A influência do fato boa-fé no julgamento de
autuações relacionadas à documentação
inidônea
Argos Campos Ribeiro Simões
Doutorando PUC/SP e Agente Fiscal de Rendas SP
PONTOS EM DESTAQUE
CRÉDITO DE ICMS
Não cumulatividade: conceito, restrições Incidência Materialidade
DOCUMENTO INIDÔNEO
Definição Características Provas
O FATO-EFEITO DA BOA-FÉ
ICMS – ASPECTOS GERAIS
Princípio Constitucional -não-cumulatividade
Art. 155,§ 2.°, CF/88: O ICMS será não
cumulativo,
compensando-se
o que for
devido
em cada operação relativa à
circulação de mercadorias ou prestação de
serviços com o
montante cobrado
nas
anteriores pelo mesmo ou outro Estado,
ou pelo DF.
NÃO CUMULATIVIDADE - restrições
Artigo 155, § 2.º, II – CF/88 - A isenção ou a não
incidência, salvo determinação em contrário da legislação:
a) - não implicará crédito para compensação com o
montante devido nas operações ou prestações seguintes;
b) - acarretará a anulação do crédito relativo às
ISENÇÃO & NÃO INCIDÊNCIA
Este rol é exaustivo ou exemplificativo?
Como entender esta não incidência? É só imunidade?
A legislação pode estabelecer outras restrições?
Importância do tema (FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DE
VALIDADE):
INIDÔNEO
ISENÇÃO & NÃO INCIDÊNCIA
Isenção (Mutilação parcial/Isenção parcial do STF)
Não incidência
Ausência de norma a ser incidida
Ausência de fato (como articulação linguística) a fazer a
incidência (sem linguagem não há incidência como coincidência)
Não há imposto devido no USO E CONSUMO ou na saída de
ATIVO
Obstáculo à incidência (Ineficácia Técnica) Imunidade
Conceitos
Visão normativa do Crédito => direito subjetivo do
contribuinte ou dever do Estado
Estado tem o Dever de reconhecer o Direito de Crédito do
Contribuinte
Critério Financeiro de Creditamento
Raiz da não cumulatividade => CRÉDITO
Isenção e não incidência seriam situações
exaustivas de obstáculo ao crédito (outras
situações de vedação => VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE)
Conceitos
Critério “Físico” de Creditamento
Raiz da não cumulatividade => COMPENSAÇÃO Conceito de COBRADO => Incidente (Linguagem) COBRADO = PAGO ???
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA NÃO
CUMULATIVIDADE => OBSTAR UMA COMPENSAÇÃO DE FORMA ILEGAL, INCONSTITUCIONAL.
• Art. 146 da CF/88
• Papéis das normas gerais veiculadas por lei complementar (visão dicotômica)
– Dispor sobre conflitos de competência
– Limitar o poder de tributar (respeito à não cumulatividade)
– Limitação às normas gerais: materialidades tributárias (já CONCEITUALMENTE previstas na CF/88)
• Art. 155, § 2.º, XII, “c”da CF/88
• § 2.º O imposto previsto no inciso II (ICMS)
atenderá ao seguinte:
• XII - cabe à lei complementar:
• c)
disciplinar
o regime de
compensação
do
imposto;
Crédito
• Qual a
natureza jurídica
do crédito?
– Moeda escritural (justifica AIIM Saldo Credor)
– De valor idêntico ao imposto devido daquele que remete a mercadoria ou presta serviço
– Não tem a mesma natureza de montante a ser restituído a título de imposto
Crédito
• Qual o momento de nascimento do crédito?
Quem cria a norma?
– Momento da escrituração em que o contribuinte se coloca como sujeito ativo em face do Estado
que deve reconhecer seu direito àquele montante, cujo destino é a compensação.
Prazo para exercer o direito ao crédito
Art. 23, Parágrafo único da LC 87/96 - O direito de utilizar o crédito extingue-se depois de decorridos cinco anos contados da data de emissão do documento.
RMIT DO CRÉDITO ICMS-ocm
- Material => Adquirir MERCADORIA (E NÃO BENS NÃO MERCADORIAS)
cujo montante de ICMS tenha sido COBRADO em anterior operação
- Temporal => A partir da aquisição jurídica (física ou simbólica) da mercadoria (por um período decadencial de 5 anos a partir da emissão da NF => parágrafo único, art. 20 da LC 87/96)
- Espacial => No Estado/DF onde localizado o estabelecimento recebedor
- Quantitativo => Montante COBRADO em anterior operação (Valor da operação X alíquota => imposto devido para o remetente)
- Subjetivo Ativo => CONTRIBUINTE
•
CREDITAMENTO INDEVIDO
FUNDADO EM DOCUMENTO
CRÉDITO DE NOTA FRIA
Art. 155, § 2.º, XII, “c” CF/88 – O ICMS atenderá ao seguinte:
cabe à lei complementar:
disciplinar o regime de compensação.
Art. 23 LC 87/96 – O direito de crédito para efeito de
compensação com débito do imposto, reconhecido ao
estabelecimento que tenha recebido as mercadorias ou para o qual tenham sido prestados os serviços, está condicionado à idoneidade da documentação e, se for o caso, à escrituração
nos prazos e condições estabelecidos na legislação.
NOTA “FRIA” - PROBLEMAS
Relatórios de inidoneidade – confecção em data posterior
Publicidade X Situação Fáctica de impossibilidade da realização das operações
Efeito retroativo (declaratório X constitutivo)
Regularidade do SINTEGRA (NF ELETRÔNICA)
Encontro dos sócios
Provas de pagamento (suficiente para o quê?)
Boa-fé (obrigações do destinatário)
ICMS – NÃO CUMULATIVIDADE
• Artigo 36, Lei 6374/89
(paulista)
- O ICMS é
não-cumulativo, compensando-se o imposto
que seja devido em cada operação ou
prestação com o anteriormente cobrado por
este, outro Estado ou pelo Distrito Federal,
relativamente a mercadoria entrada ou a
prestação de serviço recebida, acompanhada
de documento fiscal hábil, emitido por
contribuinte em situação regular perante o
fisco
.ICMS – NÃO CUMULATIVIDADE Art. 36 – Lei 6374/89 (paulista)
• § 1.º - Para efeitos deste artigo, considera-se:
• 1 -
imposto devido,
o resultante da aplicação
da alíquota sobre a base de cálculo de cada
operação ou prestação sujeita a cobrança de
tributo;
• 2 - imposto anteriormente
cobrado
a
importância calculada nos termos do item
precedente e destacada em documento fiscal
hábil;
ICMS – NÃO CUMULATIVIDADE Art. 36 – Lei 6374/89 (paulista)
• 3 - documento fiscal hábil, o que atenda a todas as exigências da legislação pertinente, seja emitido por contribuinte em situação regular perante o fisco e esteja acompanhado, quando exigido, de comprovante do recolhimento do imposto;
• 4 - situação regular perante o fisco, a do contribuinte que, à data da operação, esteja inscrito na repartição fiscal
competente, se encontre em atividade no local indicado e possibilite a comprovação da autenticidade dos demais dados cadastrais apontados ao fisco.
Relatórios de Inidoneidade - Confecção em data posterior à data das operações
CONTRIBUINTE: EFEITO DEVERIA SER
CONSTITUTIVO A PARTIR DESTA DATA
FISCO: efeito jurídico DECLARATÓRIO de uma
situação de inidoneidade preexistente; não se pode apontar a fraude antes que ela ocorra
ALTERNATIVAS: CONSTITUTIVO COM EFEITO “ex
tunc”
RELATÓRIO DE APURAÇÃO => RG DA
Relatórios de Inidoneidade - PUBLICIDADE
CONTRIBUINTE: se não há PUBLICIDADE
DOS RELATÓRIOS DE INIDONEIDADE, não há efeitos jurídicos; SEM PUBLICIDADE
NÃO HÁ NORMA.
FISCO: Publicidade com a Notificação do
Relatórios de Inidoneidade - SINTEGRA
CONTRIBUINTE: FIZ A MINHA PARTE –
CONSULTEI O SINTEGRA; EU NÃO SOU FISCAL; ESTADO ATESTOU A
REGULARIDADE DA EMPRESA.
FISCO: A abertura de uma empresa não tem
o efeito jurídico de uma homologação
expressa; fisco tem a possibilidade e o dever de
verificar irregularidades posteriores no funcionamento fiscal de uma empresa.
Encontro dos sócios
CONTRIBUINTE: ERRO NA ESCOLHA DO ALVO
INFRACIONAL; dever-se-ia apenar os sócios, já que estes foram encontrados e não aquele que teve seus créditos glosados por atos ilegais de outrem.
FISCO: Localização de sócios não transforma documentos
inidôneos em idôneos
Interesse Público na satisfação do crédito (interesse
coletivo)
Interesse não arrecadatório (Fazendário)
Resguardado dos interesses de grandes grupos econômicos
Provas de pagamento
• CONTRIBUINTE: pagamento comprovado = regularidade das operações e boa-fé.
• FISCO: Prova de pagamento não tem o
condão de tornar hábil um documento
comprovadamente inábil; pagar também não empresta regularidade a uma situação de
irregularidade factual (mercadorias não saíram do estabelecimento inativo)
• Contribuinte NÃO COMPROU IMPOSTO
BOA - FÉ
• CONTRIBUINTE: Não deveria ser apenado quando comprova BOA-FÉ.
• FISCO:
• (i) descrição presumida (articulação linguística) da boa-fé é fato;
• (ii)A significação do termo boa-fé indica que, se houve infração, não teria havido a intenção por parte do contribuinte de praticá-la, mas temos o art. 136 do CTN.
BOA - FÉ
• Art. 136 do CTN – Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade,
BOA – FÉ
(conclusão tradicional do fisco)
Assim, na premissa de que boa-fé é fato jurídico,
temos que seu efeito jurídico em face de infrações tributárias é da sua irrelevância, por ausência de norma em sentido contrário aplicável; insuficiente, portanto, ao afastamento das infrações tributárias
A RESPONSABILIDADE É OBJETIVA
DÚVIDAS: a responsabilidade por infrações
independe da culpa? Posso responsabilizar alguém na ausência de negligência, imprudência ou imperícia?
BOA – FÉ (STJ e TIT-SP)
Requisitos para o fato-efeito BOA-FÉ: Regularidade das operações
Declaração de inidoneidade posterior ao negócio
jurídico
Comprovação de consulta à situação fiscal do emitente
das Notas Fiscais
Prova de pagamento ao emitente com correspondência
de valores às NNFF
Efeitos da BOA-FÉ
Convalida o crédito efetuado pelo adquirente Cancela a multa
BOA – FÉ (Outra Construção)
Requisitos para o fato-efeito BOA-FÉ:
Regularidade das operações
Declaração de inidoneidade posterior ao negócio jurídico
Comprovação de consulta à situação fiscal do emitente das Notas Fiscais Prova de pagamento ao emitente com correspondência de valores às
NNFF
Efeitos da BOA-FÉ
NÃO Convalida o crédito efetuado pelo adquirente (não houve montante
cobrado em anterior operação; não houve incidência em anterior operação)
Impede a responsabilidade por infrações por ausência de culpa =>
RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES
Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por
infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do
responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.
INFRAÇÃO OBJETIVA & RESPONSABILIDADE SUBJETIVA
Independe de dolo
Depende de culpa (negligência, imprudência, imperícia)
Boa-Fé comprovada => ausência de culpa
BOA OU MÁ-FÉ SÃO IRRELEVANTES QUANTO AO CRÉDITO
Material => Adquirir MERCADORIA (E NÃO BENS NÃO
MERCADORIAS) cujo montante de ICMS tenha sido COBRADO em