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Fragilidade ambiental e dinâmica socioterritorial no município São Sebastião (SP)

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Academic year: 2021

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MAICO DIEGO MACHADO

FRAGILIDADE AMBIENTAL E DINÂMICA SOCIOTERRITORIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO (SP)

CAMPINAS 2017

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FRAGILIDADE AMBIENTAL E DINÂMICA SOCIOTERRITORIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO (SP)

TESE DE DOUTORADO APRESENTADA AO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PARA OBTENÇÃO DE TÍTULO DE DOUTOR EM GEOGRAFIA NA ÁREA DE ANÁLISE AMBIENTAL E DINÂMICA TERRITORIAL

ORIENTADOR: PROF. DR. ANTONIO CARLOS VITTE

ESTE EXMPLAR CORRESPONDE A VERSÃO FINAL DEFENDIDA PELO ALUNO MAICO DIEGO MACHADO E ORIENTADO PELO PROF. ANTONIO CARLOS VITTE

CAMPINAS, 2017

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Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Geociências Cássia Raquel da Silva - CRB 8/5752

Machado, Maico Diego,

M18f MacFragilidade ambiental e dinâmica socioterritorial no município São Sebastião (SP) / Maico Diego Machado. – Campinas, SP : [s.n.], 2017.

MacOrientador: Antonio Carlos Vitte.

MacTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências.

Mac1. Vulnerabilidade ambiental. 2. Vulnerabilidade social. 3. Geografia urbana. 4. Espaço geográfico - São Sebastião (SP). I. Vitte, Antonio

Carlos,1962-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Geociências. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Environmental fragility and socioterritorial dynamics in the municipality of São Sebastião (SP)

Palavras-chave em inglês: Environmental vulnerability Social vulnerability

Urban geography

Geographical space - São Sebastião (SP)

Área de concentração: Análise Ambiental e Dinâmica Territorial Titulação: Doutor em Geografia

Banca examinadora:

Antonio Carlos Vitte [Orientador] Jurandyr Luciano Sanches Ross Salvador Carpi Júnior

Mariana Ferreira Cisotto

Carlos Francisco Gerencsez Geraldino Data de defesa: 21-06-2017

Programa de Pós-Graduação: Geografia

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AUTOR: Maico Diego Machado

“Fragilidade ambiental e dinâmica sócioterritorial no munícipio de São Sebastião (SP)

ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Carlos Vitte

Aprovado em: 21 / 06 / 2017

EXAMINADORES:

Prof. Dr. Antonio Carlos Vitte - Presidente Prof. Dr. Jurandyr Luciano Sanches Ross Prof. Dr. Salvador Carpi Junior

Prof. Dr. Carlos Francisco Gerencsez Geraldino Profa. Dra. Mariana Ferreira Cisotto

A Ata de Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno.

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Dedico este texto a minha amada esposa Bruna, a meus pais Elídio e Lenir, meus irmãos e sobrinhos. Minha família, minha história.

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capacidade de entender a sociedade e, a partir dela, propor novas formas de pensar e agir. Peço licença ao leitor para apresentar a trilha percorrida até aqui por este humilde autor.

Nascido na pequena e pacata Grandes Rios no norte do estado do Paraná, filho de Elídio Machado e Lenir Paz Machado e irmão de José Evandro Machado e Douglas Machado, família de trabalhadores rurais, migro para o estado de São Paulo um ano e dois meses após respirar o ar deste mundo. Em 1990 meus pais se estabelecem na zona rural do Município de Engenheiro Coelho/SP. Ali, pude experimentar o que havia de mais rico na vivência rural: o contato com a natureza, com os animais, o ritmo de vida e a busca por dias melhores. Cresci, e então, já vivendo em outro município, Artur Nogueira, ainda na zona rural, passei a experimentar algo de fascinante, a escola. Para mim a escola era momento de alegria, de encontro e até mesmo de poder comer coisas diferentes, dias difíceis. A pré-escola e escola primária foram superadas e o Ensino Fundamental chegou.

Passei a frequentar a Ensino Fundamental sempre com um pensamento marcante: preciso ter autonomia. Meu pai estimulava a formação de seus filhos como excelentes trabalhadores nos serviços rurais: colheita, carpina, plantio, seva de animais, organização, resistência, conhecimento tácito etc. Talvez ele fizesse isso pensando nas necessidades da família, contudo, formava o caráter e a educação de seus filhos. Todos frequentavam a escola, pública, mas, sempre exigidos pelos melhores resultados.

No Ensino Médio, ainda como trabalhador rural, passei a buscar os meios que me levassem a ter uma possibilidade de acesso a Universidade Pública, cheguei a ela. Continuei como trabalhador rural até meu terceiro ano de graduação quando, apoiado por meus pais, passei a me dedicar exclusivamente aos estudos. Iniciação Científica, TCC, Eventos Científicos, Trabalhos de Campo, uma rotina prazerosa e fundamental para a formação do pesquisador em Geografia.

Não há como não registrar a marca de meus pais em minha trajetória, posso dizer com todas as palavras que, meus pais são os responsáveis pelo aquilo que sou.

Concluída a graduação vem o anseio de fazer dos estudos algo ainda mais profundo em minha vida. Ingresso no mestrado sob a orientação do querido professor Vitte. Esta parceria me possibilitou experimentar de momentos importantes em minha formação acadêmica. Agradeço imensamente a oportunidade e os conselhos nos momentos de dúvida e

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Durante o mestrado, duas grandes mudanças surgem em minha vida. Conheço minha esposa Bruna e passo a lecionar em uma das maiores escolas da cidade de Campinas. Bruna e eu nos conhecemos na Unicamp e dois anos e meio após o início de nossa relação já estávamos no altar trocando alianças (momento de muita organização e alegria), momento que jamais irei me esquecer. Hoje, casados, somos muito felizes e buscamos a cada dia aprender com o mundo para poder ampliar nossa felicidade em todos os meios possíveis. A segunda grade mudança começa a se desenhar em meu trabalho no mês de abril de 2016. Com a alteração da estrutura administrativa da Rede de Ensino e da Escola onde trabalho, surge a indicação de meu nome para a Coordenação Pedagógica do Ensino Fundamental II, fato que se confirma no mês de julho do mesmo ano. A dedicação a este cargo provoca profundas mudanças em minha vida pessoal e profissional e mexe com o futuro de minha família.

Toda esta história até aqui contada se cruza com este momento em minha vida. A pós-graduação me trouxe oportunidades incríveis e minha formação e atuação profissional meu colocam em um posto de autonomia e destaque. Tudo isso não foram conquistas isoladas ou acasos do destino, são resultados do processo de formação que meus pais me propuseram dentro de suas limitações. Por isso, o meu muito obrigado.

Agradeço o carinho de meus amigos e companheiros de pesquisa, sem citar nomes para não deixar mágoas. Agradeço as maravilhosas Val e Gorete pelo apoio e carinho na condução de suas responsabilidades. Aos membros das bancas de qualificação, Prof. Dr. Jurandyr Luciano Sanches Ross e Dr. Salvador Carpi Junior pelas orientações, elucidações e dicas para a melhora da pesquisa então indicada para doutoramento direto.

Por fim, agradeço e a Deus por me dar a coragem e a fé capazes de me mover diante dos desafios da vida.

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Dominar o espaço ou estar submetido a ele é uma mercadoria de valor elevado no mercado terras, seja urbano ou rural. A expansão das cidades e dos espaços de produção agrícola demanda por reestruturações sociais que resultam em sujeitos submetidos a situações de vulnerabilidade e/ou risco. Neste estudo, defende-se como tese que as áreas ambientalmente frágeis são associadas a ocupações urbanas direcionadas à segmentos vulneráveis da população e esta dinâmica possui condutores que assumem seus papéis sem hesitação: mercado de terras ativo e o estado ausente e/ou complacente com o mercado. Como objetivo geral, a identificação destas áreas de maior fragilidade a partir de uma proposta de análise e mapeamento associando estes espaços a informações sobre a vulnerabilidade social apresentada pela população residente a partir do Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS). Como objeto de, o município de São Sebastião no litoral norte de São Paulo, instiga a pesquisa sobre o tema em razão da diversidade de investimentos previstos para seu futuro próximo e de que forma isso impactará na re(produção) do espaço no território municipal. No desenvolvimento da pesquisa identificou-se a necessidade de selecionar um segmento deste território para maior detalhamento do processo de investigação. Os questionamentos e as hipóteses testados conduziram ao entendimento de que o processo de produção do espaço urbano de São Sebastião, em razão de sua dinâmica socioterritorial, expõem a parcela mais vulnerável de sua população a condição de habitar espaços ambientalmente frágeis gerando situações de risco. As mudanças na dinâmica de oferta de emprego e serviços associadas a ampliação da capacidade de movimentação do Complexo Portuário servem de motor para a consolidação de áreas de risco e expõem a necessidade de se repensar a forma como a ocupação urbana de todo o município deve ser conduzida a fim de atender as peculiaridades e ofertar melhores condições de habitar os espaços sem que se comprometam as características naturais (balneabilidade das praias e proteção ao Parque Estadual da Serra do Mar) ao mesmo tempo que seja oferecida uma infraestrutura básica para seus moradores e turistas.

Palavras-chave: Fragilidade ambiental, Vulnerabilidade social, Dinâmica socioterritorial, Produção do espaço, São Sebastião.

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Mastering the space or being subjected to it is a commodity of high value in the land market, whether urban or rural. The expansion of cities and agricultural production spaces demands social restructuring that results in subjects subjected to situations of vulnerability and / or risk. In this study, it is argued that environmentally fragile areas are associated with urban occupations directed to vulnerable segments of the population and this dynamic has conductors who take their roles without hesitation: active land market and the state absent and / or complacent with the Marketplace. As a general objective, an area of greater vulnerability from a proposal of analysis and mapping to associate these spaces with information on social vulnerability presented by the resident population from the São Paulo Social Vulnerability Index (IPVS). As an object, the municipality of São Sebastião on the north coast of São Paulo instigates research on the subject because of the diversity of institutes predicted for its near future and how this will impact on the re (production) of space in the municipal territory. In the development of the research, it was identified the need to select a segment of this territory to further detail the research process. The questions and hypotheses tested lead to the understanding that the process of production of the urban space of São Sebastião, due to its socio-territorial dynamics, exposes the most vulnerable part of its population to the condition of inhabiting environmentally fragile spaces generating risk situations. The changes in the dynamics of the supply of employment and services associated with the expansion of the Port Complex's capacity to move serve as a motor for the consolidation of risk areas and exposes the need to represent how the urban occupation of the whole municipality should be conducted In order to meet the requirements and offer better conditions to inhabit the spaces without compromising the natural characteristics (bathing beaches and protection to the Parque Estadual da Serra do Mar) while offering a basic infrastructure for its residents and tourists

Keywords: Environmental fragility, Social vulnerability, Socio-Territorial dynamics, Production of space, São Sebastião.

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ambientais ...32 Figura.3.1: Zonas Costeira e Oceânicas do Brasil ...62 Figura.3.2: Áreas Urbanizadas nos Municípios Costeiros ...64 Figura.3.3: Organograma Administrativo da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e LitoralNorte ...71 Figura.3.4: Contorno Sul do Projeto Nova Tamoios. Ligando os municípios de Caraguatatuba e São Sebastião por um traçado interior associado a um sistema de túneis ...81 Figura.3.5: Imagem aérea das instalações do Porto de São Sebastião em 1960 ...82 Figura.3.6: O Porto, as Futuras instalações da Petrobrás e o Centro de São Sebastião em 1960. ...83 Figura.3.7: Localização da Alternativa 3, aprovada como projeto de ampliação do TEBAR ...84 Figura.3.8: Traçado do Contorno Sul chegando ao Bairro Topolândia. Objetivo deste traçado é atender as demandas da ampliação do Porto Organizado de São Sebastião ...85 Figura.3.9: Ponto de chegada das obras do Contorno Sul no Bairro da Topolândia. Moradias em processo de desocupação. Moradores do entorno relatam sobre rachaduras e quedas de barreira em suas casas causados pelas explosões ...86 Figura.3.10: Obras de nova Avenida no Bairro da Enseada ...87 Figura.3.11: Desmonte de vertente para início de túnel no Bairro da Enseada ...87 Figura.3.12: Desmonte de vertente para saída de túnel no Bairro de São Francisco da Praia ...87 Figura.3.13: Matriz de São Sebastião – 1906 ...90 Figura.3.14: Matriz de São Sebastião – 2013 ...91

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Figura.4.3: Enchente no Bairro de Boiçucanga. Destaque para a ocupação das margens do canal ...116 Figura.4.4: Rio Boiçucanga um ano após a enchente. A ocupação das margens persiste ...117 Figura.4.5: Praia Barra do Saí (Maresias/Costa Sul). Encaixada entre formações cristalinas (morros litorâneos) ...120 Figura.4.6: Tentativa de estabilização de vertente no Bairro Barra do Saí, após escorregamento no início do outono de 2014 ...131 Figura.4.7: Erosão em corte da rodovia Rio-Santos (SP-55/BR-101), entre os Bairros de Toque-Toque Grande e Pontal de Cruz ...131 Figura.4.8: Marca de escorregamento em vertente no Bairro Barra do Sahy ...132 Figura.4.9: Cicatrizes de processos erosivos em vertente no Bairro Toque-Toque Pequeno ...132 Figura.4.10: Marcas de erosão em vertente no Bairro Toque-Toque Grande ...133 Figura.4.11: Cicatriz de escorregamento no Bairro Barra do Sahy ...133 Figura.4.12: Cicatriz de escorregamento que interditou totalmente a Escola Municipal Professora Nair Ribeiro de Almeida no Bairro de Juquehy ...134 Figura.4.13: Ocupação de encosta no Bairro São Francisco da Praia ...135 Figura.4.14: Produtos Imobiliários na Costa Sul de São Sebastião ...156 Figura.4.15: Bacia do Córrego Mãe Izabel representada no esboço do Sítio Urbano de São Sebastião em 1971 ...158 Figura.4.16: Vista panorâmica da Bacia do Córrego Mãe Izabel ...162 Figura.4.17: Detalhe da ocupação urbana ...162

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Figura.5.2: Avanço da urbanização sobre a vertente a nordeste na bacia ...165 Figura.5.3: Extremidade da ocupação urbana às margens do limite do Parque Estadual da Serra do Mar na Topolândia ...165 Figura.5.4: Dinâmica de ocupação urbana em vertente na Bacia do Córrego Mãe Izabel: destaque para a oferta de terrenos a casas além da precariedade das moradias nos limites da ocupação ...169 Figura.5.5: Exemplos do processo de ocupação urbana das áreas periféricas na bacia ...174 Figura.5.6: Baixa bacia do Córrego Mãe Izabel e o complexo se armazenamento do Petrobrás ...175

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Mapa 3.2: Macrometrópole Paulista e suas unidades territoriais ...72

Mapa.3.3: Localização de São Sebastião ...89

Mapa.3.4: Bairros de São Sebastião subdivididos dentro do três Distritos de Governo do Município – em destaque a área central onde se localiza o Complexo Portuário (Porto Organizado + TEBAR) ...100

Mapa.4.1: A geologia de São Sebastião ...105

Mapa.4.2: Hipsometria do estado de São Paulo ...107

Mapa.4.3. Hipsometria de São Sebastião ...108

Mapa.4.4: Planoaltimetria básica de São Sebastião ...111

Mapa.4.5: Distribuição das isoietas totais trimestrais de chuva entre 1977 e 2006 ...115

Mapa.4.6: Compartimentos de relevo de São Sebastião ...119

Mapa.4.7: Clinografia/Declividade em São Sebastião ...123

Mapa.4.8: Solos em São Sebastião ...127

Mapa.4.9: Mapeamento da Suscetibilidade a movimentos de massa e inundação em São Sebastião .129 Mapa.4.10: Uso e cobertura da terra em São Sebastião ...137

Mapa.4.11: Mosaico Temático sobre o esgotamento sanitário de São Sebastião segundo dados do Censo 2010 ...141

Mapa.4.12: Praias monitoradas pelo relatório anual de balneabilidade da CETESB ...146

Mapa.4.13: IPVS-2010 em São Sebastião ...152

Mapa.4.14: Parque Estadual da Serra do Mar e a mancha urbana de São Sebastião ...155

Mapa.4.15: Carta Hipsométrica da Bacia do Córrego Mãe Izabel ...161

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...170 Mapa.5.4: Classificação dos setores censitários pelo IPVS na Bacia do Córrego Mãe Izabel ...173 Mapa.5.5: Identificação das áreas sobre risco socioambiental na Bacia do Córrego Mãe Izabel ...178

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Tabela.1.2: Classificação das unidades de fragilidade ...42

Tabela.1.3: Graus de Fragilidade quanto ao grau de urbanização ...45

Tabela.3.1: Comportamento do percentual de habitantes na Zona Costeira – 2010- a partir de classes de municípios ...65

Tabela.3.2: Municípios da Zona Costeira segundo população – 2010 ...66

Tabela.3.3: Produto Interno Bruto municipal para os anos de 2000, 2010 e 2014 ...74

Tabela.3.4: Variação na participação do PIB estadual para os Municípios do Litoral Norte ..75

Tabela.3.5: Taxa de crescimento populacional entre as décadas de 1980 e 2000 para os municípios do Litoral Norte ...77

Tabela.3.6: População e taxa de crescimento entre 2000 e 2010 para os municípios do Litoral Norte ...79

Tabela.3.7: Variação percentual do Grau de Urbanização dos municípios do Litoral Norte entre os anos de 2000 e 2010 ...79

Tabela.3.8: População de São Sebastião entre 1766 e 2014 ...94

Tabela.3.9: Taxa de crescimento populacional entre os períodos de dados ...95

Tabela.4.1: Dados de precipitação e temperatura em São Sebastião para o ano de 2013 ...113

Tabela.4.2: Áreas das unidades de relevo de São Sebastião ...121

Tabela.4.3: Dados sobre o tratamento do esgoto coletado em São Sebastião ...142

Tabela.4.4: Praias monitoradas pelo Relatório Anual de Qualidade das Praias Litorâneas do estado de São Paulo ...147

Tabela.4.5: Percentuais de cada classe de Balneabilidade entre 2003 e 2015 ...148

Tabela.4.6: População em Vulnerabilidade Alta para cada distrito administrativo de São Sebastião ...153

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Quadro.1.2: Dados absolutos e percentuais do IPVS/2010 para o estado de São Paulo ...37

Quadro.1.3: Intervalos de declividade e categorias hierárquicas de fragilidade para o tema ..43

Quadro.1.4: Classes de fragilidade a partir da declividade das vertentes ...44

Quadro.1.5: Classes de fragilidade ambiental dos solos ...44

Quadro.1.6: Hierarquia da fragilidade conforme o índice pluviométrico ...46

Quadro.2.1: Quadro Síntese dos mapas em escala municipal ...56

Quadro.2.2: Quadro síntese dos mapeamentos em escala de detalhe ...57

Quadro 3.1: Classificação do REGIC para os municípios do Litoral Norte ...73

Quadro.4.1: Classes de Declividade com Características de Relevo e Uso ...124

Quadro.4.2: Solos encontrados em São Sebastião ...126

Quadro.4.3: Percentual de cada tipo de esgotamento sanitário por bairros em São Sebastião ...139

Quadro.4.4: Composição do Indicador de Coleta e Tratabilidade de Esgoto da População Urbana de Município – ICTEM ...143

Quadro.4.5: IPVS de São Sebastião em comparação com o estado de São Paulo ...149

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Gráfico.3.1: Distribuição dos municípios brasileiros segundo população – 2010 ...67

Gráfico.3.2: Distribuição dos municípios da Zona Costeira brasileira segundo população – 2010 ...67

Gráfico.3.3: Percentual de municípios em razão do intervalo populacional para o Brasil e sua Zona Costeira – 2010 ...68

Gráfico.3.4: Distribuição do percentual de participação municipal no PIB do Litoral Norte ...75

Gráfico.3.5: População Absoluta de São Sebastião entre 1766 e 2014 ...95

Gráfico.3.6: Comportamento da taxa de crescimento populacional entre os intervalos de dados ...96

Gráfico.4.1: Climograma de São Sebastião para o ano de 2013 ...113

Gráfico.4.2: ICTEM de São Sebastião ...144

Gráfico.4.3: Comportamento das classes de balneabilidade ...148

Gráfico.4.4: IPVS de São Sebastião e São Paulo em plano comparativo ...150

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1. O SOCIAL E O AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO E NA GESTÃO DOS ESPAÇOS ..

... 28

1.1. Planejamento Ambiental ... 31

1.2. Vulnerabilidade Social ... 33

1.3. Fragilidade Ambiental ... 38

1.4. Por que planejar ambientalmente o uso social/racional dos espaços e seus recursos? . 46 2. UMA PROPOSTA DE ANÁLISE DAS RELAÇÕES ESPACIAIS ENTRE VULNERABILIDADE SOCIAL E FRAGILIDADE AMBIENTAL ... 49

2.1. A superfície terrestre como um sistema/um mosaico de sistemas ... 49

2.2. Procedimentos e Técnicas Operacionais ... 53

2.2.1. Pesquisa Bibliográfica ... 54

2.2.2. Elaboração e/ou compilação dos produtos cartográficos ... 55

2.2.3. Levantamento de Campo ... 58

2.2.4. Correlação e análise das relações entre vulnerabilidade social e fragilidade ambiental ... 59

3. A DINÂMICA DE OCUPAÇÃO DO LITORAL: DO NACIONAL AO LOCAL ... 60

3.1. A Zona Costeira Brasileira ... 60

3.1.1. A urbanização na Zona Costeira ... 63

3.2. O Litoral Norte do estado de São Paulo ... 68

3.2.1.População e Urbanização ... 76

3.2.2. O Porto Organizado de São Sebastião e o Terminal Aquaviário Almirante Barroso (TEBAR) ... 81

3.3. O Município de São Sebastião: Aspectos Históricos e Socioespaciais ... 88

3.3.1. Histórico de Ocupação: das sesmarias ao complexo portuário ... 90

3.3.2. Histórico de Ocupação: demografia, habitação, turismo e segundas residências ... 94

4. O MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO: ASPECTOS FÍSICOS-GEOGRÁFICOS ... 103

4.1. Caracterização Física: Geologia ... 103

4.2. Caracterização Física: Planoaltimetria, Hipsometria e Hidrografia ... 106

4.3. Caracterização Física: Clima e Pluviometria ... 112

4.4 Caracterização Física: Geomorfologia ... 117

4.5 Caracterização Física: Terreno e Declividade ... 122

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4.8.1 Uso e cobertura da terra em São Sebastião ... 136

4.8.2 A Análise dos Serviços de Saneamento Básico como demonstrativo de perda da qualidade ambiental... 138

4.8.3 A Balneabilidade das Praias como Identificador de Processos de Degradação Associados e Dinâmica de Ocupação... 144

4.8.4 O Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) ... 149

4.8.5 O Parque Estadual da Serra do Mar e a Urbanização em São Sebastião ... 154

4.8.6. A Bacia do Córrego Mãe Izabel: o Bairro da Topolândia e imediações ... 157

5. A BACIA DO CÓRREGO MÃE IZABEL: ANÁLISE SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE FRAGILIADE AMBIENTAL E VULNERABILIDADE SOCIAL ... 163

5.1. A Fragilidade Ambiental ... 163

5.2. A Vulnerabilidade Social ... 171

5.3. Riscos Socioambientais: relações espaciais entre a vulnerabilidade social e a fragilidade ambiental ... 177

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 178

BIBLIOGRAFIA ... 183

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INTRODUÇÃO Pierre George (1970) ao escrever sobre a “Ação do Homem” (L’Action Humaine) definiu que a Geografia é a Ciência que estuda a “dinâmica do espaço humanizado”. Para George (op. cit), a existência humana não é uma negativa sobre a existência de um “espaço não organizado” – a natureza. A sociedade é quem realiza a organização deste espaço lhe dando funções, soberanias, valores, usos e tantas outras nomenclaturas. A este espaço, a Geografia apresenta teorias, categorias e conceitos, segmentos em correntes, todas com um objetivo comum: “encontrar as categorias de análise que nos permitem o seu conhecimento sistemático, isto é, a possibilidade de propor uma análise e uma síntese cujos elementos constituintes sejam os mesmos (SANTOS, 2012, p.29).

Portanto, cabe a Geografia elucidar as relações e composição que fazem do espaço geográfico seu objeto de estudo. Cabe ressaltar que, para além de ser considerado um conjunto de formas e funções indissociáveis (SANTOS, 2012), a dinâmica de existência do espaço requer um olhar atento a complexidade de seus componentes e suas interações. Em resumo, não basta assumir que o espaço existe, é preciso explorar sua composição para entender suas nuances. George (1970), afirmou que estas nuances definiriam as características regionais e culturais dos espaços humanizados, numa interpretação embasada no conceito de “gênero de vida”.

Não se pretende, com esta tese, propor uma discussão epistêmica sobre como a Geografia vivenciou sua formação conceitual, separando, unindo e/ou separando novamente, a natureza da sociedade (o natural do humano). Pretende-se abordar sistematicamente a funcionalidade do espaço geográfico e suas componentes em um determinado segmento deste espaço. Este sistema é definido por um conjunto de elementos que se relacionam e formam uma unidade espacial - um conjunto de componentes agrupados de acordo com as relações diretas, um complexo organizado, formado pela combinação de objetos ou partes. Um sistema pode deixar de existir se suas componentes não mais se relacionarem ou mudarem de composição quebrando as interligações (RODRIGUEZ; SILVA, 2013).

O espaço, em seus sistemas, é resultante de interferências humanas combinadas às dinâmicas naturais. Não há como negar que a natureza interfere na estruturação do espaço geográfico. Segmentos do espaço são considerados inabitados por condições naturais, contudo, podem ser explorados de outras formas. Da mesma forma que componentes internos das sociedades podem definir de que forma um dado espaço considerado de baixo “atrativo” será consumido pela sociedade. Esta é uma lógica que conduz os processos de produção das

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cidades. Os espaços são designados para segmentos e estrados da sociedade conforme suas condições naturais, o potencial de aplicação de tecnologias de ocupação (técnicas de construção civil), potencial de consumo da população e infraestrutura instalada. As cidades são modeladas conforme os processos de demanda e consumo que são regulados pelo Estado e pelo setor imobiliário.

Afirma-se que o espaço geográfico apresenta identidades, que os fenômenos são únicos, podendo haver repetições, única e exclusivamente, pele padrão de formas de combinações que se reproduzem de forma semelhante em razão da homogeneidade proposta pelo sistema econômico em vigor (DOLLFUS, 1982). A evolução dos tempos demonstra que as sociedades tecnificam-se, humanamente mais complexas, demandando por maiores intervenções no meio natural para suprir suas demandas e, este meio, a depender de sua dinâmica e estrutura, pode ser ou se tornar mais ou menos frágil (DOLLFUS, 1973).

A condição e/ou a natureza desta fragilidade é fator determinante na identificação dos espaços cuja capacidade de exploração e suporte possam ser tornadas condição de uso. A este olhar, submete-se os espaços litorâneo e toda sua complexidade morfológica. A diversidade das formas, dos materiais e a interação com a dinâmica marinha resultam em paisagens diversas que possuem na metamorfose dos processos sua principal característica. No Brasil, acrescenta-se, com histórica intensidade, a ocupação urbana.

O litoral brasileiro vivenciou grandes ciclos da economia do pais dando a aldeias, localidades e pequenas cidades costeiras papéis de destaque para o processo de exportação e importação, gerando mesmo grandes centros urbanos. No litoral norte de São Paulo, o município de São Sebastião responde a esta constatação. Até meados do século passado (séc. XX), a localidade experenciava um processo de isolamento pós ciclo do ouro e do café. Vivem ali populações tradicionais (caiçaras e indígenas) que se mantinham pela prática da agricultura de subsistência e pela pesca. A chegada dos anos de 1950 trouxe um novo ciclo de desenvolvimento para o município. A instalação do Porto Organizado e do Terminal Almirante Barroso (TEBAR), provocaram diversificação nos serviços e crescimento de uma população especializada. A conexão com o interior do estado e com a capital também é um marco importante neste período histórico. O crescimento populacional e a ocupação das praias pelo desenvolvimento do mercado de terras para veraneio (segundas residências), demandaram por novos arranjos de oferta de serviços e localização espacial da população. Outro fator de impacto no desenvolvimento da sociedade local á a composição do sítio natural definido basicamente por Serras (Serra do Mar – morros costeiros, escarpas terminais) e

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Planícies de deposição recobertas por vegetação densa (Floresta Tropical – Mata Atlântica) (AB’SABER, 2003).

A extensão longitudinal do município configura-se como, pela concentração dos serviços na área central, um fator de forte impacto na distribuição da população no espaço habitado. Planícies isoladas por esporões rochosos caracterizam os bairros onde a praia é o ponto de referência para o início da ocupação.

Esta combinação histórica descrita acima resultou em um município que concentra potencial de desenvolvimento econômico firmado sobre sua função de zona portuária e os espaços para veraneio praiano, por isso, afirma-se que a perda de balneabilidade de suas praias pode ser um fator de potencial impacto na distribuição da população local. Portanto, as condições locais de um sítio natural, podem qualificá-lo para o desenvolvimento das atividades econômicas, colocando ao lugar um valor potencial, estimulando a criação de valores e ocupação das terras; e o contrário sendo verdadeiro – a degradação, a intensificação das fragilidades naturais, podem ser fatores de redução do valor potencial, o que impacta diretamente na composição social destes espaços.

O crescimento populacional experimentado por São Sebastião nos últimos vinte anos é influência estimulante na ocupação das terras. Cabe ressaltar que a ocupação urbana que ocorre no município possui carácter dúbio: de um lado as residências de veraneio e de outro as residências fixas. Esta tipologia de ocupação é dinamizada pelo mercado imobiliário reservando as melhores terras (selecionadas a partir da concentração de infraestrutura, por amenidades naturais e disposição de serviços próprios do veraneio, características de terreno) para o turismo e as terras de menor expressão mercadológica (que negam as características associadas aos espaços de maior valor agregado) para a classe trabalhadora local. Esta constatação é base para a escolha realizada nesta pesquisa de segmentar uma parcela do território municipal para uma análise mais detalhada dos processos de fragilidade ambiental e vulnerabilidade social que ocorrem em São Sebastião. A escolha da Bacia do Córrego Mãe Izabel também se dá por sua ligação direta com a obra do Contorno Sul da modernização do Rodovia dos Tamoios. Trata-se de um grande empreendimento realizado pelo governo do estado de São Paulo para suportar a ampliação do Porto Organizado de São Sebastião. Este novo trecho da rodovia terminará dentro da área da referida bacia e já provoca situações de risco para os moradores ali residentes.

Deste modo, diante do exposto até aqui, acredita-se que a análise geográfica destas complexas relações entre sociedade e natureza, desencadeadas pelo avanço do crescimento urbano e das demandas de consumo, deve identificar de forma a embasar o planejamento

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ambiental, os espaços de conflito com intuito de assegurar um ambiente equilibrado e dinâmico. Esta é a grande contribuição que o planejamento ambiental pode oferecer ao ordenamento do território (SANTOS J, 2011).

Para o alcance dos objetivos delineados e teste da hipótese levantada, foram realizados uma série de estudos que serão apresentados em diferentes capítulos ao longo do texto. No capítulo 1 discute-se a relevância sobre o planejamento do social e do ambiental em um mesmo contexto de gestão. Não há como planejar o território de forma segmentada/estratificada. O território é uma totalidade que deve ser conhecida e gerida para que se desenvolva como tal, respeitando as particularidades de suas componentes. Ao longo de toda a tese são apresentadas as concepções teóricas e metodológicas que conduziram o trabalho, contudo, reserva-se o segundo capítulo para maior ênfase a este tema. Numa perspectiva sistêmica, de modo a compreender a conectividade e complexidade da articulação entre as componentes da estrutura social e ambiental, propõe-se uma análise quali e quantitativa para a área de estudo, chegando a concepção de que faz-se necessário segmentar uma parcela menor do território para testar algumas das hipóteses.

O capítulo três apresenta uma interpretação do processo de ocupação do litoral brasileiro, suas marcas históricas e sua condição na atualidade, servindo de exercício de escala para apresentação das características de ocupação do Litoral Norte do estado de São Paulo e mais precisamente da formação e desenvolvimento do município de São Sebastião. Entende-se que a dinâmica de formação do território brasileiro tem influência direta na composição das cidades e na atividade econômica estabelecida no litoral norte de São Paulo. Discute-se sobre o processo de urbanização e como este, associado ao veraneio, consolidaram inadequações na mancha urbana da cidade gerando situações de risco de toda ordem, sobretudo, os ambientais associados a vulnerabilidade social da população.

O quarto capítulo apresenta de forma temática aspectos físico-geográficos para o município de São Sebastião apresentando toda a diversidade de informações que descrevem a complexidade natural e socioespacial encontrada pelo pesquisador diante deste objeto de pesquisa. A forma como estes aspectos são apresentados, foi definida para proporcionar a identificação de possíveis interdependência, conectividades e/ou relações entre as componentes. A partir destes temas e, associado aos objetivos da pesquisa, como procedimento metodológico para teste de hipóteses, segmentou-se a Bacia do Córrego Mãe Izabel a fim de ampliar a escala de análise.

O capítulo cinco então apresenta os resultados da análise proposta para está área de maior detalhamento, elencando quais as relações que são identificadas entre os espaços

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considerados de alta fragilidade ambiental e a disposição espacial da população de alta vulnerabilidade social. Quais são as implicações destas constatações e quais as tendências de futuro com a conclusão das obras de ampliação do Porto e extensão da Rodovia dos Tamoios. Por fim, as considerações finais trazem ao leitor o olhar do pesquisador que se debruçou sobre seu objeto de estudo a fim de questionar a verdadeira funcionalidade da metodologia proposta e os limites da análise geográfica para os temas que compõem a tese.

O arcabouço teórico que embasa as discussões propostas por esta tese versa sobre como sociedade e ambiente são incorporados no processo de planejamento e gestão dos espaços. As categorias vulnerabilidade social e fragilidade ambiental são testadas para a área de estudo, a fim de levantar hipóteses que possam responder à algumas questões de partida: há relações espaciais entre os espaços de fragilidade natural com a localização das populações socialmente vulneráveis? É possível mapear estes espaços e/ou identificá-los a partir de interpretação em ambiente de Sistemas de Informações Geográficas (SIG)? Que agentes espaciais e/ou sociais controlam está dinâmica? É possível antecipar situações de risco que envolvam este contexto? Qual o papel da Geografia nestas questões? Qual o papel do cientista, a partir de sua visão de mundo, na identificação destas realidades? Pretende-se usar estas questões para consolidar hipóteses e apresentar a tese guia deste trabalho acadêmico.

A seguir apresentam-se as hipóteses desta pesquisa:

 O processo histórico de formação e desenvolvimento da ocupação urbana de São Sebastião respeita as limitações de morfologia do relevo, contudo, as condições socioeconômicas atuais estão abrindo novas fronteiras para a ocupação urbana.

 O mercado de terras faz uso dos potenciais paisagísticos para segmentar o espaço urbano e condicionar a população mais vulnerável socialmente nas localidades classificadas como de alta fragilidade ambiental.

 As possíveis relações espaciais entre fragilidade ambiental e vulnerabilidade social são passiveis de mapeamento e de análises quali e quantitativa. Como fazê-lo?

 A distribuição irregular da malha urbana de São Sebastião contribuí para a concentração da população de maior vulnerabilidade social da área central do município (Bairro Topolândia).

 A ampliação do Porto Organizado de São Sebastião e a construção do Contorno Sul da Rodovia dos Tamoios implicarão em impactos diretos na distribuição de parte da população da Bacia do Córrego Mãe Izabel e exporá situações de risco aos moradores locais.

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 A declividade dos terrenos associada a forma e direção das vertentes são configurações de risco para a ocupação urbana e estão diretamente ligadas a fragilidade ambiental contribuindo para a configuração de situações de risco.

 A vulnerabilidade social apresentada pelo Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, distribuída em setores censitários, é uma importante ferramenta para os estudos sobre a distribuição espacial, contudo, seu intervalo de divulgação dificulta a precisão da verificação em campo.

 A precariedade de infraestrutura nas áreas onde residem populações socialmente vulneráveis agrava os efeitos da fragilidade ambiental de forma sazonal (chuvas estremas, deslizamentos de barreiras, quedas de pontes e/ou ausência delas).

Esta tese possui como objetivo principal investigar as relações espaciais que ocorrem entre as áreas de fragilidade ambiental e a distribuição espacial das populações consideradas socialmente vulneráveis no município de São Sebastião. Para isto, serão considerados dois grandes contextos: a fragilidade ambiental e as relações socioespaciais das atividades humanas (vulnerabilidade social), passando pela forma como a sociedade local se organiza no território municipal.

Entende-se, pelo exposto acima, que pode-se chegar a um mapeamento sistemático de áreas de sobreposição destas informações, o que é entendido como um quadro crítico para a existência humana sob condições de risco.

Pelo predisposto, apresenta-se os seguintes objetivos específicos:

 Identificar, no processo histórico, as áreas de maior potencial para elucidar o processo de sobreposição espacial entre a fragilidade ambiental e a vulnerabilidade social;

 Verificar na dinâmica do espaço (híbrido entre sociedade e natureza), as principais causas e consequências socioeconômicas e ambientais decorrentes da ocupação irregular nos ambientais de maior ou menor fragilidade ambiental;

 Avaliar o uso do IPVS (Índice Paulista de Vulnerabilidade Social) como fonte de informação geográfica a partir dos setores censitários;

 Elencar os possíveis impactos do processo de modernização do Porto e da Rodovia dos Tamoios em São Sebastião;

 Estabelecer a relações entre a fragilidade ambiental e vulnerabilidade social para identificação de áreas de risco socioambiental;

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Conclui-se esta introdução apresentando o entendimento, como tese, de que as áreas ambientalmente frágeis são associadas a ocupações urbanas direcionadas à segmentos vulneráveis da população e esta dinâmica, que segmenta o processo de expansão das áreas urbanas, possui condutores que assumem seus papéis sem hesitação: mercado de terras ativo e o Estado ausente e/ou complacente com o mercado.

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1. O SOCIAL E O AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO E NA GESTÃO DOS ESPAÇOS

O planejamento e a gestão dos espaços têm por sua fundamentação a busca pela realização de uma melhor condição de convivência de seus componentes: natureza e sociedade. Estes planejamento e gestão requerem pesquisas constantes pela compreensão da funcionalidade do Mundo e do Planeta, compreensão esta que requer da Ciência Geográfica sua contribuição e, como esta é a Ciência que busca entender as relações entre homem e natureza – também as relações intrínsecas a estes dois grupos – cabe a Geografia expor suas possibilidades de análise. Rodrigues e Silva (2013) destacam que o planejamento e gestão, como instrumentos técnicos e administrativos, vêm sendo articulados nas últimas décadas, entendidos como distintos, porém complementares. Op cit, destacam que por outro lado, em uma vertente ambiental, planejamento e gestão exigem uma aplicabilidade de uma base teórica, conceitual e metodológica coerente “que responda à realidade da existência de diversos e complexos fenômenos e objetos na superfície terrestre, que devem constituir o objeto da atividade reguladora” (RODRIGUES; SILVA, 2013, p. 16).

A Geografia, segundo Ross (2009), tem um papel fundamental na produção de métodos e informações que auxiliem na prática de planejamento e gestão ambiental dos espaços.

O processo de planejamento e gestão ambiental aplicável para o país, estados, municípios, bacias hidrográficas, assentamentos rurais, grandes fazendas, cidades, distritos industriais ou rede viária, deve apoiar-se no binômio base teórico-metodológica e nas tecnologias da informação (ROSS, 2009, p. 198).

Não são possíveis um planejamento e uma gestão coerentes sem este binômio, assim como, não é possível, na Geografia, produzir um estudo sobre a gestão e o planejamento ambiental sem este par.

O espaço geográfico, uma produção da intervenção humana, é dinâmico. O homem intervém sobre um espaço natural rompendo seus limites de equilíbrio por razões múltiplas, mas o mesmo não é capaz de romper com o funcionamento geral do sistema terrestre que tende e seguir sua dinâmica na busca por um reequilíbrio que passa por uma nova organização do que foi desestabilizado e, sobre esta dinâmica se encontra a sociedade, seus interesses e técnicas.

A grande obra da sociedade é a Cidade, entendida como a total negação da natureza primitiva, a primeira natureza (SANTOS, 1992). Para que as cidades existam, a natureza que anteriormente se desenvolvia no espaço é manipulada para servir as necessidades da

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sociedade. Realizar a cidade á apropriar-se dos territórios e dos recursos. Estas práticas, a depender do contexto político, tanto podem promover um processo de melhoria das condições de vida, como podem ampliar os conflitos ambientais e territoriais (SANTOS; ROSS, 2012, p. 128).

A intervenção planejada sobre a cidade é, em si, a busca de um melhor ordenamento do habitat urbano, tornando-o um ambiente mais saudável e agradável para seus habitantes. Nesse sentido, o ideal seria não dicotomizar o “ambiental” e o “urbano” na formulação das políticas públicas (MORAES, 1995, p.28).

Ambiente e sociedade não são dois entes sem relações, algo independente. As cidades são a materialização transformada da natureza e seus recursos. Materialização esta realizada pela intervenção humana, carregada de intencionalidades, técnicas e tecnologias.

Os estudos para entender os ambientes e as relações que se dão sobre ele, devem levar em consideração as mais variadas disciplinas e sua inter-relação. Sob estes ambientes estão alocados os territórios da sociedade humana. Ross (1996) destaca a necessidade de se entender que existe um ponto de equilíbrio entre a capacidade de suporte1 e a ocupação humana. Em outras palavras, toda ocupação deveria ser organizada a partir do entendimento que os espaços possuem uma capacidade de suporte e sustentabilidade da vida em suas organizações. Rodrigues e Silva (2013) afirmam que a interação entre sociedade e ambiente pode ser positiva e negativa, contudo, os efeitos negativos têm levantado uma grande necessidade para uma consciência social sobre o tema.

Esta preocupação social pelo meio ambiente, que muitas vezes tem um caráter vago e não claramente definido, exige a tentativa de entendimento de qual deve ser o objeto que tem qualidade como suporte para o planejamento e a gestão ambiental (RODRIGUES; SILVA, 2013, p. 36).

Para a Geografia e, para esta pesquisa, o objeto de estudo é o território e suas dinâmicas. Uma categoria fundamental para as ações de planejamento e gestão. Sobre um território se cruzam dimensões naturais, sociais, culturais e normativas, por isso se faz necessária à apresentação deste conceito para uma reflexão sobre sua relação com os temas planejamento e gestão. Entende-se o território como

[...] uma porção do espaço geográfico que coincide com a extensão espacial da jurisdição de um governo. Ele é o recipiente físico e o suporte do corpo político organizado sob uma estrutura de governo. Descreve a arena espacial do sistema político desenvolvido em um Estado nacional ou uma parte deste que é dotada de certa autonomia. Ele também serve para descrever as

1 Entende-se suporte como o limite que o substrato terrestre apresenta para suportar a dinâmica humana de uso

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posições no espaço das várias unidades participantes de qualquer sistema de relações internacionais. Podemos, portanto, considerar o território como uma conexão ideal entre espaço e política. Uma vez que a distribuição territorial das várias formas de poder político se transformou profundamente ao longo da história, o território também serve como uma expressão dos relacionamentos entre tempo e política. (GOTTMANN, 2012, p. 523).

Portanto o território é o espaço da realização da sociedade. Um espaço que conforma em um sítio social. Antes de ser território, um dado espaço é o espaço natural, é a realização da natureza e suas dinâmicas. Tornado território, além da realização dinâmica da natureza, se realiza a sociedade e suas dinâmicas sociais, culturais, econômicas etc. Rodrigues e Silva (2013) chamam a atenção para o fato de que a existência de uma sociedade, um território, não “pode estabelecer completamente as regras, alterar ou dominar a natureza e suas leis” (RODRIGUES; SILVA, 2013, p. 49).

O grau de interferência antrópica sobre a natureza atinge limites ou limiares em dependência das propriedades intrínsecas aos sistemas naturais. Op cit, apresentam a ideia de que os sistemas naturais e sociais têm um caráter relativamente autônomo, funcionando com suas próprias leis e especificidades. Em uma visão sistêmica do processo, podemos afirmar que estudar o ambiente, sobretudo dentro de um território, requer uma abordagem antropocêntrica e uma abordagem ecocêntrica.

A abordagem ecocêntrica na análise das questões ambientais é caracterizada por dar uma atenção principal para o sistema humano e sua relação com o seu entorno. Sua estruturação é antropocêntrica, ou seja, que acima de tudo interessa como o sistema humano funciona em relação ao ambiente externo que é a sua condição de existência (RODRIGUES; SILVA, 2013, p. 52-53).

Portanto, planejar e gerir um território requer uma visão sistêmica do funcionamento desta estrutura. Incorre-se em um erro, pensar o território somente pelo viés social, visto que a sociedade se realiza sobre um sítio, sobre uma estrutura física natural. Esta sociedade impõe sobre este sítio alterações que implicam em consequências sobre as dinâmicas naturais do espaço. Esta situação (sitio + ação antrópica) apresentará variações de resultado podendo mesmo chegar a situações irreversíveis, onde haverá perda total da capacidade de suporte do sítio2 e da possibilidade de realização de uma sociedade.

2“A natureza sempre terá a capacidade de se autorrecuperar ou autorregenerar, bastando para isso apenas tempo e

trégua, mas, evidentemente, o resultado do processo de resiliência não será igual ao das condições primárias anteriores às ações empreendidas pela humanidade” (ROSS, 2009, p. 199).

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1.1.Planejamento Ambiental

O Planejamento Ambiental deve ser entendido com uma política pública transversal, pois atravessa todas as políticas públicas (RODRIGUES; SILVA, 2013). O ambiente é resumido por todo o contexto de um território. Tudo que está dentro de um espaço determinado faz parte do ambiente do mesmo, portanto, possui significado e estabelece relações com os demais objetos que compõe o mesmo espaço.

Planejar é projetar o futuro e não sofrê-lo. Este planejamento pode ser considerado, segundo Rodrigues e Silva (2013), em três dimensões: i) como um meio sistêmico, para determinação do estágio atual, dos objetivos futuros e os meios para se atingir tais objetivos; ii) como um processo contínuo que envolve um trabalho de coleta, organização e análise sistêmica de informações; iii) como um processo cognitivo, na busca por um pensamento que anteceda os objetivos e as formas para alcançá-los.

Entende-se, portanto, por Planejamento Ambiental, a ação que, firmado pelo conhecimento dos componentes do ambiente em questão, possibilite traçar projeções, para um melhor aproveitamento dos recursos e das potencialidades de um ambiente. Tal conhecimento passa por todas as componentes do espaço em questão, resumidos nas dimensões natural e antrópica (RODRIGUES; SILVA, 2013).

Ross (1994), enfatizando a importância das relações intrínsecas estabelecidas entre a sociedade e natureza, afirma que as sociedades humanas não devem ser tratadas como elementos estranhos à natureza e, portanto, a seus ambientes de vivência; pelo contrário, devem ser vistas como parte fundamental da dinâmica, representada mediante fluxos de matéria e energia (SANTOS, 2011).

O planejamento ambiental se faz fundamental para a manutenção das potencialidades dos ambientes e resolução de suas fragilidades naturais. Ross (1994), destaca a necessidade do planejamento ambiental para um consumo dos recursos de maneira compatível com as potencialidades naturais:

As progressivas alterações até então inseridas pelas sociedades humanas nos diferentes componentes naturais, afetam cada vez mais a funcionalidade do sistema e com frequência induzem a graves processos degenerativos ao ambiente natural, em um primeiro momento, e a própria sociedade em prazos mais longos. Por isso é cada vez mais urgente que se façam inserções antrópicas absolutamente compatíveis com a potencialidade dos recursos de um lado com a fragilidade dos ecossistemas ou ambientes naturas de outro (ROSS, 1994, p. 64-65).

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Portanto, as interferências promovidas pelas atividades antrópicas no ambiente natural, devem ser consideradas para fins de planejamento. Deste modo, fica evidente que existe uma relação funcional, portanto sistêmica, entre sociedade e natureza, onde ambas formam um conjunto maior, um sistema socioambiental (Figura.1.1).

Figura.1.1: Estrutura funcional da relação sociedade-natureza, formando os sistemas ambientais. Fonte: Ross (2009).

A estrutura funcional da relação sociedade e natureza proposta pelo autor, coloca em evidência o caráter sistêmico desta relação, ou seja, alterações por ventura realizadas sobre uma componente do processo implicaram em impactos nas demais. Planejar e gerir esta estrutura significará um resultado mais equilibrado entre as relações e a possibilidade de uma ampliação das potencialidades e do tempo útil desta estrutura.

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1.2. Vulnerabilidade Social

A vulnerabilidade social, um conceito polissêmico (SANTOS J, 2011), é passível de diversas compreensões seja qual for a ciência que se dispõe a utilizá-lo como ferramenta de investigação. Popularmente, a vulnerabilidade se refere a susceptibilidade em ser afetado por alguma coisa. Tominaga (2009), define vulnerabilidade como um conjunto de processos e condições resultantes de um conjunto de fatores, tais como: fatores físicos, sociais, econômicos, políticos e ecológicos. A vulnerabilidade então compreende um limiar de ruptura, sendo possível sofrer perturbações derivadas de intervenções externas e/ou de condições naturais. Para Porto (apud SANTOS J, 2011), a vulnerabilidade é algo oposto a resiliência.

Em outras palavras, a vulnerabilidade, no campo dos desastres , pode ser entendida como uma propriedade de um sistema sócio-ambiental – ou seja, o grau no qual um sistema ou unidade de exposição é susceptível a algum dano, decorrente de uma exposição a alguma perturbação ou estresse no sistema -, bem como a falta de habilidade para enfrentar, recuperar ou mesmo se adaptar de forma estrutural, perdendo características e adquirindo outras, ou seja, transformando-o em um novo sistema (PORTO, 2007, apud SANTOS J, 2011, p.58).

Para Santos Jr (2011), o grau de vulnerabilidade de uma sociedade é que determinará sua capacidade de reconstituição após a ocorrência de grandes alterações, desastres, o que exprime as condições socioeconômicas e as relações espaciais de uma população – está concepção dá ao pesquisador ferramentas para entender a lógica espacial da distribuição dos riscos e das populações vulneráveis.

Santos Jr (2011) ao citar as contribuições de Porto (2007), interpreta que a vulnerabilidade espacial de uma população pode ser caracterizada em dois tipos – populacional e institucional. O tipo populacional corresponde a grupos específicos, que são mais susceptíveis a dados tipos de risco.

O conceito de vulnerabilidade entra em evidência nos estudos sobre o comportamento de fenômenos espaciais. Este conceito possui uma noção definida por uma situação onde estão presentes três fatores importantes: exposição; reação e; adaptação mediante a realidade do risco (MOSER, 1998). A noção de vulnerabilidade social, considerando a insegurança e a exposição a riscos e alterações provocadas por eventos ou mudanças econômicas, apresenta uma visão mais ampla sobre as condições de vida dos grupos sociais mais pobres. Esta noção é diferenciada do termo exclusão social, visto que este termo não abrange o caráter processual (ALVES, 2009).

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O termo vulnerabilidade social permite ao pesquisador, ou ao formulador de políticas públicas captar estágios intermediários de mudanças e riscos em situações extremas de exclusão de maneira dinâmica, demonstrando que o fenômeno não é homogêneo e que sua dinâmica pode variar espaço-temporalmente (ROCHA, 2011). Este conceito está ligado a situação social das famílias e sua fragilidade perante ao processo de acumulação capitalista (DIEESE, 2007). A vulnerabilidade social está diretamente associada às transformações no mundo do trabalho, principalmente depois da II Guerra Mundial (1939-1945), onde

mudanças importantes na tecnologia e na inovação, nos setores terciário e de serviço, associadas a uma profunda reestruturação capitalista, tem colocado o mundo em maior instabilidade socioeconômica. O resultado é o aumento da precarização, a informalidade do mesmo, além da desregulamentação de leis de proteção ao trabalhador e as famílias de baixa renda, com mudança no papel do Estado no desenvolvimento da sociedade (ROCHA, 2011, p. 16).

A multidimensionalidade da vulnerabilidade social oportuna a muitas formas de interpretação e cabe ao pesquisador toma-la como ferramenta de interpretação do fenômeno espacial a ser estudo, para tanto, nesta pesquisa, toma-se como fonte de dados sobre o tema o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS).

O IPVS (Índice Paulista de Vulnerabilidade Social) se consolidou como uma importante ferramenta de informação sobre as características da população de todo o estado de São Paulo. Com o objetivo de localizar espacialmente as áreas que concentram os segmentos populacionais mais vulneráveis, que deveriam ser, em princípio, alvos prioritários das políticas públicas. O IPVS, este índice classifica a população em razão de suas características socioeconômicas e demográficas (Quadro.1.1), fazendo uso dos setores censitários dos censos populacionais realizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) como áreas de representação (SEADE/SP, 2013). Calculado em categorias que variam de muito baixa para muito alta vulnerabilidade (Tabela.1.1), os setores são classificados segundo a predominância da informação. Acredita-se que estudos mais detalhados sobre o comportamento deste índice sejam fundamentais para a identificação de padrões espaciais das populações

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Índice Paulista de Vulnerabilidade Social

Dimensão socioeconômica

Dimensão demográfica

I - Renda domiciliar per capita I - % de pessoas responsáveis pelo domicílio com 10 a 29 anos

II - Rendimento médio da mulher responsável pelo domicílio

II - % de mulheres responsáveis pelo domicílio com 10 a 29 anos

III - % de domicílios com renda domiciliar per capita até 1/2 SM

III - Idade média das pessoas responsáveis pelo domicílio

IV - % de domicílios com renda domiciliar per capita até 1/4 SM

IV - % de crianças de 0 a 5 anos

V - % de pessoas responsáveis pelo domicílio alfabetizados

Quadro.1.1: Composição do Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS). Organização: o autor. Fonte: Fundação SEADE/SP, 2013.

Portanto o IPVS consiste de uma tipologia derivada da combinação entre as dimensões socioeconômicas e demográficas, classificando por categorias (Tabela 1.1) os setores censitários em sete grupos de vulnerabilidade social.

Grupos do IPVS 2010 - setores censitários com mais de 50 domicílios particulares permanentes

Grupos Dimensões IPVS 2010 Situação e tipo de

setores por grupo

Socioeconômica Demográfica

1 Muito alta Famílias jovens, adultas e idosas

Baixíssima vulnerabilidade

Urbanos e rurais não especiais e subnormais

2 Média Famílias adultas e idosas Vulnerabilidade

muito baixa

Urbanos e rurais não especiais e subnormais

3 Média Famílias jovens Vulnerabilidade

baixa

Urbanos e rurais não especiais e subnormais

4 Baixa Famílias adultas e idosas Vulnerabilidade

média

Urbanos e rurais não especiais e subnormais

5 Baixa Famílias jovens em setores

urbanos Vulnerabilidade alta

Urbanos não especiais

6 Baixa

Famílias jovens residentes em aglomerados

subnormais

Vulnerabilidade

muito alta Urbanos subnormais

7 Baixa Famílias idosas, adultas e

jovens em setores rurais Vulnerabilidade alta Rurais

Tabela.1.1: Composição das categorias do IPVS. Organização: o autor. Fonte: Fundação SEADE/SP, 2013.

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O IPVS é um instrumento criado pelo Instituto do Legislativo Paulista (ILP) no ano de 2002, em parceria com a Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados). Apesar do seu inegável valor como ferramenta de gestão pública, o Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS) não é suficiente para a compreensão dos determinantes da extrema pobreza dessas áreas. Para uma melhor análise de concentração de pobreza, a Fundação Seade elaborou o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS). Trata-se de um indicador, fundamentado em estudos e teorias sobre o fenômeno da pobreza, que levam em conta não apenas a renda, mas também os diversos fatores determinantes da situação de vulnerabilidade social (escolaridade, saúde, arranjo familiar, possibilidades de inserção no mercado de trabalho, acesso a bens e serviços públicos) (SEADE, 2014)

O IPVS é uma tipologia que classifica os municípios do Estado de São Paulo em grupos de vulnerabilidade social a partir de uma combinação entre as dimensões demográfica e socioeconômica. Considerando um conjunto de variáveis, esse indicador permite melhor identificar os fatores específicos que produzem a deterioração das condições de vida numa comunidade, auxiliando na definição de prioridades para o atendimento da população mais vulnerável (SEADE, web site, 2014).

O IPVS 2010 é uma ampliação do IPVS 2000:

O IPVS 2010 aprofunda o diagnóstico realizado pela edição 2000, ao incorporar, como componentes do indicador, a renda domiciliar per capita, a situação de aglomerado subnormal (favela) do setor censitário e sua localização (urbana ou rural). Assim, é possível identificar com maior precisão do que a versão anterior parcelas de territórios dos municípios mais desenvolvidos do Estado, que abrigam segmentos populacionais expostos a diferentes graus de vulnerabilidade social (SÂO PAULO, 2010, p. 5).

Os resultados para o Estado de São Paulo serão apresentados na sequência (Gráficos 1.1 e 1.2 e Quadro 1.2) em caráter de ilustração sobre o comportamento da população paulista frente a esta tipologia:

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Gráficos.1.1 e 1.2: IPVS/2010, resultados percentuais para o estado de São Paulo. Organização: o autor. Fonte: SEADE, 2013.

Unidade

territorial Indicadores Total

Índice Paulista de Vulnerabilidade Social 1 - Baixíssima 2 - Muito baixa 3 - Baixa 4 - Média (urbanos) 5 - Alta (urbanos) 6 - Muito alta (aglomerados subnormais) 7 - Alta (rurais) Estado de São Paulo População (nº abs.) 40.665.593 2.497.372 16.321.732 7.313.550 7.796.634 4.525.509 1.801.621 409.175 População (%) 100,0 6,1 40,1 18,0 19,2 11,1 4,4 1,0

Quadro.1.2: Dados absolutos e percentuais do IPVS/2010 para o estado de São Paulo. Organização: o autor. Fonte: SEADE, 2013.

6,1 40,1 18,0 19,2 11,1 4,4 1,0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

1 - Baixíssima 2 - Muito baixa 3 - Baixa 4 - Média (urbanos) 5 - Alta (urbanos) 6 - Muito alta (aglomerados subnormais) 7 - Alta (rurais)

Percentuais IPVS/2010

Índice Paulista de Vulnerabilida de Social 6,1 40,1 18,0 19,2 11,1 4,4 1,0 1 - Baixíssima 2 - Muito baixa 3 - Baixa 4 - Média (urbanos) 5 - Alta (urbanos) 6 - Muito alta (aglomerados subnormais)

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O Estado de São Paulo apresenta uma distribuição de sua população dentro do IPVS de forma desequilibrada. Somando os percentuais das categorias baixíssima, muito baixa e baixa, teremos que 64,2% da população do Estado não é vulnerável socialmente, enquanto que 19, 2% estão lotados na categoria de média vulnerabilidade e os restantes, 16,5%, são classificados como alta, muito alta e alta para setores rurais.

Portanto, como um aspecto resultado da organização socioeconômica, a vulnerabilidade social neste estudo, será observada quanti e qualitativamente a partir das informações apresentadas pelo IPVS/2010, um índice público, elaborado para fins de planejamento e que é apresentado como parâmetro de informação oficial do Estado de São Paulo e desagregado para todos os municípios. Faz-se necessário este “esforço” de metodologia, sobretudo pela idade das informações, para que se possa testar a proposta metodológica de mapeamento das categorias em análise.

1.3.Fragilidade Ambiental

Quando se consulta um dicionário3 brasileiro da Língua Portuguesa e pesquisa-se pelo termo “fragilidade”, encontra-se uma relação direta com o termo vulnerabilidade, contudo, se faz necessário um ponto de partida fundamental no entendimento: são significados distintos. Algo pode ser frágil e não estar vulnerável e/ou pode estar vulnerável e não ser frágil. Portanto, fragilidade e vulnerabilidade são condições de origem e tempo respectivamente e, podem ser consideradas como transitórias.

O termo fragilidade indica uma situação de fraqueza, de tendência a quebrar, aquilo que se pode perder caso não se tenha o devido cuidado. O conceito de fragilidade está diretamente ligado as condições identificadas em situações de risco. A ocupação do homem sobre os espaços de forma desprovida de planejamento, vem produzindo situações de risco e perigo para a manutenção da vida humana. Não há ambientes sem condições de fragilidade, resta saber a que nível se aplica esta fragilidade.

Nos espaços urbanizados, estes perigos são ainda mais intensificados pela ausência de monitoramento contínuo da dinâmica natural do ambiente. As fragilidades dos ambientes no espaço urbano devem ser encaradas de maneira pragmática, levando a construção de fórmulas, estruturas e processos de gestão capazes de evitar que situações de risco se (re) produzam.

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Ross (2009), em seu livro “Ecogeografia do Brasil: subsídios para o planejamento ambiental” destaca o pioneirismo da geografia russa voltado para o planejamento territorial e ambiental, que levam em consideração os termos colocados acima. Autores russos, em destaque Grigoriev (1968), buscavam identificar na superfície terrestre a existência de combinações entre a crosta terrestre, hidrosfera, troposfera, cobertura vegetal e reino animal. O conhecimento sobre o ambiente forneceria as informações necessárias para sua “dominação” e uso racional.

Toda sociedade vive em um certo território, sob as condições de um determinado ambiente geográfico. O ambiente forma a base da vida e das ações do homem sobre a terra. O conhecimento do ambiente geográfico e seus elementos particulares é por conseguinte necessário para dominá-lo e utilizá-lo racionalmente. Além da estrutura geológica, cobertura vegetal, clima, água e cobertura do solo, o relevo da superfície da terra é especialmente um elemento importante do ambiente (KLIMASZEWSKI, 1983, p.1).

Esta relação entre sociedade e ambiente requer avanços da Ciência para que possam ser cada vez mais efetivas as ações para um equilíbrio existencial. A Geografia também trilha este caminho de constante aprimoramento de suas técnicas para a produção de subsídios a gestão e ao planejamento dos espaços. Aprimoramento de metodologias, mapas, legendas e outros fatores da pesquisa geográfica são constantes na história da disciplina (KLIMASZEWSKI, 1983). Esta necessidade de aprimoramento passa pela inserção de novos conceitos e métodos de análise do espaço geográfico. Os conceitos de morfoestrutura e morfoescultura de Mecerjakov (1968) são exemplo disto pois tais conceitos possibilitam um mapeamento dos processos e dos resultados em razão das condições morfológicas e das interações climáticas.

A Geografia, em sua disciplina geomorfológica, se viu, no seu caminhar metodológico, frente à necessidade de estabelecer uma classificação, uma ordenação de grandeza, uma taxonomia das formas de relevo encontradas na superfície terrestre. Formas estas que passariam a ser relacionadas nos estudos sobre a dinâmicas dos ambientes, como fatores diretamente ligados a fragilidade natural dos espaços. Neste contexto, são importantes as contribuições de Cailleux e Tricart (1965); Bertrand (1968); Klink (1974); Demek (1977); Sotchava (1978); Ross (1992). Tais contribuições possibilitam um entendimento mais amplo do relevo e de suas formas e ações científicas mais aprofundadas, sobretudo no estudo da dinâmica do relevo.

Este relevo é composto por paisagens e, esta afirmação implica em outras análises sobre a contribuição dos pensadores a geomorfologia. Delpoux (1974) afirma que este relevo

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