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LEGISLAÇÃO ESPECIAL PARA ANALISTA JUDICIÁRIO PACOTE TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRÃO

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Academic year: 2021

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1 AULA – 03

Caro futuro Analista do TJDFT,

Nesta aula, finalizaremos nosso estudo sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente abordando assuntos importantes e, certamente, os mais cobrados em questões de Direito Penal:

Os atos infracionais e seu procedimento de apuração;

Os crimes contra a criança e o adolescente previstos no ECA; As infrações administrativas contra crianças e adolescentes.

Como esta é uma aula de continuação da Aula 02, os números dos tópicos e das questões seguirão a sequência lá adotada, ok?

Estou convicto de que os tópicos referentes aos atos infracionais e aos crimes serão grandes candidatos às questões de sua prova, no que se refere à parte de Direito Penal. As infrações administrativas, por sua vez, têm um histórico de questões muito pequeno e, por isso, acredito ser muito difícil o assunto ser cobrado. No entanto, como nosso estudo deve ser o mais completo e focado possível, analisaremos os três temas dentro da complexidade devida, pois, afinal de contas, não podemos dar chance ao acaso, não é mesmo??

Você terá acesso a quase todas as questões do Cespe sobre os assuntos a serem estudados. A nossa missão é deixar você blindado contra qualquer surpresa da banca.

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VI – OS ATOS INFRACIONAIS

6.1. CONCEITO DE ATO INFRACIONAL

O ECA define ato infracional como a conduta descrita como crime ou contravenção penal.

Começo o tópico com uma pergunta:

Por que o Estatuto fala em ato infracional e em crime ou contravenção penal propriamente ditos? Qual a diferença entre eles?

Resposta na ponta da língua: toda conduta que a Lei Penal tipificada como crime ou contravenção, se praticada por criança ou adolescente é tecnicamente denominada ato infracional.

Pois bem, a Constituição Federal, em seu art. 228, estabelece que são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos. Ser inimputável significa, em linhas gerais, não ter a capacidade de ser responsabilizado penalmente pelos seus próprios atos. Ora, se uma criança ou um adolescente não pode ser responsabilizado penalmente por seus atos então, em tese, não se pode responsabilizá-los por crimes ou contravenções penais tipificados em Lei. Concorda?

Agora te faço então outra pergunta: e se uma criança ou um adolescente fere ou mata alguém? Fica impune pelo fato de não poder responder penalmente por esse ato? Claro que não!!

Foi por essa razão que o ECA utilizou a terminologia de ato infracional. O intuito foi o de produzir uma designação diferenciada procurando enaltecer o caráter extra penal da matéria e o atendimento a ser prestado em especial ao adolescente em conflito com a lei. Isso quer nos dizer então que, ao cometer um crime ou uma contravenção penal, a criança ou o adolescente não ficará de todo impune. Haverá sim algum tipo de responsabilização diferenciada.

Nessa mesma linha de raciocínio, você há de convir comigo que, mesmo sendo responsabilizados de forma especial, não é coerente que o tratamento dado a um adolescente seja o mesmo dado a uma criança quando ambos tenham cometido, por exemplo, o mesmo ato infracional. Não poderiam mesmo ser!! As eventuais medidas a serem tomadas devem respeitar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

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3 O ECA estabelece, portanto, que a criança ou o adolescente que cometer ato infracional estará sujeito às medidas nele previstas e que, para o estabelecimento dessas medidas, será considerada a idade do adolescente à data do fato. A regra é a seguinte:

IMPORTANTE

Se o agente cometer ato infracional enquanto tiver idade inferior a 12 (doze) anos, será tratado como CRIANÇA mesmo após completar esta idade.

Se praticar o ato estando com a idade entre 12 (doze) e 17 (dezessete) anos, será tratado como ADOLESCENTE mesmo após completar 18 (dezoito) anos.

Vamos ver como essas disposições foram cobradas?

61. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2006] Nos termos do que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se ato infracional a conduta praticada por criança ou adolescente que esteja descrita como crime na legislação penal, não abrangendo a legislação em referência as contravenções penais.

Comentário:

A assertiva erra ao afirmar que uma contravenção penal praticada por criança ou adolescente não é um ato infracional. É sim!! Repetindo: toda conduta que a Lei Penal tipifica como crime ou contravenção, se praticada por criança ou adolescente, é tecnicamente denominada ato infracional.

Gabarito: Errado

62. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Ato infracional é a ação tipificada como contrária a lei que tenha sido efetuada pela criança ou adolescente. São inimputáveis todos os maiores de 18 anos e não poderão ser condenados a penas.

Comentário:

Dois erros nessa questão: o primeiro é o de conceituar ato infracional de forma errada; o segundo é o de afirmar que os maiores de 18 são inimputáveis e não poderão ser condenados a penas. Ato infracional é o crime ou a contravenção penal quando cometido por criança ou adolescente. E inimputáveis são os menores de 18 anos!! Gabarito: Errado

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No próximo tópico, trataremos das medidas passíveis de serem aplicadas às crianças que cometem atos infracionais. Em seguida, estudaremos aquelas a serem aplicadas aos adolescentes infratores.

6.2. ATO INFRACIONAL COMETIDO POR CRIANÇAS

Se uma criança comete um crime ou uma contravenção penal, você já sabe que ela não pode responder conforme as disposições do Código Penal e nem as da Lei de Contravenções Penais. Estará sujeita às medidas estabelecidas no ECA.

Pois saiba também que a criança autora de ato infracional não está sujeita à aplicação das medidas sócio-educativas previstas no Estatuto (como é o caso dos adolescentes), mas apenas a das medidas de proteção. Umas são bem diferentes das outras!! As medidas de proteção a serem aplicadas às crianças infratoras são as seguintes:

Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

Orientação, apoio e acompanhamento temporários;

Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;

Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

Acolhimento institucional;

Inclusão em programa de acolhimento familiar; Colocação em família substituta.

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5 IMPORTANTE

O órgão competente para aplicar as medidas de proteção às crianças infratoras é o CONSELHO TUTELAR;

O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas PROVISÓRIAS E EXCEPCIONAIS, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.

A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

Sobre os atos infracionais cometidos por crianças, são essas as disposições que você precisa levar para sua prova.

Agora, quanto aos adolescentes infratores, os procedimentos são um pouco mais rigorosos. No tópico a seguir, vamos conhecer quais são as suas garantias processuais, as medidas sócio-educativas para eles previstas e o procedimento para a apuração dos fatos.

Antes, vamos praticar:

63. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece medidas de proteção à criança e ao adolescente, dentre as quais estão o acolhimento institucional, a colocação em família substituta e a matrícula e frequência facultativas em estabelecimento de ensino livre.

Comentário:

A questão até que ia bem não fosse pela afirmação de que a medida de proteção de matrícula e frequência facultativas deve ser aplicada em estabelecimento de ensino livre, quando vimos que tal estabelecimento deve ser oficial e de ensino fundamental. Você pode ainda achar que há outro erro nessa questão: a afirmação de que as medidas de proteção não são aplicáveis a adolescentes. Muita calma nessa hora!! Não foi isso que eu disse!!

As medidas de proteção foram estabelecidas pelo ECA tanto para a criança como para o adolescente. Elas visam, na verdade, à proteção

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integral dessas pessoas quando elas forem submetidas a determinadas situações previstas no Estatuto. São elas:

Art. 98 As medidas de proteção à CRIANÇA e ao ADOLESCENTE são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta.

Essas medidas visam, portanto, à proteção geral da criança e do adolescente. Agora, ao se falar em atos infracionais cometidos por essas pessoas, aí teremos que separar o joio do trigo.

Se o infrator for criança, só poderá ser submetido às medidas de proteção;

Se for adolescente, só poderá ser apenado com uma das medidas socioeducativas.

Estudaremos sobre essas medidas sócio-educativas logo mais adiante. Por enquanto, guarde essa informação e saiba que não foi ela que causou o erro da questão.

Gabarito: Errado

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os itens a seguir.

64. As medidas de proteção são aplicadas às crianças; as socioeducativas, aos adolescentes.

65. As medidas de proteção poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, mas não podem ser substituídas a qualquer tempo.

Comentário 64:

Brincadeira!! Parece que a questão foi copiada da anterior!! O erro aqui é o mesmo. Repetindo para não esquecer:

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

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7 II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

A criança autora de ato infracional não está sujeita à aplicação das medidas sócio-educativas previstas no Estatuto (como acontece com os adolescentes), mas apenas a medidas de proteção.

As medidas socioeducativas são destinadas apenas a adolescentes acusados da prática de atos infracionais, devendo ser considerada a idade do agente à data do fato.

Gabarito: Errado Comentário 65:

As medidas de proteção, já vimos, estão elencadas no art. 101 do ECA. Em seu art. 98, o referido Estatuto estabelece que “as medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo”. Estabelece ainda que na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. Gabarito: Errado

66. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de cinco anos, salvo comprovada necessidade, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

Comentário:

Quanto ao acolhimento institucional, é importante não esquecer que a permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não poderá se prolongar por mais de 02 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

Gabarito: Errado

67. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] A criança acusada de um crime deverá ser conduzida imediatamente à presença de um delegado.

Comentário:

Você já sabe que a criança acusada de ato infracional, não é submetida a medidas sócio-educativas e, sim, a medidas de proteção. E quem é

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competente, segundo o ECA, para aplicar tais medidas às crianças infratoras? O Conselho Tutelar e não um delegado!!

Gabarito: Errado

6.3. ATO INFRACIONAL COMETIDO POR ADOLESCENTES

No caso de adolescentes que cometem atos infracionais, é preciso que tenhamos em mente os seguintes princípios fundamentais:

Aos procedimentos regulados no ECA aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual pertinente.

É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos no Estatuto, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido

processo legal.

O último dos princípios acima todos conhecemos, pois ele deriva do art. 5º, inciso LIV da nossa Constituição Federal. Veremos que o procedimento para apuração de ato infracional praticado por adolescente, embora revestido das mesmas garantias processuais e demandando as mesmas cautelas que o processo penal instaurado em relação a imputáveis, com este não se confunde. Isto se dá pelo fato de que ao contrário do processo penal instaurado em relação a imputáveis, o procedimento para a apuração de ato infracional não tem como objetivo final a singela aplicação de uma pena, mas sim, em última análise, a proteção integral do jovem, para o que as medidas sócio-educativas se constituem apenas no meio que se dispõe para chegar a este resultado.

Para tanto, o procedimento possui regras e, acima de tudo, princípios que lhe são próprios, cuja inobservância, por parte da autoridade judiciária, somente pode conduzir à nulidade absoluta do feito. Antes de estudarmos as regras para a apuração dos atos infracionais, vejamos quais são as garantias processuais asseguradas aos adolescentes.

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9 6.3.1. AS GARANTIAS PROCESSUAIS DOS ADOLESCENTES

Partindo-se do princípio que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, da inevitável incidência da regra básica de que toda e qualquer disposição estatutária somente pode ser interpretada e aplicada no sentido da proteção integral infanto-juvenil, e da previsão expressa da aplicação, em caráter subsidiário, das regras gerais contidas na Lei Processual Penal, não é possível, lógica e legalmente, negar ao adolescente acusado da prática de ato infracional qualquer dos direitos e garantias assegurados tanto pela Lei Processual Penal quanto pela Constituição Federal aos imputáveis acusados da prática de crimes.

E é exatamente por esse motivo que o legislador preocupou-se em reforçar tais garantias e discriminá-las no referido Estatuto. São, portanto, estas as garantias asseguradas aos adolescentes:

Pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;

Igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa; Defesa técnica por advogado;

Assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;

Direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;

Direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

Conheceremos agora as medidas sócio-educativas que poderão ser aplicadas ao adolescente infrator. Vamos a elas!!

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6.3.2. AS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

Você já sabe que as medidas socioeducativas são destinadas aos adolescentes acusados da prática de atos infracionais, devendo ser considerada a idade do agente à data do fato (a criança está sujeita APENAS a medidas de proteção). Embora pertençam ao gênero "sanção estatal" (decorrentes da não conformidade da conduta do adolescente a uma norma penal proibitiva ou impositiva), não podem ser confundidas ou encaradas como penas, pois têm natureza jurídica e finalidade diversas.

Pois bem, enquanto as penas possuem um caráter eminentemente retributivo/punitivo, as medidas socioeducativas têm um caráter preponderantemente pedagógico, com preocupação única de educar o adolescente acusado da prática de ato infracional, evitando sua reincidência.

Versa o Estatuto que verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

Advertência;

Obrigação de reparar o dano;

Prestação de serviços à comunidade; Liberdade assistida;

Inserção em regime de semi-liberdade;

Internação em estabelecimento educacional e;

Todas as medidas de proteção aplicadas às crianças infratoras, com exceção das medidas de acolhimento institucional, de inclusão em programa de acolhimento familiar e de colocação em família substituta (essas três não serão aplicadas aos adolescentes infratores como modalidades de medidas sócio-educativas).

Trataremos logo em seguida dos detalhes mais importantes de cada uma dessas medidas, mas antes disso preciso destacar outros princípios fundamentais referentes ás medidas sócio-educativas:

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11 IMPORTANTE

A imposição das medidas de obrigação de reparar o dano, de prestação de serviços à comunidade, de liberdade assistida, de inserção de regime de semi-liberdade e a de internação pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão.

A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração;

Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

E quem tem competência para aplicá-las?

É só lembrar-se das competências do Juiz de Infância e da Juventude, estudadas em tópico anterior. Uma de suas competências é exatamente a de conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis.

Uma bateria de questões para treinarmos:

68. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Prescreve o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente, dentre outras, as medidas de colocação em família substituta, de advertência, de prestação de serviços à comunidade e de liberdade assistida.

Comentário:

A questão estaria certinha não fosse o erro em afirmar que uma das medidas aplicáveis a adolescentes infratores seria a sua colocação em família substituta. Acabamos de ver que essa não é medida aplicável nesses casos!! Gabarito: Errado

69. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. SÃO JOSE PINHAIS/PR – 2011] De acordo com o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente, dentre outras, as medidas de obrigação de reparar o dano, a

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internação em estabelecimento não educacional e a prestação de serviços à comunidade somente se autorizado pelos pais.

Comentário:

O Estatuto não prevê que haja necessária autorização dos pais para a aplicação das medidas sócio-educativas a um adolescente infrator. Esse é o primeiro equívoco!! O segundo é afirmar que a internação deve ser obrigatoriamente em estabelecimento não educacional. Aí é demais, não é mesmo?? É claro que o estabelecimento tem que ser educacional.

Gabarito: Errado

70. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Se uma criança e ou adolescente efetivamente praticou ato infracional será aplicada medida específica de punição, conforme estabelece o art. 101 do ECA, tais como reclusão, frequência obrigatória em ensino fundamental, entre outras medidas.

Comentário:

Uma coisa que você não pode esquecer: não existe no ECA nenhuma medida de punição para adolescentes infratores, muito menos para crianças infratoras. O que existe são medidas de proteção (para crianças e adolescentes) e medidas sócio-educativas (para adolescentes) nos casos de práticas de atos infracionais. E mesmo no rol de medidas sócio-educativas não há previsão de reclusão.

Gabarito: Errado

71. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN – 2008] Em se tratando de menor inimputável, inexiste pretensão punitiva estatal propriamente, mas apenas pretensão educativa, que é dever não só do Estado, mas da família, da comunidade e da sociedade em geral, conforme disposto expressamente na legislação de regência e na CF.

Comentário:

Isso mesmo!! O ECA utiliza a terminologia de ato infracional no intuito de produzir uma designação diferenciada procurando enaltecer o caráter extra penal da matéria e o atendimento a ser prestado em especial ao adolescente em conflito com a lei.

Gabarito: Certo

72. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN – 2008] O instituto da prescrição não é compatível com a natureza não-penal das medidas socioeducativas.

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13 Comentário:

Em momento algum, a Lei nº 8.069/1990 (o nosso ECA) dispõe sobre a “prescrição”. A prescrição é a perda do direito de punir do Estado pelo decurso do tempo. Apesar de não ser a medida mais adequada e nem se constituir a melhor opção (em razão da natureza jurídica diversa das medidas socioeducativas em relação às penas), a matéria foi objeto da Súmula nº 338, do Superior Tribunal de Justiça. Segunda a referida súmula: “a prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas”. O item afirma exatamente o oposto.

Gabarito: Errado

73. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que determinado crime foi praticado por um adolescente, em detrimento de bens e serviços da União. Nesse caso, tratando-se de menor de 18 anos de idade, inimputável, caberá conhecer do ato infracional o juiz da infância e da juventude, ou o juiz que exercer essa função, na esfera estadual. Comentário:

A autoridade competente para aplicar as medidas sócio-educativas aos adolescentes é o Juiz da Infância e da Juventude. No entanto, em seu art. 146, o Estatuto prevê que outro juiz que exerça essa função, na forma da lei de organização judiciária local, será também considerado competente. Daí você pode me perguntar: professor, mas não seria o Juiz Federal o competente para julgar crimes contra bens e serviços da União?

Já te respondo: de fato são os juízes federais os competentes para julgar os crimes cometidos em detrimento de bens e serviços da União, mas quando um adolescente os pratica não há que se falar em crimes e, sim, em atos infracionais de competência, portanto, das varas estaduais da infância e da juventude. E quem dá esse poder ao Estatuto da Criança e do Adolescente? A própria CF em seu art. 228!! Veja:

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.

Gabarito: Certo

74. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008 – ADAPT.] Compete exclusivamente à autoridade judiciária e ao membro do MP a aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente pela prática de ato infracional.

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Comentário:

Compete exclusivamente à autoridade judiciária a aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente pela prática de ato infracional. O Ministério Público não aplica tais medidas e, sim, auxilia e fiscaliza o processo de apuração desses atos e a aplicação das medidas deles decorrentes.

Gabarito: Errado

75. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] As medidas socioeducativas só devem ser aplicadas em face da existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão.

Comentário:

A questão está quase certa. O problema foi generalizar e afirmar que as medidas socioeducativas (aí subentendidas todas) só devem ser aplicadas em face da existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão. Não é bem assim, pois a regra não vale para todas as medidas!!

Vimos que a imposição medidas de obrigação de reparar o dano, de prestação de serviços à comunidade, de liberdade assistida, de inserção de regime de semi-liberdade e a de internação é que pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão.

Gabarito: Errado

76. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de advertência poderá ser aplicada à criança ou ao adolescente sempre que houver prova da autoria e da materialidade da infração.

Comentário:

Não se esqueça!! Estamos falando de medidas sócio-educativas a serem aplicadas para os ADOLESCENTES infratores. Logo, como a medida de advertência é uma delas, já vimos que não há o que se falar em sua aplicação à CRIANÇA infratora. E outra: a medida de advertência não está incluída no rol daquelas que, para a sua imposição, haja a necessidade de prova de autoria e materialidade da infração.

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15 Vamos agora conhecer um pouco mais sobre as tais medidas sócio-educativas:

A advertência

Versa o Estatuto que a advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.

Professor, e como se dá essa admoestação verbal?

Admoestar é aconselhar, advertir, repreender com brandura.

Pois bem, a advertência é a única das medidas socioeducativas que deve ser executada diretamente pela autoridade judiciária. O Juiz deve estar presente à audiência admonitória, assim como o representante do Ministério Público e os pais ou responsável pelo adolescente, devendo ser este alertado das consequências da eventual reiteração na prática de atos infracionais e/ou do descumprimento de medidas que tenham sido eventualmente aplicadas cumulativamente.

Os pais ou responsável deverão ser também orientados e, se necessário, encaminhados ao Conselho Tutelar para receber as medidas a eles pertinentes (reveja essas medidas no nosso tópico sobre o Conselho Tutelar).

A obrigação de reparar o dano

Se o ato infracional cometido por um adolescente tiver reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.

É fundamental que a reparação do dano seja cumprida pelo adolescente, e não por seus pais ou responsável, devendo ser assim verificado, previamente, se esse adolescente tem reais capacidades de cumpri-la. A reparação pode se dar diretamente, através da restituição da coisa, ou pela via indireta, através da entrega de coisa equivalente ou do seu valor correspondente em dinheiro.

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IMPORTANTE

Se houver manifesta impossibilidade do adolescente reparar o dano, a medida poderá ser substituída por outra adequada.

Duas questões tranquilas cobradas elaboradas em provas para juízes:

77. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Tratando-se de medida de obrigação de reparar o dano, o magistrado deve determinar a restituição da coisa ao seu verdadeiro proprietário, ainda que o ato infracional tenha sido praticado por criança.

Comentário:

As questões vão sempre querer induzi-lo ao erro insinuando que crianças infratores são submetidas às medidas sócio-educativas. Tenho certeza que você, meu estimado aluno do Ponto, não cai mais nessa. Crianças infratoras não são submetidas a nenhuma medida sócio-educativa. Somente os adolescentes!!

Posso até dizer que há entendimentos doutrinários de que seja possível que crianças infratoras reparem os danos causados pela prática de atos infracionais. Normalmente, em se tratando do ECA, as bancas buscam a literalidade da Lei para as suas questões, pois trata-se de uma norma polêmica e de várias discussões doutrinárias. Veja que estamos diante de uma questão para JUIZ e a banca não quis complicar.

Gabarito: Errado

78. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Verificada a prática de ato infracional por adolescente, a autoridade competente poderá exigir do menor infrator a obrigação de reparar o dano por meio de trabalho necessário prestado a instituição mantida pelo setor público.

Comentário:

Se houver manifesta impossibilidade do adolescente reparar o dano, a medida poderá ser substituída por outra adequada, mas isso não quer dizer que o juiz possa exigir que o menor necessariamente trabalhe em instituição mantida pelo setor público.

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17 A prestação de serviços à comunidade

A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Cabe ressaltar que as tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumprida aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis. Mas atenção:

IMPORTANTE

Para a prestação de serviços comunitários o adolescente deverá cumprir jornada máxima de 08 horas de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho;

A prestação de serviços comunitários não poderá exceder os 06 meses;

Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado;

O adolescente vinculado a tal medida não pode ser obrigado a realizar atividades degradantes, humilhantes e/ou que o exponham a uma situação constrangedora. A medida não pode se restringir à “exploração da mão de obra” do adolescente, devendo ter um cunho eminentemente pedagógico.

Aos trabalhos:

79. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a quarenta e cinco dias, em entidades assistenciais, hospitais, escolas e estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Comentário:

O erro está em afirmar que a prestação de serviços comunitários não pode exceder a 45 dias quando o correto seria 06 meses.

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Gabarito: Errado

80. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A prestação de serviços à comunidade consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não inferior a seis meses.

Comentário:

Exato!! A prestação de serviços comunitários não poderá exceder os 06 meses. A questão afirma o contrário: que não poderá ser inferior a 06 meses!! Gabarito: Errado

81. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012] A prestação de serviços comunitários como medida socioeducativa consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, não podendo exceder, em nenhuma hipótese, a seis meses.

Comentário:

Alguma dúvida? Você já está cansado de saber: a prestação de serviços à comunidade não poderá exceder os 06 meses. E em nenhuma hipótese mesmo!!

Gabarito: Certo

Inserção em regime de semi-liberdade

O Estatuto dispõe que o regime de semi-liberdade pode ser determinado de duas formas: como medida inicial ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.

A semi-liberdade é das medidas de execução mais complexa e difícil dentre todas as previstas pelo ECA. Em 1996, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA expediu a Resolução n° 47, de 06/12/1996, na tentativa de regulamentar a matéria. Em que pese tal esforço, vários aspectos sobre a forma como se dará o atendimento do adolescente permanecem obscuros, o que sem dúvida contribui para a existência de poucos programas em execução em todo o País.

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19 É importante que se diga que não há qualquer obrigatoriedade de o adolescente que está internado passe primeiro pela semi-liberdade antes de ganhar o meio aberto e que a medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

E assim foi cobrado:

82. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de semiliberdade pode ser aplicada desde o início, quando, pelo estudo técnico, se verificar que é adequada e suficiente do ponto de vista pedagógico. A possibilidade de atividades externas é inerente a essa espécie de medida e depende de autorização judicial.

Comentário:

Há sim a possibilidade de atividades externas, mas essa possibilidade independe de autorização judicial.

Gabarito: Errado

83. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O regime de semiliberdade pode ser determinado, desde o início, pelo prazo de seis meses, como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.

Comentário:

Acabamos de estudar que a medida de semiliberdade não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação. Não há expressa determinação legal para que esse tal prazo seja de seis meses como insinua na questão.

Gabarito: Errado

A liberdade assistida

A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. A autoridade designará pessoa capacitada, denominado orientador, para acompanhar o caso. Essa pessoa poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.

A liberdade assistida é a medida que melhor traduz o espírito e o sentido do sistema sócio-educativo estabelecido pelo ECA e, desde que corretamente

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executada, é sem dúvida a que apresenta melhores condições de surtir os resultados positivos almejados, não apenas em benefício do adolescente, mas também de sua família e, acima de tudo, da sociedade.

Não se trata de uma mera liberdade vigiada, na qual o adolescente estaria em uma espécie de período de prova, mas sim importa em uma intervenção efetiva e positiva na vida do adolescente e, se necessário, em sua dinâmica familiar, por intermédio de uma pessoa capacitada para acompanhar a execução da medida, chamada de “orientador”.

Incumbe ao orientador, como o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização das seguintes tarefas:

• promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;

• supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;

• diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;

• apresentar relatório do caso.

IMPORTANTE

A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 06 meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

E vamos trabalhar:

84. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de liberdade assistida deve ser fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvidos o orientador, o MP e o DP.

Comentário:

É exatamente a literalidade do art. 188, § 2º do ECA: a liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 06 meses, podendo a qualquer

(21)

21 tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

Gabarito: Certo

85. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A aplicação da medida de liberdade assistida, uma das mais rigorosas, prevê a manutenção do adolescente em entidades de atendimento.

Comentário:

Nada a ver!! Muito pelo contrário. Vou repetir: a liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. Não é uma medida rigorosa, pois não se trata de uma mera liberdade vigiada, na qual o adolescente estaria em uma espécie de período de prova. E nem é uma privação de liberdade. É na verdade uma intervenção efetiva e positiva na vida do adolescente e, se necessário, em sua dinâmica familiar.

Gabarito: Errado

86. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, presumindo-se que poderá ser fixada pelo tempo que o juiz da infância e da juventude considerar necessário. Comentário:

A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvidos o orientador, o Ministério Público e o defensor.

O Estatuto silencia quanto ao tempo a ser fixado para a liberdade assistida, logo, percebe-se que tal medida poderá ser sim fixada pelo tempo que o juiz da infância e da juventude considerar necessário.

Gabarito: Certo

A internação

A internação constitui medida privativa de liberdade, sujeita aos princípios:

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da brevidade;

da excepcionalidade e;

do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

A reclusão de um jovem em um estabelecimento deve ser feita apenas em último caso e pelo menor espaço de tempo necessário. Medida privativa de liberdade por excelência, a internação somente deverá ser aplicada em casos extremos, quando, comprovadamente, não houver possibilidade da aplicação de outra medida menos gravosa devendo sua execução se estender pelo menor de tempo possível.

IMPORTANTE

A medida de internação só poderá ser aplicada quando tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa; por reiteração no cometimento de outras infrações graves ou por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.

A medida de internação não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 06 meses. Mas preste atenção: caso a medida seja aplicada por conta de descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta (e somente neste caso), o prazo de internação não poderá ser superior a 03 meses.

A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. Durante todo o período de internação, mesmo que essa internação seja provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. E ainda mais: a realização de atividades externas será permitida a critério da equipe técnica da entidade a não ser por expressa determinação judicial em contrário.

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23 IMPORTANTÍSSIMO

Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a 03 anos;

Atingido o tempo limite de 03 anos, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida; A liberação será COMPULSÓRIA (obrigatória) aos 21 anos de idade. Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização

judicial, ouvido o Ministério Público apenas.

Vale salientar que este prazo máximo de 03 anos de duração da medida privativa de liberdade extrema abrange todos os atos infracionais anteriores à sentença que a decretou e ao início de sua execução (ainda que, por uma razão ou por outra, não tenham sido por ela expressamente abrangidos), vez que não há previsão legal para o “somatório” de medidas socioeducativas.

Assim sendo, por exemplo, independentemente de quantos tenham sido os atos infracionais anteriores à sentença em cujos procedimentos houve o decreto da medida sócio-educativa extrema da internação, estará o adolescente sujeito ao máximo de 03 (três) anos de privação de liberdade.

Devemos lembrar que a tônica do procedimento para apuração de ato infracional é a celeridade, e se isto não foi respeitado, e o adolescente não recebeu, ao tempo e modo devidos, a intervenção socioeducativa que se fazia necessária na espécie, não pode ser por tal razão prejudicado.

Uma perguntinha: você se lembra que, além das crianças (pessoas de até 12 anos incompletos) e dos adolescentes (entre 12 e 18 anos) estarem protegidos pelo ECA, o Estatuto também prevê casos em que suas disposições seriam excepcionalmente aplicadas às pessoas entre 18 e 21 anos de idade?

Pois bem, a liberdade compulsória, a que se refere o quadro acima, se constitui numa dessas exceções da aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente a jovens entre de 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos de idade. E continua em pleno vigor, apesar da alteração na idade do advento da plena capacidade civil, promovida pelo art. 5º, do Código Civil de 2002. Uma vez atingido o limite etário de 21 anos, não mais será possível a aplicação e/ou execução de qualquer medida sócio-educativa, devendo ser o jovem desinternado compulsoriamente, com o máximo de celeridade.

(24)

A medida de internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.

Por fim, é preciso saber que o Estatuto elencou um rol de direitos aos adolescentes internados, ou seja, privados de liberdade. São muitos os direitos, no entanto, para o nosso estudo, vou destacar a seguir apenas aqueles os quais considero mais importantes:

ser tratado com respeito e dignidade;

permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;

receber visitas, ao menos, semanalmente; corresponder-se com seus familiares e amigos;

habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade; receber escolarização e profissionalização;

realizar atividades culturais, esportivas e de lazer; ter acesso aos meios de comunicação social;

receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade;

em hipótese alguma poderá ficar incomunicável.

Em se tratando do direito à visita semanal, estamos diante de uma regra que não é de todo absoluta, pois o Estatuto prevê que a autoridade judiciária (e somente ela!!) poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

A internação é muito cobrada em provas. Veja:

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25 87. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA MILITAR/ES – 2009] Qualquer medida privativa de liberdade imposta a adolescentes deve ter como pressuposto a brevidade e excepcionalidade da medida.

Comentário:

Certinha!! A questão está em perfeita conformidade com dois dos princípios por nós estudados: o da brevidade e o da excepcionalidade.

Gabarito: Certo

88. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] A medida de internação pode ser aplicada em caso de prática de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa ou em caso de ato infracional semelhante a crime hediondo.

Comentário:

O erro está em afirmar que a internação pode ser aplicada em caso de prática de ato infracional semelhante a crime HEDIONDO. De forma alguma!! A medida de internação só poderá ser aplicada em três casos: ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa; por reiteração no cometimento de outras infrações graves ou por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

Gabarito: Errado

89. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de internação não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a cada três anos. Comentário:

De fato, a medida de internação não comporta prazo determinado, entretanto, sua manutenção deverá ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 06 meses e não a cada 03 anos. A banca teve a “inocente” intenção de confundir o candidato trocando os prazos reativos à medida de internação.

Reavaliação da internação a cada 06 meses Período Máximo de Internação 03 anos Gabarito: Errado

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90. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Sobre a internação (medida privativa da liberdade prevista no ECA, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento), é INCORRETO afirmar que tal medida não excederá o período de três anos e que será aplicada exclusivamente quando se tratar de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa.

Comentário:

Preste atenção: a questão erra ao dizer que é INCORRETO afirmar que a medida de internação não poderá exceder a 03 anos. Isto está falso, pois o Estatuto afirma exatamente o contrário: a internação não excederá a três anos (art. 121 § 3º do ECA).

Quanto ao fato de que a internação é uma medida aplicável exclusivamente mediante grave ameaça ou violência à pessoa, aí sim temos uma afirmação incorreta, pois sabemos que há as outras duas opções possíveis. Se a afirmativa da questão fosse somente essa, a assertiva estaria correta!! O que a tornou errada foi a primeira afirmação.

Gabarito: Errado

91. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Considerando o que dispõe o ECA a respeito da medida de internação, marque o item correto.

(A) A desinternação deve ser precedida de autorização judicial, ouvidos o MP e o DP.

(B) A medida de internação restringe-se aos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa.

(C) A internação deve ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, no mesmo local destinado ao abrigo, atendida rigorosa separação por critérios de idades, compleição física e gravidade da infração.

(D) Durante a internação, medida excepcional, não é permitida a realização de atividades externas, salvo expressa determinação judicial em contrário.

(E) A internação não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a sua manutenção, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

(27)

27 Item A - Errado!! O ECA determina, em seu art. 121, § 6º, que em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público apenas.

Item B – Errado. Já vimos que não é só nesse caso que poderá ser aplicada a medida de internação. A medida de internação, vou repetir, só deve ser aplicada nos seguintes casos:

por ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa;

por reiteração no cometimento de outras infrações graves ou;

por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

Item C – Sobre o local para o cumprimento da medida de internação, o ECA, em seu art. 123, estabelece que tal medida deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo (contrariando o que diz a questão), obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. (Errado)

Item D – Não é bem assim!! Quero relembrar-lhe que a realização de atividades externas é permitida sim ao adolescente internado, a critério da equipe técnica da entidade, salvo por expressa determinação judicial em contrário. (Errado)

Item E – Perfeito!! É exatamente o que já estudamos sobre a modalidade de internação e é o que rege o art. 121, § 2º, do ECA.

Gabarito: Letra “E”

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os itens a seguir.

92. A aplicação do regime de semiliberdade deve ser reavaliada a cada seis meses e não comporta prazo máximo.

93. O acolhimento, seja institucional ou familiar, equipara-se à internação, visto que afasta o menor do seio familiar.

Comentário 92:

A banca maldosamente trocou as bolas!! A regra dessa assertiva não é para a medida de semi-liberdade e, sim, para a medida de internação!! É a medida de internação que não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 06 meses.

(28)

Gabarito: Errado Comentário 93:

Outra maldadezinha da banca!! Não confunda acolhimento com internação, pelo amor de Deus!! (rsrsrs). O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas de proteção à criança e ao adolescente previstas no art. 101 do ECA. O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. O intuito não é o de afastar a criança do seio familiar. Já a internação, como vimos, constitui medida privativa da liberdade. Esta sim tem o condão de afastar o menor seio familiar.

Gabarito: Errado

Finalizamos mais um importantíssimo tópico.

Vamos tratar agora do processo de apuração de ato infracional cometido por adolescente. Antes disso, precisamos falar também do instituto da remissão. O que ela significa?

6.3.3. A REMISSÃO

Versa o Estatuto, em seu art. 126, que antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a REMISSÃO, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.

Professor, você poderia explicar melhor o que de fato representa para o adolescente infrator essa tal remissão?

A remissão se constitui em instituto próprio do Direito da Criança e do Adolescente, que pretende sanar os efeitos negativos e prejudiciais acarretados pela deflagração ou demora na conclusão do procedimento judicial destinado à apuração do ato infracional praticado por adolescente. A concessão da remissão deverá ser sempre a regra, podendo já ocorrer logo após a oitiva informal do adolescente pelo representante do Ministério Público, ou a

(29)

29 qualquer momento, antes de proposta a ação socioeducativa, via representação.

A remissão visa evitar ou abreviar o processo envolvendo o adolescente acusado da prática infracional, permitindo uma rápida solução para o caso. Vale lembrar que o objetivo do procedimento sócio-educativo não é a aplicação de uma sanção estatal, mas sim a efetiva recuperação do adolescente, sempre da forma mais célere e menos traumática possível. Isso pode perfeitamente ocorrer via remissão, notadamente nos casos de menor gravidade, através do ajuste de uma ou mais medidas sócio-educativas e/ou protetivas, conforme as necessidades pedagógicas específicas do adolescente.

Detalhe IMPORTANTE!!

Iniciado o procedimento judicial, a concessão da REMISSÃO será feita pela autoridade judiciária e importará na suspensão ou extinção do processo.

Mas porque esse detalhe é importante? Porque pode ser alvo de pegadinha em provas!! Veja bem:

Antes de oferecida a representação sócio-educativa, a prerrogativa pela concessão da remissão é do Ministério Público, que afinal, é o titular exclusivo da ação sócio-educativa. Neste caso, a remissão concedida excluirá o processo (evitará a representação).

Entretanto, após o oferecimento da representação sócio-educativa, a prerrogativa pela concessão da remissão passa à autoridade judiciária (invariavelmente o Juiz da Infância e Juventude), que pode optar por tal solução a qualquer momento, antes de prolatar a sentença, após ouvir o Ministério Público. Em tal hipótese, a remissão poderá ser concedida como forma de suspensão ou extinção do processo.

Segundo o Estatuto, a remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

A remissão como forma de SUSPENSÃO do processo será, em regra, cumulada com medida sócio-educativa não privativa de liberdade cuja execução se prolongue no tempo, que deverá ser ajustada entre a autoridade judiciária e o adolescente, ouvido o Ministério Público.

(30)

Já a remissão como forma de EXTINÇÃO do processo será concedida pela autoridade judiciária, também em regra, quando desacompanhada de medidas socioeducativas ou quando cumulada unicamente com a advertência que se exaure num único ato.

Por fim, temos que a medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

E vamos a mais questões!!

94. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.

Comentário:

Essa questão é bem simples. Sua redação está de acordo com o que acabamos de estudar e nos diz de forma correta o que deve acontecer em caso de concessão da remissão, depois de oferecida a denúncia em qualquer fase do processo, antes da sentença: A EXTINÇÃO ou SUSPENSÃO do processo.

Gabarito: Certo

95. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público pode conceder a remissão, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Essa remissão implica extinção do processo e reconhecimento da responsabilidade por parte do adolescente.

Comentário:

Outra do CESPE, aplicada no mesmo ano da questão anterior, e que pede o mesmo conhecimento!! O art. 126 do ECA rege que antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a REMISSÃO, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Agora, a remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes.

(31)

31 96. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Compete exclusivamente à autoridade judiciária conceder remissão ao adolescente pela prática de ato infracional equivalente aos crimes de furto e estelionato.

Comentário:

A concessão da remissão não é de competência exclusiva da autoridade judiciária, pois o Ministério Público também é competente para tanto. É preciso, no entanto, que você se lembre que a competência para a concessão da remissão dependerá do momento do processo. Antes de oferecida a representação sócio-educativa, a prerrogativa pela concessão da remissão é do Ministério Público. Após o oferecimento da representação sócio-educativa, a prerrogativa pela concessão da remissão passa à autoridade judiciária (invariavelmente o Juiz da Infância e Juventude).

Gabarito: Errado

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] Com relação à prática de ato infracional, julgue os itens a seguir.

97. A concessão de remissão não impede que se aplique qualquer medida socioeducativa.

98. Cabe ao MP conceder remissão em qualquer fase do procedimento para apuração de ato infracional.

Comentário 97:

O Estatuto ainda dispõe que a remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação. A parte em negrito traduz o erro da questão, pois não é qualquer medida socioeducativa que pode ser aplicada junto à remissão. As exceções são a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

Gabarito: Errado Comentário 98:

O representante do Ministério Público poderá: promover o arquivamento dos autos;

(32)

representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa.

A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento. Agora cuidado com um detalhe importantíssimo: DEVE SER APLICADA SOMENTE ANTES DA SENTENÇA.

Gabarito: Errado

99. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012] A remissão concedida pelo representante do MP como forma de exclusão do processo poderá ser determinada em qualquer fase do procedimento judicial, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.

Comentário:

A remissão como forma de suspensão do processo será, em regra, cumulada com medida sócio-educativa não privativa de liberdade cuja execução se prolongue no tempo, que deverá ser ajustada entre a autoridade judiciária e o adolescente, ouvido o Ministério Público.

Já a remissão como forma de extinção do processo será concedida pela autoridade judiciária, também em regra, quando desacompanhada de medidas socioeducativas ou quando cumulada unicamente com a advertência que se exaure num único ato.

Gabarito: Errado

6.3.4. A APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL COMETIDO POR ADOLESCENTE

Os Direitos Fundamentais do Adolescente

Em respeito aos Direitos Individuas elencados no art. 5º de nossa Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente determina que NENHUM ADOLESCENTE será privado de sua liberdade senão:

(33)

33 em flagrante de ato infracional ou;

por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

Ainda em consonância com o referido dispositivo da CF/88, o Estatuto prevê que a apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão imediatamente comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. O adolescente também goza, é claro, do direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

O Código de Processo Penal servirá de base para definição das situações em que restará caracterizado o flagrante de ato infracional praticado por adolescente, que serão exatamente as mesmas em que um imputável seria considerado em flagrante de crime ou contravenção penal. A apreensão de criança ou adolescente sem que esteja caracterizado o flagrante de ato infracional ou sem ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente caracteriza, em tese, crime previsto no Estatuto (estudaremos sobre os crimes mais adiante).

Por fim, saiba ainda, caro aluno, que em respeito ao art. 5º da CF/88, o adolescente civilmente identificado não será submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

Veja como foi cobrado:

100. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] O procedimento de apuração de ato infracional só é aplicável em se tratando de conduta praticada por adolescente (pessoa entre 12 e 18 anos de idade). Se o ato praticado for imputável a criança (pessoa de até 12 anos de idade), o caso deve ser apreciado pelo conselho tutelar na respectiva localidade.

Comentário:

Com as informações até aqui estudas, já é possível concluir com tranquilidade que há sim, de fato, um procedimento diferenciado para a apuração de atos infracionais cometidos por ADOLESCENTES. E é isso que nos informa corretamente a questão em análise.

(34)

101. [CONSULPLAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PORTO VELHO/RO – 2012] A apreensão de adolescente e o local onde ele se encontra recolhido devem ser comunicados imediatamente à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Comentário:

Com certeza!! Versa o ECA (art. 107) que a apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Gabarito: Certo

102. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/BA – 2005] Os atos infracionais compreendem crimes e contravenções penais, e, para a prova da idade do adolescente, o documento primordial é a certidão de nascimento, muito embora esta gere presunção apenas relativa (juris tantum) da idade, o que significa poder ser afastada, diante de prova idônea em contrário. Por outro lado, no caso de apreensão de adolescente já civilmente identificado, é juridicamente possível, a depender das circunstâncias, a identificação compulsória por parte da autoridade policial.

Comentário:

A assertiva está correta ao afirmar que a certidão de nascimento gera apenas presunção relativa de comprovação da idade e, acerta também, ao dizer que a identificação compulsória de um adolescente infrator por parte da autoridade policial é juridicamente possível, a depender das circunstâncias. Como regra geral, vimos que o adolescente civilmente identificado não deve ser submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais. Entretanto, o próprio ECA, em seu art. 109, prevê uma exceção: tal medida pode ser tomada para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

Gabarito: Certo

Pois bem, suponhamos que um adolescente cometeu um ato infracional ou é suspeito de tê-lo cometido. Como é então o procedimento propriamente dito para que esse adolescente possa responder pelo seu ato e a ele ser (ou não) atribuída uma das medidas sócio-educativas previstas pelo ECA?

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