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ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO /

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S S33--TTEE0033

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3003-000.264 – 3ª Seção de Julgamento / 3ª Turma Extraordinária

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15 de maio de 2019

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FAZENDA NACIONAL

ASSUNTO:

IMPOSTO

SOBRE

PRODUTOS

INDUSTRIALIZADOS

(IPI)

Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007

PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO.

Somente é cabível o pedido de diligência quando esta for imprescindível ou

praticável ao desenvolvimento da lide, devendo ser afastados os pedidos que

não apresentam este desígnio.

GLOSA NÃO CONTESTADA. DEFINITIVIDADE.

Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considera-se não impugnada

matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.

MATÉRIAS-PRIMAS E PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. DIREITO AO

CRÉDITO DE IPI. CONCEITO DE INSUMOS.

As matérias-primas e produtos intermediários somente geram créditos de IPI se

integrarem o produto fabricado ou se forem consumidos no processo de

industrialização. O conceito de insumos, no contexto do IPI, pressupõe que os

bens nele subsumidos sejam consumidos - e aqui consumo assume um sentido

amplo de desgaste, desbaste, perda de propriedades, etc. - em contato direto

com o produto em fabricação, e desde que não integrem o ativo permanente.

Nessa linha, não se afiguram como matéria-prima ou produto intermediário,

para fins de creditamento do IPI, os bens que forem utilizados apenas

indiretamente na produção ou não consumidos em contato direto com o

produto em fabricação.

RESSARCIMENTO. CRÉDITO GLOSADO.

Geram direito ao crédito do IPI, além das matérias-primas, produtos

intermediários “stricto-sensu” e material de embalagem, os materiais que se

integram ao produto final e quaisquer outros materiais, desde que não

contabilizados pela contribuinte em seu ativo permanente, que se consumam

por decorrência de contato físico com o produto em elaboração, excluindo-se,

no caso, as peças para reposição do maquinário e as caixas plásticas.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.

(2)

Fl. 2 do Acórdão n.º 3003-000.264 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13739.000859/2007-11

Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a

preliminar suscitada e, no mérito, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso

Voluntário.

(assinado digitalmente)

Marcos Antonio Borges - Presidente e Relator.

Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Borges,

Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Muller Nonato Cavalcanti Silva.

Relatório

Adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que

narra bem os fatos:

Trata o presente processo de PEDIDO DE RESSARCIMENTO DE IPI de fl. 03, relativo ao 2° Trimestre do ano-calendário de 2007, formulado, em 16/07/2007, no montante de R$24.389,39, com fulcro no artigo 11 da Lei n° 9.779, de 19/01/1999. Vinculada ao ressarcimento, à fl. 01 do processo apensado n° 13807006409/2007-81, encontra-se a declaração de compensação do debito de R$24.389,39 da Cofins Não Cumulativa (código 5856), com vencimento em 20/07/2007.

lnstruída pelo Parecer SEORT/DRF/NITERÓI N° 2.207/2009, às fls 150/151, a autoridade competente exarou, à fl. 152, Despacho Decisório para reconhecer em parte o direito creditório, na quantia de R$7.490,04, e, conseqüentemente, homologar em parte a compensação declarada. No citado parecer, o auditor fiscal - encarregado de proceder aos exames necessários à análise do presente pleito - informou que:

1) a atividade do contribuinte era a elaboração de gêneros alimentícios provenientes da pesca, cuja classificação na TlPl confere-lhes alíquota zero;

2) o crédito solicitado é composto por parcela de credito extemporâneo de R$18.365,74 (fl. 72), escriturado no mês de abril de 2007, referente a materiais intermediários e material auxiliar. O crédito relativo a esses materiais, segundo explicação do próprio contribuinte (fls. 25 e 97), foi apurado com base em reavaliação de uma empresa de consultoria que re-classificou materiais de uso e consumo como itens ligados ao processo de produção;

3) as notas fiscais referentes ao crédito extemporâneo (fls. 98/ 146) são, na sua quase totalidade, de material de embalagem e de reposição de peças de maquinário instalado; ' 4) o material de embalagem (fl. 136), fornecido por Cangost Plastic SA (fls. 102 e 106), foi o item preponderante na formação do crédito extemporâneo, somando R$10.021,23. Eram caixas plásticas, enquanto o acondicionamento citado nos processos de produção apresentados especificam o enlatamento e caixas de papelão como formas de embalagem dos produtos industrializados pelo contribuinte. Além disso, o CFOP 3.556 indicado nas notas fiscais de entrada indica que tais aquisições foram efetivadas para uso e consumo do estabelecimento. Tendo em vista tratar-se de crédito extemporâneo e de material que pode ter tido funções generalizadas pelo contribuinte, não há como ratificar a proposta de reavaliação, em razão da incerteza associada ao uso de tais embalagens;

5) o item tintas e solventes, fornecido pela Comprint Ind. e Com. de Materiais Gráficos, no valor total de R$3.676,75 (fl. 136), não pode ser considerado como matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem. Tais produtos têm apenas função acessória para atendimento de exigência legal de informação de validade, não participando diretamente de nenhum processo de produção listado, devendo dessa forma ser desconsiderado. O mesmo acontece com o credito de R$690,17, consignado na Nota Fiscal n° 162.552, emitida pela Videojet do Brasil (fl. 70);

Fl. 344

DF CARF MF

(3)

6) com relação às peças para reposição do maquinário (fls. 136 e 137), o inciso 1 do art. 164 do RIPI/2002 exclui os produtos que integram o ativo permanente da composição do crédito devido;

7) com relação ao item Floculante Flonex, listado na fi. 137, houve o decurso de prazo de cinco anos, previsto no art. 1° do Decreto n° 20.910, de 1932, para o uso do respectivo crédito;

8) os demais produtos listados na fl. 137 - presilhas p/ container e produtos químicos para análise laboratorial - não fazem parte diretamente do processo produtivo.

Regularmente notificado, o requerente apresenta, por meio de seus procuradores (fls. 168/169), a manifestação de inconformidade de fls. 156/166, para, em extenso arrazoado, discorrer sobre o direito:

I) “ao creditamento pela aquisição de produtos inteiramente consumidos no processo de industrialização”;

Il) “a crédito sobre tintas e solventes utilizados nas embalagens utilizadas' no processo produtívo”; e p Ill) “a crédito sobre as caixas de plástico”.

No item (l), o interessado alegou direito sobre crédito decorrente das peças para reposição de maquinário. No seu entender, o Despacho Decisório não está em consonância com precedentes firmados nos Conselhos de Contribuintes e nos Tribunais. Nesse sentido, reproduziu ementas de acórdãos do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho de Contribuintes.

Resumidamente, as razões de defesa apresentadas são: a) primeiramente, a de que é equivocado o entendimento de que produtos intermediários são aqueles consumidos no processo produtivo em decorrência de contado direto com o produto em fabricação. Na sua versão, é necessário tão›somente que o produto seja utilizado e consumido (desgastado) na fabricação do produto final; b) em segundo lugar, que o art. 164, inc. 1, do RIPI/2002, só exclui o direito de crédito de lP1 sobre o bem que integrar o ativo fixo, o que, segundo ele, não é o caso das peças de reposição por ele utilizadas.

Sempre no sentido de provar seu direito, o interessado afirmou ainda que a questão relativa à natureza do desgaste experimentado pelos materiais adquiridos era fundamental para o deslinde da controvérsia. Assim sendo, embasado em textos doutrinários, recorreu ao art. 18 do Decreto 70.235, de 1972, para solicitar perícia técnica para que se respondesse às seguintes indagações e ainda a quesitos suplementares:

1) Os materiais adquiridos pela Requerente, objeto do pedido de ressarcimento em referência, são desgastados ao longo de seu processo produtivo?

2) Em caso positivo, como se dá, detalhadamente, o referido desgaste?

Para tanto, nos termos do art. 16, IV, do Decreto n° 70.235/72, indicou como perito o Sr. Miguel Orosco, brasileiro, casado, contador, inscrito no CPF/MF sob o n° 070.312.628-87, inscrito no CRC-1-SP sob o n° 123714/0-1, residente e domiciliado na Capital do Estado de São Paulo, onde tem escritório na Rua Verbo Divino, 1.661, 7° andar, Chácara Santo Antonio.

No item (ll), direito de credito sobre tintas e solventes, alegou o interessado que a interpretação dada pelo Despacho Decisório era avessa ao entendimento firmado no Conselho de Contribuintes, a exemplo dos Acórdãos 204-03190, 204-03191 e 204- 00035).

No item (Ill), direito a crédito sobre caixas de plástico, o contribuinte opôs-se à Receita Federal sob dois aspectos. Um, dizia respeito ao fato de os materiais de embalagem para uso do estabelecimento não gerarem direito ao crédito. Outro, à dúvida que o ente demonstrou ter com relação à função exercida pelas caixas no processo produtivo. Quanto ao primeiro aspecto, afirmou se tratar de matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem, sobre os quais a Lei n° 9.779, de 1999, estabelece o direito ao ressarcimento. Para o segundo aspecto, afirmou aplicarem-se as regras concernentes

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Fl. 4 do Acórdão n.º 3003-000.264 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13739.000859/2007-11

à perícia. Nesse ponto asseverou: se há dúvida sobre a utilização do produto, essa deve ser sanada mediante procedimento de perícia a ser determinada pelo ente público. Por fim, o interessado concluiu seu arrazoado com o pedido deferimento da manifestação de inconformidade e reafirmou, que se assim não fosse, se determinasse a realização de perícia técnica, com o fim de provar a legitimidade de sua petição.

A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG)

julgou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade com base na seguinte ementa:

Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007

SALDO CREDOR TRIMESTRAL DE IPI. CONCEITO DE MP, PI E ME.

Somente podem ser considerados como matéria~Prima ou produto intermediário, além daqueles que se integram ao produto novo, os bens que sofrem desgaste ou perda de propriedade, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização e desde que não correspondam a bens do ativo permanente e ainda os materiais de embalagem utilizados nos produtos fabricados. Dessa maneira, o IPI incidente sobre as PEÇAS DE REPOSIÇAO DE, MAQUINÁRIO, elementos que não atuam diretamente sobre o produto não se enquadram nos conceitos de matéria prima ou produto intermediário e o MATERIAL DE USO E CONSUMO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL (caixas plásticas no caso), que não lhes servem de embalagem. Contrário senso, reconhece-se como integrante do saldo credor trimestral as TINTAS E SOLVENTES utilizados. para a marcação da data de validade e de fabricação dos produtos elaborados, tendo em vista comporem de maneira indelével a embalagem (PN CST n°`65, de 1979, Lei n°9 363, de 1996)

ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007

DILIGÊNCIA. PERÍCIA. PRESCINDÍVEL E IMPRATICÁVEL Há de se denegar a realização de diligência ou perícia quando demonstrado sua impraticabilidade e sua desnecessidade, conforme disposto no art. 18 do Decreto n° 70.235, de 1972.

2- DILIGÊNCIA. PERÍCIA. FALTA DOS REQUISITOS EXIGIDOS.

Faltantes os requisitos previstos no § 1° do art. 16 do PAF, no tocante a perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do perito, e à perícia e à diligência, os quesitos 3- GLOSA NÃO CONTESTADA. DEFINITIVIDADE.

Nos termos do art. 17 do PAF, é definitiva, na esfera administrativa, a glosa não expressamente contestada pelo manifestante.

Inconformada, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário no qual alega, em

preliminar, a nulidade da decisão recorrida por não ter analisado glosa contestada, e, no mérito,

repisa as razões apresentadas por ocasião da Manifestação de Inconformidade em relação às

glosas que foram mantidas.

É o Relatório.

Fl. 346

DF CARF MF

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Voto

Conselheiro Marcos Antonio Borges

O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele

toma-se conhecimento.

Conforme já relatado, o direito creditório pleiteado pela Recorrente relativo ao

ressarcimento de credito de IPI apurado no 2° Trimestre do ano-calendário de 2007 foi

parcialmente deferido e as compensações vinculadas homologadas até o limite do crédito

reconhecido. Conforme informação fiscal, a parte glosada referem-se a Caixas Plásticas, Tintas e

Solventes, Peças importadas para Reposição do Maquinário, Floculante FLONEX, Presilha

CKM e Ácido Sulfúrico para análise laboratorial.

A decisão de 1ª instância reverteu as glosas das aquisições de tintas e solventes,

mantendo as demais.

Apreciando a matéria, o colegiado a quo se posicionou, in suma, por manter a

glosa decorrente de aquisições de peças de reposição de máquinas por não haver contato direto

entre tais peças e os produtos em fabricação, não atendendo ao Parecer Normativo CST n° 65, de

1969 e as caixas de plástico utilizadas pelo contribuinte por serem para uso e consumo do

estabelecimento industrial, não sendo considerados matérias-primas, produtos intermediários ou

material de embalagem capazes de gerarem o direito ao crédito de IPI.

Como relatado, a recorrente sustenta que é equivocado o entendimento de que

produtos intermediários são aqueles consumidos no processo produtivo em decorrência de

contado direto com o produto em fabricação. Na sua versão, é necessário tão somente que o

produto seja utilizado e consumido (desgastado) na fabricação do produto final; b) em segundo

lugar, que o art. 164, inc. 1, do RIPI/2002, só exclui o direito de crédito de lP1 sobre o bem que

integrar o ativo fixo, o que, segundo ele, não é o caso das peças de reposição por ele utilizadas.

Quanto ao direito a crédito sobre caixas de plástico, o contribuinte opôs-se à

Receita Federal sob dois aspectos. Um, dizia respeito ao fato de os materiais de embalagem para

uso do estabelecimento não gerarem direito ao crédito. Outro, à dúvida que o ente demonstrou

ter com relação à função exercida pelas caixas no processo produtivo. Quanto ao primeiro

aspecto, afirmou se tratar de matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem,

sobre os quais a Lei n° 9.779, de 1999, estabelece o direito ao ressarcimento. Para o segundo

aspecto, afirmou aplicarem-se as regras concernentes à perícia.

Preliminarmente, quanto à alegação de nulidade da decisão recorrida por não ter

analisado glosa contestada e o conseqüente cerceamento ao direito de defesa entendo que não

assiste razão à recorrente.

A decisão recorrida considerou não impugnada as glosas dos itens Floculante

FLONEX, Presilha CKM e Ácido Sulfúrico para análise laboratorial.

A recorrente alega que houve na Manifestação de lnconformidade apresentação de

tópico especifico em relação à essas matérias intitulado "Produtos inteiramente Consumidos no

Processo de lndustrialização".

Conforme consta no PARECER SEORT/DRF-NITERÓI N° 2.207/2009, às fls.

184/186, em relação ao item Floculante Flonex, listado na fl. 137, a glosa de deu por decurso de

prazo de cinco anos para o uso do crédito previsto no art. 1° do Decreto 20.910/32, e quanto aos

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Fl. 6 do Acórdão n.º 3003-000.264 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13739.000859/2007-11

itens da fl. 137 - presilhas p/container e produtos químicos para análise laboratorial, a glosa de

deu por entender a fiscalização que não fariam parte diretamente dos processos produtivos.

Analisando a Manifestação de lnconformidade apresentada, não consta nenhuma

contestação em relação ao motivo da glosa do item Floculante Flonex, decurso de prazo de cinco

anos, aventado pela fiscalização, bem como, em relação ao tópico aludido pela recorrente, não há

contestação expressa da glosa dos demais itens considerados não impugnados. A menção

expressa que se faz é apenas em relação as “peças para reposição de maquinário", não podendo

se inferir que a contestação se estenderia aos demais itens.

Assim, mantenho o entendimento da decisão recorrida quanto a não impugnação

das glosas dos itens Floculante FLONEX, Presilha CKM e Ácido Sulfúrico para análise

laboratorial, por não terem sido expressamente contestadas pela recorrente, nos termos do art. 17

do Decreto nº 70.235/72, não restando caracterizada a alegada nulidade.

Quanto ao mérito, melhor sorte não assiste à recorrente.

A recorrente argumenta que o acórdão recorrido e as glosas efetuadas pela

fiscalização se baseiam em premissa errônea, qual seja, a de considerar que a caracterização de

produto intermediário exige o contato direto entre o insumo e o produto em fabricação,

entendimento consolidado no Parecer Normativo CST nº 65/1979.

Entendo que a fiscalização e a decisão recorrida adotaram entendimento correto

quanto à delimitação do conceito de produtos intermediários, conforme consta no Parecer

Normativo CST nº. 65/1979, o qual delimitou e alargou o significado da expressão "consumidos

na produção", tendo consignado que tal expressão abrange, exemplificativamente, o desgaste, o

dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do

bem sobre o produto em fabricação. Tal entendimento é muito bem sintetizado no item 11 do

referido parecer:

11. Em resumo, geram o direito ao crédito, além dos que se integram ao produto final (matérias-primas e produtos intermediários, “stricto senso”, material de embalagens), quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o

produto em fabricação; ou vice-versa, proveniente de ação exercida diretamente pelo

bem em industrialização, desde que não devam, em face dos princípios contábeis geralmente aceitos, ser incluídos no ativo permanente.”

A Súmula CARF nº. 19 condensa, a propósito, o raciocínio de que deve haver o

contato direto do bem com o produto em fabricação para que se fale em matéria-prima e

produtos intermediários:

Súmula CARF nº 19

Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matéria-prima ou produto intermediário.

Depreende-se, da leitura da súmula, que a ratio decidendi para a exclusão da

aquisição de combustível da base de cálculo do crédito presumido de IPI é, precisamente, a

constatação que aquele material não é consumido em contato direto com o produto em

fabricação, conforme conceito estabelecido nos Pareceres Normativos CST nºs. 181/1974 e

65/1979.

Fl. 348

DF CARF MF

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No âmbito do Judiciário, a matéria ora discutida não ganhou contornos distintos.

Entre as várias decisões, há que se recordar do julgamento do REsp 1.075.508/SC, submetido ao

regime de recursos repetitivos (art. 543-C do antigo CPC), cuja ementa e excertos do relatório e

voto condutor seguem transcritos (grifei algumas partes):

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE

CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. RATIO ESSENDI DOS DECRETOS 4.544/2002 E 2.637/98.

1. A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009; AgRg no REsp 1.063.630/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 08.09.2003). 2. Deveras, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditar-se do imposto relativo a matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo-se "aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente".

3.In casu, consoante assente na instância ordinária, cuida-se de estabelecimento industrial que adquire produtos "que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final", razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI.

4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.

Excertos do relatório e voto condutor do Relator Min. Luiz Fux

(...)

Noticiam os autos que METALÚRGICA RIO-SULENSE S/A, "fabricante de peças e acessórios para o sistema motor", ajuizou ação ordinária, em 12.11.2004, contra a UNIÃO, objetivando o reconhecimento, nos cinco anos que antecedem o ajuizamento da ação, do direito aos créditos do IPI decorrentes da aquisição de materiais intermediários (que se desgastam durante o processo produtivo sem contato físico ou químico direto com as matérias-primas). Na inicial, alegou que "dentre os vários materiais utilizados no processo produtivo, a Autora vale-se de produtos intermediários tais como anéis de retenção, rolos de esfera, rotores, selos mecânicos, brocas,

hastes, cilindros, ogivas, palhetas, e outros que se desgastam no processo produtivo,

todavia, sem integrarem-se física ou quimicamente ao novo produto". De acordo com a autora, "produto secundário (ou intermediário) é todo elemento utilizado no processo produtivo que não se integra física ou quimicamente ao novo produto, mas que nele está inserido", não se podendo impor restrições ao creditamento do IPI.

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Fl. 8 do Acórdão n.º 3003-000.264 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13739.000859/2007-11

O ponto nodal da atual controvérsia cinge-se à possibilidade de creditamento, a título de IPI, dos valores decorrentes da aquisição de bens destinados ao uso e consumo e ao ativo fixo do estabelecimento que, apesar de não integrarem fisicamente o produto final nem se desgastarem por ação direta - física ou química -, sofrem desgaste indireto no processo produtivo, integrando-se financeiramente ao produto final.

A sentença bem concluiu, ao vaticinar que:

"... não é todo o IPI pago pelas indústrias que gera creditamento. A legislação do IPI limita o creditamento aos produtos intermediários utilizados na produção de bens industriais, isto é, produtos que tenham contato físico direto com o bem produzido - produtos que embora não se integrando ao novo produto são consumidos no processo de industrialização.

Note-se que a doutrina e a jurisprudência também adotam o conceito de crédito físico para reconhecer o direito ao creditamento.

No caso, as notas fiscais de fls. 31 a 42 indicam a compra de 'anel retenção', 'rol esfera', 'rolos con.', 'voluta em fofo inferior', 'rotor em bronze', 'selo mecânico metal duro', 'rolamento', 'facas retas', 'cilindro polido', 'jogo de palheta', 'rodizio', 'ogiva mecânica com contado para controlar' e 'palheta delta', produtos estes que não são consumidos no processo de industrialização (consigne-se que a inicial não veio acompanhada de descrição do processo produtivo da empresa), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final.

Não há, portanto, que se confundir o consumo do produto com o mero desgaste do produto.

Note-se que no caso a empresa autora é a consumidora final, pois não existe operação posterior à aquisição dos referidos produtos, e como consumidora final, deve arcar com o IPI, não havendo que se falar em creditamento.

(...)

Assim, não há que se falar em desrespeito à Constituição Federal (art. 153, § 3º), como quer a autora. Ao contrário, se adotada a tese da autora, todo e qualquer bem adquirido pela empresa daria direito ao creditamento, o que é incompatível com o princípio da não-cumulatividade, que pressupõe o pagamento sucessivo de IPI nas várias etapas de produção."

Analisando a decisão do STJ, resta evidente que o conceito de insumos ali

consubstanciado pressupõe a ocorrência de desgaste direto da matéria-prima ou produto

intermediário para o reconhecimento do direito ao crédito de IPI, endossando, em síntese, o

conceito de insumos consagrado ao longo de décadas no arcabouço normativo que rege o IPI.

Em face do exposto, filio-me ao entendimento firmado no REsp 1.075.508/SC e,

também, na Súmula CARF nº. 19. Assim, no presente caso, entendo que o conceito de insumos

exige que os bens nele subsumidos sejam consumidos em contato direto com o produto (além de

não integrar o ativo permanente), não se afigurando, como matéria-prima ou produto

intermediário, para fins de creditamento do IPI, os bens que forem utilizados apenas

indiretamente na produção.

Resta, pois, analisar se, no caso concreto, os produtos cujos créditos foram

glosados pela fiscalização poderiam se subsumir ao conceito de insumos acima enunciado.

a)Peças importadas para Reposição do Maquinário.

Alega a recorrente que as peças de reposição não necessitam estar em contato

direito com o produto em fabricação, bem como não integrariam o ativo permanente.

Fl. 350

DF CARF MF

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Nos termos do conceito retro exposto, para enquadramento como matéria-prima

ou produto intermediário, necessário se faz que os bens nele subsumidos sejam consumidos em

contato direto com o produto (além de não integrar o ativo permanente).

Pelo exame das notas fiscais e da relação de notas (fls. 136 e 137), observa-se que

os materiais descritos, facas, rótulas, são atinentes a elementos e peças de máquinas e

equipamentos, não se subsumindo, portanto, ao conceito de insumos no âmbito do IPI.

É de se lembrar que a decisão do STJ, no REsp 1.075.508/SC, traz, como

exemplos de materiais que não se subsumem ao conceito de insumos, as roldanas, óleos

lubrificantes, brocas, hastes, correias, rolamentos, rotores, cilindros, anéis de retenção, entre

outros, os quais são partes, peças ou elementos do maquinário industrial, mas que não são

consumidos, de forma imediata e integral, em contato físico com o produto em industrialização.

Assim, observa-se que os itens identificados como peças de reposição não se

enquadram no conceito de insumos adotado neste julgamento e sedimentado na jurisprudência,

ou seja, nenhum dos produtos são consumidos, de forma imediata e integral, em contato físico

com o produto em industrialização, de maneira que é correta a glosa dos créditos decorrentes de

sua aquisição.

b) Caixas Plásticas.

Conforme consta das notas fiscais e da relação de notas (fls. 102, 106 e 136),

tratam-se de Caixas Plásticas, e que pelos elementos acostados aos autos, não teriam como

função a utilização no processo produtivo, mas seriam materiais de uso e consumo, conforme

comprovam as notas fiscais de entrada, que não dão direito a crédito do IPI.

Mesmo se fossem consideradas como embalagens, para gerarem direito a crédito,

essas deveriam ser utilizadas na produção do bem, caracterizando-se como tal aquelas que, ao

envolverem o produto, alteram a sua apresentação, conforme se verifica no art. 4º, inc. IV, do

Regulamento do IPI de 2002 (Decreto nº 4.544, de 2002).

Se forem incorporadas após o produto estar pronto, como é o caso das embalagens

de transporte, não se caracterizam como insumo, não sendo passíveis de gerarem crédito do IPI.

No presente caso, agiu com acerto a fiscalização ao glosar as aquisições das

caixas plásticas, pois conforme informações prestadas pelo contribuinte, o acondicionamento

citado nos processos de produção apresentados especificam apenas o enlatamento e as caixas de

papelão como as formas de embalagem dos produtos industrializados pelo contribuinte.

É de se manter assim a glosa sobre as caixas plásticas.

Quanto ao pedido de diligência da requerente, os artigos 18 e 29 do Decreto

70.235 de 1972 revelam que a realização de diligências deve ser determinada pela autoridade

julgadora apenas quando esta entender necessárias e imprescindíveis à formação da sua

convicção, verbis:

Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias.

No entanto, entendo como desnecessária a realização de perícia. Há, nos autos,

elementos suficientes para o julgamento do feito: todas as notas fiscais foram juntadas aos autos,

(10)

Fl. 10 do Acórdão n.º 3003-000.264 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 13739.000859/2007-11

assim como relação completa de notas fiscais, trazendo informações essenciais sobre os produtos

adquiridos - tais como, destinação, relação de contato (ou não) com o produto industrializado,

etc. -, e, ainda, laudo produzido pela recorrente com descrição detalhada do processo produtivo.

Há que se lembrar, ademais, que a recorrente teve todas as oportunidades, no

curso do procedimento fiscal e do contencioso administrativo, para trazer os elementos

suficientes e necessários para comprovar seu direito creditório, não se justificando, no presente

caso, a realização de perícia, seja para suprir carência probatória - uma vez que a diligência não

se afigura como remédio processual para suprir injustificada omissão probatória -, seja para

contemplar necessidade de análise técnica dos documentos trazidos ao processo - porque, neste

último caso, a autoridade fiscal e os órgãos julgadores são plenamente capazes e tecnicamente

habilitados para apreciar as questões postas em análise.

Em sede de pedido de ressarcimento cumulado com compensação compete ao

contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar

extraída do Código de Processo Civil, artigo 373, inciso I, cabendo a este demonstrar, mediante

adequada instrução probatória dos autos, os fatos eventualmente favoráveis às suas pretensões.

Portanto, a diligência não pode ser utilizada como um meio para suprir a

deficiência das provas carreadas pelo sujeito passivo aos autos.

Diante do exposto, voto por rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em negar

provimento ao recurso.

(assinado digitalmente)

Marcos Antonio Borges

Fl. 352

DF CARF MF

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