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CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DOS DEPÓSITOS COLUVIAIS DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA, PIAUÍ.

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Academic year: 2021

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CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DOS DEPÓSITOS COLUVIAIS DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA, PIAUÍ.

Janaina C. Santos1, Alcina Magnólia Franca Barreto2, Kenitiro Suguio3

1Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geociências, UFPE (janainasc@gmail.com), 2Depto Geologia, UFPE, 3CEPPE-UnG e IGc-USP.

Abstract

The objective of this research is to identify the quaternary deposits in the area of the ‘Serra da Capivara’ National Park (Brazil) and nearby surroundings. The identification of these deposits enabled the acquisition of data regarding its geological history and geomorphologic evolution. Therefore, it will be possible to understand the continental deposition events in this area. The preliminary study made possible the identification of quaternary sedimentary deposits of colluvial, elluvial and alluvial origins. This research objective is focused on presenting data about the colluvial deposits. Colluvial deposits are associated to the arenitic plateau and to the cuesta, where they are found at the base of the rocky walls in the ‘Serra Grande’ ridge. They may also be found on the pediment associated within Precambrian limestone. Sendimentologic analyses were performed by the densimeter method and the grain size parameters by Folk & Ward method. As a general rule, these deposits present alternate layers of sand and gravel; and regarding the deposits associated to the pediment, mud fraction is predominantly present.

Palavras-chave: Quaternário, Colúvio, Serra da Capivara. 1. Introdução

Os depósitos sedimentares quaternários do Parque Nacional Serra da Capivara e circunzinhanças, localizado no sudeste do Piauí, ainda não foram estudados do ponto de vista de sua história geológica e evolução geomorfológica.

Estudos sedimentológicos e

geocronológicos são importantes para se compreender os eventos deposicionais continentais (coluviais e aluviais) pretéritos da área.

O reconhecimento preliminar da área em questão levou a identificação de depósitos sedimentares quaternários de origens aluvial, eluvial e coluvial. Este trabalho objetiva estudar principalmente os depósitos de origem coluvial.

O Parque Nacional Serra da Capivara e circunvizinhanças abrangem áreas pré-cambrianas da Faixa de Dobramento Riacho do Pontal que pertence à Província Borborema (subzona de cisalhamento Barra do Bonito) e rochas paleozóicas dos grupos Serra Grande e Canindé, da Bacia do Parnaíba sendo que a

maior parte da área de estudo está situada na área da bacia sedimentar.

Segundo Pellerin (1984), podem ser

reconhecidas três unidades

geomorfológicas: planalto arenítico, cuesta e pedimento.

O planalto arenítico está situado a noroeste do Parque Nacional Serra da Capivara, sendo formado por chapadas modeladas no reverso da cuesta em arenitos dos grupos Serra Grande e Canindé. O relevo é regular e monótono e a altitude chega a 630m.

A cuesta foi modelada em rochas predominantemente areníticas do Grupo Serra Grande e situa-se no centro do Parque Nacional. Apresenta de 3 a 7km de extensão, com tabuleiro intermediário e chega a 550m de altitude.

O pedimento constitui vasta área predominantemente erosiva, situada no sopé da cuesta, que se inclina suavemente a partir dos bordos da cuesta rumo à calha central do Rio Piauí, onde afloram rochas

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da Faixa de Dobramento Riacho do Pontal, marcada por inselbergs de granito e gnaisse e ocorrem também relevos planos de micaxisto e serrotes calcários.

2. Métodos e Técnicas

No intuito de identificar os depósitos coluviais quaternários do Parque Nacional Serra da Capivara, foi percorrida amplamente a área de estudo, a fim de visitar os diferentes compartimentos

geomorfológicos e topográficos

percorrendo topos da chapada, vales secos, encostas, barrancos das margens do rio Piauí, para identificação dos depósitos sedimentares e para descrição dos aspectos geológicos e sedimentológicos. Foram levantadas seções colunares em alguns afloramentos e foram retiradas amostras para análises sedimentológicas e para datações pelos métodos de Luminescência Opticamente Estimulada (LOE), Termoluminescência (TL) e Radiocarbono (14C).

Em laboratório foram realizadas análises granulométricas e estão em andamento datações por TL e/ou LOE no Laboratório de Vidros e Datações da FATEC. Nas análises granulométricas foi utilizada a técnica do densímetro adotada pela EMPRAPA (1997) e o tratamento estatístico seguiu o método de Folk & Ward (1957), com a finalidade de caracterizar sedimentos quanto à distribuição granulométrica, incluindo o diâmetro médio, grau de seleção, grau de assimetria e curtose.O diagrama de Perjrup (1988) foi usado para obter dados sobre a hidrodinâmica da deposição.

3. Resultados e considerações finais

Foram reconhecidos 14

afloramentos de depósitos coluviais com melhores condições para o levantamento de seções estratigráficas. Em nove deles foram feitas amostragens para datação por TL e/ou LOE e 14C e para análises

sedimentólogicas.

Os depósitos coluviais ocorrem associados aos três compartimentos

geomorfológicos, descritos por Pellerin (op. cit).

3.1 Depósitos coluviais associados ao planalto arenítico e cuesta

No planalto arenítico e na cuesta, os depósitos coluviais estão associados principalmente aos vales escavados no Grupo Serra Grande, que litologicamente é constituído por arenitos e conglomerados, apresentando seixos bem arredondados e fragmentos líticos, distribuindo-se ao longo dos sopés dos paredões rochosos. As melhores exposições estão ligadas às trincheiras escavadas em sítios arqueológicos Toca do Vento, Toca do Pau d’Óia, Toca do Veado, Toca do Morcego, Toca do Sítio do Meio, Toca da Cerca do Elias, Toca do Perna, Toca do Boqueirão da Pedra Furada, Toca do Fundo do Boqueirão da Pedra Furada, Toca do Deitado e Toca dos Coqueiros.

Em geral os depósitos relacionados às trincheiras arqueológicas são arenáceos e rudáceos homogêneos, constituídos por camadas alternadas de areias de cor geralmente amarelada e cascalhos. Essa alternância de camadas pode sugerir diferentes eventos de coluvionamento. A forma desses depósitos acompanha a inclinação da encosta que, quase sempre exibe baixo grau de declividade. Não foi

encontrada nenhuma estrutura

hidrodinâmica e, em geral, caracteriza-se por estrutura maciça. A espessura varia de 3,20m a 12m. A figura 1 mostra um afloramento típico dos depósitos coluviais da área.

Foi constatada presença de tálus em dois afloramentos: Toca do Morcego e a Toca do Sítio do Meio, conforme figura 2.

As análises granulométricas mostram que os depósitos apresentam 13 classes texturais e curvas acumulativas homogênas. Os sedimentos distribuem-se em frações de areia argilosa, areia e areia síltica, conforme figura 3.

O diâmetro médio das partículas varia entre areia muito fina a areia média, sendo a maioria areia muito fina. O grau de

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seleção indica sedimentos pobremente selecionados. A classe predominante de assimetria é positiva indicando ser a parte fina a pior selecionada. Quanto à curtose varia de freqüências muito platicúrtica a leptocúrtica, provavelmente refletindo o grau de seleção.

O diagrama de Pejrup (1988), indica a energia hidrodinâmica de moderada a alta, de acordo com reduzida quantidade de finos nas amostras, (Fig. 4).

3.2 Depósitos coluviais associados ao pedimento.

Os depósitos coluviais associados ao embasamento pré-cambriano e ao

compartimento geomorfológico

denominado de pedimento apresentam algumas diferenciações. São sedimentos que preencheram as cavernas da área cárstica e nesses sedimentos há predominância de frações finas, de argila e argila sítica, conforme a classificação de Shepard (1954) (Fig. 5), talvez refletindo a granulometria da fração insolúvel da rocha carbonática dissolvida.

Quantos aos parâmetros de Folk & Ward (1957), a assimetria indica valores muito negativos, indicativos de que a parte grossa é a menos selecionada. Quanto à curtose predominam valores platicúrticos, que sugerem materiais depositados sob condições de alta energia.

A presença de fração fina, relacionada à mudança na área-fonte (calcário) pode estar ligada a mudança da energia de deposição pois conforme a classificação de Pejrup (Fig. 6), a energia de deposição no ambiente diminui se houver aumento na quantidade de finos no depósito.

Agradecimentos

À FAPESP pela concessão de verba de modalidade Auxílio à Pesquisa, processo 2003/13229-4.

5. Referências

EMBRAPA. 1997. Manual de métodos de análises do solo. EMBRAPA-CNPS. 2ed. Rio de Janeiro. 212p. FOLK, R. L. & WARD, W (1957). Brazos

River bar: a study in the significance of grain size parameters. Journal of Sedimentary Petrology, 27: 3-26.

GÓES, A. M. O. & FEIJÓ, F.J.1994 Bacia do Parnaíba. Boletim de Geociências da Petrobrás: 4, 57-67. OLIVEIRA. R. G. 1998. Arcabouço

geotectônico da região da Faixa Riacho do Pontal, Nordeste do Brasil.

Dados aeromagnéticos e

gravimétricos. Universidade de São Paulo, Dissertação de Mestrado, 157p.

PELLERIN. J. 1984. Les bases physiques. In: L’aire archéologique du sud-est du Piauí. In: GUIDON. N. (org). Paris: Ed. Recherche sur les Civilisations, p.11-22.

PEJRUP, M. (1988). The triangular diagram used for classification of estuarine sediments: a new approach. In: DE BOER, P.L., VAN GELDER A., NIO, S.D (eds), Tide-Influenced Sedimentary Environments and Facies. Ridel, Dordrecht, 289-300.

SHEPARD, F. P. 1954. Nomenclature based on sand-sil-clay ratins. Journal of Sedimentary Petrology, 24: 153-156.

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Figura 1: Trincheira arqueológica da Toca do Perna, notar desde a base do afloramento a presença de seqüência de areias e cascalhos.

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Figura 2: Seção colunar da estação de coleta SC 49 (Sítio do Meio) mostrando a seqüência litológica do afloramento: arenito do Grupo Serra Grande, cascalho, talus e cascalho. Notar indicações dos locais de amostragem para datação por luminescência e para análises granulométricas, além dos níveis de ocupação arqueológica.

Figura 3: Diagrama de Shepard para amostras de depósitos coluviais relacionadas aos planaltos areníticos e cuestas.

Figura 4: Diagrama de Perjrup , mostrando os níveis de hidrodinâmica para amostras de depósitos coluviais relacionadas aos planaltos areníticos e cuestas.

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Figura 5: Diagrama de Shepard para amostras de depósitos coluviais relacionadas aos pedimentos.

Figura 6: Diagrama de Perjrup , mostrando os níveis de hidrodinâmica para amostras de depósitos coluviais relacionadas aos pedimentos.

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