Propriedades químicas de um Latossolo Vermelho degradado tratado há cinco anos com lodo de esgoto.
Otton Garcia de Arruda a*, Marlene Cristina Alves a, Carolina dos Santos Batista Bonini a, Débora de Cássia Marchini a, Carolina Cipriano Pinto a, Mariana Regina Durigan a.
a Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira. * Autor para correspondências: +55 18 3743 2193. otton_garcia@hotmail.com
Palavras chave: fertilidade do solo, degradação do solo, recuperação do solo, matéria orgânica, conservação do solo.
Titulo abreviado: Latossolo degradado tratado com lodo de esgoto
ABSTRACT
The remaining areas of civil engineering works, particularly those in the neighborhood of hydroelectric power stations are called lending areas, because large amount of land was withdrawn except to the foundation and construction of the dam wall. The substrate of these remaining areas is presented with limitations related to physical and chemical soil attributes and may be subject to erosion processes.To improve these properties, techniques that tend to the recovery of degraded soils have been studied, and one of them is the sewage sludge use, because it’s low cost and high capacity of soil reconditioning. Accordingly the effects of sewage sludge were studied for recovery of degraded Oxisol chemical properties. The area is being cultivated for five years with eucalyptus (Eucalyptus citriodora Hook) and braquiaria grass
(Brachiaria decumbens) in the city of Selvíria, Mato Grosso do Sul, Brazil. The experimental design was randomized blocks with six treatments and four replications.
The treatments were: control (without use of sewage sludge and mineral fertilization), mineral fertilizer, 30 Mg.ha-1 of sewage sludge, 60 Mg.ha-1 of sewage sludge; exposed soil without treatment for recovery of vegetation and savannah brazilian. Chemical characterization of soil was studied in four layers. Results were analyzed to performing analysis of variance and Tukey test at 5% probability for means comparison. After analysis it can be conclude that sewage sludge, after five years, still influences the chemical properties of soil, increasing the levels of P, OM, CEC and potential acidity. Keywords: soil fertility, soil degradation, rehabilitation of soil, organic matter, soil conservation.
RESUMO
As áreas remanescentes de obras de engenharia civil, em especial aquelas no entorno de usinas hidrelétricas, são denominadas de áreas de empréstimo, pois grande quantidade de solo foi retirada com destino a construção e fundação da parede da
barragem. O substrato remanescente dessas áreas se apresenta com limitações referentes aos atributos físicos e químicos e ainda pode estar sujeito a processos erosivos. Visando melhorar essas propriedades, técnicas que tendem à recuperação de solos degradados vêm sendo estudadas e, uma delas é o uso do lodo de esgoto, devido seu baixo custo e grande capacidade recondicionadora de solo. Neste sentido estudaram-se os efeitos do lodo de esgoto na recuperação de propriedades químicas de um Latossolo Vermelho degradado. A área está sendo cultivada há cinco anos com eucalipto (Eucalyptus citriodora Hook) e braquiária (Brachiaria decumbens) no município de Selvíria, MS. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de: testemunha (sem uso do lodo de esgoto e adubação mineral); adubação mineral; 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto; 60 Mg.ha-1
de lodo de esgoto; solo exposto sem tratamento para recuperação e vegetação de cerrado. Foi realizada a caracterização química do solo em quatro camadas. Os
resultados foram analisados efetuando-se a análise de variância e teste de Tukey a 5 % de probabilidade para a comparação de médias. Depois de efetuadas as análises pode-se concluir que o lodo de esgoto, após cinco anos, ainda influencia as propriedades
químicas do solo, incrementando os teores de P, MO, CTC e acidez potencial.
INTRODUÇÃO
Empreendimentos que envolvem a remoção do solo e deixam o substrato litólico exposto, envolvem profundas modificações no equilíbrio ambiental dos ecossistemas, podendo demandar várias dezenas de anos para adquirir níveis de equilíbrio
homeostático incipiente. Os substratos remanescentes, além de estarem desprovidos de atributos físicos e químicos, que permitam a colonização vegetal espontânea,
apresentam-se suscetíveis à ação dos processos erosivos (VACARCEL & D’ALTERIO, 1998).
Várias técnicas têm sido utilizadas com o objetivo de recuperar esses solos degradados, a maioria delas combina práticas mecânicas, que visam romper camadas compactadas, com a adição de matéria orgânica. Várias fontes de matéria orgânica também têm sido utilizadas. Como fonte alternativa de baixo custo, o lodo de esgoto vem de maneira crescente, revelando-se como um importante insumo agrícola, de interesse na recomposição de solos degradados bem como na fertilização das culturas, de preferência aquelas que não são de consumo direto pelos seres humanos. Uma das utilizações potenciais do lodo de esgoto é o seu aproveitamento como recondicionador físico e químico de solos usados em cultivos agrícolas e florestais (MELO &
Neste sentido tendo em vista a recuperação de um Latossolo Vermelho degradado, remanescente de uma área que foi retirada uma camada de solo para
terraplanagem e fundação da construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, SP, este trabalho teve como objetivo fundamental analisar a influência do lodo de esgoto, após 5 anos de sua aplicação, nas propriedades químicas do solo.
METODOLOGIA
O experimento foi conduzido na Fazenda de Ensino e Pesquisa, pertencente à Faculdade de Engenharia, Campus de Ilha Solteira, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), no município de Selvíria, MS. A mesma está localizada na margem direita do Rio Paraná, apresentando as coordenadas geográficas de 510 22’ de longitude oeste de Greenwich e 200 22’ de latitude sul, com altitude de 327 metros. Apresenta médias anuais de precipitação e temperatura de 1370 mm e 23,50 C, respectivamente.
O solo original é um Latossolo Vermelho Distrófico, textura franco argilo arenosa (DEMATTÊ, 1980), profundo e muito intemperizado, relevo suave a plano. O local de instalação é uma área degradada, onde foi retirada uma camada de solo de 8,60 m de espessura para utilização na terraplanagem e fundação na construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, SP. Para a implantação da pesquisa, preparou-se a área efetuando-se a limpeza superficial, subsolagem e revolvimento superficial do solo. Os tratos culturais foram feitos conforme a necessidade, com capinas efetuadas
mecanicamente, sem a interferência de herbicidas, que poderiam estar inserindo constituintes a interagirem com o solo.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com seis tratamentos e quatro repetições, instalados em fevereiro de 2003. Os tratamentos constaram de: testemunha (sem uso do lodo de esgoto e adubação mineral); adubação
mineral; 30 Mg. ha-1 de lodo de esgoto; 60 Mg. ha-1 de lodo de esgoto; solo exposto sem tratamento para recuperação e vegetação de cerrado. Nos quatro primeiros
tratamentos descritos plantou-se o eucalipto (Eucalyptus citriodora Hook), espaçamento entre plantas de 2 m x 1,5 m e a braquiária (Brachiaria decumbens) nas ruas de
plantio. Cada parcela ocupou uma área de 200 m2 (10 m x 20 m). O espaçamento entre blocos foi de cinco m e a bordadura entre os blocos de 10 m.
O lodo de esgoto foi espalhado na superfície e incorporado, o mesmo foi obtido da SANEAR, Saneamento de Araçatuba, localizada no município de Araçatuba, SP. Foi utilizado o lodo de esgoto obtido de efluente predominantemente doméstico, com umidade de 0,84 kg.kg-1. O teor de metais pesados é baixo e para alguns elementos é nulo.
Em dezembro de 2008, cinco anos após sua implantação, foram coletadas amostras deformadas de solo nas camadas de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m, para a realização da caracterização química do solo. As análises foram
processadas no laboratório de Fertilidade do Solo, da UNESP, Campus de Ilha Solteira, de acordo com a metodologia descrita por RAIJ & QUAGGIO (1983). Foram
determinados os teores de P, K, Mg e Ca pelo método de extração com resina trocadora de íons. O teor de matéria orgânica pelo método colorimétrico e o pH, em cloreto de cálcio, além da acidez potencial (H + Al) a pH 7,0. Posteriormente foram calculadas as somas de bases (SB = Ca + Mg + K), capacidade de troca catiônica (CTC + SB + (H + Al)) e saturação por bases (V % = (100 x SB) / CTC).
Os dados foram analisados efetuando-se a análise de variância e teste de Tukey para as comparações de média no nível de 5 % de probabilidade. Foi usado o programa computacional SISVAR 4,2 (FERREIRA, 1999) para a realização da análise estatística.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando-se os resultados apresentados na Tabela 1, para todas as camadas de solo estudadas observou-se que o maior teor de P foi encontrado no solo do tratamento cultivado com eucalipto e tratado com a dose de 60 Mg. ha-1 de lodo de esgoto, seguido do tratado com a dose de 30 Mg ha-1. Vale ressaltar, porém, que para as camadas de 0,10-0,20 m e 0,20-0,40 m o tratamento com 30 Mg. ha-1 não diferiu dos demais. Os tratamentos que não receberam lodo de esgoto não diferiram estatisticamente entre si, para todas as camadas de solo estudadas.
Na camada superficial houve aumento no teor de P foi maior concordando com resultados encontrados por GUEDES (2005) que observou em uma área cultivada com eucalipto e que recebeu lodo de esgoto, aumento de 10 vezes no teor de P quando comparado com a área que recebeu apenas adubação mineral.
Tabela 1. Valores médios de teor de fósforo (mg.dm-3), teste F, coeficiente de
variação (CV%) e diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solo (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40 Testemunha 3,50 c 3,00 c 3,25 b 3,50 b Adubação mineral 4,00 c 3,00 c 3,25 b 3,50 b 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 27,75 b 28,25 b 4,00 b 3,50 b 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 46,75 a 61,25 a 36,25 a 5,50 a Solo exposto 3,00 c 3,00 c 3,00 b 3,00 b Vegetação natural de Cerrado 5,25 c 4,25 c 3,75 b 3,00 b
F 20,06* 53,31* 131,03* 9,18*
CV (%) 54,14 38,09 26,25 16,76
DMS – 5 % 18,71 14,99 5,38 1,41
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
Resultados encontrados por CAMPOS (2006) na mesma área desta pesquisa mostram que na camada de 0,00-0,05 m o teor de P aumentou significativamente nos tratamentos de recuperação utilizando lodo de esgoto. O aumento significativo do P no solo pode ser explicado pela disponibilizarão deste elemento com a aplicação do lodo de
esgoto, uma vez que com as doses de 30 e 60 Mg. ha-1 foram adicionados 560 e 1.127 kg de P. Ainda COLODRO (2005) estudando a recuperação do solo na mesma área da pesquisa observou que as doses de 30 e 60 Mg.ha-1 também aumentaram o teor de P no solo.
Analisando a Tabela 2 verificou-se que nas camadas de solo de 0,00-0,05 e de 0,20-0,40 m, não houve diferença significativa para o teor de K entre os tratamentos. Para as camadas de solo de 0,05-0,10 m e 0,10-0,20 m pode-se observar que o maior teor encontrado foi na vegetação natural (Tabela 2). Resultados semelhantes foram verificados por PERECIN JÚNIOR (2005) e CAMPOS (2006).
Tabela 2. Valores médios de teor de potássio (mmolc.dm-3), teste F, coeficiente de
variação (CV%) e diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solo (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40 Testemunha 1,0 a 0,0 b 0,02 b 0 a Adubação mineral 1,0 a 0,0 b 0,00 b 0 a 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 1,0 a 0,0 b 0,00 b 0 a 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 1,2 a 0,5 ab 0,00 b 0 a Solo exposto 0,5 a 0,0 b 0,00 b 0 a Vegetação natural de Cerrado 1,0 a 1,0 a 1,00 a 0 a
F 2,23ns 12,60* 1585,0* 0 ns
CV (%) 34,35 94,28 11,95 0
DMS – 5 % 0,96 0,54 0,05 0
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
Verificou-se que nas camadas de solo de 0,05-0,10 e 0,20-0,40 m houve efeito significativo entre os tratamentos para o teor de Ca (Tabela 3), sendo que o tratamento com 60 Mg há-1 de lodo de esgoto diferiu da vegetação natural de Cerrado (camada de 0,005-0,10 m) e na camada de 0,20-0,40 m. os tratamentos com 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto e 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto diferiram do solo exposto e vegetação natural, mesmo após 5 anos de sua aplicação.
CAMPOS (2006) avaliando os teores de Ca e Mg observou que na camada de 0,00-0,05 m os tratamentos visando a recuperação do solo foram eficientes,
principalmente os com lodo de esgoto, pois os mesmos proporcionaram maiores teores desses elementos no solo. OLIVEIRA et al. (1995) também verificaram aumento do teor de Ca e Mg no tratamento que recebeu 20 Mg.ha-1 de lodo de esgoto. Porém, CHIBA (2005) não observou aumento nos teores de Ca e Mg em áreas adubadas com 14 e 16 Mg.ha-1 de lodo de esgoto cultivado com cana-de-açúcar.
Tabela 3. Valores médios de teor de cálcio (mmolc.dm-3), teste F, coeficiente de
variação (CV%) e diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solo (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40 Testemunha 3,75 a 3,50 ab 2,25 a 5,50 a Adubação mineral 4,75 a 3,00 ab 2,00 a 3,50 ab 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 3,25 a 4,00 ab 3,25 a 4,75 a 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 4,75 a 4,75 a 2,25 a 3,75 a Solo exposto 2,25 a 2,50 ab 2,00 a 1,00 b Vegetação natural de Cerrado 3,00 a 1,00 b 1,00 a 1,00 b
F 1,83ns 3,82* 1,68ns 10,65*
CV (%) 40,68 42,63 51,13 35,53
DMS – 5 % 3,39 3,06 2,59 2,65
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
Tabela 4. Valores médios de teor de magnésio (mmolc.dm-3), teste F, coeficiente de
variação (CV%) e diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solo (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40
Testemunha 7,0 a 5,5 a 3,2 a 7,5 a
Adubação mineral 4,5 ab 2,5 bc 2,0 a 2,2 a
30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 3,8 b 3,8 abc 3,5 a 8,5 a 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 5,0 ab 4,5 ab 2,8 a 7,8 a
Solo exposto 5,0 b 2,0 c 1,8 a 1,0 b
Vegetação natural de Cerrado 3,8 b 1,8 c 1,2 a 1,0 b
F 5,35* 8,32* 2,08ns 20,97*
CV (%) 29,81 31,14 51,05 28,78
DMS – 5 % 3,02 2,38 2,83 3,42
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
0,20-0,40 m, para o teor de Mg houve efeito significativo entre os tratamentos. Na camada de 0,10-0,20 m os tratamentos não diferiram entre si.
Verificou-se em todas as camadas de solo que para o teor de matéria orgânica houve efeito significativo entre os tratamentos (Tabela 5). Pode-se notar que os maiores teores se encontram no solo com vegetação natural de Cerrado e, os tratamentos que mais se aproximaram da condição de solo original foram os que receberam lodo de esgoto. Também se pode observar que os tratamentos com lodo de esgoto diferenciaram do tratamento solo exposto e, foram mais promissores na alteração positiva do conteúdo de matéria orgânica do solo. Os resultados concordam com os encontrados por
COLODRO (2005), onde os tratamentos com lodo de esgoto resultaram em maiores teores de matéria orgânica e não diferiram entre si.
Tabela 5. Valores médios de teor de matéria orgânica (g.dm-3), teste F, coeficiente de
variação (CV%) e diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solo (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40 Testemunha 6,75 cd 6,5 b 4,75 b 3,25 b Adubação mineral 8,25 cd 5,75 b 3,75 b 3,25 b 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 14,75 ab 9,25 ab 4,75 b 3,75 b 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 12,00 bc 9,25 ab 5,75 b 4,25 b Solo exposto 5,25 d 5,0 b 5,25 b 5,25 b Vegetação natural de Cerrado 19,25 a 12,75 a 10,5 a 8,5 a
F 16,53* 9,59* 15,28* 15,40*
CV (%) 23,73 23,14 21,21 21,68
DMS – 5 % 6,02 4,30 2,82 2,34
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
Analisando os resultados da Tabela 6 verificou-se que nas camadas estudadas, para o teor de Al houve efeito significativo entre os tratamentos exceto na de 0,00-0,05 m. Nas camadas estudadas o maior teor foi encontrado na área com vegetação natural. De acordo com TESTA et al. (1992) os solos ácidos brasileiros podem apresentar Al com teores que excedem a capacidade de tolerância da maioria das culturas e, baixos
níveis trocáveis de cátions básicos, características estas que podem ser corrigidos nos horizontes superficiais pela calagem.
Tabela 6. Valores médios de teor de alumínio (mmolc.dm-3), teste F, coeficiente de
variação (CV%) e diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solo (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40 Testemunha 1,25 a 1,00 b 1,00 b 1,25 b Adubação mineral 0,25 a 1,00 b 0,75 b 0,50 b 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 2,00 a 2,50 b 0,75 b 1,50 b 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 1,50 a 1,25 b 1,50 b 2,25 b Solo exposto 1,00 a 1,00 b 1,25 b 1,00 b Vegetação natural de Cerrado 4,00 a 7,75 a 7,75 a 8,25 a
F 2,31ns 10,32* 18,70* 35,62*
CV (%) 94,74 68,97 62,17 39,47
DMS – 5 % 3,72 3,83 2,98 2,23
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
Para o H+Al nas camadas estudadas, verificou-se que houve efeito significativo entre os tratamentos (Tabela 7). Maiores valores foram encontrados nas áreas com vegetação natural. Estudos feitos por Rocha et al. (2004), verificaram que em área
cultivada com eucalipto com doses crescentes de lodo de esgoto (5, 10, 15 e 20 Mg.ha-1 e complemento com K) reduziram o teor de H+Al no solo. CAMPOS (2006) verificou resultados semelhantes na mesma área de estudo desta pesquisa.
Tabela 7. Valores médios de acidez potencial (mmolcdm-3), teste F, coeficiente de
variação (CV%) e diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solo (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40 Testemunha 13,75 bc 12,25 c 10,50 c 11,75 cd Adubação mineral 10,75 c 10,50 c 10,75 c 11,50 d 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 20,00 ab 20,25 b 14,00 bc 14,25 bc 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 25,00 a 23,00 ab 17,50 b 15,50 b Solo exposto 14,50 bc 14,25 c 14,50 bc 14,75 b Vegetação natural de Cerrado 26,75 a 26,75 a 24,75 a 23,75 a
F 19,04* 50,03* 23,31* 65,97*
CV (%) 16,14 10,27 14,30 7,22
DMS – 5 % 6,85 4,21 5,04 2,53
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
de 0,05-0,10; 0,10-0,20; 0,20-0,40 m, para o pH houve efeito significativo entre os tratamentos. Na camada de 0,00-0,05 m os tratamentos não diferiram entre si.
Pode-se notar que o lodo de esgoto possui a característica de acidificar o solo, principalmente nas camadas de 0,00-0,05 e 0,05-0,10 m, faixa onde o mesmo foi
incorporado. COLODRO & ESPÍNDOLA (2006), encontraram resultados semelhantes.
Tabela 8. Valores médios de pH, teste F, coeficiente de variação (CV%) e diferença mínima
significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solos(m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40
Testemunha 5,00 a 5,25 ab 5,75 b 5,25 a
Adubação mineral 5,50 a 5,50 a 5,50 ab 5,25 a 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 4,50 a 4,50 ab 5,00 ab 4,25 ab 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 4,25 a 4,50 ab 4,25 a 5,00 b Solo exposto 5,00 a 5,25 ab 5,25 ab 5,00 ab Vegetação natural de Cerrado 4,25 a 4,00 b 5,25 ab 5,00 ab
F 2,81ns 4,24* 3,20* 4,95
CV (%) 12,55 11,74 11,17 10,02
DMS – 5 % 1,37 1,30 1,33 1,10
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
Em relação à soma de bases, na Tabela 9, observou-se que na camada de 0,10-0,20 m não houve diferença significativa e na camada de 0,20-0,40 m obteve-se menores valores nas áreas de vegetação natural e solo exposto.
Tabela 9. Valores médios de somas de bases (mmolc.dm-3), teste F, coeficiente de
variação (CV%) e diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solo (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40 Testemunha 11,50 a 9,00 a 5,52 a 13,00 ab Adubação mineral 10,00 a 3,50 c 4,25 a 8,75 b 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 8,00 ab 7,75 ab 5,75 a 17,25 a 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 11,00 a 9,75 a 5,25 a 11,50 b Solo exposto 5,25 b 4,00 bc 3,75 a 2,00 c Vegetação natural de Cerrado 8,00 ab 3,75 c 2,75 a 2,25 c
F 5,56* 12,24* 1,27ns 35,90*
CV (%) 22,13 26,00 45,71 22,24
DMS – 5 % 4,56 3,76 4,77 4,66
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
Analisando os resultados referentes a capacidade de troca catiônica (Tabela 10), verificou-se que houve diferença significativa em todos os tratamentos, onde nas camadas de 0,00-0,05 e 0,05-0,10 m a dose de 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto se assemelha a área de vegetação natural, que obteve os maiores valores na maioria das camadas.
Tabela 10. Valores médios de capacidade de troca catiônica (mmolc.dm-3), teste F,
coeficiente de variação (CV%) e diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40 Testemunha 25,25 bc 21,25 ab 16,02 b 24,75 ab Adubação mineral 23,00 bc 18,75 b 16,75 b 21,50 ab 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 31,25 ab 28,00 ab 22,50 ab 29,50 a 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 35,00 a 30,50 a 22,75 ab 27,00 ab Solo exposto 19,75 c 19,00 b 18,25 b 16,75 c Vegetação natural de Cerrado 35,75 a 30,50 a 27,50 a 26,00 ab
F 11,29* 7,31* 5,16* 12,11*
CV (%) 13,92 16,85 18,82 10,72
DMS – 5 % 9,06 9,55 8,92 5,97
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
Em relação à saturação por bases, na Tabela 11, pode-se notar que houve diferenças significativas para todos os tratamentos e que o solo exposto e vegetação natural apresentaram os menores valores.
Tabela 11. Valores médios de saturação por bases, teste F, coeficiente de variação (CV%) e
diferença mínima significativa (DMS-5%), para os tratamentos estudados, nas camadas de solo de 0,00-0,05; 0,05-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m.
Tratamentos Camadas de solo (m)
0,00-0,05 0,05-0,10 0,10-0,20 0,20-0,40 Testemunha 45,25 ab 42,75 a 33,75 ab 52,50 a Adubação mineral 50,00 a 37,25 ab 31,75 ab 41,00 a 30 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 26,75 bc 33,75 ab 43,25 a 51,00 a 60 Mg.ha-1 de lodo de esgoto 36,00 abc 31,75 ab 28,75 ab 42,75 a Solo exposto 25,75 c 21,25 bc 21,25 bc 13,50 b Vegetação natural de Cerrado 24,75 c 11,75 c 10,00 c 9,00 b
F 6,63* 9,40* 7,96* 33,94*
CV (%) 24,27 24,84 28,74 18,62
DMS – 5 % 19,38 16,98 18,57 14,95
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
CONCLUSÕES
O lodo de esgoto continua influenciando as propriedades químicas do Latossolo Vermelho em recuperação mesmo após cinco anos de sua aplicação.
A utilização do lodo de esgoto de origem doméstica incrementou os teores de fósforo, matéria orgânica, capacidade de troca catiônica e a acidez potencial,
confirmando sua possível utilização como insumo agrícola.
A dose de 60 Mg ha-1 foi a mais promissora na recuperação do teor de fósforo, magnésio, soma de bases, capacidade de troca catiônica e saturação por bases.
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Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão de bolsa de iniciação científica.