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ANÁLISE ERGONÔMICA DE UMA SALA DE AULA

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Academic year: 2021

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ANÁLISE ERGONÔMICA DE UMA SALA DE AULA

Layse Piauilino de Medeiros¹ - NOVAFAPI Isabel Cristina Costa Borges²– NOVAFAPI Ilana Hélia de Almeida Luz³ - NOVAFAPI Maria Evangelina de Oliveira4 - NOVAFAPI

INTRODUÇÃO

Ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seu ambiente de trabalho. A melhor maneira de executar um serviço, a utilização dos recursos mais apropriados, a organização dos procedimentos e do local de trabalho, o uso correto e a manutenção dos equipamentos necessários. É uma ciência multidisciplinar e envolve estudos relativos a outras ciências: fisiologia, psicologia, antropometria e biomecânica. (PEREIRA , 2003)

Recentemente, a ergonomia tem se interessado cada vez mais pelas atividades de ensino, procurando torná-las mais eficientes. Visto que, a concentração dos alunos durante as atividades em sala de aula pode ser facilitada por um ambiente adequado ao ensino.

De acordo com Gil (1997), a concentração dos alunos também é influenciada por estímulos do ambiente, tais como: dimensões da sala de aula e ainda recursos de ensino. O ambiente escolar adequado implica em vários aspectos, assim, pode-se idealizar uma sala de aula com pouco ruído externo; com iluminação adequada, bem arejada, com dimensões adequadas ao número de alunos, mobiliários ajustados às características fisiológicas das crianças e longe das fossas, lixões e outros lugares que produzam odores inadequados.

Uma iluminação inadequada como intensidade luminosa insuficiente ou errada, provoca brilhos e ofuscamentos o que pode levar ainda a fadiga visual, e esta provoca tensão e desconforto. Os olhos ficam avermelhados, começam a lacrimejar e a freqüência de piscar vai aumentando. Muitas vezes a imagem perde a nitidez ou se duplica. Em graus mais avançados, a fadiga visual provoca dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade emocional. (Lida, 1990)

Existem estudos que comprovam a influência das cores sobre o estado emocional, produtividade e qualidade do trabalho. Como o ensino requer muita concentração, as cores devem ser escolhidas cuidadosamente para evitar distrações desnecessárias e inquietações. Neste caso as paredes, teto e outros elementos estruturais devem ser pintados em cores claras, que não atraem a atenção. (Grandjean,2005)

Lida (2005) relata que no processo ensino aprendizado, os alunos geralmente permanecem sentados durante longos períodos. Para se garantir o conforto nessa situação, é necessário fazer estudo da postura e das dimensões antropométricas, para se projetar adequadamente o posto de trabalho escolar.

O mobiliário escolar, juntamente com outros fatores físicos, é notadamente um elemento da sala de aula que influi circunstancialmente no desempenho, segurança, conforto e em diversos comportamentos dos alunos. O mobiliário, em função dos requisitos da tarefa, determina a configuração postural dos usuários e define os esforços e dispêndios - elementos essenciais para a adoção de comportamentos diversos - estabelecidos numa jornada de trabalho em sala de aula, além de manter vínculo restrito com a absorção do conhecimento. (http://www.efdeportes.com/efd85/ergon.htm)

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A altura da mesa para o trabalho sentado é influenciada por duas variáveis que são: altura do cotovelo e a altura poplítea. A altura do cotovelo depende da altura do assento e, desta forma, deve-se dimensionar inicialmente a altura do assento usando-se a altura poplítea. Somando-se esta à altura do cotovelo obtém-se a altura da mesa.(Lida,1990)

Segundo Nascimento(2000), a mesa deve ter o bordo anterior arredondado evitando compressões das estruturas moles do antebraço, melhorando a circulação e diminuindo o atrito sobre músculos e tendões, evitando infamações. E além disso, ela deve ser arrumada de maneira bem organizada, isto é importante para proporcionar maior agilidade no desenvolvimento das tarefas, bem como proteger o corpo contra exposição de riscos posturais, proporcionando menor gasto energético e contribuindo para o aumento da produtividade.

Sobre a cadeira, Nascimento (2000) cita que deve ser estofada amenizando os efeitos da transpiração. O bordo anterior do assento da cadeira deve ser arredondado, evitando compressões na região posterior da coxa, o que pode causar alteração circulatória.

Pereira (2003) sugere que a altura da cadeira deve ser regulável e os pés devem estar bem apoiados no chão. Cadeiras altas,deixam os pés pendurados ou apoiados sobre os rodízios das mesmas. Esta postura dificulta o retorno venoso e linfático, e faz com que o encosto da cadeira seja mal utilizado ou que não seja utilizado. Na cadeira deve haver espaço para boa acomodação dos glúteos, afim de que seja mantida a lordose fisiológica lombar.

Considerando a carteira escolar como um posto de trabalho para os alunos, já que os mesmos passam a maior parte do tempo sentados, é importante a manutenção de uma postura correta. Na postura sentada, a coluna e a cabeça devem estar bem eretas, mantendo as curvaturas fisiológicas da coluna ou a cabeça um pouco fletida; a criança deve estar sentada bem no fundo da cadeira, as coxas devem estar bem apoiadas no assento sem que haja compressão na interlinha articular do joelho e os pés devem estar apoiados no chão.(Pereira , 2003)

Diante destas considerações, este trabalho objetiva analisar as posturas adotadas pelos escolares em sala de aula e identificar as inadequações ergonômicas quanto ao ambiente e mobiliário.

METODOLOGIA

A pesquisa realizada trata-se de uma abordagem qualitativa, por identificar as posturas viciosas dos alunos devido às inadequações ergonômicas do ambiente e mobília.

O estudo desenvolveu-se em uma sala de aula da Escola S. J. D., localizada em Teresina- PI, no período de março à junho de 2006.

Inicialmente, fez-se uma visita assistemática ao local para colher os dados importantes e relevantes a fim de elaborar este projeto. Posteriormente realizou-se registros fotográficos e observou-se toda estrutura e ambiente da sala de aula, assim como o mobiliário e as atitudes e posturas adotadas pelos alunos durante a aula.

Quanto ao ambiente observou-se as seguintes variáveis : temperatura, iluminação e ventilação. Na estrutura da sala de aula registrou-se a área, quantidade de carteiras, janelas, portas, quadro acrílico .

Após a observação estrutural da sala de aula, foram realizadas as medidas antropométricas dos 28 alunos, que tinham faixa etária de 6 a 9 anos.A partir destas, calculou-se a média aritmética das alturas dos alunos.

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Quanto a mobília foram realizadas as seguintes medidas: altura, largura e profundidade das mesas ,assim como, a altura, largura e profundidade das cadeiras.A partir destas medidas calculou-se a média aritmética para cada variável, o que permitiu estabelecer medidas ideais da mobilia para a altura média dos alunos.

Para o cálculo das medidas ideais de altura, largura e profundidade das mesas utilizou-se as seguintes fórmulas: (0,135+0,249)x Altura; (0,229 x2) x Altura; 0,462 x Altura, respectivamente. Da mesma forma, para o cálculo das medidas ideais de altura, largura e profundidade das cadeiras seguem as seguintes fórmulas: 0,249 x Altura; (0,203 x Altura) +0,03 ; 0,280 x Altura, respectivamente.

RESULTADO

Após análise da estrutura da sala de aula foi possível verificar uma área de 8x6m, com 28 carteiras, apresentando um ventilador de teto, não é forrada, contém uma porta com 2,5m de altura e 80cm de largura, duas janelas com 79cm de altura e 50cm de largura cada, dois pré-moldados com 47cm de altura e 1m de largura, quatro telhas transparentes, um cesto de lixo, um quadro acrílico de 1m de altura e 2,22m de largura, apoio para apagador e pincel, e uma lâmpada fluorescente no centro da sala. As paredes são brancas e enfeitadas com o alfabeto.

Com relação ao ambiente pôde-se observar que a temperatura é agradável, visto que a sala apresenta um ventilador, duas janelas e dois pré-moldados permitindo a circulação do ar.

A iluminação da sala é feita por uma lâmpada fluorescente no centro, quatro telhas transparentes e janelas contribuindo para entrada de luz solar . Por possuir apenas uma lâmpada fluorescente a iluminação não está adequada, pois não é capaz de gerar uma luminância quase constante. A entrada de luz solar pelas janelas provoca reflexos luminosos no quadro causando ofuscamento.Este pode provocar fadiga visual, tensão e desconforto.

Quanto às medidas antropométricas verificou-se que os alunos possuíam uma altura média de 1,24m e que a média da altura, largura e profundidade das mesas foram 72cm, 60cm, e 40cm, respectivamente; e para as cadeiras a altura ,largura e profundidade média foram: 42cm,40cm e 37cm, respectivamente.

De posse da altura média dos alunos pôde-se calcular as medidas das variáveis ideais para cadeiras e mesas.

Diante dos resultados construiu-se a seguinte tabela comparativa, evidenciando as discrepâncias entre as medidas reais das carteiras e as medidas ideais.

Tabela 1 : Medidas das mesas e cadeiras da sala de aula e medidas que seriam ideais REAL IDEAL MESA Altura média 72cm 47cm Largura média 60cm 56cm Profundidade 40cm 57cm

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CADEIRA

Altura 42cm 30cm Largura 40cm 28cm

Profundidade 37cm 31cm

De acordo com a medida ideal calculada para a mobília percebeu-se que a mesma não está ergonomicamente adequada à altura média dos usuários.

Além das medidas do mobiliário, observou-se que as mesas não apresentam bordo anterior arredondado provocando compressões das estruturas moles do antebraço. As cadeiras da sala de aula são de madeira não estofada, 40% possuem bordo anterior arredondado, fornecem um suporte firme na altura da região dorsal e possuem espaço para acomodação da região lombar acompanhando a curvatura da coluna.

Devido às inadequações ergonômicas do ambiente e mobiliário os alunos acabam adotando posturas inadequadas, como: inclinados para frente sem usar o encosto da cadeira, debruçados sobre a mesa, ou colocam a mochila entre a coluna e o encosto, fazem inclinação lateral do tronco e da cabeça para visualizarem o quadro ou seja não mantém a coluna ereta ao escrever, sentam-se na ponta da cadeira com os pés no chão ou no rodízio da mesa, não apóiam confortavelmente os pés no chão. Todas essas posturas causam dores e degenerações que podem persistir por toda a vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme os resultados relatados, pôde-se perceber que a interação da ergonomia com o processo de aprendizagem se dá pela otimização dos recursos e organização das atividades em sala de aula, visto que a transmissão de conhecimentos tanto será maior quanto melhor forem as condições do meio.

Assim, se a fisioterapia atuasse de maneira preventiva nas escolas seriam menores os índices de escolioses, hiperlordoses, retificações da coluna e outras deformidades provenientes das posturas inadequadas.

Palavras Chaves: Ergonomia, escola, postura REFERÊNCIAS

™ PEREIRA, Erimilson Roberto. Fundamentos de Ergonomia e fisioterapia do trabalho. Rio de Janeiro : Taba Cultural,2001.

™ NASCIMENTO, Nivalda Marques do; MORAES, Roberta de Azevedo Sanches. Fisioterapia nas Empresas: Saúde X Trabalho. Rio de Janeiro : Taba Cultural,2000.

™ IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. Sao Paulo: Edgard Blucher, 1990. ™ GRANDJEAN, Etienne; KROEMER, K. H. E.. Manual de ergonomia:

adaptando trabalho ao homem. 4ed. Porto Alegre: Artes Medicas, 2005. ™ GIL, A.C. Metodologia do ensino superior. São Paulo: Atlas, 1997.

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™ Ergonomia da sala de aula: constrangimentos posturais impostos pelo mobiliário escolar. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd85/ergon.htm> Acesso em : 20 mai. 2006

¹ Doutoranda do curso de Fisioterapia da Faculdade NOVAFAPI; e-mail: laysinhapiauilino@hotmail.com

² Doutoranda do curso de Fisioterapia da Faculdade NOVAFAPI; e-mail: isabelxcristina@oi.com.br

³ Doutoranda do curso de Fisioterapia da Faculdade NOVAFAPI; e-mail: ilanahelia@yahoo.com.br

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Especialista em saúde, trabalho e ergonomia nas empresas, Professora do curso de fisioterapia da NOVAFAPI, e-mail: dralinamoraes@yahoo.com.br

Referências

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