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Produção do espaço, novas centralidades, ordenamento do solo e alterações na morfologia urbana de Vitória da Conquista-BA / Space production, new centralities, land planning and changes in the urban morphology of Vitória da Conquista-BA

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.60089-60100 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Produção do espaço, novas centralidades, ordenamento do solo e alterações na

morfologia urbana de Vitória da Conquista-BA

Space production, new centralities, land planning and changes in the urban

morphology of Vitória da Conquista-BA

DOI:10.34117/bjdv6n8-429

Recebimento dos originais:08/07/2020 Aceitação para publicação:21/08/2020

Altemar Amaral Rocha

Doutor em Geografia Pela Universidad de Barcelona- UB, professor titular do Departamento de Geografia

Coordenador do Programa de Pós Graduação em Geografia da UESB-BAHIA altemarrocha@gmail.com

Alan Conceição Costa

Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- Bolsista –FAPESB- IC COTAS- até julho de 2020

lan12neel@outlook.com

Fernanda Bastos Meira

Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- Bolsista – CNPQ- IC COTAS até julho de 2019

nandabastosmeira@gmail.com

Jaine Abreu Santana

Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- Bolsista –CNPQ- IC COTAS até julho de 2020

jaine_a_s@hotmail.com

Talia Moraes Lima

Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- Bolsista –FAPESB- IC COTAS- até julho de 2019

thamoraes81@hotmail.com

RESUMO

Este artigo analisa a participação do capital financeiro e do capital comercial na produção do espaço urbano da cidade de Vitória da Conquista, utilizando-se de levantamentos teóricos e práticos, que sustentam o debate acerca da existência de novas centralidades na espacialidade urbana da cidade. Rocha (2019), baseado em Sposito(2013) afirma que uma nova centralidade se estabelece pela descentralização do comércio do centro tradicional, que expande-se para uma nova área urbana, que normalmente possui algum equipamento de suporte para o consumo tais como feiras livres, mercados de abastecimento, shoppings, bancos e outros; dessa aglomeração surge uma centralidade em processo de consolidação, no caso de Vitória da Conquista destacamos a Avenida Frei Benjamim, a Avenida Juraci Magalhães e a Avenida Olivia Flores. Nestes novos espaços do consumo juntamente com o centro urbano da cidade há recentemente uma serie de alterações de infraestrutura urbana que reordena o uso do solo urbano e consequentemente altera a morfologia existente. A pesquisa apresenta dados referentes aos usos e tipo de estabelecimentos comerciais

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predominantes nessas novas centralidades e no centro da cidade, com o intuito de compreender a dinâmica de reprodução do capital, frente ao crescimento do setor de comércio e serviços, bem como verifica as intervenções do poder publico que reordena o uso do solo urbano principalmente no entorno do terminal urbano de ônibus com mudanças no sentido das vias de circulação, pontos de ônibus e outras alterações de ordem morfológica do centro da cidade.

Palavras-chave: Produção do espaço, Novas centralidades, Morfologia urbana, Reordenamento do solo.

ABSTRACT

This article analyzes the participation of real estate capital and financial capital in the production of urban space in the city of Vitória da Conquista, using theoretical and practical surveys, which support the debate about the existence of new centralities in the urban spatiality of the city. Rocha (2019), based on Sposito (2013) states that a new centrality is established by the decentralization of trade from the traditional center, which expands to a new urban area, which normally has some support equipment for consumption such as street markets , supply markets, shopping malls, banks and others; from this agglomeration, a centrality in the process of consolidation emerges, in the case of Vitória da Conquista we highlight Avenida Frei Benjamim, Avenida Juraci Magalhães and Avenida Olivia Flores. In these new spaces of consumption together with the urban center of the city, there are recently a series of changes in urban infrastructure that reorders the use of urban land and consequently changes the existing morphology. The research presents data regarding the uses and type of commercial establishments prevalent in these new centralities and in the city center, in order to understand the dynamics of capital reproduction, facing the growth of the commerce and services sector, as well as verifying the interventions of the public power that reorders the use of urban land mainly around the urban bus terminal with changes in the direction of circulation routes, bus stops and other morphological changes in the city center.

Keywords: Space production, New centralities, Urban morphology, Soil reordering.

1 INTRODUÇÃO

A cidade de Vitória da Conquista derivou-se de um processo de colonização portuguesa, em que as terras foram ocupadas inicialmente por João Gonçalves da Costa (ROCHA, 2018) e outros sertanistas que adentraram o território para colonizar a mando da Coroa Portuguesa. Do período de colonização até o momento da consolidação da cidade enquanto, o centro da cidade em particular sofreu inúmeras modificações, mas algumas características morfológicas desse período foram mantidas principalmente o traçado da praça principal e das ruas do seu entorno como aponta Rocha (2013, p. 13), “ao centro dessa área quase retangular foi construída a primeira igreja matriz, tradição de toda a colonização Portuguesa no Brasil no século XVIII”. O processo de ocupação da época foi uma forma de impor outra sociabilidade através da religião cristã. O centro era usado como referência para se localizar no território que hoje é Vitória da Conquista, nesse sentido, ainda não era atribuído o comércio como principal atividade, mas como habitação dos povos recém-chegados que estavam se fixando no Arraial da Conquista.

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Partindo das observações realizadas durante as pesquisas de campo e leituras realizadas durante a iniciação científica foi evidenciado uso do centro como um lugar de consumo mediado pelo setor de comércio e serviços. Com a contagem de parte dos quarteirões que circundam o centro da cidade foi percebido um padrão tanto de ocupação quanto de transformação das atividades e relações desenvolvidas neste espaço. Salientando que houve uma mudança nos padrões e formas de moradias, tal transformação mudou tanto a morfologia quanto o cotidiano dos sujeitos que são usuários desse espaço. Por meio de uma tabulação de dados e das observações dos equipamentos encontrados, percebe-se que o centro voltou-se principalmente para o comércio e para os meios mais imediatos de consumo de mercadorias tangíveis e serviços. A bibliografia utilizada trouxe uma análise das mudanças que foram ocorrendo

O padrão de uso do solo de Vitória da Conquista permaneceu quase o mesmo por cerca de dois séculos, no entanto como aponta Rocha, Ferraz e Aguiar (2014) a partir de 1970 a urbanização bem como o povoamento do território ampliou-se gradativamente. Com isso, o centro da cidade que, por muitos anos era essencialmente residencial passa a conhecer novas formas de ocupação e uso, o comércio e setor de serviço passa a ser predominante.

Este trabalho se justifica pela modificação do centro de vitória da Conquista, percebendo a inversão funcional do mesmo, uma vez que, historicamente este espaço da cidade fora colonizado por famílias tradicionais, havendo após os anos de 1970 uma tomada do centro pelo comércio que começou a crescer gradativamente, expandindo-se para atender uma demanda populacional cada vez maior. Diante de tal transformação, é importante analisar como a morfologia do centro urbano de Vitória da Conquista que era voltado para a moradia, se transforma ao longo dos anos e se tornara um centro com função comercial atrelada a ideia de que este é o espaço de consumo.

2 A PRODUÇÃO DO ESPAÇO E CONTRADIÇÕES DA LÓGICA DO CAPITAL NO ESPAÇO URBANO

A análise da produção do espaço urbano pressupõe que essa produção deriva do modo de produção vigente neste caso, o capitalismo. Harvey (2016) aponta que existem contradições significativas e fundamentais na lógica capitalista que interferem também na lógica da produção do espaço urbano e que na maioria das vezes essas contradições saem do controle e geram uma crise. (ROCHA, SANTIAGO, 2019)

Todo espaço social resulta de um processo com múltiplos aspectos e Movimentos. “O centro se percebe de todas as partes, de todos os lados pode-se atingi-lo; de seu lugar, este que o ocupa, percebe-se tudo e descobre tudo o que surge” (LEFEBVRE, 2013, p. 218). Nessa perspectiva o

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centro da cidade e o espaço urbano compreende uma serie de processos e movimentos que se delineiam com o passar dos tempos, em Vitória da Conquista essa condição espacial é marcante no seu contexto socioespacial.

Para Lefebvre, (2006, p. 82) o urbano se baseia no valor de uso e há uma simultaneidade da percepção da forma urbana mentalmente pensada que sobrepõe ao concreto dessa mesma forma socialmente produzida pela base morfológica do espaço urbano que configura-se nos diversos padrões de uso em detrimento do valor de troca.

Rocha (2019), baseado em Harvey (2016) afirma que com a revolução industrial, a construção de casas passa a ter um caráter especulativo – villages, terraços, edifícios e casas urbanas passaram a ser construídas e vendidas mais tarde. Assim as casas passaram a ter valor de troca para quem compra. “A propriedade é um trunfo que separa os possuidores de casas daqueles que não possuem nada”. Alem disso quanto maior e mais localizada a casa mais valor agregado ela possui. Isso gera um processo de segregação como afirma Harvey (2016) “você começa a segregar nos mercados imobiliários porque as pessoas querem proteger o valor de suas economias”.

Nessa mesma analise Harvey explica que o valor de troca na questão da habitação assumiu um papel cada vez mais especulativo, ou seja, as pessoas com maior poder aquisitivo compram casas e apartamentos para ganhar até mesmo o capital excedente dos mercados acionários estão fluindo para o setor habitacional, na expectativa de que os preços subam cada vez mais. (ROCHA, SANTIAGO, 2019 p.31312)

Essa subida de preços criou um boom especulativo em todo o Brasil e, especialmente em Vitória da Conquista essa questão vem ganhando destaque no cenário urbano, tanto no que diz respeito aos aspectos mais aparente da paisagem com um ritmo acelerado de novas habitações, novos conjuntos residenciais nos mais diversos níveis e padrões de moradia quanto no quesito da desigualdade socioespacial, na medida em que áreas pobres continuam tendo os seus problemas de sempre, seja pela falta de infraestrutura seja pela ausência do Estado na tentativa de resolução de tais problemas. (ROCHA, SANTIAGO, 2019 p.31312)

Por outro lado, o financiamento para os novos empreendimentos são alavancados pela compra e venda imediata de boa parte dos domicílios colocados no Mercado imobiliário e isso propicia uma rápida liquidez nos estoques de moradia.

3 PADRÕES DE USO E ALTERAÇÕES NA MORFOLOGIA URBANA DA CIDADE Os resultados preliminares da pesquisa evidenciaram o atual o uso e função do centro de Vitória da Conquista, apresentando uma transformação morfológica que se voltou para o comércio

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varejista e de serviços. Através da pesquisa bibliográfica, foi possível perceber a diferenciação do uso do solo desde a formação da Vila até o modelo de urbanização recorrente na cidade, que fora acontecer de forma mais acentuada a partir dos anos de 1970. É nesse contexto que ocorrem transformações nas relações sociais, econômicas, políticas e culturais, e a cidade continua crescendo e modificando a sua configuração. (FERRAZ, 2001, p.36)

Nesse sentido, entende-se que embora esse movimento tenha iniciado por volta dos anos de 1970, as mutações ocorridas no centro da cidade, assim como em todo o território urbano de Vitória da Conquista, estão latentes até o presente momento.

No que diz respeito ao uso do solo urbano do centro da cidade, mediante pesquisa de campo e tabulação dos dados obtidos foi possível fazer uma análise preliminar, visto que a pesquisa em questão está em andamento. Os dados obtidos comparado com análise da realidade, bem como as leituras realizadas auxiliam para elaboração do gráfico 1.

Gráfico 1- padrão de usos do centro urbano de Vitória da Conquista-BA.

Fonte: Pesquisa de campo, (2019)

A leitura do gráfico 1 aponta a consolidação do comercio no centro da cidade, contudo, deve ser feito com algumas ressalvas, pois os dados apontam que em sua estrutura como um todo os estabelecimentos são em sua maioria do tipo comercial porém, existe uma predominância de novas edificações com 3 e 4 pavimentos por todo o centro da cidade e nessas edificações há uma parte dos cômodos destinados à moradia na forma de quitinetes e ou apartamentos de tamanhos reduzidos.

Há um constante movimento de apropriação por parte das empresas de serviços e comércios, sobretudo, varejistas no centro da cidade, esse tipo de ocupação chega ao percentual de 92% de todos os equipamentos computados. Resultado este que está proporcionalmente maior em relação aos imóveis e equipamentos destinados à moradia, esse ocupa 8% do território central.

8%

92%

uso residencial uso comercial

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Como afirma Engels (1987), os equipamentos destinados à moradia apresentam particularidades, uma vez que as casas ou equipamentos em térreo de caráter residencial estão em pequena quantidade. Em contrapartida há um aproveitamento dos prédios para moradia, esse tipo de edificação apresenta no térreo e andares inferiores uso predominantemente comercial enquanto os andares subsequentes são destinados à moradia.

Mapa 1- Espacialização dos principais tipos de usos e morfologia do centro urbano de Vitória da Conquista-Ba, 2019.

Fonte: elaborado por Altemar Amaral Rocha (2019).

O centro da cidade de Vitória da Conquista possui uma relevância na dinâmica urbana da cidade com uma abrangência regional. Nesse centro e nas áreas do seu entorno ocorre um fluxo de pessoas, transportes de mercadorias e outras relações de interesse político-social, muito significativo para a economia da cidade.

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Na atual fase constata-se um estrangulamento dos serviços no centro e um aumento na quantidade de pessoas, veículos particulares, veículos de usos comerciais, ônibus, caminhões para carga e descarga; seguido por um aumento de trabalhadores informais, nas calçadas das ruas e alamedas do centro comercial. Essa quantidade exacerbada de fluxos é oriunda da concentração de atividades que possibilitam uma acumulação de capital.

Para tentar resolver essa situação o poder público municipal sempre incorpora alguns equipamentos para fins comerciais e ou para o ordenamento do uso do solo urbano, por exemplo, em 2015 foi inaugurado o shopping popular para vendedores ambulantes de produtos importados, quatro anos depois esse espaço já não comporta todos os ambulantes da cidade e o poder público começa a reordenar novamente o centro, sobretudo com a alteração na dinâmica de funcionamento do terminal de ônibus urbano. (infográfico 1 e foto 1)

Infográfico 1 – Desenho tridimensional do projeto de ordenamento do centro urbano de Vitória – Av. Lauro de Freitas terminal de ônibus Coletivo urbano -2020

Fonte: Pmvc-(2020)

Nessa intervenção há segundo a PMVC (2020), uma solução definitiva dos problemas de congestionamento de veículos e pessoas no centro da cidade, porém somente com o tempo que será possível perceber se haverá ou não mudanças significativas no funcionamento desses espaços.

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Foto 1 – Local das principais interferências para o ordenamento do solo no centro urbano da cidade de Vitória da Conquista-BA

Fonte: Google Street view (captura em 4 de setembro de 2019)

Verifica-se que com o passar do tempo, essas áreas centrais ficam saturadas, e pela lógica de reprodução é necessário que esses serviços se reproduzam em outras localidades. Sendo assim, com a implantação de equipamentos urbanos em novas áreas como, aeroportos, centros comerciais, Shoppings, centros culturais, acaba gerando novas centralidades urbanas, em decorrência dos fatores citados. Nessa perspectiva, OLIVEIRA JR (2008) saliente que:

A crescente presença dessa dinâmica, expressa na descentralização de atividades comerciais e de serviços caracterizada pela recentralização exercida por essas novas áreas no território das cidades, aponta para um processo de aumento e diversificação de áreas centrais. Tal alteração tem sido verificada também nas cidades médias, o que denota uma alteração nas formas contemporâneas de reprodução do capital adentrando a dinâmica espacial de outras categorias de cidades que não as metrópoles. (OLIVEIRA JR, 2008, p.215)

Revigorando o que foi analisado por OLIVEIRA JR (2008), constata-se que Vitória da Conquista é uma cidade média dentro do sistema de hierarquia urbana no Estado da Bahia. Ela apresenta um amplo crescimento em setores de serviços, na área da saúde e da educação, o que ocasiona modificações na estrutura urbana e novos investimentos econômicos. Um desses fenômenos que atua como agente modificador dessas relações no espaço urbano de Vitória da Conquista é o surgimento de novas centralidades, que está relacionada com o crescimento demográfico e a expansão da área urbana. Com o estabelecimento das novas centralidades, serviços antes ofertados somente no centro da cidade, passam compor os bairros mais distantes.

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Mapa 2- Espacialidade e usos do solo urbano no entorno da Av. Frei Benjamin - 2019

Fonte: Elaborado por Rocha outubro (2019).

As novas centralidades consolidam sua existência apoiada na capacidade de atrair um grande fluxo de pessoas para se apropriar dos serviços que estão nessa localidade. Sendo assim, é relevante que os transportes e as vias de circulação estejam em condições de facilitar o acesso a essas áreas. Por ter um centro consolidado, Vitória da Conquista se porta como uma cidade que atende as cidades circunvizinhas e tem uma dependência dessa área central que abarca a cidade como um todo.

O processo de novas centralidades na cidade é algo recente. Novas empresas surgiram com uma necessidade de se expandir para outras localidades, fazendo com que, nesse processo intraurbano, novas áreas passem a influenciar a economia regional. Essas novas centralidades são: a Avenida Olívia Flores, a Avenida Juracy Magalhães e a avenida Frei Benjamim.(mapa 2)

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As avenidas supracitadas apresentam uma gama de serviços que antes eram corriqueiros somente no centro da cidade. Porém, é válido ressaltar que o centro de Vitória da Conquista possui um terminal de ônibus que permite uma acessibilidade e uma mobilidade das mercadorias e prestações de serviços que é proporcionado nessa área. Além disso, há um forte comércio que é oriundo do Ceasa, esse que por sua vez, tem uma oferta de serviços amplos e com característica de um centro funcional de todos os dias, pois há mercadorias que devem ser consumidas diariamente para que não ocorra o perecimento. Por outro lado, as novas centralidades que já se consolidaram (avenida Olívia Flores e avenida Juracy Magalhães), possuem: um Shopping, que abarca ampla quantidade de serviços, Universidades, Faculdades, agências bancárias, dentre outros.

Em contrapartida, com o surgimento dessas novas centralidades, muitos cidadãos acabam sendo expropriados de suas moradias, já que novos equipamentos urbanos são instalados em bairros que não possuem moradores capazes de se manter sobre a valorização do solo urbano que ocorre justamente por causa da implantação desses equipamentos. Com isso, esses moradores são obrigados a se retirarem do local que estabeleciam relações sociais e que possuíam uma afetividade que parte de seu cotidiano.

Vitória da Conquista é um exemplo de como o processo de novas centralidades modifica as relações econômicas e sociais no espaço urbano. Sendo assim, essas novas centralidades se posicionam como agentes reestruturantes da cidade de Vitória da Conquista e desempenham um papel de relevância na circulação de mercadorias e pessoas em um âmbito regional.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa aponta que no centro urbano de Vitória da Conquista, o uso do solo está voltado para o setor comercial, apresentando um déficit no setor residencial. Uma das explicações pode ser o resultado das políticas de ordenamento e reordenamento territorial urbano que de certa favorece a expansão de estabelecimentos comerciais, contudo, por outro lado empurra uma parcela significativa de moradores tradicionais para bairros distantes do centro e ou condomínios horizontais fechados. Entende-se nesse contexto que o centro urbano da cidade fora ao longo dos anos sendo colonizado pelas atividades de consumo mediado pelo setor terciário, tal afirmativa pode ser verificado pela morfologia do centro, a paisagem e pelos equipamentos urbanos, bem como pelas relações de trocas existentes, que de certo modo entregam aos sujeitos qual a principal funcionalidade desse espaço.

Por outro lado, o surgimento de novas centralidades nas principais avenidas da cidade intensifica ainda mais essa saída de moradores tradicionais para bairros distantes dos novos centros

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de consumo, é o caso da Avenida Frei Bejamin onde foi constatada na pesquisa de campo que há um predomínio de estabelecimentos comerciais, a grande maioria são de residências que foram convertidas e adaptadas para lojas, bares, farmácias, clínicas dentre outros restando apenas 28% das edificações com ocupação de moradia. É uma tendência também verificada na Avenida Olivia Flores com a rápida transformação de casas residenciais em lojas de pequeno porte.

REFERÊNCIAS

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