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Academic year: 2021

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TIBOUCHINA (MELASTOMATACEAE) NO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:

SUBÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DO GRANDE ABC INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): BÁRBARA SOARES MONTELA, DAISY MAYARA PAULINO DA SILVA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): HEITOR LUIZ BORALI, PATRICIA MARTINS ALVES ORIENTADOR(ES):

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1 BIOMONITORAMENTO PASSIVO DA QUALIDADE DO AR COM INDIVÍDUOS DO

GÊNERO Tibouchina (MELASTOMATACEAE) NO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP

1. RESUMO

O gênero Tibouchina tem distribuição natural no município de São Bernardo do Campo - SP e apresenta respostas satisfatórias em trabalhos de monitoramento biológico. Dessa forma, objetivou-se no presente estudo, realizar o biomonitoramento passivo, por meio de análises comparativas entre duas regiões no município que aparentam apresentar condições de poluição atmosféricas distintas. Assim, foram analisadas duas áreas amostrais, sendo a primeira localizada na região central da cidade (A1) e a segunda pertencente a um Parque Municipal (A2) com remanescentes da Mata Atlântica. Para tal estudo, utilizou-se da análise gravimétrica para quantificar o material particulado (MP) depositado na superfície foliar, análise da cera epicuticular e análise da estrutura da nervura central das folhas. Os resultados mostraram que a quantidade de MP disposto na A1 foi superior em quase todos os períodos monitorados em relação a A2. O acúmulo de MP nos diferentes estratos demonstrou valor superior para o estrato médio (EM) na A1 (71,65%), ocorrendo o inverso na A2, com 67,94% no estrato inferior (EI). Verificou-se preVerificou-sença de cera epicuticular com média de 0,2335g no EI na área A1 e média de 0,0165g para o mesmo estrato da A2, onde os dias de maior produção coincidiram com os dias que registraram as mais altas temperaturas, evidenciando uma forma de proteção contra perda de água via respiração foliar. Diante dos resultados, observou-se alguns efeitos da emissão de poluentes sobre os indivíduos de Tibouchina relacionados à urbanização no centro do município, assim como, a importância dos bioindicadores para um monitoramento complementar da qualidade do ar.

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2 2. INTRODUÇÃO

Atualmente, a poluição atmosférica se tornou um agravante para a saúde dos seres e do meio ambiente devido à liberação de gases nocivos na atmosfera, provocados, principalmente, pela ação humana. Os poluentes atmosféricos, segundo a resolução CONAMA número 3. (1990), precisam estar de acordo com os níveis estabelecidos em legislação e não podem implicar riscos à saúde da sociedade, fauna e flora, nem se tornarem prejudiciais aos materiais inanimados.

De acordo com Vieira (2009), o setor de transporte é, hoje, uma das ações antropogênicas que mais emitem gases e partículas em regiões urbanas. No estado de São Paulo, segundo a CETESB (2014), a emissão de poluentes na atmosfera por fontes móveis na Macrometrópole Paulista é de, aproximadamente, 60%, ficando a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) responsável por até 40% da emissão total do Estado. O município de São Bernardo do Campo (SBC) localiza-se na RMSP (Grande ABC) e conforme dados do IBGE (2014), SBC conta com 556.546 mil habitantes e com uma frota de 811.486 mil veículos.

Um método para o monitoramento da qualidade do ar em áreas próximas a pólos industriais e a centros urbanos pode ser realizado através da utilização de vegetais, por ser uma alternativa viável, com baixo custo experimental apresentando resultados satisfatórios, pelo meio da identificação dos poluentes (AQUINO et al., [s/d]). Esses vegetais são denominados bioindicadores e as alterações anatômicas e comportamentais nesses organismos indicam, de forma direta ou indireta, a presença de poluentes atmosféricos (MAKI et al., 2013).

O uso sistemático de respostas biológicas para avaliar mudanças ambientais consiste na técnica de biomonitoramento. Esta ferramenta pode ser definida como passiva, quando dispõe de organismos que já estão inseridos naturalmente no local. E ativa, que introduz espécies padronizadas na área de estudo (NAIME, 2012).

O gênero Tibouchina, pertencente à família Melastomataceae, é típico de Mata Atlântica e encosta da Serra do Mar, tendo distribuição natural no município de SBC. Indivíduos desse gênero possuem sua eficiência como bioindicadores comprovada por diferentes estudos e experimentos realizados por meio de biomonitoramento passivo e ativo, sendo importante ferramenta para auxiliar em

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trabalhos de qualidade do ar, em municípios que lançam diariamente elevada quantidade de poluentes na atmosfera, como SBC.

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo comparar duas localidades do município de São Bernardo do Campo – SP que aparentam apresentar condições de poluição atmosféricas distintas, por meio de biomonitoramento passivo, com indivíduos do gênero Tibouchina.

3.2 Objetivos Específicos

 Por meio de análise gravimétrica, quantificar e comparar o material particulado depositado na superfície foliar;

 Quantificar a cera epicuticular presente nas folhas;  Analisar a estrutura da nervura central das folhas.

4. METODOLOGIA

Para o estudo das condições ambientais, foi utilizado medidor de temperatura e umidade (Hygro Thermometer Instrutherm), termômetro químico (Escala Interna -10+110°C Divisão 1°C 260mm Incoterm 5021) para monitoramento da temperatura do solo, Escala de Beaufort para medição da velocidade e força do vento.

Para posterior análise laboratorial, coletaram-se ao acaso 50 folhas do estrato inferior (EI) e 50 folhas do estrato médio (EM) utilizando-se sacos plásticos herméticos para armazenamento. O material foi transportado ao laboratório de Botânica da Universidade Anhanguera de SP. Vinte e cinco folhas foram separadas para a análise gravimétrica, quantificando o MP depositado nas partes adaxial e abaxial das folhas. Na remoção deste material foi realizada a lavagem individual das folhas com água destilada e auxílio de um pincel. Todo o líquido resultante foi

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depositado em cuias de alumínio moldadas em cápsulas de porcelana – previamente pesadas em balança analítica (Enila Equipamentos LTDA, nº de certificado 122/03) - e levadas para evaporação em estufa (S.E. Retilínea. Fanem LTDA, modelo 315/3, nº 57167) a 60ºC durante dois dias. Após a secagem o recipiente foi pesado novamente para obtenção do resultado.

Utilizando o método modificado de Lichston e Godoy (2006), foram escolhidas ao acaso 10 folhas para quantificação de cera epicuticular. Realizou-se a lavagem individual com clorofórmio puro (Synth, P.M. 119,38), repetindo o procedimento 03 vezes e alternando as faces a cada lavagem. Para evitar a inalação do reagente utilizado se fez necessário o uso da capela de exaustão (Resinfiber). O líquido resultante da lavagem foi depositado em folhas moldadas de alumínio – previamente pesadas em balança analítica – a evaporação do clorofórmio se deu de forma natural no ambiente. Posteriormente, o recipiente de alumínio foi pesado e o resultado obtido.

Para análises histológicas das estruturas anatômicas foram consideradas as recomendações de Ribeiro et al. (s/d). Dessa forma, recorreu-se ao auxílio do micrótomo (Leica RM 2125, nº de série 045731982), no qual se fez necessário a preparação do material com derretimento da parafina histológica (Synth – PI. 004.08.AG, 56º-58º C) e emersão dos cortes centrais das folhas do estrato médio. Os cortes obtidos, de aproximadamente 7 µm, necessitaram ser lavados com água morna e álcool 70% para eliminação de qualquer resquício de parafina. Após estes procedimentos os cortes foram fixados em lâminas e clareados em xilol para visualização no microscópio óptico (Carl Zeiss. Nº de série 34842 – Baujahr 1999). Posteriormente as imagens obtidas foram analisadas.

5. DESENVOLVIMENTO

O estudo foi desenvolvido entre os meses de abril a junho de 2015 no município de São Bernardo do Campo – SP, adotando-se o método de biomonitoramento passivo. Os locais para coleta foram escolhidos com base em estudos comparativos de duas áreas distintas, levando em consideração a

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distribuição natural do gênero Tibouchina, o tráfego de veículos e a ocorrência da emissão de poluentes.

A primeira área determinada (A1) encontra-se no centro da cidade, logo apresenta intenso tráfego de veículos leves e pesados, estando às árvores situadas próximas a um ponto de ônibus. A segunda área (A2) apesar de estar próximo a uma rodovia, pertence a um Parque Municipal que concentra remanescentes da Mata Atlântica (Figura 1). As árvores monitoradas estão alocadas em um fragmento da mata, próxima a uma rua com baixo fluxo de automóveis leves e transeuntes.

Figura 1. Mapa mostrando a localização das áreas amostrais no município de São Bernardo do

Campo – SP. A área central corresponde a A1 e o Parque Municipal a A2. Latitude: entre 23°69’ e 23°77’ S; Longitude: 46°51’ e 46°55’ W.

As coletas ocorreram semanalmente às sextas-feiras no período vespertino, com um intervalo médio de duas horas entre as regiões. Foram analisadas cinco árvores do gênero Tibouchina preexistentes em cada área de estudo, monitoradas durante 8 semanas consecutivas.

Legenda Área Urbana

Área de Mata

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6 6. RESULTADOS

O microclima nas regiões estudadas sofre variações de acordo com os níveis de radiação solar, precipitação, ventilação e umidade. Verificou-se que as temperaturas no centro do município mantiveram-se elevadas em relação ao Parque Municipal em todos os monitoramentos realizados. O resultado da análise gravimétrica mostrou que a quantidade de MP depositado nas folhas das árvores obteve maior valor na área A1 (62,5%). O acúmulo de MP nos diferentes estratos demonstrou valor superior para o EM na A1 (71,65%), ocorrendo o inverso na A2, com 67,94% no EI.

Verificou-se presença de cera epicuticular com média de 0,2335g no EI na área A1 e média de 0,0165g para o mesmo estrato da A2. Com a análise da nervura central (Figura 2) notou-se que na A2 o colênquima epidérmico possui maior quantidade de camadas e a A1 apresenta cutícula mais espessa e elevada concentração de tricomas.

Figura 2. Corte transversal da nervura central de folhas do EM do gêneroTibouchina. A. Região

central (A1). B. Parque Municipal (A2). c.ad – colênquima adaxial, tri – tricomas, c.ab – colênquima abaxial, cut – cutícula.

c.ad cut c.ab tri A B tri c.ab c.ad cut

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7 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas análises comparativas a A1 obteve resultados superiores com relação a acúmulo de MP na superfície do limbo e na produção de cera epicuticular. Ressalta-se que o acúmulo foliar de MP é disposto em longo prazo por suas fontes de emissão, e que, embora tenham ocorrido períodos chuvosos, esse material não é retirado por completo, gerando efeito cumulativo.

Os dias de maior produção de cera epicuticular coincidiram com os dias que registraram as mais altas temperaturas, evidenciando uma forma de defesa contra perda de água via respiração foliar. A cutícula mais espessa e a elevada quantidade de tricomas na epiderme da face abaxial na A1, pode ser resultado do ambiente aberto que recebe alta incidência de radiação solar, necessitando dessa forma de maior proteção. A intensa ocorrência dos efeitos dos poluentes sobre a superfície foliar na região central do município reflete no desenvolvimento das árvores expostas, associado muitas vezes a necroses nas mesmas.

O acúmulo de MP para a A2 pode ser explicado com a ressuspensão do solo exposto, ocasionado pela passagem de pequenos veículos e pela movimentação dos ventos, conforme estudo publicado por Castanho (1999). A A2 apresentou maior quantidade de camadas de colênquima epidérmico, sendo possível supor que por se tratar de um ambiente com maior intensidade de ventos, a geração superior de colênquima se faz necessário para elasticidade da planta.

Apesar do curto período de biomonitoramento, os resultados permitiram observar alguns efeitos da emissão de poluentes sobre os indivíduos de Tibouchina relacionados à urbanização no centro do município, assim como, a importância dos bioindicadores para um monitoramento complementar da qualidade do ar. Para resultados mais expressivos recomenda-se que o mesmo exemplo de biomonitoramento seja realizado com duração de no mínimo um ano, para que as coletas sejam realizadas nas quatro estações.

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8 8. FONTES CONSULTADAS

AQUINO, Sandra M. de Figueiredo et al. Bioindicadores vegetais: uma alternativa para monitorar a poluição atmosférica. Universidade Federal do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro.

CASTANHO, Andréa Dardes de Almeida. A determinação quantitativa de fontes de material particulado na atmosfera da cidade de São Paulo. Universidade de São Paulo, 1999.

CETESB. Plano de controle de poluição veicular. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-B?sicas/21-Poluentes>. Acesso em: 06 mai. de 2015.

CONAMA. Resolução CONAMA n°3, de 28 de junho de 1990. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100>. Acesso em: 28 de abr. de 2015.

IBGE. São Bernardo do Campo: histórico. 2014. Disponível em: < http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=354870&search=sao-paulo|sao-bernardo-do-campo|infograficos:-historico&lang=>. Acesso em: 10 de mai. de 2015.

LEMOS, Joewander Fernandes. Poluição veicular: avaliação dos impactos e benefícios ambientais com a renovação da frota veicular leve na cidade de São Paulo. Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia. Universidade de São Paulo: São Paulo, 2010.

LICHSTON, Juliana Espada; GODOY, Silvana Aparecida. Morfologia e teor de cera de folhas de café após aplicação de fungicida. Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Brasília, 2006.

MAKI, Erica Sayuri et al. Utilização de bioindicadores em monitoramento de poluição. Revista Biota Amazônia. Macapá, v. 3, n. 2, 2013.

MEYER, Fabríco Schmitz. O gênero Tibouchina AUBL. (Melastomataceae) no estado do Paraná, Brasil. Curitiba, 2008.

NAIME, Roberto Hard. Preservação ambiental e o caso especial de resíduos de laboratório: conceitos gerais e aplicados. Novo Hamburgo: Universidade Feevale, 2012.

QUINTANILHA, Lilian. O universo das emissões atmosféricas e a atuação do setor industrial e a atuação do setor industrial. Revista Meio Ambiente Industrial. Julho/Agosto, 2009. p.27.

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RIBEIRO, Ana Lucia Tosta et al. Preparo de lâminas histológicas. Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos.

VIEIRA, Neise Ribeiro. Poluição do ar: indicadores ambientais. Rio de Janeiro: E-papers, 2009.

Referências

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