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Palavras-Chave: Governança Corporativa. Ativos Intangíveis. Transparência. Prestação de Contas.

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RIT – Revista Inovação Tecnológica Volume 6, número 1 – 2016 ISSN: 2179-2895 Editor Científico: Alessandro Marco Rosini Avaliação: Melhores práticas editoriais da

ANPAD

GOVERNANÇA CORPORATIVA E A EVIDENCIAÇÃO DOS INTANGÍVEIS

Luis Fernando Cintra, fernando.cintra21@gmail.com

Faculdades Metropolitanas

Data do recebimento do artigo: 30/03/2016 Data do aceite de publicação: 30/04/2016 RESUMO

O estudo avaliou o reconhecimento e a divulgação dos ativos intangíveis nas demonstrações contábeis das empresas que compõem o Índice de Governança Corporativa Diferenciada (IGC). Baseou-se em pesquisa bibliográfica e em levantamento de dados nas próprias demonstrações contábeis divulgadas das empresas. O estudo consistiu em uma análise quantitativa da relação entre os valores totais dos ativos intangíveis e valor do ativo total divulgados nas demonstrações contábeis das empresas industriais de capital privado que compõem o Índice com Governança Corporativa Diferenciada (IGC). O período estudado da amostra foi de 2 anos, de 2014 a 2015. Fez-se análise qualitativa das notas explicativas e dos tipos de ativos intangíveis identificados nas demonstrações contábeis. A divulgação dos ativos intangíveis é um dos aspectos julgados como relevantes para uma melhor transparência, prestação de contas e efetiva governança corporativa.

Palavras-Chave: Governança Corporativa. Ativos Intangíveis. Transparência. Prestação de Contas.

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LUIS FERNANDO CINTRA

Revista Inovação Tecnológica, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 194-206, jan./jun. 2016 - ISSN 2179-2895 195

INTRODUÇÃO

O objetivo do estudo é avaliar o reconhecimento e a divulgação dos ativos intangíveis nas demonstrações contábeis das empresas que compõem o Índice de Governança Corporativa Diferenciada (IGC) da BM&F BOVESPA.

A governança corporativa tornou-se mais relevante a partir de escândalos corporativos envolvendo empresas norte-americanas que originaram discussões sobre a divulgação de demonstrações contábeis e o papel das empresas de auditoria, e com a aprovação da Lei

Sarbanes-Oxley (SOX) com recomendações, procedimentos e práticas a serem adotadas para

melhorar o monitoramento e controle das empresas.

A aderência às práticas de governança corporativa e o reconhecimento dos prováveis benefícios ao se aprimorar a transparência, a prestação de contas e o alinhamento entre os acionistas e a gestão da empresa, leva a discussão da relevância e atendimento aos princípios da governança corporativa. Dessa forma, o presente estudo consiste em avaliar se as empresas brasileiras com governança corporativa atendem aos pronunciamentos contábeis relacionados especificamente à mensuração e divulgação dos ativos intangíveis, bem como discutir a relevância da mensuração e divulgação dos ativos intangíveis nas demonstrações contábeis.

Para atender-se ao objetivo do estudo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica essencialmente nas próprias International Financial Reporting Standards (IFRS) e nos Pronunciamentos Contábeis emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), pois o entendimento, a definição, a avaliação e a mensuração de ativos intangíveis são aspectos debatidos tanto nas IFRS como nos pronunciamentos contábeis emitidos pelo CPC. Por sua vez, o levantamento de dados foi realizado diretamente das próprias demonstrações contábeis das empresas, objeto do estudo.

Considerando-se que a divulgação dos ativos intangíveis é um dos aspectos julgados como relevantes e que as demonstrações contábeis buscam reconhecer adequadamente os ativos, deve-se considerar as bases teóricas para o reconhecimento e a mensuração de ativos intangíveis, comumente gerados internamente, de forma a atender às práticas e procedimentos contábeis, bem como às exigências e tendências da sociedade, proporcionando uma melhor transparência, accountability e governança corporativa.

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REFERENCIAL TEÓRICO ATIVOS INTANGÍVEIS

Domeneghetti e Meier (2009, p. 29) afirmam que um contexto em que os ativos intangíveis têm-se tornado uma das mais importantes fontes de vantagens competitivas das empresas e o conhecimento já é admitido como fonte de recurso econômico, um dos maiores desafios é lidar com esse julgamento e com o intangível, pois o reconhecimento e a mensuração dos ativos intangíveis podem ser relevantes para a gestão da empresa, para a avaliação das estratégias adotadas pela administração e para a orientação das decisões dos provedores de capital. Afirmam ainda que:

“É imperativo que uma empresa seja capaz de identificar, categorizar, qualificar e quantificar os ativos intangíveis que devem ser divulgados. Se a empresa não souber identificá-los e mensurá-los, terá a dificuldade em apresentar os relatórios conforme exigido pelas

IFRS. A simples existência de qualquer ativo não é razão suficiente

para que ele seja reconhecido contabilmente, e isso também é válido para os ativos intangíveis. Para estes, as dificuldades de reconhecimento são ainda maiores quando se tratar de ativos intangíveis criados ou desenvolvidos internamente à empresa e que ainda possuam certa subjetividade.

Os ativos intangíveis correspondem a uma parcela relevante do valor das empresas, ainda que não facilmente mensuráveis e quantificáveis, tanto em termos nominais como relativos (parcela de valor de cada ativo e do conjunto de intangíveis). Os ativos corporativos de valor tendem a ser cada vez mais intangíveis e sua performance deve ser medida. Impõe-se as empresas a capacidade de gerir seus ativos intangíveis ligados à sua estratégia e seu core business. “As empresas precisam se comprometer com um sistema de identificação, medição acompanhamento e comunicação eficaz da evolução do valor desses ativos, um scorecard para a gestão desses intangíveis”

(DOMENEGHETTI; MEIER, 2009, p. 25).

É fundamental compreender a relevância (valor vs materialidade) de determinado intangível para a estratégia da empresa, para privilegiar-se o investimento sistêmico nos ativos mais estratégicos e incorporar a gestão dos ativos intangíveis à estratégia e gestão das empresas. Falar em valor de ativos intangíveis é falar sobre a percepção do stakeholder externo. O quadro 1 relaciona algumas definições de ativo intangível.

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QUADRO 1 – Ativos Intangíveis

Conceito Fonte

“Ativo não monetário identificável sem substância física, mantido para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para aluguel a terceiros ou para fins administrativos.

International Accounting Standard 38 (2012).

“Direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou

exercícios com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido”.

Lei das Sociedades por Ações (2008).

“Ativo não monetário identificável sem

substância física”. CPC 04 (2008).

“Ativos de capital que não tem existência física, cujo valor é limitado pelos direitos e benefícios que, antecipadamente, sua

posse confere ao proprietário”.

Iudícibus (2012, p. 135).

“Mescla de competências individuais (conhecimento e capacitações), competências organizacionais (cultura) e relacionais não reconhecidas como ativos sob a óptica contábil, mas percebidas por clientes, consumidores,

acionistas e investidores. São ativos que, divididos em quatro categorias – ambiental, estrutural, intelectual e relacional – proporcionam de diversos modos a valorização e a diferença de uma organização”.

Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD) (apud Domeneghetti

2009).

“Termo vem do latim tangere ou do grego tango, cujo significado é tocar. Bens intangíveis são aqueles que não podem ser tocados, porque não possuem corpo físico ou matéria”.

Schmidt e Santos (2010, p.29).

Fonte: Elaborado pelo autor.

O entendimento, definição, avaliação e mensuração de bens intangíveis é um dos aspectos debatidos pelas IFRS (2012) e pelo CPC (2010). Ambos determinam a publicação nas demonstrações contábeis do valor discriminado de alguns ativos intangíveis mais relevantes e preveem a obrigatoriedade de atribuir valor de mercado aos ativos intangíveis.

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De acordo com as IFRS (2012, p. 49), se uma empresa possui ativos intangíveis importantes em sua estrutura operacional, controlados e à disposição da empresa, capazes de produzir benefícios econômicos e ainda, provavelmente, serem responsáveis por desempenhos econômicos superiores ou por uma expectativa futura de desempenho superior, esses ativos devem estar refletidos contabilmente, principalmente quando são desenvolvidos internamente às empresas.

Ainda de acordo com as IFRS (2012, p. 50), ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade. A figura do controle, e não da propriedade formal, e a dos futuros benefícios econômicos esperados são essenciais para o reconhecimento de um ativo. Se não houver a expectativa de contribuição futura, direta ou indireta, ao caixa da empresa, não existirá o ativo.

A definição de ativo identifica suas características essenciais, mas não especifica os critérios a serem observados para que seja reconhecido. Abrange itens não reconhecidos como ativos em função de não satisfazerem os critérios de reconhecimento, especificamente, a expectativa de benefícios econômicos e a probabilidade de realização (IFRS 2012, p. 53).

Para que um ativo possa ser reconhecido é necessário que ele apresente as seguintes características: ser passível de identificação, especificação e descrição reconhecíveis, estar sujeito à existência de proteção legal, estar sujeito ao direito de propriedade privada, haver evidência tangível ou manifestação real de existência do ativo intangível (contrato específico, licença de uso, documento de registro entre outros) e estar sujeito a ser destruído ou cancelado em um momento ou evento identificável.

O reconhecimento contábil de um ativo depende, fundamentalmente, da probabilidade de realização de benefício econômico futuro e da confiabilidade dessa mensuração, além de outros fatores. O ativo deve ser reconhecido quando for provável que benefícios econômicos futuros dele provenientes fluirão para a entidade, e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade. O reconhecimento é o processo que consiste na incorporação às demonstrações contábeis e resultados da empresa, e envolve a descrição do ativo, a mensuração do seu montante monetário e a avaliação de materialidade. Se não houver a provável realização desses benefícios, ou se eles não puderem ser confiáveis, não podem ser reconhecidos.

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O segundo critério para reconhecimento de um item é que ele possua custo ou valor que possa ser mensurado com confiabilidade. Em muitos casos, o custo ou valor precisa ser estimado e o uso de estimativas razoáveis é parte essencial da elaboração das demonstrações contábeis, e não prejudica a sua confiabilidade. Quando não puder ser feita estimativa razoável, o item não deve ser reconhecido no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado.

Um item que, em determinado momento, deixe de se enquadrar nos critérios de reconhecimento constantes pode qualificar-se para reconhecimento em data posterior como resultado de circunstâncias ou eventos subsequentes. Um ativo deve ser reconhecido quando for provável que benefícios econômicos futuros dele provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade. Um ativo não deve ser reconhecido quando os gastos incorridos não proporcionarem a expectativa provável de geração de benefícios econômicos para a entidade além do período contábil corrente. Ao contrário disso, tal transação deve ser reconhecida como despesa na demonstração do resultado.

Para a Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD) o ativo intangível é uma mescla de competências individuais (conhecimento e capacitações), competências organizacionais (cultura) e relacionais não reconhecidas como ativos sob a ótica contábil, mas percebidas por clientes, consumidores, acionistas e investidores. “Os intangíveis são ativos que divididos em quatro categorias – ambiental, estrutural, intelectual e relacional – proporcionam através de diversos modos a valorização e a diferença de uma organização”.

Segundo Domeneghetti (2009) os “ativos intangíveis podem ser definidos como um conjunto estruturado de conhecimentos, práticas e atitudes da empresa que, interagindo com seus ativos tangíveis, contribui para a formação do valor das empresas”.

O pronunciamento técnico 04 – Ativos Intangíveis – do CPC define o tratamento contábil dos ativos intangíveis e estabelece que uma entidade deve reconhecer um ativo intangível se determinados critérios forem atendidos. Especifica também como mensurar o valor contábil dos ativos intangíveis, exigindo divulgações específicas sobre esses ativos. As exigências para ser reconhecido como um ativo intangível, são basicamente três: ser identificável, controlado e gerador de benefício econômico futuro.

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O ativo intangível satisfaz o critério de identificação, quando puder ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, ou resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independentemente de tais direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações.

Pode-se afirmar que há o controle sobre um ativo intangível quando se detém o poder de se obter os benefícios econômicos futuros gerados, de se restringir ao acesso de terceiros a esses benefícios, advindos de direitos legais.

Um ativo intangível deve ser reconhecido se o custo do ativo possa ser mensurado com segurança. Deve-se ainda avaliar a probabilidade de geração dos benefícios econômicos futuros utilizando premissas razoáveis e comprováveis que representem a melhor estimativa em relação ao conjunto de condições econômicas que existirão durante a vida útil do ativo. Pode-se dizer que o custo de ativo intangível gerado internamente inclui todos os gastos diretamente atribuíveis, necessários à criação, produção e preparação do ativo para ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração. Deve-se também poder atribuir vida útil definida a um ativo intangível, pois a contabilização baseia-se na sua vida útil.

De acordo ainda com o CPC 04, deve-se dar o melhor disclosure dos ativos intangíveis, divulgando-se informações para cada classe de ativos intangíveis, distinguindo-se os ativos intangíveis gerados internamente e outros ativos intangíveis. Entre os exemplos de classes distintas, tem-se: marcas; títulos de periódicos; softwares; licenças e franquias; direitos autorais, patentes e outros direitos de propriedade industrial, de serviços e operacionais; receitas, fórmulas, modelos, projetos e protótipos; e ativos intangíveis em desenvolvimento. As classes acima mencionadas devem ser separadas (agregadas) em classes menores (maiores) se isso resultar em informação mais relevante para os usuários das demonstrações contábeis. Deve-se divulgar os prazos de vida útil, as taxas de amortização utilizados, os métodos de amortização utilizados, o valor contábil bruto e eventual amortização acumulada (mais as perdas acumuladas no valor recuperável), a conciliação do valor contábil no início e no final do período, demonstrando adições, indicando separadamente as que foram geradas por desenvolvimento interno e as adquiridas, bem como as adquiridas por meio de uma combinação de negócios.

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PRINCÍPIOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA

“Os princípios da governança corporativa são um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que os comportamentos dos administradores estejam alinhados com os interesses da empresa” (EISENHARDT, 1989, p. 62). O IBGC define governança corporativa como:

“Sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle; as boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e aumentar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade. As práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso a recursos”. (IBGC, 2011, p. 24).

O Código das Melhores Práticas do IBGC lista quatro princípios básicos: Transparência, Equidade, Prestação de Contas (Accountability) e Responsabilidade Corporativa.

Transparência

Pelo princípio da Transparência deve-se “garantir que sejam prestadas aos

stakeholders as informações de seu interesse, equilibradas, com qualidade, clareza,

tempestividade e linguagem acessível, prevalecendo a substância sobre a forma e permitindo uma correta compreensão da organização” (IBGC, 2011, p. 26).

A transparência está relacionada com a obrigação e desejo de informar, pois envolve a comunicação do desempenho econômico-financeiro e demais aspectos, inclusive intangíveis, que norteiam a ação empresarial e que conduzem à criação de valor. Pelo princípio da transparência deve-se “garantir que sejam prestadas aos stakeholders as informações de seu interesse, equilibradas, com qualidade, clareza, tempestividade e linguagem acessível, prevalecendo a substância sobre a forma e permitindo uma correta compreensão da organização” (IBGC, 2011).

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Prestação de Contas (Accountability)

A Prestação de Contas (Accountability) define que os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões.

Segundo Solomon (2011), a governança corporativa resulta em uma política clara de comunicação e de relacionamento, através da divulgação objetiva, tempestiva e igualitária dos relatórios econômico financeiros e demais exigidos por lei sobre os aspectos da atividade empresarial, governança corporativa, riscos e fatores intangíveis, entre outros, que norteiam a ação gerencial e que conduzem à criação de valor.

Equidade

A Equidade, por sua vez, “consiste no tratamento justo e igualitário de todos os acionistas e partes interessadas (stakeholders), como colaboradores, clientes, fornecedores, credores, comunidades, governo, entidades de classe, entre outros” (IBGC, 2011, p. 27). Responsabilidade Corporativa

A Responsabilidade Corporativa pressupõe que os agentes de governança zelem pela sustentabilidade da organização, com o objetivo de garantir sua longevidade, incorporando inclusive as considerações de ordem social e ambiental. A responsabilidade corporativa trata da perenidade, sustentabilidade e visão de longo prazo das organizações. Devem-se incorporar considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. Segundo o IBGC, a “responsabilidade corporativa é uma visão mais ampla da estratégia empresarial, contemplando os relacionamentos com a comunidade” (IBGC, 2011, p. 27).

METODOLOGIA

O estudo consistiu em uma análise quantitativa da relação entre os valores totais dos ativos intangíveis e valor do ativo total divulgados nas demonstrações contábeis das empresas industriais de capital privado que compõem o Índice de Governança Corporativa Diferenciada (IGC). O período estudado da amostra foi de 2 anos, de 2014 a 2015. Adicionalmente fez-se análise qualitativa das notas explicativas e dos tipos de ativos intangíveis identificados nas próprias demonstrações contábeis.

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ANÁLISE E DISCUSSÃO

O estudo foi realizado nas 31 empresas industriais e de capital privado que participam do Índice de Governança Corporativa Diferenciada (IGC) da BMF&BOVESPA. Os dados obtidos estão demonstrados na tabela 1.

TABELA 1 – Ativo Intangível e Ativo Total nos anos de 2014 e 2015

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os ativos intangíveis representaram 11,52% e 13,15% do ativo total nos anos de 2014 e 2015 respectivamente, demonstrando sua relevância atual, sendo que, a maior representatividade foi nas empresas do novo mercado, pois representaram 16,85% e 19,14% nos anos de 2014 e 2015 respectivamente, enquanto que nas empresas classificadas no nível 1 representaram apenas 3,36% em 2014 e 3,39% em 2015 e nas empresas classificadas no nível 2 representaram apenas 1,04% em 2014 e 0,85% em 2015.

Das 31 empresas analisadas, 21 empresas reconhecem algum ágio de aquisição, 11 empresas reconhecem marcas e patentes, 18 empresas desenvolvimento de softwares, 10 empresas o fundo de comércio e 4 empresas o relacionamento com fornecedores como ativos intangíveis, conforme demonstrado na Tabela 2.

TABELA 2 – Divulgação por Categoria de Ativo Intangível

Fonte: Elaborada pelo autor Ativo

Intangível Ativo Total %

Ativo

Intangível Ativo Total %

Nivel 1 4.562.922 135.681.334 3,36% 5.153.848 151.836.874 3,39% Nivel 2 279.336 26.909.282 1,04% 277.121 32.572.866 0,85% Novo Mercado 43.937.300 260.743.801 16,85% 60.060.689 313.734.910 19,14% Total 48.779.558 423.334.417 11,52% 65.491.658 498.144.650 13,15% 2.014 2.015 Nivel 1 2 1 2 1 1 Nivel 2 1 0 0 0 0 Novo Mercado 18 10 16 9 3 Total 21 11 18 10 4 Relacionamento Fornecedores Agio Marcas e Patentes Softwares Fundo de Comércio

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo demonstrou a observância aos pronunciamentos contábeis quanto a serem contabilizados exclusivamente ativos intangíveis que atendam aos requisitos de identificação, controle e mensuração. Demonstrou ainda que a divulgação dos ativos intangíveis, conforme verificado na tabela 2, é maior nas empresas classificadas no novo mercado do que nas classificadas nos níveis 1 e 2.

Apesar da evolução da contabilização e respectiva participação dos ativos intangíveis nas demonstrações contábeis das empresas industriais com capital privado com governança corporativa, entende-se que há ainda um progresso a ser atingido no que se refere à mensuração, reconhecimento e divulgação dos ativos intangíveis existentes nas empresas brasileiras.

Os pronunciamentos contábeis e instruções de órgãos reguladores devem melhor especificar os requisitos obrigatórios de divulgação e metodologias de mensuração, de forma a permitir uma melhor transparência quanto aos ativos intangíveis para todos os stakeholders, bem como uma melhor comparabilidade entre as demonstrações contábeis, permitindo aos

stakeholders melhor avaliar o efetivo valor dos ativos intangíveis.

Entende-se a dificuldade de mensuração de ativos intangíveis, mas recomenda-se estudos de aprofundamento de metodologias relacionadas à mensuração de outras classes de intangíveis, como as competências individuais (conhecimento e capacitações), competências organizacionais (cultura), capital humano, conhecimento, entre outras mencionadas e identificadas por autores.

Os ativos intangíveis não necessariamente devem ser reconhecidos e contabilizados nas demonstrações contábeis, mas poderiam ser divulgados em notas explicativas ou até mesmo apenas em relatórios gerenciais, de forma a demonstrar o efetivo valor intangível existente nas organizações, comprovar a percepção dos stakeholders sejam clientes, consumidores, acionistas ou investidores, e permitir a evolução da governança corporativa, enfim proporcionar a valorização de uma organização além do valor estritamente tangível.

Por fim, a melhor transparência e accountability dos ativos intangíveis permitiria uma melhor equidade aos stakeholders ao poderem melhor avaliar a gestão da empresa no que

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tange a sustentabilidade corporativa, especialmente de longo prazo, relacionada aos aspectos intangíveis.

REFERÊNCIAS

BM&F-BOVESPA. Metodologia do índice de governança corporativa diferenciado

(IGC). Disponível em

http://www.bmfbovespa.com.br/Indices/ResumoIndice.aspx?Indice=IGC. Acesso em 20/12/2015.

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ROSSETI, J. P.; ANDRADE, A.. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. 6. ed. São Paulo. Atlas, 2012.

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CORPORATE GOVERNANCE AND THE INTANGIBLE ASSETS DISCLOSURE

Luis Fernando Cintra, fernando.cintra21@gmail.com

Faculdades Metropolitanas

ABSTRACT

The study evaluated the recognition and disclosure of intangible assets in the financial statements in companies that make up the Corporate Governance Index (IGC). It was conducted a literature search and a data collection in its own financial statements of companies. The study consisted of a quantitative analysis the relationship between the total values of intangible assets and total assets disclosed in the financial statements of the industrial enterprises of private capital that make up the Corporate Governance Index (IGC). The studied sample period was two years, from 2014 to 2015. Additionally made a qualitative analysis of the explanatory notes and the types of intangible assets identified in the financial statements. The disclosure of intangible assets is one of the aspects deemed as relevant to allow better transparency, accountability and the effective corporate governance.

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