Após
quatro
edições,
uma
despedida
Iniciamos o semestre afirmandoque o
jornalista
vê o mundo de for ma diferente. Nos descrevemos comoinquietos,
sempre a procura do queoutros tentam esconder. Tentamosde diversas maneiras mostrar o mun
do por esta desta forma. Na
primeira
edição
lidamos com umtabue falam os desuicídio,
expomos machismonohóquei
sobre agrama brasileiro e fo mos aoMonteCristomostrarumoutro lado de
Florianópolis.
Emoutubro,
umZero mais
político
cobrou o cumprimento
daspromessas decampanha
feitaspelo
prefeito
CésarSouzajunior
e mostrou as propostas de todos os
candidatos àreitoriadaUFSC.Nomês
seguinte,
outrotabu:sexo.Falamossobrea[alta deespaço paraasmulheres na
pornografia,
conversamos com aatriz
pornô
maispremiada
do Brasile falamos da vida
daqueles
que convivemcom ovícioemfilmesadultos.
Para encerrar o ano, estreamos um novo
projeto
gráfico
e procuramos,maisumavez, temasdiferentesetratar
de assuntos do cotidiano de umafor
manãotão comum.Escrevemos sobre
o trabalho infantilparamostrar como
Santa Catarinaainda lutapara erradic
ar a
prática
no estado. Sobreaviolên cia e opreconceito
sofridospelos
mo-Nota
da
redação
Aúltima
edição
doZero de2015também encerra umciclo deaprendizado
não sóparaaturmaque o
produziu,
neste semestre,mas,ainda,
para quem teveodesafio de coordenaremotivar/orientarrepórteres
arealizaremgrandes
(e relevantes)
reportagens
paraumjornal-laboratório impresso.
Vivemos detudoumpouco:as
pressões
dofechamento,
abordagens
detemasintrigantes
e
delicados,
confronto de versõesentrefontes,
agruras devencerlimitações
operacionais
e, mais do queisso, lidamos,
cotidianamente,
comvalidação
donossoleitorque criticou ecolaborouparaque oferecêssemos
informação
jornalística
útilede elevadoimpacto
social.Forammuitasconquistas
nestesquatro
semestresà frente doZero quejamais
serãoesquecidas.
Muitoobrigado
pela
audiência.Até breve!Conselho
aprova
adesão
à
Ebserh
�l
Protestosocorreramduranteasúltimassemanas
2•
DEZEMBRO115
Marcelo Barcelos
professordadisciplina
o Conselho Universitário
(CUn)
da UFSC votou no dia l° dedezembroedecidiupela
adesão do
Hospital
UniversitárioPolydoro
Ernani de SãoThiago
(HU)
àEmpresa
Brasileira deServiços Hospitalares (Ebserh).
A sessão ocorreu no auditório
do Centro de Ensino da Polícia
Militare contou comapresen
ça de 37 dos
67
representantesdoconselho.A
autorização
para queaReitoriaeadireção
do HUaderissem à Ebserh foi aprova
da por 35 votos contradois. No
dia 24 de
novembro,
o CUn sereuniunaReitoriaparadiscutir
oassuntoe oencontrofoi inter
rompido
pormanifestantes. Emabril,
acomunidade universitária
participou
de umaconsulta
pública
sobre aadesãoà Ebserh.Deacordocom o
ple
biscito,
75,6%
dosestudantes,
68,34%
dos servidores e37.94%
dos
professores
foram contraaempresa.
Enquanto
o CUn nãotomou sua
decisão,
diversosprotestos foram feitos em de
fesa de um HU totalmente
pú
blico,
sem receberrecursos defontes
privadas.
Para o Sindicato de Tra
balhadores em
Educação
dasInstituições
Públicas de EnsinoSuperior
do Estado de Santa Catarina(Sintufsc),
a adesão àEbserh não vaisolucionara
saú-ZERO
radores em
situação
de ruadacidadeea novalei demeia
entrada,
que afetatodos nós estudantes. Conversamos
com oescritor Mário
Prata,
após
umapalestra
polêmica
na14a
Semana dojornalismo
naUFSC,
e com o cineastaDener Giovani sobre o documentário
"Amores
Santos",
emquepromete
revelar a
hipocrisia
do discursoreligioso
emrelação
à homossexualidade.Os 34 alunos
responsáveis
pelo
jornal
Zero nestesegundo
semestrede 2015 se
despedem aqui
após
quat
roedições
muitotrabalhosas,
masextremamente prazerosas de fazer.
Desejamos
avocêumaótima leitura!; :
ERRATA
Na
edição
de novembro de 2015, n? 7, escrevemos no crédito decapa"Setembro"no
lugar
de"Novembro".
Na
página
3, o email correto dorepórter
éreporteroaldosantoso
gmail.com.
Na
reportagem
sobre assédio(páginas
12 e13),
oparágrafo
sobre a personagem Denise Inácio
aparece duasvezes.
: :
de
pública
nopaís.
Ocoordenador-geral
do Sintufsccriticouofato de areunião tersido feita forada UFSC."Aformacom
quea
administração
encaminhouapropostanão condizcom ademocraciada
universidade. Foi feito um
plebiscito
enada disso foi
respeitado".
A
presidente
daEbserh, jeanne
Michel,
disse que a empresa não tem aintenção
deprestarserviços
ao sistemaprivado:
"nossoobjetivo
é melhoraroshospitais
universitários. A empresa foi criadacomo umaferramenta degeren ciamento".Paraosmanifestantesafavorda
atuação
daempresanoHU,aadesãoéa
solução
paraosproblemas
de infraestruturada
instituição.
Cerca de 155 funcionários do HU,
contratados
pela Fundação
deAmparo
à
Pesquisa
Universitária(Fapeu), podem
serdemitidosatéofinal de2015. Acon
tratação
através defundações
era feita em todopaís,
até oTribunal de ContasdaUnião determinarofim dessa
prática
há dois anos.
Segundo
o diretor do HU,Carlos
Albertojusto
daSilva,
"assim queo
hospital
aderiràEbserh,
osprimeiros
funcionários
podem
ser contratadosmedianteconcurso, parasubstituí-los".
Pela
segunda
vez,nãopublicamos
otextodacritica dasedições
passadas,
de autoria dajornalista
LauraCapriglione,
nossaombudskioinna,
devido à suaindisponibilidade
deprodução
.... .
ZERO
JORNAL
LABORATÓRIO
ZERO Ano XXXIV- N°BDezembro de 2015
PARTICIPE! Mandecríticas, sugestõese
comentários E-mail -zeroufsc@gmaiLcom Telefone-(48) 3721-4833 Facebook -Ijornalzero Twitter-@zeroufsc Cartas
-DepartamentodeJornalismo-Centro
deComunicaçãoeExpressão,UFSC, Trindade,
Florianópolis(SC)-CEPo88040-900
*
Melhorjornallaboratório
I PrêmioFocaSindicato dosjornalistas
*
Melhorjornal laboratório EXPOCOM SUL 2015
*
3° Melhorjornallaboratório doBrasil EXPOCOM 1994
*
Melhorjornallaboratório do Brasil
EXPOCOM 1994
******
MelhorPeçaGráficaSetUniversitário/
PUC-RS
1988, 1989, 1990, 1991,1992e1998
EQUIPE
Amanda Reinert, Amanda Ribeiro, Ana Carolina Fernandes, Ariane
Cupertino,
Bruna Ritscher, Brunoda Silva, Daniella de Lima, Débora Baldissera, Dener Alana, Gabriel Lima, Gabriela
Dequech,
Gisele Bueno,júlia Rohden, juliano França,Karine lucinda, laura Prada, leise Silva, Lilian Koyama, luara loth, Luiz Gabriel Braun, MarinaSimões, Matheus
Faisting,
MônicaCustódio, Natália Huf, Paula Barbabela,Roberto Granzotto, Rubens lopes,
Sandy
Costa, Sarah t.aís, SimoneFeldmann, Talita Burbulhan, Valda Santos, Valmor Neto e Vinícius
Bressan
EDIÇÃO
Gisele Bueno, Paula Barbabela e
ViníciusBressan CAPA DenerAlana PROFESSOR-RESPONSÁVEL . Marcelo Barcelos MTb/SP 25041 MONITORIA
Ayla
Passadori eGabriela De ToniIMPRESSÃO GráficaGrafinorte TIRAGEM 5mil
exemplares
DISTRIBUIÇÃO
Nacional FECHAMENTO 09de dezembroPara
escritor,
jornalismo
piorou
Referência
no
órea,
Mório
Proto
oporto
um
domínio
de
opiniões carregados
de
ódio
nos
redações
classe D,EeF,que éamaioria da
audiência,
tavamcomeçando
aperceber
queanovela dasseteéamesmahá30anos
-eémesmo: os
diálogos,
ocenário,
ofigurino,
tudoigual.
Eelesda Globochamavamanovela
(Bang
Bang)
deabusada,
porqueeuachoqueagente abusou
muiLo,
sabe?Eopúblico
nãoentendeu.30%
daaudiênciado
primeiro
capítulo
não voltou pro diaseguinte.
Bom, a novela cairde 37para29 demoraunsdois meses, até a pessoa
perceber
que é ruim.Alifoi no dia
seguinte.
Então,
aculpa
foide Lodo mun
do,
menos dopúblico.
Foi muiLodiíe-rente, não foi
melhor ou foi
pior,
foi diferente do que eles esperavam.Antesda
estreia,
o GilbertoBraga,
num corredor daGlobo,
mefalouassim:"Você tá trocandoas
areais de
Copacabana pelas
areias doVelho Oeste...Vocêvaisefuder."E,realmente,
me fudi(ri).
Porque
anovelaera
suja,
as pessoas eramempoeiradas,
ti nhacocô decavalona rua.jornalista,
escritor,dramaturgo
emoradordeFlorianópolis
há14 anos,foi
convidadodaúltimapalestra
da14aSemana de1ornalismo
da UFSC. Aolado do cronistadaVeja
São Paulo MatthewShirts,
Pratafalou
sobrejornalismo literário,
jornalismo
tradicionalehumor,
áreasem que trabalhou
quando
esteveem AÚltima
Hora,Pasquim,
Folha de São
Paulo,
Estadãoeoutraspublicações
emseus69
anosde vida.Apalestra
acaboutendocomomomento marcanteumadiscussãoentrePratae a
plateia,
devidoacomentários
dojornalista
julgados
comopreconcei
tuosos
-por
exemplo,
"achocotaumaoiadagem:
Comofechamento
daSemana,fomos
paraoBardo Servidores paraumpão
comlingüiça,
onde MárioPrataconversoucom oZero.ZERO: Da
primeira edição
da Semana deJorna
lismo
(da qual
foiconvidado)
paracá,
nesses 13 anos que se passaram, o que mudou nojor
nalismo?
Ficou
pior.
Eu não tenhoviajado
muito. Eu não sei como é quetáo
jornalismo
lá fora... Mastáumódio muito
grande
noJornalis
mo. Oscolunistas,
os articulistas viraram as estrelas do
jornal
cnãoorepórter.
ZOquantoo
jornalismo
literário
pode
salvar ojornalis
mo nessacrise?Não tá existindo mais
jornalismo
literário,
sabe,
porque a crônica virouartigo.
Euacho quehoje
no Brasil nãotemcincocronistas.
Z Bom, eu vou fazer agora a pergunta que deu toda
aquela
confusãonahora dapalestra:
vocêacha que acabou o humornojornalismo
ouacabouaquele
humorque
explorava
asminorias?, J:
Não,
não. Ohumor,
porexemplo,
doPasquim,
não era assim,
contra minorias. Erapoliticamente
incorreto,
mas não eraassim.A
palavra
"politicamente
correto"éfada. Era deummachismo ohumordo
Pasquim
queas mulheresnão choravam(risos)
napa-lestra. Não defendendoo queeu
falei,
o que eufalei foibesteira. E nãoé tambémqueasmulheressabiamseulugar:
nãoé isso.Essaeraumapiada
do
Millôr,
umapiada
famosa que diziaque no Brasil não existia racismoporqueonegro sabiaoseu
lugar.
Claro que issoéumaputaironia.ZMas
qual
competência
umjornalista
tem que terhoje
para ser
respeitado?
Credibilidade?
Os
jornalistas
quetêmsedestacado ultimamente na mídia brasi
leira são os
articulistas,
são ostendenciosos. Eles tão ali defendendo uma tese
deles. Boaou
ruim,
é outrahistória. Eles não tão fazendojornalismo.
Faz muito tempo que não surge umjornalista
bom,
umrepórter
bom.Por
exemplo,
eu me lembro que naPlayboy, antiga
mente,o carapassavaumasemana com oentrevistado.A voltadoGetúlioao
poder,
porexemplo,
deveu-seaoSamuelWainer,
que tinha 30e poucosanos. Eletavaindopelo DiárioAssociados,
pro
Uruguai
-ou
Argentina
- fazerumamatéria sobre um
problema
notrigo
que iaafetar nossaeconomia. Aí eletavasobrevoando,
e opiloto
de umaviãopequenininho
falouproSamuel: "Essa fazendaé do GetúlioVargas".
Samuelouviuaquilo
e falou: "Desce." O caradesceu. Eo Getúlio deu a entrevista. E o título eraassim:"Diga
ao povo que voltarei". Isso foi em48.
Em49 teveaeleição
eele voltou.Quer
dizer,
umjornalista
quelançou
acandidaturadoPresidenteda
República,
sabe,
issoquenãotemmais.Z
Quem
lêMillôr,
sabe...Humorerafeitocomgays,comnegro, nãoexistia
preconceito.
Eusoupardo,
de Minas pra cima.Meu, agente
épardo.
Entãoéumabsurdodelimitar que
20%
merececotas.Onegócio
é que deviacombaterapobreza
einvestirna
educação,
masnão.Viracota.Issoquesoucontra.Nãosou contra nemnegro, nem
po-bre,
pelo
amor de Deus,mas não deu de
explicar
direito,
ficouaquela
coi sa, sabe? Porexemplo,
eu adoro o
Cunha,
ele éuma
piada
pronta. Foilá naComissão,
disse quenãotinha dinheiro em
lugar
nenhum do mundo.Hoje
ele disse que foidevenda decarne.
Pô,
meu,issoaí,
prapiada,
éfácil,
tápronta.
Que
carnequeeleandou vendendo?Carade pau,falouque nãotinha.
Agora,
tádizendo isso. Eninguém
perguntou,
foi elequefalou. O Zé Simão pega bemessascoisas. Eutôlendo ele agoraporque assinoaFolha.Ele éfoda.Achoque é
oúnicocaraquetá fazendo humorna
imprensa
brasileirahoje.
OZéDassilva,
àsvezes, dáumasacertadasmuitoboas. ®Leia entrevista
completa
napágina
doZero noMedium(@zeroufsc)
OS JOR
IALISfAS
QUE
TF.M
SF
)E:S rACADO UL
rlMAML=
\JTF
t�A
v1íDIA
SÃO
TEl IDr
NCIOSOS·
Z Essa semana, eu falei para
algumas
pessoas que ia teentrevistar,
emuitas nãote
conheciam,
mas umareferência bastouatodas:Bang Bang
(novela
escritaporPrataem2005).
Sei.
Z Foium
projeto
bempessoal,
masnãoteveumaaudiência...tãogrande.
Foi...
(começa
arir)
Foiumfracasso,
pode
falar.Z O
público
nãoestavapronto?
Bang Bang
eu acho quetavanohorárioerrado,
além de outros errosque
tinha,
amaioria meus.É
umprojeto
que eu tinha há 20 anos, eue oLuizFernandoCarvalho. AíoLuizFernandome
ligou
umdiae disseassim:-o,
a Globo tá afim de fazer". "Mas do nossojeito?" "É".
Fuilá conver sarcom o Mário Lúcio Vaz, que era odiretor-geral
naépoca.
Oproblema
erao
seguinte:
elequeria
darumachacoalhada nohorário das sete, que a•. .', ii.�
-_" �
luizbraun08@gmail.com
DIREITOS
&
DEVERES
Estudantes
têm
nova
regra
para compra
de
meia
-entrada
Agora
é
lei: paro
ler
o
benefício,
é
preciso
apresenlar
o
cortero
com
padrão
nacional
Acompra
de
ingressos pela
metade do preçopor estudantesdo ensino fundamentalà
pós-graduação
para
shows,
sessões decinema,
peças de teatro, eventos educa cionais e eventos
esportivos
agora só serápossível
com aapresentação
da Carteira deIdentificação
Estudantil(CIE),
documentopadronizado
emtodopaís.
A regra passou avaler dia 1° de
dezembro,
como determina alei12.933, conhecidacomo a leida meia-en
trada.
A discussão começou há oito anos, com a
apresentação
deprojeto
de leipelos
então senadores Eduardo Azeredo(PSDB-MG)
eFlávioArns
(PSDB- PR). Segundo
os autores,a
uniformização
busca coibir areprodução
de
cópias
falsas do documento. A União Ca tarinense de Estudantes(UCE)
trabalha coma estatísticade que a cada sete carteirinhas
de estudantes em
circulação hoje
no estado,
apenas três sãooriginais.
Aténovembro,
qualquer
estabelecimento de ensino ou associação
estudantilpodia produzir
a carteira
"possibilitando
fraudes de todo ogênero,
prejuízo
aos estudantes e também aos empresários
da atividade de lazer e entreteni mento dopaís,
que aumentam o preço dasentradas,
encarecendo e elitizando o acessoà culturanoBrasil".
A
imposição obrigou
oestudante de Cine madaUFSC, Danilo FernandesRossi,
asolicitarocarteirinha.Até
então,
ele só utilizavao atestado de
matrícula,
emitidogratuita
mente
pela direção
do curso oupelo
site dauniversidade,
parater direito àmeia-entra da. "Entendo que hámuitas carteiras falsas.Mas, no caso do comprovante de matrícula
da
UFSC,
épossível
checar a autenticidade. Opreçoémuitoaltoparaumdocumentoque tem queserrenovado todosos anos".Para a
presidente
da União Nacional dosEstudantes
(UNE),
CarinaVitral,
aaprovação
da leirepresentaumaluta de dezanosdomo
vimento estudantilpara
garantir
averdadeirameia-entrada.
Segundo
ela,
aantiga legisla
ção
fezcomqueodesconto setransformasse emilusão. "Com odescontrole causadopelas
carteiras
falsas,
hoje
ninguém
pagameia-en trada. O estudante desembolsaovalortotale osdemais,
odobro",
analisaCarina.Cotaparameia-entrada
O foco da lei não é a
padronização
dascarteirinhas de
estudante,
mas acriação
deregras claras para a meia-entrada. O des
conto será válido tanto para
estudantes,
como para
jovens
de baixarenda,
idosos edeficientes com
acompanhante, quando
ne-A
PADRONIZAÇÃO
TEM
DOIS OBJETIVOS: ACABAR
COM
A
FALSIFICAÇÃO
DO
DOCUMENTO
E,
AINDA,
BARATEAR AS
ENTRADAS
cessário. Também asseguraareservade
40%
dos
ingressos
paraessafaixa,
oque para alguns
pode
dificultaro acessomais baratoaoseventos. Essa cota,
segundo
apresidente
daUNE, foi delimitada a
partir
da médiade ingressosvendidos
pela
metade dopreço antes da MP de 2001.Atualmente,
as casasrelatam que entre60%
e90%
dos
ingressos
são destinados àmeia-entrada e, com o novo
piso,
aquantidade
ficaria à critério daorganiza
ção.
No entanto,produtores
defendemque amudança pode
tornar os preços maiscom-Conheca
a
Carteira
de
Identificação
Estudantil:
Foto 3x4edados do esnrdorre
eda
ins�i�uição
de ensinopetitivos,
já
que ameia-entradacostuma terumpreço mais alto para compensar o valor
totaldo evento. Para
permitir
afiscalização,
osprodutores
culturaisdivulgarão,
nospontos de venda físicos e
digitais,
o número deentradas
disponíveis
e umavisocaso ameia -entradaesteja
esgotada.
Se nãocumprir,
teráquevender bilhetes com descontomes moqueacimadacota.Aofim doevento,deve
fazer
balanço
indicando quantas entradasforam vendidas
pela
meia-entrada,
relatórioquedeverá
poderá
serconsultadoapós
até30dias.
Poder deemissão emdebate
O movimento estudantiltambémse divi
de entre os que são contra e a favor dapa
dronização
das carteirinhas. O que está emdebate é que,
atualmente,
apenas aAssociação
Nacional de Pós-Graduandos(ANPG),
aUnião Brasileirados Estudantes Secundaris tas
(Ubes)
e aUNE estãoexpedindo
as CIEs,apesar de alei também
permitir
outras entidades,
como Diretórios Centrais dos Estu dantes(DCEs)
e Centros Acadêmicos(CAs).
Issoporserem asúnicasquedetêmo
padrão
nacional. Para
Henrique
Martins,
membro da União Catarinense dos Estudantes(UCE),
adecisão
impõe representatividade
aos estudantes,
que devem ter o direito de escolherqual
entidadeapoiam.
Por contada
uniformização
dodocumento,
afirma
Carina,
DCEse CAsnãopoderão
pro duzir o documento por contaprópria.
Funcionaráassim:aentidadedeverásecadastrar no
portal
oficial. Com o seuperfil criado,
poderão
recolhere cadastrarosdocumentosdos estudantes interessados e
ainda,
padro
nizar o verso da
carteira,
atendendo assima
lei,
quepermite
que até50%
da CIE tenhaidentidade visual da entidadeque
expediu.
AAs correresnão
precisam
seridérricos.Alei
perrnte
que 50% do docurnerfoseja
personalizado
pelo
emissor. Na
próiico,
cusromzcçõo poderá
serIeto no versodo CIE.
Home
MARIALAURA DESOUZA Instituiçãode Ensino
UNIVERSIDADE FEDERAL DESANTACATARINA Curso!SérieJEnslno CltNC1ASDA
ADMINISTRAÇÃO
Matricula 10102105 RG 0.000.000 CPF 000.000.000-00 Data de Nascimento 20/JUN/1988Códigodeuso 000000001
Disposnvos
desegurança, comoQR
Code e
tório
rnoonénco
no versoAnode emissão. O docurneno teró validadeoré 31 e março doano
seguin�e
presidente justifica
esse modo deoperação
pela
necessidade de segarantir
apadroni
zação
dascarteiras,
que vai além dolayout,
incluindo
dispositivos
de segurança(veja
noinfográfico)
.O
presidente
daUCE,YuriBeckerdosSantos, afirmaque aatual
gestão
daunião catarinense concorda com a decisão
de,
nesteprimeiro
momento, o documento deve serexpedido
apenaspelo portal,
administradopelas
trêsinstituições
e,gradativamente,
serfeito
pelas
uniões estaduais epelos
DCEs eCAs. Os
presidentes
da UNEeUCE lembramque háumatarefaa ser
cumprida
antes dasentidades estudantissecandidataremaemi
tir as Cllís: estarem
regularizadas,
"O nossomovimentoestudantiltemacaracterística de
nãoser
burocrático",
analisaBecker,
mas"tero estatuto e asatas de
eleição
e posseregis
tradas em
cartório,
o Cadastro Nacional dePessoa
jurídica
(CNPj)
ativo e conta banca riaaberta sãofundamentais". Porisso,
aUCEaguarda
anotificação
da UNE para, com asregras em
mão,
iniciar umacampanha pelo
estado. "Esta
gestão
da UCEtemcomoprin
cipal
meta aregularízação
das entidades-DCEs,DAs e CAs. Se
conseguirmos
concluirisso até 2017, com certeza fecharemos com
chavesde ouro",anuncia.
O Centro Acadêmico Livre de
jornalismo
(CALj)
daUFSC éumadas entidades que co meçou o processo deregularização,
mesmoantesde alei entrarem
vigor.
Paraisso,
pre cisamestar em dia comaReceitaFederal,
oque
alguns
CAs não estão fazendo por cau sa dos valores altos. "Se agentetivesse umadívida alta
provavelmente
pensaríamos
damesma
forma,
mas como devemosporvolta de 200reais,
decidimos que vale apena regularízar
pra nãoterque pagarumapossível
multaastronômica
depois.
Alémdisso,
setivéssemosum
CNPj
regularizado,
o dinheirodo caixa
poderia
ficar numa conta doCALj,
ao invés de ficar na conta do
tesoureiro,
comoéagora",
relataomembroda atualgestão,
Victor Lacombe.Não só paraser um
ponto
de emissão docartãoé necessário estaremdias com ado
cumentação.
Apenas
metade do valor pago, 25reais,
égasto
nafabricação
eorestantevai para amanutenção
do movimento estudantil emtodaa sua cadeia. Para
isso,
todos oselos devem serfiliados à entidade nacional
-ANPG,
UbeseUNE.Adistribuição
do recursoserá definidoem
regimento
internoa servotado
ainda,
respondeu
Carina. Mas adiantou queserguirá
ummodelodepirâmide,
comosCAs recebendoomaior
percentual,
osDCEasegunda
maior fatia e as entidades nacionale
estadual,
no caso aUNE e UCE, as meno res. As entidades só receberao opercentual
referente ao estudante que
representa.
Para ter acesso a esse repasse, as que ainda não estãoregularizadas
têm até l° de dezembro de2016,paraseforrnalizareterdireitoao repasseretroativorelativoàscarteirasemitidas porseus
representados
aindaesteano.®Kannelucinda karine.lucinda@gmail.com lilianKoyama Izkoyama@gmail.com SandyCosta sandycossta@gmail.com -- - ---�--
---�---MElA0!::
DO VALOR PAGO P[Lt� NOVA
CARTEIRINHA
DE
ESTUDANTE
S[RA
DESTINADA
PAR.A
MANUTENÇÁü
DO
MOVIMENTO
FSTUDANTIj_
EM
TODA SUA CAOf:iA
-DOS
CENl
ROS
ACADÊMICOS
Â
UNE
Tire
suas
dúvidas:
l-�
-"�:';I (...._�':, ,!••
Osestudantesterão direitoà meia-entradasomentecoma
apresentação
daCarteirade
Identificação
Estudantil(Cm),
queseguirá
ummodelo nacional.Anova
regra tambémobriga
cadaeventoareservar40%
dosingressos
parameia-entrada deestudantes,
idosos,
jovens
debaixarendaedeficientes e umacompanhante,
quando
necessário.Qucm
poderá
emitiracarteira dosestudantes?ACIEdeveser
expedida pelaAssociação
NacionaldePós-Graduandos(ANPG),
UniãoBrasileira dosEstudantesSecundaristas
(Ubes)
eUniãoNacionaldosEstudantes(UNE),
entidades estaduaise
municipais
aelasfiliadas,
oudiretórioscentrais dos estudantes(DCEs)
ecentros ediretórios
acadêmicos,
denível médioesuperior.
Comoellpossosolicitar minhacarteirinha?
Porenquanto, ela só
pode
sersolicitadapela
internet,
atravésdo[ç)[ç)[ç).documentodoestudante.com.br,
administradopela
ANPG,UbeseUNE. Noportal,
oestudantedeve
preencher
oformulárioe anexar osseguintes arquivos
já
digitalizados
emformatojPEG oujPG:
foto3X4;documentooficialqueinformeo seuRG;
ecomprovante
dematrícula,
quepode
serboletoda mensalidadecom orespectivo
comprovante de pagamentoouatestado de escolaridade,
Qual
opreço?
Ovalor da cm éde
R$
25,00maisfreteúnicoparatodooBrasil,
totalizandoR$
32,90.Qual
éoprazodeentrega?
O prazodeentrega é detrintadias. Duranteesse
período,
oestudantepoderá
usar oDocumento
Provisório,
emitidoapós
opedido.
Eavalidade?
Odocumentoserá válido atéodia31demarço doanos
seguinte
aexpedição.
Mas,nessaprimeira edição
haveráumaexceção.
Oestudantequejá
fezsuamatrículaparao anode2016
pode
incluirestenovo comprovante deescolaridade,
aoinvés atestado de2015.Assim,
avalidade dacarteiraserá até31de março de2017,bônus de quatromeses.oque acontecese eu
perder
aminha ClE"?Aofazero
pedido
no[ç)[ç)[ç).documentodoestudante.com.br,
oestudante criao seuperfil.
Casoelepercao
documento,
poderá
solicitarumasegunda
via,
com o mesmocustodapri
meira:R$
25,00maisfrete.Quem
temdireito àCIEgratuita?
Acarteirinhagratuita
égarantida
aestudantesjovens
de baixarenda,
definidostambémpela
lei12.933comoaqueles
comidadeentre 15e29 anos, emqueafamíliatenha rendamensaldeaté dois salários mínimose
esteja
inscritanoCadastroÚnico
dosprogramassociaisdoGoverno
Federal,
oCadÚnico.
Essejovens
têm duasopções
para teracessoàmeia-entrada:a
apresentação
daIdentidadejovem
- documentoemitidopela
SecretariaNacional
dajuventude
-ouacm. Parasolicitaracarteirinhado
estudante,
ojovem
deve enviare-mailparasaecpdocumeniodoestudante.com.br
com a mesmadocumentação
- foto3X4, documento
oficialcomRGe atestadode escolaridade - mais
ocomprovante da
inscrição
desuafamíliaaoCadastro
Único
paraProgramas
Sociaisdo GovernoFederal-CadÚnico.
O custoserá bancado
pela
entidadequeaemitire nenhumadelaspode
se recusar afazer.Essacm deveserexatamenteigual
àsoutras,tantonopadrão
visualquanto
nosprazosdeentregaevalidade.
Umjogobem
pensado
...para
A
quemnaove
o
goa/ba//é
uma
modalidade
paralímpica
pralicada
por
cegos
e
que
rerr
a
UFSC
como
reFerência
juiz apita
c não há mais nenhumsom no
ginásio.
No espaço, oúnico barulho que existe são
os sinos de dentro da
bola,
que orientam cada movimento do corpo dojogador. Após
oapito,
abolaébati da comforça
no chão e ojogo
começa.Assim é o
goa/ball,
que diferente de esportes
adaptados
é uma modalidade intei ramentepensada
eprojetada
para apessoal
com deficiência visual. O esporte foi desenvolvido em 1946 para reabilitar os soldados
da
Segunda
Guerra Mundial queperderam
a visão
durante
os confrontos. Virou modalidade
Paraolímpica
em1980
comequipes
masculinas e, em
1984,
comequipes
femininas.
Apesar
de ser pouco conhecidopelos
acadêmicos de fora do Centro de
Desportos
(CDS),
a modalidade épraticada
na UFSChá mais de 18 anos. Em 1997, os
professores
Luciano Lazares Fernandes e
Angela
Terezinha,
implementaram
o treinamento damodalidade para os membros da
Associação
Catarinensepara
Integração
doCego
(ACIC),
criando oprojeto
de extensão"Sábado
noCampus".
Além dogoa/ball,
oprojeto
minis travatreinos debasquete, atletismo, dança
eoutros
esportes
adaptados.
Poriniciativa dareitoria,
apartir
de 2000, ostreinos,
antesrealizadosnas
quadras
externas, passaramaacontecerdentro dos
ginásios
e oprojeto
setornouaberto paratodaa comunidade.
Diferente dosesportes
adaptados,
ogoa/ba//foi
inteiramenteprojetado
para pessoas comdeficiência visualTambémem 2000 o limeformadonaUFSC
participou pela primeira
vez de umacompetição regional
econseguiu
aclassificação
daequipe
feminina no campeonato nacional.Com a
intensificação
dostreinos,
os atletasforam se desenvolvendo até serem referên
cia da modalidade em Santa Catarina. Paulo Roberto Homem, um
deles,
conheceu ogoa/
ballem 2003,
após
ter abandonado o atletis mo por conta de umalesão nopé.
Com umadoença
degenerativa,
oparatleta
começou aperder
avisão aos 14 anos ehoje
fazparte
dacategoria
B2, de cegos com baixa visão.
Em 2008,
participou
daParaolirnpíada
naChina,
onde conquistou
o seu maiorobjetivo: "Sempre
tive essaambição
de participar
dejogos
internacionais. Me identifiquei
muito com ogoa/ball
e vinha fazendocompetições
boas no Brasilquando
fui convocado. Era uma coisa que eu vinha procu
rando,
e dei sorte de ser convocado para aprincipal competição
doplaneta".
A história de Paulo se destaca no time da
UFSC,
porém
não é aúnica. Aparatleta
Rosângela
CastroveioparaFlorianópolis
há 20 anos parafazer
habilitação
na ACIC. Entre os sete irmãos de suafamília,
apenas dois nãotêma visão afetada. Através do
professor
Fernandes conheceu oesportee
participa
dostreinos.
É
umadasjogadoras
mais
experientes
e em 2003foi convocada
pela seleção
brasileira parajogar
emQuebec,
Canadá. Para Rosângela,
ogoalball
é muitomaisqueumesportee gran
de parte de sua
habilitação
einserção
no convívio social vem dele: "No meu ponto devista,
ele lrabalhabastante'
com aorientação espacial,
Aequipe
da UFSCéa melhor do estadoe umadas melhores da Sul do Brasil6 DEZEMBRO115
possibilita
tu ter uma atividadefísica,
queé
superimportante
para saúde também". Ogoalball
tempapel
fundamental na vida dequem optapor
aprender
o esporte. Suaprá
ticaauxilianacoordenação,
audição, equilí
brio e
noções
de espaço dosjogadores.
O atual treinador dos
paratletas
daUFSC,Roger
LimaScherer,
está envolvido com oprojeto
"Sábado noCampus"
desde 2004, noinício da
graduação.
Quando
se interessoupelo
esporte nãosabiaexatamente o queerae tinhauma
percepção completamente
diferente da quetem
hoje.
"Cego
para mim eraaquele
cara que andava com uma
bengala
no dia a dia. Apartir
do momento que conheci o esporte, comecei a abrir um pou co mais os olhos e ver que
aquelas
pessoasapenas não
enxergavam".
Muita coisa mudou desde suaentradanoprojeto.
Buscounapsi
cologia
do esporte meios de otimizarostreinos e a
partir
dissoconstruiuogoalball
que éjogado hoje
nauniversidade. Com amudan ça dos treinospercebeu
que aequipe
passou atermaisqualidade
dejogo
equantidade
deatletas,
chegando
aganhar
campeonatos regionais
econseguindo
boascolocações
nosnacionais. No
total,
o time feminino lrouxeo ouro pra casa nos últimos sele
Jogos
Escolares
Paradesportivos
de Santa Catarina(Parajesc),
comexceção
de 2015. Em cinco dessasedições,
o masculino também voltoucampeão. Hoje
é amelhorequipe
degoalball
de Santa Catarinae umadasmelhores daregião
Sul.Em uma
comparação
maisampla,
o esporte
no Brasil está muito bemcolocado,
tendo a
equipe
masculinacomo amelhordomundo e a feminina como
segunda.
O timemasculino éoatual
campeão
doParapan,
eaequipe
femininaconseguiu
aquinta
colocação
no último campeonato.Segundo
o treinador
Scherer,
hoje
ocampeonato brasileiroé um dos mais fortes do
mundo,
"ogoalball
brasileiro é
espelho
parao mundo".®uuu
FU
eH AuU
�/4.iA
EABILITAR OS SOLDADO�
OLl SEGI
__It\IDL\ (31 'ERR
{J
ZERO
"'�i.. ·:eC.'pertm·;
Osjovens
trabalham seis horas pordia,
semequipamento deproteção
SOCIEDADE
A
naturalização
do trabalho
infantil
em
se
o
estodo
é
o
segundo
que
lem
mais
crianças
e
adolescenles
em
condiçõo
de
Irabalho;
a
siluaçõo
é
comum
torío
no
compo
quanlo
na
cidade
rêsvezes porsemana, os irmãos
Felipe*
eDíogo"
ficamsujos
decarvão
após
asseishoras detrabalho naempresa Carvão
Nobre,
sem
qualquer proteção,
em umacarvoariano interiorde
Vargern,
cidade detrêsmilhabitantes no
Oeste
catarinense,
35 km distante deCampos
Novos. Pela
cidade,
fala-sequeolocal ondeembalam os carvões
está
desativado. Até mesmoum dos dois únicos
policiais
militares do localconfirmaa
informação
equivocada.
Ogalpão
de madeira ficanosfundos dacasadoproprietário,
rodeado
porárvoresebarrancos,
às margens de umdos rios da cidade. Umalonalaranja
protegedachuvaocarvãoe a
máquina
quefechaospacotes,masdoslados do
galpão
nãoháproteção
alguma.
Otrabalho seguenormalmente,
apenasos fornos parecem desativados.
Ninguém
faz asupervisão
do trabalho dos doisadolescentes.A pessoamaispróxima
dolugar
é ofilhododonoda empresaque tem 17 anos, a mesmaidadede
Felipe,
oirmão maisvelho.Enquanto
osdoistrabalhavam,
o filho doempresário
estava dentrodecasausando
computador.
A
matéria-prima
chega
embalada em sacosplásticos
com cercadezokg,
Osmeninos ficamencarregados
defazeraclassificação
docarvão,
separando
empedaços
menores e retirando o excessodefragmentos,
além de encherospacoteselacrá-los.
Depois
colocamtudonacaçamba
deumcaminhãoparaserdistribuídoemoutras
cidades.Aolotaro
carregamento,
oexpediente
chega
aofim.Até poucotempo,
amáquina
quelacravaospacotesdava
choques.
Pararesolveroproblema,
asolução
encontrada foicolocarumamadeira como isolante. Os irmãos recebem
R$
50 por dia de trabalho. Mais do que recebiam
no cultivo de fumo:
R$
35. "Noinício,
foidifícilmeacostumar,mas
hoje
é sótomarumbanho",
conta
Felipe,
desconsiderando em seurelato osefeitosqueocontatodiretocom o
pó
do carvão causa nasviasrespiratórias.
Felipe
começou a trabalhar aos 12 anos em umaplantação
defumo,
propriedade
deumafamíliavizinha.
Ali,
aexploração
do trabalhoinfantil durouporum ano.Otrabalho demenoresde 18 anosematividades queenvolvam
esforço
fisica
intenso,
exposição
aagrotóxicos
esubstânciastóxicassão
proibidos
efazempartedalistaZERO
das
piores
formas detrabalho. Emvigor
desde 2000, o decreto N° 6-481proíbe
quecrianças
eadolescentes
estejam
envolvidos em atividadesque constamnalista. Paraogaroto,terdeixado
ofumo
pelo
carvão the pareceu umamudança
vantajosa:
trabalho menos exaustivo e um aumentono
pagamento.
Hoje,
Felipe
sonhaemter carteira assinadaetrabalharem umfrigorífico.
Porterem aulaem
período
integral,
três vezespor semana, no programaEnsino MédioInova
dor,
eles intercalamotrabalho comaescola. Os meninos não pararam aatividadeparaconver sar:tinham pressaemterminarocarregamento
antesda
chegada
do dono.Diogo,
omaisnovo emais
tímido,
começouatrabalharno anopassado e,diferentedo
irmão,
nãovêgrandes
atrativosnaescola.Não lembra maissefoi
reprovado.
Naúltimacomprade mercadoqueafamília
fez,
os meninosajudaram
comR$
290 e contam anovidadecom
orgulho.
Pormês, juntos, ganham
R$
800. Dizemquecomeçaramatrabalhar não pornecessidade,
masparaganhar
opróprio
dinheiro desdecedo eainda
conseguir ajudar
em casa.Elestêmumaexplicação
paraisso:"Quem
ajuda
a comerpode ajudar
apagar"
/
/
_c.,
'----Em
outrapropriedade,
aprodução
de carvãopode
serpercebi
da de
longe
porcausadafumaça
causadapela queima
da madeira queévista desdeaBR-282,
rodovia queliga
Florianópolis
aointe riordo estado.Comacessoporumaestradinhade terra,chega-se
àcasadeumafamília
encarregada
decolocaramadeiradentrodequatro fornos.De
lá,
são retiradosemmédia113sacosdezokg
decarvãoacada
queimada,
quedepois
são transferidosparasacos menoresde3kg.
Cada pacote évendidonomercadoporcercadeRS
5· Emmeioà mata,noaltoderunbarranco,
apergunta"quem
trabalha
aqui?"
érespondida
porJoão Jair,
38
anos, daseguinte
forma: "minhafamília". Em
seguida,
o ho-memgarante
que apenas trabalham coma� produção
opai
e ofilho,
que teria 18 anos. t:::!g O garoto voltou a estudar recentemente,
::¥
pois
o Conselho Tutelarrecebeu a denún�
ciade queeleeslavatrabalhando. PorcontaQJ
o dos
anos de
serviço
duranteaadolescência,
Vi
�
ele ainda estáno nono ano. O rendimento LLmensal da
família,
de seis pessoas, sem osbenefíciossociais dogoverno, é de
RS
1.300. Odonodaempresaconvenccujaír
asairdoParaná,
ondeproduzia
carvão há12 anos,etrabalhar,
semcarteiraassinada,
naVargern,
emtrocadeR$
20pelo
metrodemadeira,
e uma casaparamorar comsuafamilia.Aconselheira tutelarde
Vargern,
Marivane
Nazário,
relata queo único caso de denúncia de trabalho infantil em que atuou
foiem
relação
a ummeninode13anos quepassava veneno nas madeiras da Serraria
da cidade. "Setem
criança trabalhando,
osvizinhos
ligam
nahora. Todos têmmedo doConselhoTutelarecostumam acatar"."Mas umacoisaé trabalho
infantil,
outraéexploração
ouescravidão. Oproblema
éo trabalhoque acontecemediante
apanhar",
amenizando o casoda Serraria,
onde nãoenxergaaexploração.
Paraoprocurador-chefe
doMinistério Público do Trabalho de Santa Catarinaé considerado trabalho infantil
quando
"acriança
começaaproduzir
paraafamíliaouparaquem empregae não
quando acompanha
alguém
paraver comoé feito".Oprocurador
também afirma queemca sas detrabalhoirregular
o Ministério Público retira ascrianças
e encaminha paraprojetos
sociais. O MPinstauraumainvestigação
para apurar os fatos. Nas ruas dacidade,
paramosjovens
para conversar sobre suas
experiências
com o trabalho. Todosrelataramterem
começado
atrabalharantes dos18anos,muitosjá
aos14.Aprimeira
função geralmente
énalavoura de fumoou naconstrução
civil. Todos os relatos fazem referênciaaganhos
menores que run saláriomínimo,
informais e comjornadas
de trabalhointegrais.
Nãoé apenasnas zonasruraisqueotrabalhoinfantilnãoéuma
exceção.
Nazonaruralde
Campos
Novos, askm
damargemdaBR-282,OS
NÚMEROS
DO
fRABAlHO
INFANTIL NO BRASIL VINHAM
DIMINUINDO NOS
ÚlTIMOS
ANOS,
MAS AUMENTARAM
QUASE
lOOJo EM
2014
8· DEZEMBRO115
+
moramduas famíliasque seguemomodelo de
agricultura
familiar,
predominante
no estado deSanta Catarina..Jennifer*
éfilhade dois
produtores
de leite.Afamíliavendeparaaempresa Tirole sãolevados
pela
marca delaticínios cercade seismillitros dolíquido
pormês.Ameninaquehoje
tem11anos,começouaajudar
afamíliaaosoito. Vaiparaaescolanoperíodo
da manhãeàtardeajuda
na ordenha dasvacas-o trabalhotem queserfeito duas
vezes ao
dia;
apressão
do acúmulo doleitepode
causarmastitenos animais.
Quando ajuda
afamilia,
formadapela avó,
amãegrávida
e opai,
fazumpoucodetudo. Auxilianaordenha,
naalimentação
das vacas e dos bezerrose nalimpeza
do estábulo. Oprimo
dejennifer
éapessoacomaidade maispróxima
da meninanasredondezas.Emerson*, 15anos,
ajuda
afamíliadesdeos seteanos.Antes,os
pais
dogaroto
tambémproduziam leite,
mas,com oaumentodasexigências
para vendadoproduto, migraram
paraa
criação
degado.
"Agora
com ogado
ésossegado,
anteseramui
to cansativo.Tirar leitedói ascostas, tem que ficar abaixadopor bastante
tempo",
contaogaroto.Em
novembro,
oInstituto Brasileiro deGeografia
e Estatística(IBGE) divulgou
aPesquisa
Nacional por Amostrade Domicílios(Pnad),
quetodoanodesenvolveumestudo sobreacondição
econômica c social dos brasileiros.Osnúmeros do trabalho infantil estavamdiminuindonaúltima
década,
mas em2014aquantidade
de
crianças
expostasaessacondição
aumentouquase10%.A pesquisa
aindamostraqueaidade média dascrianças
é decincoa13"CRIANÇAS
E:M
UM
CONTEXTO
DE
EXPLORAÇÃO
DA
FAMíLIA,
JNDE
A
TRADiÇÃO
DO TRABALHO
3E MISTURA COM AS FORMAS
CAPITALISTAS DE
PRODUÇÃO"
anos e,
normalmente,
elas ficam mais de 1-1-horas trabalhando.SantaCatarinaficouna
segunda posição
entreosestadosquetêmcrianças
e adolescentes de 5 a17 <fiOS emsituação
detrabalho,
atrásapenasdo Piauí.
Uma das causas do aumento do trabalho infantil
pode
ser acrise econômicaemqueo
pais
seencontraeconsequentemente, aqueda
narenda dealgumas
famílias.Soraya
Franzoni Condeéfilhademãe baia-friae desenvolve estudos sobreotrabalho in
fantilnocampo. "Dadoocenárioda crise ea
pressão
paraqueogoverno pagueadívida
pública,
através dadiminuição
de gastos comasaúde,
comeducação
ecomaáreasocial,
nósleremosmaiscrianças trabalhando,
porque°corteemprogramassociais,
semdúvida
nenhuma,
repercutesobre isso.Então,
se o dinheiropara escolaemtempointegral
vaidiminuir,
se odinheiroparaosprogramas sociais vão
diminuir,
isso vairepercutir
emvárias questões
sociais,
entre asquais
seencontram o trabalho infan
til",
afirmaapesquisadora.
Apesar
de90escolasteremsido fechadasano
passado
naárearuralemSanta
Catarina,
um dado que contrasta com essasituação
é a de que96%
das
crianças
que trabalhamtambém estão estudando.
"Emboraaescola nãodêconta
de acabar com otrabalhoin
fantil,
porquequando
acrian ça sai daescola,
seprecisar,
ela continua trabalhando no
final de semana c nas férias
escolares,
agente sabe que otempo
que acriança
estánaescola elanão estátrabalhando.Então,
dequalquer
forma,
mesmo quenãodê conta de acabarcom oproblema,
aescola diminui consíderavelmenteo
trabalho
infantil",
explica Soraya.
O Centro de
Educação
eEvageli-
,.� ,zação Popular (CEDEP),
é uma organização
nãogovernamental
que ;.atendecercade370
crianças
eado lcscentes emvulnerabilidade socialnobairro do Monte
Cristo,
emFlorianópolis.
Os adolescentespartici
pam de atividades educacionaisnocontraturno escolar. Elas vão para
aescolaem run
período,
e nooutro fazem atividadespromovidas
pelo
CEDEP.Ascrianças
possuem entre 5e15anosesãode
vários bairrosdacidade,
mas as que têmprioridade
sãoasquevivemnacomunidadedo
Monte Cristo. MônicaVieiraCabral trabalha no setor de
serviço
socialdaONGegarantequeaideia ele que
a
criança
é um pequeno adulto nacapital
do estado étão forte quantonointerior.
"Otrabalho infantiléumacultura mesmo da
cidade,
não só dointe rior.Agenteseengana. Nointerior,
já
temaquela
ideiapreconcebida.
Os filhos são feitos para trabalhar
na lavoura e
ajudar
no sustento.Aqui criança
é babá e assim deixadeirparaaescolae no
projeto
para cuidar dos irmãos. Nacomunídade,
acontece isso com99%
das nossascrianças.
Eles tambémajudam
ospais
embar,
naconstrução
civil. Ea
gente
tem quenegociar
com asfamílias,
porqueé uma culturaquenão dá pra romper
simplesmente.
Temosumcontrole defaltas,
quan doelescomeçamanão compareceràs atividades
aqui,
já
começamos aligar
paraver o queestáacontecendo",
contaMônica.Júlia*
de11anos,éumexemplo
dealgumas
das meninas que moramna comunidade do Monte Cristoe que desde cedorealizam boa
parte dos
serviços
domésticos.Participar
das oficinas oferecidaspelo
CEDEPejogar
futebolcom asamigas
são duasdasatividadespreferidas
dapré-adolescente.
Frequentemente
reclamaquando
é
obrigada
a deixar de iràONGpara cuidar da irmã maisnova.Apesar disso,
Júlia
entendequeaajuda
quedáàmãeé necessária. Tanto membros do CEDEP quanto outras pessoas da comunidade denunciam casos de trabalho infantil na
região
ao Conselho Tutelar. Sefor
confirmado,
ascrianças
são direcionadasaoPrograma
deErradicação
do TrabalhoInfantildeFlorianópolis,
oPETI,querealizahá15anosoatendimento às famíliasnestasitu
ação.
Oprincipal
desafiodo programa éaidentificação
doscasos."Asfamílias têm dificuldadesdeentendimentoe anecessidadede
consumodos
jovens
dificultatudo",
afirmaaassistentesocialIsabella
Régis
daSilva,
coordenadora do PETI deFlorianópolis.
Hoje
oprogramatemidentífícadas 190
crianças
que trabalhamem comércios
familiares, ambulantes,
serviços
domésticos c construção
civil.Na
periferia
dePalhoça,
naGrandeFlorianópolis,
todasascinco filhasdafaxineira
Odete,
')1anos, foramensinadas a
trabalhar,
acompanhando
amãenascasas.fazendoos
serviços
domésticose.
principalmente,
cuidando elas irmãsmaisnovas. :\Iesl110queomaridode Odele
ajudasse
nos afazeresdomésticos,
o casaltrabalhavao diainteiro enão linhaaquem
recorrer para cuidar das
crianças.
Alémda
justiíicativa
sobre anecessidade,
Odete-_
1 - Amadeira é retirada da
mata
próxima
dapropriedade
2- Os
fornos são vedados parao
fogo
seapagar sozinho3- O carvão
passa poruma
peneira
queseparafragmentos
epó
4
-Após
serem lacrados,ospacotesvão paradistibuição
acredita queera
positivo
paraas meninasaprender
atrabalharcedo."Eu não sabiaseelasiamcasar e comquem.Teriamque tra
balhar,
entãoomelhoreraqueaprendessem
oquantoantes". Ne nhumadasfilhaschegou
aoEnsinoMédio.Amaisvelha, hoje
com32 anos,
engravidou quando
estavana8asérieeparoude ectudar, Apesquisadora
So:�ya
Fr1zoni
afirma_que
ho�e .não
�á
nenhum
agricultor
familiarno Estado que nao esteja inserido nomercado
capitalista.
"Afamília
tem queproduzir
apreços superbaratosparao uso em
quantidades
maiores. Nissoentraotrabalho da
criança
dentro dapropriedade
agrícola
familiar.Então,
oquevocêtem,
crianças
em umcontextodeexploração
dafamília,
onde a
tradição
dotrabalhopela experiência
semistura com asformas
capitalistas
eleprodução
naatualidade"®*Osnomesdos entreiistados
[oram
alterados**Entramos
cmcantatacom acarvoariaenão iicemosresposta
'NO
INíCIO
FOI
DIFíCil
ME
ACOSTUMAR. MAS HOJE EM
I