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Botânica no ensino médio : debates e desafios = Botany of high school: debates and challenges

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE BIOLOGIA

NATÁLIA SIMÕES CERVIGNE TOSATI

BOTÂNICA NO ENSINO MÉDIO: DEBATES E DESAFIOS

Botany in High School: debates and challenges

Campinas 2019

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Botânica no Ensino Médio: debates e desafios

Botany in High School: debates and challenges

Dissertação apresentada ao Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ensino de Biologia, na área de Ensino de Biologia.

Dissertation presented to the Faculty/Institute of the University of Campinas in partial fulfillment of the requirements for the degree of Master, in the area of Communication, Teaching and Learning in Biology.

ESTE ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA NATÁLIA SIMÕES CERVIGNE TOSATI E ORIENTADA PELA PROFª DRª ALIK WUNDER

Orientadora: PROF.ª DRª ALIK WUNDER

Campinas 2019

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COMISSÃO EXAMINADORA

Profª. Drª. Alik Wunder

Profª. Drª. Ana de Medeiros Arnt

Profª. Drª. Ana Odete Santos Vieira

Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata de Defesa, que se encontra no processo de vida acadêmica do aluno.

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DEDICATÓRIA

Àquele que me ensinou o maior sentido da vida, que me ensinou que é possível amar daqui até ao céu, meu filho-anjo Kalel! Seu coração parou, mas o meu sempre baterá com saudade!

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À Deus, pela vida e pelas pessoas que me apresentou pelo caminho, tornando minha caminhada mais leve e feliz. Junto Dele, três estrelas brilham por reflexo do nosso amor – Vó Filó, Vô Beto e Kalel, vocês são muito importantes nesta conquista. Obrigada pela proteção nos mais de 40.000 quilômetros percorridos nestes dois anos. Há tempo, obrigada por me enviar um arco-íris para me acompanhar nesta finalização!

Aos meus pais, Jaelso e Sandra, por me receberem como filha. Por serem meus exemplos, me ensinando a ser uma pessoa melhor a cada dia, me apoiando e incentivando. Obrigada por me levar, buscar, torcer, acompanhar, orientar... amar. Amo vocês!

Ao meu esposo Leandro, que mesmo com todas as minhas ausências, não deixou de me apoiar e auxiliar. Obrigada por cada momento que passamos juntos ou distantes fisicamente, foram mais fáceis sabendo que nossos corações permaneciam lado a lado. Te amo!

À minha irmã Jéssica, com quem compartilho todos os caminhos e por isso faz minha caminhada algo muito especial.

À minha amiga-sogra Neuza, por seu incentivo e carinho.

À minha enteada Maria Eduarda, que por muitas madrugadas ouviu atentamente minhas histórias da biologia. Um dia, eu estarei lendo sua defesa e vibrando por suas conquistas também.

À amiga Patrícia, que me apresentou este programa de mestrado e incentivou nesta jornada. Obrigada por ser inspiração para mim.

Às amigas que o mestrado me trouxe: Luciana, Paula, Consuelo e Vanessa. Obrigada por estarem comigo em todas as gargalhadas, em todas as horas de espera na rodoviária e também nos momentos mais difíceis. Sem vocês, não teria suportado as dificuldades de chegar até aqui.

À primeira turma do PROFBIO, amigos que fiz na Unicamp e que venceram tantos desafios para chegar até o final. Em especial à amiga Ana Carolina, por dividir comigo sua maternidade e me deixar também ser tia do Leo.

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Aos professores Claudio e Cristina Werneck, obrigada. O apoio de vocês me manteve neste mestrado quando minha vida estava imensamente feliz e também depois, quando meu mundo desabou.

Sou imensamente grata à Escola Estadual Prefeito Francisco Antonino, aos amigos professores, gestores, funcionários e alunos, que me apoiaram, entenderam minhas ausências durante este período e vibraram com minhas conquistas.

À Universidade Estadual de Campinas pela estrutura física e pessoal que aqui encontrei. Superou todas as minhas expectativas.

Ao professor Fernando Roberto Martins por compartilhar sua sabedoria. Ouvir seus pensamentos e explanações deu mais sentido à minha vida e ao meu amor pela Biologia.

Gratidão eterna à minha orientadora que acompanhou meu desenvolvimento, respeitou minhas escolhas e contribuiu com seus olhares para tornar este trabalho mais belo.

À banca que aceitou meu convite. Em especial agradeço a Profª Ana Odete, por tantos anos de amizade, ensinamentos e por sua disposição de me acompanhar mais uma vez. Minha eterna orientadora, obrigada.

Por fim, agradeço a amiga Laudice, pela leitura e revisão do texto. Ao amado marido Leandro, pelo mesmo motivo e por todas as vezes que ouviu minha apresentação com atenção.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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horários profissionais e a distância que moro dos grandes centros. Quando conheci o programa de mestrado profissional, onde a dedicação não seria por tempo integral, podendo permanecer no trabalho enquanto fizesse o curso, sabia que este tinha que ser o momento para realizar essa conquista pessoal e profissional.

As dificuldades não foram poucas durante o percurso... muitos quilômetros a percorrer, uma gestação toda pela frente, ausência de apoio financeiro (poucas bolsas disponíveis), ausência de apoio pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (arquei com faltas na escola onde trabalho em todas as idas para o curso) e, o pior de tudo, falecimento do meu filho no final da gestação. Porém, além da família maravilhosa que me acompanha e do apoio que recebi na E. E. Prefeito Francisco Antonino onde leciono, na Unicamp encontrei amigos, professores e orientadora que foram essenciais para tornar esta caminhada menos difícil e o sonho, possível.

O desenvolvimento do Mestrado Profissional em Ensino de Biologia modificou muitas condutas minha em sala de aula e reforçou outras que já praticava com meus alunos. Me encorajou à novas atividades e experiências, além de atualizar meus conhecimentos de biologia no mais alto nível possível. A minha atuação se tornou mais efetiva e com olhar mais além sobre todos os ramos da Biologia. Profissionalmente, além de contribuir com avanços na carreira do magistério paulista, esta conquista também abre outras portas de atuação em ensino superior. Aguardo a conclusão e finalização dos processos de diplomação para ter real dimensão da amplitude desta conquista. Pessoalmente, foi uma das melhores realizações da minha vida. Aprendizados que levo para além da sala de aula.

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RESUMO

O Ensino de Botânica no Ensino Médio por vezes fica restrito aos conhecimentos teóricos, memorização de nomes e estruturas, e exemplificado com imagens distantes da realidade dos alunos. Esta Botânica descontextualizada, excessivamente teórica e técnica contribui para a manutenção do estado de "cegueira botânica" em que se encontram muitos estudantes. Esta apatia se reflete em uma sociedade com pouca percepção da importância do vegetal no mundo e que dá pouca importância às questões socioambientais. O presente trabalho realiza uma análise de atividades de Botânica em 4 coleções didáticas do Ensino Médio, utilizados na rede estadual paulista, dando um foco especial ao uso das imagens nessas produções. Apresenta também uma proposta de 5 atividades para sensibilizar os alunos a desenvolver empatia pelas questões vegetais e convida professores/as e alunos a ver o mundo sob o ponto de vista das plantas.

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Teaching Botany in High School is sometimes restricted to theoretical knowledge, memorization of names and structures, and exemplified with images distant from the reality of students. This decontextualized, overly theoretical and technical botanical contributes to the maintenance of the state of "botanical blindness" in which many students are found. This apathy is reflected in a society with little perception of the importance of the vegetable in the world and that gives little importance to the socio-environmental issues. The present work performs an analysis of Botany activities in 4 high school didactic collections, used in the state of São Paulo, giving a special focus to the use of images in these productions. It also presents a proposal for 5 activities to sensitize students to develop empathy for plant issues and invites teachers and students to view the world from a plant standpoint.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 12 2. OBJETIVOS ... 17 2.1. Objetivo geral ... 17 2.2. Objetivos específicos ... 17 3. METODOLOGIA ... 18 4. RESULTADOS ... 20 4.1. Organização do conhecimento ... 20

4.2. Análise das atividades presentes nas coleções didáticas ... 21

4.3. Ilustrações, esquemas e fotografias... 22

4.4. Sequência didática proposta: "Sensibilização botânica no Ensino Médio" ... 23

A. Atividade 1: Germinação de sementes diversas. ... 25

B. Atividade 2: Aproximação imagética das plantas. ... 27

C. Atividade 3: Notícias botânicas. ... 29

D. Atividade 4: Vamos plantar abelhas! ... 31

E. Atividade 5: Empatia vegetal. ... 35

5. DISCUSSÃO ... 38

6. CONCLUSÃO ... 40

7. REFERÊNCIAS ... 41

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1. INTRODUÇÃO

Em geral o ensino de Botânica no Ensino Médio está pautado nos conhecimentos técnicos, com nomenclatura e processos bem descritos. No entanto, a sensibilização em relação ao tema é realizada de forma sutil, na maioria das vezes, restrita a um "passeio" pelos arredores da escola, onde o aluno é orientado a "olhar com outros olhos" aquela paisagem que vê todos os dias. Muitas vezes esta atividade inicial nem chega a ser realizada realmente. Para introduzir o tema, o professor/a cita plantas que já observou no entorno e espera que os alunos as identifiquem mentalmente. Para o professor/a de biologia, o olhar sobre o vegetal tem um foco bem claro: identificar as espécies e conhecer os seus papéis ecológicos e relações com outros reinos. Pergunto-me se nossos alunos percebem estas importâncias? Quanto conseguimos sensibilizar nossos alunos? Quais ações e atividades temos realizado com este objetivo? Até que ponto a forma com que o Ensino de Botânica é desenvolvido possibilita uma relação com o mundo vegetal? Foram estas indagações que motivaram a realização deste trabalho.

Leciono Ciências e Biologia há cinco anos, na Escola Estadual Prefeito Francisco Antonino, em Luiziânia, interior do Estado de São Paulo. A maioria dos meus alunos tem contato com o ambiente rural e certa familiaridade com o desenvolvimento de algumas espécies vegetais. E ainda assim, as questões acima me desafiam como professora e me fazem indagar a amplitude de minha ação socioambiental.

A Botânica também é para mim um terreno nada tranquilo. Compartilho com os autores abaixo apresentados as dificuldades de lidar com este componente dentro das aulas de Biologia. Como possuo contato com os alunos desde o 6º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio, consigo construir um relacionamento que facilita no desenvolvimento de atividades mais sensibilizadoras, em que memórias afetivas possam ser acessadas e compartilhadas, e uma atmosfera mais intimista seja estabelecida. Este envolvimento pode colaborar para a realização das atividades proposta neste trabalho, minimizar as dificuldades em trilhar a Botânica e atingir nossos objetivos de aprendizagem e vivência.

A Botânica no Ensino Médio

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) apontam que a formação do aluno deve estar pautada na "aquisição de conhecimentos básicos,

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preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação." (BRASIL, p. 5, 2000). No Ensino de Biologia, dentre seus vários objetivos, podemos destacar a aplicação dos conhecimentos biológicos para explicar os fenômenos do mundo natural, assim como para identificar, planejar, executar e avaliar intervenções no mesmo. Neste contexto, é desafiador para o professor/a desenvolver habilidades voltadas para a compreensão do papel do homem na natureza e sua interferência nela (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006).

Segundo Krasilchik (2016), o currículo de Biologia se modificou ao longo do tempo, passando de uma visão mais informal para uma teórica, outra instrumentalizada (tecnicista) até chegar na interdisciplinaridade apontada pelos PCNEM. No entanto, verifica-se a manutenção da tendência descritiva da ciência. No que verifica-se refere ao Ensino de Botânica, sua caracterização excessivamente teórica e repleta de termos técnicos, torna o aprendizado desestimulante para os alunos e subvalorizado pelos professores/as. Desde a década de 1950 são relatadas preocupações com o rumo que o Ensino de Botânica estava tomando, como apontado no 3º Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Botânica, sobre a necessidade de melhoria do ensino desta área nos diversos cursos (BARRADAS e NOGUEIRA, 2000).

Para Kinoshita et al (2006), a abordagem botânica nos diversos níveis de ensino ocorre de maneira descontextualizada, excessivamente teórica e descritiva, tornando-se pouco relacionada com a realidade do aluno, desmotivadora e levando ao desinteresse. Alguns autores apontam dificuldades encontradas pelos professores/as no Ensino de Botânica, fazendo com que o tema seja deixado para o final do ano letivo, por insegurança e/ou medo, justificando assim a falta de tempo para seu desenvolvimento, esbarrando na falta de interesse e desmotivação dos alunos (SANTOS e CECCANTINI, 2004; RAMOS, 2012; ARRAIS, et al, 2014).

A situação desfavorável em que o Ensino de Botânica ocorre alicerça ainda mais a chamada "cegueira botânica" descrita por Wandersee e Schussler (2001), termo este que busca explicitar o quanto a percepção e conhecimento do mundo vegetal são subestimados no cotidiano das pessoas e nas suas relações com o ambiente. Segundo os autores, vários são os sintomas deste fenômeno, sendo que a educação curricular como está configurada, contribui grandemente para reforçar a maioria deles. Destacamos alguns destes sintomas que poderiam ser melhor explorados durante as aulas do Ensino Médio:

"(c) não compreender as formas de matéria e energia de que os vegetais necessitam para se manterem vivos,... (f) falta de experiências práticas no cultivo, observação e

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identificação das plantas na própria região geográfica, (g) não ser capaz de explicar a ciência básicas das plantas, incluindo o crescimento, nutrição, reprodução e considerações ecológicas relevantes, (h) falta de consciência de que as plantas são fundamentais para um ciclo biogeoquímico (chave do ciclo de carbono)." (WANDERSEE e SCHUSSLER, 2001).

A dificuldade de individualizar cada planta em um ambiente contribui para a ideia de que elas somente configuram como plano de fundo para a existência dos animais. O diálogo estabelecido numa dimensão cultural e imagética, facilita a individualização das mesmas, afastando a tendência de agrupá-las sem "enxergá-las" (MACHADO e AMARAL, p. 4, 2015). Neste trabalho, com futuros professores/as de Ciências Biológica, as autoras realizam atividades de sensibilização que envolvem literatura, escritas narrativas e desenhos que trazem as memórias dos estudantes, contextualizando o ensino de Botânica nas experiências de vida. É uma abordagem que configura um excelente caminho para tornar a Botânica mais significativa para o aluno, possibilitando a exploração dos conhecimentos teóricos e a diminuição da "cegueira botânica" dos estudantes.

Para Krasilchik (2016), o professor/a deve escolher as atividades e modalidades didáticas para melhor atingir os objetivos educacionais propostos, principalmente os de compreender os conceitos básicos biológicos, vivenciar o método científico e analisar situações sociais. Além disso, a variação de atividades atrai e desperta o interesse de um número maior de alunos. A autora aponta as mais frequentes como sendo as aulas expositivas, as discussões, as demonstrações, as aulas práticas, as excursões, as simulações, as instruções individualizadas e os projetos.

Para Salatino e Buckeridge (2016), as consequências da deficiência do Ensino de Botânica nos vários níveis são mais drásticas ainda. Levam a formação de uma sociedade apática à questão ambiental, sem perceber a importância da destruição dos biomas, da perda dos papéis ecológicos dos vegetais e do impacto na economia agrícola nacional. A gravidade se estende na dimensão das tomadas de decisões e políticas pública, o que, sem sombra de dúvidas, afetará nossa sociedade a longo prazo.

Além disso a relação do homem e das plantas de seu convívio tem caráter cultural, uma vez que conhecimentos são adquiridos, acumulados e transmitidos nas sociedades locais. A etnobotânica - termo cunhado pelo botânico John W. Harshberger em 1895 - estuda essas inter-relações entre grupos culturais e as plantas de seu meio (ALBUQUERQUE, 2005) resignificando mais uma vez a botânica no cotidiano escolar.

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O uso de imagens durante a construção do conhecimento pode ser uma forma de minimizar a “cegueira botânica”, promovendo que a planta deixe de ser vista como "cenário" para ser protagonista do ambiente. O uso da linguagem fotográfica, no material didático ou produzida pelos alunos, deve "exercitar o olhar circular, não causal e alegórico". Pois, normalmente, a imagem está subordinada ao texto, explicando-o ou comprovando conceitos descritos. (WUNDER e LAGANÁ, p. 146, 2005).

Segundo Wunder (2006), a fotografia pode ser compreendida de duas maneiras: como um "pacote de informações", fornecendo dados diversos e registro históricos, comprovando o real, e também como uma ”nuvem de fantasias", pois representa escolhas, desejos e imaginação. Para o aluno, a linguagem fotográfica pode assumir estes dois papeis, tornando visível a informação e a intenção, a presença e a leitura da presença das plantas em locais do cotidiano.

De maneira mais poética e filosófica, Coccia (2018) nos apresenta o ponto de vista, ou, como o próprio autor deixa claro, o ponto de vida das plantas. Segundo ele, o mundo é literalmente produzido por elas, nós somente existimos porque existe um jardim originário onde elas são nossos jardineiros. Esta imagem metafórica nos relaciona energética e existencialmente com as plantas, trazendo uma proximidade talvez nunca antes apresentada aos alunos e que pode propiciar momentos de reflexão e encontros.

A proposta de sequência didática deste trabalho não segue a formula tradicional de atividades em cadeia para chegar em um objetivo único e atingível. Partimos da ideia da Teoria Ator-Rede apresentada por Coutinho e Silva (2016) onde "todas as coisas emergem por meio de interconexões em rede, no qual nada é inerente ou essencial, mas produzido por meio de interações contínuas e de negociações". Neste sentido, as atividades propostas podem ser utilizadas de acordo com a expectativa do professor/a regente da sala: totalmente separadas, segundo a escolha do professor/a no sentido de atingir o objetivo de sensibilizar o aluno e introduzir o tema Botânica; ou em conjunto, compondo uma sequência de momentos que resultarão na sensibilização em relação ao mundo vegetal e melhor compreensão dos conhecimentos botânicos.

O termo "sensibilização" que trago neste trabalho tem por objetivo levar o aluno a se comover com as plantas, como um ato solidário de colocar-se no lugar do outro. A palavra sensibilizar apresenta vários significados, no entanto, assumo a interpretação de "impressionar vivamente; atrair a atenção de (alguém ou algo) para suscitar reação de certa amplitude e certa duração; emocionar, tocar".

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Nesta perspectiva o outro é um vegetal, e assim aproximar os alunos de maneira afetiva e definitiva, como forma de facilitar o estudo dos termos técnicos inerentes ao processo de ensino e aprendizagem da Botânica.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Estudar e problematizar as abordagens da Botânica no Ensino Médio em livros didáticos e propor atividades, por meio de uma sequência didática, com o objetivo de sensibilização dos alunos sobre os vegetais, reconhecendo-os como seres vivos integrados às diversas relações ecológicas importantes para o equilíbrio da vida do planeta.

2.2. Objetivos específicos

 Identificar as diferentes abordagens práticas e modos de organização visual do ensino de Botânica que são propostas em 4 livros didáticos utilizados no Ensino Médio Paulista nas edições 2015-2017 e 2018-2020 do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), a partir de teóricos da área do Ensino de Botânica e Educação.

 Apresentar uma sequência didática que aborde atividades de sensibilização sobre a flora, contextualização da importância ecológica do vegetal e práticas de realização simples para a realidade escolar.

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3. METODOLOGIA

O presente trabalho se enquadra no Programa do PROFBIO dentro do Macro Projeto de Pesquisa "Botânica na escola", tendo como tema principal a sensibilização dos alunos em relação à Botânica através da proposta de sequência didática a ser utilizada por outros professores/as no Ensino Médio. O ponto de partida consiste na análise de livros didáticos atualmente em uso no ensino regular do Estado de São Paulo, em relação à "Botânica", com análise das imagens apresentadas e levantamento das atividades práticas propostas. O olhar lançado sobre as imagens busca identificar as suas funções: ancorar/ilustrar o texto, explicar e confirmar conceitos teóricos ou ampliar a percepção visual.

Vale ressaltar, que o objetivo deste trabalho não é analisar a qualidade das informações apresentadas em cada coleção, nem tampouco comparar suas qualidades didáticas. Busca-se compreender como a organização visual e dos conhecimentos botânicos tem gerado o distanciamento dos estudantes ao mundo vegetal que o rodeia. Acreditamos que todas as atividades propostas são igualmente enriquecedoras, cabendo ao professor/a de cada escola a escolha daquela que melhor colabora para a aprendizagem de seus alunos.

Estas coleções foram escolhidas pois algumas eram utilizadas na unidade escolar quanto ingressei e as outras foram minhas opções de escolha para utilização nos anos seguintes, conforme calendário de escolha dos livros didáticos na Rede Estadual Paulista.

Para a análise das atividades propostas nas coleções didáticas criamos as seguintes classificações:

 Atividades etnobotânicas: aquelas que visam valorizar relações culturais regionalizadas com as plantas;

 Aulas de campo: sugestões de aulas externas ao ambiente da sala para observação do vegetal in situ;

 Memorial do aluno: atividades que resgatam vivências e emoções dos alunos;

 Atividades artísticas: situações que relacionam as plantas com expressões artísticas já existentes ou de criação dos alunos;

 Modelos didáticos: uso ou confecção de modelos didáticos para estudo;

 Atividades descritivas: atividades de observação e descrição de componentes botânicos;

 Atividades investigativas: atividades que abordem o método científico de investigação;

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 Atividades conceituais: aquelas onde o aluno é convidado a esquematizar conhecimentos teóricos.

Esta análise tem o objetivo de compreender como tem acontecido a sensibilização dos alunos para o estudo botânico nos livros didáticos, se é que esta proposta de sensibilização ocorre. As categorias acima foram baseadas na minha experiência pessoal como professora, pela maneira como estas atividades são conduzidas na sala de aula, associada aos textos clássicos de didática de Ensino de Ciências e Biologia, como "Prática de Ensino de Biologia (Krasilchik, 2016)".

A partir delas buscamos criar uma sequência de atividades que sensibilize os alunos a estudar Botânica, de maneira a contribuir para a diminuição da "cegueira botânica" e maior proximidade dos alunos em relação ao mundo vegetal.

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4. RESULTADOS

Chamaremos as coleções de Coleção-A, Coleção-B, Coleção-C e Coleção-D. Todas constam com 3 volumes, referentes as três séries do Ensino Médio, sendo:

 Coleção A: Biologia Moderna. José Mariano Amabis, Gilberto Rodrigues Martho; Moderna, 2016.

 Coleção B: Biologia hoje. Sergio Linhares, Fernando Gewandsznajder; Ática, 2013.

 Coleção C: Bio: volume 3. Sônia Lopes, Sergio Rosso; Saraiva, 2010.

 Coleção D: Conexões com a Biologia. Editora responsável: Rita Helena Bröckelmann; Editora Moderna. 2013.

4.1. Organização do conhecimento

Nas coleções A e C, o tema "Botânica" aparece no volume 3; enquanto nas coleções B e D, isso ocorre no volume 2. Este fato é relevante pois, conforme o Currículo do Estado de São Paulo atualmente em uso, a Botânica deve ser abordada na 3ª série do Ensino Médio, o que faz com que nem sempre a coleção escolhida pelo professor/a atenda a este quesito. Em todas as coleções o estudo da diversidade vegetal se inicia com a classificação biológica dos seres vivos, seguida das características gerais dos grandes grupos, ainda utilizando a classificação em 5 Reinos.

Cada coleção apresenta uma quantidade de termos técnicos e teóricos diferentes. Ressalto que as coleções A e C são excessivamente teóricas e descritivas, o que já foi apontado como desmotivador para o aluno, e contribui para dificuldade de tempo encontrada pelos professores/as em virtude do pouco tempo para trabalhar o assunto.

A coleção B chamou atenção por enfatizar o conteúdo a partir do estudo dos grandes grupos vegetais e seus ciclos reprodutivos, para então seguir no pensamento evolutivo e nas características morfofisiológicas, restrito ao grupo das angiospermas. Nas outras coleções, o estudo se inicia com abordagem evolutiva e importância do grupo.

Na maioria dos textos de apoio a importância dos vegetais é trabalhada na perspectiva alimentar e de servir ao ser humano com produtos. As discussões a respeito de funções ecológicas, aparentemente, são deixadas para outros momentos, como o capítulo da

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Ecologia. Esta separação de importâncias quando estudamos botânica contribui para subestimar a presença do vegetal no cotidiano das pessoas e nas suas relações com o ambiente, contribuindo novamente para a "cegueira botânica" do aluno e sua apatia à questão ambiental.

4.2. Análise das atividades presentes nas coleções didáticas

Nas quatro coleções, ao final de cada capítulo é apresentado um conjunto de atividades teóricas, objetivas e discursivas, e pelo menos uma proposta de atividade prática. A coleção D trouxe também uma proposta de projeto a ser realizado na escola com o título "Reaproveitamento de resíduos vegetais". Esta atividade contribui para o desenvolvimento da iniciativa, da capacidade de tomar decisões e da persistência na execução da tarefa proposta. O assunto sugerido é muito pertinente, pois trás outra abordagem do estudo botânico, com análise da matriz energética nacional e busca de fontes renováveis de energia.

As atividades propostas estão classificadas na tabela abaixo:

Coleção Título da atividade Classificação da atividade

A

Construção de painéis gráficos: ciclos de

vida das plantas Atividade conceitual Estudando flores Atividade descritiva Observando o geotropismo do caule e da

raiz Atividade investigativa

B

Observação de gametófitos de musgos Atividade descritiva Observação de flores Atividade descritiva Trabalho em equipe para apresentar a

comunidade escolar. Temas sugeridos: plantas venenosas, substâncias medicamentosas extraídas de plantas e

exploração do pau-brasil

Etnobotânica e atividades artísticas

Germinação de monocotiledôneas e

eudicotiledôneas Atividade investigativa Testando a transpiração vegetal Atividade investigativa

C

Construindo um terrário com criptógamas Atividade investigativa

Botânica no mercado Aula de campo

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D

Como os animais veem as flores Atividade investigativa Luz e crescimento Atividade investigativa

Com as coleções analisadas podemos concluir que as atividades práticas propostas restringem-se, na grande maioria, ao caráter descritivo e investigativo. É importante ressaltar que as situações investigativas propostas são de fácil execução e baixa complexidade de métodos e conceitos. Esta característica é muito importante para tornar a atividade executável no ambiente escolar, que muitas vezes não dispõe de quase nenhuma infraestrutura para realização de atividades práticas. Além disso, estas atividades reforçam o caráter preparatório para exercer a capacidade científica, conforme destacado nos textos oficiais como objetivos para o Ensino Médio.

4.3. Ilustrações, esquemas e fotografias

De maneira geral, todas as coleções apresentam muitas ilustrações, tanto na forma de esquemas didáticos como de fotografias, que trazem exemplos de espécies nativas. Ambos facilitam a compreensão dos conceitos teóricos e exemplificam espécimes e órgãos trabalhados no texto, portanto, são imagens ancoradas no texto trabalhado. A quantidade destes tipos de ilustrações nas coleções estão apresentadas na tabela abaixo:

Coleção Quantidade de figuras Fotográficas Esquemáticas

A 36 48

B 66 45

C 99 67

D 78 30

As três coleções - A, B e C - apresentam na abertura do capítulo uma grande fotografia, na forma de paisagem, da Mata Atlântica. Nelas se percebem luz e sombra, claridade do interior da floresta, umidade e várias espécies vegetais. Esta imagem representa um "convite" ao assunto que será abordado. A coleção D traz uma abordagem totalmente

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diferente para "convidar" o aluno: apresentou breve história da Flora Brasiliensis, com fotos e indagações sobre sua importância relacionada com o desmatamento crescente.

No desenvolvimento dos capítulos destacamos as seguintes observações:  Duas coleções - A e B - trazem reconstituições artísticas da fauna pré-histórica.  A coleção A apresenta várias fotografias de experimentos citados no decorrer do

texto.

 A coleção B apresenta imagens pequenas e com a estrutura ou espécime citado no texto em primeiro plano, com enquadramento fechado.

 A coleção C se destaca pela quantidade de imagens, porém trata-se de imagens de microscopia, principalmente de tecidos vegetais.

 A coleção D se diferencia por apresentar as profissões de Botânico e de Engenheiro Agrônomo no decorrer do capítulo, sendo que, em ambas as situações traz fotografias de profissionais femininos no desempenho destas funções. Também apresenta a problemática da biopirataria, exemplificada pelo cupuaçu, com ilustrações aquareladas de toda a cadeia produtiva. Em outro momento, apresenta a perda de nutrientes em campos cultivados com fotografias de agricultor na colheita.

Com esta análise podemos verificar que não faltam ilustrações durante o desenvolvimento do tema Botânica. Porém, ainda assim, a invisibilidade do vegetal se mantém para o aluno, pois as imagens apresentam o assunto, mas não convidam o aluno a fazer uma leitura do mundo vegetal. Estas imagens, portanto, não diminuem a falta de empatia que observamos na sociedade com as questões ambientais e estimular isso nos alunos do Ensino Médio pode ser um início para se alcançar esta consciência.

Este panorama encontrado nas coleções didáticas corrobora para a necessidade de alternativas que abordem a sensibilização do aluno, como atividades artísticas e aquelas que acessem o memorial afetivo do aluno, buscando minimizar as dificuldades apontadas como contribuintes da "cegueira botânica" em que nossos alunos se encontram.

4.4. Sequência didática proposta: "Sensibilização botânica no Ensino Médio"

A escola onde leciono é a única estadual numa cidade de pouco mais de 5 mil habitantes. A principal atividade econômica local é agrícola, e portanto, meus alunos possuem bastante convívio com a rotina rural, inclusive acompanhando algumas lavouras, como

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batatas, amendoim e tomate. Esta proximidade traz noções bastante claras de serventia alimentar e práticas agrícolas, porém, a aproximação e identificação da planta como ser vivo e pertencendo à um ambiente com relações interespecíficas complexas, ficam a desejar quando conversamos informalmente com os alunos.

Além disso, o pensamento popular de serventia do vegetal se perpetua por gerações, tornando mais difícil o acesso ao memorial do aluno que não esteja nesta perspectiva.

A sequencia de atividades que apresento visa desenvolver situações em que a relação aluno-planta seja vivenciada de outra maneira, despertando o interesse pela vida vegetal e por suas relações.

Ressalto que na minha realidade os resultados da Atividade 1 podem ser reutilizados no Bosque que estamos construindo no fundo da escola e que a Atividade 4 também será desenvolvida neste mesmo Bosque e estendida para o entorno da escola em parceria com a prefeitura municipal. Porém, está situação em particular não se faz necessária para o desenvolvimento das atividades e o professor/a que as utilizarem pode se valer da disponibilidade de espaço da sua escola.

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A.

Atividade 1: Germinação de sementes diversas.

Introdução

A utilização de germinação e cultivo como atividade escolar ficou restrito às atividades lúdicas anteriores ao Ensino Fundamental, mas precisamente na Educação Infantil, onde geralmente é trabalhada em relação ao nascimento de um novo ser, através da germinação da semente.

No Ensino Médio esta atividade pode voltar a acontecer, com ênfase em um maior número de acontecimentos relativos a germinação, por exemplo, observando algumas estruturas, como os cotilédones.

Neste momento não devemos enfatizar os conceitos e nomes técnicos do processo. O aluno deve ser motivado a observar, identificar mudanças, cores, formatos, e assim construir uma imagem do que ele está acompanhando.

O objetivo desta atividade é fazer com que o aluno, através da germinação de sementes de várias espécies, observe estruturas que são formadas e represente-as por meio de imagens.

Materiais

Sementes de diferentes espécies (sugestões: feijão, abacate, tomate, mamão, maracujá, flores ornamentais)

Potes transparentes e pequenos. Algodão ou papel filtro.

Papel absorvente. Água.

Papel sulfite, lápis colorido, celular.

Procedimentos

Deixar as sementes embebidas em água por uma noite. Secar com papel absorvente.

Dispor as sementes nos potes forrados com algodão ou papel filtro. Molhar com água sem encharcar.

Manter o algodão ou papel filtro sempre úmido.

No caso da semente de abacate, retirar a película que envolve a semente; perfurar com palitos de dentes e manter com a parte inferior em água. Trocar a água diariamente.

Observações diárias do desenvolvimento das sementes.

Produções artísticas para acompanhar o desenvolvimento das sementes. Sugestões: quadrinhos, sequências fotográficas, fotovídeos e outros, conforme disponibilidade de recursos na escola ou pelos alunos.

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Exposição das produções artísticas realizadas pela turma. Promover a comparação entre as espécies.

Transferir as mudas produzidas para locais adequados, na própria escola ou por doação.

Discussão

Quais mudanças podemos perceber no desenvolvimento das sementes? O que mais chamou a atenção nas produções dos colegas?

Todas as sementes germinaram no mesmo período? Apresentam mesmas estruturas? Qual foi esta variação?

Após germinar, puderam notar diferenças nas plântulas das várias espécies? Que diferenças são estas?

Referências

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27

B.

Atividade 2: Aproximação imagética das plantas.

Introdução

A aproximação imagética pode ser um recurso utilizado para que o aluno perceba a planta como ser individual, porém inserido no meio e se relacionando com vários outros seres e fatores do ambiente. Mas ainda assim, como um ser individual em essência e existência.

A produção fotográfica se torna possível pelo grande número de alunos portando celulares, permitindo que imagens sejam produzidas, trabalhadas e socializadas com facilidade. Além disso, o incentivo ao uso de tecnologias digitais deve estar cada dia mais presente no cotidiano escolar.

O objetivo desta atividade está no aluno identificar, no meio onde vive e em locais que frequenta rotineiramente, a existência das plantas e, através delas, reconstruir paisagens já conhecidas. Partindo desta perspectiva, pode-se estudar os conceitos teóricos de classificação e características de grandes grupos.

Materiais Celular.

Projetor multimídia. Computadores.

Folhas sulfites e lápis coloridos.

Procedimentos

Os alunos são preparados para a atividade através da demonstração realizada pelo/a professor/a da seguinte maneira:

Professor/a: Exibição de uma imagem em close de uma planta, presente em um local de fácil identificação dos alunos (fachada da escola ou praça central, por exemplo).

Professor/a: Apresentar algumas informações botânicas sobre a espécie: nome científico, classificação biológica, parentesco filogenético, tipo de dispersão, agentes polinizadores, habitat natural, relações culturais, entre outros, de acordo com a espécie citada.

A seguir os alunos são instigados a falar qual lugar seria este e produzir um esboço da cena completa onde este espécime esteja inserido.

Professor/a: Exibição da imagem panorâmica onde o vegetal se encontra, identificando-o espacialmente e relacionando com outros seres vivos presentes (muitas vezes é possível, com uma observação mais atenta, identificar ninhos, polinizadores, plantas trepadeiras ou parasitas, e outras interações).

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Em duplas, os alunos devem repetir este processo, trazendo informações sobre a planta que escolheram e desafiando a turma a identificar o local que escolheram representar.

Resultados

As apresentações feitas pelos alunos.

Mostra da imagem original e dos esboços feitos pela turma toda.

Discussão

Você identificou a planta apresentada pelo professor/a em close, no início da atividade? Como foi reconhecer esta planta como parte da sua rotina diária?

O que você sentiu ou experimentou desenvolvendo esta atividade?

A oportunidade de olhar para a paisagem comum de todo dia "enxergando" as plantas nela presente, sem agrupá-las ou deixá-las como plano de fundo para a existência dos animais (incluindo os humanos) surpreende você?

A turma conseguiu identificar a paisagem que você escolheu através da planta que apresentou?

Você já havia "olhado" para estes lugares? E tinha "olhado" para este ser vivo? Mais de uma dupla escolheu o mesmo lugar? Mas escolheram a mesma planta?

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29

C.

Atividade 3: Notícias botânicas.

Introdução

A apatia social em relação aos problemas ambientais se torna enorme quando analisamos sob a perspectiva botânica. Vários desastres ambientais têm ocorrido no país, podemos citar alguns: incêndios florestais no Paraná (1963); acidente com Césio 137, em Goiânia (1987); vazamento de óleo na Baía de Guanabara (2000) e na Bacia de Campos (2011); rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (2015) e da Barragem de Brumadinho (2019).

No entanto, na grande maioria das vezes, as notícias enfocam os danos materiais, humanos e aqueles causados à fauna local, sem enfatizar os danos causados à flora.

Esta situação é até difícil de ser analisada: há falta de preparo nas coberturas jornalísticas para a leitura do problema sob a ótica vegetal? Há pouco interesse dos telespectadores a respeito desta temática? Ou mais uma vez nos deparamos com a "cegueira botânica"?

Para estimular este olhar, propomos aos alunos buscar por notícias relacionadas a estes desastres ou mesmo situações locais, em que são destacados os danos causados a flora.

O objetivo desta atividade é construir um jornal-mural com as notícias trazidas pelos alunos e resaltar a necessidade de olhar o mundo vegetal com mais propriedade e importância.

Materiais

Computadores com acesso a internet. Impressão de notícias e imagens. Bobina de papel kraft.

Lápis coloridos, canetas e pincel atômico de várias cores. Tesouras e cola.

Procedimentos

Em duplas, os alunos devem pesquisar na Internet por notícias relacionadas a desastres ambientais. Nas notícias, localizar os danos causados a flora local.

Observação: caso os alunos encontrem dificuldade nesta localização, podem ser estimulados a confeccionar a própria notícia sobre o desastre analisando sob a ótica vegetal, incentivando assim a pesquisa e a reflexão.

Cada dupla deve produzir um pequeno texto sobre a parte da notícia que cita os danos vegetais para compor o jornal-mural.

Com os textos produzidos, imagens dos desastres e imagens produzidas pelos alunos, deverão construir um jornal-mural.

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Resultados

O jornal-mural inicialmente será usado para discussão e finalização da atividade em sala. Após este momento, será exposto para a comunidade escolar.

Discussão

Quais as dificuldades encontradas neste processo de busca das notícias?

Você acha importante noticiar o impacto causado no mundo vegetal pelas ações humanas? Que tipo de informação você não encontrou e julga importante para conscientizar a população?

Referências

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31

D.

Atividade 4: Vamos plantar abelhas!

Introdução

A importância das abelhas para a manutenção da vida esta cada dia mais evidente, sendo demonstrada em artigos científicos, reportagens jornalísticas e produções artísticas para o publico infanto-juvenil. Tanto que já foram declaradas como "o ser vivo mais importante do planeta" pela Royal Geographical Society , de Londres.

A escola deve ter um papel incentivador nesta problemática. Por um lado, é importante o papel de racionalizar o medo que os alunos possuem destes animais, visto que muitas espécies nem ferrão possuem, e por outro, de promover um espaço de refugio para elas.

Conforme trabalho realizado no campus da Universidade Estadual de Campinas, no ano 2000, plantas ornamentais podem ser utilizadas para promover a manutenção destes animais no ambiente. A visitação das abelhas busca extrair recursos florais, como néctar e pólen, e por consequência, podem promove a polinização de algumas espécies vegetais quando realizam a transferência de pólen para o estigma da flor da mesma espécie. Nesta situação, são consideradas polinizadores efetivos, porém, podem somente extrair recursos, sendo chamadas de pilhadoras (ALVES-DOS-SANTOS, et al. 2016). A atuação como polinizador representa, inclusive, uma importante parcela da produção agrícola com seu serviço prestado as lavouras.

Independente da interação abelha-planta, como polinizador efetivo ou pilhador, a manutenção das abelhas na vizinhança de uma área de cultivo pode beneficiar culturas com o serviço de polinização promovido pelos visitantes florais (IMPERATRIZ-FONSECA, 2012).

Esta atividade apresenta dois objetivos principais: construir canteiros pela escola que promova a manutenção de espécies diferentes de abelhas no local, demonstrando na prática a relação entre as plantas e os animais; e promover a discussão a respeito dos impactos que atividades agrícolas convencionais (monoculturas e uso de agrotóxicos) causam nas populações deste insetos.

Esta atividade pode ser desenvolvida em continuidade da Atividade 1, escolhendo-se as espécies para germinação dentro das sugestões abaixo. Outra proposta é que possa ser desenvolvida em parceria com a comunidade local para além dos muros da escola, formando corredores florais pelo entorno.

Na tabela abaixo, estão sugestões de plantas a serem utilizadas conforme os trabalhos de Sazima e Agostini (2003), o livro Plantas Ornamentais no Brasil, de Lorenzi e Souza (2001) e observações pessoais, ressaltando que estas sugestões se aplicam para locais com condições climáticas semelhantes ao Estado de São Paulo.

Além desta listagem, sugerimos a consulta no site http://abelhaseplantas.cria.org.br/index, podendo realizar busca por abelha ou planta, e

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obtendo informações sobre interações abelhas-plantas de ocorrência na bibliografia atualizada.

Espécies de plantas Nome popular Multiplicação

Acanthaceae

Odontonema strictum (Nees) Kuntze odontonema estacas

Aizoaceae

Aptenia cordifolia (L. f.) N.E. Br. Rosinha de sol estacas

Lampranthus productus (Haw.) N.E. Br. Cacto-margarida estacas

Apocynaceae

Allamanda blanchetii A. DC. Alamanda Estacas e sementes

Araceae

Anthurium andraeanum Linden Antúrio Sementes, mudas

laterais e divisão do caule Asteraceae

Calendula officinalis L. Calêndula sementes

Callistephus chinensis (L.)Benth. Rainha-margarida sementes

Chrysanthemum sp. Margarida Estacas e sementes

Helianthus debilis Nutt. Girassol-de-jardim sementes

Zinnia elegans Jacq. Capitão sementes

Balsaminaceae

Impatiens walleriana Hook.f.

Maria-sem-vergonha

Estacas e sementes

Bixaceae

Bixa orelana L. Urucum

Caryophyllaceae

Dianthus caryophyllus L. Cravo Estacas e sementes

Ericaceae

Rhododendron x simsii Planch. Azaléia estacas

Malvaceae

Hibiscus rosa-sinensis L. Hibisco estacas

Malvaviscus arboreus Cav. malvavisco estacas

Passifloraceae

Passiflora sp. Maracujá Sementes

Rubiaceae

Mussaenda alicia Hort.

Mussaenda-rosa-arbustiva

estacas

Pentas lanceolata (Forssk.) Deflers pentas Estacas e sementes

Materiais

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Sementes e mudas.

Equipamentos de jardinagem. Água.

Procedimentos

Exibição de vídeo introdutório sobre o assunto. Indicações:

"Sem Abelha, Sem Alimento: A importância das abelhas na produção de alimentos", do grupo "Bee or not to be?", com o apoio do Projeto Polinizadores do Brasil. (https://www.youtube.com/watch?v=BvGwLGmwOzE)

"Abelhas e risco de extinção: Importância das abelhas para a Humanidade" (https://www.youtube.com/watch?v=wrIRXdI44z8)

Preparação dos canteiros para plantio das mudas ou sementes. Plantio das mudas ou sementes.

Monitoramento e manutenção dos canteiros.

Observações ao longo do ano das espécies de abelhas visitantes.

Resultados

Acompanhamento do desenvolvimento dos vegetais plantados. Manutenção dos canteiros construídos.

Observações de espécies de abelhas visitantes ao longo do ano.

Discussão

Esta atividade não se encerra com a construção dos canteiros, portanto a discussão deve acontecer periodicamente, com observações dos visitantes florais. Apresentamos abaixo sugestões de continuidade:

Realizar a atividade apresentada no vídeo "Atividade prática de biologia - Extinção das abelhas" (https://www.youtube.com/watch?v=F1EBLq-Pci0), confeccionada por alunas da Unicamp. A indicação é para alunos do Ensino Fundamental I, porém pode ser realizada com alunos do Ensino Médio, enfatizando a coleta e tabulação de dados biológicos, as transferências de biomassa e energia entre os grupos e os ciclos biogeoquímicos.

Propor pesquisa sobre a utilização de agrotóxicos que afetam estes animais, com levantamento dos grupos autorizados pela legislação brasileira e as consequências para saúde humana.

Discutir o impacto que as monoculturas significam para a sobrevivência desses insetos e as culturas que são beneficiadas pelo serviço ambiental prestado pelas abelhas.

Referências

ALVES-DOS-SANTOS, I; SILVA, C.I. da; PINHEIRO, M; KLEINERT, A. de M.P. Quando um visitante floral é um polinizador? Rodriguesia, v.67, n.2. Rio de Janeiro, 2016.

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IMPERATRIZ-FONSECA, V.L. (Org.) Polinizadores no Brasil: Contribuição e Perspectivas para a Biodiversidade, Uso Sustentável, Conservação e Serviços Ambientais – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. 488 p.

LORENZI, H.; SOUZA, H. M. de. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3º ed. Nova Odessa, SP:Instituto Plantarum, 2001.

RAVEN, P.H. et al. Biologia Vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007 (7ª Ed.) SAZIMA, M.; AGOSTINI, K. Plantas ornamentais e seus recursos para abelhas no campus da Universidade Estadual de Campinas, estado de São Paulo, Brasil. Bragantia, Campinas, v.62, n.3, p.335-343, 2003.

(35)

35

E.

Atividade 5: Empatia vegetal.

Introdução

Você já imaginou o mundo sobre o ponto de vista das plantas? Provavelmente não! Pois bem, vamos fazer juntos este exercício.

O filósofo italiano Emmanuele Coccia aborda o mundo de uma perspectiva totalmente diferente da convencional e nos convida a pensar no "ponto de vida" das plantas. Ele apresenta os vegetais como os jardineiros do mundo, sendo que somos "trabalhados" por estes jardineiros, numa realidade vegetal: "é um jardim antes de ser um zoológico, e é somente porque é um jardim que podemos ali viver".

O cotidiano escolar nos atropela e deixamos de lado esses momentos de reflexão, de contemplação do que nos rodeia. Esta atividade nos convida a vivenciar e propiciar aos nossos alunos momentos assim. Vamos procurar um local agradável na escola, como um jardim, ou uma praça próxima. Quem sabe, um som agradável de cachoeira ao fundo, um piquenique talvez. Vamos ganhar tempo!

Materiais

Fichas impressas com os textos abaixo.

Folhas sulfites, lápis coloridos, tintas (materiais artísticos).

Procedimentos

Os alunos serão divididos em 5 grupos.

Cada grupo receberá um parágrafo do livro Virada Vegetal, de Emanuele Coccia, conforme constam nas fichas abaixo:

1. Grupo 1

2. "Imaginemos-nos sem olhos. Ao redor, nem cores, nem formas. Nenhum desenho ou silhueta. O mundo não se apresenta a nós como variedade de corpos e de intensidade de luz. É um corpo único, com diferentes graus de penetrabilidade."

3. Grupo 2

4. "Imaginemo-nos sem ouvidos. Não há ruídos, não há música, não há poesia. Nenhuma linguagem que possamos compreender. Tudo não passa de uma agitação silenciosa de matérias."

5. Grupo 3

6. "Imaginemo-nos, também, sem pernas. Não podemos nos mexer, a menos que algo nos atinja. Ou melhor, não podemos nos deslocar, mas sem parar somos tocados e atingidos por outros corpos e elementos. Não temos pernas, e o mundo

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à nossa frente não tem profundidade. Tudo deve existir em nossa superfície. Nossa pele coincide com os limites do mundo. "

7. Grupo 4

8. "Imaginemo-nos sem braços e sem mãos para pegar e tocar as coisas, destilar e distinguir, na vasta soma de componentes do mundo, objetos, entidades fixas, estáveis, definidas. O mundo é um corpo fluido onde nada pode estar separado de nada mais."

9. Grupo 5

"Imaginemo-nos sem órgãos de sentidos e de movimento, sem poder, entretanto, parar de crescer, modelar, remodelar, bricolar nosso próprio corpo, sua forma, seu volume, seus contornos, sua extensão."

Os grupos não podem saber o que o outro grupo recebeu.

Cada grupo é orientado a ler seu parágrafo, discutir o que ele representa e quais percepções tiveram com a leitura. O professor/a também pode instigá-los com a seguinte fala: "Imaginemos tudo isso, e busquemos definir em que consistiria nossa experiência de estar no mundo."

Cada grupo irá criar uma representação do que leram.

Os grupos deverão socializar seus textos, suas produções e suas percepções sobre o parágrafo que receberam.

Ao final dos cinco grupos, o professor/a deve ler o parágrafo da ficha final abaixo: Em conjunto, os alunos devem construir uma representação artística do todo.

"Imaginemos tudo isso, e teremos uma ideia, por certo imprecisa e aproximativa, do mundo tal como se dá a ver e a viver às plantas."

Resultados

A participação dos alunos.

Mostra da representação artística que construíram ao final.

Discussão

Quando você recebeu a ficha do seu grupo, que sensação teve? Quais foram suas percepções neste momento?

Ao ouvir as fichas e produções dos outros grupos, que ideia mental você foi construindo e modificando?

Na finalização, o professor/a lê a ficha final. O que estas palavras causaram em você? O que você sentiu ou experimentou desenvolvendo esta atividade?

Em qual, ou quais, situações do dia-a-dia você percebe este jardim?

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5. DISCUSSÃO

A distribuição dos conteúdos nas coleções didáticas não acompanha a organização curricular do Estado de São Paulo no momento. Este fato vem sendo encarado nas escolas somente como uma dificuldade a ser superada, e não como um impedimento para a utilização dos materiais didáticos disponíveis. No entanto, estamos em plena reformulação do Ensino Médio Nacional, e consequentemente, do Currículo Paulista. Esperamos assim que esta situação seja sanada nas próximas edições das coleções didáticas. Nas coleções analisadas, Botânica está apresentada no volume 3 nas Coleção A e C, acompanhando o Currículo Paulista atual.

Em relação à quantidade de informações teóricas e descritivas apresentadas nas coleções, não analisamos como um fator negativo que justifique a não utilização de qualquer coleção citada. Acreditamos que a quantidade e profundidade de informações técnicas deva ser mensurada pelo professor/a regente, de acordo com sua turma, seu contexto escolar, as perspectivas de seus alunos e as prioridades a serem trabalhas na escola onde atua. O caráter desmotivador relacionado pelos autores apresentados no trabalho pode ser contornado com atividades atrativas aos alunos.

As atividades apresentadas, tanto nas coleções analisadas como na sequência proposta por este trabalho, são de fácil execução e baixa complexidade e vão ao encontro com as disponibilidades de materiais e infraestruturas que encontramos nas escolas estaduais. Muitas escolas não dispõem de laboratórios, nem materiais específicos para experimentos e tão pouco, recursos humanos necessários à execução de procedimentos mais detalhados. Corroborando com Krasilchik (2006), as coleções analisadas e a sequencia proposta apresentam variedade de atividades e propiciam o aluno a vivenciar o método científico e analisar situações sociais.

A utilização de imagens no Ensino de Biologia é sempre pertinente para aproximar o aluno do conceito a ser trabalhado, como apontaram Machado e Amaral (2015) no trabalho com futuros professores/as de biologia. Assim, a "Atividade 2 - Aproximação imagética das plantas" busca despertar no aluno a construção do conhecimento a partir de seu contexto de vida e da criação de imagem dos vegetais que ele tem convívio diário. Esta abordagem torna a Botânica mais significativa para os alunos, configurando uma oportunidade de diminuir a "cegueira botânica" já apontada.

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Além disso, oportunizar aos alunos situações de trabalhar a linguagem fotográfica como forma de exercitar o olhar mais atento e detalhado, estético e afetivo em relação às plantas, como descrito por Wunder e Laganá (2005), favorece o protagonismo vegetal frente a paisagem normalmente criada. A produção fotográfica realizada pelo aluno pode fazer brotar discursos menos rígidos sobre a paisagem escolhida, trazendo novos sentidos, lembranças, sensibilidades e reflexões que imagens pré-concebidas não causariam.

As questões de ecologia e serviços ambientais são muito sutis durante o Capítulo de Botânica, isto contribui para o distanciamento que o aluno faz das plantas, promovendo a “cegueira botânica” e agravando as discussões de políticas publicas ambientais a longo prazo, como apontado por Salatino e Buckeridge (2016). O desenvolvimento de projetos que costure outros assuntos com a Botânica parece ser um interessante caminho a seguir. As propostas "Atividades 3 - Notícias Botânicas" e "Atividade 4 - Vamos plantar abelhas" foram pensadas para minimizar estes problemas. A Atividade 4 pode ser desdobrada em um projeto que envolva toda a comunidade escolar, até mesmo com envolvimento do Município, se for possível.

A "Atividade 5 - Empatia vegetal" busca criar um momento de livre pensar e de exploração de possibilidades e impressões diferenciadas. Propõem reflexões sobre o apontado por Coccia (2018) "Estar no mundo significa para nós, humanos, estarmos condenados a nos nutrir do que a vida vegetal soube fazer do sol e do solo, da água e do ar que compõem nosso mundo." estimulando os alunos a identificar as relações energéticas e metafóricas com as plantas.

Assim, a variedade de atividades propostas na sequência didática deve atrair e despertar o interesse de um maior numero de alunos, apontado por Krasilchik (2016) como sendo importante para contextualizar a abordagem botânica excessivamente teórica e descritiva (Kinoshita et al, 2006).

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6. CONCLUSÃO

A Botânica não necessita deixar de ser trabalhada em termos teóricos e técnicos, estes são extremamente necessários para atingir os objetivos apontados nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e para formar um cidadão consciente de suas ações socioambientais. Lembrando que estamos num momento de reformas eminentes destes parâmetros, que podem mudar os rumos do ensino botânico no nível Médio.

De qualquer maneira, dada a importância do assunto e da problemática apresentada pela “cegueira botânica”, torna-se necessário o desenvolvimento de diferentes formas de acessar o aluno e motiva-lo a estudar Botânica. As coleções didáticas analisadas apresentam muitas ilustrações, porém a invisibilidade do vegetal tem se mantido. Apresentam também atividades variadas, porém desenvolvidas de maneira tão técnica e fechadas, não diminuem a falta de empatia que observamos na sociedade com as questões ambientais e estimular isso nos alunos do Ensino Médio pode ser um início para se alcançar esta consciência. Este panorama encontrado nas coleções didáticas corrobora para a necessidade de alternativas que abordem a sensibilização do aluno, como atividades artísticas e aquelas que acessem o memorial afetivo do aluno, buscando minimizar as dificuldades apontadas como contribuintes da "cegueira botânica" em que nossos alunos se encontram. Com isso, as atividades propostas nesta dissertação permitirão que professores/as explorem alternativas para sensibilizar seus alunos e assim, trazer visibilidade para o mundo vegetal.

Acredito que a participação dos alunos em atividades diferenciadas, como as propostas na sequência didática, será maior e mais significativa do que em aulas expositivas. Além disso, o método científico implícito nas atividades aproxima os estudantes da vivência da Biologia e da construção do conhecimento como protagonista desta ação.

As produções artísticas trazem individualidade e criatividade ao conhecimento. Trazem beleza e calor para termos teóricos frios e distantes.

A escolha do livro didático é uma responsabilidade do/as professores/as da disciplina em cada escola. Os aspectos levantados para análise das coleções didáticas neste trabalho são considerados por mim importantes de para serem avaliados durante esta escolha. Espero que contribua para auxiliar outros professores/as nesta tarefa.

As atividades propostas convidam, e não concluem. Convidam às produções artísticas, à empatia as questões ambientais, convidam à colocar-se no lugar das plantas e sentir como elas. Sintam-se todos, convidados!

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7. REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, U.P. Introdução à Etnobotânica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2005.

ALVES-DOS-SANTOS, I; SILVA, C.I. da; PINHEIRO, M; KLEINERT, A. de M.P. Quando um visitante floral é um polinizador? Rodriguesia, v.67, n.2. Rio de Janeiro, 2016. ARRAIS, M. das G. M.; SOUSA, G. M. de; MASRUA, M. L. de A. O ensino de Botânica: Investigando dificuldades na prática docente. Revista da SBEnBio, n.7, 2014.

BARRADAS, M. M.; NOGUEIRA, E. Trajetória da Sociedade Botânica do Brasil em 50 anos. Brasília: Sociedade Brasileira de Botânica, 2000

BRASIL. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília; MEC/SEF, 2000. _______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional , Lei nº 9394/96.

_______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006. 135P.

COCCIA, E. A virada vegetal. Série Pandemia. n-1 Edições, 2018.

COUTINHO, F. A.; SILVA, F. A. R. (Org.) Sequências didáticas : propostas, discussões e reflexões teórico-metodológicas. Belo Horizonte : FAE/UFMG, 2016.

IMPERATRIZ-FONSECA, V.L. (Org.) Polinizadores no Brasil: Contribuição e Perspectivas para a Biodiversidade, Uso Sustentável, Conservação e Serviços Ambientais – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. 488 p.

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2016.

KINOSHITA, L. S.; TORRES, R. B.; TAMASHIRO, J. Y. ; FORNI-MARTINS, E. R.. (orgs) A Botânica no Ensino Básico: relatos de uma experiência transformadora. São Carlos. Rima. 2006. 162p.

LORENZI, H.; SOUZA, H. M. de. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3º ed. Nova Odessa, SP:Instituto Plantarum, 2001.

MACHADO, C. de C; AMARAL, M. B. Memórias ilustradas: Aproximações entre formação docente, imagens e personagens botânicos. ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.8, n.2, p.7-20. 2015.

RAMOS, F. Z. Limitações e contribuições da mediação de conceitos de botânica no contexto escolar. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências). Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Campo Grande. 2012.

RAVEN, P.H. et al. Biologia Vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007 (7ª Ed.) SALATINO, A.; BUCKERIDGE, M. "Mas de que te serve saber botânica?" Estudos Avançados, v.30 (87), 2016.

SANTOS, D. Y. A. C.; CECCANTINI, G. Propostas para o ensino de Botânica: manual do curso para atualização de professores dos ensinos fundamental e médio. São Paulo. USP. 2004.

(42)

SAZIMA, M.; AGOSTINI, K. Plantas ornamentais e seus recursos para abelhas no campus da Universidade Estadual de Campinas, estado de São Paulo, Brasil. Bragantia, Campinas, v.62, n.3, p.335-343, 2003.

WANDERSEE, J. H.; SCHUSSLER, E. E. Towards a theory of plant blindness. Plant Science Bulletin. v. 47 (1):2-9. 2001.

WUNDER, A. e LAGANÁ, H. Dialogando sobre fotografias e ensino de Ciências. In: ROSA, M.I.P. (Org.) Formar: encontros e trajetórias com professores de Ciências. São Paulo. Escrituras Editora. 2005. p. 143-156.

WUNDER, A. Fotografias como exercício de olhar. 29ª Reunião Anual da ANPEd – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. Minas Gerais, Caxambú: Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Unicamp, 2006.

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8. ANEXOS

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Referências

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