MORFOMETRIA DE PLANTAS DE ALFACE EM FUNÇÃO
DE DOSES DE MATERIAL DE NINHOS DE CUPINS DE
MONTÍCULO E DE FOSFATO
Leandro Ramão Paim1; José Oscar Novelino2; Maykom Ferreira Inocêncio1; Silvana de Paula Quintão Scalon2; Fabiano Wust Pedroso1; Marcus Vinicius Silva
Migliorança1; Allan Volobueff Noriler1
1
Acadêmicos de Agronomia daUniversidade Federal da Grande Dourados, Faculdade de Ciências Agrárias, CEP:79.804-970, Dourado-MS. 2 Professores da UFGD/FCA. leandro.r.paim@hotmail.com
RESUMO
A alface é uma planta que responde muito bem a adubação orgânica e fosfatada, quanto cultivada em solos com baixos níveis de fósforo (P) as plantas se apresentam em menor porte e folhas de coloração verdes opacas ou verdes arroxeadas, dentre outras características. O experimento teve como objetivo avaliar a produção de alface em um Latossolo Vermelho Distrófico, textura media, onde se aplicou adubação orgânica usando como fonte o material de ninhos de cupins de montículo e fósforo, na forma de superfosfato triplo. O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação, num fatorial 3 x 5, com três doses de material de ninhos de cupins de montículo (0; 100 e 300 g dm-3) e cinco doses de fósforo (0; 112; 224; 336; 560 mg dm-3), usando delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. Amostras do solo, após a correção da acidez, adubadas com macro e micronutrientes foram transferidas para vasos plásticos e cultivadas com alface em casa-de-vegetação. Ao final do ciclo da alface colheram-se as plantas de alface e avaliou-se a matéria fresca e seca da parte aérea, matéria seca de raízes e área foliar. Todos os atributos avaliados foram significativos e positivamente influenciados pelas doses do material de ninhos de cupins e, principalmente pelas doses de fósforo, em
conseqüência da baixa fertilidade natural da amostra de solo utilizada no estudo. O material de ninho de cupim de montículo não produziu nenhum efeito nos atributos estudados quando se omitiu a adubação fosfatada, mas efeito contrário ocorreu com os aumentos das doses de fosfato. Conclui-se que o material do ninho de cupins de montículo tem seu efeito melhor expresso nos maiores níveis de P estudados.
PALAVRAS-CHAVES: Lactuca sativa (L.);
adubação orgânica; fósforo.
ABSTRACT
Lettuce plants morphometry in function of termites mound nets material and
phosphate doses
The lettuce is a plant that answers very well the organic fertilizer and application of phosphate, when cultivated on soils poor in phosphorus (P) the plants present minor size and leaves of coloration opaque green or light purple, among other characteristic. The objective of this experiment was to evaluate the production of lettuce in a Dystrophic Red Latosol (Oxisol), medium texture, where was applied organic fertilizer using as source the mound termite’s nests material and phosphorus using as source the triple superphosphate. The experiment was
conducted in greenhouse, in a factorial 3 x 5, with three doses of the mound termite’s nests material ( 0; 100 and 300 g dm-3) and five doses of phosphorus ( 0; 112; 224; 336 and 560 mg dm-3) using completely randomized design, with four repetitions. Samples of soil, after the correction acidity, fertilization with macronutrients and micronutrients, were transferred to plastic vases and cultivated with lettuce in greenhouse. In the finish of the cycle of the lettuce we harvested the plants and evaluated fresh material and dry material of the aerial part, dry material of the roots and area of the leaves. Every of the attributes appraised were significant and positively
influenced by the doses of the mound termite’s nests material and, mainly by the doses of phosphorus, in consequence of the low natural fertility of the soil sample used in the study. The mound termite’s nests material did not produce none effect on the attributes studied when omitted the phosphorus, but contrary effect happened with the increases of the doses of phosphorus. It ended that the mound termite’s nests material has affect better on the larger doses of phosphorus studied.
KEYWORDS: Lactuca sativa (L.); organic
fertilizer; phosphorus.
INTRODUCÃO
A alface (Lactuca sativa L.) é uma hortaliça folhosa originaria da Ásia que exige para altas produtividades solo areno-argiloso, destorroado, rico em matéria orgânica, com acidez baixa e boa disponibilidade de nutrientes (Ministério da Ciência e Tecnologia, 2004). O fósforo (P) é um nutriente bem exigido pela alface é um macronutriente que participa de vários compostos, reações metabólicas e estimula o crescimento radicular das plantas (Marschner, 1995). Na ausência de P observa-se significativa redução na produção de matéria fresca da parte aérea e raízes, grande diminuição do diâmetro de plantas e elevada redução no conteúdo do mesmo nas folhas, evidenciando a grande exigência da alface por este nutriente (Lana et
al, 2004). A matéria orgânica é benéfica às plantas, pois melhora a condição física e química
do solo, favorecendo o crescimento de raízes e aeração do ambiente, além de fornecer nutrientes. Em relação à adubação orgânica a cultura é exigente e responde muito bem a essa forma de adubação, com indicação de 50 t ha-1 de esterco de curral curtido ou 12 t ha-1 de esterco de galinha curtido (Fontes, 1999). O material do cartão, parte central e enegrecida do ninho de cupins de montículo, pela sua riqueza em matéria orgânica e nutrientes (Ca, Mg, P e K), em relação as outras partes do montículo e do solo adjacente ao mesmo (Lopes Assad & Lacerda, 1995; Novelino & Fernandes, 2000) constitui uma alternativa como adubo orgânico, como constatado por Oliveira e Paiva (1985) e Novelino et al. (2001).
O objetivo do trabalho foi avaliar alguns atributos de plantas de alface, cultivada em um Latossolo Vermelho Distrófico textura média, em função de doses de material de ninhos de cupins de montículo e de fosfato.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado com amostra de Latossolo Vermelho Distrófico, textura média, coletado na profundidade de 0-30 cm que, após seco ao ar, destorroado, passado em peneira de 2 mm, homogeneizado, foi caracterizado física e quimicamente.
O material de cartão de cupins de montículo, coletado em uma área de pastagem degradada foi seco ao ar, triturado, passado em peneira de 2 mm e homogeneizado. O experimento foi um fatorial 3 x 5 constituído por três doses de material do ninhos de cupins de montículo (0; 100 e 300 g dm-3) e cinco doses de fósforo (0; 112; 224; 336 e 560 mg dm-3), no delineamento inteiramente casualizado e quatro repetições. Para a correção da acidez do solo, com vistas a atingir a saturação em bases de 60%, amostras contendo 2,2 dm3 do mesmo, acondicionadas em sacos de plástico, foram incubadas durante 30 dias com calcário dolomítico. Ao final da calagem as amostras (2 dm3) foram secas ao ar, destorroadas, homogeneizadas e incubadas com o material de ninhos de cupins em diferentes doses durante 30 dias, com volumes de água suficiente para ocupar 60% do volume total de poros.
Após o segundo período de incubação retirou-se 1,6 dm-3 de cada uma das 60 amostras, as quais foram secas ao ar, destorroadas, passadas em peneira de 2 mm, homogeneizadas com as doses de superfosfato triplo (com partículas menores do que 0,297 mm) e, em seguida, foram transferidas para vasos de plástico onde receberam cinco sementes de alface da cultivar Vera (alface de folhas crespas), sendo mantida uma planta por vaso após o desbaste. Adubações com nitrogênio e potássio foram realizadas no decorrer do experimento, via solução ao solo. Aos 50 dias após a germinação foram colhidas as plantas, onde se avaliou a massa fresca da parte aérea e área foliar e após a secagem da planta em estufa por 72 horas, foram determinadas as massas secas da parte aérea e de raízes. Os dados foram submetidos a analise de variância e quando da significância estatística para doses do material de ninhos de cupins de montículo, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, utilizando-se o aplicativo computacional SAEG (Ribeiro Junior, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os atributos de plantas avaliados foram significativa e positivamente influenciados pelas doses de material de cartão de cupinzeiro e, principalmente pelas doses de fosfato (Tabela 1), em conseqüência da baixa fertilidade natural, para o P, da amostra de solo utilizada no estudo. Este efeito do P resulta do fato de que o mesmo participa de vários compostos, reações metabólicas nas plantas e estimula o crescimento radicular (Marschner, 1995). O material de ninhos de cupins não produziu nenhum efeito nos atributos de plantas estudados, quando se omitiu a adubação fosfatada, mas efeito contrário ocorreu com os aumentos das doses de fosfato.
A produção de matéria fresca da parte aérea, de modo geral não expressou bem o efeito de doses do material de ninhos de cupins aplicado (100 e 300 mg dm-3), ao contrário do observado para doses de fosfato, provavelmente pela variabilidade no estado de hidratação das plantas. Entretanto, tal efeito de doses do material de ninhos, em relação ao tratamento sem adubação, foi mais bem expresso na presença de doses de fosfato, para os atributos matérias seca da parte aérea e de raízes e um pouco menos para a área foliar. Este desempenho positivo do material de ninhos de cupins em atributos de produção de alface já havia sido observado por Oliveira & Paiva (1985). Posteriormente, trabalhando com material de ninhos de cupins de montículo (cartão) do gênero Cornitermes, coletado na mesma região do presente estudo, associado com a adubação fosfatada, Novelino et al. (2001), constataram respostas lineares para a produção de matéria seca da parte aérea do sorgo em função de doses de material do cartão de ninhos de cupins.
O expressivo efeito do fósforo em atributos de plantas de alface também foi observado por Lana et al. (2004), evidenciando a elevada exigência em P por esta cultura. Conclui-se o material do ninho de cupins de montículo tem seu efeito melhor expresso nos maiores níveis de P estudados.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq e a UFGD pelo auxílio financeiro e concessão de bolsas.
LITERATURA CITADA
FONTES PCR. 1999. Sugestões de adubação para as diferentes culturas em Minas Gerais: alface. In: RIBEIRO AC; GUIMARÃES PTG; ALVAREZ V VH; (Eds) Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5a aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, p.177.
LANA RMQ; ZANÃO JÚNIOR LA; LUZ JMQ; SILVA JC. 2004. Produção da alface em função do uso de diferentes fontes de fósforo em solo de Cerrado. Horticultura Brasileira 22: 525-528.
LOPES ASSAD ML; LACERDA RCA. 1995. Caracterização de termiteiros em área de pastagem degradada da região dos Cerrados. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO SOLO, 25. Resumos... Viçosa: SBCS. p. 445-447.
MARSCHNER H. 1995. Mineral Nutrition of higher plants. London: Academic Press. 889p. NOVELINO JO; CUNHA LAG; MARCHETTI ME. 2001. Material de termiteiros do cupim-de-montículo (Isoptera: Termitidae) e níveis de fósforo influenciando o crescimento do sorgo forrageiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 28. Resumos... 2001. Londrina: Embrapa Soja, IAPAR, UEL e UEM. p.161.
NOVELINO JO; FERNANDES WD. 2000. Termiteiros do cupim-de-montículo Cornitermes Spp. (Isoptera: Termitidae) em pastagem degradada em Latossolo Roxo da região de Dourados-MS: I – Características químicas. In: FERTBIO 2000, Resumos... Santa Maria: SBCS-SBM (CD-ROM).
OLIVEIRA LA; PAIVA WO. 1985. Utilização de cupinzeiro e esterco de galinha como adubos em alface num Podzólico Vermelho-Amarelo da região de Manaus. Acta Amazônica 15: 13-18.
RIBEIRO JUNIOR JL. 2001. Analises estatísticas no SAEG. Viçosa: UFV. 301p.
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA Instituto Centro de Ensino Tecnológico. 2004.
Tabela 1. Produção de matéria fresca e seca da parte aérea, matéria seca de raízes e área foliar de plantas de
alface, em função de níveis de material de cupins de montículo e de fósforo. (Fresh and dry matter production of shoots, dry matter of roots and leaf area of lettuce plants in function of termite mound material and phosphorus levels).
Material de cupins Níveis de fósforo (mg dm-3)
(g dm-3) 0 112 224 336 560
Matéria fresca da parte aérea (g/vaso)
0 0,00 a 20,18 c 81,65 b 46,98 b 77,60 b 100 0,14 a 62,15 b 96,83 ab 88,75 a 92,83 ab 300 1,23 a 84,28 a 107,68 a 102,53 a 106,68 a Área foliar (cm2) 0 0 a 386 c 1389 b 909 b 1420 b 100 10 a 1083 b 1742 a 1556 a 1693 ab 300 43 a 1481 a 1831 a 1715 a 1887 a
Matéria seca da parte aérea (g/vaso)
0 0,00 a 1,42 c 7,45 b 4,03 b 7,74 c
100 0,01 a 6,59 b 10,38 a 10,03 a 10,47 b
300 0,09 a 9,35 a 11,87 a 11,66 a 12,52 a
Matéria seca de raízes (g/vaso)
0 0,00 a 0,21 c 1,07 c 1,05 b 1,40 c
100 0,01 a 1,23 b 1,72 b 1,76 a 1,76 b
300 0,19 a 1,78 a 2,13 a 2,05 a 2,15 a
Médias seguidas de uma mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. (Averages followed by a same letter in column, do not differ statistically by Tukey test, p<0,05).
