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Artigo Acessibilidade FLN mar10

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TURISMO ACESSÍVEL: UM SEGMENTO DE TURISMO COM GRANDE POTENCIAL, FLORIANÓPOLIS - SC

Msc Carlos Cappelini1 RESUMO

O presente estudo tem como objetivo discutir o tema do turismo acessível e identificar as exigências que devem ser cumpridas para que uma cidade turística, como Florianópolis, que esteja interessada em atender a este nicho de mercado, possa se adaptar e, a partir disso, possa criar a diferenciação necessária para se destacar no mercado turístico local, regional e nacional. Para tanto o estudo apresenta uma discussão sobre a competitividade dos destinos turísticos; a segmentação da oferta e da demanda; a acessibilidade; o turismo em Florianópolis; e a acessibilidade como estratégia de diferenciação para a geração de competitividade no turismo em Florianópolis. A conclusão do estudo é que a implantação da infra-estrutura de acessibilidade nos ambientes públicos e coletivos de Florianópolis criará uma vantagem competitiva de longo prazo e que abrirá um novo mercado para o destino turístico.

Palavras-chave: acessibilidade; segmentação; competitividade.

INTRODUÇÃO

A oferta crescente de novos destinos turísticos exige, de cada uma destas destinações, ações direcionadas a criação de vantagens competitivas capazes de diferenciá-las de seus concorrentes.

O presente estudo apresenta uma breve discussão sobre as três estratégias de diferenciação enfatizadas por Porter (1989): liderança total em custos, foco e diferenciação. Esta fundamentação tem o intuito de contextualizar a discussão que, posteriormente, se faz a cerca da acessibilidade do turismo em Florianópolis – SC.

Trata-se de um ensaio inicial haja vista que não existem ainda ações efetivas para a implantação da infra-estrutura adequada, no município, para o atendimento das pessoas com algum tipo de necessidade especial.

O objetivo do estudo é justamente discutir o tema e identificar as exigências de uma cidade turística interessada em atender um nicho de mercado em plena expansão e, desta forma deixar claro as estratégias que podem ser adotadas para criar a diferenciação necessária para que 1 Carlos Cappelini possui graduação em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí – São José (2003) e mestrado em

Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí – Balneário Camboriú (2006). Atualmente é professor da Associação de Ensino de Santa Catarina – ASSESC e diretor da empresa Girus Soluções em Turismo.

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Florianópolis possa se destacar no mercado turístico local, regional e nacional.

Para tanto o estudo apresenta uma discussão sobre a competitividade dos destinos turísticos; o turismo em Florianópolis; a acessibilidade no turismo e o estudo de caso do turismo acessível em Florianópolis – SC.

A COMPETITIVIDADE DOS DESTINOS TURÍSTICOS

Com uma oferta cada vez maior de destinos turísticos, é normal que muitas destas localidades passem a travar uma verdadeira “guerra” com seus concorrentes enaltecendo suas vantagens comparativas, tais como: “o local das praias mais belas”, “o maior número de igrejas”, “as águas mais limpas”, e deixem de lado fatores muito mais importantes e que podem criar vantagens competitivas de longo prazo, os quais são fundamentados nas três estratégias de diferenciação enfatizadas por Porter (1989), quais sejam: liderança total em custos, foco e diferenciação.

Estas características permitem ao destino se diferenciar de fato dos seus concorrentes e desenvolver certas características, em seus produtos e serviços, que dificilmente podem ser copiadas ou igualadas, permitindo ao destino ter uma diferenciação de mercado que por um período de médio ou longo prazo o tornará talvez único no mercado.

A diferenciação através da liderança total em custos pode permitir ao destino obter uma vantagem difícil de ser alcançada, ou seja, trabalhar com custos de produção e distribuição reduzidos e desta forma oferecer preços muito mais competitivos no mercado. Isso depende de uma gestão eficiente dos recursos e dos produtos disponíveis no destino.

A diferenciação através do foco permite ao destino atender um mercado exclusivo, formado por um pequeno nicho de mercado e desta forma se especializar nesse determinando mercado. Esta especialização coloca o destino em destaque no cenário local, regional, nacional e até internacional, dependendo do grau de especialização que venha a atingir e ainda afastá-o de diversos concorrentes que não possuem interesse em atender este nicho de mercado.

Por fim na diferenciação

“[...] a empresa concentra esforços para alcançar desempenho superior em uma determinada área de benefício para o consumidor, valorizada por grande parte do mercado. Pode esforçar-se para ser líder em serviços, em qualidade, em estilo, em tecnologia etc., mas não é possível liderar em todas as áreas” (PORTER, 1989).

O desenvolvimento destas estratégias de diferenciação geram portanto a vantagem competitiva que o destino precisa para fortalecer sua imagem no mercado turístico e desta forma atender ou mesmo superar as expectativas da demanda turística.

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SEGMENTAÇÃO DA OFERTA E DA DEMANDA TURÍSTICA

O desenvolvimento da atividade turística se dá através da troca que se estabelece entre a demanda (turistas) e a oferta (quantidade de bem ou serviço oferecido no mercado pelos prestadores de serviços turísticos).

O mercado turístico é constituído, portanto, “[...] pelo conjunto de turistas e empresas que ofertam bens e serviços que satisfazem os desejos desses turistas no ato de sua viagem (IGNARRA, 2003)”.

Porém, a oferta não possui as mesmas característica em todas as localidades e a demanda também não possui a mesma necessidade e desejo, por isso é necessário que o mercado seja segmentado, tanto em relação a oferta quanto em relação a demanda, de modo a oferecer produtos adequados as necessidades dos clientes.

Segmentar a demanda é portanto “[...] definir a parcela de pessoas que compartilham as mesmas características, necessidades e expectativas (BRASIL, 2009)”. Já a segmentação da oferta diz respeito a definição de “[...] uma oferta turística que tenha uma identidade comum, baseada [em um] tipo de experiência e que atenda as expectativas do segmento de demanda que queremos atrair [Ibid. 2009]”.

Nesse sentido, o grupo de turistas potenciais formado pelas pessoas portadoras de necessidades especiais se enquadra na primeira definição, ou seja, um segmento da demanda que possui características similares e necessidades similares também e que atualmente não encontram produtos adequados, no Brasil, para satisfazer as suas necessidades.

ACESSIBILIDADE

A discussão sobre a acessibilidade no turismo tem como referência a realização do Congresso Ocio, Inclusión y Discapacidad, realizado na Espanha em junho de 2003. A discussão teve tanta repercussão no continente que levou aquele ano a ser declarado Ano Europeu das Pessoas com Deficiência (BRASIL, 2006).

Um dos resultados do evento foi a criação do Manifesto por um Ócio Inclusivo2, que destaca em seu artigo 15 que, “No âmbito do turismo, devem ser garantidas as condições de acessibilidade global das infra-estruturas e espaços turísticos e impulsionar a possibilidade real para que todas as pessoas participem das ofertas de diversos turismos temáticos”.

Esta preocupação pelo tema deve-se a identificação do enorme contingente de pessoas em todo o mundo com algum tipo de necessidade especial, os quais, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), representam de 7 a 10% da população mundial.

No Brasil, o censo IBGE (2000) mostra que 14,5% da população possui algum tipo de 2 Disponível em http://www.fundaciononce.es

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deficiência, ou seja, aproximadamente 24,5 milhões de brasileiros. Além disso aponta que 14 milhões de pessoas são idosas, portanto podem apresentar também algum tipo de necessidade especial e representam mais 8,6% da população. A previsão da mesma fonte é que mais de 15% da população brasileira deverá ter mais de 60 anos em 2025.

Trata-se portanto de um segmento da demanda (pessoas portadoras de necessidades especiais) que provavelmente não viaja pelo país devido a ausência de infra-estrutura adequada para que estes possam se deslocar e se hospedar com conforto e, ainda, possam utilizar os demais equipamentos turístico e de apoio ao turismo sem constrangimento e de modo a produzir uma experiência gratificante e produtiva.

CRONOLOGIA DAS POLÍTICAS DE INCLUSÃO DAS PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS3 E O DESENVOLVIMENTO DA ACESSIBILIDADE NO TURISMO

Com o intuito de promover a acessibilidade das pessoas portadoras de necessidades especiais em todo o tipo de convívio social, foram criadas, pelo governo federal, leis, decretos e portarias, das quais destacam-se:

Lei 10.048, de 08 de novembro de 2000. Dá prioridade de atendimento às pessoas que

especifica, e dá outras providências.

Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para

a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Lei 10.741, de 01 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso.

Lei 11.126, de 27 de junho de 2005. Dispõe sobre o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia.

Decreto 5.904, de 21 de setembro de 2006. Regulamenta a Lei 11.126, de 27 de junho de

2005 que dispõe sobre o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia e dá outras providências.

Decreto 5.296, de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta a Lei 10.048, de 08 de

novembro de 2000 que dá prioridade de atendimento às pessoas e a Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei 10.436 de 24 de abril de

2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Portaria 310, de 27 de junho de 2006. Aprova a Norma complementar n.o. 01/2006, que

3

BRASIL. Turismo e Acessibilidade: manual de orientações. Ministério do Turismo. Secretaria Nacional de Políticas de Turismo. MTUR: 2006, 94 p.

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trata de recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência, na programação veiculada nos serviços de radiodifusão de imagens e sons e de retransmissão de televisão. Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT criou uma série de normas com o mesmo objetivo. Entre estas destacam-se:

NBR 14022:1998 – Acessibilidade às pessoas com necessidade em ônibus e trólebus,

para atendimento urbano e intermunicipal;

NBR 14273:1999 - Acessibilidade da pessoa com necessidade no transporte aéreo

comercial;

NBR 13994:2000 – Elevadores de passageiros – elevadores para transporte de pessoa

com deficiência;

NBR 9050:2004 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos

urbanos;

NBR 15320:2005 - Acessibilidade à pessoa com necessidade no transporte rodoviário;

NBR 14021:2005 – Transporte – Acessibilidade no sistema de trem urbano e

metropolitano;

NBR 15250:2005 – Acessibilidade em caixa de auto-atendimento bancário;NBR 15290:2005 – Acessibilidade em comunicação na televisão.

No Brasil a acessibilidade no turismo tem o seu maior respaldo na norma ABNT-NBR 9050:2004 – a qual trata da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

Dentre o conteúdo abordado na norma, destaca-se o item 8 – Equipamentos Urbanos, que trata da acessibilidade, entre outros, a:

 Bens tombados;

 Locais de reunião, incluindo salas de cinema, teatro, auditórios e similares; locais de exposição; restaurantes, bares, refeitórios e similares;

 Locais de hospedagem;

 Locais de lazer, esporte e turismo; e  Bibliotecas e centros de leitura.

A norma apresenta as exigências para cada tipo de ambiente, incluindo o tipo de estrutura adaptada, dimensões, localização, quantidade, equipamentos a serem instalados nos ambientes adaptados, sinalização adequada, entre outros.

Já a NBR 14273:1999 - Acessibilidade da pessoa com necessidade no transporte aéreo comercial, define as exigências para as áreas de circulação dos aeroportos; áreas de embarque e desembarque de passageiros; acessibilidade no interior das aeronaves; e a comunicação e sinalização. Informações similares estão contidas na NBR 14022:1998 – Acessibilidade à pessoas com necessidade em ônibus e trólebus, para atendimento urbano e intermunicipal.

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O TURISMO EM FLORIANÓPOLIS

O município de Florianópolis é um destino turístico que vem se consolidando ao longo dos últimos anos, principalmente devido a suas características naturais e a riqueza cultural que está presente em seu território.

Dados do Ministério do Turismo – MTUR (2007) registram a ascensão de Florianópolis no ranking dos destinos turísticos brasileiros, em relação a demanda internacional que visitou o Brasil por motivo de lazer.

Em 2004, Florianópolis ocupava a 5ª posição no ranking, atrás do Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, São Paulo e Salvador. Já no ano de 2005, Florianópolis passou a ocupar a 4ª posição, a frente de Salvador e, em 2006, Florianópolis apareceu na 3ª posição, a frente também de São Paulo (Ver tabela 01).

De acordo com a Santa Catarina Turismo S/A – SANTUR (2007) o ano de 2007 registrou também a maior demanda turística no período que compreende os anos de 2005 à 2007. Neste ano, 2007, a demanda turística atingiu aproximadamente 780 mil turistas, o que representa um incremento de 35% em relação a demanda registrada em 2005 e 32% em relação a demanda de 2006. Em 2008 a demanda manteve-se praticamente estável, com queda de aproximadamente 0,5% em relação a 2007.

Deste total, aproximadamente 82% são turistas domésticos, provenientes dos estados do Rio Grande do Sul (46,33%), Santa Catarina (20,34%), São Paulo (13,28%), Paraná (13,56%) e Rio de Janeiro (1,98%).

Tabela 01. Ranking dos principais destinos turísticos brasileiros em relação a demanda internacional de

lazer

Fonte: MTUR (2007)

Dos turistas internacionais, que representam 28% do total da demanda, 79,19% são provenientes da Argentina, 8,33% do Chile, 5% do Paraguai, 5% do Uruguai e menos de 1% são

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provenientes da Bolívia.

A receita estimada em dólar, gerada pela movimentação turística, é superior a U$330 milhões, dos quais mais de 75% provenientes da demanda turística doméstica. Em relação ao mesmo período do ano anterior, verifica-se um acréscimo de 11,49% na receita total gerada pela demanda turística.

A permanência média dos turistas em hotéis atingiu 4,49 dias, registrando uma queda em relação aos anos de 2005 e 2006, quando foram registrados 5,39 e 4,61 dias de permanência média, respectivamente.

Se computados todos os tipos de meios de hospedagem utilizados pelos turistas [casas de amigos e parentes, apartamento de aluguel, segunda residência e etc], a permanência média dos turistas atinge 10,43 dias, mas ainda verifica-se uma pequena queda em relação ao ano de 2006 e 2007, quando foi registrada uma permanência média de 12,47 e 11,65 dias, respectivamente.

Com relação as despesas turísticas, verifica-se que em 2008 os gastos médios diários dos turistas domésticos atingiram U$39,37, com alta de 26% em relação ao ano anterior. Já os gastos dos turistas internacionais passaram dos U$ 39,17 registrados em 2007, para U$45,59 em 2008, registrando alta de 15% no período.

De modo geral, estes turistas foram motivados a visitar a cidade principalmente devido aos atrativos naturais da região [59,63%], seguido pelas manifestações populares [18,88%] e os atrativos culturais [17,94%], entre outros motivos. Os dados demonstram um inscrmemento expressivo dos turistas que visitaram a cidade, no período, motivados pelas manifestações populares [menos de 1% em 2007] e um pequeno acréscimo na demanda motivada pelos atrativos naturais. Já os turistas motivados pelos atrativos naturais registraram uma queda de aproximadamente 18% em relação ao ano anterior.

O CASO DO TURISMO ACESSÍVEL EM FLORIANÓPOLIS – SC.

A inclusão das pessoas com necessidades especiais no município de Florianópolis é estabelecida através da Lei Municipal N. 7.801 de 30 de dezembro de 2008, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, dos idosos com idade igual ou superior a sessenta anos, das gestantes, das lactantes e das pessoas acompanhadas por crianças de colo.

A mesma lei em seu Art. 2º define que “ficam sujeitos ao cumprimento das disposições desta Lei, sempre que houver interação com a matéria nela tratada:

I - a aprovação de projeto de natureza arquitetônica e urbanística, de comunicação e informação, de transporte coletivo, bem como a execução de qualquer tipo de obra, quando tenham destinação pública ou coletiva.

Já no Art. 11. a lei define que em

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empresas concessionárias responsáveis pela execução das obras e dos serviços garantirão o livre trânsito e a circulação de forma segura das pessoas em geral, especialmente das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, durante e após a sua execução, de acordo com o previsto em normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e nesta Lei.

E ainda, no Art. 14. diz que “[...] no planejamento e na urbanização das vias, praças, dos logradouros, parques e demais espaços de uso público, deverão ser cumpridas as exigências dispostas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT e princípios do desenho universal”.

No Art. 22. a lei estabelece que

“Os teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, casas de espetáculos, salas de conferências e similares reservarão, pelo menos, dois por cento da lotação do estabelecimento para pessoas em cadeira de rodas, distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa visibilidade, próximos aos corredores, devidamente sinalizados, evitando-se áreas segregadas de público e a obstrução das saídas, em conformidade com as normas técnicas de acessibilidade da ABNT”.

E deixa claro no § 6º, do mesmo artigo, que

“[...] Para obtenção de financiamentos federal, estadual, municipal ou outros de qualquer natureza, as salas de espetáculo deverão dispor de sistema de sonorização assistida para pessoas com deficiência auditiva, de meios eletrônicos que permitam o acompanhamento por meio de legendas em tempo real ou de disposições especiais para a presença física de intérprete de Libras e de guias-intérpretes, com a projeção em tela da imagem do intérprete de Libras sempre que a distância não permitir sua visualização direta.

Entre outras resoluções, no Art. 28. a lei estabelece que “[...] As soluções destinadas à eliminação, redução ou superação de barreiras na promoção da acessibilidade a todos os bens culturais imóveis devem estar de acordo com o que estabelece a Instrução Normativa n. 01, de 2003, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)”.

ACESSIBILIDADE COMO ESTRATÉGIA DE GERAÇÃO DE COMPETITIVIDADE PARA O TURISMO DE FLORIANÓPOLIS

Apesar do turismo adaptado ser visto como um importante segmento do mercado turístico, pouco tem sido feito no Brasil e em particular, em Florianópolis – SC, para atender as necessidades deste segmento.

Mais do que um segmento da demanda, o turismo voltado para os portadores de necessidades especiais é na verdade um nicho de mercado pouco explorado no Brasil, mas que

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vem recebendo bastante atenção, principalmente, nos países desenvolvidos, como França, Espanha, Estados Unidos e Canadá.

O que percebe-se em relação ao turismo adaptado, em Florianópolis, é quase um completo descaso do poder público, que atualmente oferece não mais do que algumas calçadas adaptadas aos portadores de necessidades especias, e demonstra também uma completa falta de visão empresarial da maior parte dos empresários da região, que ainda não se deram conta da oportunidade que existe e que, talvez, está sendo perdida.

Tratando da acessibilidade dos equipamentos urbanos, com especial atenção aos parques, praças e locais turísticos, percebe-se a distância entre o que estabelece a Lei Municipal, alicerçada na NBR9050 e aquilo que de fato encontra-se no município.

De acordo com o item 8.5.3 da norma supra citada:

 Sempre que os parques, praças e locais turísticos admitirem pavimentação, mobiliário ou equipamentos edificados ou montados, estes devem ser acessíveis;

 Nos locais onde as características ambientais sejam legalmente preservadas, deve-se buscar o máximo grau de acessibilidade com mínima intervenção no meio ambiente;

O piso das rotas acessíveis deve atender às especificações contidas em 6.1.14;

Pelo menos 5%, com no mínimo uma, do total das mesas destinadas a jogos ou refeições devem atender a 9.35. Recomenda-se, além disso, que pelo menos outros 10% sejam adaptáveis para acessibilidade;

Quando se tratar de áreas tombadas deve-se atender a 8.16.

O simples respeito as condições estabelecidas na NBR9050 e na Lei Municipal N. 7.801 dariam ao destino turístico de Florianópolis, uma condição altamente competitiva no mercado regional e nacional.

Por apresentar uma ampla oferta de praias, praças e parques no território do município, a adaptação destas áreas para o usufruto dos portadores de necessidades especiais, criaria uma vasta diversidade de atrativos que poderiam ser utilizados, com conforto, por este nicho de mercado.

Exemplos de atrativos que poderiam ser adaptados, são as praias da Daniela, Jurerê, Canasvieiras e Cachoeira do Bom Jesus, ambas praias de água calma e que permitiriam o acesso universal das praias.

Entre os parques, pode-se citar o Parque Municipal da Lagoa do Peri, que teria condição de, inclusive, adaptar uma de suas trilhas para os portadores de necessidades especias.

A implantação de calçadas adaptadas ao longo da Avenida das Rendeiras criaria outro 4 6.1.1 Os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob qualquer condição, que não provoque trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras de rodas ou carrinhos de bebê). Admite-se inclinação transversal da superfície até 2% para pisos internos e 3% para pisos externos e inclinação longitudinal máxima de 5%. Inclinações superiores a 5% são consideradas rampas e, portanto, devem atender a 6.4. Recomenda-se evitar a utilização de padronagem na superfície do piso que possa causar sensação de insegurança (por exemplo, estampas que pelo contraste de cores possam causar a impressão de tridimensionalidade).

5 Define critérios de distribuição, área de aproximação e altura das mesas.

6 Devem atender as condições descritas na NBR9050 e os critérios específicos aprovados pelos órgãos do patrimônio histórico e cultural competentes.

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espaço de lazer aos visitantes com necessidades especiais e para completar, seria necessário a adaptação das praças, principalmente aquelas localizadas no centro das freguesias e que dão acesso as igrejas do município, além da adaptação do acesso aos teatros e museus do município.

Com relação aos serviços oferecidos pelos prestadores de serviços turísticos, estes precisariam cumprir as condições definidas na mesma norma, principalmente em relação ao exposto no item 8, o que criaria, para o destino, uma vantagem competitiva de longo prazo.

Utilizando o conceito de estratégia de diferenciação através de foco em um determinado segmento - pessoas com necessidades especiais - definida por Porter (1989), Florianópolis poderia criar uma vantagem competitiva importante e que colocaria o destino turístico em destaque no mercado local, regional, nacional e inclusive internacional. Por outro lado, a adaptação dos destinos concorrentes levaria anos para ser viabilizada e portanto anos, também, para que estes destinos pudessem competir no mercado pelo nicho dos turistas portadores de necessidades especiais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para que um destino turístico possa ser competitivo é necessário que este defina uma estratégia de diferenciação e implemente as ações que vão gerar a vantagem competitiva que o destino precisa para fortalecer sua imagem no mercado turístico e desta forma atender ou mesmo superar as expectativas da demanda turística.

Um nicho importante do mercado turístico é o grupo de turistas formado pelas pessoas portadoras de necessidades especiais, as quais formam um segmento da demanda que possui características e necessidades similares e que, atualmente, não encontra produtos adequados no Brasil, para satisfazer as suas necessidades.

Trata-se portanto de um segmento da demanda (pessoas portadoras de necessidades especiais) que provavelmente não viaja pelo país devido a ausência de infra-estrutura adequada para que estes possam se deslocar e se hospedar com conforto e, ainda, possam utilizar os demais equipamentos turístico e de apoio ao turismo sem constrangimento e de modo a produzir uma experiência gratificante e produtiva.

Para que este nicho de mercado possa realizar viagens de forma adequada, é necessário que o poder público e a iniciativa privada façam a sua parte e respeitem as determinações legais que promovem a acessibilidade no Brasil, tanto as leis e decretos, quanto as normas técnicas desenvolvidas pela ABNT.

Apesar do turismo adaptado ser visto como um importante segmento do mercado turístico, pouco tem sido feito no Brasil, e em particular em Florianópolis – SC, para atender as necessidades deste segmento que, na verdade, caracteriza-se como um importante nicho de mercado que poderia ser atendido, em Florianópolis, a partir do desenvolvimento das estratégias

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de diferenciação através de foco - pessoas com necessidades especiais - definida por Porter (1989), o que levaria o destino a criar uma vantagem competitiva importante e que colocaria-o em destaque no mercado local, regional, nacional e inclusive internacional. Por outro lado, a adaptação dos destinos concorrentes levaria anos para ser viabilizada e portanto anos, também, para que estes destinos pudessem competir no mercado pelo nicho dos turistas portadores de necessidades especiais.

BIBLIOGRAFIA

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IGNARRA, Luiz R. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira, 1999.

PORTER, Michael. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

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SANTA CATARINA TURISMO S/A. Pesquisa de Demanda Turística de Florianópolis. Florianópolis: SANTUR, 2007.

Referências

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