mitchell (1995) no combate ao Clinostomutn coniplanatum que parasitava peixes do gênero Morone chrysops e M saxatilis. tendo como resultado uma redução significativa no número de cistos amarelos.
O objetivo deste trabalho foi relatar o parasitismo em três espécies de peixes, jundiá iRhamdia quelen) , dourado (Salminus brasilicnsesi e tilápia (Oreochromis niloticus), por Clinostomum coniplanatum em piscicultura do município de Santa Maria - RS.
Foram necropsiados 20 peixes, entre eles. 10Rhamdia quclen (jundiá), cinco Salminus brasiliensis (dourado) e cinco Oreochromis niloticus (tilápia), adquiridos de um viveiro contendo 80 animais, nos quais foi observada externamente a presença de parasitas. Os
peixes, com comprimento entre 25 e 30 em, pesavam em média 800 gramas e estavam com
aproximadamente três anos. Os parasitas foram coletados, fixados em AFA e, 72 horas após,
transferidos para álcool 70%. Os trematodas foram corados por meio da técnica de Pinto
Silva, A. S.etal.Ocorrência de Clinostomum contplanatum em diferentes espécies de peixes de uma piscicultura domunicípio de Santa Maria - RS. Vet. e Zootec. v.15, n.l ,abr.. p.27-32. 2008.
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(1945) e montados em lâminas permanentes com balsamo do Canadá (Figura l-A). A classificação do parasita foi feita segundo Matthews & Cribb (1998).
Todos os peixes examinados apresentavam cistos amarelados, distribuídos nas regiões externas do corpo, incluindo mucosas (Figura 1-B e C). Nos peixes necropsiados, observou-se a presença do parasita não só na cavidade bucal, brânquias e órgãos internos como olho, miocárdio, intestino, fígado e estômago, como também na musculatura (Figura 2). O número de parasitas variou de acordo com cada hospedeiro, sendo encontrado de 31 a 75 metacercárias no jundiá, de 9 a 17 metacercárias no dourado e de 7 a 12 na tilápia. Após o rompimento manual dos cistos, verificou-se que estes continham metacercárias que foram identificadas morfologicamente como Clinostomum complanatum (Figura 1-D). Este trcrnatoda se encontrava isolado no cisto.
Figura 1. Clinostomum complanatum corado (A), cisto na nadadeira e mucosas de Rhamdia
quelen (B e C) e trernatoda em movimento (D)
Vianna et al. (2005) relataram a ocorrência do C complanatum parasitando Rhamdia quclen em diversas partes do corpo, não referindo a presença do parasita na cavidade abdominal. Neste estudo os cistos parasitários estavam presentes em vários órgãos e também dispersas na cavidade abdominal. No estado do Rio de Janeiro registrou-se o primeiro parasitismo por metacercárias de Clinostomum marginatum em peixe ornamental Pterophylluni scalare (AL VES et al., 2001), mostrando que o gênero Clinostomum tem ampla distribuição geográfica e pode parasitar diferentes espécies de animais como anfíbios (MILLER et al., 2004) e até mesmo humanos (SHIRAI et al., 1998; KIFUNE et al., 2000).
Os cistos com C coniplanatum foram encontrados nas vísceras e musculatura das iilápias, parasitando inclusive o intestino (Figura 2). Na Nigéria Adeyemo et al. (2003) Silva, A. S. etaI. Ocorrência de Clinostomum complanatum em diferentes espécies depeixes de uma piscicultura do município de Santa Maria - RS. Vct. c Zootec. v.IS, n.l, abr., p. 27-32, 2008.
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relataram grande infecção por Clinostomum tilapiae nesta espécie de peixe, sendo encontrado na pele e no interior de vísceras, fato semelhante ao deste estudo. Na África o gênero Clinostomum sp. foi referido em mais de 40% dos peixes analisados entre eles
o
.
niloticus (56%) eSarotherodon galilaeus (44%) (COULIBAL Y et al., 1995). Entretanto, não há relato na literatura do parasitismo por C. complanatum em S. brasiliensis, como foi observado neste estudo.Figura 2. Cistos amarelos com metacercária C. complanatum observados inseridos no fígado de Salminus brasilienses (A), no intestino de Oreochromis niloticus (B), no tecido adiposo aderido
ao estômago (C) e na musculatura (D) de peixes do gênero Rhamdia quelen.
Manchas amarelas também foram observadas em peixes como: Gymnotus carapo e Cichlasoma paranaense, cujo parasitismo foi produzido por C. complanatum (SIL VA -SOUZA & LUDWIG, 2005). No Brasil, além dessas espécies, o hospedeiro principal do
gêneroClinostomum sp. é Rhamdia quelen (VIANNA et al., 2005; EIRAS et al., 1999), o que
foiconfirmado neste trabalho, onde o maior número de parasitas foi identificado, apesar de
outrosgêneros de peixes habitarem o mesmo ambiente.
Nesta piscicultura observou-se que o viveiro onde ocorreu o problema era o único que apresentava flora na superfície, onde se observou a presença de moluscos, que segundo
Kabata(1985) são hospedeiros intermediários deste parasita. Observou-se ainda apresença de
aves migratórias (possíveis hospedeiros definitivos) em determinados períodos do ano, tendo sido visualizadas duas garças brancas no dia da visita. O parasitismo ocorreu possivelmente
devido à introdução do C complanatum pelas aves migratórias e também devido ao ambiente
Silva,A. S. etalo Ocorrência de Clinostomum cotnplanatum em diferentes espécies de peixes de uma piscicultura
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propício para o desenvolvimento dos moluscos, que se faz necessário para a continuação do
ciclo biológico deste parasita.
O parasitismo por Clinostomum complanatum ocorre em peixes da espécie Rhamdia
quelen, Salminus brasiliensis e Oreochromis niloticus. Os jundiás apresentam maior
susceptibilidade ao trematoda. A metacercária encistada distribui-se externamente e
internamente no músculo e vísceras dos peixes.
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Recebido em: 03/03/2007 Aceito em: 22/10/2007
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